capa abertura unidade - com a mquina tabuladora de hollerith. fonte: tremblay e bunt (1993). saiba...
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Mdulo 2
Unidade 2 Primrdios da Administrao
35Mdulo 2
Apresentao
UNIDADE 3
OBJETIVOS ESPECFICOS DE APRENDIZAGEM
Ao finalizar esta Unidade voc dever ser capaz de:
Analisar a transformao do pensamento administrativo a partir
do estudo das principais teorias desenvolvidas ao longo dos 50
primeiros anos (Escolas Clssicas) da cincia administrativa;
Identificar as contribuies trazidas pelas escolas clssicas para
a cincia da Administrao; e
Compreender a contribuio da gesto para o processo de
expanso.
A REVOLUO INDUSTRIAL E OPENSAMENTO DA ADMINISTRAO:
1900 1950
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Unidade 3 A Revoluo Industrial e o pensamento da Administrao: 1900 1950
Mdulo 2
TRANSFORMAO DOPENSAMENTO ADMINISTRATIVO
Caro estudante,Estamos iniciando a Unidade 3. A partir de agora, vamosconversar sobre as principais teorias administrativasdesenvolvidas nos primeiros 50 anos de existncia dacincia administrativa, buscando sempre estabelecer eloscom o contexto da Administrao Pblica.No perca tempo! Inicie a leitura e lembre que voc noest sozinho. Em caso de dvidas e curiosidades,compartilhe-as com seu tutor.Bons estudos!
Para alcanarmos os objetivos propostos nesta Unidade,devemos partir do pressuposto de que, na sociedade moderna, noh organizao, seja do setor pblico ou privado, que possasobreviver sem ser administrada.
Mas afinal, o que administrar? Para respondermos a essa
questo, preciso mentalizarmos todos os elementos que
compem uma organizao. E o que uma organizao?
Segundo Robbins (2005), uma organizao consiste numarranjo sistemtico de duas ou mais pessoas que cumprem papisformais e compartilham de um objetivo comum.
Uma organizao, seja ela de pequeno, mdio ou grandeporte, formada por pessoas, recursos financeiros e fsicos,
38Bacharelado em Administrao Pblica
Teorias da Administrao II
tecnologias e o conjunto de conhecimento e de informaescirculantes. Por exemplo, a universidade de que voc faz parte, obanco onde voc correntista, o hospital de sua cidade, osrestaurantes que voc conhece, as igrejas, as fundaes, as lojas,as fbricas que esto ao seu redor. Todos so exemplos deorganizaes, algumas das quais cuidam de bens e interessesparticulares e outras de coletivos.
Considerando que as organizaes coletivas so formadas
pelos rgos a servio do Estado, que rgos constituem este
cenrio?
No mbito desse conceito entram no s os rgospertencentes ao Poder Pblico, mas tambm as instituies e asempresas particulares que colaboram com o Estado no desempenhode servios de utilidade pblica ou de interesse coletivo, ou seja,da administrao direta entidades estatais classificadas comocentralizadas, a exemplo de ministrios, secretarias de governo e da administrao indireta entidades autrquicas e algumasparaestatais classificadas como descentralizadas, como depar-tamentos ou rgos que se enquadram como rgos autnomos,autarquias, empresa pblica, sociedade de economia mista efundao , alm dos entes de cooperao (SALDANHA, 2006).
Podemos afirmar, por tanto, que administrar umaorganizao corresponde ao processo de trabalhar com as pessoase com os recursos que a integram, tornando possvel o alcance dosseus objetivos. No contexto pblico, a administrao faz referncia gesto dos bens e interesses qualificados da comunidade, nosmbitos federal, estadual ou municipal, segundo os preceitos dodireito e da moral, visando ao bem comum (AMATO, 1971 apudSALDANHA, 2006, p. 12).
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Em sntese, administrar implica tomar decises erealizar aes.
Assim, a forma como administrada uma organizaodetermina o quanto ela capaz de utilizar corretamente os recursospara atingir seus objetivos. Ou seja, determina o nvel de eficcia eo de eficincia.
Voc conhece a diferena entre esses termos?
Administrar com eficcia significa atingir os objetivosplanejados. J agir com eficincia implica utilizar corretamente osrecursos disponveis. Chiavenato (1987a, p. 71) completa afirmandoque a eficincia est voltada para a melhor maneira pela qual ascoisas devem ser feitas ou executadas (mtodos de trabalho), paraque os recursos sejam aplicados da forma mais racional possvelno desenvolvimento das suas atividades.
Neste ponto, voc deve estar se perguntando: onde entra a
transformao do pensamento administrativo?
Consideramos que inseri-lo nesse estudo a partir de conceitosbsicos da Administrao, e em especial da Administrao Pblica,faci l i taria a compreenso dos fundamentos da cinciaadministrativa, pois, na Administrao, entendemos serextremamente pertinente fazer a anlise das principais teorias dentrodessa viso.
Mas da surge a pergunta: por que exatamente devemos estudar
a transformao do pensamento administrativo?
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Teorias da Administrao II
v
A disciplina Teoria da
Administrao I abordou
a Revoluo Industrial de
forma detalhada. Para
recordar este contedo,
releia a seo
Administrao na
Histria da Humanidade,
presente no livro
didtico da referida
disciplina.
Na verdade, a perspectiva histrica interessa particularmenteaos administradores, j que se configura como uma forma depensamento baseada na busca de padres e na determinao desua repetio atravs dos tempos. Confirmando, Daft (1999, p. 24),numa perspectiva histrica, proporciona contextos ou cenrios parainterpretar mais adequadamente os problemas atuais.
Alm disso, tal perspectiva pode contribuir para acompreenso do presente e do futuro: trata-se de uma forma deaprendizado, pois buscamos aprender com os erros dos outrostentando no os repetir. Usamos o sucesso dos outros como formade inspirao e, principalmente, essa perspectiva serve paracompreendermos por que determinados eventos desagradveisacontecem para melhorar condies futuras da organizao. Comcerteza, isso facilita o desenvolvimento de uma viso mais amplado ambiente do setor pblico.
Quanto a esse assunto, Lawrence (apud WREN, 2007, p. 16)destaca a diferena entre pesquisa histrica (investigao sobrepessoas e eventos passados) e perspectiva histrica (uso da histriapara entender o presente), j que o objetivo da segunda aguarnossa viso do presente e no do passado. [...] Ela promove a reflexosobre explicaes alternativas para os fenmenos, ajuda a identificarconceitos mais ou menos estveis e expande os horizontes de pesquisamediante a sugesto de novas maneiras de estudar velhas questes.
Por isso, prezado aluno, vale a pena observar que o estudoda histria do pensamento administrativo no se resume a apenasdispor os fatos em ordem cronolgica, mas sim entender o impactode concepes tericas e de determinadas foras sobre asorganizaes, sejam elas polticas, culturais, econmicas ou sociais,o que, certamente, dar apoio ao alcance dos nveis de eficincia ede eficcia desejados pelo administrador.
No podemos esquecer que os maiores avanos nopensamento administrativo ocorreram a partir da RevoluoIndustrial. Contudo, destacamos que, apesar de ter sido formalmenteconstituda e estudada h apenas 50 anos, a origem da prticaadministrativa remonta a 5.000 a.C., nas primeiras organizaesgovernamentais desenvolvidas pelos sumrios e egpcios.
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Contudo, foi a perspectiva clssica que, de fato, moldou oestudo da Administrao da forma como o vemos atualmente.Segundo Montana e Charnov (1998), os primeiros textos sobreAdministrao ganharam fora em decorrncia da RevoluoIndustrial, na Inglaterra, pois foi a partir deste perodo que sedesenvolveu um processo organizado de produo que acabougerando grandes resultados para a prpria Cincia Administrativa.Porm, tal conhecimento estruturado s chega mais tarde Amrica.
Para termos uma ideia, os primeiros esforos tericos notiveram um impacto positivo. Como exemplodessas tentativas, podemos citar CharlesBabbage, que insistia em afirmar que omundo industrial exigiria um estudosistemtico da administrao de tarefas e dapadronizao do trabalho para poder ajustaras empresas a uma nova e exigenterealidade. Justamente, esses seriam osfundamentos bsicos para a tecnologia dalinha de montagem, mais tarde institudos.
Em sua obra mais famosa, Sobre aeconomia do maquinrio e das manufaturas(publicada em 1832), Babbage descreveudetalhadamente as ferramentas e mquinascom base nas visitas que fez a fbricasinglesas e francesas. Discutiu os princpioseconmicos da fabricao e analisouoperaes, os tipos de habilidade requeridae as despesas de cada processo, fornecendosugestes que visavam melhora dasprticas correntes (WREN, 2007).
Alm disso, defendeu a ideia de que o trabalho deveria serreduzido a tarefas menores e padronizadas. E que o desenvolvimentode uma viso administrativa e o esforo em resolver problemas fabrisdecorrem, principalmente, dos problemas que ele prprio enfrentouna superviso da construo de uma mquina que havia criado.
Charles Babbage (1792-1871)
Matemtico e engenhei-
ro britnico, considerado
por muitos o verdadeiro
pai do computador atu-
al. Preocupado com os
erros das tabelas mate-
mticas da sua poca,
em torno de 1822, Babbage construiu a m-
quina de diferenas. Mais tarde, depois de
enfrentar muitos problemas, o engenheiro
projetou a chamada mquina analtica que
podia ser programada para calcular vrias
funes diferentes. Porm, apesar de o pro-
jeto ter sido concludo, a mquina nunca foi
construda, e somente um sculo depois que
ideias semelhantes foram postas em prtica,
inicialmente com a mquina tabuladora de
Hollerith. Fonte: Tremblay e Bunt (1993).