"capão da onça" com a norma regulamentadora 31

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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO KAROLLINE MARQUES DA SILVA AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE DA FAZENDA ESCOLA “CAPÃO DA ONÇA” COM A NORMA REGULAMENTADORA 31 PONTA GROSSA 2012

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Page 1: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO

TRABALHO

KAROLLINE MARQUES DA SILVA

AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE DA FAZENDA ESCOLA “CAPÃO

DA ONÇA” COM A NORMA REGULAMENTADORA 31

PONTA GROSSA

2012

Page 2: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

2

KAROLLINE MARQUES DA SILVA

AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE DA FAZENDA ESCOLA “CAPÃO

DA ONÇA” COM A NORMA REGULAMENTADORA 31

PONTA GROSSA

2012

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção de título Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho na Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Orientador: Prof. Dr. Altair Justino

Page 3: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO

TRABALHO

AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE DA FAZENDA ESCOLA “CAPÃO DA ONÇA”

COM A NORMA REGULAMENTADORA 31

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Universidade Estadual de Ponta Grossa para

obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho

Departamento de Engenharia Civil

CURSISTA:

KAROLLINE MARQUES DA SILVA

Prof. Carlos Luciano Sant’Ana Vargas, D.Eng.

Coordenador do EngSeg2011

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Altair Justino, Dr.

Orientador

Prof. Luiz Carlos Lavalle Filho, Esp.

Prof. Alceu Gomes Andrade Filho, Dr.

Membros

Ponta Grossa, junho de 2012

Page 4: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

1

Um agradecimento especial à minha madrinha

Roseli Hyeda, pelo apoio.

Page 5: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

1

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo identificar as condições de segurança de

trabalho durante as atividades desenvolvidas na Fazenda Escola “Capão da

Onça” da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Para tanto, foram

verificadas por meio de entrevista, observações locais e registros fotográficos o

cumprimento dos preceitos estabelecidos na NR 31 entre os passíveis de

infração, classificados como “conforme”, “não conforme” e “não aplicáveis”. Os

resultados revelaram que dos 273 itens listados, 131 (47,98%) estão em

conformidade, 74 itens (27,11%) não estão em conformidade e 68 itens

(24,91%) não se aplicam com preceitos estabelecidos na NR 31. O item

referente a Agrotóxicos, Adjuvantes e Produtos Afins, acumula 16 situações de

não conformidade verificadas e que apresenta maior quantidade de riscos à

segurança e saúde do trabalhador. Além das medidas de proteção que já foram

tomadas, é preciso adotar procedimentos de manutenção, realizar

treinamentos de capacitação e fornecer mais informações sobre saúde e

segurança do trabalho aos funcionários, melhorando as condições de

segurança de trabalho na Fazenda Escola.

Palavras chave: Trabalho rural, segurança no trabalho, risco de acidente.

Page 6: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

2

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Destinação da água de lavagem de equipamentos de

pulverização.......................................................................................................... 15

Figura 2 - Depósito de Defensivos Agrícolas ......................................... 17

Figura 3 - Alerta em fonte de água ......................................................... 18

Figura 4 – Local provisório de destino de embalagens vazias.............. 18

Figura 5 - Armazenamento de embalagens vazias ............................... 19

Figura 6 - Incineração em local de armazenamento de embalagens ... 19

Figura 7 - Tanque de evaporação .......................................................... 20

Figura 8 - Fábrica de Ração ................................................................... 21

Figura 9 - Equipamento para a classificação de grãos.......................... 22

Figura 10 - Comunicação entre depósito de grãos e sementes............ 22

Figura 11 - Espaço multiuso ................................................................... 23

Figura 12 - Vias de acesso a instalações da Fazenda Escola .............. 23

Figura 13 - Fotos de máquinas e equipamentos com e sem situação de

risco....................................................................................................................... 25

Figura 14 - Local para utilizado o processo de silagem ........................ 27

Page 7: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

3

LISTA DE SIGLAS

AT Acidente do Trabalho

CAT Comunicação de Acidente do Trabalho

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CIPATR Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho

Rural

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

NR Norma Regulamentadora

PRORH Pró Reitoria de Recursos Humanos

SESMT Seção de Engenharia, Segurança e Medicina do Trabalho

SESTR Serviço Especializado em Segurança e Saúde do Trabalho

Rural

SIPAT Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho

Page 8: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

4

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 5

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................. 6

3 OBJETIVOS ......................................................................................... 12

3.1 GERAL ........................................................................................... 12

3.2 ESPECÍFICOS .............................................................................. 12

4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................... 13

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................... 14

5.1 LEVANTAMENTOS DAS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA ........ 14

5.2 PRECEITOS DA NR 31 ................................................................ 28

6 CONCLUSÃO ...................................................................................... 41

Page 9: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

5

1 INTRODUÇÃO

Segundo estimativas do IBGE, o Brasil colherá em 2012, safra recorde

de produção de grãos com 160,3 milhões de toneladas. Apesar dos resultados

expressivos, o país é líder mundial no consumo de agrotóxicos com US$ 7,2

bilhões em 2010.

Os aumentos das produções agropecuárias sucederam das

transformações tecnológicas que ocorreram no meio rural, gerando

crescimento acentuado do setor e impactaram a vida dos trabalhadores, sendo

necessário discutir sobre saúde e segurança do trabalho rural (TEIXEIRA e

FREITAS, 2003). É comum que estes trabalhadores subestimem os riscos a

que estão sujeitos e os percebam de maneira diferente da avaliação técnica

(PERES et al., 2005).

O desconhecimento e o descaso quanto aos riscos, somados a

utilização inadequada ou não utilização de equipamentos de proteção, deixam

o trabalhador rural vulnerável, favorecendo a ocorrência de doenças e

acidentes do trabalho (ARAÚJO et al., 2007).

No estado do Paraná, os acidentes do trabalho no meio rural

destacam-se, obtendo a quinta colocação entre o número de registros de

acidentes do trabalho na safra 2008/2009 (ANUÁRIO BRASILEIRO DE

PROTEÇÃO, 2011), reforçando a necessidade de estudos voltados à

segurança no setor.

Segundo a NR 31 (BRASIL, 2005), diversos EPIs devem ser utilizados,

de acordo com a atividade realizada, assim como treinamentos são

necessários para a conscientização dos trabalhadores.

No desenvolvimento de atividades agropecuárias são utilizados

diversos tipos de ambientes, máquinas, equipamentos, ferramentas e serviços

manuais, submetendo o trabalhador rural a diversas situações de risco, sendo

necessário estudo detalhado de cada local de trabalho para estabelecer

medidas de proteção de acidentes e da saúde com base nas normas e

legislações vigentes.

Page 10: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

6

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A teoria do risco de acidente do trabalho aponta os principais agentes

de risco ocupacionais presentes no ambiente de trabalho, que podem ser

físicos, mecânicos, biológicos e ergonômicos, estes considerados desde a

segunda guerra mundial, a partir das condições de adequação dos

instrumentos de trabalho ao homem, além dos riscos psicossociais, em

destaque na atualidade em virtude do reconhecimento da crescente exposição

do trabalhador a situações de tensão e estresse no trabalho (TEIXEIRA e

FREITAS, 2003).

Segundo a Classificação Nacional de Atividade Econômica – CNAE,

em 2008, no Paraná, foram registrados 2.414 acidentes de trabalho em

empresas relacionadas à agricultura, pecuária, silvicultura e exploração

florestal (ANUÁRIO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO, 2011). As atividades

relacionadas a pecuária e criação de animais registram poucos acidentes,

sendo a produção mista, lavoura e pecuária, responsável por 39,2% dos

acidentes registrados (TEIXEIRA e FREITAS, 2003).

Entre trabalhadores rurais, a avaliação e a percepção dos riscos

diferem da avaliação técnica, sendo comum a negação dos riscos de acidentes

do trabalho, a falta de relação entre causa e efeito (PERES et al., 2005) e a

predominância de práticas curativas ao invés de medidas preventivas de saúde

e segurança do trabalho (SCOPINHO, 2000). Há elevado desconhecimento

dos riscos da exposição, bem como a não utilização de equipamentos de

proteção individual durante a aplicação pela maioria dos trabalhadores

(ARAÚJO et al., 2007).

O índice de absenteísmo em empresas do setor rural ultrapassa 11%,

com a maioria das faltas justificadas com atestado médico, enquanto no setor

administrativo este índice é de aproximadamente 1% (SCOPINHO, 2000). Por

isso, o uso de EPI requer ação técnica, educacional e psicológica para a sua

aplicação (MONQUERO, 2009).

A exposição do trabalhador aos agrotóxicos, a ambientes ruidosos

(maquinário), animais peçonhentos e condições climáticas (chuva e sol), além

da adoção de posturas antiergonômicas, são consideradas pelos médicos os

Page 11: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

7

principais causadores de subnotificações no segmento. O Paraná teve a quinta

colocação em número de acidentes registrados e também no número de

mortos em acidentes do trabalho na safra 2008/2009 (ANUÁRIO BRASILEIRO

DE PROTEÇÃO, 2011).

Nas atividades realizadas pelo trabalhador rural, há grande incidência

de acidentes causados por ferramentas manuais (49,9%), máquinas e

implementos agrícolas ou provocados por animais (14,7%) (TEIXEIRA e

FREITAS, 2003; SILVA et al., 2005).

Entre as doenças do trabalho, 94,5% envolvem torção. Quanto aos

afastamentos devido aos acidentes do trabalho sofridos pelos trabalhadores da

área rural, 6,5% não afastaram o trabalhador de suas atividades profissionais,

61,2% o afastaram até 15 dias, 32,3% resultaram em período de afastamento

superior a 15 dias. Cerca de 52% das lesões ocorrem nos braços, 42, 3% nas

mãos e 39,6% no tronco (TEIXEIRA e FREITAS, 2003).

Para os acidentes-tipo, as partes do corpo mais atingidas foram os

membros superiores 39,0% e os inferiores 38,8%, ambos encontram-se muito

sujeitos aos traumatismos causados pelas ferramentas de trabalho. Nos

membros superiores, as partes mais atingidas são os dedos 46,3% e as mãos,

enquanto nos inferiores tanto as pernas como os pés têm pesos muito

parecidos, 50% e 49,7%, respectivamente (TEIXEIRA e FREITAS, 2003).

A proporção de acidentes de trabalho entre os gêneros é coerente à

composição da população de trabalhadores rurais, aproximadamente 90%

homens. A faixa etária mais suscetível aos acidentes de trabalho é de 20 aos

24 anos (TEIXEIRA e FREITAS, 2003).

Em trabalhos com máquinas agrícolas, os principais riscos são a

exposição ao sol, chuva, frio, poeira, gases de combustão, ruído, deriva de

defensivos agrícolas, vibrações, calor gerado pelo motor (TOSIN et al., 2009).

Em máquinas agrícolas, o ruído pode ser originado em diferentes

fontes.

Os tratores tendem a produzir altos níveis de pressão sonora, com

maior intensidade quando operando em maiores rotações. Em experimentos

com micro-tratores, na rotação do motor a 1200 rpm, a máxima pressão sonora

obtida foi de 71,82 dB, enquanto, na rotação de 2400 rpm, os níveis de pressão

Page 12: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

8

sonora obtidos à altura do ouvido do operador foram de 87,47 e 85,65 dB, com

e sem o acionamento de uma roçadora, respectivamente. Também foram

efetuadas medidas a um raio de afastamento de 5 metros a partir do

equipamento e todos os valores obtidos foram inferiores a 85 dB (RUAS et al.,

2011).

O escape, que causa ruído de grande intensidade, é responsável por

45% a 60% do ruído total. As demais fontes são aspiração de ar do motor (15-

20%), ventilador (12-20%) e vibração (15-20%). Gonçalves e colaboradores

(2011) realizaram medições em vinte e seis tratores de nove marcas diferentes.

No estudo, a verificação de ruído foi realizada nas revendas, em pista plana,

sem declividade longitudinal e em todos os casos o nível do ruído foi superior a

85 dB, dose máxima permitida para uma jornada de trabalho de 8 horas,

conforme a NR15 (BRASIL, 2011).

Tosan e colaboradores (2009) também realizaram medições em

tratores, com e sem cabine, e obteve os resultados 87,17 e 102,17 dB(A),

respectivamente, também acima do limite das especificações da NR 15.

Durante as operações agrícolas, devido aos implementos e maior esforço do

motor, a intensidade do ruído é maior (GONÇALVES et al., 2011).

Outras máquinas amplamente utilizadas no trabalho agrícola são as

máquinas manuais como roçadoras, motosserras e pulverizadores. A

concepção destas máquinas, incluindo o modo de funcionamento, temperatura

de trabalho, tempo de utilização ininterrupta, conformação, acessórios e

dispositivos de segurança devem evitar os riscos de acidente do trabalho

(ALONÇO et al., 2006).

No trabalho de roçada, os EPIs necessários, segundo a NR 31

(BRASIL, 2005), são protetor auditivo, óculos, perneiras que protejam de

agentes cortantes e luvas protetoras contra vibrações e agentes cortantes.

Para a aplicação de agrotóxicos com equipamento costal, é

considerado como EPI padrão o uso de boné, máscara, viseira facial, macacão,

avental, luvas e botas. A não utilização ou subutilização tornam ineficiente o

EPI. Entrevistas realizadas com trabalhadores rurais revelam que 63% utilizam

EPI padrão durante o preparo da calda e aplicação do produto, 14,8% dos

trabalhadores utilizam apenas máscara e luvas e nenhum EPI foi utilizado por

Page 13: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

9

22,2%. Segundo os entrevistados, as roupas para a aplicação de agrotóxicos

são quentes, incômodas, limitam a mobilidade e dificultam a respiração e por

isso não foram utilizadas. O estudo revelou ainda que 18,5% entram na lavoura

logo após a pulverização e 51,8% aguardam um dia, o restante espera o tempo

determinado pela bula do produto (MONQUERO, 2009).

A exposição sem a devida proteção a agrotóxicos são a causa de

notificações de intoxicação por produtos do grupo dos fosfatos, sais de

potássio e nitratos. As intoxicações por fosfatos se caracterizam por

hipocalcemia, as causadas por sais de potássio provocam ulceração da

mucosa gástrica, hemorragia e perfuração intestinal. Os nitratos, por mudanças

metabólicas, geram substâncias carcinogênicas (SILVA et al., 2005).

Os agrotóxicos começaram a ser utilizados a partir da década de 60,

mas foi em 1975, com o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que se

popularizaram. Neste momento, produtos importados passaram a ser

comercializados no país e a compra estava vinculada à obtenção de crédito

rural (SILVA et al., 2005).

Atualmente, a venda e utilização destes produtos são normatizados

pelo decreto 4.074, de 4 de janeiro de 2002, que regulamenta a lei número

7.802, de 11 de julho de 1989, e dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a

produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a

comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a

exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a

classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus

componentes e afins, e dá outras providências (BRASIL, 2002).

Entre os trabalhadores rurais, há a crença de que a toxicidade oral é a

mais relevante (MONQUERO, 2009). A ingestão é um fato raro, tornando a

inalação e o contato com a pele os meios mais comuns de intoxicação. A pele

é o órgão mais exposto durante a elaboração da calda e a via de contaminação

mais comum durante as pulverizações (DOMINGUES et al., 2004;

MONQUERO, 2009). A inalação é mais comum durante o manuseio, limpeza

do equipamento utilizado para pulverização e durante o descarte de

embalagens vazias (SPIEWAK, 2001; DOMINGUES et al., 2004).

Page 14: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

10

Dermatoses e dermatites de contato são patologias freqüentes em

pessoas que manipulam agrotóxicos. Urticária, hipopigmentação da pele e

alterações em unhas e cabelos também são relatadas (SPIEWAK, 2001).

Segundo dados levantados por Araújo e colaboradores (2007), 81% dos

indivíduos se banham após aplicação dos agrotóxicos, mas apenas ao término

do dia de trabalho, aumentando o tempo de contato da substância com a pele,

o que aumenta o risco de contaminação, a lavagem das mãos após aplicação é

feita por apenas 11% dos entrevistados.

As intoxicações por agrotóxicos podem ser classificadas como aguda,

subaguda e crônica. A intoxicação aguda é aquela em que os sintomas surgem

algumas horas após a exposição a grandes doses, ainda que por curto período,

a produtos extremamente ou altamente tóxicos. Os sintomas são nítidos e

podem ocorrer de forma leve, moderada ou grave, dependendo da quantidade

de agrotóxico absorvido, sendo náuseas, vômito, cefaléia, tontura,

desorientação, hiperexcitabilidade, parestesias, irritação de pele e mucosas,

fasciculação muscular, dificuldade respiratória, hemorragia, convulsões, coma

e morte (SILVA et al., 2005; DOMINGUES et al., 2004).

A intoxicação subaguda ocorre por exposição moderada ou leve a

produtos altamente ou medianamente tóxicos. Alguns sintomas são dor de

cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago e sonolência, e não surgem

imediatamente (DOMINGUES et al., 2004).

A intoxicação crônica ocorre por exposição pequena ou moderada a

um ou múltiplos produtos, por longos períodos, com surgimento tardio dos

sintomas, dificultando a associação entre causa e efeito. Alterações

imunológicas, genéticas, má formação congênita e câncer podem ser causados

por este tipo de exposição, além de efeitos deletérios sobre o sistema nervoso,

hematopoético, respiratório, cardiovascular, geniturinário, gastrointestinal,

hepático, hepático e endócrino, neoplasias, reações alérgicas e alterações

comportamentais (SILVA et al., 2005; DOMINGUES et al., 2004).

O efeito toxicológico de um composto depende do padrão de exposição

(dose, freqüência e duração) e de absorção, bem como do metabolismo do

indivíduo exposto (DOMINGUES et al., 2004).

Page 15: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

11

A temperatura atmosférica promove o aumento da volatilidade e a

pressão de vapor de diversas substâncias, o que aumenta a probabilidade de

inalação. Nesta situação, a absorção cutânea também é favorecida pelo

aumento da velocidade circulatória (SILVA et al., 2005).

A exposição combinada às substâncias químicas pode causar três

tipos de efeitos sobre a saúde: independentes, sinérgicos aditivos ou

potencializados e antagônicos. Os efeitos toxicológicos da exposição laboral

podem ainda ser influenciados por tabagismo, alcoolismo e estado nutricional

(SILVA et al., 2005).

A calda de agrotóxico deve ser preparada em dose e quantidade

adequadas, porém é comum que as sobras são aplicadas em terrenos vizinhos

à área tratada ou armazenada no próprio pulverizador. O equipamento utilizado

para pulverização deve ser lavado após cada aplicação, mas isto não é rotina

para pequenos produtores (53% costumam adotar este procedimento)

(MONQUERO, 2009).

A tríplice lavagem das embalagens vazias de agrotóxicos é respeitada,

mas 18,6% das embalagens não são devolvidas nos postos de recebimento

(MONQUERO, 2009).

A lavagem de máquinas e equipamentos deve ser realizada em local

adequado, com dispositivo de coleta, de modo que os resíduos da lavagem

sejam canalizados para os tanques de reaproveitamento ou para o tanque de

evaporação (THEISEN et al., 2009).

Page 16: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

12

3 OBJETIVOS 3.1 GERAL

Identificar as condições de segurança de trabalho durante as atividades

desenvolvidas na Fazenda Escola “Capão da Onça” da Universidade Estadual

de Ponta Grossa.

3.2 ESPECÍFICOS

Identificar as condições de segurança no trabalho com máquinas e

equipamentos agrícolas;

Verificar as aplicações e uso dos EPIs;

Identificar as condições de segurança de instalações onde são realizadas as

atividades;

Estabelecer os preceitos que são atendidos e não atendidos na NR 31.

Page 17: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

13

4 MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia de pesquisa adotada foi o estudo de caso das condições

segurança de trabalho nas atividades desenvolvidas na Fazenda Escola

“Capão da Onça” da Universidade Estadual de Ponta Grossa, localizada no

Município de Ponta Grossa - Paraná.

As informações foram levantadas por meio de entrevistas informais com

gestores e funcionários, observações e registro de imagens nos locais de

trabalho (OLIVEIRA et al., 2006).

Após a coleta de dados e registros fotográficos, as situações foram

classificadas em “conformes” e “não conformes”, com base nos preceitos da

Norma Regulamentadora (ALONÇO et al., 2006) sobre segurança e saúde no

trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura -

NR 31 (BRASIL, 2005).

A Fazenda Escola “Capão da Onça” é uma unidade experimental onde

são desenvolvidas atividades de ensino, pesquisa, extensão e produção,

envolvendo alunos e professores do ensino médio e ensino superior

(graduação e pós-graduação) de diversos cursos ofertados pela UEPG, como

Técnico em Agropecuária, Agronomia e Zootecnia, entre outros.

A propriedade possui área de 312,11 hectares dos quais 62,42

hectares são de reserva legal, 33,57 hectares de preservação permanente e

216,12 hectares destinados para as atividades agropecuárias (FAZENDA

ESCOLA..., 2009), enquadrando a aplicação da NR 31.

Atualmente estão lotados na Fazenda Escola 28 funcionários, sendo

que destes, 17 são caracterizados como trabalhadores rurais: 5 na pecuária e

12 na agricultura. Atualmente, nenhum deles participa da Comissão Interna de

Prevenção de Acidentes (CIPA) da UEPG e segundo os depoimentos colhidos,

os membros da comissão não visitam a Fazenda Escola.

Page 18: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

14

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 LEVANTAMENTOS DAS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA

Na propriedade não há mapas de risco, bem como material para

prestação de primeiros socorros e pessoa treinada para este fim.

Nas dependências da Fazenda Escola, 7 banheiros e 3 chuveiros estão

distribuídos para atender aos funcionários, suprindo o estabelecido pela NR 31,

sendo 2 na área administrativa, 1 no almoxarifado, 1 no alojamento, onde os

trabalhadores podem tomar banho após a pulverização de defensivos, 1 no

barracão, onde também há um chuveiro e um tanque para a lavagem dos

macacões utilizados durante a pulverização, e 1 no refeitório.

Os EPIs são fornecidos pela Seção de Engenharia e Medicina do

Trabalho - SESMT da Pró-Reitoria de Recursos Humanos da universidade. Há

alguma dificuldade na reposição de alguns equipamentos, principalmente

daqueles com pequena vida útil devido à baixa qualidade. Quando da

reposição de botas, nem sempre há numeração adequada. Não há

fornecimento de uniformes, sendo que as vestimentas utilizadas na realização

de atividades são de responsabilidade do trabalhador, que arca com custos de

aquisição de jalecos e macacões.

Todos os trabalhadores entrevistados alegam não ter recebido

treinamento ou instrução em matéria de segurança do trabalho e que não há

divulgação ou incentivo para participação das palestras de aperfeiçoamento

realizadas em outros setores da universidade, como no Colégio Agrícola

Augusto Ribas, dependendo do empenho pessoal para obter informação sobre

os eventos. Porém, segundo registros arquivados na Seção de Treinamento e

Desenvolvimento da PRORH, alguns servidores estiveram presentes nos

últimos treinamentos realizados na universidade e também na SIPAT do

corrente ano.

São 8 trabalhadores em exposição direta a agrotóxicos e entre este

grupo de trabalhadores não há mulheres (excluindo a possibilidade de

gestantes) e menores de 18, mas há um funcionário com mais de 60 anos de

Page 19: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

15

idade e que realiza aplicações de agrotóxicos, o que contraria a NR 31, item

31.8.3. Não há registros de casos recentes de intoxicação.

Não há qualquer tipo de indicação de áreas onde houve recente

aplicação de defensivos, nem alertas quanto ao intervalo de reentrada após a

pulverização, sendo que há vezes em que alunos acessam as áreas logo após

as aplicações.

As vestimentas e demais EPIs necessários ao trabalhador diretamente

exposto são fornecidos e repostos sempre que requisitados, porém a

higienização é de responsabilidade do próprio funcionário, sendo realizada nas

dependências da Fazenda Escola ou na própria residência. Os funcionários

não receberam orientações a respeito de higiene pessoal após a aplicação e

alegam não ter certeza se o modo como retiram as vestimentas utilizadas

durante as aplicações é correto, mas há um alojamento e chuveiros disponíveis

para o banho e armários para a guarda das roupas pessoais.

Após a aplicação de defensivos, os equipamentos utilizados são

lavados e a água de lavagem é descartada no ambiente, sem nenhuma

destinação especial, como mostra a figura 1.

Figura 1 - Destinação da água de lavagem de equipamentos de pulverização

Quando utilizado o equipamento costal, a limpeza é feita pelo próprio

aplicador, ainda utilizando as vestimentas e demais EPIs. Vale ressaltar o

descaso do perigo de manipulação destes produtos pelo relato de um

trabalhador, segundo o qual produtos aplicados na horta são “fracos” e “saem”

depois de dois dias.

Page 20: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

16

Os agrotóxicos utilizados são registrados e autorizados pelos órgãos

competentes, sendo que o depósito para o armazenamento dos produtos está

localizado a cerca de 50 metros do refeitório e adjacente a oficina mecânica.

O local é construído em alvenaria, coberto, sinalizado e de acesso

restrito (Fig. 2a). A ventilação da instalação é feita por duas janelas, sem telas

ou grades, o que permite o acesso de pequenos animais (Fig. 2b). O espaço

disponível é insuficiente para a estocagem dos agrotóxicos e ainda há outros

materiais armazenados conjuntamente, como EPIs e ferramentas manuais. A

maioria dos produtos está disposta nestas prateleiras, mas algumas caixas são

deixadas no chão, devido a falta de espaço (Fig. 2c). O espaço para circulação

entre as prateleiras é pequeno, cerca de 0,60 m e várias prateleiras estão

encostadas nas paredes (Fig. 2d). Os produtos parcialmente utilizados são

mantidos na embalagem original e há algumas ferramentas manuais guardadas

no local sem bainhas.

Page 21: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

17

(a) Sinalização (b) Ventilação

(c) Caixas dispostas no chão (d) Prateleiras juntas à parede

Figura 2 - Depósito de Defensivos Agrícolas

Junto ao depósito de agrotóxicos há uma torneira para o fornecimento

de água para diluição dos produtos e lavagem dos tanques e equipamentos

utilizados na pulverização. Como é possível ver na figura 3, há um alerta

fixado, informando que esta água é imprópria para consumo.

Page 22: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

18

Figura 3 - Alerta em fonte de água

As embalagens vazias de agrotóxicos não são reutilizadas, porém a

destinação não esta apropriada, sendo encontradas algumas delas em local

próximo ao depósito de agrotóxicos, conforme constatado em cinco visitas

realizadas e registrado nas figuras 4a e 4b.

(a) Embalagens descartadas – primeira

visita

(b) Embalagens descartadas – segunda

visita

Figura 4 – Local provisório de destino de embalagens vazias

Outras embalagens são agrupadas e armazenadas a céu aberto, em

local cercado, mas sem portões que restrinjam a área e com sinais de

incineração no local (Fig. 5 e 6). Estas embalagens ficam dispostas neste local

até serem devolvidas nos revendedores de agrotóxicos, conforme estabelecido

na nota fiscal, ou ainda esporadicamente entregues na Associação dos

Revendedores de Insumos Agropecuários dos Campos Gerais -

Page 23: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

19

ASSOCAMPOS, responsável pela classificação e preparo das embalagens até

o destino final (reciclagem controlada ou incineração).

(a) Vista geral de depósito de embalagens (b) Depósito de embalagens – detalhe.

Figura 5 - Armazenamento de embalagens vazias

Figura 6 - Incineração em local de armazenamento de embalagens

A Fazenda Escola dispõe de um tanque de evaporação, construído

para receber a água de lavagem dos equipamentos que aplicam os

agrotóxicos, porém não esta sendo utilizado para este fim e também não

possui alerta ou sinalização sobre a toxicidade dos produtos que armazena. Há

telas delimitando a área da construção, mas não há portões para regular o

acesso. O tanque de evaporação é fechado e os respiros são telados para

evitar a entrada de animais e há vazamentos, como podem ser observados na

figura 7.

Page 24: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

20

Figura 7 - Tanque de evaporação

Nas dependências da Fazenda Escola há uma fábrica de ração, onde

grãos são moídos e os sacos de ração animal são armazenados. Na área de

estocagem, os sacos são colocados sobre paletes de madeira, evitando o

contato direto com o chão, e também estão afastados das paredes, seguindo

as orientações de armazenamento para vários tipos de produtos.

As sacarias (50 quilos) são colocadas em pilhas com altura aproximada

de 1,50 m (Fig. 8a) e deslocados manualmente, sendo necessário conceitos de

ergonomia e evitar que os trabalhadores não carreguem peso em excesso.

O trabalhador que opera os equipamentos da fábrica recebeu EPIs,

entre eles bota, luva, avental, máscara e protetor auricular, mas usava apenas

a bota durante a entrevista. Segundo o trabalhador, ele utiliza avental, máscara

e protetor auricular apenas quando está moendo grãos, quando grande

quantidade de pós e ruídos são produzidos. Esta atividade é habitual e

esporádica, uma ou duas vezes durante a semana.

A ração produzida é ensacada em equipamento localizado em desnível

de cerca de um metro em relação ao chão da fábrica, sem nenhuma

sinalização ou proteção contra quedas (Fig. 8b). Para chegar à ensacadeira, o

trabalhador utiliza uma escada, com dois degraus, primeiro com 0,20 m de

largura e o segundo com 0,14 m e espaços entre eles de 0,25 m, seguida de

outro degrau de 0,25 m de altura (Fig. 8c).

O saco de ração, após o enchimento, deve ser então elevado pelo

trabalhador manualmente. Durante a realização desta atividade, os exaustores

são ligados, mas devido o seu posicionamento, o pó gerado passam

Page 25: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

21

obrigatoriamente pelo trabalhador no seu posto de trabalho. As correias destes

equipamentos são devidamente protegidas (Fig. 8d).

(a) Estocagem (b) Área para envase

(c) Escada de acesso (d) Proteção de correias

Figura 8 - Fábrica de Ração

No local destinado ao depósito de grãos, existem máquinas para

classificação e envase de produtos, nas quais foram adicionadas proteções nas

correias, confeccionadas com chapas metálicas. Contudo, pela necessidade de

fluxo de ar para a operação da selecionadora de grãos, foi aberto um orifício na

chapa de proteção, expondo parte da correia (Fig. 9). Aconselha-se a

substituição desta proteção por uma tela metálica, de modo a não comprometer

o funcionamento do equipamento.

Page 26: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

22

Figura 9 - Equipamento para a classificação de grãos

Outra instalação é o depósito de sementes, anexo ao depósito de

grãos. O acesso a este local (Fig. 10) (onde ocorre o tratamento de sementes

com agrotóxicos), é feito exclusivamente pelo depósito de grãos (produtos

destinados ao consumo) e com grande possibilidade de contaminação,

havendo necessidade de isolar os ambientes. Há uma porta para acesso

externo, mas apresenta-se comprometida, sendo necessários reparos para que

volte permitir sua abertura.

Figura 10 - Comunicação entre depósito de grãos e sementes

Adjacente ao depósito de grãos há um espaço coberto, sem piso e

aberto, sem nenhuma barreira para restrição de acesso (Fig. 11). Este local é

utilizado para diversas necessidades de serviços, inclusive para guardar

adubos agrícolas, o que não é adequado.

Page 27: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

23

Figura 11 - Espaço multiuso

A maioria das vias de acesso aos locais de trabalho são demarcadas

pelo uso constante (Fig. 12a e 12b). Nas proximidades do prédio administrativo

há meio fio e disposição de pedras na via. Não há sinalização indicando limite

de velocidade para os veículos que circulam pela fazenda e não nenhum tipo

de sinalização noturna. O acesso às dependências é monitorado por um vigia

que fica em uma guarita na entrada, que registra a movimentação, mas apenas

pede a identificação de quem entra, sem nenhum tipo de orientação quanto ao

tráfego interno.

(a) Via de acesso - estábulos (b) Via de acesso – administração

Figura 12 - Vias de acesso a instalações da Fazenda Escola

As edificações não possuem nenhum tipo de proteção contra

descargas elétricas atmosféricas, exceto o novo prédio construído para a

leiteria.

As novas instalações para leiteria consistem em sala de ordenha, sala

para pasteurização, sala para elaboração de produtos, escritório, sanitários,

Page 28: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

24

central de gás e sala da caldeira. O local destinado à instalação da caldeira

respeita as dimensões mínimas e distâncias exigidas, de acordo com a NR 13

(BRASIL, 2008), específica para caldeiras e vasos de pressão. Na sala de

ordenha há um declive em relação ao nível do pavimento, projetado para

permitir a operação dos equipamentos de ordenha. O acesso a este local pode

ser feito por escadas fixas ou por uma escada móvel. A edificação é cercada

por calçadas com canaletas para coleta de resíduos líquidos sem nenhum tipo

de proteção, como grades que promovam o nivelamento com a calçada.

Nestas instalações há extintor de incêndio.

Nem todas as máquinas acionadas pela tomada de potência do trator

tem o eixo cardan protegido com capa específica (Fig. 13b), como observado

em diferentes visitas realizadas e registradas nas fotos da Figura 13.

Alguns dos tratores são modelos antigos e não possuem a cabine

fechada, mas possuem proteção contra tombamento. Estas máquinas não

possuem cinto de segurança (Fig. 13e).

Alguns dos equipamentos acessórios possuem correias expostas.

Page 29: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

25

(a) Transmissão sem proteção no eixo

cardan

(b) Transmissão com o eixo cardan

protegido

(c) Transmissão sem proteção no eixo

cardan

(d) Eixo cardan desprotegido - detalhe

(e) Ausência de cinto de segurança (f) Eixo da máquina utilizada para

pulverização

(g) Eixo e correias desprotegidos (h) Eixo e correias desprotegidos

Figura 13 - Fotos de máquinas e equipamentos com e sem situação de risco

Page 30: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

26

Apesar de haver tratores com cabines fechadas, o utilizado para

pulverização possui a cabine aberta.

Os trabalhadores realizam os exames médicos ocupacionais

periodicamente e nesta ocasião o médico do trabalho verifica se foram

vacinados e estão com a imunização atualizada.

Apesar do fornecimento de EPIs, não são disponibilizadas luvas para

os funcionários que realizam a higienização de coxos, nem máscaras para

funcionários que trabalham com animais e possuem alergias respiratórias.

Um dos estábulos foi construído recentemente e possui estrutura em

concreto, o outro é mais antigo. Em nenhuma destas estruturas existe proteção

contra descargas elétricas ambientais ou extintores de incêndio. Ainda que

estas instalações estejam localizadas distante das demais, a distribuição de

extintores foi aprovada pelo Corpo de Bombeiros, órgão responsável pela

avaliação dos projetos de prevenção de incêndio. No aprisco existe uma

plataforma sem grade de proteção e com a estrutura desgastada, sendo

evidente a possibilidade de queda.

Os estercos de animais são utilizados como adubação nas áreas de

pastagem. Não há sistema para coleta de chorume e os resíduos líquidos são

destinados para fossas.

O barracão onde atualmente o processo de silagem é realizado

também não possui sistema para coleta de chorume (Fig. 14c). Este barracão

encontra-se parcialmente destelhado devido a ocorrências climáticas (Fig. 14a

e 14b), mesmo havendo realização de trabalho diário no local, inclusive em

dias de chuva.

Page 31: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

27

(a) Vista geral do silo

(b) Detalhe: cobertura (c) Detalhe: escoamento de chorume

Figura 14 - Local para utilizado o processo de silagem

A água disponibilizada nas instalações é proveniente de poço artesiano

e fica armazenada em caixa de água até o consumo. Limpezas não são

realizadas na caixa de água. Os funcionários não sabem informar se há algum

sistema de tratamento ou cloração da água e se são realizadas análises de

controle de qualidade da água.

O abastecimento de combustível é realizado nas instalações, em

bomba localizada em estrutura anexa ao depósito de defensivos. Não existe

nenhuma proteção ou demarcação para isolamento desta área. Também é

possível verificar vazamentos na bomba.

Page 32: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

28

5.2 PRECEITOS DA NR 31

Após as observações levantadas, foi elaborada um lista com os

preceitos estabelecidos na NR 31, onde as situações passíveis de atribuição de

infração foram classificadas em “conformes” e “não conformes”, conforme

apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 – Avaliação de conformidade da Fazenda Escola “Capão da Onça”

com a NR 31* (Brasil, 2005).

Item Descrição Situação

31.3.3 Responsabilidades do empregador

a garantir adequadas condições de trabalho Não conforme

b realizar avaliações de riscos Conforme

c promover melhorias Conforme

d cumprir e fazer cumprir as disposições legais Não conforme

e analisar os AT juntamente com a CIPA Conforme

f divulgar informações de SST Não conforme

g adotar procedimentos quando ocorrer um AT Conforme

h fornecer instruções para o trabalho seguro Não conforme

i garantir a participação da CIPA Não conforme

j (1) informar os trabalhadores os riscos do trabalho Não conforme

j (2) informar resultados de exames médicos Conforme

j (3) Informar os resultados da avaliações ambientais Não conforme

k permitir que representante dos trabalhadores

acompanhem fiscalizações Conforme

l Adotar medidas de avaliação de riscos Não conforme

31.5 Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente

Page 33: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

29

Tabela 1 – Avaliação de conformidade da Fazenda Escola “Capão da Onça”

com a NR 31* (Brasil, 2005).

(continuação)

Item Descrição Situação

31.5.1 Ações de segurança visando prevenção Conforme

31.5.1.1a Melhoria das condições e ambiente de trabalho Não conforme

31.5.1.1b Promoção da saúde Não conforme

31.5.1.1c Campanhas educativas Não conforme

31.5.1.2a Riscos químicos, físicos, mecânicos e biológicos Conforme

31.5.1.2b Investigação e análise de acidente Conforme

31.5.1.2c Organização do trabalho Não conforme

31.5.1.3 Implantação de ações de preservação da saúde

ocupacional, custeadas pelo empregador Não conforme

31.5.1.3.1 Exames médicos

a Exame médico admissional Conforme

b Exame médico periódico Conforme

c Exame médico de retorno, após ausência

superior a 30 dias Conforme

d Exame médico de mudança de função Conforme

e Exame médico demissional Conforme

31.5.1.3.2 Avaliação clínica e exames complementares

conforme a função Conforme

31.5.1.3.3 Emissão do Atestado de Saúde Ocupacional –

ASO Conforme

31.5.1.3.4 ASO em duas vias, para arquivo e para o

trabalhador Conforme

31.5.1.3.5 Ações de saúde peculiares Não conforme

31.5.1.3.6 Material para primeiros socorros Não conforme

31.5.1.3.7 Pessoa treinada para prestação de primeiros

socorros se houver 10 trabalhadores ou mais Não conforme

31.5.1.3.8 Remoção do acidentado Conforme

31.5.1.3.9a Acesso a órgãos de saúde para prevenção e

profilaxia Conforme

Page 34: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

30

Tabela 1 – Avaliação de conformidade da Fazenda Escola “Capão da Onça”

com a NR 31* (Brasil, 2005).

(continuação)

Item Descrição Situação

31.5.1.3.9b Aplicação de vacina antitetânica Conforme

31.5.1.3.10 Acidente com animais peçonhentos Não se aplica

31.5.3.11a Emissão de CAT para doenças ocupacionais Conforme

31.5.3.11b Afastamento da fonte de exposição ao risco Conforme

31.5.3.11c Conduta previdenciária Conforme

31.6.2 Atribuições do Serviço Especializado em

Segurança e Saúde do Trabalho Rural Não conforme

31.6.3 Recursos para a o cumprimento das atribuições

do SESTR Conforme

31.6.5.1 Dimensionamento do SESTR incluindo

contratos temporários Não se aplica

31.6.6.1

Contratação de técnico de segurança do

trabalho ou SESTR externo se o empregador

não tiver capacitação

Não se aplica

31.6.6.2 Capacitação para adequação aos itens

anteriores Não se aplica

31.6.7 Constituição de SESTR, se mais de 50

funcionários Não se aplica

31.6.8.5 SESTR externo Não se aplica

31.6.11 Dimensionamento do SESTR Não se aplica

31.6.12 Jornada de trabalho do SESTR Não se aplica

31.6.13 Dimensionamento do SESTR externo ou

coletivo Não se aplica

31.7.2 CIPATR por estabelecimento, se mais de 20

empregados Conforme

31.7.2.1 Adequação da CIPATR em período de safra Não se aplica

31.7.3 Composição da CIPATR Não se aplica

31.7.4 a

31.7.20.3 Disposições diversas sobre a CIPATR Não se aplica

Page 35: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

31

Tabela 1 – Avaliação de conformidade da Fazenda Escola “Capão da Onça”

com a NR 31* (Brasil, 2005).

(continuação)

Item Descrição Situação

31.8 Agrotóxicos, adjuvantes e produtos afins

31.8.2 Manipulação apenas de produtos registrados e

autorizados Conforme

31.8.3 Manipulação vetada para menores de 18 anos,

maiores de 60 e gestantes Não conforme

31.8.3.1 Afastamento de gestantes em exposição direta

ou indireta Não se aplica

31.8.4 Manipulação de acordo com receituário e

indicações Não conforme

31.8.5 Trabalho em áreas recém tratadas, intervalo de

reentrada Não conforme

31.8.6 Entrada em área durante pulverização aérea Não se aplica

31.8.7 Instruções para expostos direta e indiretamente Não conforme

31.8.8 Capacitação para os diretamente expostos Não conforme

31.8.8.1 Sobre o conteúdo da capacitação para os

diretamente expostos Não conforme

31.8.8.2 Sobre o desenvolvimento da capacitação para

os diretamente expostos Não conforme

31.8.8.4 Complementação da capacitação Não conforme

31.8.9a Fornecimento de EPI adequado Conforme

31.8.9b Higienização, descontaminação e substituição

de EPi Não conforme

31.8.9c Orientação sobre os dispositivos de proteção Não conforme

31.8.9d Local para guarda de roupas de uso pessoal Conforme

31.8.9e Fornecer água, sabão e toalhas Não conforme

31.8.9f Vestimentas contaminadas fora do ambiente de

trabalho Não conforme

31.8.9g Reutilização de vestimentas sem

descontaminação Não conforme

Page 36: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

32

Tabela 1 – Avaliação de conformidade da Fazenda Escola “Capão da Onça”

com a NR 31* (Brasil, 2005).

(continuação)

Item Descrição Situação

31.8.9h Uso de roupas pessoais durante a aplicação de

agrotóxicos Não conforme

31.8.10 Informações sobre agrotóxicos a todos os

trabalhadores Não conforme

31.8.10.1 Sinalização de áreas tratadas Não conforme

31.8.11 Atendimento a trabalhador com sintomas de

intoxicação Não se aplica

31.8.12a Estado de conservação de equipamentos Conforme

31.8.12b Inspeção de equipamentos antes do uso Conforme

31.8.12c Utilizado para a finalidade indicada Conforme

31.8.12d Operados conforme especificações Conforme

31.9.13 Conservação, manutenção, limpeza e utilização

por pessoas treinadas e protegidas Não conforme

31.8.13.1 Limpeza sem contaminar fontes de água Não conforme

31.8.14 Produtos mantidos em embalagens originais Conforme

31.8.15 Vetada a reutilização de embalagens Conforme

31.8.16 Armazenagem a céu aberto Não conforme

31.8.17 Edificações para armazenamento de agrotóxicos, adjuvantes e

produtos afins

a Paredes e cobertura Conforme

b Acesso restrito Conforme

c Ventilação e que não permita acesso de animais Não conforme

d Sinalização Conforme

e Distante 30 metros de habitações, refeitórios,

fontes de água Conforme

f Limpeza e descontaminação Não conforme

31.8.18 Armazenamento Não conforme

31.8.18a Embalagens sobre estrados e afastadas das

paredes e teto Não conforme

Page 37: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

33

Tabela 1 – Avaliação de conformidade da Fazenda Escola “Capão da Onça”

com a NR 31* (Brasil, 2005).

(continuação)

Item Descrição Situação

31.8.18b Produtos inflamáveis protegidos de fontes de

combustão Conforme

31.8.19 Recipientes para transporte Conforme

31.8.19.1 Transporte simultâneo com outros itens Conforme

31.8.19.2 Descontaminação de veículos utilizados no

transporte Não se aplica

31.8.19.3 Lavagem de veículos em coleções de águas Não se aplica

31.8.19.4 Transporte de pessoas e agrotóxicos Não se aplica

31.9.1 Eliminação de resíduos sem contaminação

ambiental Não conforme

31.9.2 Emissão de resíduos conforme legislação Não conforme

31.9.3 Resíduos perigosos Não conforme

31.9.4 Compostagem Conforme

31.10.1 Adoção de princípios ergonômicos Não conforme

31.10.2 Levantamento de carga manual Conforme

31.10.3 Treinamento para transporte manual de cargas Não conforme

31.10.4 Transporte com auxílio de aparelho mecânico Conforme

31.10.5 Condições de boa postura Conforme

31.10.6 Operações que utilizem os pés ou pedais Conforme

31.10.7 Pausas em atividades realizadas em pé Conforme

31.10.8 Organização do trabalho Conforme

31.10.9 Pausas em atividades que exijam carga

muscular estática ou dinâmica Conforme

31.11.1 Disponibilizar ferramentas adequadas Conforme

31.11.2 Sobre as ferramentas manuais

31.11.2a Devem ser seguras e suficientes Conforme

31.11.2b Devem ser utilizadas para o que se destinam Conforme

31.11.2c Mantidas em perfeito estado de uso Conforme

Page 38: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

34

Tabela 1 – Avaliação de conformidade da Fazenda Escola “Capão da Onça”

com a NR 31* (Brasil, 2005).

(continuação)

Item Descrição Situação

31.11.3 Os cabos das ferramentas Conforme

31.11.4a Ferramentas de corte devem ser transportadas

em bainha Não conforme

31.11.4b Ferramentas de corte devem estar afiadas Conforme

31.12 Máquinas, equipamentos e implementos

31.12.1a Devem ser utilizados para os fins que se

destinam Conforme

31.12.1b Operação por trabalhadores treinados e

qualificados Conforme

31.12.1c Utilização conforme especificações Conforme

31.12.2 Manuais Conforme

31.12.3 Transmissões protegidas Não conforme

31.12.4 Proteção em máquinas com risco de projeção Conforme

31.12.5 Protetores removíveis Não conforme

31.12.6 Estrutura de proteção contra tombamento e

cinto de segurança Não conforme

31.12.7 Vetada execução de serviços em máquinas em

movimento Conforme

31.12.8 Motores de combustão interna em locais

fechados Não se aplica

31.12.9 Plataformas estacionárias Não se aplica

31.12.10 Transporte de pessoas Não conforme

31.12.11 Proteção em partes móveis Não conforme

31.12.12 Alimentação ao nível do solo Não se aplica

31.12.13 Reparo ou substituição de equipamentos Não conforme

31.12.14 Roçadoras com proteção Não conforme

31.12.15 Capacitação de operadores de máquinas Não conforme

31.12.16 Faróis, luzes, sinais sonoros de ré Não conforme

Page 39: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

35

Tabela 1 – Avaliação de conformidade da Fazenda Escola “Capão da Onça”

com a NR 31* (Brasil, 2005).

(continuação)

Item Descrição Situação

31.12.17a Acionamentos pelo operador Conforme

31.12.17b Acionamento fora da zona perigosa Conforme

31.12.17c Desligamento por terceiros em caso de

emergência Não conforme

31.12.17d Acionamento involuntário Conforme

31.12.17e Riscos adicionais Conforme

31.12.17.1 Posição neutra em paradas temporárias Conforme

31.12.18 Correias transportadoras Não se aplica

31.12.19 Locais de movimentação de máquinas, equipamentos e veículos

a Regras de preferência Não conforme

b Distância mínima Não conforme

c Velocidades máximas Não conforme

31.12.20 Motosserras Não se aplica

31.13 Secadores Não se aplica

31.14 Silos Não se aplica

31.15 Acessos e vias de circulação

31.15.1 Vias internas em condições adequadas Conforme

31.15.2 Medidas em circunstâncias de chuva Conforme

31.15.3 Sinalização diurna e noturna Não conforme

31.15.4 Barreiras laterais que impeçam queda Não conforme

31.16 Transporte de trabalhadores Não se aplica

31.17 Transporte de cargas

31.17.1 Método de carga e descarga Conforme

31.17.2 Escadas ou rampas utilizadas em

carregamentos Conforme

31.17.3

Trabalhadores sobre a carga em

descarregamento em caminhões graneleiros

abertos

Não se aplica

31.18 Trabalho com animais

Page 40: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

36

Tabela 1 – Avaliação de conformidade da Fazenda Escola “Capão da Onça”

com a NR 31* (Brasil, 2005).

(continuação)

Item Descrição Situação

31.18.1a Imunização de trabalhadores Conforme

31.18.1b Manipulação e eliminação de secreções,

limpeza e desinfecção das instalações Não conforme

31.18.1c Fornecimentos de desinfetante para

higienização Conforme

31.18.2a Informações sobre aproximação, contato e

imobilização Conforme

31.18.2b Higienização pessoal e do ambiente Conforme

31.18.2c Doenças transmissíveis Conforme

31.18.3 Reutilização de águas para uso humano Conforme

31.18.4 Tração animal Não se aplica

31.19.1a Procedimentos em condições climáticas

desfavoráveis Conforme

31.19.1b Interrupção de atividades em condições

climáticas desfavoráveis Conforme

31.19.1c Atividades de maior esforço pela manhã ou a

tarde Conforme

31.19.2 Terrenos acidentados Não se aplica

31.20 Medidas de proteção pessoal

31.20.1 Fornecimento de EPI gratuitamente Conforme

31.20.1.1 EPI adequado e em perfeito estado Conforme

31.20.1.2 Exigência que os trabalhadores usem o EPI Não conforme

31.20.1.3 Orientação sobre o uso de EPI Não conforme

31.21 Edificações rurais

31.21.1 Estruturas das edificações Não conforme

31.21.2 Pisos internos Conforme

31.21.3 Proteção em aberturas nos pisos e paredes Não conforme

31.21.4 Antiderrapantes em escadas e rampas Conforme

31.21.5 Proteção contra quedas em escadas e rampas Não conforme

Page 41: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

37

Tabela 1 – Avaliação de conformidade da Fazenda Escola “Capão da Onça”

com a NR 31* (Brasil, 2005).

(continuação)

Item Descrição Situação

31.21.6 Corrimão em escadas e rampas com paredes

laterias Conforme

31.21.7 Proteção contra intempéries Não conforme

31.21.8a Proteção contra umidade Conforme

31.21.8b Falta ou excesso de insolação Conforme

31.21.8c Ventilação e iluminação Não conforme

31.21.8d Limpeza e desinfecção Conforme

31.21.8e Saneamento e coleta de água Não conforme

31.21.9 Sistema de ventilação em galpões para

armazenamento de grãos e criação de animais Conforme

31.21.10 Segurança e saúde aos trabalhadores e

residentes Conforme

31.22.1 Perigos de choque em instalações elétricas Conforme

31.22.2 Isolamento de instalações elétricas Conforme

31.22.3 Aterramento de instalação ou peça condutora Conforme

31.22.4 Blindagem de instalações elétricas em contato

com água Não se aplica

31.22.5 Ferramentas em trabalhos em redes

energizadas Não se aplica

31.22.6 Proteção contra descargas atmosféricas Não conforme

31.22.7 Cercas elétricas Não se aplica

31.23.1a Disponibilidade de instalações sanitárias Conforme

31.23.1b Locais para refeição Conforme

31.23.1c Alojamento Não se aplica

31.23.1d Local para preparo de alimentos Conforme

31.23.1e Lavanderias Não se aplica

31.23.2a Áreas de vivência em condições de

conservação, asseio e higiene Conforme

31.23.2b Estrutura em alvenaria, madeira ou equivalente Conforme

Page 42: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

38

Tabela 1 – Avaliação de conformidade da Fazenda Escola “Capão da Onça”

com a NR 31* (Brasil, 2005).

(continuação)

Item Descrição Situação

31.23.2c Piso Conforme

31.23.2d Cobertura Conforme

31.23.2e Iluminação e ventilação Conforme

31.23.2.1 Utilização das áreas de vivência apenas para os

fins que se destinam Conforme

31.23.3 Instalações sanitárias

31.23.3.1a Um lavatório a cada 20 trabalhadores Conforme

31.23.3.1b Um vaso sanitário a cada 20 trabalhadores Conforme

31.23.3.1c Um mictório a cada 10 trabalhadores Não conforme

31.23.3.1d Um chuveiro a cada 10 trabalhadores Conforme

31.23.3.2a Portas de acesso que impeçam o

devassamento Conforme

31.23.3.2b Separação por sexo Não conforme

31.23.3c Localização Conforme

31.23.3d Dispor de água limpa e papel higiênico Conforme

31.23.3e Ligadas a fossa, esgoto ou similar Conforme

31.23.3f Recipiente para coleta de lixo Conforme

31.23.3.3 Água para banho Conforme

31.23.3.4 Sanitários em frentes de trabalho Não se aplica

31.23.4 Locais para refeição

31.23.4.1a Higiene e conforto das instalações Conforme

31.23.4.1b Capacidade de atendimento Conforme

31.23.4.1c Água limpa para higienização Conforme

31.23.4.1d Mesas com tampos lisos e laváveis Conforme

31.23.4.1e Assentos suficientes Conforme

31.23.4.1f Água potável Conforme

31.23.4.1g Depósito de lixo com tampa Conforme

31.23.4.2 Local para guarda de refeições Conforme

31.23.4.3 Abrigos para refeições em frentes de trabalho Não se aplica

Page 43: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

39

Tabela 1 – Avaliação de conformidade da Fazenda Escola “Capão da Onça”

com a NR 31* (Brasil, 2005).

(conclusão)

Item Descrição Situação

31.23.5 Alojamentos Não se aplica

31.23.6.1 Locais para preparo de alimentos

31.23.6.2 Locais para refeições e alojamentos sem

ligação direta Não se aplica

31.23.7 Lavanderias Não se aplica

31.23.8 Garantias aos trabalhadores de empresas

contratadas Conforme

31.23.9 Disponibilizar água potável Conforme

31.23.10 Proibida a utilização de copos coletivos Conforme

31.23.11 Moradias

31.23.11.1a Dimensionamento Conforme

31.23.11.1b Paredes em alvenaria ou madeira Conforme

31.23.11.1c Pisos Conforme

31.23.11.1d Condições sanitárias Conforme

31.23.11.1e Ventilação e iluminação Conforme

31.23.11.1f Cobertura Conforme

31.23.11.1g Poço ou caixa de água Conforme

31.23.11.1h Fossa sépticas ou esgoto Conforme

31.23.11.2 Distância mínima de 50 metros de construções

para outros fins Conforme

31.23.11.3 Vetada a moradia coletiva de famílias Conforme

*Apenas itens passíveis de atribuição de infração.

Dos 273 itens listados, verifica-se que 131 (47,98%) estão em

conformidade com preceitos estabelecidos na NR 31, 74 itens (27,11%) não

estão em conformidade e 68 itens (24,91%) não se aplicam, considerando

apenas os que são passiveis de atribuição de infração. Considerando apenas

os itens que se aplicam à situação atual da Fazenda Escola, ou seja, 205 itens,

as conformidades somam 63,90% e as não conformidades 36,09%.

Page 44: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

40

É possível destacar que o item 31.8, referente a Agrotóxicos,

Adjuvantes e Produtos Afins acumula 16 situações em não conformidade,

dentre as 26 descritas neste tópico da NR 31.

Os resultados indicam que as condições de segurança de trabalho na

Fazenda Escola precisam ser melhoradas através de medidas administrativas

e de proteção coletiva.

Page 45: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

41

6 CONCLUSÃO Iniciativas para a proteção dos trabalhadores podem ser notadas em

equipamentos e máquinas, porém sem muita manutenção dos sistemas de

proteção adotados. Além de sistemas de proteção coletiva, os equipamentos

para proteção individual também são disponibilizados;

A situação que apresenta maior quantidade de riscos à segurança e saúde

do trabalhador está na atividade de aplicação de agrotóxicos;

Além das medidas que já foram tomadas, é preciso realizar treinamentos de

capacitação e fornecer mais informações sobre saúde e segurança do

trabalho aos funcionários;

As instalações utilizadas para as atividades agropecuárias precisam de

manutenção e adequações para cumprir as normas de segurança do

trabalho;

O uso de EPI deve ser incentivado e é necessário disponibilizar material para

atendimento de primeiros socorros e treinar pessoas para que façam algum

possível atendimento;

O local estudado atende aproximadamente 64% dos preceitos estabelecidos

na NR 31 dentre os 205 itens atualmente aplicáveis à Fazenda Escola e

passíveis de atribuição de infração.

Page 46: "Capão da Onça" com a Norma Regulamentadora 31

42

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