capacitação em mapeamento e gerenciamento de risco.pdf

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  • MINISTRIO DAS CIDADES

    Capacitao emMapeamento e Gerenciamento de Risco

  • Presidente da RepblicaLus Incio Lula da Silva

    Ministro das CidadesMrcio Fortes de Almeida

    Secretria Nacional de Programas UrbanosRaquel Rolnik

    Diretor de Assuntos Fundirios UrbanosCelso Santos Carvalho

    Colaborador - Cities AllianceThiago Galvo

    Universidade Federal de Santa CatarinaReitor: Prof. Lcio Jos BotelhoVice Reitor: Prof. Ariovaldo Bolzan

    Centro TecnolgicoDiretor: Prof. Jlio Felipe Szeremeta

    Departamento de Engenharia CivilChefe do Departamento: Prof. Antonio Edsio Jungles.

    Fundao de Amparo Pesquisa e Extenso UniversitriaDiretor Executivo: Prof. Carlos Fernando Miguez

    Centro de Estudos e Pesquisa sobre DesastresSuperviso UFSC: Prof. Antonio Edsio JunglesCoordenador Executivo Prof. Valter Zanela TaniCoordenador Tcnico Prof. Marcos Dalmau

    Engenharia de Gesto do ConhecimentoCoordenador Geral PPEGC Dr. Paulo Mauricio SeligCoordenadores de rea: Dr. Neri dos Santos Dr. Gregrio Jean Varvakis Rados Dr. Roberto Pacheco

    Laboratrio de Educao a Distncia

    Diretor ExecutivoFernando Spanhol

    Coordenao de ProduoAlexandre Peres de Pinho

    Coordenao de ProcessosGreicy Spanhol

    Central de Apoio ao Aluno DistanciaDeise FidelisMrcia Melo

  • Sistema de Identidade VisualNIPE / Design / EGR / CCE / UFSCLuiz Fernando Figueiredo, Dr.Eugenio Merino, Dr.Geisa Golin, DesignerMariana Bugo. Designer

    Redao e Organizao do Contedo Especfico Instituto de Pesquisas Tecnolgicas - IPT

    Agostinho Tadashi OguraEduardo Soares de MacedoFabricio Araujo MirandolaNestor Kenji YoshikawaAlessandra Cristina CorsiKtia CanilMarcelo Fischer GramaniFabiana Checchinato Silva

    Adequao de linguagem & Reviso lingsticaArceloni Neusa VolpatoElizngela Rodrigues Mota

    DiagramaoGeisa Golin, DesignerMariana Bugo, DesignerPatrcia Martins do Vale, Colaboradora

    Modelo EducacionalAlexandre Peres de PinhoFernando SpanholGreicy Spanhol

    Coordenao PedagogicaFernando Spanhol

    Ambiente Virtual de Aprendizagemkmeducation.com.brFbio PolliMrcio SpiesAlessandro Leo Kuntze

    Reproduo de CDdigi3.com.br

    ImpressoGrfica Copiart

  • Apresentao No Brasil, os principais processos associados a desastres

    naturais so os movimentos de massas e as inundaes. Se as inundaes causam elevadas perdas materiais e impactos na sade pblica, so os movimentos de massas escorregamen-tos e processos correlatos que tm causado o maior nmero de vtimas fatais.

    Qualquer sistema de gerenciamento de reas de risco implica, em primeiro lugar, no conhecimento do problema por meio do mapeamento dos riscos, sendo que essas reas podero ser carac-terizadas em seus diferentes nveis de risco, hierarquizadas para o estabelecimento de medidas preventivas e corretivas e administra-das por meio de aes de controle de uso e ocupao do solo.

    Para que equipes municipais desenvolvam seus trabalhos com a melhor qualidade possvel, se faz necessrio o seu trein-amento, inicialmente contemplando o mapeamento de riscos. A estruturao do curso deve permitir a formao ou atualiza-o do conhecimento de profissionais para que esses possam atuar como multiplicadores dos conhecimentos tcnicos e dos mtodos empregados.

    com base nesse principio que o Ministrio das Cidades est promovendo, em parceria com Centro Universitrio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED/UFSC) e o In-stituto de Pesquisas Tecnolgicas (IPT), o Curso de Capacita-o de Tcnicos e Gestores Municipais no Mapeamento e Gerenciamento de Riscos de Deslizamentos em Encostas e Inundaes.

    Realizado na modalidade distncia, esse curso parte inte-grante da Ao de Preveno de Riscos do Programa Urbaniza-o, Regularizao e Integrao de Assentamentos Precrios do Ministrio das Cidades. O pblico-alvo so os tcnicos mu-nicipais, independentemente de sua formao, que atuam na gesto desses problemas.

    O objetivo do curso fortalecer a gesto urbana nas reas sujeitas a fatores de riscos, investindo na capacitao de tcnicos municipais para elaborarem, de forma autnoma, o diagnstico das reas de risco e para a montagem de um sistema municipal de gerenciamento de risco que contemple a participao ativa das comunidades.

    Este livro integra o kit didtico do Curso. Aqui, voc ter uma viso geral sobre o Curso e encontrar os contedos que serviro de base para reconhecer os processos geolgicos mais ocorrentes no seu municpio e saber como se aplicam as tcnicas disponveis para identificar as reas de risco atribuindo nveis hierrquicos.

    Poder consultar tambm, a qualquer momento da realiza-o do Curso, orientaes para estudar a distncia e realizar sua atividade de aprendizagem, aproveitando, assim, toda a es-trutura pedaggica e didtica, planejada e construda para que

  • voc tenha um aprendizado significativo.Temos certeza de que voc estar determinado a contri-

    buir com conhecimento adquirido no curso, acrescido de sua experincia, no sentido de implantar ou otimizar o sistema mu-nicipal de gerenciamento de riscos de deslizamentos em encos-tas e inundaes.

    Desejamos um excelente curso a todos!

    Guia do Aluno

    Considerando que diversas cidades brasileiras possuem reas de risco onde podem ocorrer escorregamentos, enchen-tes e inundaes, o Ministrio das Cidades props, a partir da experincia de algumas instituies que trabalham com o tema, a elaborao de um curso de gerenciamento de reas de risco relativo a esses processos com nfase ao mapeamento de es-corregamentos. Dessa forma, o curso pretende estabelecer um roteiro de cadastro a ser utilizado em todas as cidades brasilei-ras sendo adaptado conforme os tipos de processos caracter-sticos de cada local.

    PBLICO ALVO

    O curso visa atender os profissionais de Prefeituras envolvi-dos com gerenciamento de reas de risco, tais como: arquitetos, engenheiros, gelogos, gegrafos, assistentes sociais, tecnlo-gos, advogados, tcnicos de nvel mdio, fiscais, entre outros.

    OBJETIVO PRINCIPAL

    O objetivo principal deste curso capacitar os tcnicos mu-nicipais para realizar o mapeamento e o gerenciamento de reas de risco sujeitas a escorregamentos, enchentes e inundaes.

  • Carga Horria

    Perodo de Realizao

    Certificao

    40h/aula

    Trinta dias - Acesse: www.ceped.ufsc.br/mapeamento

    Os participantes que concurem o Curso recebero certificado registrado pela UFSC

    Em resumo, para um bom aproveitamento do curso ne-cessrio que voc fique atento para:

    utilizar regularmente os materiais didticos disponibilizados;consultar o CAED quando surgirem dvidas e/ou sugestes;participar dos fruns de discusso;fazer a atividade de aprendizagem e encaminh-la ao

    CAED para avaliao.

    Como ser este curso? O Curso ser realizado na modalidade de educao dis-

    tncia (EaD), por meio do uso de diferentes recursos. Nessa modalidade, o prprio aluno que organiza seu tempo de es-tudo e a elaborao das atividades previstas.

    Para que o estudo distncia se torne possvel necessrio a utilizao de alguns recursos didticos, assim como a dis-ponibilizao de recursos humanos para o acompanhamento sistemtico dos estudantes.

    Para realizar este curso voc recebeu um Kit Didtico for-mado por este livro e um CD. Alm do kit esto sua dis-posio outros recursos, tambm muito importantes para o desenvolvimento de seus estudos, e para a construo do seu conhecimento, so eles:

    01 Site na Internet.Central de Apoio ao Estudante Distncia - CAED.

    OBJETIVO ESPECFICO

    Ao final deste curso, os participantes devero:

    estar capacitados para executar o mapeamento das reas de risco de escorregamentos em seus municpios;

    preparados para elaborar o sistema de gerenciamento de reas de risco.

  • O que eu farei neste curso?

    Voc recebeu um kit didtico contendo o seguinte material:01 Livro (contm o texto base do curso)01 CD (cpia do livro, arquivos de imagens que iro

    auxilia-lo na visualizao dos processos e dos indicadores de risco e arquivos auxiliares)

    Verifique na etiqueta da embalagem do kit se os seus da-dos pessoais, como nome completo e endereo, esto corretos. Esses detalhes so importantes para que voc receba as cor-respondncias e e-mails sem problemas.

    Se os dados da etiqueta no estiverem corretos, entre em contato com a monitoria do CAED.

    Seu login e senha sero enviados por e-mail.t

    Organizando o Estudo

    Leia atentamente as primeiras pginas do livro para ti-rar melhor proveito das informaes e conhecer o crono-grama do curso.

    Trace um plano de estudos para a realizao do curso: destine um tempo para estudar as unidades do livro, participar dos fruns de discusso, elaborar a atividade de aprendizagem e, quando necessrio, entre em contato com seu tutor.

    Organize seus horrios de estudo observando o crono-grama das atividades do Curso.

    Lembre-se! Os prazos devem ser respeitados.

    Estudando o Livro-Texto

    Procure utilizar o livro de maneira integrada com os demais recursos do Curso.

    Anote as dvidas que surgirem durante a leitura e es-clarea-as com os tutores.

    Os textos selecionados so instrumentos pedaggicos importantes no seu processo de aprendizagem.

    Leia atentamente cada unidade para entender todo o assunto.

    Preste ateno nos quadros, cones e ilustraes, eles contm mensagens importantes.

    medida que for lendo, faa intervalos para com-preender a essncia do que foi lido.

    Tenha o hbito de fazer esquemas e anotaes ao lon-go dos textos.

  • Consultando o site do Curso

    Para acessar o site do Curso digite o seguinte endereo: http://www.ceped.ufsc.br/mapeamento e entre com o login e senha que voc recebeu em seu e-mail. Sugerimos que voc o acesse regularmente, pois estaremos disponibilizando as datas das atividades, e demais informaes atualizadas sobre o anda-mento do Curso. Alm disso, o espao de dvidas freqentes tambm ser atualizado constantemente pelos tutores, consti-tuindo-se em excelente ferramenta para consulta das dvidas coletivas e fonte de informaes.

    As ferramentas disponveis no site foram planejadas para permitir o acesso a contedos complementares e informaes atualizadas sobre o andamento do Curso.

    Participando dos fruns de discusso

    Os fruns de discusso so espaos para troca de idias e opinies, entre os cursistas, sobre um tema especfico referente ao contedo do Curso, bem como, para troca de experincias. A par-ticipao dos cursistas no se d ao mesmo tempo, pois cada um insere sua opinio no momento que considerar mais propcio.

    No frum as opinies podem ser inseridas a qualquer hora. Para entrar no frum, acesse o site http://www.ceped.

    ufsc.br/mapeamento, clique no link FRUM. Voc pode responder pergunta inicial, responder uma

    das perguntas dos participantes ou lanar uma nova pergunta.Haver trs fruns de discusso em andamento duran-

    te todo o Curso.Se tiver alguma dvida especfica em relao ao conte-

    do do Curso, entre em contato com seu tutor. No utilize o frum para esta finalidade.

    Elaborando a atividade de aprendizagem

    Para concluir esse curso necessrio realizar a atividade de aprendizagem, que denominamos de Mapeamento de Ris-cos. O principal objetivo dessa atividade fazer com que voc consolide os conhecimentos adquiridos, ao longo do curso, por meio de um estudo preliminar e simplificado de riscos de desastres. Para isso, voc dever identificar os desastres poten-ciais de maior prevalncia em uma regio ou rea de sua es-colha: residncia, empresa, comunidade, bairro ou municpio. E, como concluso do estudo, avaliar a gravidade dos danos e provveis prejuzos s pessoas e ao local afetado.

    Acreditamos que conhecendo e, principalmente, praticando essa forma simplificada de anlise de riscos, voc poder plane-

  • 10

    jar, com qualidade, aes voltadas para preveno aos desastres.

    Leia com ateno as orientaes para elaborar a ativi-dade de aprendizagem deste Curso.

    Certifique-se de que entendeu bem as explicaes para que possa construir a proposta. Em caso de dvida, faa contato com seu tutor.

    Utilize o formulrio no site para enviar a atividade ao CAED.

    Sua atividade ser recebida e avaliada pelo seu tutor/monitor com base na avaliao realizada, o tutor/monitor emite um comentrio (feedback) sobre a atividade para que voc possa analisar os pontos positivos e/ou aqueles que merecerem reviso.

    Lembre-se de que o envio da atividade ao CAED a garantia da concluso e recebimento do certificado do Curso

    Cumprindo as Atividades

    Prezado alunoDurante esse curso voc dever realizar vrias atividades que

    tem por objetivo verificar seu aprendizado, compreenso do contedo e levantar suas dvidas para que possamos auxili-lo no processo de aprendizagem.

    Observe o cronograma de atividades abaixo:

    Orientaes:Como voc pode perceber no cronograma, vrias atividades

    esto propostas. Para facilitar o desenvolvimento de todas importante que voc se organize, determinando um horrio dirio para seus estudos.

    Observe que os jogos interativos e os exerccios esto pre-sentes em seis das oito aulas, so fceis. No entanto, os Fruns (3) que acompanham todo o curso, exigem do aluno maior ateno e tempo de elaborao.

  • 11

    No Frum no basta apenas enviar uma mensagem, im-portante interagir com os colegas, ler suas mensagens, comen-tar, ler os comentrios publicados para voc, permitir um dialogo. Esta atividade tem peso de avaliao maior que as anteriores.

    As atividades principais do processo de avaliao so as de Analise de Campo e o final, de Mapeamento de Riscos. Lembre-se que os dados informados por voc, no Mapeamen-to de Riscos, sero utilizados pelo Ministrio para entender a sua realidade, portanto, no omita ou coloque informaes que no existem.

    Organize-se, lembre-se de estar atento aos prazos e aos pesos de cada avaliao, se necessitar de auxilio, conte com a equipe de tutoria.

    Bons Estudos!

    Interagindo com a Central de Apoio ao Estudante Distncia - CAED

    O CAED uma estrutura organizada para realizar o atendi-mento, o acompanhamento e a avaliao do processo de apre-ndizagem dos cursistas. Conta com uma equipe de Tutores/Monitores, que podem oferecer o subsdio necessrio para o melhor aproveitamento do Curso.

    Os Tutores/Monitores esclarecem as dvidas relacionadas aos aspectos pedaggicos do Curso: contedos, metodologia e elabo-rao da atividade de aprendizagem. Para isso, foram selecionados profissionais com formao especfica na rea deste Curso.

    Eles tambm esclarecero suas dvidas administrativas, como: cadastro, recebimento dos materiais didticos, e emisso de certificados.

    No CAED, cada tutor/monitor ser responsvel por um mesmo grupo de alunos do incio ao fim deste Curso.

    Assim que o Curso comear, voc ir receber um e-mail de apresentao de seu tutor, no qual ele informar nome e horrio de atendimento.

    Procure entrar em contato nos horrios em que seu tu-tor/monitor estar no CAED, para que ele possa acompan-har seus estudos mais sistematicamente e facilitar a troca de informaes, j que ele conhecer o contedo dos seus ltimos contatos.

    Seu tutor/monitor far contato peridico para acom-panhar o andamento de seus estudos. Por isso, importante manter seus dados cadastrais atualizados, principalmente, endereo eletrnico e nmeros de telefone.

  • 12

    Voc poder entrar em contato com nossa equipe utilizan-do os seguintes recursos:

    Horrio de Atendimento do CAEDsegunda a sexta-feira, das 08:00 s 20:00 h.

    Atendimento por Telefone DDG 0800-646 55 77(ligao gratuita)

    Endereo para Correspondncia

    Laboratrio de Educao a Distncia/UFSCCentral de Apoio ao Estudante a Distncia (CAED)Caixa Postal 5067Cep 88040-970 Florianpolis-SC

    Site do Curso http://www.ceped.ufsc.br/mapeamento

    Email

    [email protected]

  • A identificao da uni-dade localiza-se no canto superior das pginas.

    Links : textos localiza-dos nas laterais da pgina que indicam uma informa-o complementar ao tema tratado.

    O nmero da pgina lo-caliza-se no canto inferior da pgina.

    O que voc vai encontrar neste livro

    O livro deste Curso foi organizado para facilitar sua leitura e estudo.

    Para isso, ele contm alguns recursos visuais no decorrer de suas pginas.

  • Sumrio

    1 Aula 01: Introduo ao Gerenciamento de reas de Risco

    2 Aula 02: Conceitos Bsicos de Risco e de reas de Risco

    3 Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

    4 Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

    5

    6 Aula 06: Gerenciamento de reas de Risco Medidas Estruturais e No Estruturais

    7 Aula 07: Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC)

    8

    Aula 05: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Enchentes e Inundaes

    Aula 08: Noes de Sistema de Informaes Geogrficas como Ferramenta na Gesto Municipal

  • Aula 1Introduo aoGerenciamento de reas de Risco

  • Aula

    1

    Fatores econmicos, polticos, so-ciais e culturais contribuem para o avano e a perpetuao do cenrio poltico e social.

    AULA 1Nesta aula voc aprender noes bsicas de gerenciamento

    de rea de risco.

    FIQUE ATENTO!No decorrer desta aula voc vai identificar aes gerais de

    preveno e controle de acidentes e um modelo de abordagem para o gerenciamento de reas de risco.

    INTRODUO AO GERENCIAMENTO DE REAS DE RISCO

    CENRIO POLTICO E SOCIAL

    Nos dias atuais, o aumento do nmero de pessoas vivendo em reas de risco de escorregamentos, enchentes e inunda-es tm sido uma das caractersticas negativas do processo de urbanizao e crescimento das cidades brasileiras, verificado principalmente nas regies metropolitanas.

    Fatores econmicos, polticos, sociais e culturais con-tribuem para o avano e a perpetuao desse quadro indese-jvel. Em linhas gerais o problema de reas de risco geolgico e hidrolgico nas cidades brasileiras pode ser sintetizado no quadro abaixo:

    IDENTIFICAO DO CENRIO

    Crise econmica e social com soluo em longo prazo;Poltica habitacional para baixa renda historicamente ineficiente;Ineficcia dos sistemas de controle do uso e ocupao do solo;Inexistncia de legislao adequada para as reas suscetveis;Inexistncia de apoio tcnico para as populaes;Cultura popular de morar no plano.

    ALTERNATIVAS TCNICAS

    As aes para o controle dos riscos geolgicos e a preveno de acidentes podem ser aplicadas a partir de trs enfoques distin-tos, simultaneamente ou no, conforme observado a seguir.

    Eliminar/Reduzir o RiscoAgindo sobre o processoAgindo sobre a conseqncia

    Evitar a Formao de reas de RiscoControle efetivo do uso do solo

    Conviver com os ProblemasPlanos preventivos de defesa civil

    01Aula 01: Introduo ao Gerenciamento de reas de Risco

  • 20

    Aula 01: Introduo ao Gerenciamento de reas de Risco

    A primeira ao observada visa eliminar ou reduzir o risco agindo sobre o prprio processo - por meio da implantao de medidas estruturais, ou sobre a conseqncia - removendo os moradores das reas de risco.

    A segunda ao visa evitar a formao e o crescimento de reas de risco aplicando um controle efetivo da forma de uso e ocupao do solo, por meio de fiscalizao e de diretrizes tc-nicas que possibilitem a ocupao adequada e segura de reas suscetveis a riscos geolgicos e hidrolgicos.

    A terceira ao visa a convivncia com os riscos geolgi-cos presentes por meio da elaborao e operao de planos preventivos de defesa civil, envolvendo um conjunto de aes coordenadas que objetivam reduzir a possibilidade de ocorrn-cia de perda de vidas humanas, buscando um convvio com as situaes de risco dentro de nveis razoveis de segurana.

    PERGUNTAS BSICAS

    O gerenciamento de reas urbanas com risco de escorrega-mentos, enchentes e inundaes tm como base quatro questes, a partir das quais o trabalho desenvolvido.

    A primeira questo relativa ao tipo de processo a ser ma-peado. Deve-se definir quais os processos presentes e como eles ocorrem, identificando quem so seus condicionantes nat-urais e/ou antrpicos.

    Definidos os processos, o mapeamento identificar onde estes ocorrem e, por meio de estudos de correlao e monito-ramento, ser definido quando o processo ser deflagrado.

    Sabendo o tipo de processo, como, onde e quando ele ocorre, sero definidas as medidas a serem tomadas, sejam de carter estrutural ou no-estrutural.

    Em linhas gerais o quadro abaixo sintetiza as quatro per-guntas bsicas:

    O que e como ocorre? Identificao da Tipologia dos Processos

    Onde ocorrem os problemas? Mapeamento das reas de risco

    Quando ocorrem os problemas? Correlao com condies hidrometeorolgicas adversas, Monitoramento

    Que fazer? Medidas Estruturais e No-Estruturais

    FUNDAMENTOS

    No gerenciamento de reas urbanas com risco de escorre-gamentos, enchentes e inundaes, existem dois fundamentos principais.

    O primeiro fundamento a Previso, que possibilita a

    1.

    2.

    3.

    4.

    O gerenciamento de reas urba-nas com risco de escorregamentos, enchentes e inundaes tm como base quatro questes.

    No mapeamento e gerenciamento de reas urbanas com risco de escor-regamentos, enchentes e inundaes existem dois fundamentos principais.

  • Aula

    21

    identificao das reas de risco e a indicao dos locais onde podero ocorrer acidentes (definio espacial = ONDE), es-tabelecendo as condies e as circunstncias para a ocorrncia dos processos (definio temporal = QUANDO).

    O segundo a Preveno, que fornece a possibilidade de adotar medidas preventivas, visando impedir a ocorrncia dos processos ou reduzir suas magnitudes, minimizando seus im-pactos, agindo diretamente sobre edificaes e/ou a prpria populao.

    MODELO DE ABORDAGEM DA ONU

    No ano de 1991, a UNDRO (Agencia de Coordenao das Naes Unidas para o Socorro em Desastres) elaborou um mtodo para enfrentar os acidentes naturais, que se baseia em duas atividades: preveno e preparao.

    As atividades de preveno esto relacionadas a estudos de natureza tcnico-cientfica, na definio da magnitude de um desastre e no estabelecimento das medidas que possibilitem a proteo da populao e de seus bens materiais. Tais atividades compreendem a fenomenologia dos processos, os estudos de anlise de risco e a formulao de mtodos, tcnicas e aes de preveno de desastres.

    As atividades de preparao tm carter logstico, auxili-ando no enfrentamento de situaes de emergncia ligadas aos trabalhos de defesa civil. So indicadas quais populaes devem ser evacuadas e/ou protegidas quando localizadas em reas de muito alto risco ou logo aps a ocorrncia do processo.

    De acordo com esta linha de abordagem, os programas de Mitigao de Desastres da UNDRO incluem uma seqncia de aes de preveno e preparao, que :

    Identificao dos riscosAnlise dos riscosMedidas de prevenoPlanejamento para situaes de emergnciaInformaes pblicas e treinamento

    Segue a descrio das aes relacionadas a cada uma des-sas atividades, discutindo-se, em linhas gerais, algumas prticas de atuao em relao s reas de risco de escorregamento, enchentes e inundaes.

    IDENTIFICAO DOS RISCOS

    Esta ao se refere aos trabalhos de reconhecimento de ameaas ou perigos e de identificao das respectivas reas de risco. Para cada tipo de ameaa, deve-se entender os fatores condicionantes, os agentes deflagradores e os elementos sob

    As atividades de preveno esto relacionadas a estudos de natureza tcnico-cientfica, na definio da magnitude de um desastre e no estabelecimento das medidas que possibilitem a proteo da popula-o e de seus bens materiais.

    A ao de identificao de risco se refere aos trabalhos de reconheci-mento de ameaas ou perigos e de identificao das respectivas reas de risco de um determinado local.

    Aula 01: Introduo ao Gerenciamento de reas de Risco01

  • 22

    risco de acidentes. Os trabalhos de identificao apresentam-se, geralmente, sob a forma de mapas de identificao espacial das reas de risco. Estudos de retro-anlise de acidentes associados aos diferentes tipos de processos passveis de ocorrer em uma dada localidade so um dos mtodos aplicados na identificao dos riscos para o reconhecimento prvio do problema.

    ANLISE DE RISCOS

    A anlise de riscos inicia-se a partir dos resultados gera-do pela identificao dos riscos, objetivando reconhecer mais detalhadamente o cenrio presente num determinado espao fsico, de acordo com os diferentes tipos de processos previa-mente reconhecidos.

    Esse tipo de anlise pode ser realizado, tanto para uma rea restrita, quanto para um conjunto de reas, envolvendo:

    Estudos de caracterizao fenomenolgica Quantificao relativa e/ou absolutaZoneamentoCadastramento de riscoCarta de riscoCodificao e hierarquizao de riscoAvaliao de possveis cenrios de acidentes

    Estes estudos possibilitam um melhor reconhecimento do grau de risco efetivo em cada rea, o que possibilita a definio das medidas mais adequadas de preveno de acidentes.

    MEDIDAS DE PREVENO DE ACIDENTES

    A partir dos dados obtidos nos estudos de anlise de risco so realizadas atividades para o gerenciamento propriamente dito das reas de risco. O gerenciamento do problema com-preende a definio, formulao e execuo de medidas estrut-urais e no estruturais mais adequadas ou factveis de serem ex-ecutadas, a curto, mdio e longo prazo, no sentido de reduzir o risco de acidentes. Os produtos obtidos nos estudos de anlise de risco permitem a formulao de um plano de preveno de acidentes. Este plano deve priorizar a aplicao de medidas de preveno nas reas que apresentam os cenrios de risco mais crticos, considerando as avaliaes de custo/benefcio para as medidas passveis de serem implantadas. Estas medidas podem ser estruturais ou no estruturais, sendo detalhadas na aula 6: Gerenciamento de reas de Risco - Medidas Estruturais e No Estruturais.

    Para cada tipo de ameaa, deve-se entender os fatores condicionantes, os agentes deflagradores e os ele-mentos, sob risco de acidentes.

    O gerenciamento de reas de risco compreende a definio, formula-o e execuo de medidas estrut-urais e no estruturais mais adequa-das ou factveis para a preveno de acidentes.

    Aula 01: Introduo ao Gerenciamento de reas de Risco

  • Aula

    23

    PLANEJAMENTO PARA SITUAES DE EMERGNCIA

    No caso dos desastres naturais, os acidentes podem acon-tecer mesmo sendo realizadas diversas aes estruturais e no estruturais de preveno. Para poder enfrentar condies po-tencialmente adversas, h que se planejar aes logsticas para o atendimento das emergncias. O planejamento para situaes de emergncia trata, principalmente, de determinar como uma dada populao em uma rea de risco deve ser evacuada pre-ventivamente ou protegida quando um risco muito alto. Den-tre os trabalhos a serem realizados, constam:

    Determinao da fenomenologia preliminar, causas, evoluo, rea de impacto

    Delimitao da rea de risco para remoo da populaoObras emergnciaisOrientao do resgateSistema de monitoramento da rea Recomendaes para o retorno da populao

    INFORMAES PBLICAS E TREINAMENTO

    A existncia de um sistema educativo eficaz, que gere e di-funda uma cultura de preveno, o melhor instrumento para reduzir os desastres. Essa educao deve abranger todos os nveis de ensino, com a incluso de conhecimentos e experin-cias locais, solues pragmticas e que possam ser colocadas em prtica pela prpria populao.

    Devem ser organizados cursos, oficinas, palestras, manuais, livros e cartilhas que possibilitem a capacitao de equipes locais e populao, alm dos meios massivos de informao como rdio, televiso e imprensa escrita, devem ser incentivados. O contedo desses instrumentos deve abranger a identificao dos perigos, vulnerabilidades, medidas de preveno e mitigao, legislao e sistemas de alerta.

    RESUMO: Nesta aula voc aprendeu a necessidade de identificar o cenrio para mapear a rea de risco e definir o pro-cesso e as medidas a serem tomadas. Viu que no mapeamento e gerenciamento de reas urbanas existem dois fundamentos principais que so: Previso e Preveno. E, que, na identifica-o dos riscos deve-se identificar os fatores condicionantes, os agentes deflagradores e os elementos sob o risco de acidentes, bem como, analisar o cenrio de determinado espao fsico de acordo com os diferentes tipos de processo. E, ainda, viu que ne-cessrio planejamento para situaes de emergncia, pois acidentes podem ocorrer mesmo sendo realizadas diversas aes de preveno.

    VEJA NO SITE O EXERCCIO DESTE CAPTULO

    O melhor instrumento para reduzir os desastres a existncia de um sistema educativo eficaz, que gere e difunda uma cultura de preven-o. Estas aes podem acontecer atravs de cursos, oficinas ou man-uais que capacitem pessoas a atuar nas diversas necessidades.

    01Aula 01: Introduo ao Gerenciamento de reas de Risco

  • Aula 2Conceitos Bsicos de Risco e de reas de Risco

  • Aula

    2

    AULA 2Nesta aula voc aprender a homogeneizar a terminologia

    utilizada pelos profissionais.

    FIQUE ATENTO!Nesta aula se pretende conscientizar os profissionais que

    h variaes nas terminologias empregadas e homogeneizar o entendimento das equipes tcnicas e dos profissionais con-ceituando os termos mais utilizados.

    CONCEITOS BSICOS DE RISCO E DE REAS DE RISCO

    Embora as ltimas dcadas tenham assistido a um crescen-te avano tcnico-cientfico em relao rea de conhecimen-tos sobre riscos naturais, a terminologia usualmente empregada pelos profissionais que atuam com o tema ainda encontra muita variao em sua definio.

    Termos como evento, acidente, desastre, perigo, ameaa, sus-cetibilidade, vulnerabilidade, risco e o muito discutido hazard, ai-nda no encontraram definies unnimes entre os seus usurios.

    Para homogeneizar o entendimento das equipes tcnicas, so propostas as seguintes definies dos termos mais utilizados:

    EVENTOFenmeno com caractersticas, dimenses e localizao

    geogrfica registrada no tempo.

    PERIGO (HAZARD)Condio com potencial para causar uma conseqncia

    desagradvel.

    VULNERABILIDADEGrau de perda para um dado elemento ou grupo dentro de

    uma rea afetada por um processo.

    SUSCETIBILIDADEIndica a potencialidade de ocorrncia de processos naturais

    e induzidos em reas de interesse ao uso do solo, expressando-se segundo classes de probabilidade de ocorrncia.

    RISCOProbabilidade de ocorrer um efeito adverso de um proces-

    so sobre um elemento. Relao entre perigo e vulnerabilidade, pressupondo sempre a perda.

    A terminologia que tem sido em-pregada nesta rea ainda encontra muita variao em sua definio.

    Aula 02: Conceitos Bsicos de Risco e de reas de Risco02

  • 2

    REA DE RISCOrea passvel de ser atingida por processos naturais e/ou

    induzidos que causem efeito adverso. As pessoas que habitam essas reas esto sujeitas a danos integridade fsica, perdas materiais e patrimoniais. Normalmente, essas reas correspon-dem a ncleos habitacionais de baixa renda (assentamentos precrios).

    RESUMO: Nesta aula voc descobriu que no h unanimi-dade nas terminologias utilizadas pelos profissionais que atuam com reas de risco e acompanhou a tentativa de padronizar os termos mais utilizados com a sua respectiva definio.

    VEJA NO SITE O EXERCCIO DESTE CAPTULO.

    Aula 02: Conceitos Bsicos de Risco e de reas de Risco

  • Aula 3Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

  • Aula

    31

    Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

    AULA 3Nesta aula voc aprender a mapear as reas de risco de

    escorregamentos.

    FIQUE ATENTO!H diversos tipos de escorregamentos e portanto, ne-

    cessrio diferenci-los para, a partir das causas e condiciona-ntes, identificar, analisar e mapear as reas de risco para definir a melhor interveno em reas de ocupao urbana.

    IDENTIFICAO, ANLISE E MAPEAMENTO DE REAS DE RISCO DE ESCORREGAMENTOS

    A paisagem de nosso planeta dinmica, sendo caracterizada por

    uma constante mudana nas suas formas. Parte destas mudanas ne-cessita de milhares de anos para completar seu ciclo, outras ocorrem relativamente rpido, sendo perceptveis na escala de tempo humana.

    As encostas constituem uma conformao natural de terre-no, originadas pela ao de foras externas e internas, atravs de agentes geolgicos, climticos, biolgicos e aes humanas que vm, atravs dos tempos, esculpindo a superfcie da Terra.

    (*) Link 1 Acesse o CD para melhor vislumbrar as figuras.

    CONCEITOS

    Solo - material decomposto da rocha, cujos constituintes re-sumem-se a partculas de areia, silte e argila, matria orgnica, gua e ar. Os solos se diferenciam dependendo da razo entre esses compo-nentes e apresentam textura, cor, estrutura e densidades variveis.

    Rocha - um agregado natural, composto de alguns min-erais ou de um nico mineral, classificada pelo seu processo de origem como rochas gneas (granitos, basalto), rochas sedimen-tares (arenitos, siltitos), e rochas metamrficas (xistos, gnaisses).

    Macio Rochoso - so grandes massas de rocha situa-dos no local de origem, que podem estar sujeitos a proces-sos de instabilidade de blocos rochosos.

    Blocos rochosos - o termo bloco rochoso usado para qualquer fragmento mtrico de rocha, independente de sua origem. Os termos lasca ou laje rochosa so utilizados para informar a sua forma geomtrica. O termo mataco refere-se a blocos arredondados, aflorantes ou imersos no solo, cuja forma geomtrica elipsoidal a esfrica (oval a arredondado), sendo originado pelo processo de alterao das rochas.

    Afloramento rochoso = denomina-se afloramento ro-choso a exposio de parte do macio rochoso, so ou alterado.

    03

  • 32

    Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

    Encosta = pode ser entendida como toda superfcie natural inclinada (declive), que une duas outras superfcies caracterizadas por diferentes energias potencias gravitacionais.

    Taludes Naturais = so definidos como encostas de macios terrosos, rochosos ou mistos, de solo e rocha, de superfcie no horizontal, originados por agentes naturais.

    Figura 3.1 Perfil de encosta ou talude natural

    Talude de Corte = definido como um talude, re-sultante de algum processo de escavao promovido pelo homem.

    Talude de Aterro = Refere-se aos taludes originados pelo aporte de materiais, tais como, solo, rocha e rejeitos industriais ou de minerao

    Figura 3.2 Perfil de encosta com taludes de corte e aterro.

    ELEMENTOS GEOMTRICOS BSICOS DO TALUDE

    Inclinao, declividade, amplitude e perfil so os principais elementos geomtricos de uma encosta ou talude.

    A inclinao traduz o ngulo mdio da encosta com o eixo horizontal medido, geralmente, a partir de sua base. (inclinao = ARCTAN (H/L)).

    INCLINAOArco tangente da amplitude (H) dividida pelo comprimen-

    to na horizontal (L).

    Figura 3.3 Clculo da inclinao de uma encosta.

    O termo encosta utilizado em caracterizaes regionais, enquanto que talude natural mais emprega-do em descries locais, preferen-cialmente, por profissionais atu-antes em geotecnia.

  • Aula

    33

    Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

    A declividade representa o ngulo de inclinao em uma relao percentual entre o desnvel vertical (H) e o comprimen-to na horizontal (L) da encosta (declividade = H/L X 100).

    DECLIVIDADEPorcentagem da amplitude (H) dividida pelo comprimento

    na horizontal (L).

    Figura 3.4 Clculo da declividade.

    O quadro abaixo apresenta a relao entre os valores de de-clividade e inclinao. Ressalta-se que esta relao no proporcional.

    Figura 3.5 Tabela de converso entre os valores de declividade e inclinao.

    O QUE SO ESCORREGAMENTOS

    O termo genrico escorregamentos engloba uma variedade de tipos de movimentos de massa de solos, rochas ou detritos, gerados pela ao da gravidade, em terrenos inclinados, tendo como fator deflagrador principal a infiltrao de gua, princi-palmente das chuvas.

    Podem ser induzidos, gerados pelas atividades do homem que modifica as condies naturais do relevo, por meio de cor-tes para construo de moradias, aterros, lanamento concen-trado de guas sobre as vertentes, estradas e outras obras. Por isso, a ocorrncia de deslizamentos resulta da ocupao inade-quada, sendo, portanto, mais comum em zonas com ocupaes precrias de baixa renda.

    Os deslizamentos podem ser previstos, ou seja, se pode conhecer previamente onde, em que condies vo ocorrer e qual ser a sua magnitude. Para cada tipo de deslizamento ex-istem medidas no estruturais e estruturais de controle.

    Escorregamentos so decorrentes de uma variedade de tipos de movi-mentos de solos, rochas ou detritos. Deslizamentos, que so movimen-tos de solo e rocha, so causados pela infiltrao de gua das chuvas. Estes movimentos podem ser in-duzidos, mas tambm podem ser previstos.

    03

  • 34

    TIPOS DE ESCORREGAMENTOS Existem diversas classificaes nacionais e internacionais

    relacionadas a escorregamentos. Aqui ser adotada a classifi-cao proposta por Augusto Filho (1992), onde os movimen-tos de massa relacionados a encostas so agrupados em quatro grandes classes de processos: Rastejos, Escorregamentos, Que-das e Corridas.

    RASTEJOOs rastejos so movimentos lentos, que envolvem grandes

    massas de materiais, cujo deslocamento resultante ao longo do tempo mnimo (mm a cm/ano).

    Este processo atua sobre os horizontes superficiais do solo, bem como, horizontes de transio solo/rocha e at mesmo rocha, em profundidades maiores. Tambm so includos neste grupo o rastejo em solos de alterao (originados no prprio local) ou em corpos de tlus (tipo de solo proveniente de out-ros locais, transportado para a situao atual por grandes movi-mentos gravitacionais de massa, apresentando uma disposio catica de solos e blocos de rocha, geralmente, em condies de baixa declividade).

    Este processo no apresenta umasuperfcie de ruptura definida (plano de movimentao), e as evidncias da ocorrn-cia deste tipo de movimento so trincas verificadas em toda a extenso do terreno natural, que evoluem vagarosamente, bem como as rvores, que apresentam inclinaes variadas.

    Sua principal causa antrpica a execuo de cortes em sua ex-tremidade mdia inferior, o que interfere na sua precria instabilidade.

    Figura 3.6 rvores inclinadas e Figura 3.7 Perfil esquemtico degraus de abatimento podem do processo de rastejo. indicar processos de rastejo.

    ESCORREGAMENTOS PROPRIAMENTE DITOSOs escorregamentos so processos marcantes na evoluo

    das encostas, caracterizando-se por movimentos rpidos (m/h a m/s), com limites laterais e profundidade bem definidos (superfcie de ruptura). Os volumes instabilizados podem ser facilmente identificados, ou pelo menos inferidos. Podem en-volver solo, saprolito, rocha e depsitos. So subdivididos em funo do mecanismo de ruptura, geometria e material que mobilizam.

    O principal agente deflagrador destes processos so as chu-vas. Os ndices pluviomtricos crticos variam de acordo com

    Escorregamentos so processos marcantes na evoluo das encos-tas, caracterizando-se por movi-mentos rpidos (m/h a m/s), com limites laterais e profundidade bem definidos.

    Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

  • Aula

    3

    a regio, sendo menores para os escorregamentos induzidos e maiores para os generalizados.

    Existem vrios tipos de escorregamentos propriamente ditos: planares ou translacionais, os circulares ou rotacionais, os em cunha e os induzidos. A geometria destes movimentos varia em funo da existncia ou no de estruturas ou planos de fraqueza nos materiais movimentados, que condicionem a formao das superfcies de ruptura.

    Os escorregamentos planares ou translacionais em solo so processos muito freqentes na dinmica das encostas serranas brasileiras, ocorrendo predominantemente em solos pouco de-senvolvidos das vertentes com altas declividades. Sua geometria caracteriza-se por uma pequena espessura e forma retangular estreita (comprimentos bem superiores s larguras). Este tipo de escorregamento tambm pode ocorrer associado a solos saprolticos, saprolitos e rocha, condicionados por um plano de fraqueza desfavorvel estabilidade, relacionado a estruturas geolgicas diversas (foliao, xistosidade, fraturas, falhas, etc.).

    Figura 3.8 Acidente de Figura 3.9 Perfil esquemtico de escorregamentos planares escorregamentos planares. induzidos pela ocupao.

    Os escorregamentos circulares ou rotacionais possuem su-perfcies de deslizamento curvas, sendo comum a ocorrncia de uma srie de rupturas combinadas e sucessivas. Esto as-sociadas a aterros, pacotes de solo ou depsitos mais espessos, rochas sedimentares ou cristalinas intensamente fraturadas. Possuem um raio de alcance relativamente menor que os es-corregamentos translacionais.

    Figura 3.10 Escorregamento Figura 3.11 Perfil esquemtico do circular ou rotacional. escorregamento circular ou rotacional.

    Os escorregamentos em cunha esto associados a sapro-litos e macios rochosos, onde a existncia de dois planos de fraqueza desfavorveis estabilidade condicionam o desloca-

    03Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

  • 3

    Figura 3.12 Escorregamento Figura 3.13 Perfil esquemtico de em cunha ou estruturado. um escorregamento em cunha ou estruturado.

    Os escorregamentos induzidos, ou causados pela ao an-trpica, so aqueles cuja deflagrao causada pela execuo de cortes e aterros inadequados, pela concentrao de guas pluviais e servidas, pela retirada da vegetao, etc. Muitas vezes, estes escorregamentos induzidos mobilizam materiais produzi-dos pela prpria ocupao, envolvendo massas de solo de dimen-ses variadas, lixo e entulho.

    Em geral, a evoluo da instabilizao das encostas acaba por gerar feies que permitem analisar a possibilidade de rup-tura. As principais feies de instabilidade, que indicam a im-inncia de escorregamentos so representadas por fendas de trao na superfcie dos terrenos, ou aumento de fendas preex-istentes, pelo embarrigamento de estruturas de conteno, pela inclinao de estruturas rgidas, como postes, rvores, etc., degraus de abatimento e trincas no terreno e nas moradias.

    QUEDASOs movimentos do tipo queda so extremamente rpidos

    (da ordem de m/s) e envolvem blocos e/ou lascas de rocha em movimento de queda livre, instabilizando um volume de rocha relativamente pequeno.

    A ocorrncia deste processo est condicionado presena de afloramentos rochosos em encostas ngremes, abruptas ou taludes de escavao, tais como, cortes em rocha, frentes de lavra, etc., sendo potencializados pelas amplitudes trmicas, atravs da dilatao e contrao da rocha. As causas bsicas deste processo so as descontinuidades do macio rochoso, que propiciam isolamento de blocos unitrios de rocha, subpresso atravs do acmulo de gua, descontinuidades ou penetrao de razes. Pode ser acelerado pelas aes antrpicas, como, por exemplo, vibraes provenientes de detonaes de pedreiras prximas. Frentes rochosas de pedreiras abandonadas podem resultar em reas de instabilidade decorrentes da presena de blocos instveis remanescentes do processo de explorao.

    Movimentos do tipo queda so ex-tremamente rpidos (da ordem de m/s) e envolvem blocos e/ou lascas de rocha em movimento de queda livre, instabilizando um volume de rocha relativamente pequeno.

    Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

  • Aula

    3

    Figura 3.14 rea de risco de Figura 3.15 Perfil esquemticoprocessos de queda do processo de queda de blocos.de blocos rochosos.

    Alm da queda, existem mais dois processos envolvendo afloramentos rochosos, o tombamento e o rolamento de blocos.

    O tombamento, tambm conhecido como basculamento, acon-tece em encostas/taludes ngremes de rocha, com descontinuidades (fraturas, diclases) verticais. Em geral, so movimentos mais lentos que as quedas e ocorrem principalmente em taludes de corte, onde a mudana da geometria acaba desconfinando estas descontinuidades e propiciando o tombamento das paredes do talude.

    Figura 3.16 Situao de risco de tombamento de bloco rochoso.

    O rolamento de blocos, ou rolamento de mataces, um processo comum em reas de rochas granticas, onde existe maior predisposio a originar mataces de rocha s, isolados e expostos em superfcie. Estes ocorrem naturalmente quando processos erosivos removem o apoio de sua base, condicio-nando um movimento de rolamento de bloco. A escavao e a retirada do apoio, decorrente da ocupao desordenada de uma encosta, a ao antrpica mais comum no seu desencadeamento.

    Figura 3.17 Situao de risco de Figura 3.18 Perfil esquemtico rolamento de bloco rochoso. de rolamento de bloco rochoso.

    Tombamento ou basculamento e Rolamento de blocos so mais dois processos envolvendo afloramen-tos rochosos.

    03Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

  • 3

    CORRIDAS DE MASSA As corridas de massa so movimentos gravitacionais de

    massa complexos, ligados a eventos pluviomtricos excepcio-nais. Ocorrem a partir de escorregamentos nas encostas e mo-bilizam grandes volumes de material, sendo o seu escoamento ao longo de um ou mais canais de drenagem, tendo comporta-mento lquido viscoso e alto poder de transporte.

    Estes fenmenos so bem mais raros que os escorregamen-tos, porm podem provocar conseqncias de magnitudes bem superiores, devido ao seu grande poder destrutivo e extenso raio de alcance, mesmo em reas planas.

    As corridas de massa abrangem uma gama variada de de-nominaes na literatura nacional e internacional (corrida de lama, mud flow, corrida de detritos, corrida de blocos, debris flow, etc.), principalmente em funo de suas velocidades e das caractersticas dos materiais que mobilizam.

    Figura 3.19 Acidente associado ao Figura 3.20 Perfil esquemtico de processo do tipo corrida. processos do tipo corrida.

    Observa-se abaixo na tabela 3.1 os tipos de escorregamen-to/processo segundo a classificao de Augusto Filho (1992).

    Tabela 3.1 - Tipos de escorregamento / processo (Augusto Filho, 1992).

    Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

  • Aula

    3

    CONDICIONANTES E CAUSAS DOS ESCORREGAMENTOS

    Os escorregamentos ocorrem sob a influncia de condicionantes naturais, antrpicos, ou ambos. As causas destes processos devem ser entendidas, a fim de se evitar e controlar escor-regamentos similares.

    CONDICIONANTES NATURAIS Os condicionantes naturais podem ser separados em dois

    grupos, o dos agentes predisponentes e o dos agentes efetivos.Os agentes predisponentes so o conjunto das caractersti-

    cas intrnsecas do meio fsico natural, podendo ser diferencia-dos em complexo geolgico-geomorfolgico (comportamen-to das rochas, perfil e espessura do solo em funo da maior ou menor resistncia da rocha ao intemperismo) e complexo hidrolgico-climtico (relacionado ao intemperismo fsico-qumico e qumico). A gravidade e a vegetao natural tambm podem estar inclusos nesta categoria.

    Os agentes efetivos so elementos diretamente respon-sveis pelo desencadeamento do movimento de massa, sendo estes diferenciados em preparatrios (pluviosidade, eroso pela gua e vento, congelamento e degelo, variao de temperatura e umidade, dissoluo qumica, ao de fontes e mananciais, oscilao do nvel de lagos e mars e do lenol fretico, ao de animais e humana, inclusive desflorestamento) e imediatos (chuva intensa, vibraes, fuso do gelo e neves, eroso, ter-remotos, ondas, vento, ao do homem, etc.).

    Outros condicionantes naturais de grande importncia so as caractersticas intrnsecas dos macios naturais (rochosos e terrosos), a cobertura vegetal, a ao das guas pluviais (satura-o e/ou elevao do lenol fretico, gerao de presses neu-tras e foras de percolao, distribuio da chuva no tempo), alm dos processos de alterao da rocha e de eroso do mate-rial alterado.

    CONDICIONANTES ANTRPICOS Dentre os vrios condicionantes antrpicos, pode-

    se citar como principais deflagradores de escorregamentos a remoo da cobertura vegetal, lanamento e concentrao de guas pluviais e/ou servidas, vazamento na rede de gua e es-goto, presena de fossas, execuo de cortes com alturas e in-clinaes acima de limites tecnicamente seguros, execuo defi-ciente de aterros (compactao, geometria, fundao), execuo de patamares (aterros lanados) com o prprio material de escavao dos cortes, o qual simplesmente lanado sobre o terreno natural, lanamento de lixo nas encostas/taludes, reti-rada do solo superficial expondo horizontes mais suscetveis, deflagrando processos erosivos, bem como elevando o fluxo de gua na massa do solo. Um grande problema presente em

    03Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

  • 40

    reas de assentamentos precrios urbanos a implantao de obras que provocam a obstruo da drenagem natural, levando a saturao do solo e reduo de sua resistncia, problema que agravado pelo lanamento de detritos e lixo e pela ao das chuvas de vero.

    Raramente um escorregamento pode ser associado a um nico e definitivo fator condicionante, deve ser observado como o produto de uma cadeia de fatores e efeitos que acabam determinando sua deflagrao. A identificao precisa dos el-ementos responsveis pela deflagrao dos escorregamentos e dos processos correlatos fundamental para a adoo de medi-das corretivas ou preventivas mais acertadas do ponto de vista tcnico e econmico.

    IDENTIFICAO, ANLISE E MAPEAMENTO DE RISCO EM OCU-PAES URBANAS PRECRIAS

    TIPOS DE MAPEAMENTOSDentre os tipos de mapeamentos existentes, trs podem

    ser destacados, os quais, conjuntamente, resultaro no mapa de risco de uma determinada rea.

    O primeiro mapa a ser elaborado o mapa de inventrio. Este mapa a base para a elaborao da carta de suscetibilidade e do mapa de risco. So suas caractersticas:

    distribuio espacial dos eventos;contedo: tipo, tamanho, forma e estado de atividade;informaes de campo, fotos e imagens.

    Tendo o mapa de inventrio em mos, pode-se iniciar a elaborao do mapa de suscetibilidade. Este muito importante para a elaborao de medidas de preveno e planejamento do uso e ocupao, pois indica a potencialidade de ocorrncia de processos naturais e induzidos em reas de risco, expressando a suscetibilidade segundo classes de probabilidade de ocorrncia. Apresenta as seguintes caractersticas:

    baseado no mapa de inventrio;mapas de fatores que influenciam a ocorrncia dos eventos;correlao entre fatores e eventos;classificao de unidades de paisagem em graus

    de suscetibilidade;Tendo o mapa de inventrio e o de suscetibilidade para se

    basear, inicia-se a elaborao do mapa de risco. Este mapa pre-ponderar a avaliao de dano potencial ocupao, expresso segundo diferentes graus de risco, resultantes da conjuno da probabilidade de ocorrncia de processos geolgicos naturais ou induzidos, e das conseqncias sociais e econmicas decor-rentes. Suas caractersticas principais so:

    contedo: probabilidade temporal e espacial, tipologia e comportamento do fenmeno;

    vulnerabilidade dos elementos sob risco;

    Mapeamento resulta de um mapa de risco de uma determinada rea.

    Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

  • Aula

    41

    custos dos danos;aplicabilidade temporal limitada.

    MTODOS DE MAPEAMENTOSAnteriormente foram observados os tipos de mapeamentos

    existentes na identificao de riscos geolgicos. Alm da dife-rena entre os tipos de mapeamento, existem tambm diferentes mtodos de mapeamentos, que sero apresentados a seguir.

    O primeiro mtodo a ser apresentado o Heurstico. Este mtodo o mais subjetivo, fornecendo algum nvel de incerte-za. Pode ser feito a partir do mapeamento direto, baseado em levantamentos de campo e mapa de detalhe. o mtodo onde a experincia do profissional mais determinante.

    Outro mtodo o Determinstico, que utiliza modelos e quantificao, sendo dependente da quantidade e da qualidade dos dados disponveis. Pode apresentar desvantagens devido a sua simplificao, diretamente ligada a variabilidade dos parmetros.

    O ltimo mtodo o de mapeamento estatstico. Para di-minuir a subjetividade, baseado em padres mensurados, uti-lizando modelo estatstico para a correlao entre eventos e fatores. Como no mtodo anterior, h a dependncia da quan-tidade e da qualidade dos dados.

    Os mtodos mais utilizados em mapeamentos de risco em ocupaes urbanas precrias so o Heurstico e o Determinsti-co, pois estes apresentam caractersticas mais simples e podem ser elaborados mesmo sem dados estatsticos.

    PROPOSTA DE MTODO PARA MAPEAMENTOOs mtodos para mapeamento apresentados a seguir tm

    por finalidade a identificao e a caracterizao de reas de risco sujeitas a escorregamentos e solapamento de margens, principalmente em assentamentos precrios, com vistas imple-mentao de uma poltica pblica de gerenciamento de riscos.

    O zoneamento compreende a identificao dos processos destrutivos atuantes, a avaliao do risco de ocorrncia de aci-dentes e a delimitao e distribuio espacial de setores ho-mogneos em relao ao grau de probabilidade de ocorrncia do processo ou mesmo ocorrncia de risco, estabelecendo tan-tas classes quantas necessrias. Permite individualizar e carac-terizar cada um dos setores, fornecendo informaes sobre aos diversos nveis de suscetibilidade ao qual esto submetidos.

    O cadastramento de risco fornece informaes especfi-cas, como a quantidade de moradias localizadas nos setores de risco, alm de identificar aquelas passveis de uma prvia re-moo, constituindo-se em subsdio para aes que necessitem de uma rpida interveno dos rgos responsveis. Possibil-ita o detalhamento das situaes caso a caso ou, s vezes, por agrupamentos de mesmo grau de probabilidade de ocorrncia do processo ou risco.

    03Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

  • 42

    ZONEAMENTO PR SETORIZAOO zoneamento de risco geolgico se inicia com a pr-setoriza-

    o da rea, utilizando-se a percepo e parmetros bsicos.A percepo est atrelada experincia e vivncia do pro-

    fissional nos trabalhos de mapeamento. Os parmetros bsicos a serem observados, so os seguintes: declividade/inclinao

    tipologia dos processos posio da ocupao em relao encosta qualidade da ocupao (vulnerabilidade)A declividade/inclinao pode variar de acordo com o tipo

    de solo, rocha, relevo, ou de acordo com as intervenes an-trpicas, como corte e aterro.

    Existem valores de referncia para este parmetro, acima dos quais a deflagrao do processo de escorregamento imi-nente. Como referncia temos:

    17 (30%) Lei Lehman (Lei Federal 6766/79), que de-termina que reas com declividades acima de 30% devem ter sua ocupao condicionada a no existncia de riscos (verifi-cado por laudo geolgico-geotcnico);

    20-25 a declividade onde j se iniciam os escorrega-mentos na Serra do Mar no litoral paulista;

    Cada rea deve passar por avaliao, principalmente a partir do reconhecimento de escorregamentos j ocorridos.

    A tipologia do processo, assim como a declividade, est in-timamente ligada ao tipo de solo, rocha, relevo da rea e varia de acordo com as intervenes antrpicas, como corte e aterro. Os tipos mais comuns observados no Brasil so:

    escorregamento planar em corte e aterro (sudeste) escorregamentos na Formao Barreiras (nordeste) Cada rea deve passar por avaliao, principalmente a

    partir do reconhecimento de escorregamentos j ocorridos.A posio da ocupao em relao encosta indica a pos-

    sibilidade de queda ou atingimento. As moradias localizadas no alto da encosta apresentam possibilidade de queda e as localiza-das na base apresentam possibilidade de atingimento das mo-radias que esto acima. As moradias localizadas em meia encosta apresentam tanto a possibilidade de queda como atingimento.

    A qualidade da ocupao (vulnerabilidade) outro par-metro importante. Uma ocupao com moradias em madeira apresenta menor resistncia ao impacto da massa escorregada. J as moradias em alvenaria tm maior resistncia ao impacto devido as suas fundaes e paredes. As ocupaes mistas apre-sentam mdia vulnerabilidade. Em resumo:

    Feita a pr-setorizao inicia-se a setorizao.

    Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

  • Aula

    43

    ZONEAMENTO SETORIZAOAps a pr-setorizao, iniciam-se os trabalhos de setor-

    izao, realizado com o auxlio de fichas de campo (check list). Alm da ficha, que contempla campos para preenchimento so-bre a caracterizao do local, sobre a presena de evidncias de movimentao, presena de gua e vegetao, so utilizadas plantas, mapas, ou mesmo guia de ruas para identificao e de-limitao correta da rea a ser mapeada. Para se obter mel-hor representao do local, so utilizadas fotografias areas, imagens de satlite e fotografias oblquas de baixa altitude (he-licptero), onde sero representados os setores identificados.

    Este trabalho deve ser realizado por uma equipe treinada, que possua um conhecimento mnimo do histrico da rea com relao presena de escorregamentos, a fim de se determinar o grau de probabilidade de ocorrncia do processo ou mesmo do risco dos setores.

    DETERMINAO DO GRAU DE PROBABILIDADE DE OCORRNCIA DO PROCESSO OU RISCO

    Prope-se utilizar escala com 4 graus (nveis) de probabili-dade de ocorrncia dos processos, com base nas informaes geolgico-geotcnicas:

    MUITO ALTO ALTO MDIO BAIXO ou sem risco

    EXEMPLO DE FICHA DE CAMPO PREENCHIDA

    O detalhamento de cada um destes graus ou nveis encontra-se na Aula 4 Apresentao do roteiro met-odolgico para anlise de risco e mapeamento de reas de risco em setores de encosta e baixada.

    03Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

  • 44

    RESUMO: Nesta aula voc viu o que um escorregamen-to, os mtodos utilizados para mapear e analisar e, ainda viu as causas e condicionamentos que o provocam. Lembre-se que, raramente um escorregamento pode ser associado a um nico e definitivo fator condicionante, ele deve ser observado como o produto de uma cadeia de fatores e efeitos que acabam deter-minando sua deflagrao. A identificao precisa dos elemen-tos responsveis pela deflagrao dos escorregamentos e dos processos correlatos fundamental para a adoo de medidas corretivas ou preventivas mais acertadas do ponto de vista tc-nico e econmico.

    VEJA NO SITE O EXERCCIO DESTE CAPTULO

    Aula 03: Identificao, Anlise e Mapeamento de reas de Risco de Escorregamentos

  • Aula 4Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • Aula

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    AULA 4Nesta aula voc aprender a desenvolver o cadastro emer-

    gencial de riscos de escorregamentos a partir da proposta de um roteiro que segue 10 passos para que o usurio conclua o grau, ou nvel, de risco de uma situao em anlise.

    FIQUE ATENTO!Na primeira parte desta aula, veremos como determinar o

    grau de risco para reas sujeitas a processos de escorregamen-tos em solo, a partir do roteiro feito baseando-se na tabela de classificao dos nveis de risco.

    (*) Acesse o CD para melhor entender os passos do roteiro.

    APRESENTAO DO ROTEIRO METODOLGICO PARA ANLISE DE RISCO E MAPEAMENTO DE REAS DE RISCO EM SETORES DE ENCOSTA E BAIXADA COM ENFOQUE EM ESCORREGAMENTOS DE SOLO

    O cadastro de riscos um instrumento utilizado em vistorias

    em campo que permite determinar a potencialidade de ocorrn-cia de acidentes, com a identificao das situaes de risco.

    Para a elaborao de um roteiro de vistoria visando o ca-dastro de risco em situaes emergenciais, com pblico-alvo formado por no especialistas, devero ser contemplados os parmetros mais importantes para a realizao da avaliao, dentre aqueles listados pelo meio tcnico. Estes parmetros so discutidos em cada passo deste roteiro.

    A proposta do roteiro de cadastro emergencial de risco de escorregamentos que se segue, dever permitir ao usurio a concluso sobre o grau (nvel) de risco da situao em anlise. Este cadastro proposto para uso de pessoas que no tenham necessariamente formao tcnica em geologia ou engenharia.

    Introduo ao roteiro

    O Quadro 4.1 mostra a introduo do roteiro, que dever ser modificada conforme as necessidades de cada local. Todos os passos do roteiro so precedidos por instrues, onde se procura direcionar a anlise da situao, dando alternativas que possam facilitar a tarefa para o usurio.

    Cadastro de riscos um instrumen-to utilizado em vistorias em campo que permite determinar a poten-cialidade de ocorrncia de aciden-tes, com a identificao das situa-es de risco. Deve-se observar os parmetros mais importantes para a realizao da avaliao.

    Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco04

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    Quadro 4.1 - Introduo ao roteiro de cadastro

    1 Passo Dados gerais sobre a moradia

    O Quadro 4.2 apresenta o 1 Passo do roteiro de cadastro, onde so levantados os dados gerais sobre a moradia ou grupo de moradias.

    Quadro 4.2 - Roteiro de cadastro (1 Passo).

    Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

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    A necessidade de levantar o tipo de moradia se deve s dife-rentes resistncias que cada tipo (madeira ou alvenaria) tem com relao ao impacto dos materiais produzidos pelos escorrega-mentos. Pressupe-se que casas em alvenaria apresentem maior resistncia que as de madeira. Esse fator pode influenciar a clas-sificao dos graus de risco a que a moradia est submetida.

    2 Passo Caracterizao do local

    Este passo descreve a caracterizao do local da moradia ou grupo de moradias, conforme a Figura 4.3:

    tipo de talude: natural ou cortetipo de material: solo, aterro, rochapresena de materiais: blocos de rocha e mataces, lixo

    e entulho.inclinao da encosta ou cortedistncia da moradia ao topo ou base dos taludes

    Os tipos de talude e de materiais presentes do pistas sobre a tipologia de processos esperada e os materiais que podem ser mobilizados.

    A determinao da inclinao de terrenos no campo, sem o auxlio de inclinmetros ou bssolas, tem se mostrado um problema que envolve no s pessoal sem formao tcnica, mas tambm tcnicos especializados. Para evitar problemas com essa determinao, j que a inclinao reconhecidamente um dos principais parmetros para a determinao da estabi-lidade de uma rea, foram desenhadas as vrias situaes con-siderando como inclinaes-tipo os ngulos de 90, 60, 30, 17 e 10 O ngulo de 17 mencionado na Lei 6766/79 (Lei Lehman) como referncia para os planejadores municipais.

    04Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

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    Figura 4.3 - Roteiro de cadastro (2o Passo).

    Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

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    A distncia da moradia ao topo ou base de taludes e aterros tambm crucial para a determinao do grau (nvel) de risco a que a moradia est sujeita. Vrias tentativas j foram feitas pelo meio tcnico para tentar determinar qual a distncia que os materiais mobilizados atingem a partir da base do escorrega-mento. Augusto Filho (2001), em trabalhos na regio da Serra do Mar em Caraguatatuba (SP), estimou que os materiais mo-bilizados percorreram aproximadamente 70% da altura dos ta-ludes (0,7:1). Para os trabalhos do Plano Preventivo de Defesa Civil, no Estado de So Paulo, tem sido considerada, ao menos em carter provisrio, como largura da faixa de segurana da ordem de uma vez a altura do talude (1:1).

    A presena de paredes, blocos e mataces rochosos indi-cam a possibilidade de ocorrncia de um processo diferente do que aqueles para solos. Neste caso, deve ser utilizado o material exposto na Parte 2 deste captulo.

    3 Passo - gua

    A gua reconhecidamente o principal agente deflagrador de escorregamentos. A presena da gua pode se dar de diver-sas formas, como gua das chuvas, guas servidas e esgotos. A origem e destino dessas guas so fatores que devem ser levantados durante os cadastramentos. O Quadro 4.4 mostra os itens referentes ao papel da gua.

    Quadro 4.4 - Roteiro de Cadastro (3 Passo).

    04Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

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    4 Passo Vegetao no talude ou proximidades

    O papel da vegetao na estabilidade das encostas j foi objeto de vrios trabalhos. Gusmo Filho et al. (1997) mostra-ram, nas encostas do Recife, que as reas com cobertura vegetal menor que 30%, tiveram 46% dos escorregamentos registrados. No entanto, nem toda vegetao traz acrscimo de estabilidade para as encostas. Discute-se e , largamente aceito, que as bana-neiras so prejudiciais estabilidade, por facilitar a infiltrao de gua. Paradoxalmente, a bananeira o cultivo preferencial das populaes que ocupam encostas, seja para a produo desti-nada venda, seja como fonte de alimento. Outra caracterstica da vegetao que pode ser prejudicial a resistncia em relao ao vento, pois existe a possibilidade de galhos se quebrarem e atingir as moradias. O Quadro 4.5 mostra as informaes que devem ser coletadas durante o cadastro.

    Quadro 4.5 - Roteiro de Cadastro (4 Passo).

    5 Passo Sinais de Movimentao (Feies de instabilidade)

    Trata-se do parmetro mais importante para a determina-o de maior risco. As feies de instabilidade sero mais teis quanto mais lentos forem os processos. Assim, escorregamen-tos planares de solo que, segundo Augusto Filho (1992), tem velocidades de metros por segundo a metros por hora, so processos cujo desencadeamento passvel de ser monitorado por meio de seus sinais. Outros autores, como Cerri (1993) e Gusmo Filho et al. (1997), falam da importncia das feies de instabilidade.

    As feies principais se referem s juntas de alvio, fendas de trao, fraturas de alvio, trincas, e os degraus de abatimen-to, segundo os diversos autores que trataram do assunto. As trincas podem ocorrer tanto no terreno como nas moradias. Quando ocorrem em construes, interessante o concurso de profissional especializado em patologia de construes, para determinar a causa precisa dessas trincas. Estas duas feies (trincas e degraus de abatimento) podem ser monitoradas por meio de sistemas muito simples (medidas com rgua, selo de gesso) at muito complexos (medidas eletrnicas).

    Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • Aula

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    Outra feio importante a inclinao de estruturas rgidas como rvores, postes e muros e o embarrigamento de mu-ros e paredes. A inclinao pode ser fruto de um longo rastejo, denotando que a rea tem movimentao antiga. interessante a avaliao da inclinao de rvores. Quando o tronco for reto e estiver inclinado demonstra que o movimento posterior ao crescimento da rvore. J quando o tronco for torto e incli-nado, o crescimento simultneo com o movimento.

    A presena de cicatriz de escorregamento prxima mo-radia leva-nos a supor que taludes em situao semelhante, tambm podero sofrer instabilizaes. Essa situao deve ser aproveitada para a observao da geometria do escorregamen-to (inclinao, espessura, altura, distncia percorrida pelo mate-rial a partir da base, etc.). Esses parmetros podem auxiliar o reconhecimento de outros locais em condies semelhantes.

    A Figura 4.6 ilustra o 5 Passo do roteiro, com desenhos representando trincas e degraus de abatimento, visando facili-tar o preenchimento do cadastro pelo usurio.

    Figura 4.6 - Roteiro do cadastro (5 Passo).

    6 Passo Tipos de processos de instabilizao espera-dos ou ocorridos

    Os processos de instabilizao podem ser classificados conforme proposto por Augusto Filho (1992) (Quadro 4.7).

    04Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

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    Espera-se que com a caracterizao do local (2 Passo), onde se verifica os tipos de taludes (natural, corte, aterro), presena de parede rochosa, blocos, mataces, lixo e entulho, inclinao dos taludes e distncia da moradia base e ao topo dos talu-des; com a anlise da presena da gua (3 Passo); da vegetao (4 Passo) e dos sinais de movimentao (5 Passo), o usurio responsvel pelo cadastro tenha condies de reconhecer o tipo de processo que pode vir a ocorrer. Nos casos em que o processo j tenha ocorrido isso se torna mais simples. Nas instrues do roteiro tomou-se o cuidado de indicar a consulta a um especialista caso o tcnico se defronte com situaes que

    Quadro 4.7 - Classificao de movimentos de massa. (Augusto Filho, 1992)

    No roteiro so indicados os escorregamentos nos taludes natural, de corte ou ainda no aterro, queda e rolamento de blo-cos. A Figura 4.8 traz o 6 Passo do roteiro.

    Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • Aula

    Figura 4.8 - Roteiro de cadastro (6 Passo).

    7 Passo Determinao do grau de risco

    Este o ponto mais importante do roteiro. O nvel de acerto de um usurio no especializado em geologia de engenharia/geotecnia ser testado neste Passo.

    Os graus de probabilidade de ocorrncia do processo ou risco propostos esto baseados naqueles estabelecidos por doc-umento do Ministrio das Cidades e nos trabalhos realizados na Prefeitura de So Paulo, pelo IPT e Unesp. O Quadro 4.9 explicita os critrios para a determinao dos graus de risco. Para a tomada de deciso em termos dos parmetros analisa-dos nos passos do roteiro, pode-se dizer:

    padro construtivo (madeira ou alvenaria): para uma mesma situao a construo em alvenaria deve suportar maior solicitao e portanto deve ser colocada em classe de risco inferior moradia de madeira;

    tipos de taludes: taludes naturais esto, normalmente, em equilbrio. Taludes de corte e de aterro so mais pro-pensos a instabilizaes;

    distncia da moradia ao topo ou base dos taludes: deve ser adotada como referncia uma distncia mnima com relao altura do talude que pode sofrer a movimen-tao; lembrar que para a Serra do Mar e outras reas em So Paulo, adota-se a relao 1:1;

    inclinao dos taludes: os escorregamentos ocorrem a partir de determinadas inclinaes. Por exemplo, na regio da Serra do Mar, em So Paulo, ocorrem a partir de 17o (poucos) e 25/30o (a maioria). Pode-se estabelecer que ta-ludes acima de 17o so passveis de movimentaes e assim relacionar com a Lei 6766/79 (Lei Lehman). Lembrar que as estruturas geolgicas podem condicionar a existncia de

    04Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • taludes muito inclinados e mesmo assim estveis.a presena de gua deve ser criteriosamente obser-

    vada. A existncia de surgncias nos taludes e a infiltrao de gua sobre aterros devem ser tomadas como sinais de maior possibilidade de movimentaes.

    a chave para a classificao a presena de sinais de movimentao/feies de instabilidade. Essa presena pode ser expressiva e em grande nmero; presente; incipi-ente ou ausente.

    Quadro 4.9 Critrios para a determinao dos graus de risco

    Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • Aula

    A Figura 4.10 traz o 7 Passo do roteiro.

    Figura 4.10 - Roteiro de Cadastro (7 Passo).

    8 Passo Necessidades de remoo

    Este Passo se refere s informaes que devem ser anota-das quando a situao indicar a necessidade de remover mora-dores (Figura 4.11).

    Figura 4.11 - Roteiro de cadastro (8 Passo).

    Outras informaesNeste espao o usurio poder fazer anotaes que julgar

    importantes, inclusive sobre os processos analisados e situa-es especiais verificadas.

    DesenhosSo propostos dois desenhos:

    planta da situao da moradia ou moradias. Devem ser desenhados os caminhos que levam moradia, lembran-

    04Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • do sempre que, normalmente os trabalhos so realizados em reas com pouca ou nenhuma organizao do sistema virio. Assim, uma planta bem ilustrativa facilita muito o retorno ao local. Tudo o que for possvel deve ser anotado no desenho, principalmente fatores importantes para clas-sificao de riscos, como, por exemplo, trincas, degraus, in-clinao de estruturas, embarrigamento de muros e paredes e cicatrizes de escorregamentos;

    perfil da encosta, onde as alturas e inclinaes de ta-ludes, distncias da moradia base ou ao topo de taludes devem ser marcadas.

    Os desenhos visam dar equipe de trabalho uma melhor viso da situao, permitindo a discusso, mesmo com quem no participou do cadastro. claro que, fotografias, principal-mente as digitais por sua rapidez e facilidade de obteno, po-dem auxiliar nessa visualizao da situao.

    A Figura 4.12 mostra o espao para desenhos no roteiro.

    Figura 4.12 - Roteiro de cadastro (Desenhos).

    Equipe TcnicaA assinatura dos cadastros importante, pois permite sa-

    ber o seu autor, podendo esclarecer dvidas geradas pelo ca-dastro. Existe, claro, sempre a possibilidade de responsabili-zao por um diagnstico equivocado, que possa ter causado prejuzos materiais ou sociais.

    Lembrete importanteEste lembrete foi colocado no roteiro para que ficasse con-

    signado que em caso de dvidas, a equipe de vistoria sem for-mao tcnica em geologia-geotecnia, tivesse uma sada consul-tando um tcnico especialista.

    Figura 4.13

    Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • Aula

    RESUMO: Nesta aula foi apresentado um roteiro para fazer o cadastro emergencial de riscos de escorregamentos. Foi visto que a caracterizao do local da moradia, a gua na rea, a vegeta-o, os sinais de movimentao, os tipos de escorregamentos que j ocorreram ou so esperados, se a rea est em movimentao ou no so fatores determinantes para se classificar o nvel de risco de uma rea. E ainda, foi apresentada neste captulo uma tabela de classificao dos nveis de risco que so R1, R2, R3 e R4.

    VEJA NO SITE O EXERCCIO DESTE CAPTULO.

    04Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

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    Nesta segunda parte da aula 4 voc aprender a desenvolver um roteiro para a avaliao de estabilidade de rochas e macios rochosos.

    FIQUE ATENTO!Com esta aula voc identificar os problemas mais comuns

    relacionados instabilidade de rochas, ver um roteiro para identificar e avaliar instabilidades em macios rochosos e ainda, os quatro tipos tpicos onde podem ocorrer rupturas. Ainda nesta segunda parte da aula 4, voc ter um mtodo de equil-brio limite que determina o Fator de segurana e os critrios para estabelecimento de risco. Ver as aes emergenciais e ob-ras de estabilizao de rochas e macios rochosos.

    ROTEIRO PARA AVALIAO DE ESTABILIDADE DE RO-CHAS E MACIOS ROCHOSOS

    Para a compreenso do comportamento dos taludes rocho-sos e blocos rochosos importante conhecer alguns parmet-ros mecnicos das rochas. Cada tipo de solo ou rocha possui caractersticas fsicas e mecnicas que correlacionadas com as condies do entorno, podem ser analisadas, visando um es-tudo de estabilidade.

    Tipo de rocha A identificao do tipo de rocha nos d informao dos seus constituintes minerais principais e de sua resistncia.

    Grau de alterao das rochas Fornece diretamente a resistncia mecnica da rocha e, aliado ao conhecimento do tipo de rocha, pode-se estimar a velocidade de evoluo da alterao.

    ngulo de atrito um parmetro relacionado direta-mente com o coeficiente de atrito. Trata-se do ngulo pelo qual ocorre a ruptura do material por cisalhamento.

    Coeso Fornece caractersticas de ligao das partculas constituintes da rocha, indicativas da resistncia do material.

    Forma geomtrica dos blocos rochosos Possibilita determinar o centro de gravidade, para analisar se o blo-co rochoso se encontra em equilbrio instvel ou esttico (balano).

    Condies de contato o comportamento do con-tato entre dois planos, podendo estar preenchidos por um terceiro material diferente ou permitindo a percolao de gua. As condies de contato podem definir tambm a condio do escorregamento, estudando-se as condies de rugosidade e inclinao do plano basal.

    Plano basal Superfcie planar constituda de solo ou rocha, na qual pode ocorrer uma movimentao de materi-ais rochosos ou terrosos.

    Descontinuidades So fraturas naturais ou mecnicas (por interveno), seladas ou no (preenchimento de mate-

    O intenso intemperismo e as inter-venes humanas ao longo do pro-cesso de ocupao de reas de en-costas tm dado origem a grandes afloramentos e exposio de blocos rochosos que se movimentam ao longo do tempo.

    Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • Aula

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    rial na fratura aberta).

    CONSIDERAES SOBRE OS PROBLEMAS MAIS COMUNS COM INSTABILIDADE DE ROCHAS EM REAS DE RISCO

    As reas de encostas onde afloram blocos e macios rocho-sos, principalmente no litoral do sudeste brasileiro, tm sido ocupadas por moradias originando diversas situaes de risco. Nestes locais, o intenso intemperismo e as intervenes hu-manas ao longo do processo de ocupao tm dado origem a grandes afloramentos e exposio de blocos rochosos que se movimentam ao longo do tempo. Os casos mais comuns de in-stabilidade ocorrem conforme mostram as Figuras 4.14 e 4.15, nas quais os sucessivos cortes na encosta produzidos pelo pro-cesso desordenado de ocupao podem causar o afloramento e a instabilizao de mataces inicialmente imersos no solo.

    A partir da gerao de uma situao potencialmente instvel, a ao posterior de guas pluviais e servidas pode deflagrar processos erosivos e mudanas na condio de estabilidade do bloco rochoso, provocando sua movimentao ao longo do tempo, at sua ruptura (queda). A Figura 4.16 mostra um perfil esquemtico com os processos mais comuns de instabi-lizao de blocos rochosos e o risco para moradias. A situao se agrava quando o bloco possui descontinuidades (fratura), conforme mostrado na Figura 4.17.

    Figura 4.14 - (1) Ocupao de base de encosta, (2) evoluo da ocupao.

    Figura 4.15 - (3) Execuo de cortes e aterros aflorando blocos rochosos, (4) Instabilizao do bloco rochoso.

    04Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

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    ROTEIRO PARA IDENTIFICAO E AVALIAO DE INSTABILIDADE EM MACIOS ROCHOSOS

    Figura 4.16 Alguns exemplos de processos que instabilizam o bloco rochoso e criam uma situao de risco para a moradia.

    Figura 4.17 - Seqncia do processo de instabilizao at a ruptura de uma bloco rochoso fraturado

    Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • Aula

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    Os casos mais comuns de instabilidade em rocha so mostrados esquematicamente na Figura 4.18.

    Figura 4.18 Casos comuns no processo de instabilizao

    Na Figura 4.19, mostrado por meio do Fluxograma, a seqncia ideal a ser adotada, a partir de uma situao encon-trada at a avaliao de risco. O procedimento aps esta etapa consiste em fases at a execuo de obras definitivas, o que no foi abordado neste texto por se tratar de aes emergenciais. (modificado de Yoshikawa, 1997 -Fluxograma 1).

    Figura 4.19. - Fluxograma parcial para avaliao de encostas rochosas. (Yo-

    shikawa, 1997)

    04Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

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    Para identificao de uma situao de instabilidade devem ser seguidos os seguintes passos:Anlise ps-ruptura

    Normalmente as anlises so feitas somente aps um aci-dente, quando o ideal seria a identificao das condies des-favorveis para a tomada de aes de preveno. Na maioria dos casos, quando ocorre a ruptura, a situao remanescente de difcil anlise e geralmente a soluo por conteno exige um alto custo.

    A investigao de um acidente pressupe identificar se o talude de solo ou de rocha:

    Talude em solo: (superfcie do plano basal em solo)Verificar se h outros blocos na massa terrosa;Verificar se o talude remanescente vertical, inclinado

    ou negativo;Medir a altura em que encontra o bloco rochoso em

    relao baseVerificar a forma geomtrica do bloco rochoso;Identificar se o solo de aterro ou solo natural;solo residual apresenta estruturas e granulometria

    homognea;solo coluvionar apresenta uma heterogeneidade de

    gros; esolo de aterro desagrega facilmente e geralmente

    apresenta entulhos na massa terrosa.6. Identificar se h conduo de gua de chuva para o talude, e identificar surgncia dgua;7. Verificar a direo preferencial de queda do bloco;8. Interditar as casas na faixa de influncia (faixa de espera);9. Se a base for uma berma de talude, construir alambrado provisrio para amortecimento; e 10. Verificar se a remoo instabiliza o talude.

    Talude em rocha: (superfcie do plano basal em rocha)Classificar se o talude vertical, inclinado ou negativo;Verificar os planos da fratura e se possvel medir os ngulos

    basais de inclinao e sua direo (acima de 30 graus);Verificar se h percolao de gua pelas fraturas;Determinar o nvel de alterao;Identificar se h intercalaes de rocha mais alteradas;Identificar se h blocos em balano;plano basal inclinado, e poro do bloco em contato

    maior que 80%;plano basal subhorizontal a horizontal poro bloco

    em contato maior que 60%; eblocos com altura maior que 1,5 vezes a largura de base.

    7. Verificar a dimenso do bloco rochoso, ou talude rochoso instvel, pois normalmente o volume envolvido de material fundamental para se ter uma idia do poder de

    1.2.

    3.

    4.5.

    1.2.

    3.4.5.6.

    Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • Aula

    destruio no caso de ruptura, bem como questo de custo e dificuldades associadas a sua remoo ou estabilizao.

    Como foi citado anteriormente, so quatro os tipos distin-tos na qual podem ocorrer as rupturas:

    1. Queda de blocos;2. Queda e rolamento;3. Deslizamento (escorregamento); e4. Deslizamento e rolamento.Os casos tpicos encontrados no litoral paulista so mostra-

    dos na Figura 4.20.Geralmente a ruptura em rocha, seja qual for a natureza do pro-

    cesso mecnico, ocorrer somente nos casos onde o Fator de Segu-rana (FS) j se encontra baixo (prximo de 1,0). Em uma anlise, para se garantir que a situao no se encontre nesta condio, con-forme Yoshikawa (1997), devido s incertezas presentes na avaliao de encostas em rea de risco, deve-se ter como referncia um FS determinado bem acima de 1,0 (em torno de 3,5).

    O processo de ruptura pode ser somente por queda de blo-cos, porm na maioria dos casos, o processo termina com o rolamento nas encostas at encontrar uma barreira suficiente para impedir sua progresso.

    A queda sempre ocorre por um desequilbrio do corpo rochoso, deflagrado por presena de gua ou movimentos de solo. Pelo fato da rocha encontrar-se com um fator de segu-rana baixo, este se desequilibra e cai.

    O deslizamento de rocha deflagrado sempre que as condies de atrito so vencidas por influncia da gua e pela alterao do material de contato. No entanto, na maioria dos casos em que ocorrem estes processos de ruptura, observa-se condies de fraturamento bem como ngulos de mergulho destes planos desfavorveis s caractersticas do material. A presso neutra provocada pela vazo de gua sempre um fa-tor desencadeador de um processo de ruptura.

    No caso em que a rocha encontra-se em talude de solo, h que se verificar a forma geomtrica, as condies de drenagem, e se a base do talude vertical ou negativa.

    No caso de talude em rocha, deve-se verificar primordial-mente o ngulo de contato, o tipo de rocha, o grau de alterao e a presena de percolao de gua nas fraturas.

    Para taludes de rocha mediana a muito alterada, as condies de drenagem so desfavorveis, possibilitando um processo de intemperizao muito rpido. Sendo assim, h que se identificar e barrar a percolao de gua e verificar o ngulo de inclinao do talude, que no poder ultrapassar 45 graus.

    04Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • Figura 4.20. Casos tpicos encontrados nos morros do litoral paulista (in:Yoshikawa, 1997).

    A partir da adoo do mtodo de equilbrio limite, onde so contabilizadas as condies favorveis e desfavorveis tra-duzidas pelo balano de foras na condio de estabilidade presente, pode-se determinar um Fator de Segurana. Para um estudo detalhado necessria a obteno de dados para o clculo do Fator de Segurana. As Figuras 4.21, 4.22 ,4.23a e 4.23b mostram exemplos de alguns levantamentos feitos para tal estudo.

    Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • Aula

    Figura 4.21 - Levantamento geomtrico modelizado efetuado para uma bloco rochoso (Ilhabela, 2000)

    Figura 4.22 - Exemplo de um modelo geomecnico para estudo de estabili-dade pelo mtodo do equilbrio limite

    04Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • Figura 4.23a - Blocos rochosos potencialmente instveis.

    Figura 4.23b - Exemplo de ilustrao para levantamento geomtrico

    Na avaliao expedita, ou de carter emergencial, executa-se o levantamento dos parmetros que em tese, so determi-nantes para se fazer o balano de foras. Deve-se incluir ainda outros condicionantes geotcnicos considerados importantes baseados em observaes estatsticas de muitos casos. Portan-to, empiricamente, atravs de uma ficha de levantamento dos parmetros relevantes, os casos analisados so classificados em estvel ou instvel.

    AVALIAO DA INSTABILIDADE

    Para o estudo de estabilidade de solo, temos na maioria dos casos, como processo deflagrador da ruptura, a ao das guas. J no caso de rochas, podemos separar em 3 categorias:

    1. Bloco rochoso depositado em talude de soloProcesso deflagrador:a) Ao das guas (perda de resistncia por saturao,

    eroso na base, etc,)b) Mudana do estado de tenso no solo (escavaes, pro-

    gresso da vegetao no talude, etc).2. Bloco rochoso depositado em talude de rochaProcesso deflagrador:

    Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

  • Aula

    a) Ao das guas (alterao diferencial no contato, presso neutra nas fraturas, solicitao mecnica por fluxo dgua).

    b) Vegetao (abertura de fraturas, reposicionamento dos blocos, solicitao por movimentao de arvores, etc.).

    3. Talude rochoso fraturado.Processo deflagrador:a) Ao das guas (presso neutra nas fraturas, solicitao

    mecnica por fluxo dgua, alterao nas descontinuidades, re-moo de materiais de preenchimento nos contatos, etc.)

    b) Vegetao (abertura de fraturas, reposicionamento dos blocos, solicitao por movimentao de rvores, etc.).

    Grau de instabilidade inerente a cada categoriaConsidera-se que, para cada situao de instabilidade en-

    contrada necessria uma avaliao particular, no entanto, nos casos analisados pelo IPT, considerando-se o plano basal incli-nado, observou-se que a instabilidade aumenta quando a rocha est associada a solo. Temos a instabilidade inerente decres-cente nas categorias de 1 a 3.

    Na Categoria 1, quando h contato de rocha com solo, a instabilidade resultante sempre maior do que quando ocorrer contato rocha com rocha.

    UTILIZAO DO ROTEIRO SINTETIZADO NUMA FICHA DE AVALIAO DE CAMPO

    Conforme citado anteriormente, todos os conceitos asso-ciados a estabilidade de taludes rochosos, tais como, condies de atrito, grau de fraturamento, alterao, coeso, equilbrio instvel esto previstos como fatores favorveis e/ou desfa-vorveis para estabilidade de um bloco rochoso ou de um ta-lude rochoso.

    Como nos trabalhos emergenciais de campo, as anlises so expeditas. Os estudos realizados visam distinguir basicamente duas condies:

    Estveis Instveis. O grupo de situaes instveis dever ser subdividido em

    subgrupos, nos quais a tomada de deciso ser de acordo com a situao encontrada aps anlise mais detalhada, a cargo de um profissional habilitado.

    Adotando-se uma postura conservadora, todos os casos que recarem na condio instvel devero ser considerados de risco quando vislumbrado o potencial de danos.

    As anlises, sempre expeditas, visam distinguir basicamente duas condies: estveis ou instveis.

    04Aula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

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    FICHA DE PREENCHIMENTO DE CAMPOAula 04: Roteiros de Anlise e Avaliao de Risco

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    1. ESTVEL (BA DIF. AT 1)..........

    3. INTERDITAR E SOLICITAR I