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Os 20 anos de parceria entre o Grupo Solví e a Volkswagen

Caminhões no desenvolvimento dos caminhões compactadores

da maiorColeta de resíduo

No Brasil

A história

da

Copyright 2017 by Solví Participações e MAN Latin AmericaTodos os direitos reservados desta publicação à Solví Participações e à MAN Latin America

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SumárioIntroduçãoBreve histórico de limpeza pública e coleta de resíduos

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Capítulo 1SUPERMÁQUINASTecnologia dos caminhões de coleta de resíduos no Brasil está no topo da indústria automobilística mundial

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Capítulo 3PARCEIROS NO AMOR (E NA DOR)A difícil arte do “quebra e conserta” em plena operação solidifica a parceria Solví-Volkswagen Caminhões

23

Capítulo 4 MAIOR ADVERSIDADE, MAIOR CRIAÇÃOAs incríveis invenções da Solví e Volkswagen Caminhões no aprimoramento do veículo de limpeza pública

26

Capítulo 2PARCERIASolví e Volkswagen Caminhões decidem se unir e iniciam o maior processo de modernização da coleta de resíduos no Brasil

19

Capítulo 5 ENGENHARIA COLABORATIVA & PESQUISA E DESENVOLVIMENTOQuando duas empresas assumem o desafio de desenvolver o melhor caminhão de coleta de resíduos do País

29

Capítulo 6MODELO LEGALConstellation traz cabine estendida para três garis e é o único no País que atende sem adaptação as exigências regulatórias

33

Capítulo 8À FRENTE DE SEU TEMPODuas décadas de aprimoramento contínuo colocaram o caminhão de coleta de resíduo da Solví-Volkswagen Caminhões em um patamar muito além de seus concorrentes

39

Capítulo 7DE RESENDE PARA A AMÉRICA DO SUL Caminhões fabricados no estado do Rio de Janeiro são referência na coleta de resíduos em países sul-americanos

36

Capítulo 9O FUTUROO que pensam os engenheiros da Solví e Volkswagen Caminhões sobre o futuro dos caminhões de coleta de resíduos no Brasil

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E D I T O R I A L

Muito antes do modelo de organização empresarial do Vale do Silício, nos Estados Unidos, ado-

tado pelas gigantes de tecnologia e startups disruptivas, ser considerado um marco da atualidade

no desenvolvimento corporativo e um exemplo moderno a ser seguido pelas demais companhias

ao redor do planeta, o Grupo Solví e a Volkswagen Caminhões já utilizavam o conceito de atuação

colaborativa dentro de um objetivo comum.

A cultura da colaboração, o compartilhamento de ideias, a mudança de mindset e uma nova

atitude nos negócios – tanto atribuídos ao sucesso das companhias do Vale do Silício – pautaram,

desde sempre, a parceria entre a Solví e a Volks no desenvolvimento do que se tornou a maior ino-

vação do setor de resíduos no Brasil e América do Sul: o caminhão compactador.

Na verdade, há exatamente 20 anos no Brasil, as duas empresas, completamente diferentes, de

nacionalidades e culturas distintas, uniram-se em torno de um objetivo maior do que o próprio veí-

culo de coleta de resíduos. A intenção era transformar definitivamente a forma com que a gestão de

resíduos e a limpeza pública eram feitas no País.

Digno do que se chamaria hoje no Vale do Silício de “cocriação”, o Grupo Solví e a Volkswagen

Caminhões desenvolveram um modelo de engenharia colaborativa pautado na combinação de an-

tigos e novos conhecimentos, de tecnologias, de canais, de redes, de relacionamentos sociais e de

capital para atender uma necessidade expressa e latente. Em 20 anos, reuniram diferentes empresas

e profissionais de perfis e especialidades distintas, fomentando empatia e um profundo entendimen-

to dos desafios individuais e coletivos a favor de contribuir para a evolução do saneamento básico

na América Latina.

O fruto desse trabalho é visto diariamente nas ruas e avenidas das grandes, pequenas e médias cida-

des do Brasil, Peru, Bolívia e Argentina. O atual caminhão compactador de resíduos da Solví/Volkswa-

gen Caminhões tem mudado drasticamente a limpeza pública nos municípios sul-americanos.

A referência que este livro traz é, na realidade, o resultado sustentável que a tecnologia pode

trazer e traz para a sociedade. Ao acompanhar as motivações e os “causos” que marcaram a incor-

poração de novas funcionalidades ao caminhão compactador, o leitor será apresentado, na verdade,

à trajetória de uma parceria de sucesso que impacta o desenvolvimento humano, social, econômico

e institucional das regiões onde atua.

Boa leitura!

Carlos Leal Villa - presidente do Grupo Solví

Roberto Cortes - presidente da MAN Latin America

RESULTADOS SUSTENTÁVEIS

Colaboração de

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil6

Nestes últimos 20 anos, o mundo passou por diversas

transformações. O meio ambiente passou a ter uma pre-

ocupação nunca vista. Claro que, nesta nova visão, tanto

a coleta de resíduos quanto a destinação final passaram a ter uma

nova importância no cenário.

Infelizmente no Brasil “lixo não dá voto” e os investimentos

são de longo prazo, o que muito inviabiliza diversos programas

para se fazer a coisa certa.

Agravado pela crise econômica, o mercado se mostra cada

vez mais competitivo e a busca por produtividade e custos me-

nores deixou de ser uma necessidade e passou a ser uma ques-

tão de sobrevivência.

Sabemos que os investimentos em educação, segurança,

trans porte e grandes obras acabam sendo prioridades, pois o

poder público ainda não entendeu que o serviço de coleta de

resíduos e destinação final é, sim, um problema grave de saúde

pública, uma questão de saneamento básico também. Basta ima-

ginar como seria qualquer cidade sem esse serviço, por pior que

seja sua qualidade.

Nessa busca de sobrevivência, nos últimos anos pudemos ver

a evolução de equipamentos compactadores e chassis na busca

por melhorias de qualidade de serviço e resultados.

P R E FÁ C I O

DE EVOLUÇÃO

Dos antigos veículos de 130 HP Euro II, com caixa compac-

tadora de 10 m3, ou ainda os antigos sistemas de compacta-

dores rotativos e os caminhões “convencionais” (antigos ca-

minhões basculantes), chegamos hoje ao chassi com 260 HP,

caixas compactadoras de 19/21 m3, motor Euro V com baixo

nível de emissões, uso de diesel S 10, troca de óleo de motor

com 700 horas, contra o antigo S 1800 onde se trocava o óleo

com 200 horas.

O diesel então barato passa a ter valor fundamental no plano

de negócios, claro, associado ao meio ambiente não somente

pela questão econômica.

Como sabem, caminhões de transmissão automática, a exem-

plo dos carros leves, não só por uma questão ergonômica junto

aos motoristas, vêm se mostrando extremamente vantajosos, com

excelentes resultados de economia em embreagem, freio, cardan,

diferencial, pneus e outros.

Ao longo dos anos, baixamos a rotação de trabalho de com-

pactação de 1.800 rpm para 1.100. Mesmo com as tomadas de

força multiplicadoras, ganhamos espaço para redução de consu-

mo que ainda é um gargalo nos carros automáticos.

Recentemente, foi desenvolvido um lote de carros de aciona-

mento com câmbios automáticos, num trabalho que durou um

ano de testes com uma nova tomada de força, com lubrificação

no acoplamento e uma bomba hidráulica revolucionária. Tal con-

figuração permitiu manter com os fabricantes de equipamentos

o ciclo operacional de compactação em 20 segundos, com 850

rpm, ou seja, marcha lenta sem a menor perda de produtividade.

Agregado a um sistema de controle de rotação que isola o pe-

dal do acelerador e impede o aumento de rotação, o novo sistema

tem gerado uma economia de até 18% no consumo de diesel.

Os resultados de nível de ruído e de manutenção ainda são

imensuráveis, mas somente no consumo de combustível, o in-

vestimento se paga em poucos meses, sem contar os benefícios

ambientais e a provação da população.

Ainda no campo da produtividade e do controle, algumas

empresas de computador de bordo e telemetria conseguem

medir o consumo real de combustível pelo CAN do caminhão

20 anos

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7

por trecho, por motorista e por dia. Ao cruzar esses dados com

o velho consumo de bomba, mesmo os sistemas eletrônicos, há

um enorme controle, aniquilando os desvios e o uso indevido

do motor, proporcionando uma nova queda de consumo.

Também está em teste um veículo com a suspensão traseira

100% a ar, ou seja, somente com o uso de bolsas, eliminando-se

os feixes de mola, ponto crítico de nossa operação e manuten-

ção, que apesar das enormes evoluções, ainda são um proble-

ma de durabilidade e de reposição.

Tal sistema traz, além do conforto e baixo investimento,

grandes ganhos de distribuição de carga, já que distribui me-

lhor o peso com o terceiro eixo baixado, economia de pneus,

ganho de carga e a possibilidade de regulagem de altura da

traseira, o que facilita em muito as operações com contêineres

de 1,2 m3 metálicos ou de 1,0 m3 plásticos, aumentando a se-

gurança e a produtividade.

Contudo, a maior vantagem do projeto é que, via computa-

dor de bordo e com um avançado sistema de leitura, é possível

ter de forma on-line o peso da carga transportada, que é moni-

torado pelo motorista e pela central de operações. Isso permite

controlar tanto o subpeso quanto o sobrepeso permitindo uma

otimização nunca vista.

Tal configuração não tira a linha de apoio do equipamen-

to sobre a longarina dos chassis comparada com os sistemas

convencionais existentes, que podem gerar trincas de longarina

pela concentração de peso e tensão, com perda de garantia de

chassis em alguns casos e problemas de fixação do equipamen-

to, sem contar os outros benefícios agregados que o novo sis-

tema permite.

A durabilidade das bolsas é estimada em mais de três anos,

com muita facilidade de manutenção quando comparados com

os feixes de mola convencionais, com um único cuidado com

a rígida manutenção do sistema de ar com os drenos diários.

Com a diminuição do balanço traseiro dos equipamentos, pra-

ticamente se encosta a tampa traseira no pneu, otimizando ao

máximo a distribuição de carga, eliminando assim o velho pro-

blema da sobrecarga traseira que já foi seriamente tratada todos

esses anos. Tal projeto tem mais de 7 anos de estudo.

Ainda na busca de ganho de produtividade, estão em tes-

te um caminhão 4x2 e outro 6x2 com suspensões Smart Ale.

Este sistema permite um ganho de carga real de até 3 tonela-

das, sem causar arraste de pneus, pois é autodirecional. Alia-

dos aos outros sistemas com um equipamento de 21 m3 em

alguns casos específicos, o ganho poderá ser de até uma via-

gem por dia.

Outros projetos como utilização do biogás de aterro e ca-

minhões híbridos ainda estão muito distantes de uma realidade

brasileira, face a falta de incentivo governamental e de interes-

se no tema. As tecnologias existentes de purificação, armaze-

namento e abastecimento e de controle de nível de emissões

ainda são muito caras, mas alguns projetos em andamento se

mostram viáveis.

Não sei ao certo o que o futuro nos reserva em termos de

tecnologia, de novas legislações trabalhistas e de novas normas

regulamentadoras de coleta, como a NR 37 em tramitação.

A única certeza que tenho é de que não podemos nos inti-

midar com a falta de interesse do poder público e do mercado,

pois prestamos um serviço de fundamental importância para a

população e o planeta, e devemos ter o devido reconhecimento

com uma remuneração justa.

Luiz Lopes – Gerente de Suprimentos e Equipamentos do

Grupo Solví

P R E FÁ C I O

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil8

I N T R O D U Ç Ã O

Cidades litorâneas e o desafi o do lixo Período de ocupação portuguesa da faixa litorânea brasileira, com a criação de núcleos urbanos portuários. As cidades estavam ligadas às atividades econômicas que se desenvolviam dentro da organização espacial na forma de arquipélago. As cidades do litoral tinham quase sempre difi culdades para enterrar os dejetos e o lixo nas próprias residências ou em suas imediações. Eram regiões, não raro pantanosas e excessivamente úmidas, com o lençol freático muito alto, o que impedia aquela prática.

Início da compostagem primitiva

Sabe-se ainda que havia a utilização de dejetos humanos e excrementos animais como adubos. Há relatos de fazendeiros que preparavam estrumes com toda espécie de materiais (animal, vegetal, resíduos da preparação do café, cascas de feijões, etc).

Pré-história

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:

linh

a do

temp

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nquanto viveram como nômades, os povos da antiguidade

não tiveram de lidar com problemas relacionados à canaliza-

ção de água, instalação de rede de esgoto e remoção de re-

síduos. Entretanto, na Roma Antiga, fundada em 753 A.C., o cidadão

já contava com serviço de esgoto e tinha a melhor rede de estradas

da época, mas não dispunha de nenhum serviço de limpeza públi-

ca. Nesse período, os romanos costumavam atirar os resíduos do-

miciliares em qualquer lugar e, já naquele tempo, os governantes

colocavam placas com as inscrições “não jogue lixo aqui”.

Aos poucos, as grandes cidades que emergiam no mundo co-

meçavam a desenvolver seus próprios sistemas de limpeza públi-

ca. Em Londres do século XIII, foi publicado um edital que exigia

que o resíduo deveria ser removido da frente das casas uma vez

por semana. Embora várias leis zelassem pelo recolhimento do

resíduo, o método mais comum na época era a população jogá-

-lo nos rios. No século XIV, os londrinos foram instruídos a guar-

dar o resíduo dentro de suas residências até ser levado pelo co-

letor. Quase nessa mesma época, Paris, que fi cou conhecida

como a cidade mais suja da Europa entre 1506 e 1608, já vivia

uma onda de campanhas na área de limpeza pública.

O problema parisiense só começou a ser superado a partir

de 1919, quando cerca de 300 veículos entraram em circulação

na cidade para fazer a coleta. O uso obrigatório da lata de resí-

duo, instituído pelo prefeito Poubelle, levou os franceses a ado-

tarem o nome “poubelle” para as cestas coletoras.

No Brasil de 1760, atirava-se resíduo por todas as partes na ci-

dade do Rio de Janeiro, que chegava aos 30 mil habitantes. Os

residentes próximos ao mar o jogavam na praia e os moradores

vizinhos o despejavam nas lagoas, pântanos ou rios. E assim cres-

ceu o Rio, num quadro sanitário e de higiene que prenunciava uma

crise. A manter-se a defasagem entre o ritmo de crescimento da

população, da cidade e da melhoria de sua condição higiênico-sa-

Os primeiros depósitos de lixo

Presença notada e estudada de Sambaqui, que são caracterizados basicamente por serem uma elevação de forma arredondada que, em algumas regiões do Brasil, chega a ter mais de 30 metros de altura. São construídos basicamente com restos faunísticos como conchas, ossos de peixe e mamíferos. Ocorrem também frutos e sementes, sendo que determinadas áreas dos sítios foram espaços dedicados ao ritual funerário e lá foram sepultados homens, mulheres e crianças de diferentes idades. Contam igualmente com inúmeros artefatos de pedra e de osso, marcas de estacas e manchas de fogueira, que compõem uma intrincada estratigrafi a.

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I N T R O D U Ç Ã O

nitária, o século XIX iria assistir trágicas consequências desta crise.

A primeira postura da Câmara Municipal do Rio de Janeiro,

referente à limpeza data de 1830, e curiosamente versava sobre

“limpeza e desempachamento* das ruas e praças; providências

contra a divagação de loucos, embriagados e animais ferozes e

os que podiam incomodar o público”.

Com o processo irrefreável da urbanização no Brasil e no

mundo, os cidadãos passaram a ser conhecidos, em parte, pela

quantidade de resíduo que produziam. O resíduo passava a ser um

termômetro da produção e do consumo da cidade, assim como

possibilitava perceber a cidade, a partir de categorias gráfi cas. A

quantidade de resíduo produzida por uma pessoa tornava-se índi-

ce revelador de seus hábitos cotidianos. Ao mesmo tempo, esse

tipo de prática começaria a permitir que se calculasse o preço do

Desafi o do transporte de lixo Notícias de viajantes e documentos disponíveis mostram que o padrão higiênico das cidades brasileiras nos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX deixava muito a desejar. E o transporte do lixo das casas e dos dejetos de seus ocupantes e animais era feito por escravos, chamados de “tigres” ou cabungos em vasilhames de madeira ou barro, que não só eram inadequados a esse tipo de transporte, como ocasionavam constantes e lamentáveis acidentes.

Regulamentações para o lixo

Em meados do século XIX, inicia-se a busca por melhorarias e ordenação dessa prática. Horários para os “tigres”, locais determinados de despejo, barris fechados e carroças para o seu recolhimento. A Câmara Municipal também procurou agir, estabelecendo posturas referentes à limpeza da cidade, buscando disciplinar a difícil situação. Em 1854 a responsabilidade da limpeza da cidade passou para o governo imperial sem apresentar, contudo, maior sucesso.

Sistema de esgoto Um fator marcante na limpeza urbana do Rio de Janeiro foi a implantação de um sistema de esgoto na cidade, em 1864, pela companhia inglesa The Rio de Janeiro City Improvementes Company Limited –, pelo menos em parte da cidade. Isto possibilitou uma especialização na limpeza urbana, voltada propriamente para o lixo.

Surgimento dos “garis” A efetivação dos serviços de limpeza, ora pela contratação de empresas particulares, ora com a organização de serviços públicos, esbarrava em inúmeros entraves técnicos, administrativos, fi nanceiros e de costumes da população. Em 11/10/1876 contratou-se a companhia de Aleixo Gary, que foi um marco importante para a limpeza urbana do Rio de Janeiro. Daí a designação até hoje de “gari” para alguns empregados da limpeza urbana.

cidade, buscando disciplinar a difícil situação. Em 1854 a responsabilidade da limpeza da cidade passou para o governo imperial sem apresentar, contudo, maior sucesso.

*Desempachamento: termo usado na época para desobstrução.

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I N T R O D U Ç Ã O

resíduo. Assim, o resíduo passava a ser também postulado como

um problema que requeria solução técnica. Uma das grandes

transformações na administração de uma cidade foi o surgimen-

to de uma nova sensibilidade em relação aos resíduos. E, dessa

maneira, a coleta e destinação final de resíduos de forma adequa-

da passaram do universo público para o universo privado, envol-

vendo novos ofícios, objetos, vereadores, médicos e engenheiros

sanitaristas, assim como a produção de um discurso procurando

cada vez estabelecer normas e leis a serem seguidas por todos.

No início do século passado, o resíduo das grandes cidades

brasileiras era carregado por mulas. Os caminhões, modelos es-

peciais movidos a gás produzido pela queima de carvão, só co-

meçaram a ser usados na década de 1930. Em São Paulo, as mu-

las ficavam onde hoje é o Parque do Ibirapuera. Eram bem trata-

das e tinham uma equipe de veterinários à disposição. Mulas e

caminhões conviveram juntos até 1968. Na década de 1920, a

Queima do lixo

Iniciou-se, no Rio de Janeiro, em 1895 a construção de um forno para queima de lixo em Manguinhos. A experiência fracassou. Em 1907 foi retomado o tema da incineração, uma constante até a década de 60.

Na década de 1970 foi implantada a Usina de Irajá, e, em 1992, a do Caju. Disseminadas pelo país, essas usinas não constituíram experiências bem sucedidas como em outros países.

A coleta seletiva foi implantada no Brasil a partir de 1985, inicialmente no bairro de São Francisco, Niterói. Foi uma iniciativa do Centro Comunitário de São Francisco (associação de moradores) e da Universidade Federal Fluminense. Em 1988, Curitiba se torna a primeira cidade a ter o sistema.

Medição de impactos ambientais

Inicia-se a urbanização na fase de industrialização e formação do mercado nacional, com intensificação de presença de multinacionais no pós-guerra. O êxodo rural, iniciado no Brasil na década de 1950, provocou um inchamento das cidades, causando desafios de infraestrutura e saneamento básico.

Surgem então as primeiras tentativas de aplicação de metodologias para avaliação de impactos ambientais, decorrentes de exigências de órgãos financeiros internacionais para aprovação de empréstimos a projetos governamentais de infraestrutura.

Política Nacional do Meio Ambiente

Em 1981, o governo brasileiro sanciona a Lei nº 6.938 que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente e cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, contemplando fundamentos para a proteção ambiental no país e instituindo, dentre outros instrumentos, o “Licenciamento Ambiental”.

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I N T R O D U Ç Ã O

administração pública organizava um desfile na Avenida Paulista,

que na época abrigava grandes casarões, para mostrar à popula-

ção todo o seu equipamento de limpeza urbana. Dos resíduos

jogados no chão, chegaram-se às papeleiras. Das mulas que pu-

xavam carroça, aos modernos caminhões compactadores*, aos

sistemas de coleta lateral, às lixeiras subterrâneas e à toda a sorte

de equipamentos de limpeza pública. E, no atual quadro de de-

senvolvimento urbano e econômico, com milhões de toneladas

de resíduo produzidas diariamente nas grandes cidades, as figuras

do gari de uniforme laranja e vassoura na mão e do caminhão de

coleta tornaram-se populares e icônicas na vida do cidadão.

A obra a seguir relata os 20 anos de parceria do Grupo Solví

e da Volkswagen Caminhões no desenvolvimento e aprimora-

Política Nacional de Saneamento Básico

Em 2007, o Brasil estabelece a Política Nacional de Saneamento Básico e as diretrizes nacionais para esta área. A regulamentação versa sobre todos os setores do saneamento básico (drenagem urbana, abastecimento de água, esgotamento sanitário e resíduos sólidos) e traz importantes contribuições para o setor de resíduos.

O desafio para a eliminação dos lixões

A Política Nacional de Resíduos Sólidos cria metas importantes no sentido de promover a eliminação dos lixões e institui instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, microrregional, intermunicipal e metropolitano e municipal; além de impor que os particulares elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

Também coloca o Brasil em patamar de igualdade aos principais países desenvolvidos no que concerne ao marco legal e inova com a inclusão de catadoras e catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis, tanto na Logística Reversa quando na Coleta Seletiva.

Política Nacional de Resíduos Sólidos

Em 2010, surge a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que traz instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao País no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.

Prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).

Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens pré-consumo e pós-consumo.

* Caminhões compactadores: veículos de coleta de resíduos com

sistema de compactação de resíduo na caçamba.

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil12

Século XX

mento dos veículos de coleta de resíduos. Reúne algumas histó-

rias da relação entre as duas empresas no processo de cocria-

ção do que é considerado hoje um dos principais avanços tec-

nológicos na engenharia ambiental do setor de resíduos no

Brasil e na América do Sul.

O Grupo SolvíO Grupo Solví é formado por empresas que atuam nos seg-

mentos de Resíduos Públicos, Soluções Industriais, Saneamento,

Valorização Energética e Engenharia. Oferece soluções para a vida

em engenharia ambiental, a partir da prestação de serviços diferen-

ciados, altamente efi cientes e inovadores, capazes de permitir a

coexistência harmoniosa entre o meio ambiente e a sociedade.

Todas as empresas do Grupo Solví funcionam, na prática, como

uma Unidade de Valorização Sustentável (UVS), alicerçada em qua-

tro pilares fundamentais: ambiental, econômico, institucional e so-

I N T R O D U Ç Ã O

Quatro décadas de engenharia ambiental

Embora o Grupo Solví exista há cerca de uma década, algumas de suas empresas que lhe deram origem – como a Vega – carregam consigo mais de 45 anos de experiência no mercado de soluções de engenharia e meio ambiente. Tradição que refl ete diretamente na trajetória de negócios da holding.

Desenvolvimento do caminhão de resíduos

Em 1993, quando o Brasil cria a Lei nº 8.666 de Licitação e Contratos, tem início as negociações entre a então Vega e a Volkswagen Caminhões para o desenvolvimento do caminhão de resíduos que revolucionaria a limpeza pública no Brasil.

Internacionalização das operações

Já em 2000, quando é sancionada a Lei Complementar 101 de Responsabilidade Fiscal, com impacto direto na gestão municipal e na limpeza pública, a Vega leva todo o seu know-how de gestão de resíduos no País e expande as operações para a América do Sul com contrato inicial de coleta de resíduos em Lima, Peru.

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cial. Para fazer jus ao nosso próprio Modelo de Empresariamento

Solví (MES), cujo mote central é prover “Soluções para a Vida”, os

empreendimentos atendem não somente as metas financeiras,

mas sobretudo as necessidades do cidadão.

Cada operação na Solví é cal cada em diretrizes como preser-

vação ambiental, saúde e segurança, desenvolvimento hu mano,

tributos gerados ao poder público, reciclagem e reutilização de

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Gestão de resíduos na maior cidade da América do Sul

Quando a Lei nº 11.079, que estabelece a Parceria Público- -Privada, surge no Brasil, em 2004, a cidade de São Paulo passa a ser atendida pela Loga no contrato de limpeza pública e, nessa mesma época, a Volkswagen Caminhões torna-se fornecedora exclusiva para todos contratos de coleta de resíduos que a Vega possuía nos municípios brasileiros.

Coleta de resíduos fica ainda mais sustentável

Em 2014, encerrou no Brasil o prazo dado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos para encerramento dos lixões. Neste ano, a coleta de resíduos passa a ser mais sustentável, com caminhões com tecnologia de redução de emissão de partículas, além da ampliação da capacidade de coleta em locais de difícil acesso com o desenvolvimento de veículos sob medida para este trabalho.

Unidades de Valorização de Resíduos

Hoje, todas as empresas do Grupo Solví funcionam, na prática, como uma Unidade de Valorização Sustentável (UVS), alicerçada em quatro pilares fundamentais: ambiental, econômico, institucional e social.

Cada operação é calcada em diretrizes como preservação ambiental, saúde e segurança, desenvolvimento humano, tributos gerados ao poder público, reciclagem e reutilização de materiais, empregos diretos e indiretos, fortalecimento do setor produtivo e distribuição de renda, entre outros.

O Grupo possui atualmente cerca de 20 mil colaboradores engajados para o desenvolvimento da sociedade e a preservação do meio ambiente, e suas empresas estão espalhadas em mais de 130 cidades, em quatro países da América Latina.

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil14

I N T R O D U Ç Ã O

materiais, empregos diretos e indiretos, fortalecimento do setor

produtivo e distribuição de renda, entre outros.

O Grupo possui atualmente cerca de 20 mil colaboradores en-

gajados para o desenvolvimento da sociedade e a preservação do

meio ambiente, e suas empresas estão espalhadas em mais de

130 cidades, em quatro países da América Latina.

A MAN Latin AmericaFabricante dos veículos comerciais Volkswagen Caminhões

e MAN, a MAN Latin America é a maior montadora de cami-

nhões da América Latina e a segunda maior em ônibus. Em

2015, a empresa assegurou a liderança de vendas de caminhões

no Brasil pelo 13º ano consecutivo.

Desde 1981, quando iniciou suas operações, chegar ao topo

do mercado, respeitando e satisfazendo as necessidades dos

clientes, sempre foi o foco da montadora. E é exatamente isso

que a MAN Latin America oferece a seus clientes: produtos sob

medida e um excelente serviço de pós-vendas. A produção já

ultrapassou o marco de 800 mil veículos, com mais de 100 mil

unidades exportadas para mais de 30 países. A empresa também

é referência em inovações tecnológicas e, desde 2003, conduz

estudos com combustíveis renováveis e alternativos, mesmo

antes de obrigações legais.

A MAN Latin America é pioneira na utilização de biodiesel e

no desenvolvimento no Brasil de caminhão dotado com siste-

ma híbrido diesel-hidráulico. A empresa busca sempre solu-

ções que reduzam o impacto ambiental e ajudem a preservar o

meio ambiente.

Há 35 anos, a montadora mantém seu compromisso de de-

senvolver veículos que superem as exigências dos clientes –

onde quer que eles rodem, seja pelas estradas brasileiras, latino-

-americanas ou africanas.

Capítulo 1Foco na limpeza urbana

Desde 1981, quando iniciou suas operações, chegar ao topo do mercado, respeitando e satisfazendo as necessidades dos clientes, sempre foi o foco da Volkswagen/MAN no Brasil no segmento de ônibus e caminhões, incluindo veículos de coleta de resíduos.

Combustíveis renováveis

A produção total já ultrapassou o marco de 800 mil veículos, com mais de 100 mil unidades exportadas para mais de 30 países. A empresa também é referência em inovações tecnológicas e, desde 2003, conduz estudos com combustíveis renováveis e alternativos, mesmo antes de obrigações legais.

A montadora é pioneira na utilização de biodiesel e no desenvolvimento no Brasil de caminhão dotado com sistema híbrido diesel--hidráulico. A empresa busca sempre soluções que reduzam o impacto ambiental e ajudem a preservar o meio ambiente.

Há 35 anos, a montadora mantém seu compromisso de desenvolver veículos que superem as exigências dos clientes – onde quer que eles rodem, seja pelas estradas brasileiras, latino-americanas ou africanas.Tr

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Capítulo 1Tecnologias dos caminhões de resíduos no Brasil

estão no topo da indústria automobilística mundial

SUPERMÁQUINAS

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil16

Eles são robustos na estrutura e flexíveis para rodar em qual-

quer tipo de terreno. Eles são compactos, mas possuem

extrema capacidade de armazenamento de carga. São

altamente potentes, mas possuem baixo nível de ruído e de

emissões de poluentes. Não são modelos esportivos, mas contam

com tecnologia de última geração. Podem ser movidos a gás

natural veicular e um dia serão movidos por motores elétricos ou

até mesmo a biogás oriundos de aterros sanitários. Todos os dias,

eles passam na porta de residências e comércios, mas poucos

percebem a sua presença. E se, por alguma razão, eles não com-

parecem, imediatamente a sua ausência é sentida.

Mais do que um veículo de limpeza pública, os atuais cami-

nhões de coleta de resíduos no Brasil, sobretudo os desenvolvi-

dos pela Volkswagen Caminhões e Ônibus em parceria com o

Grupo Solví, são máquinas extraordinárias em termos de tecnolo-

gia e desempenho, de dar inveja a qualquer outro segmento da

indústria de transporte e automobilismo.

O caminhão de resíduos possui hoje um complexo sistema de

telemetria, que monitora em tempo real todo o desempenho do

veículo, seja em termos de consumo de combustível, de quanti-

dade de resíduos transportados, da pressão do peso imposta ao

chassi e de desgaste de pneus e freio, entre outras.

O sistema de telemetria gera relatórios diários e on-line de

desempenho e aponta possíveis falhas no veículo. O computa-

dor de bordo dos caminhões é conectado à central de opera-

ções do Grupo Solví e oferece aos técnicos as informações ne-

S U P E R M Á Q U I N A S

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17

S U P E R M Á Q U I N A S

Transmissão automática: mais conforto e segurança para os motoristas

GNV: contribuindo para a qualidade do ar do cidadão

cessárias para ajustes, reparos, melhorias e incrementos, as quais

são repassadas à Volkswagen Caminhões e implementadas na

linha de montagem.

As duas empresas já estudam, para um futuro próximo, um

projeto de integrar o conceito de internet das coisas* nos cami-

nhões, para torná-lo autônomo em todos os sentidos, para fazer

sozinho a coleta de resíduos domiciliares, o diagnóstico mecâni-

co e até emitir pedidos de reposição e manutenção, tudo de for-

ma automatizada e conectada.

Já há, porém, em funcionamento em algumas cidades brasi-

leiras caminhões que fazem a chamada “coleta lateral”. O veículo

estaciona ao lado de um contentor de resíduos especialmente

adaptado e, com um braço mecânico robotizado, re colhe o reci-

piente e descarrega o resíduo no compactador. Estudos prelimi-

nares mostram uma redução significativa do tempo de coleta

com o uso desse sistema.

Na verdade, o projeto do caminhão de resíduo da Volks tem

se tornado cada vez mais um veículo sustentável. Uma das gran-

des inovações nessa área é o uso de gás natural veicular (GNV).

O uso do GNV nos caminhões de resíduo já resultou em redu-

ção de 95% das emissões de material particulado*, de 70% de

óxido de nitrogênio (NOx) e de 20% de gás carbônico (CO₂). O

motorista do veículo também é favorecido com maior con forto e

menos ruído. A próxima geração de caminhões deve vir com o

sistema de abastecimento elétrico.

Nesta área, a Solví e a Volkswagen Caminhões já estudam o

uso do gás metano de aterro como combustível para sua frota.

A ideia é criar um motor capaz de funcionar com o biogás oriun-

do da decomposição de resíduos, utilizando o mesmo conceito

já consagrado das usinas termelétricas em operação nos aterros

sanitários do Brasil.

Já na parte mecânica dos caminhões, um dos avanços é a

transmissão automática, sistema utilizado em 100% da frota das

empresas do Grupo Solví. O câmbio automático deu ao motoris-

ta não só um item de conforto, mas sobretudo de segurança no

trabalho de coleta de resíduos. O fato de não precisar mudar de

marcha, tornou o trajeto mais seguro e manteve a atenção do

* Internet das coisas: conceito tecnológico em que todos os objetos da vida

cotidiana estariam conectados à internet, agindo de modo inteligente e sensorial.

* Material particulado: resíduo da queima de combustíveis fósseis de alta toxicidade.

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil18

S U P E R M Á Q U I N A S

motorista exclusivamente na operação de coleta. Atualmente, es-

ses caminhões ultramodernos fazem parte do dia a dia da coleta

de resíduos de cerca de 250 municípios brasileiros, além de im-

portantes cidades do Peru e Bolívia. Todos os anos, retiram da

frente de residências e comércios brasileiros aproximadamente

4,5 bilhões de toneladas de resíduos e as levam para os locais es-

pecífi cos de tratamento e valorização de resíduos. O veículo único

criado pela Solví e Volkswagen Caminhões tornou-se um case in-

ternacional na área de coleta de resíduos. Os caminhões fabrica-

dos no Brasil são exportados para vários países da América do Sul.

Hoje, há um número cada vez maior de especialistas e autoridades

públicas estrangeiras que procuram a Solví e a Volkswagen Cami-

nhões para estudar o projeto de engenharia desenvolvido no País.

Mas nada disso seria possível se não fosse o trabalho incessan-

te e incansável das mentes brilhantes dos engenheiros da Solví e da

Volkswagen Caminhões, que ao longo de 20 anos, desenvolveram

e aprimoraram essas supermáquinas da limpeza pública no Brasil.

Capítulo 2O processo de urbanização no Brasil e na América do

Sul, iniciado na década de 70, e o crescimento

desordenado das cidades exigiram das empresas um alto

grau de inovação para atender a crescente produção de

resíduos da população urbana. Com décadas de

desenvolvimento e engenharia do caminhão de coleta,

o atual modelo compactador é muito diferente de seus

predecessores e tornou a limpeza pública mais efi ciente

e sustentável nos municípios. É capaz de coletar uma

quantidade infi nitamente maior – e em menor tempo

– do que há alguns anos. Gasta menos combustível, é

mais seguro para o motorista e aos agentes de coleta,

e atende um número bem maior de cidadãos.

O legado dain� ação

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Capítulo 2Solví e Volkswagen Caminhões decidem se unir e iniciam o maior

processo de modernização da coleta de resíduos no Brasil

PARCERIA

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil20

PA R C E R I A

Quando o diretor da então Autolatina, Flávio Padovan,

foi à Vega, em meados de 1993, para convencer alguns

executivos à fazer uma visita à fabrica de caminhões da

então Volkswagen Caminhões Autolatina, em São Bernardo do

Campo, mal sabia que a conversa selaria uma parceria empre-

sarial que mudaria para sempre o sistema de coleta de resíduos

nas cidades brasileiras.

O encontro aconteceu em uma pequena sala de um prédio

no centro de São Paulo onde ficava a sede da Vega na épo-

ca. Estava presente, além de Padovan, Carlos Tadayuki, Diretor

Técnico da Vega.

Nesta época, o trabalho de coleta de resíduos da Vega era feito

por caminhões de uma outra montadora, cuja parceria remontava

desde 1972. Mas a visita dos executivos da Vega à fábrica em

São Bernardo do Campo fez com que a empresa rediscutisse a

posição e os benefícios dos fornecedores de caminhões. Assim,

inicia-se uma espécie de “namoro” entre a Vega e a Volkswagen

Caminhões. Nessa época, a montadora alemã separava-se da

Autolatina. Foi então que a Volkswagen Caminhões abriu uma

frente específica de atuação e centrou esforços no desenvol-

vimento de caminhões de coleta de resíduos, justamente para

diversificar seus produtos e focar em mercados de nicho.

Em 1998 houve uma grande reunião ainda na fábrica de

automóveis em São Bernardo, agora com a inclusão do enge-

nheiro Luiz Fernando Lopes e de outros gerentes de unidade da

antiga Vega Engenharia.

Para consolidar-se também no segmento de coleta de resí-

duos, a primeira medida tomada pela Volkswagen Caminhões

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21

PA R C E R I A

foi simples, direta e altamente eficaz: ouvir o cliente, no caso, a

Vega. “O que vocês precisam? Ajudem-nos a produzir o melhor

caminhão para vocês”. Essa foi a principal postura da Volks nos

primeiros momentos da parceria com a Vega, cuja mentalidade

perdura até os dias de hoje.

A determinação da Volkswagen Caminhões para entregar o

caminhão que atendesse todas as especificações e necessida-

des da Vega era tamanha, que o desenvolvimento do veículo na

fábrica foi batizado de “Projeto Vega”.

Assim começava de fato a parceria no desenvolvimento con-

junto do caminhão, onde foram feitas as primeiras adaptações

em carros com mais de três anos de uso. A fábrica da Volkswa-

gen Caminhões no Brasil, ao contrário do restante do mercado

de fabricantes de caminhões, transformou a flexibilidade de en-

genharia externa (no caso, as especificações da Vega) no fator

crítico de sucesso no desenvolvimento do caminhão.

Na verdade, no caso da escolha do melhor fornecedor de ca-

minhão, não se tratava de ser uma engenharia superior ou inferior

entre os concorrentes, mas sim da postura e disposição em as-

sumir efetivamente uma parceria dentro de um modelo de enge-

nharia colaborativa. E, nesse aspecto, a inteligência da Volkswagen

Caminhões em ouvir a Vega fez toda a diferença do mundo.

Um dos exemplos mais significativos desta postura colabo-

rativa da Volks começou com a troca do fornecedor de embrea-

gem do caminhão. No começo da parceria, Lopes e um ge rente

regional da Vega em Ponta Grossa, no Paraná, tomaram a decisão

de trocar a embreagem original de fábrica de um dos caminhões

que a empresa utilizava na época.

Por considerar um sistema com baixa eficiência, esse gerente

da Vega trocou a embreagem original por um equipamento que

julgava mais adequado, acoplado agora com servo embreagem.

Depois de alguns testes de campo na própria sede da Vega em

São Paulo, constatou-se que a embreagem – trocada lá em Ponta

Grossa – trazia maior eficiência ao caminhão na coleta de resíduos.

Quando os engenheiros do Volks receberam os resultados, de

imediato o fornecedor de embreagem foi trocado para toda a li-

nha de montagem. E mais: a montadora fez um recall gratuito em

toda a frota antiga e trocou o sistema de embreagem pelo forne-

cedor sugerido pela Vega. A troca da embreagem foi um avanço

nas operações de coleta de resíduos nas várias cidades atendidas

pela Vega.

120 caminhões adquiridos, para atuar na coleta de resíduos da cidade do Rio de Janeiro

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil22

PA R C E R I A

Em 1998, a Vega fez a primeira compra de um grande lote

de caminhões da Volks – todos devidamente modificados

de acordo com as especificações e necessidades apontadas

pela Vega, com a tecnologia disponível na época. Ao todo,

foram 120 caminhões adquiridos, para atuar na coleta de re-

síduos da cidade do Rio de Janeiro.

Essa grande compra é, na verdade, um marco na parce-

ria comercial entre a as duas empresas, pois ainda naquela

época, a Vega utilizava parte da frota de outro fornecedor e

fazia testes comparativos entre os caminhões.

Conforme a Volks incluía as sugestões da Vega em seus

caminhões, o modelo da montadora alemã tornava-se cada

vez melhor, mais adequado, com o melhor custo-benefício

e muito superior em relação aos concorrentes.

Em 2004, quando surge a Loga, para atender o contrato

de concessão da limpeza pública na cidade de São Paulo,

a Volkswagen Caminhões torna-se fornecedora exclusiva

para todos contratos de coleta de resíduos que a Vega pos-

suía nos municípios brasileiros. Na ocasião, foram adquiri-

dos cerca de 200 caminhões.

Durante as negociações desta encomenda, a Volkswa-

gen Caminhões tomou uma decisão arrojada para ganhar a

concorrência e se consolidar como fornecedora exclusiva.

Além de criar o sistema de engenharia colaborativa, a mon-

tadora alemã ofereceu um novo sistema de garantia. E assim

o negócio foi concluído e a parceria entre as duas empresas

se mantém ativa até os dias atuais, agora entre a MAN Latin

America e o Grupo Solví.

O legado dacocriaçãoHá poucos casos na história do mundo

dos negócios em que duas empresas distintas, de cultura e nacionalidade completamente diferentes, desenvolvem uma parceria de fato, bem sucedida e em prol de uma causa maior do que os próprios negócios em si. A união entre a Solví e a Volkswagen Caminhões tornou realidade um anseio da população e dos próprios governantes: promover a gestão de resíduos urbanos de forma ampla, segura e sustentável. O atual caminhão de resíduos não é só o fruto do modelo de parceria empresarial, mas representa, na verdade, o símbolo maior da limpeza urbana e proteção ambiental nas cidades brasileiras.

Capítulo 3

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Capítulo 3A difícil arte do “quebra e conserta” em plena

operação solidifi ca a parceria Solví-Volkswagen Caminhões

PARCEIROS NO AMOR (E NA DOR)

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil24

PA R C E I R O S N O A M O R ( E N A D O R )

A tender as exigências da Solví, tanto em termos contra-

tuais quanto de engenharia, sempre foi um desafio para

a Volks. Isso sem falar que, para o fabricante de cami-

nhões, o mercado de limpeza pública e coleta de resíduos é

bem inferior se comparado com o de transporte de carga, por

exemplo. Ou seja, mesmo sendo um mercado com menor vo-

lume de movimentação financeira em relação a outros merca-

dos, a Volkswagen Caminhões sempre apostou neste setor e

no sucesso da parceria com a Solví.

E a decisão foi acertada. Hoje, a Volkswagen Caminhões é

líder absoluta no mercado de caminhões de coleta de resíduos,

respondendo por mais de 80% de todo o segmento no Brasil. E

quase a totalidade da frota das empresas do Grupo Solví são pro-

venientes da montadora alemã.

Entretanto, como a coleta de resíduos no Brasil é uma obri-

gação do município, depender de contratos públicos é sempre

um desafio e, por vezes, coloca os players em situações de ex-

trema superação, seja as empresas concessionárias ou seja os

próprios fornecedores de produtos e serviços.

Em 2004, quando os cerca de 200 caminhões da Volkswa-

gen Caminhões entraram na linha de montagem, por conta de

encomendas da então Vega para atender, entre outros, o con-

trato de limpeza pública vencido pela Loga na cidade de São

Pau lo, as empresas foram informadas de que havia uma liminar

que cancelava a concorrência pública na capital paulista na-

quele momento.

A notícia do cancelamento chegou quando um executivo

da Vega, Luiz Lopes, estava na própria fábrica da Volkswagen

Caminhões acertando os detalhes da programação de entrega

do pedido. Nesse momento, Lopes faz uma ligação de urgência

a outro executivo da Vega, Carlos Tadayuki, para acertar um

novo cronograma de fabricação e entrega.

Para não interferir muito no planejamento fabril da Volkswa-

gen Caminhões – que, diga-se de passagem, havia colocado o

pedido da Vega como prioritário na linha de montagem, a solu-

ção encontrada foi separar as datas entre os caminhões que

iriam atender a outros municípios e aqueles que atenderiam a

cidade de São Paulo.

Mesmo assim, a Volkswagen Caminhões manteve seu cro-

nograma inicial para os caminhões de outros municípios e ga-

nhou tempo para finalizar os veículos de São Paulo. No final das

contas, duas semanas depois, a concorrência pública na capital

paulista foi mantida e os produtos foram entregues dentro dos

prazos realinhados.

Assim, com 60 dias de atraso – por conta dos contratem-

pos, a Volkswagen Caminhões entrega a primeira frota para a

capital paulista. Quando os veículos entram em operação, logo

constatou-se um problema no diferencial*. Surge, nesse epi-

sódio, um personagem marcante em toda a trajetória dos 20

anos da parceria entre a Solví e a MAN: a Dibracam, concessio-

nária da Volkswagen Caminhões, localizada em Santo André,

na Grande São Paulo, de propriedade na época e até hoje de

Heitor Tosi Neto.

Na verdade, Heitor revela-se, naquele momento, como um

*Diferencial: conjunto mecânico de engrenagens que tem funções distintas e de extrema importância para a estabilidade e segurança dos caminhões, entre elas transmitir a potência do motor para as rodas de tração.

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25

PA R C E I R O S N O A M O R ( E N A D O R )

grande embaixador da Vega e das demais empresas do setor

na Volkswagen Caminhões. Era ele que sempre levava em pri-

meiro plano as reivindicações da Vega para a área de engenha-

ria da Volkswagen Caminhões. Uma das grandes conquistas da

parceria, o suporte pós-venda, foi defendido, sugerido e im-

plantado por Heitor. Desde 2004, a Volkswagen Caminhões

tem esse serviço ativo para os caminhões adquiridos pelas em-

presas da Solví.

Entretanto, problemas no diferencial do caminhão eram re-

correntes. Depois de inúmeros testes em campo, foi descober-

to um problema de projeto no diferencial que já comprometia

a frota e toda operação. O diferencial soltava todos os parafu-

sos da coroa, por conta do torque muito alto do motor em re-

lação ao sistema de transmissão.

A solução para o problema veio dos próprios mecânicos

da Vega, com a criação do sistema chamado “grover”, uma

Quando o cidadão coloca o saco de lixo na

porta de casa ou nas lixeiras de condomínio, o

trabalho, para ele, acabou. Mas é nesse momento

que se inicia uma complexa operação logística e

ambiental de limpeza urbana e gestão de resíduos.

E não pode haver falhas. Afinal, acúmulo de lixo

nas ruas pode resultar em enchentes e em

aumento nos casos de doenças. Não é à toa que a

Solví e a Volkswagen Caminhões estão em

constante acompanhamento e aprimoramento do

caminhão, justamente para garantir eficiência e

pontualidade na coleta e atender as necessidades

da população.

O legado daqualidade

espécie de cisalhamento* feito nas pontas de eixo que prote-

gia o diferencial durante os trancos que o caminhão fazia

quando saia em primeira marcha. Claro que foi uma solução

temporária, pois a partir dos relatórios da Vega, a Volks trocou

todos os diferenciais dos caminhões de coleta de resíduos

em uma verdadeira operação de guerra. Com o passar do

tempo, a qualidade do equipamento e dos materiais ficou

melhor, até o surgimento do modelo de 250 HP, com um sis-

tema de diferencial mais robusto e eficiente e inquebrável

além do câmbio automático.

Hoje, os caminhões usam um sistema de diferencial ainda

maior e mais reforçado. E o problema com esse equipamento

foi totalmente superado e tornou-se meramente coisa do pas-

sado nas operações de coleta de resíduos da Solví em todo o

território sul-americano.

*Cisalhamento: espécie de corte proposital.

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Capítulo 4As incríveis invenções da Solví e Volkswagen Caminhões no

aprimoramento do veículo de limpeza pública

MAIOR ADVERSIDADE, MAIOR CRIAÇÃO

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27

A cidade de Ponta Grossa (PR) é atualmente o núcleo de

uma das regiões mais populosas do Paraná, denominada

Campos Gerais do Paraná, que tem uma população de

mais de 1,1 milhão de habitantes (IBGE/2014) e o maior parque

industrial do interior do estado paranaense. A cidade, também

conhecida como “Princesa dos Campos” e “Capital Cívica do

Paraná”, é a 4a mais populosa do Paraná e a 76ª do Brasil.

O grande desenvolvimento econômico de Ponta Grossa

está intrinsecamente ligado à geração de resíduos urbanos, o

que, por si só, torna-se um grande desafio para as empresas de

limpeza pública. Some-se a isso o fato de a cidade possuir to-

pografia irregular, o que aumenta exponencialmente o grau de

exigência no trabalho de coleta e transporte de resíduo.

Fato é que o relevo íngreme da cidade é um fator crítico

quando se estabelece os programas de logística e operação dos

caminhões de resíduos. Não por outro motivo, em meados de

2010, um gerente de Ponta Grossa de uma das empresas da

Solví que atuava na região, ligou para a sede do Grupo em São

Paulo, a fim de relatar um grave problema nos caminhões.

Na ocasião, a frota que operava em Ponta Grossa apresentou

invariavelmente um problema no diferencial e no eixo traseiro, jus-

tamente pelos constantes trancos que os veículos sofriam durante

o trajeto com o “para e anda” nas subidas e descidas do município.

Imediatamente, os engenheiros da Volkswagen Caminhões

foram à Ponta Grossa para uma visita técnica, a fim de desco-

brir a origem do problema e as formas para solucionar o caso.

Inicialmente, os técnicos da Volkswagen Caminhões testaram

a durabilidade do eixo traseiro, deixando-o quebrar em várias

partes e consertando à medida em que dava problema. Foi, na

verdade, uma solução paliativa do problema e a questão ainda es-

Capítulo 4MAIOR ADVERSIDADE,

MAIOR CRIAÇÃO

M A I O R A D V E R S I D A D E , M A I O R C R I A Ç Ã O

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil28

M A I O R A D V E R S I D A D E , M A I O R C R I A Ç Ã O

tava em aberto para os engenheiros da Volkswagen Caminhões.

Como não havia maneira de alterar trajetos para minimizar os

trancos, eles tiveram de criar uma solução adicional no projeto do

caminhão. E assim nasceu o famoso manetim, um freio de mão

auxiliar para suavizar o veículo nos momentos de subida e descida.

Esse sistema tornou-se item de fábrica e está em operação

até os dias hoje em todo o território brasileiro, configurando-

-se em uma das grandes evoluções no projeto de engenha-

ria dos caminhões de coleta de resíduos no Brasil. O manetim

garantiu aos motoristas da Solví um sistema altamente seguro

para as operações de coleta de resíduo, independentemente

do tipo de terreno a ser percorrido. Entretanto, talvez a maior

transformação no caminhão de resíduos tenha sido a implan-

tação do câmbio automático, um projeto que demonstra cla-

ramente a sinergia entre a Solví e a Volkswagen Caminhões.

Em 1998, quando parte da frota da Vega já era de cami-

nhões Volkswagen Caminhões, os executivos da montadora

alemã decidiram entrar de vez no mercado brasileiro de veí-

culos automáticos para coleta e transporte de resíduos. Tem-

pos depois, a Volkswagen Caminhões estabeleceu uma par-

ceria com a Alisson Transmission, especializada em sistemas

de câmbio automático, e ofereceu à Vega adaptar toda a frota

com a caixa automática a preço compatível.

Quando a caixa automática entra nos caminhões Volkswa-

gen Caminhões – que já eram referência em termos de durabi-

lidade, segurança, conforto e eficiência, surge então o veículo

que traz o estado da arte para coleta e transporte de resíduos

no Brasil. A operação torna-se mais segura e eficiente. O mo-

torista não precisava mais se preocupar em trocar de marcha

e podia se concentrar naquilo que realmente importa neste

trabalho: o sucesso da operação logística, além de eliminar

os problemas de cardan, embreagem, diferencial, consumo

de diesel, ruído e etc. Hoje os caminhões Volkswagen Cami-

nhões com caixa automática são líderes de mercado e estão

presentes em todas as operações do Grupo Solví pelo Brasil e

América do Sul.

Uma operação de coleta e transporte

de resíduos urbanos envolve, sobretudo,

a proteção à saúde e ao meio ambiente.

Uma cidade limpa é sinônimo de

desenvolvimento, tanto em termos culturais

quanto de segurança e sustentabilidade.

A constante evolução do caminhão de

resíduos traz em seu conceito principal

o atendimento pleno das demandas

municipais, seja da população, do poder

público, do setor privado ou seja dos

próprios profissionais da limpeza urbana.

O legado dasegurança

Capítulo 5ENGENHARIA

COLABORATIVA

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Capítulo 5&

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

ENGENHARIA COLABORATIVA

Quando duas empresas assumem o desafi o de desenvolver

o melhor caminhão de coleta de resíduos do País

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil30

E N G E N H A R I A C O L A B O R AT I V A & P E S Q U I S A E D E S E N V O LV I M E N T O

De um lado da mesa, a Volkswagen Caminhões e Ônibus,

montadora alemã, e, de outro, a Vega, brasileira do Gru-

po Solví, que atua com limpeza pública. O ano era 1997

e as duas companhias decidiram criar juntas o melhor veículo

para a época de coleta e transporte de resíduos públicos. Assim,

nasceu o 16.170 BT, o primeiro veículo da parceria para atender

as necessidades específi cas do segmento de limpeza pública.

O caminhão era um avanço para a época, pois possuía to-

mada de força sem eixo cardan, escapamento vertical, chicote

elétrico para cargas adicionais, feixe de mola curta, embreagem

servo-assistida* e banco em vinil, entre outras melhorias.

Nos vinte anos que se seguiram, o caminhão de coleta de

resíduos passou por centenas de modifi cações no projeto ori-

ginal em termos de conforto do motorista e da equipe de garis,

de itens de alta durabilidade, de sistemas de baixo consumo de

combustível e baixo nível de ruído e de toda a engenharia, até

culminar no Centopeia e no Constellation 17.280, com os mais

modernos equipamentos de alta efi ciência.

Desde a carroça puxada por animais do século passado até o

moderno caminhão compactador de resíduos, a limpeza pública

nunca viu tamanha evolução tecnológica com os atuais veículos

de coleta de resíduos que circulam pelos municípios brasileiros.

Em particular, há três novos modelos em circulação na cida-

de de São Paulo. Um deles é o caminhão movido à Gás Natural

Os principais marcos na evolução do caminhão de coleta de resíduos

Linha do tempoLançamento do 16.170 BT, primeiro veículo para atender às necessidades específi cas do segmento de limpeza pública. Tomada de força sem cardan; Escapamento vertical; Chicote elétrico para cargas adicionais; Feixe de mola curta; Embreagem servo-assistida; Banco em vinil.

Primeiro Contrato de Manutenção: Contrato entre Dibracam e Solví, com acompanhamento da engenharia da Volkswagen Caminhões; Preço fi xo por km rodado; Atendimento 365 dias por ano e 24 horas por dia.

1997Lançamento do 16.200 – Melhorias à distribuição de carga Confi guração do 3º eixo pneumático do tipo pusher (eixo trativo posterior);

Adequado para o segmento de coleta;

Possui entre-eixos específi cos para as versões 4x2 (15 m³) e 6x2 (19 m³).

1998Lançamento do 17.210 Série 2000 Nova geração de caminhão para aplicação de compactadores de resíduos sólidos com mais detalhes específi cos.

2001Lançamento do 17.180 e do 17.220 Novos modelos para o segmento de compactadores com foco em redução de combustível, menor nível de ruído e potências específi cas.

2002Lançamento do 17-250 Aprimorando a linha de 2002, com o surgimento do modelo para o segmento de compactadores de resíduos sólidos.

2005

específi cos para as versões 4x2 (15 m³) e 6x2 (19 m³).

*Embreagem servo-assistida: embreagem com sistemas hidráulicos e pneumáticos que reduz o esforço do motorista para seu acionamento. 

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31

E N G E N H A R I A C O L A B O R AT I V A & P E S Q U I S A E D E S E N V O LV I M E N T O

Veicular (GNV). Em aproximadamente seis meses de operação,

a empresa registrou redução de cerca de 95% das emissões de

material particulado, 70% de óxido de nitrogênio (NOx) e 20% de

gás carbônico (CO₂). O motorista do veículo também é favore-

cido com maior conforto.

A nova motorização do caminhão GNV traz ainda importan-

te redução nos níveis de emissão sonora e mantém as mesmas

características de performance, durabilidade e confi abilidade em

comparação ao movido à diesel. A Solví já estuda novos incre-

mentos, o que inclui o uso do gás metano de aterro como com-

bustível para sua frota. Outra inovação empregada pela Loga é o

Caminhão Centopeia 850 rpm, e 260 cv. O veículo ganhou um

quarto eixo para melhorar a distribuição de carga e aumento do

Lançamento do Vocacional Compactor - Uma referência no mercado de coleta de resíduos Relação de redução simples; Válvula concept para prolongar a vida útil do sistema de freio; Compressor de ar com maior capacidade.

2009Transmissão Automática no Constellation 17-250 Mais confi abilidade com transmissão automática da Allison; Conforto e mais produtividade para o motorista; Segurança, pois requer menos habilidade e treinamento do motorista; Redução do custo operacional com mais produtividade Aumento da vida útil dos componentes do trem de força; Maior disponibilidade do veículo.

Banco para três passageiros na cabine do Constellation Maior segurança na coleta de resíduos com a acomodação dos três ajudantes dentro da cabine.

Coletor Lateral no Constellation 17-250 Atender às novas necessidades do segmento de coleta de resíduos

2011

Aumento da vida útil dos componentes do trem de força; Maior disponibilidade do veículo.

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil32

peso bruto transportado, o que garantiu a redução de quilome-

tragem na coleta.

Com a repotencialização do motor de 280 cv para 260 cv,

a empresa registrou signifi cativa diminuição do consumo de

combustível, o que prolonga a vida útil da embreagem, suspen-

são e pneus. O veículo conta também com tecnologia de uma

nova bomba hidráulica e de uma nova tomada de força original

de fábrica, sistema que diminuiu a rotação do motor para 850

rpm em regime de compactação de 22 segundos, garantindo

uma economia média de consumo de diesel de 18% em relação

aos modelos antigos, para as condições da cidade de São Paulo.

O caminhão com suspensão traseira pneumática total é

também outra inovação da Loga em circulação na capital pau-

lista. O novo sistema elimina os feixes de mola e melhora a per-

1997 2015Utilização do GNV no Constellation 17.280 100% de gás natural com redução de poluentes.

95% das emissões de material particulado;

70% de óxido de nitrogênio (NOx); 20% de gás carbônico (CO

2);

Produtividade equivalente ao diesel; Economia de 26,5% por km.

2014Lançamento do Delivery 10.160 Veículo sob medida para a coleta em locais com acesso restrito, com caixa compactadora de 6 m³.

Sistema híbrido no Constellation 17.280 Tecnologia híbrida de combustível, com menor nível de emissão de carbono; Motor D08 de 280 cv e 1.050 Nm; Motor hidráulico de 180 cv; Maior economia de combustível; Recuperação de energia proveniente das frenagens; Tecnologia similar à aplicada na Fórmula 1.

2012Modelos diferenciados - Alteração da legislação Euro 5 Aprimoramento da linha Compactor com o Constellation 17.280 4x2 e 6x2; Constellation 17.190 e Worker 17.190.

2016Suspensão Traseira Pneumática e “Centopeia”

Economia de 26,5% por km.

Recuperação de energia proveniente

carbono; Motor D08 de 280 cv e 1.050 Nm; Motor hidráulico de 180 cv; Maior economia de combustível; Recuperação de energia proveniente das frenagens; Tecnologia similar à aplicada na Fórmula 1.

formance do veículo. Um computador de bordo instalado no

painel conta com sistema de pesagem on-line que fornece in-

formações ao motorista e à Central de Controle.

Nesses casos, as parcerias com os fornecedores têm sido

essenciais para o desenvolvimento de novas tecnologias na

área de coleta de resíduos no Brasil. Uma das metas estabele-

cidas pela Volkswagen Caminhões e pela Solví é transformar os

caminhões em veículos movidos a biogás de aterro. As empre-

sas e os fornecedores já trabalham dentro dessa perspectiva.

Atualmente, os caminhões desenvolvidos pela Volkswagen

Caminhões e Solví estão presentes em todo o território brasi-

leiro e fazem a coleta e transporte de resíduos de cerca de 250

municípios, além de rodar também em cidades da Argentina,

Bolívia e Peru.

Capítulo 6MODELO LEGAL

E N G E N H A R I A C O L A B O R AT I V A & P E S Q U I S A E D E S E N V O LV I M E N T O

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Capítulo 6Constellation traz cabine estendida para três garis e é o único

no País que atende sem adaptação as exigências regulatórias

MODELO LEGAL

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil34

M O D E L O L E G A L

A inauguração da fábrica Volkswagen Caminhões e Ôni-

bus na cidade de Resende, no Rio de Janeiro, foi certa-

mente um dos grandes marcos não só para o mercado

de caminhões no Brasil, mas também da parceria com o Grupo

Solví no desenvolvimento dos veículos de coleta de resíduos.

É de lá que saíram, e ainda saem, todos os caminhões de

resíduos utilizados pelas empresas da Solví no território brasileiro

e no exterior. De lá, são feitas as melhorias nos veículos e onde a

engenharia trabalha em harmonia com os técnicos da Solví para

os incrementos tecnológicos e o lançamento de novos modelos.

A parceria com a Solví sempre foi tão consistente que o pró-

prio presidente da  Volkswagen Caminhões, Antônio Roberto

Cortes, participa dos processos e das reuniões técnicas e comer-

ciais, como o en contro de 1998.

Na verdade, essa foi a primeira de incontáveis viagens que o

pessoal da Solví fez e ainda faz à Resende. Sempre que há uma

nova ideia, uma nova demanda regulatória, uma nova necessi-

dade ou, sobretudo, uma nova constatação de melhoria, já que

a própria coleta de resíduos nas cidades brasileiras também é

um grande campo de teste para os caminhões, os engenheiros

da Solví vão à Resende para discutir os casos e encontrar as

melhores soluções.

Em uma dessas viagens, o pessoal da Solví pôde conhecer em

primeira mão o protótipo do banco de três garis no modelo

Constellation, considerado um avanço importante para a época.

Entretanto, o lançamento da cabine com três lugares é, na

verdade, o desdobramento de um episódio que acontece al-

guns anos antes, visto que os órgãos de trânsito e reguladores

do trabalho tinham restrições quanto ao transporte de três garis

dentro das antigas cabines comuns dos caminhões. O argu-

mento naquela época era, na verdade, de que havia um grande

desconforto entre os garis que ficavam na cabine, já que não

havia espaço adequado para três pessoas, mais o motorista.

Quando houve a ação, os executivos da Solví imediatamen-

te solicitaram às montadoras um documento que mostrasse

algum projeto de cabine estendida, onde caberiam três garis

sentados. Embora a recomendação fosse justa, evidentemente

nenhuma montadora possuía, naquele momento, tal projeto e

nem tampouco um veículo com tais características em circula-

ção ou disponível no mercado.

Quando o Constellation foi apresentado algum tempo de-

pois, a cabine já atendia a essa recomendação. E a Volkswagen

Caminhões foi a primeira e a única até hoje a oferecer um ca-

minhão de coleta de resíduos com esse item original de fábrica,

que comporta três garis sentados e o motorista, sem a necessi-

dade de adaptação.

O banco para três passageiros na cabine do Constellation

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35

M O D E L O L E G A L

foi apenas o início de uma trajetória evolutiva do modelo. Em

2011, foi integrado o sistema de coleta lateral no Constellation

17-250, justamente para atender às novas necessidades do

segmento de limpeza pública no Brasil.

Em 2014, a Volkswagen Caminhões lança o Constellation

17.280 com tecnologia híbrida de combustível, com menor ní-

vel de emissão de carbono. E, em 2015, o modelo torna-se

100% movido à gás natural, com redução de 95% de poluentes

e produtividade equivalente ao diesel, além de uma economia

de 26,5% por quilômetro rodado.

Entretanto, a cabine para três passageiros é lembrada até

hoje como um dos maiores avanços no veículo de coleta de

resíduos no Brasil e a Volkswagen Caminhões é a única nos

dias atuais a ter um modelo homologado no Renavam com

esta característica.

O sucesso de uma operação de

limpeza pública, seja em uma grande

metrópole ou num pequeno município

satélite, depende, em grande medida,

da atuação do agente ambiental, dos

profissionais que atuam na ponta do

processo, como os motoristas e os

coletores. O desenvolvimento do

caminhão de coleta da Solví é pensado,

portanto, para atender também as

necessidades dos colaboradores,

garantindo mais conforto, segurança

e eficiência no trabalho.

O legado da

flexibilidade

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Caminhões fabricados no estado do Rio de Janeiro são referência

na coleta de resíduos em países sul-americanos

DE RESENDE PARA A AMÉRICA DO SUL

Capítulo 7

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37

D E R E S E N D E PA R A A A M É R I C A D O S U L

Quando houve a necessidade de se renovar a frota dos

caminhões da Relima no Peru, empresa da Vega/Solví,

em meados de 2000, para atender o contrato de coleta

de resíduos na capital Lima, Carlos Tadayuki, Luiz Lopes e Pedro

Escudeiro, todos da Vega, pegaram um voo de São Paulo à Lima

e foram imediatamente consultar o atendimento de pós-vendas

do mercado local.

Nesta época, a Volkswagen Caminhões quase não tinha en-

trada no mercado peruano. Mas, devido à parceria de sucesso

no Brasil, os executivos da Vega decidiram fazer uma visita à

concessionária da Volkswagen Caminhões no Peru. Assim, eles

conheceram a São Bartolomeu, uma pequena loja de represen-

Capítulo 7tação Volkswagen Caminhões em Lima, onde havia somente

um contêiner no meio de um terreno vazio.

Quem os atendeu na ocasião foi o senhor Antônio, o dono da

concessionária que até hoje está à frente do negócio. O tratamen-

to dado por ele foi espetacular. Antônio não quis parecer maior do

que era, mas sua postura foi de colaboração e receptividade, con-

siderada suficiente para inspirar confiança na Vega, sobretudo pela

possibilidade de reparos e trocas de peça sem nenhum obstáculo

ou dificuldade por parte da Volkswagen Caminhões.

Assim, o primeiro pedido foi feito e a Relima pôde fazer fi-

nalmente a renovação da sua frota em Lima. Com isso, a

Volkswagen Caminhões entrara de vez no mercado de coleta

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil38

D E R E S E N D E PA R A A A M É R I C A D O S U L

Um dos grandes desafi os da operação de

limpeza pública no Brasil e no mundo é criar

modelos que atendam as demandas e as exigências

específi cas de cada cidade. Como cada município é

único, com relevo próprio, nível de geração de lixo

próprio e geografi a própria, a gestão de resíduos

deve ser também única para cada localidade. Mas

no caso da Solví e Volkswagen Caminhões, vale a

máxima de que experiência faz a diferença. O

know-how de décadas de atuação nas cidades

brasileiras tornou possível o processo de

internacionalização e expansão das operações aos

países da América do Sul.

O legado daadaptação

de resíduos no Peru e hoje é considerada uma referência

neste segmento.

Na verdade, a experiência de anos no Brasil na coleta de re-

síduos garantiu aos caminhões da Volkswagen Caminhões um

espaço privilegiado no mercado peruano. Até então, as empre-

sas de limpeza pública no Peru utilizavam veículos de outras

montadoras. Eram veículos muito grandes, caríssimos, com alto

gasto de combustível e pouca fl exibilidade para o trabalho.

Quando os caminhões da Volkswagen Caminhões come-

çaram a circular no Peru, logo percebeu-se que se tratava de

um veículo bem mais adequado às características específi cas da

coleta de resíduo.

Aos poucos, os caminhões da Volkswagen Caminhões, com-

pactos, leves e altamente efi cientes, foram dominando a paisa-

gem urbana de Lima. O que pouca gente sabia era que, na ver-

dade, esses veículos continham o mesmo chassi dos caminhões

que a Vega utilizava em suas operações.

Assim, periodicamente a Vega e a Volkswagen Caminhões

levavam seus caminhões de Resende à Lima. Por vezes, o trans-

Capítulo 8porte era feito por navio e, ora, por carreta na estrada. A logísti-

ca, nestes casos, sempre foi um desafi o, sobretudo na travessia

terrestre entre Brasil e Peru. Certa vez, quando faltavam apenas

700 quilômetros para chegar em Lima, uma carreta com dois

caminhões, que saíra de Resende há alguns dias, se deparou

com um túnel cuja altura não permitia a passagem. Sem per-

ceber esta limitação, o motorista seguiu em frente. Resultado: a

carreta passou, mas os caminhões fi caram.

É claro que a seguradora da empresa de logística que fazia

esse transporte cobriu as perdas, mas a Vega e a Volkswagen Ca-

minhões tiveram de consertar os veículos. Algumas peças, inclu-

sive, tiveram de vir do Brasil.

Contratempos como este também contribuíram para as duas

empresas se consolidarem no Peru como provedoras de solu-

ções para o mercado de coleta de resíduos.

Com a expansão internacional das operações do Grupo Solví

na América do Sul – hoje presente na Argentina, Bolívia e Peru, os

caminhões da Volkswagen Caminhões também carimbaram seus

passaportes no mercado sul-americano.

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Capítulo 8Duas décadas de aprimoramento contínuo colocaram o caminhão

de coleta de resíduos da Solví-Volkswagen Caminhões em um patamar muito

além de seus concorrentes

À FRENTE DE SEU TEMPO

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil40

À F R E N T E D E S E U T E M P O

Atingir o atual nível de excelência nos caminhões de coleta

de resíduo do Brasil e da América do Sul foi um processo

extremamente longo, doloroso e, sobretudo, de muito

esforço para a Solví e a Volkswagen Caminhões. Foram déca-

das de consertos, ajustes, testes, quebra e conserta, quebra e

conserta de novo, troca de peça, troca de fornecedor. Trata-se,

na realidade, de um processo contínuo de aperfeiçoamento em

plena operação.

Se perguntassem, há algumas décadas, aos montadores de

caminhões se valeria a pena investir no segmento de resíduos,

sabendo que o mercado de caminhões de carga e de ônibus é

infinitamente maior em termos de volume de pedidos e de mo-

vimentação financeira, é certo de que a maioria dissesse “não”.

A lógica do mercado era investir em negócios com menor ris-

co e retorno mais rápido. Veja: a média de encomendas de ônibus

ou de caminhões de carga, por exemplo, beira cinco mil unidades

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41

À F R E N T E D E S E U T E M P O

Ao contrário de grande parte do setor industrial,

cujas mudanças acontecem de forma paulatina e

dentro de uma mentalidade mais conservadora, as

empresas de limpeza pública do Grupo Solví – e

seus fornecedores de soluções, como a Volkswagen

Caminhões – têm no desenvolvimento tecnológico

a força motriz por trás de toda a operação. Mais do

que uma necessidade de mercado, a Solví a e Volks

estabeleceram um novo patamar na limpeza pública

no País com suas incontáveis invenções

empregadas no caminhão de coleta de resíduos.

Mesmo antes do termo estar na moda, a inovação

disruptiva que as duas empresas promoveram

remonta há 20 anos.

O legado datecnologia

ao mês, enquanto que o setor de resíduos demoraria entre sete

e dez anos para totalizar o mesmo montante de pedidos. Junte a

essa conta o fato de o caminhão de resíduos necessitar de uma

engenharia mais complexa e muito mais tempo de manutenção

e oficina, aí certamente ninguém a princípio iria se aventurar no

negócio. Com exceção de um: a Volkswagen Caminhões e Ôni-

bus, agora MAN LATIN AMERICA.

Essa aposta foi crucial. Tendo as empresas do Grupo Solví

não só como clientes, mas sobretudo como os maiores campos

de teste, já que havia uma parceria de fato para integrar as

engenharias, a Volkswagen Caminhões fez do seu caminhão um

veículo de coleta de resíduos bem à frente do seu tempo, bem à

frente do mercado.

Quando a parceria foi celebrada, há 20 anos, não havia um

ambiente de crise econômica e política como o atual e, assim,

os demais players do mercado seguiram em sua maioria a aposta

“mais segura” de investir em caminhões de carga e ônibus.

Com a crise instalada e a maior necessidade de ampliar o port-

fólio dos dias atuais, muitos têm tentado se posicionar também

no segmento de coleta de resíduos, alguns inclusive com cer-

ta penetração. Mas há quem diga no mercado, porém, que um

caminhão de resíduos levaria dez anos de aperfeiçoamento para

atingir o nível atual dos veículos da Volkswagen Caminhões.

Agora, em pleno 2017, a Solví e a MAN estabeleceram um

novo patamar na parceria. As empresas acabaram de estabelecer

o chamado “contrato de peças”. A ideia é integrar os sistemas das

empresas e agilizar o fluxo de informações para todo o processo

de reposição peças.

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Capítulo 9O que pensam os engenheiros da Solví e Volkswagen Caminhões sobre o futuro

dos caminhões de coleta de resíduos no Brasil

O FUTURO

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43

O F U T U R O

Capítulo 9E

specialistas e analistas de mercado são unânimes em afi rmar que o futuro

do segmento de limpeza pública e dos próprios caminhões de coleta de

resíduos no Brasil dependerá, em grande medida, da repactuação de com-

promissos entre o poder público, a população e as empresas do setor.

A recessão e a queda da atividade econômica que têm assolado o Brasil nos

últimos anos impactaram diretamente no sistema arrecadatório das prefeituras,

gerando uma dívida enorme para as empresas prestadoras de serviços de coleta

e transporte de resíduos urbanos.

Dados do mercado indicam que a inadimplência dos municípios apenas no

último ano superou a marca de R$ 10 bilhões na área de limpeza pública. E hoje há

uma grande discussão em torno de se criar medidas de equilíbrio fi nanceiro e de

sistemas de arrecadação para que o poder público e o próprio cidadão assumam

de fato a responsabilidade pela gestão de resíduos no País.

Independentemente do cenário externo, engenheiros e executivos da Volks,

Solví e Dibracam foram convidados a uma refl exão acerca do futuro dos cami-

nhões e do próprio sistema de coleta de resíduos no Brasil. Confi ra:

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil44

O F U T U R O

U� caminhão para cada épocaGrande parte das inovações no

sistema de coleta de resíduos está

ligada às necessidades de cada

época e de cada região. Uma

das grandes evoluções no setor

foi o uso de contêineres e de

lixeiras específicas para dispor o

resíduo na frente das residências

e dos comércios. Isso eliminou

o problema de mau cheiro, de

resíduos na rua, de animais

revirando o resíduos.

Há algumas iniciativas interessantes

como a coleta lateral nos caminhões

e o sistema de lixeiras subterrâneas.

Mas certamente a evolução caminha

para um veículo de coleta cada

vez mais sustentável. Ou seja, o

caminhão vai se tornando cada

vez mais ecológico, sobretudo

com o uso de combustíveis com

menor índice de poluição, como

é o caso do gás natural veicular já

utilizado em caminhões da Loga em

São Paulo. A próxima geração de

caminhões deve vir com o sistema

de abastecimento elétrico.

Carlos Tadayuki – Conselheiro do Grupo Solví

M�ido à gás metanoCertamente, uma das grandes evoluções que podemos prever para

nossos caminhões de coleta de resíduos nos próximos anos é um

novo sistema de combustível, seja no modelo híbrido, com diesel e gás

natural, seja elétrico e seja a partir do biometano gerado nos aterros.

Na verdade, nossa engenharia, em parceria com a Solví, já atua no

sentido de transformar o caminhão em um modelo cada vez mais

sustentável. Queremos, no futuro, que nossos caminhões de resíduo

sejam movidos, em sua grande maioria, pelo biogás do aterro

sanitário. Imaginem como seria a logística onde um caminhão chega

ao aterro para descarregar a carga e logo é reabastecido com o

próprio gás gerado no empreendimento. Trata-se, na verdade, de um

círculo virtuoso em termos de tecnologias ambientais.

Ricardo Alouche – Vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da

Volkswagen Caminhões e Ônibus

” ”

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O F U T U R O

Maior capacidade de cargaEm vez de fazer a coleta ponto a ponto, uma das tendências é a

utilização dos chamados ecopontos, locais específicos criados pelas

empresas de coleta para os grandes geradores e a própria população

deixar o resíduo. Trata-se de uma medida que reduz o acúmulo de

resíduo na frente das residências e comércios e torna a logística mais

eficiente, além de garantir o confinamento mais seguro dos resíduos.

Outro ponto que deve ser aperfeiçoado nos próximos anos é

a capacidade de carga, ou seja, capacidade de recebimento

e compactação de resíduo nos caminhões. A ideia é tornar o

veiculo cada vez mais capaz de transportar uma quantidade maior

de resíduo, o que reduziria as viagens e o trânsito nas cidades.

Também podemos imaginar itens com maior durabilidade,

sobretudo no caso dos pneus. No futuro, certamente teremos

pneus mais robustos, eficientes e que durem mais.

Carlos Konish – Gerente Operacional da Inova (Grupo Solví)

Na era eletrônicaEstamos atualmente na era eletrônica

no mercado automobilístico, seja no

sistema de fabricação e seja no próprio

produto em si, no caso os caminhões

de resíduos. Já é possível, por exemplo,

controlar a carga que se coloca no

veículo e o peso que se coloca por eixo.

O avanço dessas ferramentas digitais

vão possibilitam cada vez mais um

controle mais preciso e equilibrado

de todo o desempenho. Será possível

regular o caminhão para que tenha mais

ou menos potência dependendo do tipo

de terreno.

Na verdade, será possível programar

e configurar o caminhão de acordo

com a necessidade e a realidade do

momento, seja em termos de peso,

carga e terreno, que trará ganhos ainda

maiores em termos de economia de

combustível, durabilidade das peças e

eficiência na operação.

Heitor Tosi Neto – Diretor da Dibracam”

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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil46

Veículos c¤ “visão noturna”Uma das grandes questões que se discute é passar a coleta de resíduos

apenas para o período noturno, justamente para reduzir o caos das grandes

cidades. Sendo assim, os caminhões deverão quase que obrigatoriamente

ser elétricos, por conta do nível de ruídos à noite, bem como utilizar

equipamentos mais silenciosos no sistema de compactação.

De qualquer forma, a própria trajetória de desenvolvimento do caminhão

de resíduo nos diz muito sobre o futuro. Em 20 anos, promovemos uma

verdadeira revolução tecnológica e de engenharia em nossos produtos do

segmento de resíduos e, certamente, os próximos 20 anos serão pautados

pela mesma postura de desenvolvimento e colaboração entre as equipes.

O céu é o limite.

Antônio Cammarosano – Diretor de Vendas da Volkswagen Caminhões

Modelos autôn¤os e c§ectadosBom, quando olhamos para o

atual caminhão compactador

da Volkswagen Caminhões, fica

nítido e notório que trata-se

de um veículo que em nada se

parece com o modelo original.

Trata-se de um veículo de valor

agregado muito maior ao similar

original para uma operação

estradeira.

Na verdade, ao longo das duas

décadas de parceria com a

Solví, não houve um ano sequer

que não fizemos algo diferente

e inovador no caminhão de

resíduos. Esse desenvolvimento

nunca vai parar e é, de fato,

um processo contínuo de

aperfeiçoamento. Quaisquer

inovações e incrementos

tecnológicos que venham a

surgir no mundo, o caminhão de

coleta de resíduos certamente vai

se apropriar. Estamos próximos,

por exemplo, de termos um

caminhão híbrido ou elétrico.

E já vislumbramos os modelos

autônomos e conectados.

João Herrmann – Gerente de Marketing da Volkswagen Caminhões

” ”

O F U T U R O

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