candomble - jeje - por léo ti yemonja

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  • 7/16/2019 Candomble - Jeje - por Lo ti Yemonja

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    Introduo

    Os deuses africanos vieram para esse continente atravs dos negros escravos, que aqui chegando estabeleceram umagrande legio de seguidores, da cultura e religio Afro. A internet por ser um veculo de grande penetrao einformao, tem ajudado a divulgar e esclarecer os verdadeiros objetivos e dogmas do Candombl, at ento malcompreendidos e interpretados. Com isso, novos adeptos de todas as camadas sociais vem sendo atrados a essemaravilhoso mundo dos deuses africanos. O Candombl uma religio brasileira, oficialmente reconhecida, que

    presta culto aos deuses que nos legaram os africanos que para aqui vieram no sc. XVI. o termo genrico quedefine o coletivo de naes (tribos) africanas, no Brasil. Em nosso pas, essas naes foram denominadas como;Jeje, Ketu, Angola, Nags, Xamb, Igex, etc. Apesar de ser divididos em diversas naes, o Candombl mantmuma unidade no mago de sua originalidade, que acredito ser da poca pr-histrica. A finalidade dessa home page dar uma parcela de contribuio para o melhor conhecimento da cultura dos povos africanos que deram origem aoculto dos Voduns no Brasil, colocando para os leitores e pesquisadores o resultados das minhas pesquisasinvestigativas para achar minhas razes, histrias e tradies no Brasil e na frica. Graas a Deus e aos deuses, tiveoportunidade de entrar em contato com algumas pessoas do Benin e EUA que se tornaram meus amigos e tm meajudado muito nesse trabalho enviando-me material de pesquisas e respondendo as minhas indagaes. Tambm noBrasil, encontrei pessoas de conhecimento e boa vontade, que deram sua contribuio. Penso que chegada horado povo Jeje se unir e comear a SOMAR. A diviso quase extinguiu nossa nao. Vamos aprender juntos a

    lindssima cultura dos Voduns.Agradeo a todos que de alguma forma me forneceram subsdios para que essa home page se tornasse umarealidade. Peo que me auxiliem enviando suas crticas e sugestes atravs de um e-mail ou assinando meu

    bookmark.

    Yatemi Jurema de Yans

    O Jeje na frica

    A histria do desenvolvimento do imprio crescente do Dahomey indispensvel para compreendermos os Voduns,precisamente a quebra e a migrao do Ewe/Fon. Alguns estudiosos da cultura africana achavam que todos osVoduns cultuados em Dahomey eram deuses originrios dos yorubanos. Um equvoco! Trata-se simplesmente deuma troca de atributos culturais de cada regio. Em todas as regies, os deuses africanos so louvados, sejamancestrais ou vindos de outras regies, mas preferencialmente cada regio cultua seus prprios deuses, os ancestrais.Os deuses estrangeiros podem ser aceitos inteiramente nos santurios dos Voduns locais, embora permaneamsempre como estrangeiros. O mesmo tratamento dado em terras yorubanas aos Voduns originrios de outrasregies. Dahomey, cuja capital era Abomey, foi o principal reino da histria do atual Benin. Seu poderio militarformado por bravos guerreiros e amazonas era temido por todos os reinos vizinhos que foram sendo conquistados. Oexrcito do rei era dividido em duas partes: o regimento permanente e o regimento das coletas tribais (prisioneiro).Esses prisioneiros eram treinados para serem guerreiros do rei e as mulheres, em especial, eram enviadas aoregimento das amazonas onde aprendiam a lutar. Os prisioneiros que se negavam a aderir as causas do rei eramsumariamente executados ou vendidos como escravos. Os chefes das tribos conquistadas ficavam reservados paraserem executados durante o festival anual de ancestrais, em memria dos reis mortos. Suas cabeas eramdecapitadas e seu sangue oferecido aos falecidos reis. Essa pratica aconteceu do sc. XVI at o sc. XVII. O reino deDahomey foi o maior exportador de escravos para o nome mundo. Adja-Tado foi quem comeou esse grandeimprio de Dahomey. Primeiro conquistou a cidade de Adja onde se tornou rei, casou e teve 3 filhos. Quando seusfilhos j eram guerreiros, Adja-Tado foi a Allada junto com eles e estabeleceu o reino de Allada. Seus filhos sedividiram e estabeleceram reinos separados e tornaram-se reis. O primognito Zozergbe foi rei de PortoNovo, o segundo filho foi sucessor de Adja-Tado no trono de Allada e o terceiro filho, Aklim fundou o quemais tarde seria o principal reino da regio. Aklin foi para Ghana e Bahicon (agora Benin, sul-central), com seuexrcito, e estabeleceu uma outra dinastia, a cidade de Abomey, que foi a capital do imprio militar, conhecidacomo Dahomey. Dahomey foi governada por um total de treze reis divinizados, por quase dois sculos. Agassu, que

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    era um dos lderes do imprio, dizia ser filho de um leopardo com a princesa de Tado, Aligbonon. Ela teria sidoencantada por esse leopardo originando o nascimento de Agassou. Agassou teve trs filhos e deu incio a umalinhagem de homens leopardo.

    Jeje Brasil

    Djedje (jeje) uma palavra de origem yoruba que significa estrangeiro, forasteiro e estranho; que recebeu umaconotao pejorativa como inimigo, por parte dos povos conquistados pelos reis de Dahomey e seu exrcito.Quando os conquistadores eram avistados pelos nativos de uma aldeia, muitos gritavam dando o alarme Pou okan,djedje hum wa! (olhem, os jejes esto chegando!). Quando os primeiros daomeanos chegaram ao Brasil comoescravos, aqueles que j estavam aqui reconheceram o inimigo e gritaram Pou okan, djedje hum wa!; eassim ficou conhecido o culto dos Voduns no Brasil nao Jeje. Dentre os daomeanos escravizados, umamulher chamada Ludovina Pessoa, natural da cidade Mahi (marri), foi escolhida pelos Voduns para fundar trstemplos na Bahia. Ela fundou: um templo para Dan; Ceja Hund, mais conhecido como o terreiro do Ventura ouAx P Zehen (p zerrm) em Cachoeira de So Felix; um templo para Hevioso Zoogodo Bogun Male Hundem Salvador e um templo para Ajunsun que no se sabe porque no foi fundado. Esse o segmento jeje-mahi do

    povo Fon. O templo de Ajunsun/Sakpata foi fundado mais tarde pela africana Gaiacu Satu, em Cachoeira de SoFelix e recebeu o nome de Ax P Egi, mais conhecido por Corcunda de Ay. So os Jejes Savalu ou Savaluno.

    Sakpata era rei da cidade Savalu/frica, segundo alguns historiadores, Sakpata foi o nico rei que preferiu o exlio ase render aos conquistadores de Dahomey. O dialeto dos savalus tambm o Fon. No Maranho encontramos aCasa das Minas fundada por Maria Jesuna, segundo informao de Sergio Ferreti. Creio que esta casa dispensacomentrios, pois com certeza a mais conhecida casa de jeje do Brasil. Esse o segmento do povo Jeje-Mina.Ainda no Maranho encontramos a casa Fanti-Ashanti fundada por Euclides Menezes Ferreira. Esse o segmento

    jeje-Fanti-Ashanti do povo Akan vindo de Ghana.No Rio de Janeiro, foi fundado pela africana Gaiaku Rosena, natural de Allada, o Terreiro do P Dab no bairroda Sade, que foi herdado por sua filha Adelaide do Esprito Santo, mais conhecida como Mejit que transferiu acasa de santo para o bairro Coelho da Rocha. Depois veio Antonio.Pinto de Oliveira. Tata Fomutinho que fundouo Ceja Nass, no bairro de Santo Cristo, depois mudou-se para Madureira na Estrada do Portela, depois para SoJoo de Meriti onde finalmente se estabeleceu na Rua Paraba. Dizem os mais velhos, que Mejit, ajudou muito TataFomutinho no comeo de sua vida de santo aqui no Rio de Janeiro. Tata Fomutinho deixou uma legio de filhos,netos e bisnetos. Dentre esses, meu pai Jorge de Yemanja que fundou o Kwe Ceja Tessi, Pai Zezinho da Boa

    Viagem que fundou o Terreiro de Nossa Senhora dos Navegantes, Tia Belinha que fundou a Colina de Oxosse eAmaro de Xang que aquele tio que est sempre disposto a nos atender e nos ajudar com suas memrias econhecimentos.

    VodumVodou Vodoun Vodum Voodoo Voudun Vodu Vudu Hoodoo - etc. A palavra vodou de origem

    Ewe/Fon e significa fora divina, esprito, fora espiritual. usada pelo povo do oeste da frica para designar osdeuses e ancestrais divinizados. No sculo XVIII o rei Agaj consolidou as crenas de vrios cls e aldeias,formando um sistema espiritual dos Voduns. Isso gerou uma enorme variao do termo, devido a quantidade dedialetos usados por esses cls e aldeias, que somado a influncia francesa, passaram a falar como entendiam. Essadiversificao fontica d-se tambm por conta dos idiomas de pesquisadores que invadiram a frica, em buscade conhecimento sobre o Vodou. No Brasil, por exemplo, usamos o fonema Vodum. A palavra Hoodoo no umavariante de Vodou. O Hoodoo uma sociedade haitiana similar as que existem no Benin (Sociedade do Bo) e Ghana(Sociedade Jou-Jou), onde pessoas so preparadas para ler orculos e fazer frmulas mgicas usando elementos daflora, da fauna e do mineral. Como sou brasileira usarei daqui por diante o termo Vodum. Quando foi estabelecidoo grande reino de Dahomey, l no existia o culto de Voduns. Nessa poca, o atual rei sentia a necessidade de umaassistncia espiritual que o ajudasse a combater os problemas que o atormentava. Mandou chamar um bokono(adivinho) e pediu que esse consultasse os orculos. A conselho dos orculos mandou vir de diversas regies osVoduns e construiu seus templos. Com isso Dahomey passou a sitiar diversos cls e aldeias de Voduns. Anos mais

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    tarde, o rei Agaj fez a consolidao, como j foi dito. No perodo da escravido, muitos daomeanos foram levadospara o novo mundo e com eles a cultura e o culto dos Voduns. Os Voduns cultuados no Brasil so originrio dafrica, sua prticas e tradies se mantiveram intacta como era no Dahomey (atual Benin) desde o comeo dostempos. A nao Jeje sofreu por alguns anos uma queda em seus cultos, devido a falta de informaes. Os maisantigos preferiram levar para o tmulo seus conhecimentos a pass-los aos que poderiam perpetuar os Voduns noBrasil. Dos filhos de Jeje que ficaram perdidos, sem conhecimento sobre Voduns, uns mudaram de nao e outrosresolveram investigar, buscar, pesquisar suas origens e levantar a bandeira da nao. Hoje, graas a essas pessoas, anao Jeje voltou a crescer e a seguir a cultura que foi deixada pelos escravos. Hoje, encontramos kwes e pessoasque realmente sabem o Culto dos Voduns, esses aprenderam na prpria carne a passar seus conhecimentos e nodeixar que nossa nao venha a sofrer novos abalos ou quedas. Com a proliferao de estudos e pesquisas sobre osVoduns, alguns dos mais velhos que ainda esto vivos resolveram colaborar e nos passar alguns conhecimentos. A

    primeira coisa que os adeptos do Jeje devem aprender a diferena entre Voduns e Orixs, (esse assunto vocsencontram no tpico Jeje frica). Vodum Vodum, Orix Orix; Oya no Vodum J. Aziri no Oxum, Naetno Yemanja, etc. Assim como na frica, tambm fazemos Orixs dentro dos templos de Vodum, mas isso no ostransforma em Voduns, eles so considerados deuses estrangeiros, aceitos em nossos templos. Esses Orixs so torespeitados e venerados quanto os Voduns. No existe discriminao nenhuma em relao aos dois deuses(Voduns/Orixs). Em templos de Orixs, tambm encontramos Voduns feitos, a nica diferena que no Jeje, nomudamos os nomes dos Orixs. Para ns Oya, Yans so conhecida exatamente como Oya, Yans. J os Voduns emtemplos de Orixs mudam de nome, por exemplo, Vodum Dan/Bessen recebe o nome de Oxumar, Sakpata recebe onome de Omolu, etc. Esse diferena tambm registrada na Nigria, ento, no coisa de brasileiro. Falar sobreos Voduns uma tarefa de muita responsabilidade. No meu caso o resultado de 30 anos vividos dentro do culto,somado as minhas pesquisas e estudos. Os Voduns so agrupados por famlias; Savaluno, Dambir, Davice,Hevioso; que se subdividem em linhagens. A sociedade daomeana patrilinear e polgena, isto , d-se por linha

    paterna; o homem casado com diversas mulheres. A sociedade organiza-se em sibs, grupos de irmos que tm amesma me e o mesmo pai, sem base territorial prpria e subdividem-se em famlias. No Brasil, as casas de santocultuam todas as famlias, porm, os Voduns so interligados entre si com comportamentos, costumes, gostos eatitudes sempre gerados pelo ancestre ou chefe de da casa. Em minhas pesquisas encontrei mais de 450 Voduns;alguns cultuados no Brasil outros no. Acredito que com esse resgate poderemos ampliar nossos cultos e voltar areverenciar Voduns, que tinham desaparecido devido a falta de informaes, assim como admitir em nossos templosesses Voduns encontrados. O Brasil herdou vastos pantees de divindades que ficaram regionalizados de maneiraque somente alguns Voduns tiveram domnio nacional A cultura dos Voduns belssima; penso que todos ns,filhos da nao Jeje, devemos procurar aprender cada dia mais. Afirmo que, os maiores fundamentos de Vodunsesto embutidos nessa cultura. Comprovem!...

    DAN YEWA FA

    TOGUN TOHOSSOU NOH AIKUNGUMAN

    TOBOSSI SAKPATA VODUNS DA RIQUEZA

    HEVIOSO AVEJI DA NAN

    NAES DAS AGUAS OCEANICAS NAES DAS AGUAS DOCES EKU E AVUN

    VODUM DAN/BESSENAido Wedo(aid ud) e Dambala so para o povo Jeje os maiores deuses.Aido Wedo o arco-ris e Dambala a sua imagem refletida nas guas ocenicas.O Dangb a serpente sagrada que representa o esprito de Vodum Dan.

    Na frica esse Vodum conhecido como DA.Dada - Termo pelo qual o Vodum Dan louvado. A coroa de Dan chamada de Coroa de Dada.Dan tanto pode ser um Vodum masculino quanto pode ser um Vodum feminino, porm para trat-lo, faz-lo ouassent-lo temos que cuidar sempre do casal. Como dizem os antigos "cobra no anda sozinha, seu parceiro estasempre por perto".

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    Dambala tambm conhecida como Daidah (dadar) A "CobraMe". Essa Vodum no pode ser feita em mais deduas pessoas num mesmo pas. Os velhos vodunos contam que ela originria da Palestina. Em uma outra verso,encontramos Daidah como Lilith, a primeira mulher de Ado.

    No Brasil encontramos cerca de 48 Voduns Dans, na frica encontramos muito mais que isso. Essa famlia muitogrande.Dan um Vodum muito exigente em seus preceitos, muito orgulhoso e teimoso. Quando tratado corretamente, dtudo aos seus filhos e a casa de santo, mas se tratado de maneira errada ou se for esquecido castiga severamente.Vodum Dan muito fiel a casa e a me/pai de santo que o fez.Os smbolos de Dan, so: o arco-ris, a serpente pithon, o traken ou draka, patokwe, o dahun , a ..takara. e o ason(assm). Seu principal atinsa (atins) dentro de uma casa de Santo denominado Dan-gbi , que onde o arco-ris seencontra com a terra ("panela lendria do tesouro!"). Dan usa muitos brajs feitos de bzios. As aighy (aigri), soimportantissimas em seus assetamentos e atinsas.Para ns, Vodum Aido Wedo o verdadeiro deus da vidncia, ele junto com Vodum Fa, quem d aos bakonos o

    poder do orculo, assim como deu a Yewa e a Legba.Aido Wedo e Dambala so quem sustentam o mundo e quando eles se agitam provocam catstrofes como osterremotos. Eles fazem parte da criao do mundo, pois vieram ajudar Nana Buluku nessa tarefa.

    Nos arcos-ris da lua e do sol tambm encontramos Voduns Dan.Ao se iniciar um filho de Dan, preceitos so feitos para que esse Vodum venha sempre em forma humana e nuncaem forma de serpente, pois entendemos que na forma humana ele menos perigoso e entende melhor os homens,

    podendo assim atender suas necessidades e supr-las. Na forma de serpente torna-se muito perigoso.De modo geral os filhos de Dan so muito chegado a doenas, principalmente de olhos. So pessoas vaidosas,ambiciosas, "perigosas", espertas e inteligentes. So muito dedicados ao santo e dificilmente saem da casa ondeforam feitos.Vestem branco em sua grande maioria. Alguns usam cores verde bem clarinho, prateado, ou tecido liso com o arco-ris estampado. Seus fios de conta variam de acordo com cada Vodum, no existe um modelo padro.Sua louvao principal : A Hho bo boy = "Salve o rei cobra" ( Hho = rei, bo boy = Dans, serpentes, cobras).Abaixo citarei alguns Voduns Dans.Aido Wedo - (encontramos vrias formas de escrever o nome dele) - Deus do Arco-risDambala - esposa de Aido-Wedo, seu reflexo nas guas.Dan-Ko - muito ligada e, por vezes confundida, como Oxal. Conhecida no Brasil como Dan Ink.Ojiku - masculino, mora junto com Yewa na parte branca do arco-ris e reina no arco-ris da lua,

    tambm junto com Yewa.Frekwen - feminina, guardi do arco-ris em volta do sol. Tambm conhecida como Frekenda.

    Bosalabe - toqeno, feminina, irm gmea de Bosuko, irm de Yewa. Muito alegre e faceira, mora nasguas doce. Muito confundida com Oxum. tambm conhecida como Vodum Bosa (bss).

    Ijykun - feminina, mora nas enseadas. Muito confundida com Yewa.Bosuko - masculino, toqueno, gmeo com BosaAkotokwen - masculino, considerado o pai de muitos Dans.Afronotoy - masculino, mora no rio.

    Vocabulriotraken ou draka - ferramenta pequena que Dan tras nas mosdahun - conjunto de 3 tambores brancos paramentados com rafia lilstakara - arma que Dan tras nas mos, parecendo um pequena espada, com feitio prprio.ason (assm) - chocalho feito com uma cabaa e com as vertebras de cobra

    aigry (aigri) - pedras que representam o excremento de Dan e so deixadas por ele no cho, suapassagem; dizem que elas valem peso de ouro. Um mito nos conta que osexcrementos de Dan transformam os gros de milho em bzios.

    1 - Dan no Benin - OuidahO culto de Dangb conheceu seu apogeu em Ouidah, onde est seu templo at os dias de hoje. Os Dadas, seusadeptos, anualmente, faziam sacrifcios de bois, cabritos e frangos para a python. Atualmente, devido escassez deanimais para sacrifcio, os adeptos arriscam-se caando roedores

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    Logo que um no adepto descobre uma Dangb em sua casa, previne o sacerdote Dangbnon ou a uma pessoa queconhea os costumes deste rptil. Eles pegam a cobra como um fetiche em sua mos ou ao redor do pescoo elevam-na, silencioso e concentrado, at o templo. Eles acreditam que a picada da python traz imunidade contraqualquer venenoDan , freqentemente, representado por uma serprente (python) ou um arco-ris.A primeira vista, alguns historiadores comentam tratar-se de ofiolatria. Mas a serpente de que se trata aqui umesprito que habita o espao e cujo deslocao determina os ciclones. Dan apreende-se do princpio vital do qualdepende os seres humanos para manterem-se vivos e a terra em equilbrio.Para escapar de Dan, basta friccionar o corpo com boldos de cebola ou xing-lo com palavras bem grosseiras. Aindasob a forma humana, Dan pode entrar em casas. Os que o acolhem so recompensados com tesouros mas, quem oafasta, amaldioado.Dan muito guloso, grande apreciador de bananas e leo de palma. Recebe estas oferendas na frente de um pequeno

    par de assentamentos que representam Dan macho e Dan fmea

    -Sua morada o firmamento, onde se encontra sob a forma de arco-ris (Aido Wedo). No se mostra nunca sem sua

    fmea. Conta-se que h dois arco-ris, mesmo que s consigamos ver um, e que antes de sua ascenso, teria vivido41 anos no nosso mundo.A configurao dos pases, o lugar das cidades, os acidentes geogrficos (montes, vales), so os vestgios de suaestada prvia em nosso mundo e o arco-ris, vestgios de sua estada remota.Os homens (sobretudo os caadores) que Dan quer enriquecer, conduzem-no por uma fora invisvel ao local onde chamado o rabo do arco-ris e so induzidos a tocarem na terra. Os homens tm como efeito desta fora invisvel,um desejo de fazerem uma profunda escavao no que acham ouro, prolas, toda sorte de tesouros.Dan protege nomeadamente o Danson, o Dansi e o Dannou. A pessoa consagrada ao Dangb um Dangbsi.2 - A Floresta SagradaA floresta foi consagrada pelo rei Kpass, Ouidah, onde fizeram um crculo mgico, silencioso, transparente ao ar.Os grandes deuses fixam seus duros olhos. Heviosso, Dan, Sakpata. E tambm os Voduns reais comoDguessou, protetor do rei Ghzo, com seus poderes contidos em pequenas cabaas, fetiches em forma debracelete. entrada, o grande Legba figura numa expresso profana sob os irokos centenrios, Tokougagba conta com osirmos e todo o panteo dos Voduns.E toda a rota dos escravos demarcada por esculturas de pedra, limite de uma memria fascinante e triste.

    Meus comentrios: (Yatemi Jurema de Yans)Alguns segmentos Jeje no Brasil, no concordam que se deva tratar do casal de Dans. Outros usam esse

    procedimento somente para alguns Dans.Pelo que aprendi e pelo que lemos sobre o culto de Dan no Benin, podemos constatar que o correto tratar do casalrealmente.

    Vodum Dan (Haiti) O Haiti pertenceu ao ndios de Taino, antes do encontro com Columbus. Muito da cultura(filosofia e prtica) do povo Taino, foram absorvidos, mas tarde, Vodou, como mostra o retrato mstico do panteoda serpente, realizado como um deus Afro-Taino. Para os haitianos, Danbala, a divina serpente patriarcal, umesprito antigo da gua associado com a chuva, a sabedoria e a fertilidade. Aprece entrelaado, geralmente, com suaesposa Ayida Wedo, o arco-ris. Danbala sincretizada com St. Patrick (quem dominou as serpentes), outras vezescom Moiss, o patriarca dos dez mandamentos cristo. Em muitos templos, uma bacia com gua permanentementemantida para este Lwa. Muitas representaes desta divindade incluem o principal alimento sacrificial de Danbala -

    um ovo. As bonecas de Voodoo Um objeto simptico, foram usadas em muitas culturas, desde os primrdiostempos. O homem pr-histrico foi conhecido criando bonecas que representavam sua caa, para enfraquec-lasantes de sarem para caa-las. Os reis e antigos guerreiros tambm usavam a "fora" destas bonecas antes de irem aoencontro de seus inimigos, nas grandes batalhas. Hoje, os praticantes de Voodoo e as bruxas utilizam este objetomgico e obtm resultados rpidos e eficazes para uma variedade de finalidades. Entretanto, as bonecas Voodoo no

    possuem nenhuma mgica, elas so usadas como uma ferramenta para canalizar energias pessoais para um objetivoespecfico. Danbala O esprito de Danbala a serpente e o arco-ris, uma fora de vida. Aido Hwedo, um macho, descrito s vezes, como uma criatura, serpente e arco-ris, que engole sua prpria cauda. No Haiti, onde os ritosancestrais e os cultos pblico se fundiram, Danbala Hwedo e seu marido se fundiram e foram consagrados um deussuperior na hierarquia espiritual. Transformou-se no mais velho e respeitado de todos os Lwas. Juntos, formam o

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    grande arco-ris que cobre o oceano. Alternadamente, o arco-ris e seu reflexo na gua, que fazem o movimento degiro em um crculo. Alguns dizem que Danbala tem um p firmado no fim do arco-ris, na umidade da gua, e ooutro p plantado firmemente nas montanhas do Haiti. Danbala move-se assim, entre os opostos da terra e da gua,como as serpentes, unido-os em sua rotao, movimentos urobricos, gerando a vida. Danbala cava tneis tambmatravs da terra, como as serpentes, conectando a terra acima com as guas abaixo. Antes de se casarem, seusseguidores oferecem-lhe sacrifcios. textos traduzidos de Sites do Haiti. Se voc souber os endereos basta enviar-me um e-mail que colocarei aqui.

    TOGUMTogum, veio do orum para fazer a ligao com o aiye atravs do mistrio do ferro. Desta forma, pode criar cidadesna selva, a evoluo com o desenvolvimento da tecnologia do metalH um estudo cientfico que diz que a oxidao do ferro no fundo do oceano, gerou bactrias de onde surgiram os

    primeiros seres no comeo da evoluo. No se pode afirmar que tenha sido o ferro o gerador desse fenmeno, masalgum tipo de mineral simbolizado pelos pontos de ferro.Togum/Gum/Gu, um ToVodum masculino guerreiro que usa um p vermelho extrado de uma rvore quesimboliza a procriao primordial para a sobrevivncia e essa uma das razes dele no gostar que, em seusassentamentos, hajam ahuinhas. dono de todos os metais, principalmente o ferro e o ao alm de todos os objetoscortantes: akirik, farim, magoge, etc.

    Por ser um guerreiro muito afoito, Togum no tem fronteiras, entra em qualquer lugar em busca do inimigo e davitria. Nessas investidas, Togum conta sempre com Legb, seu companheiro e amigo incansvel, que o ajuda noscombates mas que se diverte com a fria de Togum.Ao mesmo tempo que gentil, Togum muito impaciente e quer tudo a tempo e a hora. Tem, em sua natureza, umsentido de competio, de vigor, de expanso e de agressividade, sempre pela sobrevivncia. muito severo comseus filhos no cumprimento de suas obrigaes.Quando Togum chega, anda por todo o kwe e se encontrar alguma coisa fora do lugar, fica bravo e chama a ateno,exigindo que tudo esteja corretamente em seus lugares. Algumas vezes, ele mesmo faz tudo, colocando as coisas emordemTogum toma para si a guarda do kwe onde mora, disputando com Legba a segurana. Em uma ahuan(guerra),Togum mostra toda a sua fria e poder de luta. Dificilmente um kwe de Jeje perde uma ahuan, pois Togum, comtodo o seu humpayme, garantem a vitria.Todos os narrunos so regidos por Togum. Na frica, somente os vodunos de Togum podem oficiar o ritual de

    narruno. No Brasil, apenas algumas casas tradicionais seguem o modelo africano.O nmero trs est intimamente ligado Togum. um nmero fudamental universalmente. Exprime uma ordemintelectual e espiritual, em AvieVodum, no cosmo ou no homem. Sintetiza a triunidade do ser vivo ou resulta daconjuno de um e de dois, produzindo, neste caso, a unio do orum e do aiye. A clera e a irritao de umguerreiro, no seio de uma guerra, manifestam-se atravs de trs rugas que se formam na testa: ento, ningum ousaaproximar-se ou falar.Existem vrios Voduns pertencentes a linhagem de Togum. O mais velho deles o Vodum Guyugu que, como osdemais Voduns, participou de vrias batalhas, saindo-se sempre vitorioso.As cores das contas de Togum, variam de acordo com o Vodum. Podem ser: azulo, azulo e branco, vermelho,verde e branco, podendo sofrer mudanas se o Vodum feito assim desejar.Suas vestimentas podem ser: branca, azul, dourada ou estampada, que a sua preferencia.Seus dias de culto so: segunda ou tera-feira, dependendo do Vodum. Sua folha predileta a abre-caminho, sendoque existem muitas folhas para Togum.Togum quem abre o portal para o desenvolvimento da nossa verdade.

    AS TOBOSSIS

    As Tobossis so Voduns infantis, femininas, de energia mais pura que os demais Voduns. Pertenciam nobrezaafricana, do antigo Dahome, atual Benin. Eram cultuadas na Casa das Minas, em S.Luiz/Maranho, at a dcada de60.

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    As Tobossis gostavam de brincar como todas crianas e falavam em dialeto africano, diferente dos Voduns adultos,o que dificultava muito entend-los. Sem contar que, muitas das palavras elas falavam pela metade.Elas vinham trs vezes por ano, quando tinha festas grandes, que duravam vrios dias.A chefe das Tobossis Noch Na, a grande matriarca da famlia Davice,ancestral da famlia real de Dahome, considerada a me de TODOS os Voduns.As Tobossis tm cnticos prprios,danavam na sala grande ou no quintal, sem os tambores e, como todas ascrianas, adoravam ganhar presentes e brincarem com bonecas e panelinhas.Comiam comidas igual s nossas, junto com todos e tinham o costume de dar doces e comidas s pessoas.Sentavam-se em esteiras.Pela manh, tomavam banho, comiam e depois danavam. Gostavam de danar no quintal, em volta do p de ginjadelas.Por serem crianas puras, tinham mais afinidade com o corpo permitindo assim, uma ligao mais direta que osVoduns, que so adultos. No tinham falhas, no se irritavam.Seu papel no culto era s "brincadeira". Eram espritos perfeitos e mais elevados. Os Voduns podem ter falhas, asmeninas no.Passavam at nove dias incorporadas em suas gonja, diferente dos Voduns que deixavam as filhas muito cansadas.Tinham um tratamento melhor do que o dos Voduns por serem mais delicadas, porm os Voduns so maisimportantes por terem mais obrigaes.Podemos observar similaridade entre as Tobossis do Mina Jeje e os Ers dos Candombls da Bahia e dos Xangs dePernambuco, pelo comportamento infantil. No entanto, os Ers apresentam-se tanto com caractersticas femininasquanto masculinas e as Tobossis so, exclusivamente, femininas, dengosas e mimadas.FEITURA DAS TOBOSSISO processo de feitura das Tobossis inicia-se, normalmente, com o Vodum principal da Casa apontando um grupo defilhas, j iniciadas anteriormente, as voduncirrs, para a feitura de Tobossi.As voduncirrs passam por uma fase de iniciao que tem a durao de quinze dias, nos quais h algumas festas. uma feitura prpria, um novo rito de passagem na graduao da iniciada no Mina Jeje.O barco composto dessas voduncirrs chamado de Barco das Novidades, Barco das Meninas ou Rama.Essas voduncirrs tornam-se noviches, prontas para receberem suas Tobossis, passando a serem chamadas gonja.As Tobossis s so recebidas pelas voduncirrs gonja.O ltimo barco que se tem conhecimento foi realizado em 1913-1914.

    No processo de iniciao, as Tobossis eram chamadas de sinhazinhas e, somente ao fim das feituras, que davamseus nomes africanos. Tambm eram por nomes africanos que elas chamavam as filhas da Casa. Esses nomes eramescolhidos pelas Tobossis junto com os Voduns e esses nomes eram divulgados no dia da "Festa de dar o Nome".

    Cada Tobossi s vinha em uma gonja e, quando esta morria, elas no vinham mais, sua misso ali se encerrava.Desde a morte das ltimas gonja, por volta dos anos 70, as Tobossis no vieram mais.As Tobossis s incorporam em suas gonja aps os Voduns terem "subido". Elas chegavam alegres, batendo palmase acordando a Casa.

    No Peji, h um lugar para as obrigaes das Tobossis, que uma feitura muito fina e especial.VESTIMENTAS E APETRECHOS DAS TOBOSSISOs trajes e apetrechos das Tobossis so muito elaborados.As Tobossis vestiam-se com saias coloridas, usavam pulseiras chamadas dalsas, feitas com bzios e coral, pano-da-costa colorido, o agadome, sobre os seios, deixando o colo e os ombros livres para o ahungel, uma manta demiangas coloridas, presa no pescoo, objeto de grande valor e significado. O ahungel tambm era chamado detarrafa de contas, gola das Tobossis ou manta das Tobossis, sendo considerado um distintivo tnico-cultural do Jeje.Ele conta a histria particular da Tobossi vinculada ao Vodum, sua famlia e a iniciada, gonja.As Tobossis usavam ainda, vrios rosrios, fios-de-contas e o cocre, colar de miangas curto, junto ao pescoo como

    uma gargantilha, usado pelas Tobossis e pelas gonja durante o ano de feitura, cuja cores variam de acordo com seusVoduns, semelhante ao quel dos terreiros de Candombl.No Carnaval, as Tobossis vestem-se com saias muito vistosas, aparecendo o agadome que envolve o colo nu e os psso calados em sandlias finas.Os trajes das Tobossis so muito elaborados, de uma construo artesanal, que segue com rigor uma linguagemcromtica, prpria e do domnio das Tobossis.A PARTICIPAO DAS TOBOSSIS NAS FESTASQuando apareciam publicamente, as Tobossis vinham cumprir certas obrigaes, destacando-se a festa do Carnaval.As Tobossis vinham trs vezes por ano:- Nas festas de Noch Na - em junho e no fim do ano

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    - No CarnavalAs grandes festas duravam vrios dias.O Carnaval uma comemorao da qual participavam os membros do Barraco e visitantes. No Carnaval, elasficavam desde a noite do domingo at as 14 hs da quarta-feira de cinzas. Na segunda-feira, alguns Voduns vinhamvisit-las. Eram recebidos pelas outras filhas da Casa, as voduncirrs.Era das Tobossis a tarefa de tomarem conta das frutas do arrambam, obrigao tambm conhecida como bancada,lembra a quitanda dos terreiros de Candombl. As frutas ficavam no Peji para serem distribudas na quarta-feira decinzas.Durante o Carnaval, as Tobossis brincavam com p e confete mas tinham medo de bbados e mascarados.

    Na tera-feira tarde, danavam na grande sala e na quarta, pela manh, danavam em volta da cajuazeira.Distribuiam acaraj em folhas de "cuinha" e depois despachadas.Durante as grandes festas de Noch Na, elas vinham durante nove dias, entre os dias de dana, nos intervalos dedescanso. Ficavam durante o dia, cantavam suas cantigas prprias, danavam na sala grande e no quintal e

    brincavam com seus brinquedos.O reconhecimento de cada festa/obrigao est no vesturio e nos alimentos. O alimento uma marcaidentificadora, compe a divindade, seu papel, suas caractersticas no contexto da ligao com os deuses eestabelecendo, ainda com o alimento, uma forma de comunicao com os iniciados, visitantes e amigos do Barraco.Fontes de consulta:O Povo Do Santo - Raul LodyQuerebentam de Zomadonu - Srgio Ferretti

    Hevioso

    As informaes mais antigas que encontrei sobre os Voduns do panteo do trovo, datam do final do sc. XV eprincpio do sc XVI. Nas aldeias lacustres, nos arredores do atual Allada, era cultuado o Vodum Setohoun (espritoda laguna). Quando Setohoun chegou a aldeia de Hevie (revi), os nativos o batizaram com o nome de Hevioso ouHebyoso (na minha opinio Hevioso seria o mais correto, visto a sua traduo ser: hevi: nome da cidade e oso ou so:raio = raio de Hevie). Em Dahomey ele recebeu o nome de Xevioso, quando chegou trazido por uma nativa daaldeia de Hevie. Na cidade de Mahi era cultuado o Vodum Djiso (djis) na tribo Djtovi. Nesta mesma cidade,tambm eram cultuados os Voduns: Gbame-so (bam-s) que tudo indica ser o mesmo Bade que conhecemos noBrasil; Akhombe-so (acromb s); Ahoute-so (arouts) e Djakata-so (djacat-s). Vale assinalar que em toda a

    regio do Dahomey atual Benin, at os dias de hoje, todos esses Voduns inclusive o Orix Shango so chamados deSO (s), que quer dizer raio. Sogbo era e ainda , para o povo daometanos a grande deusa, me de todos os VodunsSo e irm de Hevioso. Junto com seu irmo lidera a famlia. A partir do meado do sc. XVI o culto desses Vodunsse espalhou por todas as regies do Dahomey. Com essa expanso, novos Voduns foram surgindo. Vejamos algunsdeles: Adantohun (adantrrum) (seria o que conhecemos como Soboadan?!) Ahuangan (arruangam) Alansan(alansam) Kasu Kasu (cassu cassu) Saho (sarr) Aden (feminina) Gbwesu (bussu) Akele (aqul) Besu (bssu) Ozo(z) Kunte (cunt) feminina Naete (nat) feminina) Beyongbo (beionb) (feminina) Avehekete (averequte)Dawhi (dauri) Hungbo (rumb) Salile (salil) Agbe (ab) (feminina) Ahuangbe (arruamb) Contam os vodunos eHunos que devido as tribos litorneas que prestavam culto aos xwala-yun (deuses do mar) adotarem o culto a So,Agbe e Naete foram designadas a se estabelecerem no mar junto ao grande Vodum Hun e que a partir da, o cultodos dois pantees se fundiram nos cultos.Ao nvel de Brasil, por tudo que pude constatar em minhas pesquisas, no vi muita diferena entre nosso culto e odos africanos. A maioria dos So que existem no Benin existe aqui tambm.

    No Brasil comum as pessoas chamarem todos os Voduns do panteo do fogo de Sobo. Vejamos alguns Vodunse suas caractersticas:Kasu Kasu (cassucassu) - Guerreiro que defende as aldeias e ou casas de santo onde cultuado. Os inimigos tm

    pavor de Kasu. Dizem que quando em luta ele cospe fogo sobre os inimigos. Quando em guerras, Kasu coloca-se afrente da aldeia e ou casa de santo e abre seus braos criando assim um obstculo que impede os inimigos de atacar.A traduo de seu nome barreira.Sogbo (sobo) - Vodum feminina considerada a me de todos os So. Faz trovejar para alertar os homens que osdeuses julgadores e da justia esto insatisfeitos e que o trovejar sinal do castigo que est por vir.Djakata-so (djacats) - Muito forte. Em sua ira arranca as rvores e as joga sobre os inimigos e aldeias. Defendeseus filhos mesmo que eles estejam errados, s no podem errar com ele.

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    Hevioso (revioss) - Seus raios rasgam os cus acompanhados dos troves, destruindo cidades inteiras e fulminandoos inimigos. Dizem os Hunos que preciso oferecer sacrifcios ao deus do trovo para aplacar sua fria. Ele odeialadres e malfeitores e os mata. Quando esta, satisfeito, Hevioso d a chuva e o calor que tornam frteis a terra e ohomem.Akholongbe (acrolomb) - Ataca os inimigos ou castiga o homem enviando granizo, faz os rios transbordarem. ele quem controla a temperatura do mundo. Quando est calmo e satisfeito, ajuda o homem dando-lhe bonsmovimentos financeiros.Ajakata (ajacat) - O grande guardio dos cus. Somente ele possui as chaves que permite a entrada dos homens noscus. Quanto aborrecido envia as chuvas torrenciais.Gbwesu (bussu) - uma das mais calmas, o murmrio dos troves no horizonte.Akele (aqul) - quem puxa as guas do mar para o cu e a transforma em chuva.Alasan (alassam) - Talvez o mais velho de todos. Ensinou ao homem o culto de So.Gbade (bad) - Jovem, guerreiro, brigo, implicante, muito barulhento. Adora beber e quando o faz arruma bastanteconfuso deixando todos atordoados. Adora esconder as coisa (pertences) e se diverte em ver as pessoas procurando.

    No trovo ouve-se sua voz gritando para que os homens consertem o que est errado. Sua morada so os vulces.Adeen (adm) - ela quem faz escurecer os cus e envia os relmpagos que fulminam. Sua me Sogbo ralha comela dizendo: - Ahunevi anabahanlan! (no mate as pessoas).Aden (adm) - Vodum masculino do panteo do trovo, que veste roupa branca. D as chuvas finas que faz asrvores frutificarem e, em conseqncia, guardio das rvores frutferas. o mesmo Vodum Adaen conhecido noBrasil. Em um combate, mata os inimigos pelas costas, no a traio. Todo cuidado pouco para lidar com esseVodum, pois a primeira vista ele no demonstra seus desagrados.Ahuanga (arruanga) - Vodum masculino muito velho e grande feiticeiro do panteo do trovo, filho de Saho. Em umsalto transformase em fogo para proteger seus adeptos e queimar seus inimigos, depois disso desaparece numamoringa. Tudo que seu enterrado.Auanga (auang) - Vodum masculino do panteo do trovo, irmo de Avehekete. Habita as lagunas marinha. Suasguas engolem os ladres.So muitos os Voduns desse panteo.Os So ou Sobos no gostam de malfeitores e ladres de um modo geral eles se irritam e matam esses elementos.A gua da chuva depositada nos telhados um dos seus maiores beko (bec (kisilas)). Tambm no gostam defeiticeiros e bruxos e se esses se meterem com seus protegidos Ele os fulmina.Os akututos (eguns) no constituem um beko para esses Voduns, mas eles tambm no gostam muitos dos mesmo.Quando necessria a presena de um deles para afastar esses espritos, se fazem presente e com muita energia osafugentam.

    Sua principal dana o hundose (rundss (Brasil)) e o dogbahun (dbarrum ( frica)). Pela descrio dessa ultima,acredito que seja o mesmo hundose que conhecemos no Brasil.Sosiovi (sssivi) nome do chocalho de So ou Sobo.Sokpe (sop) o machado de Hevioso, feito com pedras de raio.Os Sos ou Sobos representam vida, sade, prosperidade e vitrias.fontes de pesquisa; Centro cultural Ceja NejiPierre VergerL Herris

    Voduns das guas OcenicasO oceano abriga uma variedade imensa de entidades, dentre estas, encontramos muitos Voduns masculinos efemininas.

    Para falarmos sobre as Nas (mes) que habitam o oceano, torna-se necessrio falarmos dos Voduns masculinos quemoram com elas.Para os adeptos do culto Vodum o oceano o grande Hu-Non (ru-nom), considerado o maior de todos os Voduns.

    Naete (nat) e seu esposo Vodum Hou (rou) so os deuses que reinam esse universo ocenico. Enquanto Naete ficanas guas calmas, Vodum Hou desbrava todas as regies e d a cada Vodum suas tarefas.

    Naete (nat) - Vodum feminino do panteo do trovo que habita as guas calmas antes da arrebentao, esposa deVodum Hou.Hou (rou) - Vodum masculino do panteo do trovo casado com Naet, pai de Aveheketi, trindade muito cultuada ehonrada nos templos do Trovo. Sua morada so as volutas bramantes das ondas que arrebentam no litoral.

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    Cada Vodum habita uma regio do oceano e tm uma funo. Assim vamos encontrar:Vodum Nate (nat) - Vodum do panteo do trovo que habita o mar. Adorado pelos pescadores e por todos quetrabalham no mar. o grande guardio que habita em todo o oceano, mar e praias.Sayo (sa) - Vodum feminina do panteo do trovo, irm de Avhekete. Habita as ondas do mar que fazem o nveldo oceano subir. Considerada como uma sereiaVodum Tokpodun (tpdum) - Vodum feminina, deusa do rio. Seu frescor traz claridade para as cabeas e sua tran-qilidade traz a paz. Smbolo de beleza, feminilidade, fertilidade, graa e carter. Filha de Naete deusa do oceano,irm de Avhekete. Foi expulsa do oceano por seus irmos por seu carter forte indo ento, morar no rio.Vodum Tchahe (tchrr) - Vodum feminina do panteo do trovo, irm de Avhekete. Habita o marulhar das ondasdas guas ocenicas.Vodum Agbo (ab) - Vodum masculino do panteo do trovo, filho de Saho. Realiza tudo atravs de um talismque preparou junto com seu pai. Dana com muito vigor, gira em torno de si mesmo e transformase na gua que Hu, o mar. Depois disso sai e pede a uma vodunsi que recolha gua do mar, coloque em um ponte e a esquente. Oresultado disso o huladje, o sal.Vodum Avehekete (averequte) - Vodum masculino do panteo do trovo,muito agitado, habita a arrebentaomarinha. quem leva as mensagens de seu pai, Vodum Hou, s divindades martimas e aos homens. Costumaroubas as chaves de sua me para da-las aos homens.Voduns gmeos Dts e Saho (dtiss e Sarr) - Dtse nasceu noite e Saho de manh. Ela tem um olho em umlado da terra e Saho no outro lado. Considerados os Voduns que olham o mundo. Panteo do trovo, habitam sobre omar.Vodum Yedomekwe (idmq) - Vodum feminina que faz chover. Habita na evaporao das guas ocenicas.Goheji (grji) - Vodum jovem muito alegre e falante, habita o encontro das guas das lagoas com o mar. Essa megosta muito de passear pelas lagoas e lagos misturando-se com os patos d'gua em seu bailado e fica muitoaborrecida se algum caador mata ou fere uma dessas aves. Veste roupas azul, verde gua, prateado com rosaclarinho ou azul. Gosta de adornos prateados, prolas e perfumes suave. Pertence ao panteo da terra. Quando Gorejiresolve passear em guas ocenicas, os cavalos marinhos que a adoram ficam ao seu dispor para transport-la e

    passear com ela. Em seu assentamento podemos colocar bonecas coloridas e outros brinquedos de menina.Vodum Aboto - habita as guas doces profundas que desembocam no mar. sempre confundida tanto como Oxumquanto como Yemanja. Uma das Voduns mais velha do panteo da terra. Veste branco, branco com amarelo,amarelo clarinho, suas contas so amarelo plido. Gosta de adornos dourados e perfume. No gosta de muito

    barulho perto dela. Fica fascinada com o barulho dos bzios em movimento com as guas e faz desses seu orculo.Os gmeos Dazodje (dzdj) e Nyohuewe Ananu (nirruu anan) - habitam nas riquezas depositadas no fundodo mar e so considerados os Voduns da Riqueza. No so feitos na cabea de ningum.

    Erzulie (erzli) - Vodum feminino que habita o reino abissal, pertence ao panteo da terra. considerada a me deAgu e Olokwe. Essa Vodum tambm conhecida como Erzulie-Dantor, poderosa conhecedora da alta magia.Dizem os bakonos que ela se assemelha a Netuno, pois est sempre tentando levar toda a humanidade para habitar ooceano. Ela diz que todos os humanos tm a capacidade dos anfbios e que todos se originaram do fundo do mar.Alguns acreditam que um Vodum andrgino. Em momento de afogamento devemos chamar por Vodum Abe (ab)e Vodum Sayo para que essas convenam Erzulie que nosso lugar na terra.Oulisa (ouliss) - Vodum masculino que habita as guas claras e frias do oceano. Esse Vodum sempre muitoconfundido com Lisa (liss) ou Oxala. Veste branco com detalhes prateado ou dourado. um Guerreiro dos Mares.Panteo da terra.Abe (ab) - Vodum feminina irm de Bade, panteo do trovo. Habita as guas revoltas do oceano. Sempre queacontece um naufrgio ela junto com Vodum Sayo que tentam salvar os nufragos. Considerada uma das maisvelhas mes do mar, sempre substitui Naete, quando essa precisa se ausentar do reino. Noche Abe considerada a

    palmatria do mundo, cabe a ela mostrar as verdades e no deixar que essas sumam nas guas, dizem os antigos que

    o ditado "A verdade sempre anda sobre as guas, nunca afunda, um dia ela aparecer na praia" foi dito por Abe.Assim como Erzulie, Abe conhecedora de alta magia. Veste branco, azul muito clarinho.Existe uma grande confuso entre o nome desta Vodum com as Voduns Abe Huno (ab run), Abe Gelede (abgeled), Abe Afefe (ab aff) que so Voduns guerreiras dos raios, tempestades e ventos.

    Na Aziri - Vodum das guas doces que muito se assemelha ao Orixa Oxum. Panteo da terra. Essa Vodum muitoconfundida com a Vodum Azihi-Tobosi (aziri-tobossi) que habita o alto mar e a protetora de todas as embarcaesque navegam no oceano.Afrekete (afrequte) - a mais jovem e mimada Vodum do panteo do trovo, habita em todo o oceano. Junto com

    Nate(nat) desempenha o papel de Legba, guardando os mares. Protege os pescadores e pune todos aqueles que

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    insultam os deuses e habitantes do mar. Quando v uma embarcao pirata, agita as guas para que essa naufrague eaps esse, entrega todo o tesouro encontrado aos Voduns da riqueza e os mortos Abe Gelede (ab).Aouanga (auang) - Vodum masculino do panteo do trovo, irmo de Avehekete. Habita as lagunas marinha. Suasguas engolem os ladres.Agoen (agm) - Vodum filho de Saho, reina na areia branca que cobre o cho das praias e oceanos.Agwe (ag) - Vodum feminina do panteo da terra que habita sobre as guas ocenicas. Muito afetuosa, estsempre atenta as necessidade alimentares do homem e os ajuda a prover sua mesa, usando sua arma principal, a dam(rede).So tantos os Voduns que habitam as guas ocenicas que torna-se impraticvel descrever todos aqui nesse espao.Temos em nosso culto uma linda cerimnia denominada GOZIN (gozim) onde fazemos oferendas todas asdivindades que habitam as guas. um momento muito sublime, de uma energia indescritvel. Quando "gritamos"Agoki-Agoka (agqui-agc) podemos perceber a chegada de cada um deles.

    No poderia deixar de citar o mito do monstro marinho Mokele-Mbenbe (mqulbmb), animal do tamanho deum elefante, um pescoo longo, um nico chifre e uma enorme calda envolada que ataca as embarcaes. Muitotemido e respeitado em todo o Dahomey at os dias de hoje.E na Hou nule ye! ( n rou nl i!) (Que os deuses do oceno abenoem vocs!)

    Yewa

    Yewa um vodum feminino da famlia Dambir. Filha de Toy Azonze e Dambala, irm de Boalab nasceu para sero smbolo da pureza e da beleza dos deuses. Do nascimento a fase adulta Yewa viveu na famlia de Dan onderepresentava a faixa branca do arco-ris onde tambm mora Ojiku. Recebeu de Dan Wedo o poder da vidncia, dariqueza, e todos os corais que existiam no mar que ela pegava com seu arpo.A beleza fsica de Yewa encantava a todos que olhassem em seus olhos, mas essa nunca se encantava com ningum

    pois era o smbolo da virgindade e da pureza. Muitos homens se apaixonaram por ela e todos foram punidos pelosdeuses pois sabiam que era proibido amar a grande Virgem.Yewa adorava ver o por do sol e sempre saa a passear pelos campos floridos acompanhada por dois bravosguardies que no permitiam que ningum se aproximasse dela. Era um casal de gansos branco, lindos e majestosos.Certo dia, estava Yewa a apreciar o por do sol, quando uma galinha, se aproveitando da distrao dos gansos,aproximou-se e ciscou muita terra sobre as vestes brancas de Yewa, essa se enfureceu e amaldioou a galinha e da

    para frente nunca mais quis ver uma em sua frente como tambm resolveu mudar suas roupas para as cores do pordo sol.Certo dia, Yewa avistou um belo homem, um guerreiro e se encantou por ele.Yewa enfrentou e desafiou todos os deuses por amor a esse homem e teve como castigo o exlio. Foi expulsa dafamlia de Dan e considerada a cobra m. Durante seu exlio, Yewa teve que fugir e esconder-se da frias dosdeuses.Em sua primeira fuga, Yewa contou com a ajuda de um grande caador e guerreiro, Od, que a escondeu nas

    profundeza das matas escuras, em terras yorubanas.Vendo-se em um lugar sombrio e sem recursos de sobrevivncia a sua disposio, Yewa aceitou um of que Odofereceu-lhe. Aprendeu a caar junto com ele e com os demais caadores.A beleza de Yewa encantava e perturbava Od e aos demais que viviam nas matas, pois eles sabiam que no podiamse apaixonar por ela, temiam a frias dos deuses. Od ento, fez para Yewa uma coroa de dans e folhas de palmeirasdesfiadas. Mandou que ela a coloca-se, assim ningum se aproximaria dela com medo das dans e as folhas desfiadasda palmeira esconderiam sua beleza contagiante. Yewa gostou do presente pois viu nesse, a possibilidade deesconder-se dos deuses e livrar-se de sua fria.

    Com o uso dessa coroa Yewa pode sair da escurido das matas e ir apreciar o que mais ela amava e representava ... opor do sol. Faltava-lhe seus guardies, pediu ajuda a Od e esse caou para ela um casal de gansos negros, poisforam os nicos que encontrara. E assim, Yewa passou a ver e a viver o por do sol novamente em seu exlio.Passado um tempo, Toy Azonze foi aos deuses pedir por sua filha Yewa que j tinha sido por demais castigada.Depois de muitos pedidos e oferendas aos deuses, esses concederam a Azonze a guarda de Yewa que deveria morarcom ele. Azonze embrenhou-se nas matas a procura de sua filha e a encontrou junto a Od.Como agradecimento por tudo que fez por Yewa, Toy Azonze deu a Od um par de chifres e o poder de cham-lo eaos espritos da caa quando assim precisasse.

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    Yewa foi morar no reino dos mortos junto com Azonze e com esse passou a exigir o cumprimento da moral e dosbons costumes. Em sua nova morada Yewa recebeu o caracolo/aracol onde guarda os segredos dos ancestrais e osinvoca quando necessrio, e o eruxim com o qual espanta os egum para o caminho de Oya. Sempre que possvel,Yewa engana Eku e salva uma vida.Yewa um Vodum rarssimo de ser encontrado no TA (cabea) de algum. A feitura de Yewa deve ser sempre emTA de virgens e nunca em TA de homens.Por ter o poder da vidncia, Yewa tem o poder de nos livrar do "olho grande" e das invejas. Quem sabe cuidar desseVodum, se livra facilmente dos invejosos.Encontramos Yewa tanto nas guas quanto nas matas e mundos subterrneos (aqutico e terrestre), mas seu local

    preferido sempre o horizonte, onde o por do sol faz o encontro dos dois mundos e o cu se encontra com a terra,"Isso Yewa" dizem os antigos.Ojiku um Vodum Dam que sempre muito confundido com Yewa, assim como Boalab que sua irm. Ojiku considerado a Cobra branca e Boalab uma Vodum das gua doces, muito confundida com Oxum. Em muitas

    pesquisas e entrevistas que fizemos pudemos constatar a confuso e controvrsias que as pessoas fazem em relao aYewa e esses dois Voduns.

    Tohossou:Vodum Protetor dos Deficientes Fsicos e Mentais

    Por sculos, em todo o mundo, as crianas nascidas em circunstncias especiais, eram mortas pois eram segregadase rotuladas como seres de mau agouro, diabos ou que perpetuavam a misria e o sofrimento de suas famlias,tornando-se assim, um estrvo para seus pais. Eles eram assassinados, conforme estabelecido pelo grupo, para serem

    poupados de uma vida com olhares fixos e rejeies sociais.No havia nenhuma recompensa em sacrificar uma vida familiar cuidando dessas crianas carregadas decircunstncias to especiais.Esta situao tambm estava presente na cultura dahomeana, at que um Vodum especial, nomeou Tohossou paraencarregar-se de mudar essa situao.Os Tohossous so congregados de antepassados reais que surgiram durante o reinado do Rei Akaba, o segundo reido Dahomey (1685-1708). Eram conhecidos como "as crianas e o guardio dos trs rios", um lugar onde todos osantepassados viviam, e todos que morriam passavam a viver neste sagrado reino subaqutico.Este Tohossou foi considerado muito poderoso e, frequentemente, era chamado para batalhas quando tudo j haviafalhado, pois era um vencedor certo com uma rajada de sua poderosa espada.O Tohossou agrupado com o "Neusewe" dahomeano, grupo da maioria dos mais antigos antepassados, hojeconhecido como "Loko".A primeira criana nascida com m formao fsica e a fazer parte desse grupo foi Zomadonu, filho mais velhoAcoicinacaba.Zomadonu quem comanda este poderoso grupo de Trowo (espritos ancestrais) . Para este grupo eram feitossacrifcios e honras especiais.Infelizmente, foi durante o reinado do rei Glele que deu-se a maior perseguio s famlias dessas crianas. Elaseram sacrificadas afim de poupar o reinado e suas famlias.O mais significativo, que esses antepassados reais eram, frequentemente, ignorados e negligenciados pelos

    prprios reis. Muitas tentativas foram feitas por esses antepassados para atrairem a ateno dos reis em incentiv-losa dar-lhes as homenagens como era a tradio, mas os reis se recusavam veementemente, ento esses antepassadosse tornaram enfurecidos.Um dia, irritados, desceram na corte real, nos corpos dos adultos fisicamente mal formados e comearam a

    destruio, a devastao e a exalarem um cheiro forte e desagradvel e, acima de tudo, muita confuso e desespero,destruindo a corte e vilas inteiras.Imediatamente o rei chamou os bakonons de Fa para verificarem qual era o problema e o que poderia ser feito paraacalmar esses espritos poderosos e irritados.Aps um consulta cuidadosa, Tohossou comeou a falar. Alm de exigirem que todos os reis erguessem umsanturio ao Vodum maior, Zomadonu, para que eles lhes pagassem as devidas homenagens, exigiram tambm que arepercusso da "fama" que os fsica e mentalmente abalados tinham fosse cessada. Declarou ainda que daquelemomento em diante eles eram os seus guardies protetores. Por ltimo, props que, aqueles que nascessem naquelas

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    condies, suas famlias deveriam erguer um pequeno santurio em suas casas e, os que assim fizessem, seriamrecompensados e abenoados com prosperidades especiais.Hoje, no Benin e em Togo, as crianas que nascem com m formao fsica ou deficincias mental tm umacerimnia especial e, em suas casas, um pequeno altar consegrado aos Tohossous.Assim, em vez de trazerem desgraas financeira e emocional s suas famlias, trazem benos.Aqueles que ficam incapacitados devido a idade, ferimentos ou doenas, tambm ficam sob a proteo dosTohossous.

    SakpatPara o povo Jeje, Sakpat foi trazido para o Dahomey, por Agaj, no sculo XVIII, vindo da cidade de DassaZoum, mais precisamente, da aldeia de Pingine Vedji.Todos os Voduns, pertencentes ao panteo de Sakpat, so da famlia Dambir.

    Nesse panteo temos vrios Voduns. O mais velho que se tem notcia Toy Akossu, no transe, ele se mantmdeitado na azan (esteira). Dizem os mais velhos, que Toy Akossu o patrono dos cientistas, ele d eles inspiraes

    para a descoberta das frmulas mgicas que curaro as doenas e as pestes. Ele a prpria "doena e cura", comotambm um excelente conselheiro.Toy Azonce um outro Vodum velho, porm mais novo que Toy Akossu. Seu assentamento fica em local bemisolado do Kwe, sendo proibido toc-lo. Somente UMA pessoa designada por ele mesmo pode tratar desse

    assentamento. Toy Azonce quem sempre faz todas as honras para seu irmo Toy Akossu, quando ele est emterra.Toy Abrogevi um Vodum velho, filho de Toy Akossu, que gosta de comer quiabo com dend, paoca de gergelime fumar cachimbo de barro. Toy Abrogevi gosta muito de Bad e se tornou muito amigo dele. Foi com Bad queaprendeu a comer e a gostar de quiabo.So tantos Voduns desse panteo que seria praticamente impossvel descrever cada um aqui.Esses Voduns so rigorosos no que tange a moral e os bons costumes. Nunca admitem falhas morais dentro doskwes e, quem faz essa fiscalizao para eles Ew, filha de Toy Azonce.As cores de contas e roupas usadas por esses Voduns podem variar de acordo com o gosto de cada um. Todos usamroupas feitas de palha da costa sendo umas mais curtas e outras mais compridas. Sakpat usa todas as cores e oestampado, sempre com a presena das cores escuras.Smbolo fortemente ligado a Sakpat, a palha da costa a fibra da rfia, obtida de palmas novas, extradas de uma

    palmeira cujo nome cientfico raphia vinifera. No Brasil, recebe o nome de Jupati. A palmeira considerada a"esteira da Terra".A palha da costa, tendo sua origem na palmeira, ganha o simbolismo universal de ascenso, de regenerescncia e dacerteza da imortalidade da alma e da ressurreio dos mortos. Um smbolo da alma. Alm de proteger avulnerabilidade do iniciado, sua utilizao tambm reservada aos deuses ancestrais, numa reafirmao de suaancestralidade, eternizao e transcendncia.Os Sakpats podem trazer nas mos o xaxar, ou o basto, a lana, o illewo ou ainda, uma pequena espada. Amaioria deles gostam de manter o rosto coberto pela palha da costa, outros gostam de mostrar o rosto. Todos gostammuito de usar bzios e chaors (guizos).O bzio, simboliza a origem da manifestao, o que confirmado pela sua relao com as guas e seudesenvolvimento espiralide a partir de um ponto central. Simboliza as grandes viagens, as grandes evolues,interiores e exteriores. associado as divindades ctonianas, deuses do interior da terra. Por extenso, o bzio simboliza o mundosubterrneo e suas divindades.O chaor (guizo), tem simbologia aproximada a do sino, sobretudo pela percepo do som. Simboliza o ouvido e

    aquilo que o ouvido percebe, o som, que reflexo da vibrao primordial. A repercusso do chaor o som sutil darevelao, a repercusso do Poder divino na existncia. Muitas vezes tm por objetivo fazer perceber o som das leisa serem cumpridas.Universalmente, tem um poder de exorcismo e de purificao, afasta as influncias malignas ou, pelo menos,adverte da sua aproximao. Sem dvida, simboliza o apelo divino ao estudo da lei, a obedincia palavra divina,sempre uma comunicao entre o cu e a terra, tendo tambm o poder de entrar em relao com o mundosubterrneo.O lakidib, fio de conta de Sakpat, feito do chifre do bfalo. Tem o sentido de eminncia, de elevao, smbolode poder, um emblema divino. Ele evoca o prestgio da fora vital, da criao peridica, da vida inesgotvel, da

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    fecundidade. Devemos lembrar que chifre, em hebraico "querem", quer dizer, ao mesmo tempo, chifre, poder efora.O lakidib no sugere apenas a potncia, a prpria imagem do poder que Sakpat tem sobre a vida e a morte. Naconjuno do lakidib e do deus Sakpat, descobrimos um processo de anexao da potncia, da exaltao, da fora,das quatro direes do espao, da ambivalncia.Encontramos o lakidib em duas cores: preto e branco. Ele tambm contm a bondade, a calma, a fora, acapacidade de trabalho e de sacrifcio pacfica do chifre do bfalo, de onde origina-se. Rstico, pesado e selvagem, o

    bfalo tambm considerado divindade da morte, um significado de ordem espiritual, um animal sagrado.Na frica, o bfalo (assim como o boi), considerado um animal sagrado, oferecido em sacrifcio, ligado a todos osritos de lavoura e fecundao da terra.O lakidib entregue ao adepto somente na obrigao de sete anos.Presena certa em tudo ligado a Sakpat, o duburu (pipoca) representaria as doenas de pele eruptivas, cujo aspectolembra os gros se abrindo. Jogar o duburu assumi o valor e o aspecto de uma oferenda, destreza e resistncia. O atode jogar se mostra sempre , de modo consciente ou inconsciente, como uma das formas de dilogo do homem com oinvisvel. Tem por alvo firmar uma atmosfera sagrada e restabelecer a ordem habitual das coisas, fundamentalmente um smbolo de luta, contra a morte, contra os elementos hostis, contra si mesmo.Os narrunos para esses Voduns devem sempre ser feitos com o sol forte e cada um deles especifica o que queremcomer. Isso quer dizer que, no existe uma nica maneira de agrad-los. Eles no gostam de barulho de fogos deartifcios.Uma vez por ano, os Kwes fazem um banquete para as Divindades do Panteo de Sakpat, onde devemos comer,danar e cantar junto com os Voduns.Os demais Voduns do panteo da terra, sempre so convidados a compartilhar desse banquete. Os jejes acreditamque, com essa cerimnia oferecida a essas divindades, todas as doenas so despachadas do caminho do Kwe e deseus filhos.Esse banquete colocado dentro do peji ou do quarto onde mora Sakpat e os demais Voduns de seu panteo. Todaa comunidade vm saudar o Deus da varola e seus descendentes, comer e danar junto com eles e, ali mesmo, servido o banquete para todos os presentes.Aps essa cerimnia, Sakpat e os demais Voduns, vestem suas roupas de festa e vo para a Sala (barraco)comemorarem seu grande dia, junto com a comunidade que os aguardam. Quando entram na Sala, todos gritamlouvores eles, danam e cantam, louvando o Deus da varola, que traz a cura de todas as doenas.Suas danas e cnticos lembram sempre os doentes, as doenas e a cura das mesmas. Algumas falam das lutas queesses Voduns enfrentaram com a rejeio das comunidades com sua presena e outras falam das vitrias que tiveramsobre todas as comunidades que a eles vieram pedir ajuda.

    Os Sakpats trabalham muito e tm um importantssimo papel nas feituras de Voduns. Do incio ao fim de umaahama (barco de ya), eles atuam com rigidez e vigor, mantendo o bom andamento, principalmente dos bonscostumes morais e, cobram "feio" caso algum cometa alguma falha. Eles so, na verdade, as testemunhas de umafeitura. Aps a feitura, se um filho negar alguma coisa que tenha sido feita, eles so os primeiros a cobrarem dessevodunci a mentira que ele est dizendo, assim como tambm cobram a quebra de segredos.Todas as folhas refrescantes para ferimentos, pertencem a esses Voduns.Vale alertar que existem Orixs e Inkices tambm ligados a cura e doenas porm, no so os mesmos deuses que osVoduns da famlia Dambir, da nao Jeje. Muitas confuses so feitas e, encontramos vrias bibliografias relatandoorigens, especificaes e costumes que nada tm a ver com o Vodum Sakpat.

    AVEJI DA

    Ligadas as tempestades, raios, furaces, redemoinhos, ciclones, tufes, maremotos, erupes vulcnicas, aosancestrais e a guerra, todas as Voduns guerreiras so conhecidas como Aveji da. At mesmo Oya dos yorubanos, assim denominada em territrio daometano.Erroneamente, no Brasil, algumas pessoas feita de Oya se intitulam filhas de Vodum J. Digo erroneamente porqueOya um Orix yorubano e Vodum J um ToVodum do panteo de Aveji-da, assim como J Massahundotambm.Aveji-da o Deus/Deusa das tempestades e dos ventos.Podemos encontrar as Aveji-da tanto na famlia Dambir quanto na famlia Heviosso.

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    As Aveji-da, da famlia Dambir esto ligadas diretamente ao cultos dos akututos, sendo que cada uma tem suafuno. Algumas reinam na fronteira do djenukom com o aikungm, outras nos ekchom, outras no hou, tan etdum., outras em humahuan, outras junto com Na Nana, outras junto aos kpame e "possudos" - essas, "talvez",sejam as que mais trabalham (opinio minha) - outras se encarregam, junto com Exu, de levar os ebs e pedidosfeitos pelo povo encarnado e desencarnados, a quem de direito e tentam trazer as solues para cada um -normalmente conseguem. Enfim, uma infinidade de atribuies que essas Voduns tm, todas sempre em proldaqueles que pedem e precisam do auxlio delas, sejam encarnados ou desencarnados.Todas essas Voduns, so temidas e respeitadas por akututs. Elas tm todos os poderes sobre o reino dos mortos e

    junto com Sakpata e Nae Nana, controlam a vida e a morte.As Aveji-da da famlia Heviosso, esto mais ligadas aos fenmenos da natureza, como o furaco, ciclone,maremotos, erupes vulcnicas, etc. onde os eguns recm desencarnados nesses fenmeno so encaminhadosimediatamente por elas as Guerreiras dos cultos de akututs, pois Heviosso e demais Sobos no abrem suas portas

    para eks, dessa forma o trabalho delas tem que ser rpido e eficiente, para no contrariar o grande Heviosso.Contam os velhos Vodunos e Bakonos que a fria de Aveji-da e de Heviosso contra as heresias humanas que

    provocam esses fenmeno onde muitos sucumbem. Nessas ocasies que devemos recorrer a Velha VodumGuerreira que com sua sabedoria e magia sabe aplacar a fria dos deuses e acalma-los.Essa Velha Vodum Guerreira mora junto com as demais Yamis e todas as Aveji-da prestam culto a mesma e tomamseus conselhos e usam sua magia quando precisam. Ela um velha Aveji-da que se esconde nas sombras e adora anoite. Os pssaros so seu encanto. Junto com ge visita os kwes em sua rondam noturna e se encontrar demandasela ai se detem nos para ajudar ou cobrar. A fria dessa Vodum destri os inimigos e fecha um kwe. Dificilmenteum kwe fechado por ela consegue se reerguer. Somente atravs de Baba Egum se consegue chegar a ela para aplacarsua fria. As Aveji-da so mulheres muito vaidosas, gostam do belo, adoram a natureza, apreciam quando suasfilhas imitam suas vaidades. So todas muito vaidosas e autoritrias, no gostam de receber ordem de ningum

    principalmente dos homens, mas quando fazem suas vontades e caprichos tornam-se dcies e carinhosas. So muitomaternais, perdoam com facilidade seus filhos e os defende com toda a garra de guerreiras. Gostam de disputar comos Voduns Guerreiros quem luta melhor e esses sempre acabam cedendo aos encantos dessas mulheres que osencantam com sua magia e beleza. As Aveji-da comem cabra ou cabrito, galinha, galo, d'angola, pombo e outros

    bichos. Gostam de abara, acaraj, alapad, quiabada, inhame, peixe, acarajs recheado com quiabo - existe uminfinidade de comidas para elas - Seus apetrechos so o erugim, adaga, espada de lana curta com a ponta em formade meia lua, faca, chicote, chifre de bfalo e de boi, fogareiro de ferro, abano de palha, abano confeccionado emtecidos finos ou pena (leque), abanos confeccionados em madeira, bonecas(fetiche), maruo... Usam todas as coresem suas vestimentas. Seus colares ou fios de conta so das mais variadas cores e formato. Gostam de todos osmetais, sendo que o ferro, o cobre e a prata so seus preferidos. Vale ressaltar que a confeco de

    apetrechos,vestimentas e fios de contas so determinados pelas prprias Voduns, portanto no existe uma "receita"para esses itens. As Oyas feitas dentro do culto de Voduns aderem todas as caractersticas das nativas, pormrecebem tambm o que lhes so de direito dentro de suas origens.Vocabulrio:djenukom - cu (orum)aikungm - terra (aiye)ekchom - cemitriotdum -riohou - martan - lago, lagoaahuan - guerra, batalhahumahuan - campo de batalha (guerra)kpame - doentes, enfermos

    akututs - ancestrais, egungum eks eguns

    Tobossis/Nas/Mami WataTobossis, Nas ou Mami Wata, so todas as Voduns femininas das ezins jeuu, jevivi e salobres. Aquifalaremos, especificamente ,das belas Nas das ezins doces e salobres.Em todas as famlias de Voduns encontramos Nas, sendo que, a maioria delas, so da famlia Dambir, panteo daterra.

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    No Brasil, convencionou-se chamar Oxum, dentro das casas Jeje, de Tobossi. Tobossis so Voduns femininos,infantis e, como elas tem muito a ver com as Nas, acredita-se que foi da que o brasileiro passou a chamar Oxum deTobossi.Como a maioria dos adeptos do Candombl sabem, Oxum um Orix da nao Ijex, muito cultuada por todas asnaes, inclusive o Jeje mas, temos que entender que existem Oxum e Nas. Quando, dentro da nao Jeje, uma

    pessoa feita de Oxum, dizemos que ela feita de Orix, quando a pessoa feita de Na, dizemos que ela feita deVodum.As Nas vivem em plena harmonia com toda e qualquer entidade que mora nas ezins. Nesse habitat no existeseparao de naes.As Nas ou Mami Watas, so mulheres vaidosas, exigentes, caridosas, algumas so guerreiras, outras caadoras.Gostam do brilho das pedras e do ouro, adoram se enfeitar com colares, pequenas conchas e caramujos, pulseiras,

    pequenas penas coloridas. Normalmente, seus adornos so feitos por elas mesmas, caso algum queira fazer paraelas, essas exigem que seja feito exatamente como elas fariam.Algumas Nas gostam de ficar a beira dos tdum, sentindo e recebendo a energia do guh, das atin, do djom, dasum, etc.. Essas so muito falantes, gostam de danar, cantar, caar junto com Otolu, pescar junto com Ajaunsi,macerar folhas junto com Agu, comer amal com Sobo, Aveheketi e Ahevessul, etc. Gostam de caminhar pelasmatas, praias e lagoas, ondem residem outras Nas.Outras Naes preferem as profundezas das ezins onde a paz reina com toda a plenitude da natureza, essas no gostamde se expor aos olhos de curiosos e so de falar muito pouco.As Nas que moram nas ezim salobres, so as mais guerreiras, cultuam os ancestrais, lidam com eguns e a magia seu forte. Dizem os antigos, que nas lagoas que se escondem os grandes mistrios da magia das Nas, pois ali seencontram as duas energias, a das ezins jeuu e a das ezins jevivi. F sempre aconselha seus bakonos a irem lagoaconversarem com as Nas quando existe a necessidade da magia ser usada.As Nas usam roupas de vrias cores sendo que, algumas delas, adoram o dourado, da confeccionar-se roupas comtecido amarelo, o que no est totalmente correto. As roupas das Nas devem obedecer a uma srie de exignciasdas mesmas. Podemos at fazer uma roupa amarela ou dourada, mas nunca podemos esquecer os detalhes que virocomplementar a simbologia da roupa a ser usada.Seus assentamentos podem ser feitos em louas, em bustos de madeira, argila ou c, dependendo da Vodum que seest assentando.Comem: b, catraio, marreca, kklo, uhui, caas, ech.Dependendo da Na, ela traz nas mos: ezuzu (abeb), pena, of, lira, ech (de preferncia vivo), cobra, espada ouadaga.Em todos os estudos que fizemos na frica, encontramos a SEREIA simbolizando as Mami Wata/Nas, tanto das

    gua doces quanto das guas salgadas e salobre. comum encontrarmos, em qualquer estabelecimento comercial eresidencial, a figura de uma sereia cultuada (podemos comparar com os santinhos catlicos que os brasileiroscultuam aqui em pequenos altares em seus estabelecimentos).Vocabulriokklo - galinha

    b - cabra ou cabritoc - barroech - pssarouhui - peixeezim - guaatin - rvores, folhassum - luadjom - vento

    tdoum - riocatraio - galinha da angolaguh - sol

    jevivi - salgadajeuu - doce

    A ORIGEM DE FA - O SISTEMA DAHOMEANO DE ADVINHAO

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    Gbadu nasceu aps os gmeos Agbe e Naete. Possui dezesseis olhos e um deus andrgino.Mawu designou-o a viver no alto de uma rvore de palma, no Orum, a fim de observar os reinos do mar, da terra edo cu. Mais tarde, Mawu lhe diria os deveres que deveria executar.Gbadu est sempre na rvore.A noite, quando dorme, seus olhos se fecham e depois no pode abri-los sozinho. Legba foi encarregado por Mawu,

    para escalar a rvore de palma, a cada manh, para abrir os olhos de seu irmo.Quando Legba escala a rvore de palma, pergunta primeiro a Gbadu que olhos deseja ter aberto, se os detrs, dafrente, da direita ou da esquerda. Ao ouvir a pergunta, Gabdu presta ateno ao reino do mar, da terra e do cu; noquer falar porque outros podem ouvir.Em resposta a Legba, pe semente da palma em sua mo. Se colocar uma semente, significa que deseja abrir um deseus olhos e se forem duas sementes, Gabdu deseja que dois de seus olhos sejam abertos.Quando Legba abre seus olhos, ele mesmo olha bem de perto o que est acontecendo no mar e na terra e prometeu aGbadu, a quem ns tambm chamamos de Fa, que relataria tudo ele, inclusive o que acontece no domnio deMawu, o Orum. E dests maneira aconteceu.Depois de um tempo, Gbadu comeou a gerar crianas. A primeira criana era Minona, uma filha. A segundacriana tambm era uma filha. Todas as outras crianas eram filhos e foram chamados de: Aovi, Abi, Duwo, Kiti,Agbankwe e Zose.Um dia, Gabadu confidenciou a Legba que estava incomodado porque Mawu ainda no tinha lhe designado seutrabalho.O nico que conhecia a lngua de Mawu era Legba e este prometeu a Gbadu que o ensinaria.Algum tempo aps isto, Legba disse a Mawu que havia uma grande guerra na terra, no mar e no cu e que, se Gbaduficasse apenas olhando do alto, esses trs reinos seriam logo destrudos.A gua do mar no sabia seu lugar e a chuva no soube cair.Isto estava acontecendo porque os donos daqueles reinos no compreendiam a lngua de Mawu.Mawu perguntou: "O que deve ser feito?". Legba disse que o melhor seria enviar Gbadu terra. Mas Mawurespondeu: "No, deixe Gbadu permanecer aqui, mas darei a compreenso de minha lngua alguns homens naterra, dessa maneira, os homens sabero o futuro e como comportarem-se".Mawu mandou Legba encontrar trs filhos de Gabdu.Antes que essas crianas de Gabdu fossem para a terra, Mawu entregou as chaves do futuro para Gabdu. Disse-lheque aquela era uma casa com dezesseis portas e que cada uma correspondia aos olhos de Gabdu.A rvore de palma em que Gbadu descansou foi chamada de Fa. Assim, quando Gbadu recebeu as chaves, Mawudisse que Legba era o "inspetor" do mundo e que desejava que Gbadu fosse o intermedirio entre os trs reinos e elamesma.

    Quando os homens desejarem saber o futuro a fim de guiarem suas aes, deveriam pegar as sementes e jog-lasaleatoriamente e isto abriria os olhos de Gbadu que corresponde ao nmero de sementes e a ordem em que caram.Porque as sementes abririam o olho que correspondesse a uma porta na casa do futuro, o destino para quem fossem

    jogadas poderia ser visto.O que cada casa do futuro continha foi ensinado s trs crianas que foram enviadas terra.As crianas escolhidas para ligarem a terra Gbadu e Legba, consequentemente a Mawu, foram Duwo, Kiti e Zose.Trouxeram sementes da palma com elas, mostrando aos homens como us-las. Ensinaram e disseram a cada homemo que era seu sekpoli (destino). Disseram que o sekpoli a alma que Mawu deu a tudo, mas antes de chamar estaalma, deve-se abrir os olhos de Gbadu. necessrio saber o nmero de olhos de Gbadu que esto abertos antes dechamar esta alma, de modo que se um homem souber o nmero de linhas que o Fa seguiu para ele, sabia seu sekpoli.Foi dito que nenhum santurio era necessrio para a adorao de sekpoli porque o prprio corpo humano j seusanturio.Quando os trs tinham terminado de ensinar aos homens, voltaram ao cu.

    Mais tarde, Mawu enviou todas as crianas de Gbadu terra. Foram conduzidos por Legba, que os instalou.Quando voltaram, Zose recebeu o ttulo de Faluwono, tambm conhecido como Bakonon, que quer dizer "possuidordos segredos de Fa", que Gbadu tinha lhe dado.Minona tornou-se uma deusa e reside na casa das mulheres, onde ela tece algodo em seu eixo.Duwo recebeu o nome de Bokodaho. Reside nas casas de Pa (crianas de Agbadu), enquanto Kiti e Duwo foramajudar Zose, que Faluwono, fazer seu trabalho.Zose joga as sementes da palma. Ele tem somente um p e, no comeo, quando traava linhas do destino, as pessoasno acreditavam nele.Seu irmo, Aovi, o azarado, foi encarregado de fazer com que as pessoas respeitassem o culto.Hoje, se o Fa disser algo e voc no fizer, chama-se Aovi para puni-lo. Ento voc deve respeitar o Fa.

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    Pa fez uma figura pequena de argila de Legba e colocou-a de um lado de sua casa , Aghannukwe. Abi foi chamadopara dar a Minona a mesma funo que Aovi tem para o Fa.Abi cinzas, combusto. isso que faz com que as mulheres respeitem Minona.Quando uma mulher cozinha e Minona est irritada com ela, o fogo queima-a ou sua casa pega fogo.E por esta razo, que quando na cermica ateado fogo est se chamando Abi, porque as cinzas, a combusto, soabundantes.Pouco a pouco as pessoas comearam a compreender o "novo sistema" e porque Aovi muito severo, o culto passoua ser respeitado.Assim, o culto do Fa espalhou-se em toda parte.Um dia, veio na terra visitar o culto do Fa com Gbadu. Como era seu hbito, compartilharam da mesma esteira paradormir. Mas, tarde da noite, levantou-se secretamente e foi Minona. Entretanto, Gbadu acordou e descobriu queLegba o tinha enganado com sua prpria filha.Discutiram e foram para o Orum levar o caso a Mawu.Legba no admitiu que tinha dormido com Minona. Mawu ento, mandou que se despisse. Quando estava n, Mawuviu que seu pnis estava ereto e disse: "Voc me enganou e deitou-se com sua irm. Por este motivo eu ordeno queseu pnis ser sempre ereto e voc no poder mais saciar-se".Legba mostrou indiferena a esta punio porque jogou com Gbadu antes que Mawu o repreendesse, ordenando queseu pnis ficasse ereto para sempre, assim j sabia o que ia acontecer. por esta razo, que as danas de Legba so semelhantes a este acontecimento, tentando-se ver o que toda mulhertem na mo.

    Noh Aikunguman(Me terra)

    No culto dos Voduns, Noh Aikunguman a base de tudo que fundamento. Acreditamos que somenteAikunguman pode sustentar uma base slida para apoiar e firmar um templo de Voduns.Temos vrios Voduns que pertencem ao panteo de Aikunguman, porm existem aqueles cuja a tarefa primordial o culto a mesma. Dependendo do que se pretende fazer, invocamos o Vodum correspondente. Como exemplo

    podemos citar:Vodum Aizam - considerada a patrona dos grandes mercados. - costume em todo Benin, quando nasce umacriana, levar a mesma ao mercado e l fazer os mlenmlen (orikis) e oferendas Aizan, pois acreditam que esse

    ritual dar muito boa sorte vida da criana. Esse procedimento tambm se d aos casais de noivos. Os familiaresdas duas partes ser renem e vo juntos com os noivos ao mercado. Nos dois casos, tanto a criana quanto os noivostrazem para casa um pouco de terra e a coloca no solo de suas casas para que a fartura e a prosperidade faamsempre parte de suas vidas.Vodum Aizam tem uma grande famlia e cada um dos membros reina em uma parte da terra, inclusive o mundoctnico (subterrneo) e abissal (subterrneo aqutico).Vodum Intoto - um Sakpata que no feito no Ori de ningum, assim como Aizan. Saber plantar, cuidar, zelaresse Vodum "garantir a vida" dentro da casa de santo. Intoto responsvel pela putrefao das carnes e dosalimentos em geral; por essa razo temos que saber cultu-lo abaixo do solo para que essa atribuio dele s ocorraem seu mundo e nunca no nosso.Vodum Agu - Dono de todos os segredos das folhas, este Vodum tem um papel importantssimo dentro do cultoAikunguman pois ele quem a fertiliza e a alimenta com suas sementes e magias. Em uma casa de santo cabe a elelevar o "sabor" de cada vodunci e o apresentar Aikunguman na passagem de sua vida profana para a religiosa, isso

    , no seu renascimento.Vodum Guiogu - O dono da faka (faca) e das grandes guerras. Seu papel importantssimo no culto deAikunguman, ele quem d mesma o kun (sangue) dos animais sacrificados. Junto com Vodum Yian, Guiogugarante que o kun humano no ser derramado dentro daquela casa.Baseados nessa pequena explanao, podemos entender o porqu de usarmos "poeiras", "terras" de determinadoslugares para fazermos assentamentos de Santos e Legbas. Como eu disse, cada membro da famlia de Aizam, regeum local - feira-livre, mercados, aougue, bancos, cemitrios, estradas, rios, mar, cachoeira, etc.Para ns filhos do Culto Vodum, Aizan a principal deusa da terra, ela a prpria terra.

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    Deuses da Riqueza(Daometanos)

    Na cultura daometana, encontramos como Deuses da Riqueza, um casal de gmeos que foram enviados terra porMavu e Lissa, para que ajudassem a humanidade.Os gmeos Da Zodji e Nyohwe Ananu foram os primeiros Voduns a nascerem e aps chegarem a terra, deramorigem a uma linhagem de Voduns ricos e guerreiros.Cabe a esses Voduns guerreiros, ajudarem a todas pessoas que recorrerem a Da Zodje e a Nyohwe Ananu, achegarem at eles, isso , caso algum caminho ou energia do solicitante estiver atrapalhando o intercmbio entre elee os Deuses da Riqueza, esses Voduns mostram os ebs que devero ser feitos para que ele alcance os Deusesgmeos.Quando chegaram a Terra, Da Zodji e Nyohwe Ananu habitaram o mar, onde acharam as maiores riquezas da Terra.

    Nyohwe Ananu, muito feminina, encantou-se com as conchas e os caramujos que encontrou e ficava extasiada aoouvir o som do mar dentro dos caramujos. Seu irmo mandou que trouxessem todos os caramujos e conchas para o

    palcio deles para agradar Nyohwe Ananu.De tanto Nyohwe insistir para que Da Zodji ouvisse o som dos caramujos esse atendeu seu apelo e tambm seencantou. Da por diante, os dois passavam todo o tempo ouvindo esse som e no mais prestavam ateno aos

    pedidos das pessoas. Incomodados com essas atitude dos Deuses gmeos, seus descendentes resolveram consultarum bakono.O bakono consultou F e esse mandou que todos pegassem um caramujo para si e que quando quisessem falar com

    os Deuses da riqueza, falassem dentro do casco do caramujo, pois somente assim Da Zodji e Nyohwe Ananu osouviriam.Os descendentes obedeceram a F e passaram a falar com os Deuses dentro dos caramujos e, alguns deles,comearam a colecionar caramujos por acreditarem que quanto mais caramujos tivessem, mais poderiam conversarcom eles.Esse procedimento causou um pouco de confuso na vida dos Deuses da Riqueza pois, quando as pessoas falavamcom Da Zodji a irm tambm ouvia e vice-versa. Ento, eles estabeleceram o seguinte: "Que cada um tivesse em seu

    poder dois caramujos. Um deveria ficar deitado e nesse, os pedidos Nyohwe deveriam ser feitos e o outrocaramujo deveria ficar em p e nesse, os pedidos Da Zodji deveriam ser feitos".Deram tambm a opo de usarem os caramujos de uma maneira s e se comunicarem apenas com um dos Deuses.

    NANNan considera por todos os adeptos do Culto Vodum como a grande Me Universal que criou o mundo e deu vida

    aos Voduns. chamada carinhosamente de v Misan (missam).Senhora da lama, matria primordial e fecunda da qual o homem em especial, foi tirado. Mistura de gua e terra, alama une o princpio receptivo e matricial (a terra) ao princpio dinmico da mutao e das transformaes. Sualigao com a gua e a lama, associa Nan agricultura, a fertilidade e aos gros (vide simbologia dos gros efavas).

    Nan tem os mais variados nomes de acordo com o dialeto usado: Bouclou, Buukun, Buruku, etc. Em Dahomey, nacidade de Dom onde est localizado seu principal templo, Ela conhecida como Nan Buruku (l-se, buluku).

    No Brasil, tambm existem variaes de nomes para Nan: Buruku, Na Nait, Yabainha, Na, Anabioc, etc.Nan representa a dogb (vida) e a doku (morte). Ela recebe em seu seio os ghedes (mortos) e os prepara para o leko(lc - retorno, renascimento)Quando uma mulher no consegue engravidar, recorre a Nan que ensina a "frmula mgica", o remdio de ervasque deve tomar, os ebs e oferendas que devem ser feitos.Se um doente recorre a Nan, imediatamente obtm o remdio curador.

    Na frica quando uma famlia ou algum obtm um favor de Nan, fica com o compromisso de oferecer ummembro da famlia ao culto de Nan e esse, aps sua iniciao, receber na frente de seu nome a palavra Nan;assim como a criana que nasce com a ajuda da Grande Me tambm. Todos os sacerdotes e sacerdotisas de Nantm na frente de seus nomes a palavra Nan.

    Nan a maior conhecedora do uso teraputico das ervas. Alguns de seus sacerdotes e sacerdotisas so preparadospara serem curandeiros. Em Ghana existe a Sociedade dos Jou-Jou, em Allada e Dahomey a Sociedade do Bo, etc..Nessas sociedades as pessoas escolhidas so preparadas para a prtica da medicina atravs das ervas. Nan diz quealm do uso teraputico das folhas e de alguns produtos animais, as doenas devem que ser tratadas em sua origem

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    espiritual, para que a cura seja concretizada. lastimvel que no Brasil essa parte do culto a Nan no tenha sidotrazida. Em outros pases como Estados Unidos, Canad, Jamaica e Haiti encontramos essa prtica.O Culto de iniciao de uma filha ou filho de Nan requer uma srie de cuidados especiais, tanto na frica, como noBrasil. Para mim, esse o mais difcil culto de Vodum. Nan Buruku no feita na cabea de ningum.Existem vrios Voduns da linhagem de Nan Buruku, que so feitos nos iniciados. Todos esses Voduns seguem atradio de Nan Buruku e so to exigentes quanto Ela.Para iniciar um processo de feitura de uma Nan, exigido a abstinncia de sexo, bebidas alcoolicas e outros

    prazeres carnais, pelo menos dois meses antes (na frica so exigidos 3 meses), de todos que iro participar doprocesso de renascimento do iniciado. Nesse perodo, so feitos vrios ebs no iniciado e alguns poucos nosparticipantes e na casa de santo.A bogami (bgmi - menstruao) outro beko de Nan. Se durante o processo de iniciao a vodunsi ficarmenstruada, deve ser afastada imediatamente de Nan e ficar reclusa em um lugar especial, fora do templo, at quecesse esse perodo.

    Na frica as mulheres menstruada so proibidas de entrar no Templo de Nan ou de participar de qualquer preceito,seja de rituais ou simplesmente fazer uma comida de santo. Nan diz que a bogami um sangue impuro e aconselhaas mulheres no cozinharem para seus maridos nesse perodo.Por ter muita ligao com egungum necessrio saber tratar muito bem de Buku, entidade assistente de Nan eSakpata. Em uma feitura, no permitido a sua presena, mas, ele deve ficar aposto, sua funo ser tomar conta detodos, para que nenhuma exigncia da Grande Me seja desobedecida, principalmente a abstinncia de sexo.Assim como Buku, Legba Aghamasa (agramass) devem ser tratados corretamente para garantir a paz, tranqilidadee segurana nos rituais e preceitos. Ebs e oferendas especficas devem ser feitos para essas duas entidades.Os ancestrais dos Voduns, do iniciado, dos participantes e da casa de santo no podem ser esquecidos em hiptesealguma!Antes, durante e depois da iniciao de uma Nan devemos fazer muitos ebs, oferendas e preceitos. Uma Nan bemfeita caminho de prosperidade e crescimento para a casa de santo, do iniciado e dos participantes.De acordo com a Vodum Nan que est sento feita ou cultuada que se determina, se comer bichos macho oufmea. Existem Voduns dessa linhagem que no comem bicho de quatro ps, outros preferem comer somente oIgby. Nan Buruku, por exemplo, no gosta de muito kun (sangue)Vrios textos tm sido publicados, citando o carneiro como o bicho oferecido a Nan, mas, se observarmos as fotosque acompanham esses texto, veremos que se trata de cabra e cabritos. O sacrifcio de carneiro o maior beko(kisila) de Nan. Para essa Vodum, o carneiro um bicho sagrado e no deve ser sacrificado.O no uso da faca e outros metais nos nahunos e preceitos de Nan devem-se ao fato de Ela ser muito mais velhaque esses metais. Por seu carter conservador, quando o ferro e outros metais apareceram, ela preferiu manter o que

    j conhecia em seus ritos.Vejamos abaixo alguns dos Voduns da linhagem de Buruku. e algumas curiosidade ligadas a Grande Me.

    Nan Densu ou apenas Densu Segundo os Fons esse Vodum um deus andrgino e seria o lado macho ou maridode Buruku. muito cultuado nos rituais de Mami Wata onde considerado o maior de todos os deuses, os Fons ocompara a Olokun. Muitos antroplogos tm atribudo erronamente Densu a um deus hindu, devido seus fetches eassentamentos apresentarem trs cabeas. Esse Vodum muito rico e farto. Costuma presentear seus adeptos comsuas riquezas. No feito na cabea de ningum. Nan Asuo Gyebi (assu gibi) Vodum masculino velho, quehabita os rios. Muito popular em Ghana e tido como o protetor das crianas africanas que foram escravizadas. EsseVodum pediu aos seus sacerdotes que o levasse para os pases onde os africanos foram escravizados afim de que

    pudesse resgatar suas crianas. Ele j foi assentado em templos de Akonedi nos Estados Unidos e no Canad.Nan Esi Ketewa (ssi quetu) Vodum feminina muito velha, cultuada em Ghana, Cotonou e Allada. Dizem osmais velhos que essa Vodum morreu de parto e que por isso a misso dela proteger e tratar as mulheres grvidasassim como seus filhos

    Nan Adade Kofi (adad cfi) Vodum masculino, tem a funo de proteger e defender todos os templos de Nan. um Vodum guerreiro, ligado ao ferro e outros metais. Cultuado em Ghana, Allada, Cotonou, Porto Novo, etc. oVodum da fora e perseverana. Sua espada usada pelos adeptos de Nan, para prestarem juramentos deobedincia, submisso e devoo a Grande Me.

    Nan Tegahe (tgar) Vodum feminina jovem, cultuada em Ghana. Tem o poder de tirar feitos das pessoas elugares. Tem grande conhecimento no uso teraputicos e ritualsticos das ervas. Muito alegre e faceira, gosta dedanar e cantar, mas fica muito sria e aborrecida quando encontra malfeitores e ladres; ela os mata.

    Nan Obo Kwesi (ob cussi) Vodum feminina guerreira, cultuada na regio Fanti em Ghana. Protege e ajuda oskuhat (pobres) e os azon (doentes). Detesta quem faz aze (az - bruxarias) ou qualquer mau a um ser humano.

  • 7/16/2019 Candomble - Jeje - por Lo ti Yemonja

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    Nan Tongo ou Nan Wango (tong/uang) Vodum feminina, cultuada em Togo. Grande curandeira, trata daspessoas com ervas, ebs e gri-gris. uma grande Azeto (azt - feiticeira) e seu culto talvez seja um dos maiscomplexo. Em seus nahunos, os sacerdotes prostam-se no cho ao lado dos bichos mortos e fingem estarem mortostambm, assim permanecem at que Wango incorpore em um deles e os ressuscite. Todos levantam, os bicho sosuspensos e preparados. Nan Tongo dana com muita alegria, vestida em suas roupas confeccionadas com as pelesdos bichos sacrificados para ela. Seus adeptos costumam presentear Wango com muitas jias, enfeites, roupas etalisms que a agradam. Antes de comear os nahunos para Wango, corujas so atadas s rvores. Nan AkonediAbena Vodum feminina jovem, cultuada em diversas partes da frica. Seu principal templo fica em Later, cidadede Ghana. Quando Akonedi chega ela percorre a vila, esconde-se em arbustos e sobe em telhados procura defeitos, feiticeiros e malfeitores. Atende os moradores locais, fazendo libaes e curando os doentes. Em Ghana considerada a Deusa da Justia Seu corpo coberto com um p branco sagrado, usa saia de palha, seu rosto descoberto, na cabea usa um toro, no corpo muitos brajs e nas mos trs um feixe de lenha. Sua dana selvagem e d