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Boa tarde, o trabalho que vou passar a apresentar corresponde aos pontos 3 e 4 do Capitulo IV que diz respeito á capacidade de gozo e exercício de direitos por parte das sociedades comerciais. Assim irei desdobrar o meu trabalho em duas partes: a primeira referente á capacidade de gozo de direitos das sociedades comerciais, que por sua vez se subdivide em 3 subtemas (…) e uma segunda parte que irá incidir sobre a capacidade de exercício de direitos destas mesmas sociedades. ________________________________________________________________ _____________ Passando, então, para o trabalho: Capacidade jurídica, ou de gozo, das Sociedades Comerciais O problema da capacidade jurídica, ou de gozo de direitos, das sociedades comerciais diz respeito aos direitos e às obrigações de que as sociedades podem ser titulares. Atualmente, no nosso ordenamento jurídico, acolhe-se a ideia de que a capacidade das sociedades é demarcada pelo escopo lucrativo que às mesmas se haja reconhecido. Vejamos, a este respeito o art.6º do CSC: De acordo com o art.6/1, a capacidade de uma sociedade comercial compreende os direitos e as obrigações necessários ou convenientes à prossecução do seu fim”. Esse fim é o fim lucrativo, pois o legislador pressupõe, no CSC, um conceito genérico de sociedade, que resulta do 980ºCC. Deste último preceito facilmente se retira

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direito das sociedades comerciais

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Boa tarde, o trabalho que vou passar a apresentar corresponde aos pontos 3 e 4 do Capitulo IV que diz respeito capacidade de gozo e exerccio de direitos por parte das sociedades comerciais.Assim irei desdobrar o meu trabalho em duas partes: a primeira referente capacidade de gozo de direitos das sociedades comerciais, que por sua vez se subdivide em 3 subtemas () e uma segunda parte que ir incidir sobre a capacidade de exerccio de direitos destas mesmas sociedades._____________________________________________________________________________Passando, ento, para o trabalho:

Capacidade jurdica, ou de gozo, das Sociedades ComerciaisO problema da capacidade jurdica, ou de gozo de direitos, das sociedades comerciais diz respeito aos direitos e s obrigaes de que as sociedades podem ser titulares.Atualmente, no nosso ordenamento jurdico, acolhe-se a ideia de que a capacidade das sociedades demarcada pelo escopo lucrativo que s mesmas se haja reconhecido.Vejamos, a este respeito o art.6 do CSC:De acordo com o art.6/1, a capacidade de uma sociedade comercial compreende os direitos e as obrigaes necessrios ou convenientes prossecuo do seu fim. Esse fim o fim lucrativo, pois o legislador pressupe, no CSC, um conceito genrico de sociedade, que resulta do 980CC. Deste ltimo preceito facilmente se retira que o fim da sociedade a obteno de um lucro e a sua distribuio pelos scios.A capacidade das sociedades comerciais no abrange, desde logo, os direitos e obrigaes que lhes sejam vedados por lei e aqueles que so inseparveis da personalidade singular como dispe o art.6 n1 na sua 2 parte. No abrangendo, por exemplo, o direito de uso e habitao, a capacidade testamentria Alm disso, os atos gratuitos, os atos pelos quais uma sociedade d a outrem uma prestao ou uma vantagem sem contrapartida esto em regra fora da capacidade societria.Quanto aos atos que no sejam necessrios ou convenientes prossecuo do fim da sociedade, deve entender-se que os mesmos so nulos, por violao de um preceito de carcter imperativo - o n1 do art.6- por fora do art.294CC._____________________________________________________________________________A matria da (in) capacidade das sociedades no deve ser confundida com a da (no) vinculao das mesmas. As limitaes capacidade no se identificam com as limitaes ao poder representativo dos rgos de administrao e representao. Para entendermos melhor, tracemos 2 crculos concntricos:1 Crculo maior o crculo (medida da) capacidade. A sociedade atravs de um ou mais rgos poder fazer tudo aquilo que com relevo interno ou externo, se contenha no interior deste crculo. Nada poder fazer sob pena de nulidade que v para l do crculo da capacidade.2 O crculo mais pequeno corresponder (aos poderes) de vinculao dos rgos representativos da sociedade. A sociedade atravs do rgo representativo no se liga, obriga ou vincula perante 3 (sendo que somente as relaes externas esto em jogo) por atos fora do crculo da capacidade jurdica (atos nulos); o crculo da vinculao no pode estar fora do da capacidade tem de estar dentro e h-de ocupar um espao mais restrito uma vez que s trata das relaes externas. O menor permetro do crculo da vinculao imposto pelo facto de a sociedade no ficar obrigada por todo e qualquer ato com relevo externo para cuja prtica ela tenha capacidade, os poderes de representao do rgo representativo so limitados por disposies legais e por disposies do contrato social (art.192/2, 260/1, 409/1).Um ato que no vincula a sociedade em geral um ato ineficaz em relao a ela.Um ato fora da capacidade jurdica da sociedade um ato nulo.

Passemos agora para o 2 ponto desta 1 parte O objeto social no limita a capacidadeO Objeto social no limita a capacidade de acordo com o art.6/4.Um ato social excede ou alheio ao objeto da respetiva sociedade quando atendendo ao momento da sua pratica se revele inservvel para a realizao das atividades que a sociedade pode exercer.Ex. No nula a compra por uma sociedade dedicada ao comrcio por grosso de artigos domsticos, de um prdio urbano para ser arrendado por curtos perodos a 3 e por preos mais baixos a scios. Este negcio est fora do objeto social mas a sociedade tem capacidade para os realizar, no contrariam o fim social.Do art.6/4 resulta o dever de os rgos sociais no excederem o objeto sendo que a violao deste dever acarreta sanes como a destituio com justa causa de membros da administrao (art.6/4,64,191/4/5/6/7, 257, 403, 430, 471), independentemente o tipo societrio._____________________________________________________________________________Atendendo agora ao art.409 a sociedade pode (e uma faculdade dela apenas e no dos 3) invocar a ineficcia em relao a ela dos atos que ultrapassem os limites do objeto social somente quando se verifiquem 2 condies (uma positiva outra negativa): prova feita pela sociedade de que o 3 sabia ou tinha ou devia saber (no podia ignorar) tendo em conta as circunstancias que o ato excedia o objeto social e a no assuno do ato pelos scios atravs de deliberao. Devemos ainda debruarmo-nos a este propsito sobre o n4 e 5 do artigo 11 do CSC: De acordo com o Art.11/4CSC uma sociedade pode sem necessidade de autorizao estatutria ou deliberao dos scios, adquirir participaes em sociedades de responsabilidade limitada (sociedades por quotas, annimas e quando a sociedade adquirente fique scia comanditaria em comandita) cujo objeto seja igual (total ou parcialmente) ao que a sociedade vem efetivamente exercendo, claro que sempre dentro dos limites permitidos pela clusula estatutria relativa ao objeto. - No ser assim se o estatuto dispuser diversamente (ex. proibindo a aquisio, limitando-a a certos valores ou impondo previa deliberao dos scios).- Quando a sociedade adquirente sociedade por quotas: se o estatuto no dispuser diversamente, compete aos scios deliberar sobre a subscrio ou aquisio de participaes noutras sociedades (art.246/2d). Em todos estes casos considera a lei no implicar a aquisio das participaes uma ultrapassagem do objeto social (o estatuto social no precisa de prever na clusula do objeto a referida possibilidade).Art.11/5 CSC quando o estatuto autorize, livre ou condicionalmente (ex.. fixando o tipo ou o objeto das sociedades em que possvel participar, estabelecendo a necessidade de previa deliberao dos scios), pode uma sociedade adquirir participaes como scia de responsabilidade ilimitada (scia de sociedade em nome coletivo ou scia comanditada) ou participaes em sociedade com objeto diferente do que ela vem exercendo, em sociedades reguladas por leis especiais e em regulamentos complementares de empresas.Ex. O estatuto de uma sociedade probe a aquisio de participaes em sociedades de responsabilidade limitada com o mesmo objeto (art.11/4) e no prev a aquisio de participaes em sociedades com objeto diferente (art.11/5). A sociedade adquire participaes em sociedades com idntico e diverso objeto.Estas aquisies no so nulas, a sociedade tem capacidade para as realizar (art.6/1/4), so alheias ao objeto social (delimitado tambm negativamente na 1hipoteses). As aquisies so ineficazes se a sociedade adquirente for em nome coletivo ou em comandita simples (art.192), so em regra eficazes se a sociedade adquirente for por quotas, annima ou em comandita por aes (art.260/1/2/3, 409/1/2/3).Passamos finalmente para o ltimo ponto deste parte

Liberdades e garantias concedidas por sociedades a terceiros o principio das incapacidades e excees

Em regra, os atos gratuitos se situam fora da capacidade jurdica das sociedades. Os negcios jurdicos supem o esprito de liberalidade, esse esprito no se confunde com o nimo ou escopo altrusta, desinteressado; liberalidades existem com fim interessado ou interesseiro, e estas so em geral compatveis com o fim lucrativo das sociedades, entram na capacidade delas (ex. letra de favor e com um mutuo gratuito)O art.6/2CSC est dirigido a doaes. Nem todas as liberalidades ou atos gratuitos so doaes (ex. o mutuo gratuito, comodato, prestao gratuita de penhor).As liberalidades no doaes podem no ser nulas, entrando no crculo da capacidade das sociedades mesmo quando no sejam consideradas usuais.- necessrio para as considerar validas, que no sejam contrrias ao fim social certas doaes. Toda a doao requer alm do esprito de liberalidade, uma atribuio patrimonial ao donatrio sem correspetivo, de que resulta uma diminuio do patrimnio do devedor (art.940/1CCivil).-h doaes feitas habitualmente por sociedades com finalidade interesseira, para promover as vendas dos seus produtos, melhorar a produtividade, acreditar o nome e imagem, pagar menos impostos ex. brindes a clientes, gratificaes a trabalhadores, nos donativos de apoio a iniciativas culturais ou desportivas. Todas estas doaes quando a situao patrimonial das sociedades as permita ho-se ser consideradas usuais entram no art.6/2. sem esta norma elas incluir-se-iam na capacidade societria mostram-se convenientes prossecuo do fim social (art.6/1). Onde se revela a plena utilidade do art.6/2 no campo das doaes feitas com esprito altrusta.Ex. Sociedade annima x financeiramente prospera, doa anonimamente 100 000 para apoio a refugiados de guerra em certos pais. Apesar de a doao no promover a consecuo de lucros pela sociedade ela de acordo com o art.6/2 no deve ser havida como contraria ao fim social.Fora dos art.6/1/2 as doaes so nulas (as sociedades no tm capacidade para as realiz-las). Quer as doaes que se traduzem em transmisso de direitos para os donatrios quer as que se traduzem ex. em assuno de dvidas de 3 (art.595CCivil) ou em remisso de dvidas de 3 (art.863/2CCivil). J o Art.6/3 na sua 1 parte diz respeito s garantias reais (penhor, hipoteca, consignao de rendimentos e s garantias pessoais (aval, fiana)Em regra a prestao destas garantias, a ttulo gratuito, considerada contraria ao fim social (lucrativo) no quando haja algum correspetivo.No entanto, o Art.6/3 na sua 2 parte apresenta duas excees regra da incapacidade da sociedade para prestar garantias a dvidas de 3 entidades: se existir justificado interesse prprio da sociedade de garante ou se se tratar de uma sociedade em relao de domnio ou em grupo. Estas excees esto em consonncia com o art.6/1, uma vez que nestes casos a prestao de garantias mostrar-se- necessria ou conveniente prossecuo do escopo lucrativo da sociedade._____________________________________________________________________________4.Capacidade de exerccio ou de agir das sociedades as sociedades atuam atravs dos seus rgos

As sociedades comerciais no possuem um organismo fsico-psiquco, pelo que necessitam de algum que intervenha por elas e no seu interesse, formando e manifestando a vontade social. Essa formao e manifestao da vontade social tem lugar atravs dos rgos sociais._____________________________________________________________________________Cada sociedade tem rgos de representao prprios, vejamos:Sociedades em nome coletivoSociedades por quotasSociedades annimasSociedades em comandita

A administrao e a representao cabem gerncia, art.192/1.

193/1, salvo em contrrio qualquer um dos gerentes, isoladamente, tem poderes para representar a sociedade.Dispe o 252/1 que estas so administradas e representadas por um ou mais gerentes.261/1, sendo que para que a sociedade fique vinculada necessrio, em princpio, a interveno da maioria dos gerentes. Representadas pelo administrador nico, 390/2; pelo conselho de administrao 405/2; pelo administrador executivo nico 424/2 ou pelo conselho de administrao executivo, 431/2

408/1; 431/3A representao caber gerncia.

Porem, as sociedades no atuam apenas por rgos de representao. Podem faze-lo atravs de representantes voluntrios (por elas nomeados). Esta possibilidade esta mesmo prevista para as sociedades por quotas no art.252 n6 e para as sociedades annimas no art.391 n7 (aplicvel s sociedades em comandita por aes por fora do art.478) _____________________________________________________________________________E assim dou por terminada a minha apresentao.