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natal facebook.com/tribunarn NO FACEBOOK Confira serviço sobre o funcionamento do comércio no feriado da Semana Santa TEMPO HOJE Max.: 31o.C Min.: 26o.C Pancadas de chuva BALNEABILIDADE Rio Pium (Balneário) Rio Pirangi (Nísia Floresta) Areia Preta (Pça. da Jangada) tribunadonorte.com.br NATAL VISTA DE CIMA Veja na TN Online fotos aéreas dos principais pontos de Natal Editora: Margareth Grilo [[email protected] ] Natal • Rio Grande do Norte • Terça-feira • 26 de março de 2013 PROMOTORA GILKA DA MATA FALA SOBRE ACORDO PARA LIMPAR LAGOAS • PÁGINA 4 « PRECATÓRIOS » A recomendação de contratar uma empresa para ajudar nas investigações das fraudes foi da Comissão Interna de Sindicância do TJRN, diante dos quase 7 mil processos e da deficiência de pessoal Relatório sugeriu auditoria externa RICARDO ARAÚJO Repórter O primeiro relatório apre- sentado pela Comissão de Sindicância Interna do Tri- bunal de Justiça do Rio Grande do Norte, recomendou à então pre- sidenta Judite Nunes, que os qua- se 7.000 processos ativos de pre- catórios e requisições de pequeno valor (RPVs) em tramitação no Setor de Precatórios, à época da inspeção, fossem auditados por uma empresa especializadas. O pedido, porém, não foi acatado. O desembargador aposentado, Caio Alencar, que presidiu a Comissão, disse em entrevista exclusiva à TRIBUNA DO NORTE, que a con- tratação de tal empresa teria um custo “muito elevado” e o próprio TJ e a Corte de Contas do Estado dispunham de profissionais com experiência neste tipo de avalia- ção administrativa e contabilista. Contrário às declarações da juíza Tatiana Socoloski, atual res- ponsável pelo Setor de Precató- rios da Corte Estadual, Caio Alen- car assegurou que mais de 93 pro- cessos foram auditados pelas co- missões do TJRN e do Tribunal de Contas do Estado (TCE) ao longo de 2012. Para Caio Alencar, a juí- za Tatiana Socoloski cometeu um “equívoco” ao comentar que me- nos de 100 processos, de um uni- verso aproximado dos oito mil, te- nham sido auditados. Caio Alen- car não detalhou, entretanto, quantos processos foram, de fato, auditados pelas comissões. “Nós analisamos muitos processos. Fo- ram muitos, muitos, mais de 93”, assegurou. Ele destacou, ainda, o empenho dos técnicos do TJ e do TCE que atuaram nas Comissões. Caio Alencar esclareceu que o critério de avaliação dos proces- sos tomou como base os relató- rios gerenciais das movimenta- ções financeiras do Tribunal de Justiça relacionados ao Setor de Precatórios, encaminhados pelo Banco do Brasil, concernentes aos anos nos quais Carla Ubara- na chefiou a Divisão. Conforme levantamento do TCE, quatro contas estavam vinculadas ao Se- tor. “Era inviável examinar os processos de 2007 a 2011. A gran- de maioria era de processos regu- lares”, ressaltou Caio Alencar. Se- gundo ele, seriam necessários até três anos para que todos os do- cumentos relacionados aos pre- catórios e RPVs ativos no TJRN, à época da inspeção, fossem au- ditados pela Comissão Interna. Ao defender que a juíza Ta- tiana Socoloski cometeu um equívoco ao afirmar, em entre- vista à TRIBUNA DO NORTE, que somente 93 processos de precatórios e requisições de pe- queno valor (RPVs) haviam sido analisados pelas Comissões dos Tribunais de Justiça e Contas do Rio Grande do Norte, o juiz Luiz Alberto Dantas reiterou que “muitos” processos foram ana- lisados. A exemplo do desembar- gador Caio Alencar, o juiz que atuou como auxiliar da então presidenta do TJRN, Judite Nu- nes, não precisou a quantidade de procedimentos requisitórios auditados. Luiz Alberto Dantas analisou o período pelo qual respondeu pe- lo Setor de Precatórios do TJRN e assegurou que, diferente do ex- posto pela juíza Tatiana Socolos- ki, a Divisão passou por um pro- cesso de reestruturação em para- lelo aos pagamentos dos proces- sos que foram retomados a par- tir de junho do ano passado. O juiz citou como exemplo do bom fun- cionamento do Setor, o convite do atual presidente do TJRN, de- sembargador Aderson Silvino, para continuar chefiando a Divi- são. Luiz Alberto Dantas, porém, declinou a oferta. “Depois de uma meditação profunda, eu decidi concluir meu trabalho lá e voltei para a 5ª Vara da Fazenda Públi- ca, da qual sou titular há 15 anos”, comentou. Além disso, ele citou que a sis- temática de pagamentos, que até a descoberta do esquema eram fei- tas através de guias, foi modifica- da para a emissão de alvarás ju- diciais individualizados. Desta- cou, ainda, a reestruturação físi- ca do Setor, conforme recomen- dação do Conselho Nacional de Justiça, além de padronizar for- mulários e não quebrar a ordem cronológica das listas. Luiz Alber- to Dantas apontou, inclusive, que foi durante a gestão dele que to- dos os atos do Setor foram dispo- nibilizados do sistema de infor- mática do TJRN, com publicação no Diário de Justiça Eletrônico. Sobre a implementação do sistema de informática para a gestão e operacionalização dos processos de precatórios e requi- sições de pequeno valor (RPVs), o juiz Luiz Alberto disse que não ocorreu durante o período em que esteve à frente do Setor por “falta de tempo e recursos”. Uma das dificuldades encara- das pelo próprio Caio Alencar, pe- lo então juiz auxiliar da presidên- cia, Luiz Alberto Dantas, e pelos técnicos envolvidos na inspeção, foi a falta de informações físicas em relação a determinados pro- cessos de precatórios e RPVs. Co- mo exemplo, o desembargador aposentado citou o Processo nº 2011.050117-3, no qual o autor é o próprio Tribunal de Justiça. Tal processo, foi “distribuído” em 29 de março de 2011. Entretanto, no extrato da conta de depósito ju- dicial nº 2200103677644, um aporte de R$ 1,6 milhão foi reali- zado em 03 de fevereiro de 2011. Anterior, portanto, à distribuição. “O que seria incabível, por- quanto o processo administrati- vo nº 2011.050117-3 somente foi distribuído em 29 de março de 2011”, assinou o desembargador no primeiro relatório da Comis- são Interna, em 23 de janeiro de 2012. Este foi um dos processos cuja localização física não foi efe- tuada pela Comissão. “Muitos processos eram fictícios, virtuais e inexistentes. Não existiam fisi- camente”, relembrou Caio Alen- car. Ele complementou dizendo que Carla Ubarana fazia uso de pen-drives, memórias de compu- tador externas e notebooks pes- soais para burlar os processos. De acordo com os relatórios apre- sentados à Presidência do TJ em 2012, a utilização do computador do gabinete ocupado por Carla Ubarana era somente para lei- turas de comunicados internos. A desembargadora Judite Nu- nes, que terá sua gestão como pre- sidenta do TJRN (2011-2012) ana- lisada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi procurada pela TRIBUNA DO NORTE para co- mentar as declarações da juíza Ta- tiana Socoloski e o conteúdo do re- latório do TCE. Também foi con- tatado o juiz Guilherme Pinto, que atuou como auxiliar da Presidên- cia do TJ, ao longo do mandato de Judite Nunes. Nenhum deles, porém, estava em seus gabinetes no final da tarde desta segunda- feira (25). No âmbito do CNJ, o as- sunto é tratado sob sigilo. Os valores do desvio Caio Alencar explica teto fixado para ressarcimento Magistrados afirmam que setor foi reeestruturado “Muitos processos eram fictícios” Desembargador Caio Alencar e juiz Luiz Alberto explicaram o trabalho feito na gestão passada Conclusões do relatório Documento foi submetido à desembargadora Judith Nunes Sobre a possibilidade dos valores desviados serem superiores aos R$ 14 milhões, Caio Alencar esclareceu que “nem a movimentação financeira do Tribunal, nem os documentos encaminhados pelo Banco do Brasil, autorizam esse entendimento”. Com base nesta informação, o teto para ressarcimento dos recursos desviados é de cerca de R$ 14 milhões, cuja devolução deverá ser compartilhada entre todos os que forem considerados culpados. Segundo o juiz Luiz Alberto o valor não pode ser superior em decorrência de todos os envolvidos terem sido responsabilizados, no relatório do TCE, de forma solidária.

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NO FACEBOOKConfira serviço sobre ofuncionamento do comércio noferiado da Semana Santa

TEMPO HOJEMax.: 31o.C Min.: 26o.CPancadas de chuva

BALNEABILIDADERio Pium (Balneário)Rio Pirangi (Nísia Floresta)Areia Preta (Pça. da Jangada)

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Editora: Margareth Grilo [[email protected] ] Natal • Rio Grande do Norte • Terça-feira • 26 de março de 2013

PROMOTORA GILKA DA MATAFALA SOBRE ACORDO PARALIMPAR LAGOAS • PÁGINA 4

« PRECATÓRIOS » A recomendação de contratar uma empresa para ajudar nas investigações das fraudes foida Comissão Interna de Sindicância do TJRN, diante dos quase 7 mil processos e da deficiência de pessoal

Relatório sugeriu auditoria externa

RICARDO ARAÚJORepórter

O primeiro relatório apre-sentado pela Comissão deSindicância Interna do Tri-

bunal de Justiça do Rio Grande doNorte, recomendou à então pre-sidenta Judite Nunes, que os qua-se 7.000 processos ativos de pre-catórios e requisições de pequenovalor (RPVs) em tramitação noSetor de Precatórios, à época dainspeção, fossem auditados poruma empresa especializadas. Opedido, porém, não foi acatado. Odesembargador aposentado, CaioAlencar, que presidiu a Comissão,disse em entrevista exclusiva àTRIBUNA DO NORTE, que a con-tratação de tal empresa teria umcusto “muito elevado” e o próprioTJ e a Corte de Contas do Estadodispunham de profissionais comexperiência neste tipo de avalia-ção administrativa e contabilista.

Contrário às declarações dajuíza Tatiana Socoloski, atual res-ponsável pelo Setor de Precató-rios da Corte Estadual, Caio Alen-car assegurou que mais de 93 pro-cessos foram auditados pelas co-missões do TJRN e do Tribunal deContas do Estado (TCE) ao longode 2012. Para Caio Alencar, a juí-za Tatiana Socoloski cometeu um“equívoco” ao comentar que me-nos de 100 processos, de um uni-verso aproximado dos oito mil, te-nham sido auditados. Caio Alen-car não detalhou, entretanto,quantos processos foram, de fato,auditados pelas comissões. “Nósanalisamos muitos processos. Fo-ram muitos, muitos, mais de 93”,assegurou. Ele destacou, ainda, oempenho dos técnicos do TJ e doTCE que atuaram nas Comissões.

Caio Alencar esclareceu queo critério de avaliação dos proces-sos tomou como base os relató-rios gerenciais das movimenta-ções financeiras do Tribunal deJustiça relacionados ao Setor dePrecatórios, encaminhados peloBanco do Brasil, concernentesaos anos nos quais Carla Ubara-na chefiou a Divisão. Conformelevantamento do TCE, quatrocontas estavam vinculadas ao Se-tor. “Era inviável examinar osprocessos de 2007 a 2011. A gran-de maioria era de processos regu-lares”, ressaltou Caio Alencar. Se-gundo ele, seriam necessários atétrês anos para que todos os do-cumentos relacionados aos pre-catórios e RPVs ativos no TJRN,à época da inspeção, fossem au-ditados pela Comissão Interna.

Ao defender que a juíza Ta-tiana Socoloski cometeu umequívoco ao afirmar, em entre-vista à TRIBUNA DO NORTE,que somente 93 processos deprecatórios e requisições de pe-queno valor (RPVs) haviam sidoanalisados pelas Comissões dosTribunais de Justiça e Contas doRio Grande do Norte, o juiz LuizAlberto Dantas reiterou que“muitos” processos foram ana-lisados. A exemplo do desembar-gador Caio Alencar, o juiz queatuou como auxiliar da entãopresidenta do TJRN, Judite Nu-nes, não precisou a quantidadede procedimentos requisitóriosauditados.

Luiz Alberto Dantas analisouo período pelo qual respondeu pe-lo Setor de Precatórios do TJRNe assegurou que, diferente do ex-posto pela juíza Tatiana Socolos-ki, a Divisão passou por um pro-cesso de reestruturação em para-lelo aos pagamentos dos proces-sos que foram retomados a par-tir de junho do ano passado. O juizcitou como exemplo do bom fun-cionamento do Setor, o convitedo atual presidente do TJRN, de-sembargador Aderson Silvino,para continuar chefiando a Divi-

são. Luiz Alberto Dantas, porém,declinou a oferta. “Depois de umameditação profunda, eu decidiconcluir meu trabalho lá e volteipara a 5ª Vara da Fazenda Públi-ca, da qual sou titular há 15 anos”,comentou.

Além disso, ele citou que a sis-temática de pagamentos, que atéa descoberta do esquema eram fei-tas através de guias, foi modifica-da para a emissão de alvarás ju-diciais individualizados. Desta-cou, ainda, a reestruturação físi-ca do Setor, conforme recomen-dação do Conselho Nacional deJustiça, além de padronizar for-mulários e não quebrar a ordemcronológica das listas. Luiz Alber-to Dantas apontou, inclusive, quefoi durante a gestão dele que to-dos os atos do Setor foram dispo-nibilizados do sistema de infor-mática do TJRN, com publicaçãono Diário de Justiça Eletrônico.

Sobre a implementação dosistema de informática para agestão e operacionalização dosprocessos de precatórios e requi-sições de pequeno valor (RPVs),o juiz Luiz Alberto disse que nãoocorreu durante o período emque esteve à frente do Setor por“falta de tempo e recursos”.

Uma das dificuldades encara-das pelo próprio Caio Alencar, pe-lo então juiz auxiliar da presidên-cia, Luiz Alberto Dantas, e pelostécnicos envolvidos na inspeção,foi a falta de informações físicasem relação a determinados pro-cessos de precatórios e RPVs. Co-mo exemplo, o desembargadoraposentado citou o Processo nº2011.050117-3, no qual o autor éo próprio Tribunal de Justiça. Talprocesso, foi “distribuído” em 29de março de 2011. Entretanto, noextrato da conta de depósito ju-dicial nº 2200103677644, umaporte de R$ 1,6 milhão foi reali-zado em 03 de fevereiro de 2011.Anterior, portanto, à distribuição.

“O que seria incabível, por-

quanto o processo administrati-vo nº 2011.050117-3 somente foidistribuído em 29 de março de2011”, assinou o desembargadorno primeiro relatório da Comis-são Interna, em 23 de janeiro de2012. Este foi um dos processoscuja localização física não foi efe-tuada pela Comissão. “Muitosprocessos eram fictícios, virtuaise inexistentes. Não existiam fisi-camente”, relembrou Caio Alen-car. Ele complementou dizendoque Carla Ubarana fazia uso depen-drives, memórias de compu-tador externas e notebooks pes-soais para burlar os processos. Deacordo com os relatórios apre-sentados à Presidência do TJ em2012, a utilização do computador

do gabinete ocupado por CarlaUbarana era somente para lei-turas de comunicados internos.

A desembargadora Judite Nu-nes, que terá sua gestão como pre-sidenta do TJRN (2011-2012) ana-lisada pelo Conselho Nacional deJustiça (CNJ) foi procurada pelaTRIBUNA DO NORTE para co-mentar as declarações da juíza Ta-tiana Socoloski e o conteúdo do re-latório do TCE. Também foi con-tatado o juiz Guilherme Pinto, queatuou como auxiliar da Presidên-cia do TJ, ao longo do mandatode Judite Nunes. Nenhum deles,porém, estava em seus gabinetesno final da tarde desta segunda-feira (25). No âmbito do CNJ, o as-sunto é tratado sob sigilo.

Os valores do desvioCaio Alencar explica tetofixado para ressarcimento

Magistrados afirmam quesetor foi reeestruturado

“Muitos processos eram fictícios”

Desembargador Caio Alencar e juiz Luiz Alberto explicaram o trabalho feito na gestão passada

Conclusões do relatórioDocumento foi submetido à desembargadora Judith Nunes

Sobre a possibilidade dos valoresdesviados serem superiores aos R$14 milhões, Caio Alencar esclareceuque “nem a movimentaçãofinanceira do Tribunal, nem osdocumentos encaminhados peloBanco do Brasil, autorizam esseentendimento”. Com base nestainformação, o teto pararessarcimento dos recursosdesviados é de cerca de R$ 14milhões, cuja devolução deverá sercompartilhada entre todos os queforem considerados culpados.Segundo o juiz Luiz Alberto o valornão pode ser superior emdecorrência de todos osenvolvidos terem sidoresponsabilizados, no relatório doTCE, de forma solidária.