canto da gaita

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CANTO DA GAITA www.cantodagaita.cjb.net Glossário gaitístico Surgiu em um dos muitos grupos de gaitas no Orkut a questão do vocabulário gaitístico. Que nomes têsm as diversas partes da gaita? Na internet acha-se muitas vezes um desenho em vista isométrica explodida de uma gaita Hohner MS (provavelmente uma Meisterklasse MS como essa) originado em algum folheto da própria Hohner e escaneado. O desenho é bom, porém a figura na internet tem pouca definição e apenas as peças maiores são identificadas. Resolvi então fotografar uma gaita e identificar as partes claramente. Uma observação é que a Meisterklasse que eu fotografei é um modelo um pouco mais antigo, hoje em dia as MK MS têm um corpo menos espesso e 5 parafuso nas chapas de vozes, ao invés de 3. As imagens postadas aqui, como qualquer imagem original na internet estão protegidas por leis de Copy Right, ou propriedade intelectual. Ou seja, não é para sair usando-as à torto e a direito, existem condições claras para o uso: 1. Qualquer uso deve ser comunicado ao autor das imagens através do e-mail . 2. Em todos os casos o nome do autor (Fernando Bresslau) e a fonte (este site) deverão ser mencionados. 3. Para uso comercial entram as regras usuais para uso de imagens de autoria definida. Novamente peço entrar em contato.

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CANTO DA GAITAwww.cantodagaita.cjb.net

Glossário gaitístico

Surgiu em um dos muitos grupos de gaitas no Orkut a questão do vocabulário gaitístico. Que nomes têsm as diversas partes da gaita? Na internet acha-se muitas vezes um desenho em vista isométrica explodida de uma gaita Hohner MS (provavelmente uma Meisterklasse MS como essa) originado em algum folheto da própria Hohner e escaneado. O desenho é bom, porém a figura na internet tem pouca definição e apenas as peças maiores são identificadas.

Resolvi então fotografar uma gaita e identificar as partes claramente. Uma observação é que a Meisterklasse que eu fotografei é um modelo um pouco mais antigo, hoje em dia as MK MS têm um corpo menos espesso e 5 parafuso nas chapas de vozes, ao invés de 3.

As imagens postadas aqui, como qualquer imagem original na internet estão protegidas por leis de Copy Right, ou propriedade intelectual. Ou seja, não é para sair usando-as à torto e a direito, existem condições claras para o uso:

1. Qualquer uso deve ser comunicado ao autor das imagens através do e-mail .

2. Em todos os casos o nome do autor (Fernando Bresslau) e a fonte (este site) deverão ser mencionados.

3. Para uso comercial entram as regras usuais para uso de imagens de autoria definida. Novamente peço entrar em contato.

Mais uma dica: clique nas imagens para vê-las em tamanho maior quase gigante.

Mas vamos ao que interessa. Observem as letras nas imagens e as explicações abaixo.

Antes de mais nada, é bom dizer que estamos falando da gaita, ou gaita de boca, harmônica, harmônica de boca ou realejo. As fotos são de uma gaita diatônica, porém a nomenclatura é válida também para outros tipso de gaitas, sendo que no caso a cromática existem peças adicionais não mostradas aqui (por enquanto).

A: Chapa de cobertura é a "casca" exterior da gaita. é onde se apoia os dedos e protege as palhetas. Há uma certa função acústica que é provavelmente mais ligada com reflexão sonora do que com ressonância, porém essa influência acústica ainda não foi estudada devidamente. Em geral é de metal (aço cromado, aço niquelado, aço inox) ou latão (cromado, niquelado ou prateado). No caso desta gaita, é latão cromado. Pode ser chamada de placa de cobertura (eu mesmo uso o termo), porém, por definição, chapa é o mais correto.

B: Chapa de vozes ou de palhetas é a a chapa onde as palhetas são fixadas. São, em geral, duas (há gaitas simples com uma só, a Speedy da Hohner), uma superior e uma inferior. No caso das gaitas diatônicas a chapa superior contém as palhetas das notas sopradas, e a inferior as palhetas das notas aspiradas. Em geral são de latão, com espessura entre 0,7 a 1,5 mm podendo ser niqueladas, prateadas douradas ou cromadas. No nosso exemplo elas são niqueladas. Há também chapas de alumínio, em geral de menor qualidade nos instrumentos atuais. Na década de 40 ou 50 houve cromáticas da Hohner com espessas chapas de alumínio, de boa qualidade.

C: Palhetas são a alma da gaita. Elas, em conjunto com (B) produzem o som. Em geral são de latão, em alguns casos tendem para o bronze, porém o latão é o material de maior sucesso. Espessuras típicas são em torno de 0,1 a 0,4 mm. Mais sobre elas abaixo.

D: Parafusos da chapa de vozes servem para fixar as chapas de vozes ao corpo (E). Em algumas gaitas, como a Marine Band Classic, são substituídos por pequenos pregos.

E: Corpo tem a função de separar as chapas de vozes e de canalizar o ar para as palhetas. Pode ser chamado de pente devido ao formato peculiar. Existem dois tipos, como e mostrado, em formato simples de pente e como da Special 20, onde a chapas de vozes são embutidas no corpo. Os materiais mais comuns são madeira, plástico e metal. O da MK é de uma liga de alumínio. O corpo não tem uma função de ressonância acústica, como no caso do corpo de um violão. Muitos gaitistas acreditam que o material do corpo tem uma influência no som, eu tendo a discordar disso. Mas isso é uma outra história.

F: Parafusos externos são usados para fixar as chapas de cobertura sobre o sandúiche chapa de vozes/corpo/chapa de vozes.

G: Fenda й onde a palheta vibra na chapa de vozes. A distância entre o perímetro externo da palheta e o perímetro interno da fenda é um dos fatores que definem a qualidade de uma gaita.

H: Ranhura para que a chapa de cobertura encaixe direito na chapa de vozes. Nem todas as gaitas precisam dessa ranhura, apenas as em formato sanduíche, como a Marine Band.

I: Parte posterior da palheta onde se retira material (por exemplo com uma lima) para diminuir a freqüência da palheta, tornando a nota mais grave. Essa região pode ser indicada como sendo a região junto à base da palheta.

J: Base da palheta é a parte da palheta que fica em contato com a chapa de vozes e o rebite.

K: Rebite fixa a palheta na chapa de vozes. Em geral é de aço, mas já vi ser de latão. A parte visível do rebite é a sua cabeça. O rebite pode ser substituído por um micro parafuso (como os de óculos) em reparos.

L: Peso usinado na palheta para fazer com sua nota seja bastante grave. Se a palheta não tivesse essa parte mais espessa na ponta, seria necessária uma palheta muito mais longa para se atingir notas graves. Logicamente, nem todas as palhetas possuem o peso. Em trabalhos personalizados é comum que técnicos aumentem o peso ou o criem pingando um pouco de solda de estanho sobre a extremidade da palheta.

M: Ponta ou extremidade livre da palheta é a região onde se retira material para aumentar a freqüência da palheta, tornando a nota mais aguda. O processo inverso, de adição, como descrito acima, ocasiona o efeito contrário.

N: Altura da palheta não está indica nas photos. Mas é a distância entre a ponta da palheta e a chapa de vozes. É de grande importância no ajuste da gaita para o estilo pessoal do gaitista.

Manutenção

Este é apenas um resumo sobre a manuteção de gaitas diatônicas. Se você quiser informações mais completas e aprofundadas, recomendo adquirir o "Manual de Manuteção Geral de Gaitas" do Prof. Ulysses Cazallas. Veja maiores informações na sessão "Métodos".

Fazer a manutenção de suas próprias gaitas dará a você instrumentos mais duráveis, que tocam melhor e soam mais agradavelmente. Assim como guitarristas tem que mudar as cordas de suas guitarras e afina-las constantemente, os gaitistas devem estar aptos a ajustar seus instrumentos para soarem e tocarem bem. A manutenção da gaita geralmente se concentra nas palhetas (reeds), que são mostradas na figura abaixo.

Ferramentas

Existem no mercado alguns kit de ferramentas para manutenção de gaitas. Eles trazem várias ferramentas, tais como limas, suportes, centralizadores e extratores de palhetas, microparafusos, microporcas, mini-chaves , martelinhos e outras. A Lee Oskar, comercializa um kit com 7 ferramentas que custa U$ 30,00. Mas você pode e deve montar seu próprio Kit com ferramentas improvisadas.

Afastamento da Palheta

O afastamento entre a palheta e a place de vozes influencia muito no funcionamento da palheta, e na forma como a gaita responde ao seu sopro. Quando a palheta está muito afastada, ela requer mais pressão para vibrar, e permite tocar mais agressivamente sem que a palheta fique travada. Se você toca com muita força, um afastamento relativamente amplo pode ajuda-lo a manter um bom som. Um afastamento menor permite ativar a palheta com menos ar. Se você toca suavemente, um afastamento relativamente pequeno irá ajuda-lo. Se o afastamento for pequeno demais a palheta não irá vibrar. Por outro lado, se o afastamento for grande demais, a palheta permitirá muito vazamento de ar, e não responderá no tempo.

Uma vez que o afastamento da palheta é tão importante para a ação da gaita, cada instrumentista deve aprender a ajusta-lo para sua própria forma de tocar.

O afastamento deve ser maior para as palhetas mais longas do que para as palhetas mais curtas para uma ação uniforme. Em outras palavras, as notas graves devem ter um afastamento levemente maior entre a palheta e a placa de vozes do que as notas agudas. Desta forma a gaita irá tocar mais suave e uniformemente, a resposta deverá ser consistente para todas as palhetas, com as pequenas diferenças de altura aplicadas para os diferentes comprimentos de palhetas. A altura normal para o afastamento é de aproximadamente a expessura da palheta. Faça um ajuste fino a partir daí.

Ajustar o afastamento das palhetas é fácil, seguro, e um requerimento básico para fazer a gaita tocar bem. As palhetas normalmente vem muito afastada de fábrica e ajustadas de forma inconsistente ao longo da gaita. É extremamente recomendável re-ajustar a altura das palhetas de sua gaita de acordo com seu estilo pessoal de tocar.

Centralização da Palheta

Quando uma palheta está descentralizada, parte dela pode encostar na abertura (slot) da placa de vozes, impedindo que a palheta vibre livremente. Você deve segurar a placa de vozes contra a luz para verificar o alinhamento. É preciso que a palheta esteja centralizada em seu slot, em todo o seu comprimento. Se a palheta estiver descentralizada, use uma lâmina fina para empurrar a palheta de volta para o centro, mas com muito cuidado para não danificá-la. .

Afinação

Com o passar do tempo, as palhetas tendem a perder a afinação e ficar com o som mais grave. Normalmente você pode voltar à afinação correta. Porém, se a palheta estiver desafinada em um semitom ou mais, ela provavelmente está trincada, e a afinação não irá resolver. Neste caso a palheta deverá ser substituida.

A afinação é feita atravéz da remoção (normalmente) ou adição (pouco frequênte) de metal de/para as palhetas. Funciona assim:

Para aumentar a frequência do som produzido pela palheta (tornar o som mais agudo), remova um pouco do metal (limar, raspar) próximo da extremidade livre da palheta (veja a figura).  Isso deixa mais leve a ponta da palheta, fazendo com que ela vibre mais rápido, aumentando o tom.

Para baixar o tom da palheta, remova um pouco do metal (limar, raspar) próximo da base da palheta (veja a figura).  Isso torna a extremidade mais pesada em relação à base, e faz a palheta vibrar mais lentamente, diminuindo o tom.

Antes de limar a palheta, você deve apoiá-la com uma lâmina ou espátula. Ao limar a palheta, tenha cuidado para não desalinhá-la lateralmente, pois assim ela não irá vibrar livremente.

Você precisará usar um afinador cromático para checar a afinação. Uma boa opção é o software TuneIt. Para usa-lo, basta ligar um microfone à placa de som e tocar a gaita, o software apresenta a nota que está sendo executada, sua frequência e o grau de desvio da frequência padrão. Aí é só ir ajustando a afinação até obter o frequência desejada.

Tipos de Afinação

Historicamente, a frequencia da nota A é usada como referência para afinação dos instrumentos. O padrão, normalmente é 440 Hz para o A central, mas gaitas frequentemente são afinadas com A=441 ou 442 ou até mais alto, porque as gaitas são normalmente tocadas de forma levemente bemolizada, então afinar mais alto faz a nota resultante combinar bem com os outros instrumentos.

Se você afinar cada nota exatamente de acordo com seu afinador, o resultado obtido será a afinação conhecida como "temperada". Este tipo de afinação é comum em muitos modelos de gaita, como as Lee Oskar Major e a Hohner Golden Melody. Esta afinação é própria para tocar notas sozinhas (melodias), mas os acordes soam um pouco desafinados. Para que os acordes soem melhor, muitas gaitas usam a afinação "justa". Este tipo de afinação consiste em modificar a frequência de certas notas para fazer alguns acordes soarem melhor - mas as notas na melodia soarão um pouco fora do tom.

Além destas, várias afinações especiais podem ser feitas para prover diferentes notas (sem requerer técnicas especiais como bend e overbend) e diferentes acordes. Exemplos incluem as afinações Natural Minor, Country e Melody Maker (veja detalhes na sessão "Afinações Especiais"). Usando os procedimentos já descritos, é relativamente fácil fazer sua própria gaita com afinação especial.

A afinação justa é uma adaptação da afinação temperada para fazer os acordes soarem melhor. Há muitas variações de afinação justa, e o modelo apresentado a seguir é apenas uma das muitas possibilidades. Os valores são desvios (em percentual) da afinação temperada (frequência exata do afinador cromático). Os valores negativos indicam que a frequencia deve ser diminuida e números positivos, indicam que a frequência deve ser aumentada.

Grau da Escala 1º 3º 5º 7ºb 9º

Ajuste (%) 0 -14 +2 -32 +4

Note o quanto deve ser bemolizada a dominante (grau 7, orifício 5 aspirado) - quase meio semiton. É muito bemolizado e pode soar meio desafinado quando tocando melodias ao invés de acordes. Há muitos meios de combinar a afinação temperada e a justa. A idéia é obter uma afinação boa para melodias mas sem comprometer os acordes e vice versa. Aí vai uma sugestão:

Grau da Escala 1º 3º 5º 7ºb 9º

Ajuste (%) 0 -8 0 -8 0

Para as palhetas aspiradas, o 3º grau está nos orifícios 3 e 7, o 5º nos orifícios 4 e 8, o 7º nos orifícios 5 e 9, e o 9º no 6 e 10 (as notas do 1º grau não tem ajuste). Obs: 2ª posição.

Substituição de Palheta

Se for necessário substituir uma palheta, você pode usar uma palheta retirada de uma outra gaita. Escolha na gaita velha a palheta que você quer usar no lugar da que quebrou.Ela pode ser de comprimento maior do que a que quebrou, assim você poderá cortá-la para o tamanho desejado, mas nunca deverá ser de comprimento menor, pois ficará deixando um vazamento de ar e isso prejudica a execução das notas daquele orifício.

Lime o rebite na parte posterio (inversa a da palheta) até que fique um pouco abaixo do plano da pla de vozes. Com a parte limada para cima, coloque a placa de vozes sobre um desnível como se fosse de uma escada. O rebite deve ficar bem perto do degrau. Com o auxilio de um martelinho e um punção bem agudo retire a palheta velha.

Coloque a palheta retirada no lugar da que quebrou. Sobre um plano de aço ou ferro, bata com pancadas leves na parte posterior do rebite até que ele fique um pouco amassado. Centre a palheta e da mesma forma bata na parte anterior. Se por ventura, não conseguir fixar bem a palheta, use uma gotícula de cola instantâne só na cabeça da palheta. Cuidado com essa gotícula que poderá ser colocada também na parte posterior do rebite.

Vedação da Gaita

A gaita pode apresentar vazamento de ar, dificultando a execução. Vazamentos podem ocorrer por vários motivos:

Se as palhetas estiverem afastadas demais das placas de vozes. Neste caso a solução é simples, basta diminuir o afastamento.

Pode ocorrer vazamento também pelas laterais da palheta, caso exista muita folga entre a largura da palheta e o rasgo (slot) da placa de vozes. Neste caso a melhor solução é substituir a palheta.

Vazamentos podem ocorrer também entre o corpo da gaita (pente) e a placa de vozes. Neste caso você pode fazer a vedação utilizando cola de silicone ou cola branca. Passe a cola em toda a superfície do corpo da gaita que entra em contato com as placas de vozes. Muito cuidado para não utilizar cola em excesso e não deixar a cola escorrer para outras partes, que não aquelas que entram em contato com as placas.

Valvulas

Valvulas são abas atachadas à placa de vozes, na posição do rebite, sobre o slot no lado oposto à palheta. Veja a figura acima. Elas são feitas de uma fina lâmina de plástico. As válvulas são mais frequentemente encontradas em gaitas cromáticas, onde são usadas para evitar o vazamento de ar.

As válvulas funcionam impedindo a passagem do ar em um determinado Sentido. Durante o sopro, a válvula da palheta soprada permite a passagem do ar, enquanto a válvula da palheta aspirada impede a passagem do ar. Durante a aspiração, a situação se inverte.

Uma vez que as válvulas bloqueiam o vazamento de ar pela palheta oposta, menos ar é necessário para acionar a palheta, o que é muito importante nas cromáticas devido ao vazamento que ocorre no bocal e nos mecanismos deslizantes. As válvulas são normalmente empregadas em todas as palhetas da gaita cromática.

Este não é o caso da diatonica, que geralmente possue melhor vedação que a cromática. As válvulas na diatonica não são usadas para evitar vazamentos de ar. Elas são usadas para possibilitar bends valvulados.

Um bend valvulado é simplesmente um bend em uma palheta cuja palheta-par (no mesmo orifício) é valvulada. Na diatonica, nem todas as palhetas devem ser valvuladas. As valvulas são usadas para obter bends que normalmente não estão disponíveis na gaita diatonica. Normalmente os bends são aspirados nos orifícios 1 até 6, e soprados no orifícios 7 até 10. Uma diatônica valvulada permite todos os bends regulares, mais bends soprados nos orifícios 1 até 6, e aspirados nos orifícios 7 até 10. Então quando valvulando uma gaita diatônica, as válvulas são colocadas como segue:

Sobre o lado oposto dos slots das palhetas aspiradas dos orifícios 1 ao 6. Sobre o lado oposto dos slots das palhetas sopradas dos orifícios 7 ao 10.

As valvulas para os orifícios 1-6 ficam do lado de dentro do corpo da gaita, então a placa de vozes inferior deve ser removida para que as válvulas possam ser instaladas.

A instalação é simples. Basta usar cola instantânea para fixar a válvula à placa de vozes na posição do rebite, do lado oposto ao que estão fixadas as palhetas. Apenas uma pequena quantidade de cola deve ser aplicada à válvla, e tome muito cuidado para não aplicar cola nas palhetas. Tenha cuidado ao remontar a gaita para que o corpo da gaita não interfira no funcionamento da vávula.

Você pode comprar válvulas de fabricantes de gaitas como Hohner ou Hering, ou até mesmo fazer suas próprias válvulas.

O único modelo de diatônica valvulada disponível comercialmente é a Suzuki ProMaster Valvulada. A Hering tem um modelo de diatônica chamado "Master Solo" que possue 12 orifícios, dos quais os 5 primeiros são valvulados, tanto nas palhetas sopradas quanto nas apiradas (este modelo não segue o sistema Richter).

Com um pouco de prática, você poderá fazer sua própria gaita valvulada em 10 ou 15 minutos.

Gaita preparada para Execução Cromática usando Válvulas e Overblows

Overblows e overdraws (overbends) funcionam atravez do travamento da palheta que tocaria normalmente com a direção do fluxo de ar (soprado ou aspirado) e ativando a outra palheta. Para overblows, isso significa que a palheta soprada é travada e a aspirada é ativada para produzir o som. Usando overblows e overdraws é possível cromatizar completamente a gaita diatônica, bem como usando bends valvulados.

As vávulas interferem nos overbends. Po exemplo, se uma palheta aspirada está valvulada, um over blow não será possível neste ofirício devido ao fluxo de ar não poder alcançar a palheta aspirada enquanto você sopra. A conclusão é que você não pode tocar bends valvulados e overbends no mesmo orifício.

Valvular as palhetas aspiradas dos orifícios 1,2,3 e a soprada do orifício 8, é a melhor maneira de valvular uma gaita e ainda assim obter completa capacidade cromática sem perder os overblows mais úteis.

Problemas e possíveis soluções

Vazamento de ar : vedando com micropore

A ideia que temos que ter é que o vazamento ocorre por imperfeição da placa de voz ou do corpo da gaita. Eu ja usei micropore (2 ou 3 camadas), Termolina (nao toxico, 3 a 4 demaos) e atualmente estou utilizando em corpos de madeira, cera de abelha (parafina). Temos que saber que se criarmos uma camada mais espessa desse material, teremos o preenchimento dos espaços. Em corpos de plastico, o ideal é o micropore. So que tem que estar atento para substituir sempre porque absorve muita umidade e pode ocasionar acumulo sujeira. Tem-se que verificar tambem o off-set das palhetas, ajustando a sua altura em relaçao com a palheta oposta. Se fecharmos a de cima e a de baixo demais interrompemos o fluxo de ar. O ideal é fechar um pouco a de cima e abrir um pouco a de baixo. Façam esse teste.

Voce vai desmontar a gaita, com o corpo da gaita (pente) sem as placas de vozes (onde tem as palhetas), voce vai colar o micropore e depois recortar os espaços vazios (calhas, furos, etc) O micropore vai estar so na parte preta do pente. feito isso, recoloque as placas de vozes e aperte os parafusos o suficiente, sem forçar muito. Com isso voce preenche os espaços onde tem vazao de ar.

Micropore : esparadrapo antialergico que voce encontra em farmácias

GAITA SUJA: LIMPANDO COM LIMONADA

NÃO USE Produto nenhum! Senao sua gaita pode ficar com cheiro e ai ja era! Faz uma solução de 50% de vinagre branco ou LIMAO e 50% de agua morna. Deixe as placas por uns 15 minutos e depois lave suavemente com uma escova de dentes com sabao neutro. mas cuidado para nao enroscar as cerdas da escova entre as palhetas. Se acontecer nao force, tire levantando um pouco a palheta e enxague. O corpo, se for de plastico, pode lavar com uma escova de dentes e sabao neutro. Se for de madeira nao molhe, porque ele incha e ai ja era!

Como ajustar o GRAL de afastamento das palhetas

Grande fera!

O ajuste do grau é relativo a pressao do seu sopro. Se voce sopra muito forte, tem que deixar mais afastada, se seu sopro for medio, tem que ajustar mais. Geralmente o que faço é colocar a pontinha de um palito de dente entre a placa de voz e a palheta como medida. Essa altura ja esta bom. é uma altura media.Outra forma de verificar é pegando a placa com os rebites para baixo, veja as pontas das palhetas e observe que fica um espaço bem fino entre a palheta e a placa de voz

Dicas de afinação

Como saber se sua harmônica esta ou não desafinada.

Sabemos da importância da boa afinação da harmônica. O intrumento precisa estar bem afinado porque, se de repente desafinar uma nota em que existe bend (nota dobrada), perde-se a referência sonora e isto irá destoar com os demais instrumentos.

A afinação de sua harmônica pode ser conferida com um afinador eletrônico ou você pode utilizar a técnica do oitavado, isto é, tocar 4 orifícios soprados, tampando os 2 do meio. Se você notar oscilação de som (UAUAUAUA) então existe uma desafinação. Este teste serve para o 1-4, 2-5, 3-6, 4-7, 5-8, 6-9, 7-10 soprados e 1-4, 3-7, 4-8, 5-9, 6-10 aspirados. Existem casos de se usar esse UAUAUAUA como efeito, William Clarke o usava muito. Mas ele fazia uma afinação especial da mesma nota da oitava com freqüências diferentes formando assim uma espécie de trinado. Só que isso é uma outra história...

Outra forma de ouvir se há desafinação, é perceber se existe desarmonia nos 3 primeiros orifícios soprados e aspirados. Sopre o 1-2-3 e note se existe oscilação de som. Mesma coisa para o aspirado, tem que estar harmônico.

Na maioria das vezes, a afinação está baseada na freqüência de A = 442hz. A harmonia dos orifícios 1-2-3 tem, geralmente, uma queda de freqüência em um orifício para ajuste de acordes.

Por exemplo, baseando-se em A = 442hz em uma gaita em C com um afinador eletrônico, temos o orifícios 1 soprado = C, sendo que este ficaria como C = 0 (ou seja, o ponteiro do afinador estando em 0 justo), o 2 soprado E = -15 (o ponteiro do afinador com uma ligeira queda pra esquerda, o tom um pouco abaixo), o 3 soprado G = 0 (novamente o ponteiro do afinador justo) e assim sucessivamente monta-se a afinação baseando-se em oitavar a gaita para não haver diferença. No caso aspirado a queda de freqüência já parte para o 3 aspirado (B=-10).

Existem casos de gaitas que tem a sua afinação justa, tais como a Golden Melody e a Golden Blues, onde os acordes não soam tão harmônicos. O padrão de afinação temperada não é obedecido, a afinação é toda justa. Por este motivo os acordes soam grosseiros nestas gaitas. Na verdade, a maioria das gaitas diatônicas disponíveis no mercado utiliza uma afinação de compromisso entre a temperada e a justa com a finalidade de se proporcionar acordes agradáveis ao ouvido sem prejudicar o som das notas quando tocadas isoladamente.

Estas dicas são para ajustar sua harmônica para um som uniforme e agradável. Existem outras formas de afinação. Isto geralmente varia de gaitista para gaitista. Alguns preferem uma afinação padrão A = 440 e outros preferem subir a freqüência para A = 445hz. Um dos motivos pelo qual muitos gaitistas usam afinações em A = 442 até A = 445 é porque costumam bemolizar um pouquinho quando tocam procurando imprimir um timbre mais encorpado na gaita.

Eu particularmente acho que a gaita afinada em A = 445hz fica muito “brilhante”, com som mais estridente e pode ocorrer da banda ou com quem você tocar ter de aumentar o volume em geral ou subir também a afinação. Afinação em A = 442hz seria o ideal para qualquer gaita. Gaitas mais graves, eu já afinei com a freqüência de A = 444hz (D, E, F), o que também fica bonito, pelo som mais agudo.

Como afinar

Para se afinar a gaita, estou usando uma lixa beeeeem fininha para não ocorrer o desgaste da palheta e assim poder criar pontos de stress no material. A lima pode causar valas finas na palheta e assim após algum tempo trincar a palheta. A customização da gaita pode ser feita também com esse tipo de material. Um pedaço de metal bem fino pode ser usado como calço para podermos trabalhar sem amassar ou forçar a palheta. Coloca-se o metal por baixo da palheta e suavemente lixa-se a ponta para subir o tom ou a base para abaixar o tom. Lembre-se de não fixar o lixamento da base em um determinado local causando assim desgaste em apenas um determinado ponto. Outra dica é nunca lixar na horizontal, ou seja, atravessando a palheta lateralmente. O ideal seria trabalhar a palheta na diagonal ou então na vertical, na extensão da palheta.

Gaitas com tons mais graves

Existem gaitas com oitavas abaixo, as famosas “Low”, que são produzidas com material adicionado às palhetas, formando assim um tom mais grave. Geralmente se usa uma gaita já mais grave para se fabricar esse tipo de gaita. O Ideal seria uma gaita em G para poder partir para uma gaita em tons abaixo. É um trabalho meticuloso, mas garante um ótimo resultado sonoro.

Vazamentos

Outras dicas: Veja se sua gaita esta vazando muito ar. Gaitas de fabrica geralmente necessitam de ajustes. Verifique se os parafusos não estão muito apertados. Aperte só o suficiente, porque pode ser que apertando demais em alguns pontos, você cria uma espécie de "ponte" entre um ponto de aperto e outro.Verifique também se a cover plate não esta mal encaixada.

Tente perceber se é em toda a gaita ou varia de orifício para orifício e ataque o ponto certo... Existem soluções como colocar micropore no corpo da gaita. Isto pode ajudar também. Veja se as palhetas não estão muito afastadas da placa de vozes causando assim esforço extra para ser tocada. Se não quiser abrir a gaita, pode-se usar um grampo de cabelo para ajustar as palhetas. Agora, CUIDADO!! As palhetas são muito sensíveis. Ajuste-as sem forçar, apenas tente coloca-las mais próxima da placa de vozes. Qualquer duvida, estamos ai...

Como melhorar o Timbre

Acredito que o timbre mais gordo é produzido pelo menor número possível de restrições em toda extensão da coluna de ar.

Apesar de existirem momentos nos quais iremos procurar criar uma sonoridade fina e incisiva, na maior parte do tempo estaremos procurando soar profundos, cheios, “gordos”.

A respiração envolve a participação coordenada de vários grupos de músculos e uma pessoa que não interfere contraindo de forma desnecessária pelo menos alguns destes grupos ao tocar gaita são bastante raras.

O diafragma pode ser considerado o início, uma vez que está geograficamente localizado no início da coluna de ar, porém a liberação dos músculos intercostais (aqueles que movem as costelas) também é benéfica. É bom também verificar a área superior do tórax que também expande quando você respira profundamente.

Vale ressaltar que é interessante praticar a respiração inferior (diafragmática) uma vez que grande parte dos ocidentais não utlilizam esta técnica de forma consciente. Para conseguir um timbre interessante é importante que a coluna de ar seja tão larga, extensa e desimpedida quanto possível, de forma a utilizar o diafragma com eficiência e que não seja utilizada apenas a expansão da parte superior do tronco. Conforme seu mecanismo de respiração for se tornando mais livre seu timbre irá melhorar de acordo.

O Timbre também é muito afetado pela abertura da garganta e da boca (apesar de ser possível respirar enquanto existe contração na garganta, boca, lábios, etc..). Portanto vale ressaltar que o ar tem que passar por toda esta região LIVREMENTE, com a maior abertura possível. Quanto melhor você aprender a controlar as estruturas que contornam a coluna de ar, maior fluência e possibilidade de alterar seu timbre você terá.

E como melhorar o timbre ?

É necessário um certo grau de contração muscular para criar a embocadura, criar um bom selo com a gaita, fazer com que apenas um orifício soe de cada vez, segurar a gaita, iniciar a respiração, etc...

Nossos problemas começam porquê acabamos exagerando em alguns destes fatores, em grande parte porque durante nossa vida estamos acostumados em exagerar em praticamente todas nossas atividades.

Uma das maneiras de evitar isto é transformando nosso corpo em uma grande caixa acústica e começar a ficar atento a nosso corpo durante o processo de produzir sons com nossa gaita. Alguns exercícios (explicados no final deste artigo), se executados com consciência, irão prover um ambiente no qual será possível perceber como nós restringimos nossa respiração e interferimos na produção de uma nota. Outra coisa é se

familiarizar com os compartimentos ressonantes que nós produzimos com nossa boca/garganta ao produzir uma nota.

Os seguintes exercícios foram retirados de uma mensagem do harmonicista Richard Hunter e tem como objetivo auxiliar na respiração. Acrescentei algumas dicas ao exercício 3.

1) O propósito deste exercício é auxiliar ao gaitista uma respiração eficiente. Algumas vezes é difícil para o gaitista reconhecer e distinguir entre respiração superior e inferior. A proposta aqui é introduzir ao gaitista a sensação física de se respirar através do diafragma.

Fique de pé com os braços esticados ao lado do corpo. Lentamente levante-se na ponta dos pés ao passo que inspira e levante os braços acima da cabeça. Mantenha-se na ponta dos pés com os braços acima da cabeça e lentamente vá abaixando os braços novamente para os lados do corpo enquanto expira.

2) Mantenha uma nota (qualquer nota aspirada ou soprada) no volume médio por tanto tempo quanto possível. 15 segundos é um tempo interessante para se tentar alcançar.

3) Novamente escolha uma nota qualquer aspirada ou soprada. Inicie esta nota no menor volume possível. Gradualmente vá aumentando até o maior volume possível que você puder produzir. Baixe esta nota até o volume inicial gradualmente na mesma velocidade que você utilizou para aumentar o volume.

Dica para este exercício: Faça o aumento e diminuição de volume em velocidades equivalentes porém com curvas de tempo maiores ou menores.

Outra dica: Procure aumentar o volume sem aumentar soprar ou aspirar com muita força. Procure mudar o formato da boca, expandir os músculos do tórax e abdome aumentando a ressonância, “vibrando” com a nota. Este é o caminho para um bom timbre (soar mais cheio sem necessariamente aumentar o volume). Pesquise seu corpo.

Outros exercícios:

A) Exercícios de respiração com a gaita imitando trem (técnica tb conhecida como “Chuggin”) ajudam a desenvolver a respiração inferior e o timbre. Comece com exercícios simples e lentos (aspirando o 1 e 2 simultâneamente duas vezes depois fazendo o mesmo soprando e repetir isto várias vezes aumentando a velocidade gradualmente). Este é um bom exercício para fazer diariamente.

B) Exercícios de Bend: Após praticar os exercicios anteirores, procure fazer exercícios de bend concientemente alterando seu timbre modificando o formato da coluna de ar que você produz. Utilize as duas dicas que escrevi no exercício 3 treinando bends.

C) Treine também o vibrato gutural. Modifique o tempo do vibrato (fazendo-o mais lento e mais rápido). Faça-o com os vários bends do orifício 3. Aprenda a controlar esta técnica, ajuda muito a melhorar o timbre.

D) Escute gaitistas com bom timbre, de preferência “limpo”. Tente imitar a sonoridade dos gaitistas que você considera que tem um bom timbre.

Outras dicas:

Tente utilizar bastante uma gaita afinada em “G”. Você pode sentir com mais facilidade as vibrações em uma gaita mais grave e considero mais fácil produzir vários timbres distintos numa gaita em tonalidade grave. É um bom estudo.

Finalmente, o velho conselho: Devagar e SEMPRE.Se você fizer conscientemente TODOS exercícios aqui citados (vamos lá, não demora muito para fazê-los) como uma espécie de “aquecimento” antes de tocar (ou de estudar) irá perceber que sua sonoridade e controle irão melhorando gradualmente.

O timbre é algo que deve ser estudado continuamente, com o tempo talvez você encontre sozinho outros exercícios que irão ajudar a “aquecer” as turbinas, mas estes aqui citados são um bom começo.