capa do dia a dia

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Dia a dia Caderno C [email protected] MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012 (92) 3090-1041 Página C5 População investe em segurança MÁRIO OLIVEIRA H á 23 anos com a consciência de que o mundo dele não tem as mesmas co- res do mundo das pessoas ao redor. Essa é a realidde do engenheiro civil Jackson Veloso, 43. Ele é daltônico, ou seja, possui um distúrbio que não permite ao portador enxergar as cores como elas realmente são ou, simples- mente não distinguir uma cor da outra. No caso dele, é preciso conviver com a troca de cores. Jackson diz ter descoberto que tinha a doença quando foi renovar sua Carteira Na- cional de Habilitação (CNH). Durante o teste psicotécnico, ele não conseguiu enxergar a numeração da página. “Fui então ao oſtalmologista e ele diagnosticou nível leve da doença”, explica. Segundo ele, as cores mais escuras são as mais prejudicadas pela doença. Nem sempre ele consegue distingui-las. Já o verde e o vermelho são trocados com frequência. Isso já o rendeu episódios unusitadas. Jackson lembra que, certa vez, quando ainda estava na faculdade, um amigo pergun- tou se ele não iria copiar o que estava no quadro da sala de aula. Na ocasião, ele reagiu perguntando se havia algu- ma coisa escrita, porque ele não estava vendo nada. “Mas nunca sofri preconceito por causa da doença. Vivo uma vida normal, já que não existe nenhum tratamento para a doença”, esclarece. A doença O daltonismo é uma do- ença que, geralmente, é de origem genética e prejudica a percepção das tonalidades. A doença possui dois níveis. O primeiro consiste na difi- culdade de distinguir cores primárias, como vermelho e o verde (deutanóptico) ou, até mesmo, ver tudo em preto e branco (tritanóptico). Segundo o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e doutor em medicina Jacob Cohen, o sentido da visão correspon- de há fenômenos. Um deles chama-se acuidade, ou seja, quando a pessoa focaliza um objeto em um campo visual, mesmo que não queira ver. O daltonismo é outro fenôme- no. A doença altera a visão das cores e as responsáveis por essas mudanças são as células que ficam no sistema nervoso central. “Essas alterações ocorrem quando as células do nervo óptico, chamadas de fotorre- ceptores, são alteradas. Elas são de dois tipos: cones (onde se enxergam as cores) e bas- tonetes, que são as visões em preto e branco”, explica. Não existe cura para o daltonismo. O sexo masculi- no tem maior probabilidade de adquirir. Para os casos, existe apenas tratamento, ou seja, uma reeducação do paciente. “A pessoa que dirige, por exemplo, é alertada que em um semáforo o verde fica embaixo e o vermelho em cima. Ao perceber que um dos dois brilha, ele sabe se é para seguir ou parar. O homem daltônico também não deve casar com uma mulher daltô- nica. Caso contrário, a proba- bilidade dos filhos nascerem com o mesmo problema é grande”, comenta. O mundo tem a cor que você enxergar O daltonismo pode ser descoberto por meio de tabelas como a do pes- quisador e doutor Shino- bu Ishihara, feitas sobre a base de uma mescla de manchas de diferentes cores. Nelas, as pessoas que têm o distúrbio veem números diferentes dos que estão realmente ex- postos na tabela. O químico inglês John Dalton foi quem desco- briu a doença no século 18. Ele possuía o dis- túrbio e acabou doando seu nome para a do- ença. Em seus estudos, Dalton descobriu que o daltonismo é ligado ao cromossomo “X”. Depois de vários estudos, ele concluiu que os homens são os mais vulneráveis à doença. Tabelas para detectar o problema Teste se você é daltônico O daltônico não enxerga os números 25, 45, 6 e 56 Tudo visto em preto e branco ou com as cores de objetos invertidas. É assim que as pessoas portadoras do daltonismo encaram o dia a dia LUCAS PRATA Equipe EM TEMPO C01 - DIA A DIA.indd 1 28/1/2012 02:39:07

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O daltonismo é uma doença que, geralmente, é de origem genética e prejudica a percepção das tonalidades. A doença possui dois níveis. O primeiro consiste na dificuldade de distinguir cores primárias, como vermelho e o verde (deutanóptico) ou, até mesmo, ver tudo em preto e branco (tritanóptico).

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Page 1: Capa do Dia a Dia

Dia a diaCade

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C

[email protected], DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012 (92) 3090-1041Página C5

População investe em segurança

MÁRIO OLIVEIRA

Há 23 anos com a consciência de que o mundo dele não tem as mesmas co-

res do mundo das pessoas ao redor. Essa é a realidde do engenheiro civil Jackson Veloso, 43. Ele é daltônico, ou seja, possui um distúrbio que não permite ao portador enxergar as cores como elas realmente são ou, simples-mente não distinguir uma cor da outra. No caso dele, é preciso conviver com a troca de cores.

Jackson diz ter descoberto que tinha a doença quando foi renovar sua Carteira Na-cional de Habilitação (CNH). Durante o teste psicotécnico, ele não conseguiu enxergar a numeração da página. “Fui então ao ost almologista e ele diagnosticou nível leve da doença”, explica.

Segundo ele, as cores mais escuras são as mais prejudicadas pela doença. Nem sempre ele consegue distingui-las. Já o verde e o vermelho são trocados com frequência. Isso já o rendeu

episódios unusitadas. Jackson lembra que, certa

vez, quando ainda estava na faculdade, um amigo pergun-tou se ele não iria copiar o que estava no quadro da sala de aula. Na ocasião, ele reagiu perguntando se havia algu-ma coisa escrita, porque ele não estava vendo nada. “Mas nunca sofri preconceito por causa da doença. Vivo uma vida normal, já que não existe nenhum tratamento para a doença”, esclarece.

A doença O daltonismo é uma do-

ença que, geralmente, é de origem genética e prejudica a percepção das tonalidades. A doença possui dois níveis. O primeiro consiste na difi -culdade de distinguir cores primárias, como vermelho e o verde (deutanóptico) ou, até mesmo, ver tudo em preto e branco (tritanóptico).

Segundo o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e doutor em medicina Jacob Cohen, o sentido da visão correspon-de há fenômenos. Um deles chama-se acuidade, ou seja, quando a pessoa focaliza um

objeto em um campo visual, mesmo que não queira ver. O daltonismo é outro fenôme-no. A doença altera a visão das cores e as responsáveis por essas mudanças são as células que fi cam no sistema nervoso central.

“Essas alterações ocorrem quando as células do nervo óptico, chamadas de fotorre-ceptores, são alteradas. Elas são de dois tipos: cones (onde se enxergam as cores) e bas-tonetes, que são as visões em preto e branco”, explica.

Não existe cura para o daltonismo. O sexo masculi-no tem maior probabilidade de adquirir. Para os casos, existe apenas tratamento, ou seja, uma reeducação do paciente.

“A pessoa que dirige, por exemplo, é alertada que em um semáforo o verde fi ca embaixo e o vermelho em cima. Ao perceber que um dos dois brilha, ele sabe se é para seguir ou parar. O homem daltônico também não deve casar com uma mulher daltô-nica. Caso contrário, a proba-bilidade dos fi lhos nascerem com o mesmo problema é grande”, comenta.

O mundo tem a cor que você

enxergar

O daltonismo pode ser descoberto por meio de tabelas como a do pes-quisador e doutor Shino-bu Ishihara, feitas sobre a base de uma mescla de manchas de diferentes cores. Nelas, as pessoas que têm o distúrbio veem números diferentes dos que estão realmente ex-postos na tabela.

O químico inglês John Dalton foi quem desco-briu a doença no século 18. Ele possuía o dis-túrbio e acabou doando seu nome para a do-ença. Em seus estudos, Dalton descobriu que o daltonismo é ligado ao cromossomo “X”. Depois de vários estudos, ele concluiu que os homens são os mais vulneráveis à doença.

Tabelas para detectar o problema

Teste se você é daltônico

O daltônico não enxerga os números 25, 45, 6 e 56

Tudo visto em preto e branco ou com as cores de objetos invertidas. É assim que as pessoas portadoras do daltonismo encaram o dia a dia

LUCAS PRATAEquipe EM TEMPO

enxergar

C01 - DIA A DIA.indd 1 28/1/2012 02:39:07