capas jornais

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Escola Superior de Educação de Santarém Instituto Politécnico de Santarém Licenciatura em Educação e Comunicação Multimédia Unidade Curricular de Análise do Discurso dos Média ANÁLISE DO DISCURSO DAS PRIMEIRAS PÁGINAS DOS JORNAIS PORTUGUESES Docente Professor José Carlos Sá Discente Alexandre Durão

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Análise Discurso dos Média

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Page 1: Capas Jornais

Escola Superior de Educação de Santarém

Instituto Politécnico de Santarém

Licenciatura em Educação e Comunicação Multimédia

Unidade Curricular de Análise do Discurso dos Média

ANÁLISE DO DISCURSO DAS PRIMEIRAS PÁGINAS DOS

JORNAIS PORTUGUESES

Docente

Professor José Carlos Sá

Discente

Alexandre Durão

Page 2: Capas Jornais

2 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

Í ndice

Capa …………………………………………………………………………………………………………1

Introdução…….………………………………………………………………………………………….2

Diário de Notícias 1928 ……………………………………………………………………………4

Exposição do Mundo Português……………………………………………………………….5

Análise do texto | Discurso ………………………………………………………………………8

Visita da Rainha Isabel II a Portugal ………………………………………………………10

Invasão de Damão Goa e Dio …………………………………………………………………11

Timor……………………………………………………………………………………………………. 13

Conclusão ………………………………………………………………………………………………15

Page 3: Capas Jornais

3 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

Íntroduçã o

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4 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

Diã rio de Notí ciãs 1928

Neste exemplar de 1928 do Diário de Notícias podemos claramente

verificar uma predominância da comunicação verbal sobre a comunicação

visual.

É certo que a evolução técnica da impressão e da fotografia

condicionaram muito as páginas dos jornais, permitindo com a sua evolução

uma maior diversificação de estilos jornalísticos.

Este é ainda um jornal monocromático e muito uniforme que chega

a tornar-se aborrecido e cansativo quanto à extensão dos artigos e quantidade de informação

numa só página.

A letra muito pequena torna a leitura pouco confortável e motivadora.

Não se verifica a presença de um título mas sim uma grande diversidade de subtítulos

na primeira página.

Este é um período político de avanços e recuos quanto à liberdade de expressão e à

censura prévia, uma vez que muitas vezes foi alvo de críticas mas também usada como forma

de protecção da república e do estado.

Apesar do país se encontrar debaixo de uma ditadura militar ainda não existia uma

máquina de propaganda do regime, como veremos no futuro, com o estado novo.

Verificamos porém uma forte presença informativa sobre o governo e os seus actos,

assim como a suas iniciativas.

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5 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

Exposiçã o do mundo Portugue s

Diário de Notícias

Para melhor analisarmos e compreendermos esta primeira página do Diário de Notícias, seus textos e seu discurso, é importante primeiro contextualizar historicamente a sua publicação.

Contexto histórico | Propaganda política

Para melhor entendermos o porquê das notícias, as suas dimensões, títulos etc., referentes à exposição do mundo Português assim como a visita da rainha Isabel II a Portugal, é importante conhecer algumas características dos regimes fascistas e ditatoriais, e a forma como a propaganda política era utilizada pelos regimes fascista e outros ditos democráticos, como os Estados Unidos da América.

Os regimes fascistas abundavam um pouco por todo o mundo e muito em particular na Europa.

Assim, abordarei um pouco sobre alguns regimes considerados fascista, como o Italiano de Mussolini considerado por muitos como o fascismo de padrão, o regime Nazi caracterizado por algumas diferenças de outros regimes fascistas, a ditadura de Franco aqui ao lado em Espanha e por fim o nosso Estado Novo em Portugal.

Não é o mais importante nesta abordagem, as diferenças de entre os regimes,

importa isso sim o contexto político e como rivalizavam na altura entre si as sociedades

comunistas e as sociedades democráticas para em seguida melhor compreendermos o que

nos dizem os diferentes órgãos de comunicação.

Fascismo Italiano de Mussolini

O fascismo Italiano era uma doutrina de extrema-direita que foi desenvolvida pela governação de Benito Mussolini em Itália no decorrer da sua governação que compreendeu os anos entre 1919 e 1945.

A propaganda dos camisas negras, também assim chamados pela cor da sua farda, tinha como base a propaganda e censura, a centralização do poder económico, social e cultural, a exaltação do nacionalismo, a promoção da xenofobia.

O termo fascismo, que deriva do antigo símbolo do império romano, que consistia num feixe de varas e um machado, usado pelos então magistrados simbolizado do poder total.

Este fascismo, de carácter militarista combatia as greves organizadas por socialistas e diversos movimentos de esquerda, defendendo o corporativismo e o totalitarismo.

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6 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

Nazismo

O Nazismo é por muitos considerado como um regime fascista o que leva outros

regimes a se oporem.

A verdade é que se torna um pouco difícil compreender a diferença entre eles e

encontrar alguma coisa boa ou menos má para diferenciar o fascismo Italiano do fascismo

ou Nazismo Alemão.

O Nazismo tem como base o fascismo Italiano e surge dez anos antes deste.

Embora ambos os regimes sejam totalitaristas, o Nazismo desviou a atenção

centralizadora do estado que assim justificava as acções como forma de se fortalecer a si

próprio como estado, para uma acção defensora dos ideais.

Sabemos das atrocidades que ambos os países cometeram mas que foram

extremadas e em massa pelo regime Nazi.

Franquismo

O regime Fascista espanhol, também denominado por Franquismo, assume o

nome do ditador que o chefiou desde a vitória na guerra civil espanhola, no ano 1939 até 1976, o General Francisco Franco.

O franquismo toma por orientação o fascismo, que é aplicado a Espanha pelo movimento falangista que é um movimento nacionalista e anticomunista. Este movimento é pelo Catolicismo e pelo Totalitarismo, apesar do Regime se considerar democrático.

O regime franquista consolida-se após a sua vitória contra a sua oposição através do apoio experimental e demonstrativo do poder bélico da Itália e Alemanha que se preparavam para a Segunda Guerra Mundial.

O regime Salazarista sempre apoia o General Franco nas suas vitórias através de uma aliança duradoura desde 1936 até 1974.

Apesar das intenções expansionistas dos falangistas, Salazar cedo percebeu, que apesar do risco, lhe convinha mais um regime totalitarista e fascista em Espanha do que um regime democrático que comprometesse o seu regime.

Assim, Salazar vai mantendo amizades com Franco e os nazis tentando não perder as alianças com a Inglaterra.

Esta ditadura espanhola sobrevive após a Segunda Guerra Mundial devido a guerra fria e ao facto de ser um ponto seguro no mundo contra o comunismo, redimindo-se assim das suas posturas anteriores e colocando-se ao lado da Inglaterra e Estados Unidos.

E Portugal apoia nesta transição tomando igual postura.

Salazarismo

Page 7: Capas Jornais

7 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

O Salazarismo ou fascismo Português tem o seu início na década de 1930 e tem

como seu líder António de Oliveira Salazar. Segue o modelo italiano de Mussolini e como vimos em cima foi um apoio

fundamental para a consolidação do fascismo em Espanha. O Estado Novo comunga das ideias integralistas Lusitanas e da Doutrina Social da

Igreja. Adoptou o modelo do Partido Único tornando o Estado corporativista. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Estado Novo jogou fez “jogo-duplo”, pois

simultaneamente apoiava o esforço de guerra das potências do Eixo mas ao mesmo tempo tentava manter a aliança com a Inglaterra.

Portugal foi acusado de vender volfrâmio para a construção de armas para os Alemães, que matavam Judeus e Aliados, e responde que “embora verdade os nazis também matavam comunistas que ameaçam a Europa e o mundo inteiro”.

O Estado Novo culturalmente censurava tudo o quanto considerasse prejudicial e desenvolveu uma série de actividades de propaganda que mostrarei em seguida.

O Estado Novo tinha as seguintes características:

Desenvolvia o culto do chefe Salazar

Forte componente católica

Concordata com a Igreja Católica concedendo privilégios especiais

Serviço de censura prévia às publicações periódicas

Emissões de propaganda de rádio e televisão

Promoção da moral e bons costume

Folclorização de Portugal promovendo o tradicionalismo regional

Funda o Secretariado de Propaganda Nacional

Cria a Mocidade Portuguesa doutrinando desde a infância

Desenvolvimento da Polícia Internacional do Estado (PIDE)

Cria as prisões políticas e os campos de concentração

Organiza forças paramilitares para a luta contra o comunismo

Política colonialista de manutenção territorial Recomendo vivamente o visionamento do filme Fantasia Lusitana, do realizador João Canijo, que facilmente se encontra acessível no Youtube, assim como os diversos documentários sobre a Exposição do Mundo Português que abordarei em seguida.

Page 8: Capas Jornais

8 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

Anã lise do Texto | Discurso

Ao observarmos a capa do Diário de Notícias de 24 Junho de 1940 podemos observar

no canto superior esquerdo de forma discreta e quase como normativa e regular a chancela

que diz “visado pela comissão de censura”, como se de um número de contribuinte ou morada

ou outra coisa regulamentar se tratasse.

Este facto demonstra bem a certa naturalidade com que a censura era tratada de

forma pública, tentando passar a imagem de ser algo do garante do interesse nacional.

No lado oposto, do lado direito do nome do jornal, aparece outro assunto de menor

importância: a única publicidade constante da primeira página do jornal, que de certa forma

rivaliza numa harmonia com a caixa da esquerda onde a referida “chancela” da Censura

aparece.

No título do Jornal pode ler-se “ Inaugurou-se ontem solenemente a exposição do

mundo português” e no subtítulo “Cidade Simbólica da História de Portugal”.

De facto, ao olharmos para o título do jornal compreendemos integralmente a razão

dos diferentes textos abaixo mencionados.

Esta exposição que já vinha a ser organizada como comemorativa a alguns anos,

passou a ser fonte de propaganda do estado na medida em que nos encontrávamos em plena

Segunda Guerra Mundial e a ditadura aproveita este acontecimento para transmitir uma

mensagem claramente política interna e externa, como a que iremos ver em seguida.

Vemos alguma citações que ganham importância de destaque de subtítulos, como os

exemplos “Foi aqui uma das portas do Universo. Se a Nacionalidade começou em Guimarães,

se o mundo para nós começou em Sagres. O império começou no Tejo.” Ou “Os Admiráveis

Resultados obtidos permitem-nos afirmar com orgulho a capacidade realizadora de Portugal”.

Estas mensagens estão de acordo com os pressupostos fascistas e suas linhas orientadoras

para o imperialismo e exaltação do orgulho Nacional, que revimos anteriormente.

Estas mensagens pretendem demonstrar internamente a força de Portugal e a

confiança que o povo português deve de ter nos seus governantes, tendo em conta que no dia

anterior, a França, se havia rendido à Alemanha.

Tenta-se também demonstrar num pequeno texto no canto inferior esquerdo que a

comunidade internacional comunga deste evento e que nele esteve presente.

Podemos ver nas imagens dispersas por toda a primeira pagina a corroboração das

solenidades e actos solenes da inauguração.

Nada pode manchar a importância do evento, nem mesmo a situação no mundo, como

podemos ver nos dois únicos subtítulos restantes, que são sobre as negociações da assinatura

do armistício franco-italiano e as marchas populares.

Repare-se como o letering subtítulo das marchas populares ganha dimensão quando

comparado com o do armistício.

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9 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

Devemos mais uma vez recordar a importância do folclore como forma de

propaganda, reguladora e orientadora da conduta do cidadão. As negociações de Roma não

devem manchar o evento, aparecendo numa letra mais pequena e sendo retratadas como algo

positivo, o “armistício”.

Sabemos bem da postura independente de Portugal na guerra mas como simpatizava

com os outros regimes fascista.

A religiosidade e a sua promoção também não são descuradas, são claramente

demonstradas na segunda foto, onde aparecem lado a lado com as autoridades

governamentais, líderes religiosos católicos.

Podemos concluir dos diferentes textos desta página, que o discurso subjacente é um

e só um. A propaganda ao regime e a sua capacidade governativa da qual o próprio evento

enunciado é exemplo.

Page 10: Capas Jornais

10 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

Visitã dã Rãinhã Ísãbel ÍÍ de Ínglãterrã ã Portugãl

Diário de Lisboa 16 fevereiro 1957

O Diário de Lisboa, contrariamente ao Diário de Notícias, apenas

recorre a uma imagem usando os textos escritos como forma de

transmitir a mesmíssima coisa que o segundo jornal.

Existe uma diferença, que passa pelo uso de diferentes subtítulos,

abordando diferentes temas da estadia da rainha Isabel II em Portugal,

mas onde existe uma convergência no discurso entre os dois jornais

como veremos abaixo.

A importância monotemática da página, demonstra como é importante para o país

esta visita e como Portugal é um país pacífico, onde até os soberanos escolhem para se

reencontrar, após quatro meses de separação.

O Jornal serve claramente os interesses do Estado, não se limitando a ser um órgão

informativo mas propagandístico.

Diário de Notícias 19 fevereiro 1957

Nesta publicação, cuja primeira página é monotemática

podemos perceber claramente a importância do evento para o país e

para o regime.

O jornal é coerente em todo o discurso, salientando a forma

calorosa e exuberante como Portugal recebeu os soberanos de

Inglaterra, nossos aliados históricos e que assumem depois da segunda

guerra mundial uma maior importância, após a dualidade de relação que

manteve com a Alemanha na Segunda Guerra Mundial.

O jornal recorre pouco ao texto escrito, recorrendo muito a imagens, para mostrar

a multidão que veio receber a Rainha e o Duque de Edimburgo.

Ausência de leads que são substituídos por mensagens de propaganda.

A mensagem oculta ou o discurso por detrás do texto, também nesta primeira

página de jornal, é claramente mostrar para fora a relação de amizade que une estes dois

países, e o quanto as figuras soberanas são importantes nos destinos das nações.

Se fosse perguntado a uma pessoa da época, que apenas tivesse lido um dos

jornais, sem ter lido o outro, qual a sua opinião sobre a visita dos soberanos e o que se

passou, certamente a conclusão geral seria a mesma.

Eu acrescento, a mesma que o estado português através da sua propaganda quis

que o povo tivesse.

Page 11: Capas Jornais

11 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

Ínvãsã o de Dãmã o Goã e Dio

O Século

É interessante verificar o recurso deste Jornal ao uso do

vermelho no título e em alguns subtítulos, como que conduzindo o leitor

pela ordem de leitura pretendida.

Verifica-se ainda neste período avançado, onde a fotografia era

parte integrante da vida quotidiana, a sua ausência deste jornal. Seria

estratégica a opção ou dever-se-ia à distância geográfica a que se

referem os acontecimentos.

Embora existam diferentes assuntos abordados neste jornal, o discurso por detrás

dos diferentes textos é mais uma vez e sem admiração monotemático.

Apenas se fala no Século sobre a invasão de Goa, Damão e Dio.

Existem porém algumas mensagens que o estado Português faz questão de passar

para a opinião pública:

Que não existe um abandono das forças armadas, que resistem a uma invasão

bárbara.

Que a superioridade das forças indianas era exagerada para um povo civilizado e

pacífico como o nosso.

Que tudo não passa de um atropelo da barbárie à civilização ocidental e Cristã.

Refere-se a condenação da comunidade internacional ao atentado contra a

soberania nacional, mas que apesar de tudo, somos um povo misericordioso para com

aqueles que se constituem nossos inimigos.

Se o que acima acabei de referir fosse escrito directamente num texto jornalístico,

seria claramente a súmula de todos os subtítulos do jornal e os temas por eles abordados.

Page 12: Capas Jornais

12 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

Novidades

Apesar da distância, entre dia 18 para dia 21 de Dezembro, não

existe variação do discurso jornalístico do Jornal Novidades face ao Século.

Novamente os títulos e subtítulos, que nada mais são que slogans

políticos, tentam arranjar uma forma dissimulada para manter as

aparências e política colonialista.

Também neste jornal se recorre à demonstração do apoio da

comunidade internacional, só que desta vez ao invés da referência a Inglaterra, ganha

destaque a solidariedade do generalíssimo Franco a Portugal.

Outro ponto em comum é a colagem da opinião politica à religiosa, onde num

jornal se fala sobre as relíquias de São francisco Xavier evangelizador do Oriente e noutro

se faz referência a um comunicado das juventudes universitárias católicas.

Page 13: Capas Jornais

13 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

Timor

Este tema de maior proximidade temporal teve grande mediatização na

comunicação social portuguesa. Vamos analisar a abordagem ao tema, feito na primeira

página por estes dois jornais, num contexto democrático e de livre expressão.

Diário de Notícias

É talvez das capas até agora a mais curiosa, pela clara ausência de

imagem e de texto verbal, mas talvez das que mais consiga marcar uma

posição e sentimento.

Sabemos à muito da impossibilidade de não comunicar, e o Diário

de Notícias faz isso mesmo através do uma espécie de silêncio.

Aquele silêncio que é feito nos funerais, um silêncio de respeito

por quem sofre.

Repare-se como apenas existe uma citação de Don Basílio do Nascimento dizendo

“Morremos todos”. Esta citação está em pequeno destaque, pois o que ganha importância

nesta primeira página é o branco, sinal de luto em algumas culturas, em particular as

asiáticas.

Se tivermos em conta que este não é o estilo habitual da primeira página deste

jornal, o discurso sai claramente reforçado.

Embora nesta altura, já não existisse uma ditadura militar ou política, existe uma

outra que é a económica e financeira, onde os clientes da publicidade mandam.

A primeira página choca apenas pelo contraste publicitário.

Page 14: Capas Jornais

14 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

Público

Quanto ao Público, verificamos que também existe uma

tentativa clara de exploração da emoção na primeira página (para

vender jornais?).

Neste Jornal, penso que o texto mais marcante que

encontramos nesta primeira página, sobre Timor é a fotografia de uma

criança.

Essa criança espelha os olhos tristes mas amorosos que choram

assustados. Muito importante também é o facto de esta criança estar a segurar uma vela.

Todos sabemos na cultura Portuguesas o significado que a vela tem. Isto confere à imagem

e à situação vivida por aquele Povo uma grande proximidade.

Curioso o título do jornal Público, colocado logo ao lado da criança e do seu olhar

a palavra “Angustia”.

Todo o discurso se encontra resumido numa só palavra e numa só imagem.

Todos sabemos que em situações de grande sofrimento e calamidade o silêncio

por vezes fala mais alto e é isso que em abordagens diferentes estes dois jornais tentam

fazer.

Page 15: Capas Jornais

15 Docente: José Carlos Sá Discente: Alexandre Manuel Pires Durão – Nº 110236003

Conclusã o

Fazer o percurso analítico das primeiras páginas acima mencionadas, confere-nos

uma visão mais abrangente sobre a importância da reflexão sobre a ética temporal, a

moral histórica e antropológica da sociedade portuguesa.

Não se deverá retirar ou acrescentar nenhum acto condenatório ou abonatório aos

factos, mas a importância da contextualização dos jornais para encontrar o subtexto é

fundamental. Talvez este ponto da contextualização tenha da minha parte ganho mais

importância em detrimento da análise do letering ou a inclinação das fontes, que sem

dúvida alguma também sofreram a influência das tendências artísticas da evolução

tecnológica e da liberdade de expressão.

Percebemos também nesta evolução cronológica das primeiras páginas, uma

evolução da visibilidade e da legibilidade das primeiras páginas. Desde o Diário de Notícias

de 1928 ao de 9 de Setembro de 1999.

Verifiquei um aspecto curioso na análise das primeiras páginas, que foi a escolha

em muitas delas de apenas um tema por diferentes razões.

Verifiquemos que ao passo que muitas das primeiras páginas do período do Estado

Novo são monotemáticas por uma intensão clara de propaganda ao regime, as primeiras

páginas do Público e do Diário de Notícias pós 25 de Abril 1974 são monotemáticas por

opção própria. Desta vez não para limitar ou censurar a informação mas sim para dar

enfoque e vender pela chamada publicidade de Néon.

Bibliografia

Páginas de Jornais acima referidas e enviadas pelo Professor José Carlos Sá