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  • Parte I Geologia26

    inliers, tipos de faixas mveis, granitognese,importncia dos shear belts da fase extrusional, etc.),mas guardam uma srie de outras caractersticasprprias, alm do espao geogrfico-geolgico. Estasprovncias na sua fase final de evoluo (extrusoNeoproterozica-Cambriana) legaram importantescaractersticas de forma ao continente como um todo,tambm na organizao do desenvolvimento da margemcontinental atlntica. Por todo o Fanerozico, importantesfenmenos de herana tectnica esto vinculados sestruturas e s litologias geradas no Brasiliano, emtermos de alocao de coberturas, stios de magmatismo,sismicidade, etc.No noroeste argentino ocorre a Provncia Pampeana,considerada da mesma natureza destas e quecomplementaria o quadro de provncias brasilianas docontinente.

    Grandes UnidadesCronoestratigrficas do Brasil

    Introduo

    As grandes unidades cronoestratigrficas ou geocronolgicasdo Brasil so apresentadas e discutidas de forma resumida eabrangente, ilustradas por diversos mapas em pequena escala,representativos das diversas eras geolgicas reconhecidas noPas. As diversas eras geolgicas so representadasespacialmente nesses mapas por suas correspondentesunidades litoestratigrficas maiores, incluindo uma relaocom as denominaes formais ou informais dessas unidades.

    O Brasil possui representao de todas as grandes unidadescronoestratigrficas/geocronolgicas da escala do tempogeolgico, exceo do Eoarqueano. As subdivises temporaisaqui adotadas seguem a International Stratigraphic Chart publi-cada pela IUGS/UNESCO, em 2000 (Prolegmenos, Fig. 0.2)

    A representao cartogrfica dos diversos eratemas/erasno territrio brasileiro foi obtido por acentuada sintetizaoem meio digital do Mapa Geolgico do Brasil, 1:2.500.000publicado pelo Servio Geolgico do Brasil, em dezembro de2001 (Bizzi et al. 2001). A representao das unidadeslitoestratigrficas maiores representativas dos diversoseratemas/eras segue basicamente modelo de legenda adotadono Mapa Geolgico do Brasil, 1:5.000.000 (2001), tambmpublicado pelo Servio Geolgico do Brasil (Schobbenhaus,2001), com as devidas adaptaes, atualizaes ou mesmoem alguns casos complementaes de dados.

    Por meio desse modelo de legenda, as cerca de 1.200unidades litoestratigrficas representadas no referido mapa

    geolgico 1:2.500.000 foram condensadas em 60 unidadeslitoestratigrficas maiores, indicadas em 10 diferentes mapasde geologia fortemente condensada. Estas sessenta unidadesforam agrupadas de acordo com as eras geolgicasrepresentadas na Fig. I.9. Cada era geolgica ser representadaem um mapa individual. As informaes contidas nesses mapassintticos so complementadas por listagens numeradas,contendo os nomes das unidades litoestratigrficas maisimportantes, formais ou informais, ou mesmo de determinadoslittipos, num total de 320 referncias.

    A descrio individual, no entanto, dessas mais de trscentenas de unidades no escopo do presente captulo,tema esse que ocuparia o espao de um volumoso livro. Umcompndio especfico tratando desse tema j se encontra emelaborao pelo Servio Geolgico do Brasil no contexto danova edio da Carta Geolgica do Brasil ao Milionsimo. Porlimitao de espao optou-se por uma abordagem mais ampla,exceto para alguns casos especficos. Descries ou refernciasmais detalhadas de parte das unidades aqui mencionadaspodem ser encontradas em alguns dos captulos seguintes,incluindo informaes sobre o ambiente tectnico em queforam geradas, recursos minerais associados e suascaractersticas metalogenticas, alm de dados maisespecficos sobre dataes geocronolgicas disponveis. Cabetambm mencionar que por limitao de espao as refernciasbibliogrficas citadas ficaram relativamente reduzidas emnmero. Com as devidas escusas aos autores no referidosdiretamente neste captulo, remetemos o leitor s fontes deinformaes bibliogrficas contidas nos captulos seguintesou nas obras de sntese ou de reviso aqui mencionadas.

    Arqueano

    O Eon Arqueano (>3,62,5Ga), com rea aflorante de apenas4,6% da superfcie total do Brasil, representado no Brasilpelas eras Paleoarqueano (3,63,2 Ga) (Fig. I.10),Mesoarqueano (3,22,8 Ga) (Fig. I.11) e Neo-arqueano (2,82,5 Ga) (Fig. I.12) com distribuio relativamente grande nosestados da Bahia, Minas Gerais, Par e Gois. O Eoarqueano(>3,6 Ga) ainda no foi reconhecido no Brasil. Sua existnciano Brasil, no entanto, foi detectada em cristais detrticos dezirco, em alguns pontos especficos. A ocorrncia doPaleoarqueano, por sua vez, restringe-se ao Crton SoFrancisco e ao extremo oriental da Provncia Borborema (FiguraI.10), no macio So Jos do Campestre.

    No item de acreso crustal dissertou-se sobre aimportncia da representao do Mesoarqueano e Neo-arqueano, este principalmente, no embasamento da PlataformaSul-Americana, com uma taxa cumulativa da ordem de 34%,assim como ficou explcita a dependncia estrutural dessasunidades petrotectnicas relativamente ao Paleoproterozico.

  • I. A Geologia do Brasil no Contexto da Plataforma Sul-Americana 27

    Cabe aqui reiterar a importncia do Paleoproterozico nareestruturao de todo ou quase todo Arqueano.

    Estes ncleos arqueanos encontram-se espalhados nasunidades do embasamento dos crtons sinbrasilianos(superprovncias Crton Amazonas e Provncia Crton SoFrancisco), dos macios e mesmo das faixas mveisneoproterozicas (provncias Borborema, Tocantins eMantiqueira), em ordem decrescente de sua importncia eexpresso geogrfica. No embasamento das provnciassedimentares (Amazonas, Parnaba, Paran e Plancie Costeira/Margem Continental), no se tem certeza ainda da presenade rochas arqueanas no substrato do Paran (Bloco/Crton

    Paranapanema) e do Parnaba (Bloco Parnaba).Dos crtons sinbrasilianos expostos, somente no fragmento

    cratnico de So Lus no foram detectados ncleos arqueanosainda. Tambm no macio do Rio Apa no h registroslitoestruturais arqueanos conhecidos.

    As exposies mais extensas, contnuas e notveis deunidades arqueanas so aquelas da parte oriental do blocoamaznico (Domnios Rio Maria e Carajs da Provncia Carajs),da parte centro-oriental e sul do Crton So Francisco (Blocos/Ncleos Gavio, Jequi, Campo BeloCludio, etc.) e da partesul do Macio Central de Gois. Nestes contextos hrepresentaes variadas de terrenos de alto grau (arco-

    Figura I.9 As eras geolgicas no Brasil Figure I.9 Geological eras in Brazil

  • Parte I Geologia28

    derivados, sutes TTGs e outros ortognaisses de filiaocalcialcalina e afins, complexos mfico-ultramficos) e deterrenos de mdio a baixo grau (greenstones e assemelhados,seqncias outras vulcanossedimentares, lavas komatiticas,etc.) que sero abordados nos captulos seguintes. Estesregistros cobrem com suficincia todo o acervo presumvelpara unidades litoestruturais deste eon, como preconizado,por exemplo, por Windley (1998) e Kusky e Polat (1999), emoutros continentes, dos muitos tipos do sistema arco-fossaaos fragmentos de crosta ocenica docados.

    No Crton Amazonas no conhecida crosta arqueanamais antiga que 3,04 Ga (Souza et al. 2001). Indcios da

    existncia de uma crosta eoarqueana foram detectados noDomnio Rio Maria em cristais de zirco detrtico includos emcoberturas sedimentares do tipo Rio Fresco (grupos Rio Frescoe Gemaque) com idades entre 3,672,76 Ga. Essas rochassedimentares so uma representao inusitada do Neo-arqueano, inteiramente preservada e que permitem olevantamento de assemblia de fcies e ambientespaleogeogrficos (Nogueira et al. 1995; Neves e Vale, 1997)(Fig. I.12). Nesse domnio, entre 3,04 a 2,93 Ga, registra-seo primeiro episdio de acreso juvenil. A acreso juvenilseguinte caracterizada pelo volumoso plutonismo TTGG(trondhjemticotonalticogranodiorticograntico), iniciado h

    Figura I.10 O Paleoarqueano e principais unidades litoestratigrficasrepresentando 0,4% da rea do Brasil

    Figure I.10 The Paleoarchean and main lithostratigraphic unitscomprising 0.4% of the Brazilian territory

  • I. A Geologia do Brasil no Contexto da Plataforma Sul-Americana 29

    Figura I.11 O Mesoarqueano e principais unidades litoestratigrficasrepresentando 2,4% da rea do Brasil

    Figure I.11 The Mesoarchean and main lithostratigraphic units comprising2.4% of the Brazilian territory

    Mesoarqueano Anexo da Figura I.111. Metatonalito Cupixi2. Complexos Xingu e Pium3. Terreno Granito-Greenstone Rio Maria4. Complexo Colmia5. Complexos Brejinho e Senador Eli

    de Souza6. Complexo Nicolau/Campo Grande7. Complexo Jirau do Ponciano8. Complexo Riacho Seco9. Complexo Uau10. Complexo Santa Luz11. Greenstone Belts Itapicuru e Mundo

    Novo12. Complexo Paramirim

    13. Greenstone Belt de Riacho deSantana

    14. Complexo ContendasMirante e Soleirado Rio Jacar

    15. Greenstone Belt do Bloco do Gavio16. Complexo Gnissico-Migmattico

    Itapetinga17. Complexo Santa Isabel18. Complexo Januria19. Complexo Porteirinha20. Complexo Guanhes21. Greenstone Belts de Serro e Rio

    Mata Cavalo22. Complexo de Gouva

    23. Complexos Belo Horizonte + Bao +Santa Brbara

    24. Complexo Mantiqueira25. Greenstone Belts de Pium-h +

    Fortaleza de Minas26. Complexos Divinpolis, Lavras, Campo

    Belo e Bomfim27. Complexo Campos Gerais28. Complexo Amparo29. Complexo Granito-Gnissico

    Indiferenciado de Gois30. Greenstone Belts de Gois (Gois

    Velho, Crixs, Guarinos, Pilar de Gois)31. Complexo Granultico Porangatu

  • Parte I Geologia30

    Figura I.12 O Neoarqueano e principais unidades litoestratigrficasrepresentando 1,8% da rea do Brasil

    Figure I.12 The Neoarchean and main lithostratigraphic unitscomprising 1.8% of the Brazilian territory

    Neoarqueano Anexo da Figura I.121. Complexo Granultico-Charnocktico do

    limite Amap-Par2. Anfibolito Itat, Micaxisto Bacaj, Grupos

    So Manuel, Misteriosa e Alto Bonito3. Grupos Gro Par, Igarap Pojuca,

    Igarap Bahia, Rio Novo, IgarapSalobro, Buritirama, So Sebastio,Tapirap e Aquiri

    4. Granito Plaqu5. Formao guas Claras6. Grupo Rio Fresco7. Grupo Gemaque8. Complexo Cruzeta*9. Complexo Granjeiro

    10. Granitide So Jos do Campestre11. Complexo Cabaceiras12. Greenstone Belts de Barreiro, Lagoa do

    Alegre e Rio Salitre13. Complexo Tanque NovoIpir14. Complexo Bsico-Ultrabsico de Campo

    Formoso15. Complexo Caraba16. Complexo ItabaianaSimo Dias17. Complexo AcajutibaRiacho Dantas18. Complexo Granultico Esplanada

    Boquim19. Sute So Jos do Jacupe20. Complexo Jequi

    21. Complexo Itabuna22. Complexos Boquira, Ibiajara, Licinio de

    Almeida e Urandi23. Seqncia Vulcanossedimentar Riacho

    dos Machados24. Grupo Costa Sena25. Complexo Procrane26. Supergrupo Rio das Velhas (Grupos Nova

    Lima, Maquine e Quebra Osso)27. Granodiorito Caio Martins e Granito

    Florestal28. Complexo Serra Negra29. Complexo Granultico de Santa Catarina30. Complexo Santa Maria Chico

    *Datao recente indica idade de 3270 Ma, U-Pb SHRIMP (inf. verbal L. C. da Silva, 2002)

  • I. A Geologia do Brasil no Contexto da Plataforma Sul-Americana 31

    ca. 2,87 Ga. (Souza et al. 2001; Leite, 2001), caracterizandoo Evento Rio Maria conforme proposio de Dardenne eSchobbenhaus (2001). Aps a estabilizao, provavelmenteatuou como fonte continental dos sedimentos dos grupos RioFresco, Gemaque e Formao guas Claras, representado porum episdio de extenso regional a ca. 2,76 Ga (Fig. I.12).

    Alm da concentrao de ocorrncias arqueanas no sudestedo Crton Amaznico, h tambm ocorrncias freqentes nointerior das faixas mveis paleoproterozicas, ondeadicionalmente so muito comuns indicaes isotpicas paraprotlitos arqueanos (Fig. I.13). Deve ser acrescentado que apresena de extensas coberturas paleoproterozicas do LIP

    (Large Igneous Province) do tipo Uatum s.l. (grupos Iricoum,Iriri e correlatos) e do Grupo Roraima e correlatos (Fig. I.14)so indicadores de provveis substratos estabilizados/resfriadoso suficiente para permitir essas notveis acumulaessobrepostas e, portanto, h muitas possibilidades de restaremsobre ncleos arqueanos, isolados ou contguos.

    No Crton So Francisco (Complexo ContendasMirante eSupergrupo Rio das Velhas) e no sul do Macio Central deGois, tambm h preservaes notveis de unidadessedimentares arqueanas, que permitem ensaios litoestra-tigrficos e paleoambientais. Isto acontece geralmentenaquelas reas de ocorrncias mais significativas, poupadas

    Figure I.13 Arqueano - Paleoproterozico indiferenciado e principaisunidades litoestratigrficas representando 3,3% da rea do Brasil

    Figure I.13 Undifferentiated Archean - Paleoproterozoic and mainlithostratigraphic units comprising 3.3% of the Brazilian territory

  • Parte I Geologia32

    Figura I.14 O Paleoproterozico e principais unidadeslitoestratigrficas representando 15,4% da rea do Brasil

    Figure I.14 The Paleoproterozoic and main lithostratigraphic unitscomprising 15.4% of the Brazilian territory

    parcialmente pelos eventos orognicos proterozicos. Mas,mesmo nestas reas mais expressivas, no h elementos aindapara identificar expressiva massa continental coesa noArqueano (Fig. I.11 e Fig. I.12).

    As demais reas de ocorrncias so bastante esparsas nointerior da trama de faixas mveis paleoproterozicas (estascomo parte do embasamento dos crtons e das faixasbrasilianas), e a interpretao mais lgica possvel de antigose diversos ncleos-sementes articulados.

    Na parte sul do macio Central de Gois, o cortejo deterrenos granitogreenstones (Gois Velho, Crixs, Guarinos,

    Pilar) do Mesoarqueano Superior e Neo-arqueano (2,84 a 2,7Ga com metamorfismo ca. 2,7 Ga; Queiroz, 2000), apesar dasmodestas dimenses e posterior retrabalhamento ao longode todo Proterozico, apresenta notvel registro de tiposcrustais arqueanos (Fig. I.11). possvel que estes terrenossejam fraes derivadas dos Domnios/Ncleos Carajs/RioMaria, com os quais guardam analogias composicionais eisotpicas.

    No Crton So Francisco a representao de terrenosarqueanos tambm notvel, em pelo menos trs reasmaiores (no-exclusivas). Na poro oriental destacam-se os

  • I. A Geologia do Brasil no Contexto da Plataforma Sul-Americana 33

    Paleoproterozico Anexo da Figura I.14

    1. Complexo Cauaburi2. Grupo Parima3. Complexo Urariqera4. Grupo Surumu5. Sutes Intrusivas Saracura

    (Magmatismo Uatum) ePedra Pintada

    6. Supergrupo Roraima7. Grupo Cauarane8. Sute Metamrfica Rio

    Urubu9. Sute Metamrfica Jauaperi10. Sutes Intrusivas Mapuera

    (Magmatismo Uatum) egua Branca

    11. Grupo Iricoum (Magma-tismo Uatum)

    12. Grupo Urupi13. Grupo Vila Nova14. Grupo Serra Lombarda15. Grupo Cigano, Formao

    Papa Vento e sutes plut-nicas

    16. Plutnicas Alcalinas Mapa-ri e Boa Macaca

    17. Sute Grantica So Jorge18. Sute Mfico-Ultramfica

    Catet19. Sutes Granticas Seringa,

    Serra dos Carajs, Cigano,Gradas, Bannach, Reden-o, etc.

    20. Grupo Iriri (MagmatismoUatum)

    21. Supergrupo Gorotire22. Sute Intrusiva Teles Pires23. Sute Intrusiva Maloquinha

    (Magmatismo Uatum)24. Sute Intrusiva Parauari25. Suite Intrusiva Creporizo26. Complexo Cui-Cui27. Grupo Beneficente28. Sute Colider29. Sutes Intrusivas Matup,

    Juruena e Teles Pires30. Sutes Intrusivas So Romo

    e So Pedro31. Grupo Roosevelt32. Complexo Jamari33. Grupo MutumParan34. Complexo Guapor e Grupo

    Alto Jauru35. Complexo Rio Apa,

    Associao MetamrficaAlto Terer, SupersuteAmogij

    36. Seqncias Silvnia, RioVerssimo, Marat e Rio doPeixe

    37. Seqncia Metavulcanos-sedimentar de So Domingos

    38. Complexos Barro Alto,Niquelndia e Cana Brava

    39. Complexo Rio dos Mangues

    40. Sute Serrote, Gnaisse Canto,Grupo Rio do Cco

    41. Grupo Natividade42. Grupo Riacho do Ouro43. Complexo AlmasCavalcante44. Grupo Ara45. Grupos Gurupi e Aurizona46. Sutes Intrusivas Troma,

    Rosrio e Tracuateaua,Complexo Maracaum

    47. Complexo Granja48. Unidades Canind, Indepen-

    dncia, Quixeramobim eArneiroz (Complexo Cear)

    49. Complexos Jaguaretama eAcopiara

    50. Complexos Caic, Pianc ePoo da Cruz, Sute VrzeaAlegre

    51. Complexos Joo Cmara,SerrinhaPorto Velho eSanta Cruz

    52. Complexos Salgadinho, Pode Acar, Sertnia, Floresta,etc.

    53. Grupos OrsJaguaribe eSerra So Jos; UnidadeIpueirinha

    54. Complexos Itaizinho e Barro55. Grupos Colomi e Xique-Xique56. Complexo Carbonattico

    Angico do Dias57. Grupo Jacobina58. Greenstone Belt Rio Itapicuru59. Sienito Serra de Itiba60. Complexo Sade61. Complexo Gnissico-Migma-

    ttico Formosa do Rio Preto62. Supergrupo Espinhao63. Complexo Contendas

    Mirante (parte)64. Sute Intrusiva Lagoa Real65. Sute Monzo-Sientica de

    Guanambi (Cara Suja,Cerama, etc.)

    66. Complexo Gnissico-Migmattico de Correntina

    67. Sute Borrachudos68. Supergrupo Minas69. Complexo Juiz de Fora70. Sute Alto Maranho71. Complexo So Bento do

    Trres72. Complexo Regio dos Lagos73. Sute Quirino74. Complexo So Gonalo de

    Sapuca, Gnaisse Heliodora,Sute Serra de So Gonalo

    75. Complexos Atuba e Itatins76. Complexo guas Mornas77. Complexo Encantadas e

    Sute Metamrfica Vrzea doCapivarita

    blocos Jequi (gnaisses granulticos diversificados), GavioRemanso (com provvel continuidade sob os sedimentos daChapada Diamantina) e SerrinhaUau. No embasamento dasfaixas do Espinhao Setentrional (Paramirim, Santa Izabel,Riacho de Santana) h vrias janelas de exposio de terrenosdo Mesoarqueano e Neo-arqueano, de diferentes tipos,diversamente retrabalhados nos ciclos do proterozico. Outrodomnio notvel de representao o extremo sul do CrtonSo Francisco, com exposies desde o embasamento da FaixaBraslia, a oeste, at o embasamento das faixas mveis daProvncia Mantiqueira, a leste (Araua e Ribeira). Naextremidade sul do crton (poro mais estvel ou full cratonic),em decorrncia do recuo erosivo do Supergrupo So Francisco(Grupos Bambu, Macabas e correlatos; Fig. I.16), asexposies so notrias, pela variedade (ortognaisses,migmatitos, granulitos, greenstones), estilos estruturais(domos gnissicos, janelas erosionais) e pela riquezamineral. Por toda periferia sul e sudeste do crton, noembasamento do chamado Cinturo Mineiro (cujo picometamrfico o final do Orosiriano), estas unidades arqueanasse encontram variavelmente deformadas.

    Resqucios de rochas do Paleoarqueano representados porortognaisses TTG envoltos por ortognaisses mais jovensmesoarqueanos a neo-arqueanos ocorrem no Crton SoFrancisco, na Bahia, e na Provncia Borborema, no extremooriental do Rio Grande do Norte. No leste do Rio Grande doNorte, no macio So Jos do Campestre, o Complexo PresidenteJuscelino e o Metatonalito Bom Jesus representam o ncleomais antigo conhecido no Brasil com ca. 3,5 a 3,4 Ga (U-Pb)(Fig. I.10). Vestgio da existncia de crosta eoarqueana noCrton So Francisco foi recentemente detectada (Suita et al.2002) em cristais detrticos de zirco (3,8 Ga), includos emunidade psamtica do Supergrupo Rio das Velhas (Fig. I.12).

    Na regio sudeste do Brasil, no fragmento cratnico deLus Alves e sua extenso para o norte, Serra Negra destaca-se o complexo granultico neo-arqueano de Santa Catarina(Fig. I.12), com pores flsicas, mficas e algumasocorrncias ultramficas, que se comportou como microplacanas orogenias neoproterozicas. Ao norte deste bloco, na suaprovvel contraparte pr-evoluo Brasiliana, no complexognissico-migmattico do macio de Curitiba (Complexo Atuba,de idade paleoproterozica) h consistentes indicaes deprotlitos neo-arqueanos (Fig. I.14).

    A representao mais meridional do Neo-arqueano noBrasil est bem documentada no Rio Grande do Sul, na zonade antepas da Faixa Dom Feliciano, sendo compostopredominantemente de ortognaisses granulticos do ComplexoSanta Maria Chico (ca. 2,5 Ga), com algumas inseres deparagnaisses e de rochas ultramficas (Fig. I.12).

    No interior do embasamento exposto das faixas mveisdo Proterozico tm sido identificados vrios ncleos doMesoarqueano e do Neo-arqueano, principalmente deste

  • Parte I Geologia34

    ltimo. Trata-se, em parte apenas, de resultados de algumaspesquisas geolgicas especficas, que tm sido muito maisproduto do lado fortuito do levantamento geocronolgico dereconhecimento. Certamente nem todos os ncleos existentesforam reconhecidos, mas as caractersticas gerais de compo-sio, distribuio esparsa, etc., so semelhantes quelasdos ncleos cratnicos e dos macios como acima discutido.

    A freqncia de ocorrncias extensivamente retrabalhadas,como acima mencionadas, estimulam a hiptese de que ataxa cumulativa de crescimento crustal no Arqueano seja narealidade bem superior quela hoje reconhecida (ca. 34%),dentro da margem segura de clculo. Para este argumentodevem ser considerados adicionalmente as possibilidades deocorrncias arqueanas nos substratos das extensas reas decobertura de todas as eras proterozicas (Uatum s. l.,Roraima, Chapada Diamantina, Bambu) e do Fanerozico,onde j se tm identificados ncleos cratnicos sinbrasilianose estruturas afins (ainda no conhecidos composicionalmente),como nos casos das sinclises do Paran e Parnaba.

    Arqueano-Paleoproterozico Indiferenciados

    A Provncia Amazonas Oriental, em extensas regies da porooriental do Crton Amazonas, envolve terrenos arqueanos epaleoproterozicos no-diferenciados. Essas rochas sorepresentadas pelo Complexo Xingu (Silva et al. 1974), nosdomnios Carajs e Rio Maria (gnaisses tonalticos egranodiorticos e granitides indiferenciados; Silva et al. 1974),e pelo Complexo Guianense, na poro oriental do Escudodas Guianas (Fig. I.13). Melhor definio desses complexosdepende ainda de uma cartografia geolgica adequada,acompanhada de estudos geocronolgicos e geoqumicos. Peloconhecimento atual, sabe-se que esses complexosrepresentam rochas com idades situadas entre o topo doMesoarqueano (2,85 Ga/U-Pb; Machado et al. 1991) aoPaleoproterozico (Orosiriano). Nos domnios Carajs e RioMaria, o Complexo Xingu possivelmente representa oembasamento dessa rea. Entretanto, boa parte do ComplexoXingu ao norte da serra dos Carajs tem idade paleopro-terozica, conforme recentes dataes (Macambira et al. 2001;J.O.S. Santos, indito). A norte dessa serra ocorre a SuteMetamrfica Bacaja, tambm includa no Complexo Xingu.Essa sute metamrfica correlacionvel aos granulitos doComplexo Pium com 3,0 Ga/U-Pb (Pidgeon et al. 2000) (Fig.I.13).

    O Complexo Guianense (Montalvo et al. 1975) por suavez ocorre em extensas regies do Domnio Amap, na regiolindeira AmapPar, estendendo-se aos pases da linde nortedo Brasil. Gnaisses e migmatitos so os littipos maisabundantes.

    As idades-modelo Sm-Nd (TDM) de rochas deste complexopodem ser reunidas em dois agrupamentos mais ou menos

    distintos: 3,13,0 Ga e 2,962,85 Ga (Lafon et al. 2000),mostrando a existncia de protlitos meso-arqueanos. Idades207Pb-206Pb por evaporao em zirco de tonalito variam de3,07 a 2,89 Ga e indicam a presena de crosta mesoarqueanano Amap. Monzogranitos paleoproterozicos, com idade 207Pb-206Pb de 2,102,05 Ga e zirces herdados de 2,6 Ga e idadeTDM de 2,6 Ga, confirmaram a presena de crosta neo-arqueanadurante o evento Transamaznico. Alm disso, h rochas comTDM entre 2,482,34 Ga. Esses dados comprovam que oComplexo Guianense engloba rochas mesoarqueanas a paleo-proterozicas.

    Cinqenta e oito anlises isotpicas Sm-Nd e dezessete207Pb-206Pb por evaporao em zirco, realizadas em rochasamplamente distribudas e relacionadas s vrias unidadesda parte leste do Escudo das Guianas (Dominio Amap), indicamque cerca de 70% das idades TDM so arqueanas (34%mesoarqueanas, 27% neo-arqueanas, 5% paleoarqueanas, eapenas uma eoarqueana). Quase todas as rochas analisadaspossuem Nd (0) negativos (-14 a -37), indicando importanteresidncia crustal prvia dos protlitos. As idades-modeloconcentram-se principalmente entre 3,202,80 Ga e 2,702,60 Ga. Granitides com TDM entre 2,48 Ga e 2,33 Ga estoincludos no Complexo Guianense, nas sutes plutnicaspaleoproterozicas e na seqncia metavulcanossedimentarGrupo Serra Lombarda (Fig. I.14). Estes dados sugerem quehouve gerao de crosta no Mesoarqueano, no Neo-arqueano eno Paleoproterozico (M.T.L. Faraco, 2002, comunicao escrita).

    Paleoproterozico

    Entre as diversas eras representativas do Pr-Cambriano doBrasil, o Paleoproterozico possui maior distribuio espacialde rea aflorante, com 15,4% da superfcie do Pas (Fig. I.14).

    Quaisquer ensaios sobre esta era devem iniciar reiterandoque a maioria de todas as ocorrncias do Arqueano j discutidasest inserida em tramas tectnicas do Paleoproterozico.Tambm que estas tramas e as unidades do Paleoproterozicoso dominantes nas provncias estruturais de ncleos cratnicossinbrasilianos e no embasamento das provncias brasilianas,tanto nos macios/blocos interfaixas e intrafaixas brasilianas,como no prprio substrato destas faixas.

    Dessa forma, a assuno de que um valor superior a 80%da crosta continental do continente estava formada noPaleoproterozico (Cordani e Sato, 1999) uma afirmaoousada, mas procedente. Mesmo que os porcentuais doArqueano venham a ser modificados, essa assertiva podepersistir vlida. A separao dos tratos do Arqueano daquelesdo Paleoproterozico um problema comum em todos oscontinentes, certamente um desafio pesquisa cientfica demais algumas dcadas.

    A passagem do Arqueano para o Paleoproterozico nocontinente consignou de forma marcante os registros

  • I. A Geologia do Brasil no Contexto da Plataforma Sul-Americana 35

    sedimentares, magmticos e tectnicos de todas as mudanasevolucionrias que caracterizaram as esferas do Globo naquelaoportunidade. De forma que o Paleoproterozico brasileiroregistra com propriedade os contingentes litogenticos emetalogenticos do Paleoproterozico do mundo e com riquezainvulgar de feies. Isto ser comprovado nas dissertaessubseqentes das nossas reas de escudo.

    Quatro grupos principais de eventos de acreso crustallateral relativamente bem marcados foram reportadosanteriormente, embora todos eles imprescindam derefinamento: ca. 2,35 Ga (Sideriano Superior) com ocorrnciasainda pontuais; ca. 2,22,1 Ga (Riaciano) e ca. 2,01,85(Orosiriano), responsveis pela fuso de Atlntica; ca. 1,81,55 (Estateriano/Eo-Calimiano), restrito ao bloco amaznicoe responsvel pela fuso de Columbia. Este ltimo eventoesteve competindo no tempo com a Tafrognese do Estateriano(Brito Neves et al. 1996).

    A estes eventos, usualmente mais propalados, devem seracrescentados outros eventos importantes da acreso verticalda litosfera continental, intraplaca, de magmatismo(plutonismo e vulcanismo anorognico) e sedimentao, queagiram algumas vezes de forma consorciada. Alm disso,devem ser destacados os eventos extensionais da Tafrognesedo Estateriano, a ser comentada mais frente, relacionadoscom atividades magmticas (enxames de diques, vulcnicasflsicas, macios mfico-ultramficos, granitos) e gerao debacias intracratnicas. Esses eventos extensionais, competiramcom os eventos orognicos acima mencionados do perodoem epgrafe, mas especialmente foram de amplitude superior(h registros em toda a Amrica do Sul, na frica e Laurentia).

    A diversidade dos processos litogenticos inter e intrapla-cas do Paleoproterozico de sntese difcil. Gradativamente,a partir da individualizao dos ncleos arqueanos, a expressopaleogeogrfica de crosta continental estvel foi crescendopor todo Paleoproterozico, sob novas condies atmosfricas(da hidrosfera, da biosfera e da dinmica externa como umtodo), e consignando os registros respectivos em vrios estgiosde bacias sedimentares e vulcanossedimentares.

    O primeiro estgio discriminado de formao destas baciasapresenta notvel contingente de unidades sedimentares deambientes estveis (conglomerados oligomctos e monomctos,arenitos ortoquartzticos, formaes ferrferas), em grandeparte alocados posteriormente no interior de orogeniasriacianas e orosirianas, sem perder as caractersticas originaisde stable shelf deposits. Do mesmo estgio so vrias ocorrn-cias de unidades vulcanossedimentares de ambincia tectnicabastante diversa (arc related, trench associated), usualmentecolocadas sob a gide de greenstones paleoproterozicos, tantono bloco Amaznico, como no do So Francisco.

    Registro especial para o mais expressivo contexto deformaes vulcnicas e sub-vulcnicas do mundo (com

    sedimentos subordinados), que excedeu originalmente1.000.000 km2 em rea, formado diacronicamente entre 2000e 1860 Ma, recebendo vrias designaes (MagmatismoUatum, no Brasil; Fig. I.14) por todo o Escudo das Guianas.O desenvolvimento de um LIP (large igneous province) destamagnitude, antecedido, acompanhado e sucedido porplutonismo anorognico de vulto requer estudos em escalasmaiores, reflexo e anlise geotectnica mais acurada, estandono momento sendo cotado como produto de manifestaesde ativao astenosfrica (underplating?), como resposta aocrescimento substancial da esfera litosfrica, pelas colagensriaciana e orisiriana.

    Sobre este trap vulcnico desenvolveu-se o segundo estgioamplo de formao de bacias sedimentares, ao norte (RoraimaUrupi e equivalentes; Fig. I.14) e ao sul da Amaznia(Beneficente, Gorotire, Buiuu, Triunfo e equivalentes; Fig.I.14), com centenas de milhares de quilmetros quadradosde extenso (localmente espessuras superiores a 3.000 m) noseu total, cuja sistematizao estratigrfica carece de muitosinvestimentos ainda. Estes depsitos de ambientes continentaise marinhos rasos, todos eles em condies ortoplataformais,em quase sua totalidade preservaram de forma notvel ostraos destas condies (diferentemente do primeiro estgioacima discriminado), atravessando as muitas e diferentescontingncias tectnicas de todo o restante do Proterozicona forma muito prxima da original como foram gerados.

    O estgio Roraima foi sucedido por uma tectnicatafrognica muito importante e expressiva em termos destecontinente e de outros. A Tafrognese do Estateriano foimarcada por magmatismo basltico (Avanavero, Crepori,Pedras Pretas, Flrida, Tandil, etc.), vulcanismo flsico (Colider,Rio dos Remdios, Ara, Conceio do Mato Dentro, Amoguij,etc.) e granitos anorognicos (Lagoa Real, Borrachudos, SoPedroNhand, etc.), (Fig. I.14). Alm dos riftes formados noEstateriano, esta tectnica foi responsvel pelos contingentessedimentares cratognicos mesoproterozicos nos vriosncleos e macios sinbrasilianos, a serem comentados.Provavelmente, esta tafrognese ainda retratava, em segundaverso, a reao da astenosfera formao das espessas eamplas massas litosfricas do tero inferior e mdio doPaleoproterozico. Embora predomine a tectnica formadorade bacias e de intruses anorognicas, h outros eventos aconsiderar. possvel que localmente os vetores extensionaisdessa tafrognese tenham sido de vulto maior, atingindovalores de extenso suficientes para consignao de litosferaocenica, para o que h sugestes convincentes a oeste deGoisTocantins e em Mato Grosso. Esta particularmenteuma rea sedutora para tais estudos, por vrias razes,incluindo-se, entre estas, razes analgicas, tendo em vistao registro da presena de substrato ocenico na contrapartelaurentiana (cinturo huroniano).

  • Parte I Geologia36

    Figura I.15 O Mesoproterozico e principais unidades litoestra-tigrficas representando 4,1% da rea do Brasil

    Figure I.15 The Mesoproterozoic and main lithostratigraphic unitscomprising 4.1% of the Brazilian territory

    Mesoproterozico

    O conhecimento das unidades orognicas do Mesoproterozico(Fig. I.15) do continente tem sido muito prejudicado por umasrie de injunes de posio geolgica (e idade termal),sendo sujeita a retomadas tectnicas neoproterozicas efanerozicas, como ser visto. H uma poro outra de registrosde interiores cratnicos domnios cratnicos sinbrasilianospara considerao, muito importante e sempre a maisdivulgada.

    Por todo o embasamento andino e sua margem oriental,da Venezuela Argentina (GarzonSanta Marta, Arequipa,

    Terreno Occidentalia, bloco/Crton Pmpia, etc.) unidadeslitoestruturais mesoproterozicas esto presentes, o que deusuporte a SWEAT connection de Moores (1991), e de muitosseguidores, j mencionada. Estas unidades foram retomadasem nvel crustal profundo pelas orogenias paleozicas eandinas.

    Nos domnios da plataforma, a sobreposio datectognese brasiliana tem sido registrada tanto nas coberturascratnicas do Mesoproterozico (e.g. Grupos Canastra eChapada Diamantina; Fig. I.15) como tambm no interior dasfaixas mveis neoproterozicas (Grupo Serra da Mesa),atendendo ao apelo natural de reas de idade termal mais

  • I. A Geologia do Brasil no Contexto da Plataforma Sul-Americana 37

    Mesoproterozico Anexo da Figura I.15

    1. Grupo Tunu2. Sutes Intrusivas Tiqui e Iana3. Sute Intrusiva Uaups4. Sutes Intrusivas Maraui, Mari-Mirim e Igarap Reilau5. Formaes Ara e Dara6. Sutes Intrusivas Auaris, Surucucus e Tocobirm7. Cobertura Quasi-Roraima8. Sutes Intrusivas Mucajai e Serra do Prata9. Formao Seringa10. Sienito Mutum11. Sute Intrusiva Cachoeira Seca12. Sutes Intrusivas Serra da Providncia13. Sutes Intrusivas Alto Candeias, So LourenoCaripunas,

    Santo Antnio, Teotnio e Santa Clara14. Alcalinas Canam e Guariba15. Formao Migrantinpolis (Grupo Nova Brasilndia)16. Formao Palmeiral (= Formao PacasNovos)17. Formao Dardanelos18. Formao Arinos19. Sute Intrusiva Nova Floresta20. Granito Aripuan21. Grupo Pontes e Lacerda22. Grupo Aguape23. Sutes Intrusivas Santa Helena e Cachoeirinha24. Sute Intrusiva Rio Branco (Grupo Nova Brasilndia)25. Sute Intrusiva Rio Alegre26. Grupo Serra da Mesa27. Seqncias Metavulcanossedimentares de Palmeirpolis,

    Juscelndia e Indaianpolis28. Complexo Alcalino do Peixe29. Seqncia Serra da Malacacheta30. Grupo Parano31. Grupo Canastra32. Grupos Votuverava e Serra de Itaberaba, Supergrupo

    Aungui33. Grupo Chapada Diamantina34. Complexos Brejo Seco, Santa Filomena e Paulistana35. Complexos Maranc, Belm do So Francisco, Cabrob e

    Canind*36. Sute Chorroch37. Complexo Vertentes38. Formaes Igarap de Areia e Vizeu

    * Datao recente indica idade de 720 Ma, U-Pb para a unidade Faz.Grande do Complexo Canind (B.B. de Brito Neves, dados inditos).

    no fecho do desenvolvimento supercontinental anterior(Atlntica), atravessando todo o Mesoproterozico ealcanando no tempo o Eo-Neoproterozico. destacvel queas idades destes eventos intraplacas seguiram pari passu odesenvolvimento da quelogenia das faixas mveis proterozicasde leste (onde ficava o ncleo Arqueano de CarajsRio Maria)para oeste; das sutes granticas e sienticas pr, sin e ps-Evento Uatum (Iriri-Iricoum e correlatos) para as sutesgranticas e alcalinas ectasianas (1,41,2 Ga) e mesmo tonianas(1,00,86 Ga) (Rondnia, Costa Marques, Guap, Fig. I.16).Este mesmo sentido de desenvolvimento e idades pode seraplicado no caso das coberturas sedimentares e vulcanos-sedimentares, das bacias de Roraima (idades > 1875 Ma) epouco mais jovens (Buiu, Triunfo, Gorotire, Beneficente; Fig.I.14) mais a leste (idades > 1780 Ma) para os depsitos deDardanelos/Palmeiral/Sute Intrusiva So LourenoCaripunas(1,3-Ga/U-Pb) (Fig. I.15) mais a oeste, que so do Esteniano(1,21,1 Ga) ou mais jovens.

    Na poro mais ocidental da Amaznia esto presentesos registros do desenvolvimento orogentico mesoproterozicomais completos e inequvocos do continente, como o casodos desenvolvimentos acrescionrios de Cachoeirinha (15801520 Ma) (Fig. I.15) e Santa HelenaRio Alegre (< 1520 Ma),consoante Geraldes et al. (2001) e Van Schmus (2001).Posteriormente temos o registro de um ciclo wilsoniano singelo,tambm relativamente completo, com a poro de rifte ecoberturas sedimentares mais ao sul, Aguape (Sunss), noextremo SW de Mato Grosso, e a frao com abertura ocenicamais a NW, ao longo do Vale do Guapor (Grupo NovaBrasilndia). Este ciclo foi concludo no Esteniano, em tornode 1100 Ma (Rizzoto et al. 1999), permitindo a seguir novocenrio geotectnico (no contexto do supercontinente Rodnia),com a viabilizao das amplas coberturas Palmeiral, Dardanelose equivalentes, da passagem Meso-Neoproterozico,consorciadas com intrusivas granticas (granitos jovens deRondnia, Guap, Costa Marques, etc.) e intrusivas e vulcnicasbsicas associadas (Nova Floresta, Arinos, etc.; Fig. I.15).Estes acontecimentos tectnicos do sudoeste da Amazniaso homlogos a outros registrados nos blocos laurentiano ebltico, consoante Van Schmus (2001) entre outros, e sugeremuma ligao entre eles, mas cuja desenvoltura ainda apresentamuitos bices a serem vencidos.

    No Crton So Francisco, as reas rifteadas no Estateriano(1,81,6 Ga) desenvolveram notveis contingentessedimentares Supergrupo Espinhao e grupos Ara/Natividade(Fig. I.14) e em paralelo manifestaes bsicas fissurais erochas granticas, mas possivelmente tambm macios mfico-ultramficos, como os trs mais expressivos do continente(Barro Alto, Niquelndia e Canabrava; Fig. I.14). admissvelque o desenvolvimento litoestratigrfico destas baciasdeflagradas abruptamente no Paleoproterozico tenhacontinuado em grande parte no Mesoproterozico (com

    jovem mediante e quando da avassaladora importncia dasinteraes brasiliano-pan-africanas. Como mencionado acima,no interior mais remoto dos domnios cratnicos sinbrasilianos que a observao das entidades mesoproterozicas podeser efetivada em plenitude.

    No Crton Amazonas, ainda que o nvel dos estudosgeolgicos seja em grande parte da fase de reconhecimento,pode-se afirmar que ali se exibe a mais imponente vitrine doMesoproterozico de todo o mundo, em versatilidade eexuberncia de registros. Os eventos cratognicos, deplutonismo anorognico (AMCGR), formao e desenvolvimentode bacias sedimentares (sedimentao tipo QPC quartzito,pelito e carbonato, sobretudo em domnios de sinclises ecoilgenos) j haviam comeado no Orosiriano (2,051,08 Ga)

  • Parte I Geologia38

    Figura I.16 O Neoproterozico e principais unidades litoestra-tigrficas representando 11,0% da rea do Brasil

    Figure I.16 The Neoproterozoic and main lithostratigraphic unitscomprising 11.0% of the Brazilian territory

    manifestaes bsicas discretas), sob condies de sinclises,at o fecho desta era (Esteniano?), no havendo ainda ocontrole cronoestratigrfico desejado. vlido enfatizar apujana destes depsitos (siliciclsticos em maioria, tipo QPC)no tocante s espessuras desenvolvidas (localmente > 5.000 m)e a riqueza das estruturas primrias preservadas, que permitemcaracterizar exemplarmente as diferentes fases evolutivas(rifte, fluvial, transicional e marinho raso) (e.g. ChapadaDiamantina, Parano; Fig. I.15) em condies deformacionaismuito moderadas (salvo nas margens cratnicas, onde soenvolvidas pelos eventos Brasilianos).

    Uma deformao tectnica (orognica?, tafrognica?) euma subseqente fase erosional drstica de pelo menos 200Ma separam na Bahia estes sedimentos mesoproterozicosdas primeiras investidas sedimentares do Supergrupo SoFrancisco (grupos Bambu, Macabas, Una; Fig. I.16), incluindoa glaciao Sturtiana, que veio acobertar praticamente todoo futuro espao do Crton So Francisco e instalar as pilhaslitoestratigrficas das faixas mveis brasilianas que o cingemperifericamente. De certa forma, na Bahia, esta deformao(direes ortogonais quelas do Brasiliano) bem preservada,de amplo consenso, embora de causa discutvel e de tempo

  • I. A Geologia do Brasil no Contexto da Plataforma Sul-Americana 39

    (Ecstasiano Superior? Esteniano?) desconhecido. Em MinasGerais, a observao desta deformao no apresenta feiesclaras, embora a fase de processos erosivos precedendo asedimentao do Neoproterozico (grupos Macabas e Bambu)seja notria, e se registre a presena de diques mficos(magmatismo Pedro Lessa) que cortam o Espinhao (jdobrado), mas no aparecem inequivocamente cortando osdiamictitos e clcio-lutitos do Supergrupo So Francisco. Nocentro-norte de Gois, um processo deformacional pr-Brasiliano do Ectasiano (ca. 1350 Ma) atingindo os complexosmfico-ultramficos tem sido postulado por alguns autores(e.g. Correia, 1994; Winge, 1995) fundamentados em algunsdados estruturais e isotpicos, mas isto tem sido combatidosistematicamente por muitos outros. De forma que os eventosorognicos denominados usualmente de Espinhao eUruauano, ou com termos afins, so sempre causa dedissenso e polmicas, no aguardo do progresso dosconhecimentos.

    Nas provncias estruturais brasilianas, a mais ostensiva ecompleta representao de uma faixa mvel Meso-Neoproterozica est nos ortognaisses e nas seqnciasvulcanossedimentares do Cariris Velhos. A representao desteciclo wilsoniano se estende do Piau Oriental s costas daParaba (WSWENE, por cerca de 800 km), com variado acervolitoestratigrfico, desde unidades ofiolticas at granitidesperalcalinos ps-colisionais, razoavelmente bem resgatados,apesar do retrabalhamento do Brasiliano sobreposto. Aevoluo do Cariris Velhos se processou entre o final doEsteniano mais Superior (ca. 1050 Ma) e o incio do Toniano(970950 Ma), sendo considerado um ramo orognicocomplementar da articulao de Rodnia. Interessanteacrescentar que neste intervalo do tempo geolgico estaevoluo conviveu e competiu no resto do continente com aTafrognese Toniana, a primeira das fases extensionaisresponsveis pela fisso de Rodnia e instalao dos processosorognicos do BrasilianoPan-Africano.

    Algumas outras unidades litoestratigrficas de cobertura(diversos tipos) altos internos e plutnicas (granitides, gabro-anortositos) do Mesoproterozico da Borborema (no Cear,Pernambuco) foram totalmente envolvidas na deformao doBrasiliano, aps uma origem e histria cratognica de muitascentenas de milhes de anos, e isto teve vrios outros exemplosnas demais provncias brasilianas (como na Mantiqueira), queesto gradativamente sendo perquiridos.

    No embasamento da Provncia Tocantins h ocorrnciasde rochas granticas e alcalinas, gabro-anortositos evulcanossedimentares atribudas ao Mesoproterozico, todaselas carentes de melhor controle geocronolgico, tendo emvista a sobreposio de deformao do Brasiliano. Ainda, naProvncia Tocantins tem sido usual a discriminao de margenscontinentais do tipo Atlntico (grupos Parano e Canastra,Fig. I.15), como expresses da existncia prvia de uma borda

    Neoproterozico Anexo da Figura I.16

    1. Sute Intrusiva Rondnia (Younger Granites)2. Sute Intrusiva Costa Marques3. Sute Intrusiva Guap4. Grupo Alto Paraguai5. Grupo Cuiab6. Grupo Corumb7. Grupo Jacadigo8. Grupo Baixo Araguaia9. Complexos ofiolticos da Serra do Tapa, Quatipuru e

    outros10. Ortognaisses do Oeste de Gois11. Seqncias Metavulcanossedimentares do Arco de

    Gois (Mara Rosa, ArenpolisPiranhas, AnicunsItabera, etc.)

    12. Grupo Arax13. Complexo Granultico AnpolisItauu14. Grupos Ibi e Vazante; Formao Topzio15. Grupo Bambu16. Grupos Carrancas e So Joo Del-Rey17. Grupo Andrelndia18. Complexo VarginhaGuaxup19. Complexos Embu e Costeiro20. Grupo So Roque21. Grupo Castro22. Supergrupo Aungui23. Grupo Itaja (Formaes Campo Alegre, Guaratubinha

    e Gaspar)24. Grupo Brusque25. Complexo Pinheiro Machado26. Complexos Porongos, Vacaca e Camba; Grupo Santa

    Brbara27. Complexo Paraba do Sul28. Complexo Rio Doce29. Complexo Jequitinhonha30. Grupo Macabas31. Grupo Rio Pardo32. Sutes Itabuna e Itarantim33. Grupo Santo Onofre34. Grupo Una35. Grupo Rio Preto36. Grupos Vaza-Barris, Simo Dias (Formaes Frei Paulo

    e Jacar), Miaba e Estncia37. Grupo Macurur38. Grupo Casa Nova (Formaes Mandacaru e Barra Bonita)39. Sute Itaporanga40. Grupo Cachoeirinha (Formaes Santana dos Garrotes

    e Serra do Olho Dgua)41. Complexo SurubimCaroalina42. Sutes Triunfo e Esperana43. Complexos SalgueiroRiacho Gravat, So Caetano e

    Riacho da Barreira44. Sute RecantoRiacho do Forno45. Grupo Serid46. Complexo Monte Orebe47. Sute Intrusiva TamborilSanta Quitria48. Grupo Ubajara49. Grupo Martinpole50. Nefelina Sienito Brejinho51. Sute Intrusiva Chaval52. Granitides Ney Peixoto e outros53. Complexo Alcalino Boca Nova54. Sute Intrusiva Mapari (Complexos alcalinos Maecuru

    e Maracona)55. Provncia Kimberltica Brana

  • Parte I Geologia40

    ocidental do Crton/Continente So Francisco no Esteniano. Ainterpretao de que aquelas unidades de plataformacarbontica sejam de idade mesoproterozica (o que de certaforma um argumento que compromete a integridade irrestritade Rodnia) possvel, mas no conta ainda com os subsdiosisotpicos necessrios.

    Neoproterozico

    A histria do Neoproterozico (Fig. I.16) em sua essncia ahistria de um ciclo supercontinental (destruio de umsupercontinente e posterior reconstruo de outro), em todassuas feies fundamentais e de eventos conexos esperveis,e isto est consignado de forma excepcional no embasamentoda Plataforma Sul-Americana, desde que alguns complementossejam importados da Plataforma Africana. Este ciclomencionado trata da fisso diacrnica (tafrogneses doToniano, Criogeniano, em sua totalidade, e parcialmente doNeoproterozico III) de um supercontinente Rodnia; seguindoa formao de um complexo cenrio paleogeogrfico, comtipos crustais continentais, transicionais e marinhos, houve aposterior e diacrnica aglutinao de um grupo de fragmentosdescendentes desse supercontinente (Rodnia) na articulao/fuso de outro supercontinente Gondwana ou Gondwana-Pannotia (na verso mais arrojada), concluda somente noincio do Fanerozico (Eo-Ordoviciano).

    A diacronia dos processos de interao dos fragmentos/placas descendentes de Rodnia foi considervel, de uma partea outra do amplo cenrio de acreses e colises que resultouna fuso de Gondwana, o que pode ser consignado na anlisetectnica e geocronolgica das principais provncias estruturaisque vieram a se formar. A consulta Tabela I.1, que sintetizaconsrcio diacrnico de eventos de interao/orogenias nasquatro provncias consideradas, aconselhvel para aproximaresta descrio da realidade dos fatos deste ciclosupercontinental referencial para qualquer ensaio tectnicodo embasamento da plataforma em epgrafe.

    As estruturas pr-Brasilianas, do Arqueano ao Meso-proterozico, ficaram preservadas com menor ou maior graude ativao/regenerao no interior dos crtons sinbrasilianos(fragmentos maiores da fisso) e dos macios e basementinliers interfaixas e intra-faixas (fragmentos menores da fisso)de dobramentos. Os fragmentos descendentes de Rodniaexerceram os papis de placas, microplacas, microcontinentese terrenos no ciclo supercontinental Neoproterozico. Outraparte deste contingente descendente de Rodnia se encontraestirado no substrato silico das faixas mveis brasilianas, enesta situao geotectnica se tm os casos mais drsticos eostensivos de regenerao. As exposies deste embasamentodas faixas brasilianas em janelas estruturais e erosionais,entre outros tipos de altos, demonstram que h ente elas asupremacia de unidades litoestruturais paleoproterozicas.

    Ocasionalmente, alguns contextos litoestruturais formados noPaleoproterozico (e.g. coberturas vulcanossedimentares eplutonismo anorognico do Estateriano e posteriores) tm sidoidentificados como partcipes importantes da infra-estruturade faixas mveis neoproterozicas, na periferia dos crtonssinbrasilianos e, algumas vezes, mesmo longe deles.

    Os espaos bacinais criados na desarticulao de Rodniavariaram bastante, na forma de gerao, dimenses epropores, grau de estiramento crustal, natureza de litosferagerada, no quadro de arranjos paleogeogrficos, intensidadeda atividade vulcnica ou organgena, etc., e tiveramdesenvolvimentos diacrnicos, a partir das tramastafrogenticas do Esteniano/Toniano (passagem Meso-Neoproterozico) ao tero inferior do Neoproterozico III. Soidentificados stios paleogeogrficos de riftes, sistemas deriftes, aulacgenos, margens passivas (circundando a periferiados crtons sinbrasilianos), mares epicontinentais e trechosocenicos significativos, mediante a observao dos registroslitolgicos e outras indiciaes geotectnicas. Nem sempreestas incurses ao quadro paleogeogrfico e paleotectnico possvel, estando estas discriminaes na proporo inversado grau de transformao termodinmica dos tipos litosfricose das litologias conexas nestes geradas.

    No possvel o consenso na esquematizao das baciascontinentais e dos oceanos (e braos de oceanos), sendopossvel mencionar uma srie de registros interessantesperlongando a sudeste o bloco amaznico (e o bloco doPmpia), a oeste e leste do bloco da frica Ocidental (que seestendem ao Brasil) e ainda circunscrevendo quaseinteiramente os blocos sanfranciscano (noroeste, oeste,nordeste, sul e sudeste) e Kalahari (Fig. I.10). Algumasdesignaes tm sido criadas para estes oceanos e tratos deoceanos (Adamastor, Goianides, Farusiano, Brasilides, etc.),mas h um longo percurso de investigaes a percorrer paraque se possa traar um quadro paleogeogrfico prximodaquele configurado no Neoproterozico.

    Nos eventos de interao dos segmentos descendentesde Rodnia (crtons e macios sinbrasilianos) foramdesenvolvidos novos e importantes edifcios litosfricos, arcosde ilhas (e.g. Mara Rosa; Fig. I.16) e arcos magmticos (e.g.Pelotas, Trs CrregosCunhaporanga, Agudos Grandes, Pien,etc.), em diversos tempos de 930 Ma at ca. 600 Ma, deforma que novos candidatos a agentes de interao do tipocolisional surgiram no quadro final de colagem Brasiliana efuso de Gondwana. Assim, no s foram os descendentes deRodnia que interagiram no final do Brasiliano, mas tambmoutras construes orognicas precoces participaram de vriosstios de interao.

    Como j descrito, do quadro fisiogrfico do Cenozico daPlaca Sul-Americana e de suas reas de escudo, foramdistinguidos quatro conjuntos principais de desenvolvimentode estruturas brasilianas, ou seja, quatro cenrios

  • I. A Geologia do Brasil no Contexto da Plataforma Sul-Americana 41

    paleogeogrficos e geotectnicos mais ou menos distintos(Borborema, Tocantins, Mantiqueira e Pampeana, estalocalizada no noroeste argentino). H linhas de conexespaleogeolgicas, em termos de ambiente e de tectnica, epartes significativas de todas elas esto sotopostas ssinclises paleozicas e/ou encobertas na plataformacontinental. A posio de cada uma delas no arranjo dosblocos do embasamento pr-Brasiliano e outras peculiaridadescomposicionais e evolutivas justificam a manuteno dapresente subdiviso provincial.

    No h nmeros precisos sobre a acreso crustal do CicloBrasiliano, ao mesmo tempo em que sobram elementos paraenfatizar a potencialidade dos efeitos de ativao eregenerao, atingindo diversamente contextos pr-Brasilianos, zonas cratnicas (bordas e eventualmente zonasinteriores, corredores de deformao), faixas mveispaleoproterozicas e mesoproterozicas e coberturas. Comoexposto anteriormente, h at mesmo coberturaspaleoproterozicas e mesoproterozicas constituindo schist beltsde faixas brasilianas (e.g. Cear Central, Jaguaribeana, Arauaem parte), aps uma histria cratognica prvia de muitascentenas de milhes de anos. A granitizao marcacaracterstica de algumas provncias (Borborema eMantiqueira), afetando contextos de embasamento pr-Brasiliano e supracrustais deste ciclo. H estimativas de umaacreso crustal, em termos de materiais juvenis aportados,na ordem bem inferior a 10% (Cordani e Sato, 1999), o quese coaduna com estimativas feitas por Condie (2002) paraoutros continentes (ca. 6%).

    Estes dados significam que houve no Brasiliano grandepredomnio de deformao, retrabalhamento, modelamentoe processos afins, sobre acreso crustal intrinsecamentefalando. Entretanto, foram estes processos que derampraticamente a ltima forma ao substrato Pr-Cambriano daPlataforma, incluindo o arranjo dos domnios amplos(superprovncias) antes mencionados Pr-Brasiliano eBrasiliano.

    Devem ser destacados como captulo especial da histriadestas provncias os termos finais do processo orognico,diacrnico por excelncia, na passagem do Proterozico parao Fanerozico, ligados a impactognese, tectnica de antepase de escape (extruso). No interior dos crtons podem seridentificados corredores de deformao (e.g. Paramirim),impactgenos (e.g. Tucavaca/Bolvia, Bacia Campo Alegre/Grupo Itaja; Fig. I.16), enxames de diques (e.g. Vale do Curae Piranhas no Vale do Tapajs), magmatismo mfico-ultramfico(Oriximin).

    Nas margens cratnicas o retrabalhamento do embasa-mento pr-Brasiliano varia de pouco intenso paracompletamente reestruturado, notando-se comumente ainstalao de bacias de antepas, com sedimentos das fasespr-orognica e ps-orognica (molssicas), associado a

    importante vulcano-plutonismo terminal. No interior das faixasmveis brasilianas devem ser destacadas a formao deintrafossas (molassic foredeeps) e de bacias pull-apart (riftestranstracionais) com depsitos ps-orognicos, de milharesde metros de espessura, estes ltimos seguindo a linha dosshear belts ou lineamentos. Este estgio terminal do Brasilianoe ao mesmo tempo o estgio de formao e fixao decoberturas paraplataformais fanerozicas foi com propriedadedesignado de Estgio de Transio, por Almeida (1969)(corresponde ao depsito da Seqncia Alfa de Soares et al.,1974).

    Estes lineamentos, longilneos e poli-histricos, estopresentes em todas as provncias e foram os grandesresponsveis pela ltima forma geolgico-geomtrica delas.Posteriormente, tiveram grande influncia como zonasalinhadoras dos depocentros de sinclises e delimitadores debacias interiores paleo-mesozicas e cenozicas, lugargeomtrico que foram de diversos tipos de reativao tectnicano Fanerozico.

    Paleozico

    Como acima mencionado, as etapas preliminares dasedimentao fanerozica da Plataforma Sul-Americana estoligadas s ltimas manifestaes tectnicas Brasilianas. Atectnica formadora inicial dos extensos depsitos fanerozicossubseqentes do Ordoviciano ao Trissico tem sido muitasvezes atribuda ao Brasiliano, em termos de riftes precursores(Estgio de Transio) e relaxamento termal da litosferasucedendo um ciclo geodinmico muito quente (a granitognese uma das marcas mais expressivas do Brasiliano), mas issoso hipteses no consensuais, sem, ainda, os argumentosgeofsicos quantitativos necessrios e convincentes.

    Ao estgio inicial paraplataformal (transio alfa),seguiu-se uma ampla etapa, em vrios estgios em condiesortoplataformais, com pelo menos trs amplos ciclossedimentares do Ordoviciano ao Trissico (ou trs seqnciassedimentares cratnicas no sentido de L.L. Sloss).Desenvolveram-se neste segundo estgio, de carterortoplataformal, as sinclises paleozicas, caracteristicamenteentidades de substrato gondwnico (h equivalentes na frica,ndia, etc.) por excelncia, sobre reas afetadas ou no peloBrasiliano, com formas finais elpticas e sub-circulares dedimenses acima de 500.000 km2 e com depocentros chegandoa atingir 7.000 m de profundidade (mdia de 4.000 a 5.000m). Esta sedimentao no se limitou s nossas sinclises Acre, Solimes, Amazonas, Parnaba, Paran, ChacoParan, que so apenas onde esto as suas principais possanas eexpresses fisiogrficas, mas cobriram grande parte doGondwana, cujos restos podem ser encontrados da Amaznia(bacias Alto Tapajs e Parecis) Patagnia (Claraomec,Neuqun, Austral, Malvinas). Algumas vezes, estas seqncias

  • Parte I Geologia42

    de Gondwana podem ser encontradas no lastro das seqnciasdas bacias interiores e das bacias costeiras da margemcontinental, capturadas tectonicamente quando da formaodestas ltimas, no Meso-Cenozico. Adicionalmente, parteimportante dos registros desta notvel cobertura sedimentar,que no logrou armadilhas estruturais em sinclises e riftes,foi exumada desde o prprio Paleozico, ao longo dos eventostectnicos, epirogenticos e outros de formao do relevobrasileiro. Isto aconteceu especialmente aps o Trissico, masno exclusivamente.

    Algumas destas grandes bacias mostram riftes precursoresdo Estgio de Transio (inicial, paraplataformal), exibindoassim uma geometria final de coilgenos. Por seu turno, sob a proteo das sinclises e das coberturas paleozicasque as diversas bacias, riftes e bacias transtracionais (intra-fossas, pull apart , etc.) do estgio de transio logrampreservar seus registros mais notveis. Fora destas condies,ou seja, de proteo pelo registro sedimentar paleozico, ascoberturas do estgio de transio foram facilmente erodidase minimizadas em expresso e dimenses, o que umacaracterstica do Cambro-Ordoviciano da plataforma sul-americana.

    As grandes bacias da histria sedimentar paleozicaapresentam muitas subdivises internas, longitudinais, poraltos (domos, antclises, arcos, etc.) originados j na tectnicado Brasiliano ou auferidos no Meso-Cenozico, quando foramfortemente reestruturadas e penetradas por magmatismobasltico e alcalino. Por todo o Paleozico predominamsedimentos siliciclsticos maduros e condies amagmticas,onde as presenas de carbonatos (vrios locais) e evaporitos(Carbonfero da Amaznia) so consideradas excees dignasde nota. Vrios episdios de glaciao tm sido registradosno Ordoviciano (Paran), no Devoniano (Solimes e Amazonas)e no Carbonfero Superior (Paran, o mais notvel), mas emtodas as bacias h uma evoluo das condies climticasbem registrada, partindo de condies glaciais e muito frias eculminando com red beds (e at evaporitos) para o topo dasunidades sedimentares (do terceiro grande ciclo, ou SeqnciaDelta), (Fig. I.17).

    Do ponto de vista tectnico, predominaram as condiesgerais de ortoplataforma, com incidncias muito locais deinstabilidade tectnica, a qual vai crescendo para o fim doPaleozico, quando comearam as manifestaes magmticasque preludiaram a prxima etapa evolutiva. Soares et al. (1974)e Soares et al . (1978) destacaram duas seqnciassedimentares cratnicas, com ciclos transgressivos-regressivosmais ou menos completos do Paleozico Inferior ao Eo-Carbonfero (estgio talassocrtico de Almeida, 1969) quedesignaram de beta e gama, e esta concepo tem-se decerta forma mantido nos trabalhos de sntese mais recentes(Milani e Zaln, 1999). Do Carbonfero Superior ao Trissico(localmente at o JurssicoCretceo), est o registro de um

    Paleozico Anexo da Figura I.17

    Rochas sedimentares1. Formao Prosperana (C O)2. Grupo Trombetas, Grupo Curu (SD)3. Grupo Tapajs (C)4. Formaes Capoeiras, Borrachudo e So Benedito (D)5. Formao Ipixuna (CP)6. Formao Pimenta Bueno (C)7. Formao Cacoal (S)8. Formao Fazenda Casa Branca (C)9. Formao Jauru (C)11.Grupos Rio Iva (Formaes Alto Garas, Iap e Vila Maria)

    (OS) e Paran (Formaes Furnas e Ponta Grossa) (D)indiferenciadas

    12.Formao Piranhas (O)13.Formao Aquidauana/Grupo Itarar (CP)14.Formao Corumbata (P-T)15.Grupo Guaritas (C O)16.Grupos Itarar (Formaes Taciba e Campo Mouro), Guat

    (Formaes Rio Bonito e Palermo) e Passa Dois (FormaesTerezina e Serra Alta) (P)

    17.Formao Rio do Rasto (P-T)18.Formao Pirambia (P-T)21.Grupo Santa F (CP)22.Formao Salobro (CO?)23.Formao Santa Brgida (P)24.Formao Palmares (C

    )

    25.Formao Ju (C)26.Grupo Igreja Nova (CP)27.Formaes Santa Brgida (CP) e Curituba (C)28.Formaes Tacaratu, Mauriti e Inaj (S)29.Formaes Melancia, Cococi e Anjico Torto (C30.Sute Intrusiva Meruoca (C31.Grupo Jaibaras (C

    Grande (S-D)32.Formaes Pimenteiras, Cabeas e Longa, e Grupo Serra

    35.Formao gua Bonita (SD)

    Rocha plutnica flsica a intermediria10.Sute So Vicente (C20.Granitides dos Orgenos Araua/Rio Doce e Bzios (C

    Complexo plutnico alcalino19.Sute Alcalina de Cana ( C

    terceiro grande ciclo sedimentar ou seqncia sedimentarcratnica, eminentemente continental (ocorrncias marinhaslocais importantes), predomnio de siliciclsticos, onde sedestacam depsitos de red beds e depsitos elicos, que foramchamados de Seqncia Delta, e que j haviam previamentesido discriminados como do estgio geocrtico por Almeida(1969). A formao de desertos continentais extensos(Botucatu, Sambaba, etc.; Fig. I.18) um trao indelvel daculminao deste ciclo/seqncia geocrtica.

    Este terceiro ciclo alcanou o perodo Trissico (praticamentecaracterizado por lacunas sedimentares) apenas nas Baciasdo Parnaba e Paran. A partir da parte mdia do Trissico,comeou o processo de completa reestruturao das sinclises,que incluiu o magmatismo bsico fissural (iniciado na Amaznia

    33.Formaes Poti, Piau, Pedra de Fogo e Motuca (CP)34.Formaes Guam e Piri (CO?)

    )

    O)

    )

    )

    O)

  • I. A Geologia do Brasil no Contexto da Plataforma Sul-Americana 43

    Figura I.17 O Paleozico e principais unidades litoestratigrficasrepresentando 10,1% da rea do Brasil

    Figure I.17 The Paleozoic and main lithostratigraphic units comprising10.1% of the Brazilian territory

    no Jurssico, em 200 Ma), cujo pico foi consumado no Eo-Cretceo Vulcanismo SardinhaSerra Geral, quando se deu oregistro principal de um dos maiores traps vulcnicos da histriada Terra (considerando como um LIP).

    Os eventos de interao de placas (a norte, sul e oeste docontinente) e o desenvolvimento do Oceano Atlntico (desde180 Ma) foram os eventos globais responsveis pela ubquaativao tectnica que caracterizou a plataforma, seuembasamento e cobertura, reestruturando bacias e criandooutras novas bacias (interiores e costeiras), em condiesparaplataformais, onde predominaram siliciclsticos muito

    imaturos nas suas primeiras fases. A ativao tectnica,chamada diversamente (Wealdeniana, Mesozica, Sul-Atlantiana), tem sido considerada um fenmeno global, emgrande parte vinculada direta e indiretamente (reflexa,litosfera ativada) aos processos de interao e acreso daplaca sul-americana. Mas, a magnitude do fenmeno, anatureza do magmatismo (bsico, alcalino, flsico, localmentegrantico), tem levado alguns autores a sugerir a participaoeventual de outros eventos (manto ativado) sub-litosfricos.Em termos supercontinentais, este conjunto de eventos tectono-magmticos esteve relacionado com a fisso de Pangea e o

  • Parte I Geologia44

    Figura I.18 O Mesozico e principais unidades litoestratigrficasrepresentando 19,1% da rea do Brasil

    Figure I.18 The Mesozoic and main lithostratigraphic units comprising19.1% of the Brazilian territory

    incio do fechamento do Pacfico s.l., tendo instalado portantoo prefcio ainda remoto do prximo ciclo supercontinental.

    De certa forma, a histria das sinclises pode serconsiderada encerrada com este estgio de vigorosareorganizao tectnica e sedimentar, recortada e encimadapor magmatismo, na qual o registro sedimentar esparso emarcado por condies de instabilidade tectnica, que foidesignado de Seqncia Epsilon (Soares et al. op. cit.),mas que tem abrangncia mais complexa e prolfica.Alternativamente, pode-se dizer que a histria das sinclisescoincide com a histria de dois supercontinentes, de Gondwana

    (comearam aps sua consolidao) a Pangea (terminaramcom a desarticulao deste).

    De fato, a partir do Aptiano, gradativamente para o restodo Cretceo, as condies tectnicas mudaram substancial-mente para mais estveis, incluindo nas bacias de margemcontinental do Atlntico (passagem do estgio de anomaliastermais e rifteamento para o de relaxamento tectnico, comoser discutido).

    Comparadas com bacias semelhantes do hemisfrio norte(Milani e Zaln, 1999), as sinclises so consideradasrepositrios pouco significativos de recursos energticos. Na

  • I. A Geologia do Brasil no Contexto da Plataforma Sul-Americana 45

    bacia do Parnaba e nos restos sedimentares paleozicosespalhados na Provncia Borborema esto significativos eestratgicos recursos de guas subterrneas.

    Mesozico

    O Trissico constitui o fecho de um ciclo supercontinental(Pangea) e a instaurao de um outro que levou aodesencadeamento de tafrognese e fisso, ainda emandamento, responsvel pela formao do Atlntico (e outrosoceanos meso-cenozicos). Estes eventos, geralmentecomputados sob a gide de Ativao Mesozica (Almeida eCarneiro, 1989) e/ou Evento Sul-Atlantiano (Schobbenhaus eCampos, 1984), na verdade constituem o reflexo nas margense no interior (por vezes muito remoto) do continente dasaes e interaes ento em processo (acreso, subduco,transformncia, microcolises) e a que passou a ser submetidaa placa sul-americana e que de certa forma se preservam ato presente em condies mais amenas. Trata-se de um conjuntorico e variado de eventos tectnicos, sedimentares emagmticos, com notvel repercusso metalogentica, dedistribuio diacrnica, a partir do Permo-Trissico, sendo difcilcolocar um fecho, porque so parte apenas (mais marcante)de eventos globais em andamento at o presente.

    A primeira parte deste ciclo (Trissico Superior, Jurssico)foi marcada por lacunas e poucas ocorrncias locais de unidadessedimentares. A segunda parte, por seu turno (ps-JurssicoSuperior), a partir do final do Jurssico (Titoniano) extraordinariamente rica em feies geolgicas gerais,adicionalmente marcada pela acumulao de bens mineraisestratgicos. A representao principal est na deflagraodo desenvolvimento da margem continental passiva, quandoda instalao de trs tratos de oceanos (Atlntico Equatorial,Central e Austral), com condies relativamente distintas(tempo, natureza e composio do substrato, tectnicaformadora e deformadora, estgios estrat igrf icos,magmatismo) e a posterior coalescncia dos substratos napassagem para o Cenozico (ps-Maastrichtiano).

    A contundncia heterognea e diacrnica destes eventos(litosfera ativada e manto ativado) poupou pouqussimasreas do continente, sobretudo aqueles domnios cratnicosmais antigos, mas nem todos. Assim como possvel afirmarque as estruturas brasilianas, pr-Ordovicianas, foram aquelasafetadas de forma privilegiada, tanto ao longo da margemcontinental (registros mais fartamente observados) como nosdomnios mais interiores. De forma especial, os grandeslineamentos da fase de extruso das provncias brasilianas (epan-africanas) foram ativados de forma intensa, com rejeitosverticais expressivos, de tal sorte que em algumas bacias dointerior da Borborema possvel distinguir falhamentos geradosno Mesozico daqueles simplesmente retomados (estes

    Mesozico Anexo daFigura I.18

    Rochas sedimentares1. Formao Tucano (K)6. Formao Alter do Cho (K)9. Grupo Acre (K)11. Formao Parecis (K)13. Grupo Bauru (K)14. Grupo Caiu (K)15. Formao Botucatu (JK)18. Grupo Rosrio do Sul (T) e

    Formao Botucatu (JK)indiferenciados

    31. Grupo Areado (K)32. Formao Urucuia (K)34. Formaes Sambaba (T),

    Pastos Bons(J), Corda(J),Graja (K), Cod (K) eItapecuru (K)

    36. Formaes Jandara (K) eAu (K)

    38. Grupos Rio do Peixe (K) eIguatu (K)

    39. Formaes Brejo Santo (J),Misso Velha (J), Santana (K)e Exu (K)

    40. Formaes Beberibe (K) eGramame (K)

    41. Grupo Pernambuco (K)45. Grupo Perucaba (JK),

    Formaes Muribeca (K),Riachuelo (K) e CoqueiroSeco (K), Grupo Coruripe (K)e Formao Cotinguiba (K)

    46. Grupo Marizal (K), FormaoSo Sebastio (K), GrupoIlhas (K), FormaoCandeias(K), Grupo Brotas(K) e Grupo Santo Amaro (K)

    Rochas vulcnicas mficas1. Apoteri (vulcnicas mficas

    e diques de diabsio) (K)5. Diques de diabsio Cassipor

    (J)7. Vulcnica mfica e diques de

    diabsio Penatecaua (J)8. Dique de diabsio Cururu (J)10. Formao Anari (J)12. Formao Tapirapu (J)16. Formao Serra Geral (K)22. Diques de diabsio Serra Geral

    do Arco de Ponta Grossa (K)33. Formao Mosquito (J)35. Formao Sardinha (K)37. Diques de diabsio Rio

    Cear-Mirim (JK)

    Rochas vulcnicas flsicasa intermedirias

    17. Formao Serra Geral (K)42. Formao Ipojuca (K)44. Vulcnicas Flsicas de Itapo-

    roroca (K)

    Rochas plutnica flsicaa intermediria

    43. Granito Alcalino do CaboSanto Agostinho (K)

    Complexos plutnicosalcalinos

    2. Sute Intrusiva AlcalinaApia (K)

    3. Sienito Catrimni (K)9. Sienito Repblica (T)4. Complexo Alcalino Seis

    Lagos (JK)19. Complexo Alcal ino de

    Anitpolis (K)20. Complexo Alcal ino de

    Lages (K)21. Complexos Alcalinos de

    Jacupiranga, Juqui,Tunas, etc. (K)

    23. Complexos Alcalinos dePasso Quatro, Itatiaia,Tingu, Rio Bonito, etc.(K)

    24. Complexo Alcal ino dePoos de Caldas (K)

    25. Complexos Alcalinos deTapira, Arax, Serra Negra,Serra do Salitre (K)

    26. Complexo Alcal ino deCatalo (K)

    28. Complexos Alcalinos deSanta F, Ipor, Morro doEngenho (K)

    29. Sute Alcalina Fecho dosMorros (T)

    Rochas vulcnicasalcalinas

    27. Vulcnica Alcal ina deSanto Antnio da Barra(K)

    30. Grupo Mata da Corda (vul-canoclsticas e vulcnicasalcalinas) (K)

    Provncias Kimberlticas25. Alto Paranaba47. Bambu48. Amorinpolis49. Poxoro50. Paranatinga (Batov)51. Pontes e Lacerda52. Aripuan (Juna)53. Pimenta Bueno54. Gilbus55. Picos (MoemaTinguins)56. JaguariRosrio do Sul20. Lages2. Apias

  • Parte I Geologia46

    ocorrendo de forma mais ampla ultrapassando sistematicamenteas antigas delimitaes das sinclises (vide casos das unidadesAlter do Cho, Itapecuru/Cod, Exu, Marizal, Bauru, etc.; Fig.I.18). Ficou assim consignado no interior do continente tambmum novo e distinto ciclo de formao de bacias e desedimentao continental, nas condies de estabilidadetectnica que foram gradativamente restabelecidas, sobre umadiscordncia de carter inter-regional, a que Soares et al.(op. cit.) designaram de Seqncia Zeta.

    As condies da sedimentao naturalmente variarambastante, do amplo e diversificado cenrio do interior docontinente s margens continentais (da fase proto-ocenica fase marinha franca), e o magmatismo basltico foisubstitudo pelo magmatismo alcalino, mais localizado erarefeito (Fig. I.18). H uma passagem gradual dearrefecimento das condies tectnicas, sedimentares emagmticas do Mesozico para o Cenozico, e isto certamenteextrapola a histria das sinclises, que caracterizou e marcouo Paleozico.

    Vrios tipos de atividades magmticas so referidas aoMesozico, com importante repercusso para o patrimniomineral, e para as quais h muitos textos e snteses disponveis(e.g., Piccirillo et al., 1988; Ulbrich e Gomes, 1981; Almeida,1983; Almeida e Carneiro, 1989). Destacam-se primeiramenteintruses bsicas tholeiticas e efusivas, derrames de lavas esills (Fig. I.18), concentrados nos domnios das sinclises (seestendendo ao sul para aos pases vizinhos ao sul do Brasil) ena margem continental, mas tambm em vrias partes dointerior, como na Provncia Borborema e excepcionalmente amais de 2.000 km da linha de costa (Mato Grosso).

    Com relao ao magmatismo alcalino e peralcalino (mficoe flsico com carbonatito associado), ele foi em partecontemporneo da fase principal de magmatismo basltico(133120 Ma), em parte sucedendo-o por todo o Cretceo.Almeida (1983) discriminou 12 provncias alcalinas no entornoda Bacia do Paran (privilegiando arcos) e ao longo da ProvnciaMantiqueira, em territrios do Brasil, Bolvia, Paraguai eUruguai, caracterizadas sobretudo por arranjos lineares, emdiferentes provncias estruturais.

    Uma parte adicional deste magmatismo a ocorrncia dedezenas de intruses kimberlticas, tanto nas reas cratnicascomo em reas afetadas pelo Brasiliano, cujas informaesgeolgicas so esparsas e pouco divulgadas (Fig. I.18).

    O levantamento completo do magmatismo basltico ealcalino mesozico do Brasil, apesar das meritrias sntesesacima mencionadas, uma tarefa dinmica, sempre emandamento. Ainda existem muitas ocorrncias a seremcatalogadas, estudadas e definidas do ponto de vistageocronolgico, desde corpos kimberlticos at mesmo enxamesde diques e intrusivas alcalinas menores.

    geralmente com espessas zonas milonticas em nveis crustaisrasos, gerados no Brasiliano). Algumas coberturas paleozicase mesozicas esto efetivamente reestruturadas localmenteao longo das linhas de falha brasilianas, com vrios exemplospor todo Brasil, notadamente ao longo dos lineamentosTransbrasiliano, Jaguaribe, PatosMalta, Afogados daIngazeira, Pernambuco, etc.

    Os depsitos sedimentares da fase de ativao tectnicaforam todos colocados sob a gide de uma nica seqnciasedimentar slossiana (Seqncia Epsilon) por Soares etal. 1974 e 1978 (op. cit.), o que pode ser didaticamenteaceitvel, mas no traduz a variedade de eventos, visto queh vrios estgios sedimentares (separados por discordnciasinter-regionais) de diferentes fases e estilos tectnicos ediferentes etapas de magmatismo a serem considerados.

    Na margem continental (tambm nas bacias do interiordo continente) costumeiro discriminar trs estgios evolutivosdistintos, sobrepostos discordantemente a um contexto inicialPaleozico/Eo-Trissico (chamado de estgio pr-rifte oude sedimentos do supercontinente, seqncias Alfa, Beta,Gama, Delta) j discutido acima.

    A seqncia do primeiro estgio designado de rifte (oudos lagos) foi iniciada no Jurssico Superior (sin-rifte I)tendo sido marcado por falhamentos extensionais, comformao de um complexo sistema de grbens e depsitossiliciclsticos imaturos (aluviais e lacustres), contemporneode fase importante de magmatismo basltico. Os estgiossubseqentes (sin-rifte II e III, Neocomiano e Barremiano)deram continuidade ao anterior, propagando os eventosextensionais para todo o interior do continente, terminandonuma fase de quiescncia tectnica, ainda com sedimentoscontinentais preponderando.

    Adveio um segundo estgio evolutivo, com caractersticastransicionais, com a passagem das condies continentais paramarinhas, em condies de quiescncia tectnica (Aptiano-Albiano) e remoo de relevos, cujos littipos sedimentaresesto presentes na margem continental (siliciclsticos,carbonatos, evaporitos, folhelhos negros = estgio golfo ouproto-ocenico). Ao curso deste estgio encerrou-se odesenvolvimento de muitas bacias interiores. A passagem parao terceiro estgio (ps-Albiano) da seqncia marinha gradual, acompanhando o progresso da deriva e a subsidnciatermal que se instaurou. Do Albiano ao Cenomanianoprevaleceram condies anxicas e hipersalinas (Cainelli eMohriak, 1999), com predomnio de carbonatos de guas rasas,e posteriormente (ps-Cenomaniano) advieram as condiesde mar aberto, de ambientes batiais e abissais, comsiliciclsticos sobretudo.

    A sedimentao no interior do continente obedeceu anovos parmetros (aps o estgio de ativao) seguindo oradepocentros mais conspcuos gerados com a ativao, ora

  • I. A Geologia do Brasil no Contexto da Plataforma Sul-Americana 47

    Cenozico

    A International Stratigraphic Chart (Prolegmenos, Fig. 0.2),aqui adotada (IUGS/UNESCO, 2000), divide o Cenozico emtrs perodos, da base para o topo: Palegeno (E), Negeno(N) e Quaternrio (Q) com limites, respectivamente, em 65Ma, 23,5 Ma e 1,75 Ma. Os perodos Palegeno e Negenosubstituem o perodo Tercirio que no mais usado, a noser informalmente para identificar a reunio dos dois perodos.

    Ocupando, por um lado, a maior extenso superficial doBrasil (32,4 %), o Cenozico representa, por outro, em termosrelativos, a era geolgica menos conhecida do Pas. Essedesconhecimento mostra-se especialmente na regioAmaznica, onde em seu extremo oeste ocorrem as maioresreas aflorantes, como, por exemplo, as formaes I eSolimes, na fronteira com o Peru e a Bolvia, que representamsuperfcies equivalentes a vrios pases do oeste europeureunidos (Fig. I.19). Deve-se referir tambm as extensesapreciveis de unidades cenozicas nas cabeceiras do rio Xingu,a ilha do Bananal e o Pantanal Mato-Grossense.

    De um lado, uma sntese atualizada retratando o estadoda arte dessa era no Brasil, de fato, no existe disponvel.Por outro lado, se compararmos as snteses feitas, h quase20 anos, nos dois livros de Geologia do Brasil ento publicados(Petri e Flfaro, 1983; Schobbenhaus et al. 1984), nota-seque o nvel de conhecimento do Cenozico avanourelativamente pouco, em termos gerais, na rea continentalemersa. Em anos mais recentes, os estudos tem-seconcentrado notadamente em temas especficos como aneotectnica ou tectnica do Quaternrio e as variaes donvel do mar, onde houve avanos sensveis (cf. Suguio, 1999,2001; Riccomini e Assumpo, 1999; Saadi, 1993).

    Observando-se a distribuio geral do Cenozico no Brasil,como indicado na Fig. I.19, nota-se que h um predomniototal do Negeno e do Quaternrio, em relao ao Palegeno.Este limita-se a reas menores do Nordeste e do Sudeste,estando possivelmente tambm representado na base dealguns depsitos detrtico-laterticos, como, por exemplo, noslateritos maturos da Amaznia, descritos por Truckenbrodt etal. (1982) e Costa (1991).

    Os terrenos cenozicos na rea emersa do Pas so deorigem continental, e algumas poucas unidades tercirias somarinhas. Os depsitos continentais, no entanto, emcontraposio aos marinhos so, com algumas poucas enotveis excees, de difcil datao por serem afossilferosou desprovidos de fsseis-ndices.

    Por outro lado, nas bacias costeiras com o processo dedrifte em operao, o Palegeno contendo os depsitossiliciclsticos da fase marinha franca representa umacontinuidade do cretceo.

    Durante o Palegeno houve uma tendncia desoerguimento com fases regressivas prevalecentes durante o

    perodo, constituindo o estilo geral do Pas. A regressoculminou no Oligoceno, topo do Palegeno. O fim do Oligocenoe o incio do Mioceno, base do Negeno, testemunhammarcante flutuao transgressiva, seguida de nova faseregressiva. Assim, o Mioceno um referencial separando osdepsitos paleognicos dos neognicos. A regresso doOligoceno foi de ampla repercusso em todo territrio nacional.A discordncia basal do Mioceno Inferior de mbito regionalem quase toda a regio costeira do Brasil. O Eomiocenocaracterizou-se por rebaixamento generalizado da costabrasileira, com incio em alguns lugares no Neo-Oligoceno(Petri e Flfaro, 1983).

    O Quaternrio ocupa as maiores extenses superficiaisdessa era no Brasil, com destaque aos depsitos detrticos deorigem continental da formao I: a maior rea desedimentao quaternria do Pas (Fig. I.19). predomi-nantemente arenosa com nveis laterticos incluindointercalaes de argilitos cinza a vermelhos e camadas deturfa. Recobre em discordncia os depsitos da formaoSolimes, admitindo-se uma idade pleistocnica para suasedimentao (Santos, 1984).

    De forma semelhante, a formao Solimes possivelmenteneognica cobre com territrio brasileiro, no estado do Acree ocidente do estado do Amazonas, rea superior a meiomilho de km2, estendendo-se para os territrios do Peru eBolvia. composta de sedimentos pelticos flvio-lacustrescom bancos arenosos, alm de lentes e concrees de calcriose gipsita e lentes de linhito. Maia et al. (1977 apud Santos,1984) definiram duas zonas bioestratigrficas na formaoSolimes, uma pliocnica e outra miocnica. J Feij e Souza(1994) posicionam essa unidade no intervalo Eoceno-Pliocenocom espessura mxima no Arco de Iquitos de 2.200 m.

    Dignos de nota so tambm os depsitos cenozicos, aindapouco estudados, que afloram nas cabeceiras do rio Xingu(leque do Xingu). Esses depsitos foram depositados naDepresso do Alto Xingu (Siqueira, 1989) recobrindo rochassedimentares paleozicas da bacia dos Parecis. Posicionadostentativamente no Negeno-Quaternrio, esses depsitos foramdenominados informalmente de formao Ronuro, no MapaGeolgico do Brasil, 1:2.500.000 (Bizzi et al. 2001).

    Tambm importantes so as coberturas detrtico-laterticas,distribudas de forma ampla e descontnua, em especial, naregio centro-oriental do Pas. Essas coberturas representadasna Fig. I.19 provavelmente indicam somente um cenrio parcialda realidade. Melfi (1997) admite que os depsitos laterticoscobrem perto de 75% da superfcie do Brasil, possuindo, noentanto, pouqussimas camadas endurecidas.

    Pode-se dizer que a atual topografia do Brasil o resultadode uma evoluo que iniciou no final do Cretceo, com olevantamento do continente Sul-Americano (Braun, 1971),estabelecendo um longo perodo erosivo que gerou durante oEoceno um enorme peneplano a Superfcie Sul-Americana

  • Parte I Geologia48

    Figure I.19 The Cenozoic and main lithostratigraphic units comprising32.4% of the Brazilian territory

    de King (1956). Os materiais dessa cobertura so espessos ericos em xidos de ferro e alumnio. No Negeno registra-seum novo levantamento do continente, levando a mais umciclo erosivo, seguido de novo aplainamento a SuperfcieVelhas, do Plio-Pleistoceno (King, 1956). Uma nova coberturade alterao do tipo latertica foi formada (Melfi, 1997). Essesoerguimento se deveu s compensaes isostticas e aosprocessos compressionais derivados das interaes andinas(slab push) e da formao do Atlntico (ridge push), mastambm aos esforos derivados de falhas transformantes.

    Aflorando quase ininterruptamente por alguns milharesde quilmetros ao longo da costa, do Rio de Janeiro ao Par,

    destaca-se o grupo Barreiras, formado como resultado daelevao do interior e abaixamento da costa. Esse gruporepresenta certamente a primeira unidade litoestratigrficadocumentada no Brasil. Suas falsias ou grandes barreiras,delas vermelhas, delas brancas (sic) chamaram a ateno dePero Vaz de Caminha, no ano de 1500, na Costa doDescobrimento, referindo-se a elas em sua famosa carta(Dominguez, 2001). O grupo Barreiras, de idade provavelmenteneognica, designa sedimentos clsticos continentaisafossilferos de cores variegadas, em geral friveis,predominantemente arenosos, com marcante alternncia dedepsitos pelticos e psamo-pelticos. Sua espessura varia de

    Figura I.19 O Cenozico e principais unidades litoestratigrficasrepresentando 32,4% da rea do Brasil

  • I. A Geologia do Brasil no Contexto da Plataforma Sul-Americana 49

    Cenozico Anexo da Figura I.19

    1. Formaes Boa Vista (N) e Areias Brancas (Q)2. Formaes I (Q)3. Formao Solimes (N)4. Grupo Barreiras (N)5. Formao Pirabas (N)6. Formao Ipixuna (N)7. Formaes Campos Novos e Serra dos Martins (E)8. Formao Maria Farinha (E)9. Formao Caatinga (Q)10. Campo de dunas inativas do Mdio So Francisco (Q)11. Formao Fonseca e depsitos da bacia de

    Gandarela (EN)12. Grupo Aiuruoca (EN)13. Formao Macacu (NQ)14. Rochas sedimentares da bacia de Itabora (EN)15. Grupo Taubat (E)16. Formaes Pindamonhangaba (NQ) e

    Itaquaquecetuba (N)17. Formao Rio Claro (N)18. Formao Itaqueri (E)19. Formao Pariquera-Au (N)20. Formao Canania (Q)21. Formao Alexandra (N)22. Formao Guabirotuba (N)23. Formao Patos (Q)24. Formao Tupanciret (N)25. Formao Cachoeirinha (N)26. Tufa calcria da serra da Bodoquena (Q)27. Formao Xarais (Q)28. Formao Pantanal (Q)29. Formao Guapor (Q)30. Formao Ronuro (NQ)31. Formao Araguaia (Q)32. Formao Capim Grosso (Q)

    Magmatismo Mfico Alcalino Continental33. Macau, Cubati, Cabugi34. Messejana35. Boa Vista36. Casa de PedraComplexos Plutnicos Alcalinos37. Ilha de Cabo Frio (E)38. Morro de So Joo (E)Ilhas Ocenicas39. Trindade, Martin Vaz (NQ)40. Abrolhos (E)41. Fernando de Noronha (N)42. Atol das Rocas (Q)

    poucas a vrias dezenas de metros. No estado do Par, essegrupo recobre sedimentos miocnicos marinhos da formaoPirabas. A idade do grupo, provavelmente do Negeno, temsido objeto de discusso, em especial no tocante ao seu limitesuperior, colocado por alguns autores no Pleistoceno (Bigarella,1975, Mabesoone et al. 1972). Somente uma cartografiasistemtica em escala adequada, ao longo de toda costabrasileira, permitir conhecer bem mais as variaes e relaesespao-temporais desse grupo e as diversas unidades a eleassociadas. Estudos especficos, incluindo cartografiageolgica, realizados nos tabuleiros costeiros sustentados porsedimentos de origem continental do grupo Barreiras, no sul

    da Bahia (Dominguez, 2001), permitiram conhecer mais bemsua origem e tambm as suas relaes com as unidadespleistocnicas e holocnicas marinhas e transicionais querecobrem esse grupo ao longo de vales encaixados. Na regioenfocada, o referido autor sugere idade mio-pliocnica parao grupo Barreiras.

    Em reas menores, diversas unidades cenozicas foramobjeto de estudos especficos (Fig. I.19) destacando-se nesseaspecto a regio sudeste do Pas. Trata-se normalmente deunidades depositadas em pequenas bacias ou em reas desedimentao espacialmente restritas. Algumas destacam-sepor seu contedo fossilfero excepcional, como, por exemplo,as bacias de Taubat, Itabora e Fonseca, outras por suaimportncia no registro da histria sedimentar, tectnica oumorfoestrutural do Cenozico, como as bacias de geradaspela evoluo do Rifte Continental do Sudeste do Brasil aolongo da costa sudeste do Brasil (Almeida, 1976, Melo et al.1985, Riccomini, 1989). Esse rifte compreende as bacias deVolta Redonda, Resende, Itabora e grbens da Guanabara eBarra de So Joo, no Estado do Rio de Janeiro; bacias deTaubat e So Paulo, Formao PariqueraAu e Grben deSete Barras, no Estado de So Paulo, e Bacia de Curitiba,Formao Alexandra e Grben de Guaraqueaba, no Estado doParan. Nessas bacias, possivelmente interligadas no passado,destacam-se o Grupo Taubat do Palegeno e as formaesItaquaquecetuba e Pindamonhangaba, do Negeno aoQuaternrio, nos estados de So Paulo e Rio de Janeiro, e asformaes Guabirotuba e Alexandra, tambm do Negeno aoQuaternrio, no Estado do Paran (Coimbra et al. 1996,Suguio, 2001). As bacias foram preenchidas por depsitoscontinentais sob influncia de taxas variveis de tectonismo esedimentao, influenciados por oscilaes climticas, desdeo Palegeno ao Quaternrio (Riccomini, 1989).

    Registra-se no Cenozico continental do Brasil um amplopredomnio de rochas siliciclsticas, em contraposio aocorrncias apenas locais de rochas carbonticas querepresentam menos de 1% do total. Incluem-se aqui as rochascalcrias altamente fossilferas de origem marinha dasformaes Pirabas (Mioceno) e Maria Farinha (Paleoceno),representando unidades aflorantes das margens passivas dasbacias de Barreirinhas e PernambucoParaba, respectivamente(Feij, 1994). Entre os depsitos carbonticos de origemcontinental citam-se os calcrios da bacia de Itabora(Tercirio), no Estado Rio de Janeiro, as tufas calcrias daserra da Bodoquena (Boggiani et al. 2002) e os calcretes daformao Xarais, ambos no Estado de Mato Grosso do Sul,bem como os calcretes da formao Caatinga, no Estado daBahia, estes ltimos importantes como rocha ornamental(bege Bahia). Ainda, pode-se referir os espeleotemas,depositados nas inmeras cavernas de terrenos calcrios. Astufas, os calcretes e os espeleotemas formaram-se noQuaternrio.

  • Parte I Geologia50

    Rochas magmticas tm um importante registro duranteo Cenozico. Entre o Palegeno e o Quaternrio, o Brasil foipalco de eventos magmticos que ocorreram tanto nocontinente quanto nas ilhas ocenicas (Fig. I.19). Essemagmatismo de afiliao alcalina relacionado a fenmenostardios do Evento Sul-Atlantiano ou da Reativao Ps-Paleozica, durante a abertura do Atlntico Sul. No Nordeste,do Oligoceno ao Mioceno, representado pelo VulcanismoBsico-Alcalino do Rio Grande do Norte (Sial, 1976), bemdesenvolvido nesse estado (Macau, Cubati, Cubagi, etc.), comrepresentantes na Paraba (Boa Vista) e Cear (Messejana).No Sudeste, do Paleoceno ao Eoceno, representado porcomplexos plutnicos alcalinos (Ilha de Cabo Frio, Morro deSo Joo) da provncia alcalina do litoral de So Paulo e Riode Janeiro, desenvolvida entre o Campaniano e o Eocenoinferior (Ulbrich e Gomes, 1981), e pelo basanito de Casa dePedra (Eoceno), este provavelmente relacionado fase dedistenso inicial do Rifte Continental do Sudeste do Brasil(Riccomini, 1989). No arquiplago de Fernando de Noronha(Almeida, 2002a) lavas e intruses fortemente sdico-alcalinasforam geradas entre o Mioceno e o Plioceno e na Ilha deTrindade (Almeida, 2002b), entre o Plioceno e o Holoceno,representando este ltimo o evento vulcnico mais jovem doBrasil. No arquiplago dos Abrolhos, litoral do extremo sul daBahia, afloram basaltos alcalinos (PaleocenoEoceno)associados Bacia Sedimentar do Esprito Santo (Vieira et al.1984).

    Investigaes sobre a tectnica do Quaternrio no Brasilcomearam a ser desenvolvidas somente na ltima dcada(Riccomini e Assumpo, 1999). Referncias a falhamentos eoutras feies geolgicas diretamente relacionadas tectnicado Quaternrio esto crescendo e agora existem em muitasreas no Brasil. demonstrada a existncia de falhamentosdo Quaternrio, particularmente do Holoceno, em quase todasas provncias geolgicas do Brasil e h um estreitorelacionamento com anomalias do geide com reas levantadasde atividades neotectnicas e ssmicas. Para a maior parte doPas, as direes de estresse das falhas holocnicas indicamdireo mdia EW de SHmax (maximum horizontal stress),em boa concordncia com dados geofsicos e modelos tericosde estresse da placa Sul-Americana. Provavelmente, as regiescom melhores estudos no Brasil sobre neotectnica so area amaznica (Saadi, 1993, Costa et al. 1996) e o sudestedo Brasil (Riccomini, 1989). Deve-se acrescentar que aneotectnica teve um papel muito importante na evoluogeolgica da costa brasileira (Suguio e Martin, 1996). Saadi(1993) considera que: (1) as deformaes tectnicas cenozicasaproveitaram, em geral, linhas de fraqueza herdadas dasdeformaes pretritas (herana estrutural crnica de Hasui,1990), embora possam ter sido originadas novas estruturas;(2) o resultado final expresso por uma compartimentao

    em unidades neotectnicas, delimitadas por descontinuidadescrustais definidas, que resultam da reativao, em geral sobregimes transcorrentes de lineamentos pr-cambrianos maisexpressivos; (3) os prolongamentos continentais doslineamentos ocenicos tm participaes importantes nasmanifestaes neotectnicas; (4) existe, em geral, uma relaofacilmente reconhecvel entre a estruturao neotectnica ea dinmica crustal, representada pela sismicidade atual; e(5) geralmente verifica-se a predominncia de esforoscompressivos de direo NWSE, com variaes para EW eNS. Jardim de S (2001) pondera que na regio Nordeste emdiversas reas as estruturas herdadas do rifteamento cretceoesto fortemente reativadas por deformao de idadeneognica, condicionando um importante episdio de migraoe acumulao de hidrocarbonetos nas bacias costeiras. Ainda,segundo esse autor, o Grupo Barreiras exibe estruturascoerentes com esse regime cinemtico, configurando-o comoum marco cronolgico desse evento, em conjunto com ovulcanismo bsico-alcalino tercirio que ocorre na regio.

    Agradecimentos

    Por sua dedicao, eficincia e esmero, os autores desejam expressarum especial agradecimento aos formandos de geologia ChristianNeves Schobbenhaus e Fabiano R. L. Faulstich pela preparao emmeio digital das diversas ilustraes do presente captulo.