candidaturas de mestrados e pós-graduação · a prevalência de patologia psíquica nos cuidados...

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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA TRABALHO FINAL CATARINA RAQUEL FERREIRA DA SILVA A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação para a Saúde na população ARTIGO CIENTÍFICO ÁREA CIENTÍFICA DE CLÍNICA GERAL Trabalho realizado sob a orientação de: PROFESSOR DOUTOR HERNÂNI POMBAS CANIÇO ABRIL/2016

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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA – TRABALHO FINAL

CATARINA RAQUEL FERREIRA DA SILVA

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde

Primários e a necessidade de educação para a Saúde na

população

ARTIGO CIENTÍFICO

ÁREA CIENTÍFICA DE CLÍNICA GERAL

Trabalho realizado sob a orientação de:

PROFESSOR DOUTOR HERNÂNI POMBAS CANIÇO

ABRIL/2016

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

1

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde

Primários e a necessidade de educação para a Saúde na população

Catarina Raquel Ferreira da Silva*

Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra, Portugal

*Aluno de Mestrado Integrado em Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de

Coimbra

Endereço do autor (email): [email protected]

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

2

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de Coimbra, como parte dos requisitos

para obtenção do grau de Mestre em Medicina, sob orientação científica do Professor Doutor

Hernâni Pombas Caniço.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

3

Índice

Abreviaturas ............................................................................................................................... 4

Resumo ....................................................................................................................................... 5

Abstract ...................................................................................................................................... 7

Introdução ................................................................................................................................... 9

Materiais e Métodos ................................................................................................................. 13

Resultados ................................................................................................................................ 16

Discussão .................................................................................................................................. 44

Conclusão ................................................................................................................................. 52

Agradecimentos ........................................................................................................................ 57

Bibliografia ............................................................................................................................... 58

Anexos ...................................................................................................................................... 64

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

4

Abreviaturas

ACeS – Agrupamento de Centros de Saúde

CS – Centro de Saúde

CSP – Cuidados de Saúde Primários

DGS – Direção Geral de Saúde

DASS – Depression, Anxiety and Stress Scale

EADS – Escala de Ansiedade, Depressão e Stress

MGF – Medicina Geral e Familiar

OMS – Organização Mundial de Saúde

SPSS – Statistical Package for Social Sciences

USF – Unidade de Saúde Familiar

UCSP – Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

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Resumo

Portugal é dos países europeus com maior prevalência de perturbações psíquicas,

sobretudo ansiosas e depressivas. Dadas as suas consequências no bem-estar e qualidade de

vida das pessoas, é pertinente analisar o que poderá motivar o seu

aparecimento/desenvolvimento, bem como quais os fatores que poderão colocar uma pessoa

em risco, no sentido de promover um diagnóstico atempado. Assim, a promoção da Saúde

Mental surge como um assunto pertinente no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários,

primeira linha de contato entre médico e doente.

Objetivos: Avaliar as qualidades psicométricas da Escala de Ansiedade, Depressão e Stress

(EADS-21), descrever os níveis de sintomas depressivos, ansiosos e de stress em utentes de

Centros de Saúde de Coimbra, analisar as diferenças de acordo com as variáveis

sociodemográficas em estudo e a relação existente entre as três dimensões afetivo-

emocionais.

Métodos: Estudo descritivo correlacional, em que se utilizou uma versão portuguesa da

Escala da Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21), escala auto-administrada de 21 itens.

Participaram neste estudo 106 utentes, 24 homens e 82 mulheres, maioria com idades

compreendidas entre os 26 e os 45 anos.

Resultados: Os valores de consistência interna foram de 0,865, 0,907 e 0,893 para

Ansiedade, Depressão e Stress. É verificada uma forte associação entre as três dimensões

(0,65 a 0,80). Da amostra, 61 a 78% dos indivíduos apresentam um nível de Ansiedade,

Depressão e Stress “Normal” ou “Leve”; 11 a 22% “Moderado” e 10 a 17% “Severo” ou

“Extremamente Severo”, sendo o Stress o mais vivenciado por esta amostra. Verificou-se que

a Ansiedade era mais prevalente em pessoas com emprego, com Dislipidémia enquanto

comorbilidade isolada, pessoas com dificuldades económicas e insatisfeitos com a vida.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

6

Verificou-se que a Depressão era mais prevalente em idosos, em utentes com Dislipidémia,

baixo nível de escolaridade, viúvos, pessoas com dificuldades económicas e insatisfação com

a vida. Em relação ao Stress, foi encontrada maior prevalência em utentes com Dislipidémia,

pessoas com dificuldades económicas e insatisfação com a vida.

Discussão: A forte correlação entre as três dimensões é consonante com os resultados de

vários estudos nacionais e internacionais. Contudo existem algumas discrepâncias

relativamente à relação de algumas variáveis sociodemográficas, nomeadamente sexo e idade,

com as três dimensões em estudo, comparativamente ao descrito na literatura. Verifica-se que

entre 10 a 17% dos participantes apresentavam níveis severos ou muito severos de depressão,

ansiedade ou stress.

Conclusão: Estes valores poderão sustentar a necessidade de estratégias de intervenção, na

promoção da Saúde Mental e prevenção da doença psíquica, justificando-se também a

elaboração de posters a expor nas salas de espera de Centros de Saúde.

Palavras-chave: depressão, ansiedade, stress, cuidados de saúde primários, adultos

portugueses, Saúde Mental.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

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7

Abstract

Portugal is one of the European countries with the highest prevalence of mental

disorders, especially anxiety and depression. Given its impact on a person’s welfare and

quality of life, it is relevant to analyze what might motivate their appearance/development, as

well as what factors may put a person at risk, in order to promote timely diagnosis. Thus, the

promotion of Mental Health emerges as a relevant purpose in the context of Primary Health

Care, the first line of contact between doctor and patient.

Objectives: To evaluate the psychometric properties of the Depression, Anxiety and Stress

Scale (DASS-21), describe the levels of depressive symptoms, anxiety symptoms and stress in

patients from four primary health care centers of Coimbra, analyze the differences considering

sociodemographic variables, and study the relationship between the three dimensions.

Method: Descriptive correlational study, which used a Portuguese version of the Depression,

Anxiety and Stress Scale (DASS-21), a self-administered 21-item scale. 106 patients

participated in this study, 24 men and 82 women, most aged between 26 and 45 years.

Results: The internal consistency values were 0.865, 0.907 and 0.893 for Anxiety,

Depression and Stress. It was found a strong association between the three dimensions (0.65

to 0.80). 61-78% of people had an Anxiety, Depression and Stress "Normal" or "Light" level;

11-22% "Moderate" and 10 to 17% "Severe" or "Extremely Severe", and Stress was the most

experienced by this sample. It was found that Anxiety was more prevalent in people with an

employment, Dyslipidemia, economic difficulties and dissatisfied with life. It was found that

Depression was more prevalent in the elderly, in patients with Dyslipidemia, low level of

education, widowers, with economic difficulties and dissatisfaction with life. Regarding

Stress, it was found a higher prevalence in patients with Dyslipidemia, economic difficulties

and dissatisfaction with life.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

8

Discussion: The strong correlation between the three dimensions is consistent with the results

of several national and international studies. However there are some discrepancies regarding

the relationship of sociodemographic variables, including gender and age, with the three

emotional dimensions in study, compared to what was described in the literature. It is found

that between 10 and 17% of the participants had severe or very severe levels of Depression,

Anxiety or Stress.

Conclusion: These values may support the hypothesis of the need for intervention strategies

to promote mental health and prevent mental illness, justifying the preparation of posters to

display in the waiting rooms of primary health care centers.

Keywords: depression, anxiety, stress, primary health care, Portuguese adults, Mental health.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

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Introdução

Vivemos num mundo de crescente complexidade. O necessário equilíbrio entre

homem e mundo está cada vez mais ameaçado. Num contexto propício aos silêncios, à

prevalência do mundo virtual sobre o mundo real e às exigências no mundo do trabalho, é

urgente prestar atenção aos desequilíbrios e criar horizontes de sentido, limiares que nos

permitam reconhecer sobretudo os que, cansados de sofrer, calam a dor na ausência das

palavras que sentem inúteis, no pesadelo de cada dia.

A mente está cada vez mais sujeita a pressões, torturas, exigências, impossíveis

possíveis e, consequentemente, problemas psíquicos, perante os diversos contextos de

hostilidade do mundo em que vivemos. Atualmente, cada vez se está mais sujeito a eventos de

vida stressantes, e sabe-se que isso influencia não só a saúde física como a saúde mental das

populações.1–4

É comum que quem sofra de algum tipo de patologia psíquica seja um utente assíduo e

constante nas consultas de Medicina Geral e Familiar (MGF), na maioria das vezes não se

apresentando com queixas de ordem psíquica, mas sim com sintomas físicos medicamente

não explicados.5 Sabe-se que até um terço dos utentes que se apresentam num Centro de

Saúde (CS) com queixas somáticas apresentam um distúrbio psíquico.6

Contudo, apesar de as perturbações afetivo-emocionais serem especialmente

prevalentes nos utentes dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), é reconhecido que existe

uma subavaliação deste problema.7 Se é relativamente fácil diagnosticar e tratar um problema

físico, o mesmo não acontece com os problemas psíquicos.6,8 Apenas 23% dos utentes que se

apresentam com uma Perturbação Ansiosa no CS são corretamente diagnosticados, apesar de

esta ser das patologias mais prevalentes ao nível dos CSP (19,5%). Nas Perturbações

Depressivas são 56% os casos identificados.5,6 Quanto ao motivo para esta dificuldade

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

10

diagnóstica surge, por um lado, o facto de o preconceito do problema psíquico ainda se

encontrar bem presente na mentalidade coletiva e individual.9 Somos capazes de indicar com

relativa facilidade a dor física que nos perturba, mas o mesmo não acontece com a dor

psíquica, até por repúdio ou vergonha. Por outro lado, também por não lhe ser dado o devido

valor, pelo médico ou pelo próprio doente. Para os médicos, a pressão temporal nas consultas

e as dificuldades em fazer um diagnóstico a partir de determinados sintomas isolados, não

facilita a tarefa. Assim a Patologia Psíquica continua a aumentar a sua prevalência, com todas

as consequências individuais, familiares e sociais que lhes são inerentes.6,10,11 Sabe-se que as

doenças psíquicas para além de aumentarem a probabilidade de a pessoa vir a sofrer de

problemas físicos, têm já à partida um impacto negativo na vida familiar, rede social,

performance no trabalho e empregabilidade. Muitos sofrem com o estigma, discriminação e

exclusão social dos quais são vítimas, existindo locais onde os direitos humanos básicos

chegam a ser negados a estes doentes.12 Outra consequência dramática destas doenças é o

considerável impacto económico que elas têm. A título de exemplo, no Reino Unido os custos

(diretos e indiretos) que as patologias psíquicas acarretam chegam a ser superiores a 77 mil

milhões de libras anualmente.13

A prevalência dos distúrbios psíquicos é muito elevada na Europa. De acordo com

estudos do European Brain Council, cerca de 38,2% da população europeia abaixo dos 65

anos sofre de alguma patologia psíquica, a cada ano.14 Estima-se que, entre os 870 milhões de

europeus, cerca de 100 milhões sofrem de Ansiedade Patológica e/ou Depressão. Estas

doenças são das maiores causas de morbilidade, de acordo com a Organização Mundial de

Saúde (OMS), sobretudo a Depressão, responsável por 6,2% da carga de morbilidade na

região Europeia. 15

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

11

Portugal, de acordo com dados publicados pela Direção Geral de Saúde (DGS) em

2013, é um dos países europeus com maior prevalência de perturbações mentais, sobretudo

Perturbações de Ansiedade (16.5%) e Perturbações Depressivas (7.9%).16

E quanto a Coimbra, qual o diagnóstico da situação atualmente? Será que ainda prevalecem

consideravelmente estas patologias na população que procura os CS desta cidade? É o que se pretende

descobrir.

A estrutura conceptual subjacente a este estudo fundamenta-se no Modelo Tripartido

da Ansiedade e da Depressão, de Clark & Watson (1991), elaborado numa tentativa de

solucionar o problema da difícil distinção clínica entre Ansiedade e Depressão, quer devido à

coexistência frequente de ambas, quer devido à sobreposição de sintomas-chave.17–20 Este

modelo explica as características que diferenciam uma da outra e as que se sobrepõem,

propondo a existência de três dimensões: afeto negativo, afeto positivo e excitação somática.

O afeto negativo refere-se aos sintomas inespecíficos comuns à ansiedade e à depressão, que

podem ajudar a compreender a sobreposição de sintomas. O baixo afeto positivo abrange os

sintomas de anedonia específicos da depressão, tais como a falta de entusiasmo, excitação e

energia. Por fim, a excitação somática é a dimensão relativamente específica da ansiedade,

que inclui sintomas como tensão e hiperexcitação.17,21 A depressão carateriza-se assim,

essencialmente, pela perda de autoestima e iniciativa, e está associada à perceção de baixa

probabilidade de alcançar objetivos significativos para o indivíduo. A ansiedade caracteriza-se

por estados ansiosos persistentes e respostas intensas de medo, não fundamentadas. O stresse

inclui itens menos discriminativos da ansiedade e depressão, referindo-se a estados

persistentes de excitação e tensão, baixa tolerância à frustração, dificuldade em relaxar,

irritabilidade e agitação. Uma das medidas que surgiu, com o intuito de operacionalizar o

Modelo Tripartido, foi a Depression, Anxiety and Stress Scale, escala constituída por 42

questões (DASS-42), que abrange o máximo de sintomas de ansiedade e depressão, com boa

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

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12

discriminação entre ambas e com elevados padrões psicométricos.18 Os itens da escala foram

construídos com base na experiência clínica e posteriormente testados, concluindo-se que a

Depressão, Ansiedade e o Stress podem ser diferenciados através da DASS-42. Em 2004, foi

feita a adaptação portuguesa da versão reduzida, com 21 questões, da Depression, Anxiety and

Stress Scale (DASS-21), designada de “Escala de Ansiedade, Depressão e Stresse” (EADS-

21). Os resultados obtidos no estudo demonstraram que esta apresenta boas qualidades

psicométricas, semelhantes à versão original, constituindo-se, portanto, como uma medida

útil, quer para investigação quer para uso clínico.19

Assim sendo, face à elevada prevalência de perturbações ansiosas e depressivas na

população portuguesa, os principais objetivos deste trabalho são a identificação de sintomas

depressivos, ansiosos e de stress ao nível dos CSP, através da EADS-21, utilizando para tal

uma amostra de utentes dos CS de Coimbra; analisar a relação existente entre estas três

variáveis, bem como a sua relação com as variáveis sociodemográficas em estudo; elaborar

um poster como método de promoção de saúde e de alerta para estas patologias, na esperança

de melhor reconhecimento desses distúrbios ao nível dos cuidados de saúde primários. É

fundamental que se promova a Saúde Mental, de modo a que seja possível identificar

precocemente os casos de doença existentes na comunidade alcançando-se os benefícios

desejados nesta área.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

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Materiais e Métodos

Tipo de estudo, participantes e procedimento:

O presente trabalho consiste num estudo observacional, transversal e analítico,

realizado através da aplicação de um questionário (ver Anexo 1) de escolha múltipla aos

utentes presentes nas salas de espera de alguns Centros de Saúde da área de Coimbra (São

Martinho do Bispo, Santa Clara, Norton de Matos, Fernão de Magalhães). Não foi possível

realizar este estudo ao nível dos Centros de Saúde de Celas e de Eiras, por não ter sido

possível obter autorizações atempadamente.

Os questionários (ver Anexo 1) foram entregues com o consentimento prévio dos

Coordenadores das respetivas USF e UCSP dos Centros de Saúde acima referidos, após

assinarem um pedido de autorização. Foram entregues 30 questionários nos Centros de Saúde

de Santa Clara, Norton de Matos e Fernão de Magalhães e 60 questionários em São Martinho

do Bispo. Após os participantes terem assinado o consentimento informado, os questionários

foram-lhe entregues. Aqueles que mostraram alguma dificuldade no preenchimento dos

questionários contaram com ajuda. Foram selecionados os indivíduos com idades superiores a

17 anos que, nas primeiras semanas de Março de 2016, acederam às consultas dos Centros de

Saúde acima mencionados, aceitaram voluntariamente e demonstraram capacidade para

participar no estudo. A participação foi anónima e confidencial. Os questionários foram

recolhidos à medida que os utentes terminavam o seu preenchimento.

Considerou-se: universo – todos os utentes de todos os Centros de Saúde de Coimbra;

população – utentes presentes nas salas de espera dos Centros de Saúde no momento de

entrega dos questionários; amostra – os respondentes.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

14

Amostra: Participaram no estudo 106 utentes, 30 utentes (28,3% do total) do Centro de

Saúde Fernão de Magalhães, onde todos os questionários foram respondidos (100% dos 30

entregues); 5 (4,7% do total) do Centro de Saúde Norton de Matos, onde apenas 16,7% foram

respondidos, dos 30 entregues; 13 (12,3% do total) do Centro de Saúde de Santa Clara,

corresponde a 43,3 % de resposta, dos 30 entregues; e 58 (54,7% do total) do Centro de Saúde

de São Martinho do Bispo, correspondente a 96,7% de resposta, aos 60 entregues.

Relativamente ao questionário aplicado, numa primeira fase foram elaborados o texto

e as questões. Seguidamente foi feita a aplicação a 5 pessoas para determinar qual o tempo

aproximado de preenchimento (3 minutos e 58 segundos, em média) e se surgiriam dúvidas, o

que não se verificou.

O questionário (ver Anexo 1) inicia-se com um pequeno texto explicativo no qual se

apresenta o título do trabalho, seus objetivos e em que irá consistir. Segue-se um conjunto de

questões de natureza sociodemográfica, através do qual se pretende saber o sexo, idade,

estado civil, hábitos tabágicos e alcoólicos, situação laboral, nível de escolaridade e estatuto

socioeconómico dos inquiridos, bem como se sofrem de alguma patologia, e como classificam

em geral a sua satisfação com a vida. Após as questões sociodemográficas é realizada a

Depression, Anxiety and Stress Scale (DASS-21)18, versão portuguesa - Escala de Ansiedade,

Depressão e Stress (EADS-21), validada na língua portuguesa de Portugal22,23. A EADS-21

corresponde a um conjunto de 21 questões organizadas por três sub-escalas, do tipo likert,

com quatro possibilidades de resposta. Pede-se a cada utente que responda se as afirmações se

aplicaram a si na semana anterior. Cada pessoa avalia a extensão em que experimentaram

cada sintoma durante a semana anterior, numa escala de 4 pontos, correspondendo o 0 a “não

se aplicou nada a mim”, o 1 a “aplicou-se a mim algumas vezes”, o 2 a “aplicou-se a mim

muitas vezes”, e o 3 a “aplicou-se a mim a maior parte das vezes”. Cada sub-escala é

constituída por sete itens, correspondendo ao total de vinte e uma questões, sete relativas a

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

15

sintomas depressivos, sete relativas a sintomas ansiosos e sete relativas a stress. A subescala

Ansiedade é constituída por: Excitação do Sistema Autónomo (itens 2, 4, 19), Efeitos

Músculo-esqueléticos (item 7), Ansiedade Situacional (item 9) e Experiências Subjetivas de

Ansiedade (itens 15, 20). A subescala Depressão é constituída por: Disforia (item 13),

Desânimo (item 10), Desvalorização da Vida (item 21), Auto depreciação (item 17), Falta de

interesse ou de envolvimento (item 16), Anedonia (item 3), e Inércia (item 5). A subescala

Stresse é constituída por: Dificuldade em Relaxar (itens 1 e 12), Excitação Nervosa (item 8),

Agitação fácil (item 18), Irritação/Reação Exagerada (itens 6, 11) e Impaciência (item 14).24

As pontuações da EADS-21 foram calculadas para cada uma das sub-escalas e

multiplicadas por dois. Para cada um dos três estados foi usada a seguinte classificação: para

o Stress: normal (entre 0 e 14), leve (entre 15 e 18), moderado (entre 19 e 25), severo (entre

26 e 33) e muito severo (acima de 34, inclusive); para a Ansiedade: normal (entre 0 e 7), leve

(entre 8 e 9), moderado (entre 10 e 14), severo (entre 15 e 19) e muito severo (acima de 20,

inclusive); para a Depressão: normal (entre 0 e 9), leve (entre 10 e 13), moderado (entre 14 e

20), severo (entre 21 e 27) e muito severo (acima de 28, inclusive).18

Análise Estatística:

Utilizou-se o programa Microsoft Office Excel 2007 em plataforma Windows 10 para

compilação de dados. Foi feita a análise estatística descritiva e inferencial utilizando o

programa informático SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 23.0, através de

testes não-paramétricos: U de Mann-Whitney e teste de Kruskal-Wallis. Definiu-se p <0,05

para significado estatístico.

Para a maioria das variáveis foram utilizados métodos estatísticos descritivos,

nomeadamente gráficos de barras e tabelas de distribuição de frequência.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

16

Resultados

A amostra é constituída por 106 utentes, a maioria com idades compreendidas entre os

26 e 45 anos (43,4%); 77,36% do sexo feminino e 22,64% do sexo masculino; 50,94%

casados, 22,64% solteiros, 14,15% divorciados, 7,55% em união de facto, e 4,72% viúvos.

Relativamente aos anos de escolaridade, 2,8% nunca frequentaram a escola, 0,9% frequentou

mas nunca terminou a 4ª classe, 12,3% terminou a 4ª classe, 5,7% terminou o 1º Ciclo do

Ensino Básico, 23,6% terminou o 2º Ciclo do Ensino Básico, 36,8% terminou o Ensino

Secundário e 17,9% terminou o Ensino Superior. Quanto à situação laboral, 17,9%

encontram-se aposentados, 56,6% empregados, 16% desempregados, 5,7% são estudantes e

3,8% domésticos. 39,6% referiram sentir dificuldades económicas, enquanto 60,4% as negou.

Quanto ao grau de satisfação com a vida, 10,4% revelou estar muito satisfeito, 64,2% revelou

estar satisfeito, 19,8% está insatisfeito e 5,7% muito insatisfeito com a vida que tem. Estas

características encontram-se discriminadas na Tabela 1, tendo sido os participantes agrupados

por Centro de Saúde.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação para a Saúde na população

17

Tabela 1. Distribuição da Amostra, por Centro de Saúde.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação para a Saúde na população

18

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

19

Consistência Interna

A consistência interna foi inspecionada com recurso ao Alfa de Cronbach.

Relativamente à subescala Ansiedade, o valor obtido é adequado (α = 0,865), sendo

que a eliminação do item 4 provocava uma ligeira subida deste valor (α = 0,867).

Relativamente à análise da consistência interna da subescala Depressão, o valor obtido

é adequado (α = 0,907), sendo que a eliminação da questão número 5 leva a um ligeiro

aumento deste valor (α = 0,912).

Quanto à subescala Stress, o valor obtido é adequado (α = 0,893), sendo que a

eliminação de nenhum dos itens leva à subida deste valor.

Imagem 1. Alfa de Cronbach da subescala Ansiedade.

Imagem 2. Alfa de Cronbach da subescala Depressão.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

20

Imagem 3. Alfa de Cronbach da subescala Stress.

Correlação entre as dimensões

Verifica-se uma forte correlação entre depressão, ansiedade e stresse (Tabela 2). As

intercorrelações entre as dimensões da EADS-21 revelam valores elevados e positivos,

variando entre 0,647 e 0,804.

Tabela 2. Correlação entre as dimensões Ansiedade, Depressão e Stress.

Resultados descritivos do EADS

No que concerne a subescala Ansiedade, constata-se que os participantes obtiveram

uma média total de 8,81, sendo que os resultados mínimo e máximo se situaram entre 0 e 42

pontos, face a uma amplitude teórica de 0-42 pontos. Assim, esta amostra de participantes

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

21

possui níveis de ansiedade que são inferiores ao ponto médio da escala. Esta situação é

confirmada quando se analisa a distribuição das frequências e percentagens de resposta pelos

quatro pontos da escala Likert, existindo uma forte predominância das respostas em torno dos

pontos mais baixos da escala, em particular do ponto 0 “não se aplicou nada a mim”.

Relativamente à Depressão, verifica-se que os participantes obtiveram uma média

total de 9,81, sendo que os resultados mínimo e máximo se situaram entre 0 e 38 pontos, face

a uma amplitude teórica de 0-42 pontos, apontando para níveis de depressão que são

inferiores ao ponto médio da escala. A leitura da distribuição das frequências e percentagens

de resposta pelos quatro pontos da escala Likert salienta uma forte predominância das

respostas em torno dos pontos mais baixos da escala.

Finalmente, no que se refere ao Stresse, verifica-se que os participantes obtiveram uma

média de 13,42, com resultados mínimo e máximo entre 0 e 40 pontos, face a uma amplitude

teórica de 0-42 pontos, apontando para níveis de stresse inferiores ao ponto médio da escala,

mas ligeiramente superior quando comparado com a Ansiedade e Depressão. A interpretação

da distribuição das frequências e percentagens de resposta pelos quatro pontos da escala

Likert salienta uma forte predominância das respostas de valor 1 “aplicou-se a mim algumas

vezes”. É de salientar que, com base nestes resultados (ver Anexo 2), o sintoma stresse parece

ser o mais vivenciado por esta amostra de participantes, ainda que se afaste de valores

considerados preocupantes.

Severidade das dimensões da EADS

Tal como se pode observar na Tabela 3 e no Gráfico 1, relativamente à severidade dos

estados afetivo-emocionais dos indivíduos, em relação ao stresse, 61,3% apresentam um nível

normal e 10,4% um nível severo ou extremamente severo. Em relação à depressão, 56,6% dos

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

22

indivíduos apresentaram um nível normal e 14,1% um nível severo ou extremamente severo.

Em relação à ansiedade, 50% dos indivíduos apresentaram um nível normal e 17% um nível

severo ou extremamente severo.

Tabela 3. Severidade dos estados afectivo-emocionais.

Stress

Depressão

Ansiedade

Normal Leve Moderado Severo MuitoSevero

61,30%

17%11,30% 8,50%

1,90%

56,60%

14,20% 15,10%6,60% 7,50%

50%

11,30%

21,70%

4,70%12,30%

GRÁFICO 1 - SEVERIDADE ESTADOS AFECTIVO-EMOCIONAIS

Stress Depressão Ansiedade

Dimensões EADS Normal Leve Moderado Severo Muito Severo

Stress

(0-14)

61,3%

(15-18)

17%

(19-25)

11,3%

(26-33)

8,5%

(˃33)

1,9%

Depressão

(0-9)

56,6%

(10-13)

14,2%

(14-20)

15,1%

(21-27)

6,6%

(˃28)

7,5%

Ansiedade

(0-7)

50%

(8-9)

11,3%

(10-14)

21,7%

(15-19)

4,7%

(˃20)

12,3%

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

23

Análises de diferenças

Após ter sido testada a normalidade da distribuição, através do teste de Kolmogorov-

Smirnov, verificou-se que a amostra segue uma distribuição não-normal para todas as

variáveis em estudo (sexo, idade, situação laboral, hábitos tabágicos ou alcoólicos, presença

de Diabetes, HTA, Dislipidémia, Obesidade ou outra comorbilidade, nível de escolaridade,

estado civil, satisfação com a vida, dificuldades económicas, presença de Patologia

Psiquiátrica diagnosticada e presença de Patologia Psiquiátrica diagnosticada num familiar de

1º grau) motivo pelo qual foram realizados testes não paramétricos para a caracterização dos

resultados, nomeadamente o teste U de Mann-Whitney (quando 2 amostras independentes) e

o teste de Kruskal-Wallis (quando mais que 2 amostras independentes).

1. Sexo

Os resultados da análise de diferenças entre o sexo feminino e masculino com relação

à EADS, realizada com o teste de Mann-Whitney, para os itens da escala e as dimensões

Ansiedade, Depressão e Stresse, indicam não haver diferenças estatisticamente significativas

entre os sexos em nenhuma das questões da escala nem nas três dimensões em análise, sendo

os valores de p 0,229, 0,700 e 0,416, respetivamente.

Apesar disso, nota-se que a percentagem de utentes do sexo feminino que apresenta

graus Severo e Muito Severo de sintomas depressivos (15,8%) é superior à de utentes de sexo

masculino (8,3%); bem como ao nível dos sintomas ansiosos, em cujo sexo feminino a

percentagem foi de 20,7% para os graus Severo e Muito Severo, enquanto no sexo masculino

foi de 4,2%; relativamente ao stress, 10,9% das mulheres apresentavam graus Severo e Muito

Severo de stress, versus 8,3% dos homens (Ver Tabelas 4, 5 e 6).

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para a Saúde na população

24

Tabela 4. Relação entre a dimensão Ansiedade e Sexo.

Tabela 5. Relação entre a dimensão Depressão e Sexo.

Tabela 6. Relação entre a dimensão Stress e Sexo.

2. Idade

Relativamente à idade, os resultados do teste de Kruskal-Wallis indicaram que, no

global, nas dimensões Ansiedade e Stress não existem diferenças estatisticamente

significativas nas diferentes classes etárias, na dimensão Depressão existem diferenças

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

25

estatisticamente significativas, com p=0,01, sendo que o grupo que apresenta médias

superiores (M = 14,67) é o das pessoas com mais de 66 anos de idade.

Contudo, em algumas questões das subescalas Ansiedade e Stress, a um nível de

significância de 0,05, existe evidência suficiente para se rejeitar a hipótese de igual

distribuição nos diversos escalões etários.

Na dimensão Ansiedade no item 9 “Preocupei-me com situações em que podia entrar

em pânico e fazer figura ridícula” o escalão etário “>66 anos” tem menor média de resposta

(M = 0,2) e o escalão “<25 anos” tem maior média (M = 0,78); no item 15 “Senti-me quase a

entrar em pânico” o escalão etário “>66 anos” tem menor média de resposta (M = 0,33) e o

escalão “46 a 65 anos” apresentou maior média de resposta (M = 0,72); no item 20 “Senti-me

assustado sem ter tido uma boa razão para isso” (p < 0,05) o escalão etário “>66 anos” tem

menor média de resposta (M = 0,33) e o escalão “46 a 65 anos” apresentou maior média de

resposta (M = 0,72).

Para o Stresse, as diferenças entre escalões ocorrem nos itens 6 “Tive tendência para

reagir em demasia em determinadas situações”, 8 “Senti que estava a utilizar muita energia

nervosa”, 11 “Dei por mim a ficar agitado(a)” e 12 “Senti dificuldade em relaxar”. No item

6, o escalão etário “26 a 45 anos”, tem média de respostas mais elevada (M = 1) relativamente

aos outros escalões e o escalão “> 66 anos” a média inferior em relação aos outros (M = 0,6).

No item 8, o escalão etário “46 a 65 anos”, tem média de respostas mais elevada (M = 0,94)

relativamente aos outros escalões e o escalão “> 66 anos” a média inferior em relação aos

outros (M = 0,6). No item 11, todos os escalões obtiveram pontuações altas, mas o escalão

etário “46 a 65 anos”, foi o que apresentou média de respostas mais elevada (M = 1,23). No

item 12, o escalão dos mais novos tem a média mais baixa (M = 0,78) e o escalão etário dos

46 aos 65 anos a maior média (M = 1,39).

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26

Tabela 7. Escala da Ansiedade, Depressão e Stress: diferenças em função da idade.

Dimensões Idade Média DP N p

Ansiedade

25 8,22 12,59 9

0,332 26 – 45 7,43 6,51 46

46 – 65 10,67 8,97 36

66 8,93 9,91 15

Depressão

25 5,78 7,38 9

0,014 26 – 45 7,09 7,24 46

46 – 65 12,28 8,83 36

66 14,67 13,17 15

Stress

25 12,22 12,71 9

0,305 26 – 45 12,74 8,13 36

46 – 65 15,22 7,64 46

66 11,87 10,16 15

3. Situação Laboral

A análise de diferenças nas situações laborais consideradas no estudo com relação à

EADS-21 e aos diferentes itens da escala, com recurso ao teste de Kruskal-Wallis, mostraram

que, para as dimensões Depressão e Stress, no global, as diferenças existentes não são

estatisticamente significativas, enquanto para a dimensão Ansiedade são (p = 0,02), tendo sido

o grupo de pessoas que se encontra empregado o que apresentou médias superiores (M = 10,2)

e os Estudantes quem apresentou média inferior (M = 2,33).

Relativamente à Depressão e Stress apenas no item 8 “Senti que estava a utilizar

muita energia nervosa”, da dimensão Stress, se rejeita a hipótese de igual distribuição nas

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27

respostas em todas as situações laborais, a um nível de significância de 5% (p <0,05).

Estudantes apresentaram média (M = 0,33) inferior de resposta aos restantes, e

Domésticos(as) média superior (M = 1).

Tabela 8. Escala da Ansiedade, Depressão e Stress: diferenças em função da situação

laboral.

Dimensões Situação Laboral Média DP N p

Ansiedade

Aposentado 8,74 10 19

0,02

Empregado 10,2 8,78 60

Desempregado 7,53 6,42 17

Estudante 2,33 1,5 6

Doméstico 3,5 4,12 4

Depressão

Aposentado 13,89 12,17 19

0,08

Empregado 9,73 8,62 60

Desempregado 8,59 8,8 17

Estudante 3 2,1 6

Doméstico 7 3,83 4

Stress

Aposentado 11,37 9,48 19

0,1

Empregado 14,63 8,81 60

Desempregado 13,76 7,65 17

Estudante 8 5,06 6

Doméstico 11,5 10,25 4

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28

4. Hábitos Tabágicos e Alcoólicos

Relativamente a Hábitos Tabágicos e Alcoólicos, para as dimensões Ansiedade,

Depressão e Stress, no global, as diferenças existentes não são estatisticamente significativas,

tendo este facto sido verificado com recurso ao teste de Mann-Whitney, para cada variável,

bem como para cada item da escala. Quanto a Hábitos Tabágicos, os valores de p encontrados

foram de 0,733, 0,715 e 0,331 para as dimensões Ansiedade, Depressão e Stress,

respetivamente. Em relação a Hábitos Alcoólicos, os valores de p encontrados foram de

0,074, 0,117 e 0,223, para as dimensões Ansiedade, Depressão e Stress, respetivamente.

5. Comorbilidades

Ao nível da relação entre a EADS-21 e diferentes Comorbilidades verificou-se, através

do teste de Mann-Whitney, que as diferenças existentes apenas são estatisticamente

significativas para a Dislipidémia enquanto comorbilidade isolada. Verifica-se que a média de

respostas atinge valores superiores para os que afirmam sofrer de Dislipidémia do que para os

que a negam, relativamente às 3 dimensões.

Tabela 9. Escala da Ansiedade, Depressão e Stress: diferenças em função da

Dislipidémia.

Dimensões Dislipidémia Média DP N p

Ansiedade Sim 14,45 9,68 22

0,001 Não 7,33 7,55 84

Depressão Sim 16,27 10,82 22

0,002 Não 8,12 8,06 84

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29

Stress Sim 19,27 8,61 22

0,003 Não 11,88 8,09 84

6. Nível de Escolaridade

A análise de diferenças nos diferentes níveis de escolaridade considerados no estudo,

com relação à EADS-21, através do teste de Kruskal-Wallis, mostraram que, para as

dimensões Ansiedade e Stress, no global, as diferenças existentes não são estatisticamente

significativas (p = 0,2; p = 0,394), enquanto para a dimensão Depressão são estatisticamente

significativas (p = 0,009), sendo que as médias globais de sintomas depressivos foram mais

elevadas no grupo que referiu nunca ter frequentado a escola (M = 31,33) e inferior no grupo

que referiu ter terminado o Ensino Superior (M = 5,37).

Apenas no item 9 “Preocupei-me com situações em que podia entrar em pânico e

fazer figura ridícula” da dimensão Ansiedade, se rejeita a hipótese de igual distribuição nas

respostas em todos os níveis de escolaridade, a um nível de significância de 5% (p <0,05).

Pessoas com o 1º Ciclo do Ensino Básico ou abaixo apresentaram média inferior de resposta

aos restantes, e aqueles que terminaram o Ensino Secundário têm média superior.

Tabela 10. Escala da Ansiedade, Depressão e Stress: diferenças em função do nível de

escolaridade.

Dimensões Nível de Escolaridade Média DP N p

Ansiedade

Nunca frequentou escola 8 3,46 3

0,200 Frequentou mas sem terminar 4ª classe 10 - 1

4ª Classe 9,23 6,8 13

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30

1º Ciclo Ensino Básico 3,67 2,66 6

2º Ciclo Ensino Básico 8,56 7,01 25

Ensino Secundário 10,56 9,99 39

Ensino Superior 6,95 9,55 19

Depressão

Nunca frequentou escola 31,33 7,02 3

0,009

Frequentou mas sem terminar 4ª classe 20 - 1

4ª Classe 11,23 8,35 13

1º Ciclo Ensino Básico 7 6,42 6

2º Ciclo Ensino Básico 9,68 7,72 25

Ensino Secundário 10,1 9,13 39

Ensino Superior 5,37 8,59 19

Stress

Nunca frequentou escola 9,33 5,03 3

0,394

Frequentou mas sem terminar 4ª classe 14 - 1

4ª Classe 14,92 6,51 13

1º Ciclo Ensino Básico 8,67 5,16 6

2º Ciclo Ensino Básico 14 8,35 25

Ensino Secundário 14,36 9,21 39

Ensino Superior 11,79 10,64 19

7. Estado Civil

Relativamente ao estado civil, os resultados do teste de Kruskall-Wallis indicaram

que, a nível global, apenas a dimensão Depressão apresentava diferenças estatisticamente

significativas, com o grupo dos Solteiros a sofrer de menos sintomas depressivos (M = 6,25) e

os Viúvos a ter médias mais elevadas (M = 20,8).

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31

Em algumas questões da subescala Stress, a um nível de significância de 0,05, existe

também evidência suficiente para se rejeitar a hipótese de igual distribuição nos diversos

estados civis. As diferenças entre estados civis ocorrem nos itens 1 “Tive dificuldades em

acalmar-me” e 18 “Senti que por vezes estava muito sensível”. No item 1, as pessoas que se

encontram em União de facto tem média de respostas mais elevada (M = 2) relativamente aos

outros estados civis e Viúvos tem média inferior em relação aos outros (M = 0,8). No item 18,

os Divorciados tem média de respostas mais elevada (M = 1,67) relativamente aos outros,

sendo que todos os estados civis apresentaram médias superiores a 1.

Tabela 11. Escala da Ansiedade, Depressão e Stress: diferenças em função da situação

laboral.

Dimensões Estado Civil Média DP N p

Ansiedade

Solteiro 6,83 6,37 24

0,31

Casado 8,48 9,33 54

Viúvo 8 2,45 5

Divorciado 12,53 8,19 15

União de Facto 10,5 10,24 8

Depressão

Solteiro 6,25 6,47 24

0,01

Casado 8,7 8,35 54

Viúvo 20,8 15,4 5

Divorciado 15,2 10,02 15

União de Facto 11 9,07 8

Stress Solteiro 12,33 8,64 24

0,16 Casado 12,74 9,08 54

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32

Viúvo 11,2 5,22 5

Divorciado 16,27 8,1 15

União de Facto 17,25 8,48 8

8. Dificuldades Económicas

Relativamente a dificuldades económicas, o teste de Mann-Whitney indicou que, a

nível global, as três dimensões apresentavam diferenças estatisticamente significativas.

Ao nível da dimensão Ansiedade, foram as pessoas com maiores dificuldades

económicas que apresentaram uma média de resposta mais elevada (M = 12,52) relativamente

aos que não apresentam dificuldades económicas, tendo estes apresentado uma média inferior

(M = 6,38).

Para o Stress, as pessoas que se encontram com dificuldades económicas têm média de

respostas mais elevada (M = 16,1) relativamente aos que não sofrem de dificuldades

económicas (M = 11,66).

Em relação à dimensão Depressão, foi também o grupo de pessoas que sofre de

dificuldades económicas o que apresentou médias superiores (M = 14,14) relativamente ao

grupo que não apresenta dificuldades económicas (M = 6,97).

Tabela 12. Escala da Ansiedade, Depressão e Stress: diferenças em função das

Dificuldades Económicas.

Dimensões Dificuldades Económicas Média DP N p

Ansiedade Sim 12,52 10,88 42

0,001 Não 6,38 5,31 64

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33

Depressão Sim 14,14 9,93 42

0,000 Não 6,97 7,63 64

Stress Sim 16,10 9,60 42

0,011 Não 11,66 7,62 64

9. Satisfação com a vida

É na satisfação global com a vida nas dimensões Depressão, Ansiedade e Stresse, bem

como na maioria dos seus itens, que a não igualdade entre os diversos graus de satisfação se

verifica mais, tal como verificado pelo teste de Kruskal-Wallis.

Na Depressão são os respondentes que se manifestaram muito insatisfeitos com a vida

que têm a maior média de respostas (M = 22,33) enquanto os muito satisfeitos têm a menor

média (M = 2,36). Em todos os itens da dimensão Depressão, a hipótese de igualdade entre os

diferentes graus de satisfação global com a vida é rejeitada, sendo os muito insatisfeitos o

grupo com a maior média de resposta.

Na dimensão Stresse, no global, foram os insatisfeitos com a vida que obtiveram a

maior média de respostas (M = 19,52), seguidos pelos muito insatisfeitos (M = 15,67).

Na dimensão Ansiedade, existem diferenças estatisticamente significativas entre os

diferentes grupos, sendo o grupo dos insatisfeitos o que tem a maior média de respostas (M =

14,1), seguido pelo grupo dos muito insatisfeitos (M =11,33).

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

34

Tabela 13. Escala da Ansiedade, Depressão e Stress: diferenças em função da

Satisfação com a Vida.

Dimensões Satisfação Vida Média DP N p

Ansiedade

Muito Satisfeito 2,55 2,7 11

0,005 Satisfeito 7,97 7,18 68

Insatisfeito 14,1 10,71 21

Muito Insatisfeito 11,33 11,5 6

Depressão

Muito Satisfeito 2,36 3,08 11

0,000 Satisfeito 7,53 6,76 68

Insatisfeito 17,52 10,56 21

Muito Insatisfeito 22,33 9,67 6

Stress

Muito Satisfeito 8,18 7,18 11

0,007 Satisfeito 12,18 7,79 68

Insatisfeito 19,52 9,27 21

Muito Insatisfeito 15,67 9,07 6

10. Presença de Patologia Psiquiátrica diagnosticada

Os resultados da análise de diferenças entre pessoas com Depressão, Distúrbios de

Ansiedade ou outra patologia do foro psiquiátrico já diagnosticados, e pessoas sem patologia

psiquiátrica diagnosticada, com relação à EADS, realizada com o teste de Kruskal-Wallis,

para os itens da escala e as dimensões Ansiedade, Depressão e Stresse, indicam haver

diferenças estatisticamente significativas entre os grupos na maioria das questões da escala e

nas três dimensões em análise (Ver Tabela 14).

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

35

No global, as médias de resposta a cada questão foram superiores no grupo de pessoas

que sofre de alguma patologia psiquiátrica do que no grupo de pessoas que não sofre de

qualquer patologia.

Para a Ansiedade, foram as pessoas com Depressão associada a Ansiedade e as

pessoas que sofrem de Ansiedade patológica isolada, já diagnosticada, que apresentaram

maiores médias (M = 31,33; M = 15,6) e os que afirmam não sofrer de qualquer patologia

psiquiátrica os que apresentaram médias inferiores (M = 6,08).

Para a Depressão, o grupo de pessoas com Depressão associada a Ansiedade e o grupo

de pessoas com Depressão diagnosticada apresentaram médias superiores (M = 30,67; M =

15,2) enquanto os que negaram sofrer de qualquer patologia psiquiátrica apresentaram menor

média (M = 6,96).

Para o Stress, as pessoas que sofrem de Depressão associada a Ansiedade e Ansiedade

patológica isolada, têm média de respostas mais elevada (M = 31,33; M = 20,8) relativamente

aos outros e os que negam qualquer patologia psiquiátrica têm média inferior (M = 10,66).

Excluiu-se o grupo de pessoas que possuíam “outra patologia psiquiátrica” por ser constituído

por apenas 1 pessoa.

Tabela 14. Escala da Ansiedade, Depressão e Stress: diferenças em função da situação

laboral.

Dimensões Patologia Psiquiátrica Média DP N p

Ansiedade

Não 7,03 6,79 87

0,000 Sim - Depressão 13,2 10,51 10

Sim - Ansiedade 15,6 6,07 5

Sim - Outra 18 - 1

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

36

Depressão + Ansiedade 31,33 9,45 3

Depressão

Não 8,14 8,08 87

0,001

Sim - Depressão 15,2 11,6 10

Sim - Ansiedade 14 8,12 5

Sim - Outra 18 - 1

Depressão + Ansiedade 30,67 3,06 3

Stress

Não 11,89 7,97 87

0,000

Sim - Depressão 17 7,91 10

Sim - Ansiedade 20,8 6,72 5

Sim - Outra 20 - 1

Depressão + Ansiedade 31,33 7,57 3

11. Familiar de 1º Grau com patologia psiquiátrica

Relativamente a esta variável não foram encontradas diferenças estatisticamente

significativas entre os grupos, utilizando o teste de Kruskal-Wallis, tendo sido encontrados

valores de p de 0,271, 0,388 e 0,246. Excluiu-se o grupo de pessoas que possuíam um familiar

de 1º grau com Depressão e Ansiedade, por ser constituído apenas por uma pessoa.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

37

Tabelas Resumo – Variáveis sociodemográficas em relação às 3 dimensões da EADS

Tabela 15. Resumo das Relações entre as diferentes dimensões e as variáveis

sociodemográficas (p <0,05 para relação estatisticamente significativa).

Ansiedade Depressão Stress

Sexo 0,23 0,70 0,42

Idade 0,33 0,01 0,31

Situação Laboral 0,02 0,08 0,1

Hábitos Tabágicos 0,73 0,72 0,33

Hábitos Alcoólicos 0,07 0,12 0,22

Dislipidémia 0,001 0,002 0,003

Nível de Escolaridade 0,20 0,009 0,39

Estado Civil 0,31 0,01 0,16

Dificuldades Económicas 0,001 0,000 0,011

Satisfação com a vida 0,005 0,000 0,007

Patologia Psiquiátrica 0,000 0,001 0,000

Familiar com Patologia

Psiquiátrica 0,27 0,39 0,25

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

38

Tabela 16. Caracterização da amostra, quanto a aspetos demográficos e relacionados com a

Depressão (n representa a frequência absoluta e % a frequência relativa)

Algum grau de Depressão

n n (total) %

Sexo

Masculino

Feminino

10

36

24

82

41,7

43,9

Grupo etário

≤ 25 anos

26 – 45 anos

46 – 65 anos

> 66 anos

2

15

21

8

9

46

36

15

22,2

32,6

58,3

53,3

Situação Laboral

Aposentado

Empregado

Desempregado

Estudante

Doméstico

10

30

5

0

1

19

60

17

6

4

52,6

50

29,4

0

25

Centro de Saúde

Fernão de Magalhães

Norton de Matos

Santa Clara

S. Martinho do Bispo

13

5

6

22

30

5

13

58

43,3

100

46,2

37,9

Dificuldades Económicas

Sim

Não

28

18

42

64

66,7

28,1

Nível de Escolaridade

Nunca frequentou a escola

Frequentou a escola mas não terminou a 4ª classe

Terminou 4ª classe

Terminou 1º Ciclo do Ensino Básico

Terminou 2º Ciclo do Ensino Básico

Terminou Ensino Secundário

Terminou Ensino Superior

3

1

6

1

14

18

3

3

1

13

6

25

39

19

100

100

46,2

16,7

56

46,2

15,8

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

39

Estado Civil

Solteiro

Casado

Viúvo

Divorciado

União de Facto

7

20

3

11

5

24

54

5

15

8

29,2

37

60

73,3

62,5

Comorbilidades

Diabetes

HTA

Obesidade

Dislipidémia

Outra(s)

Sem comorbilidades

7

13

8

15

15

11

10

22

13

22

33

41

70

59,1

61,5

68,2

45,5

26,8

Hábitos Tabágicos

Sim

Não

9

37

21

85

42,9

43,5

Hábitos Etílicos

Sim

Não

9

37

13

93

69,2

39,8

Patologia Psiquiátrica

Não

Sim – Depressão

Sim – Ansiedade

Sim – Depressão e Ansiedade

Sim – Outra

32

6

4

1

3

87

10

5

1

3

36,8

60

80

100

100

Familiar 1º Grau com Patologia Psiquiátrica

Não

Sim – Depressão

Sim – Ansiedade

Sim – Depressão e Ansiedade

Sim – Outra

41

4

0

1

0

92

9

2

1

2

44,6

44,4

0

100

0

Satisfação com a Vida

Muito Satisfeito

Satisfeito

Insatisfeito

Muito Insatisfeito

0

24

17

5

11

68

21

6

0

35,3

81

83,3

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

40

Tabela 17. Caracterização da amostra, quanto a aspetos demográficos e relacionados com a

Ansiedade (n representa a frequência absoluta e % a frequência relativa)

Algum grau de Ansiedade

n n (Total) %

Sexo

Masculino

Feminino

18

60

24

82

75

73,2

Grupo etário

≤ 25 anos

26 – 45 anos

46 – 65 anos

> 66 anos

5

33

30

10

9

46

36

15

55,6

71,7

83,3

66,7

Situação Laboral

Aposentado

Empregado

Desempregado

Estudante

Doméstico

13

45

14

4

2

19

60

17

6

4

68,4

75

82,4

66,7

50

Centro de Saúde

Fernão de Magalhães

Norton de Matos

Santa Clara

S. Martinho do Bispo

24

4

12

38

30

5

13

58

80

80

92,3

65,5

Dificuldades Económicas

Sim

Não

34

44

42

64

81

68,8

Nível de Escolaridade

Nunca frequentou a escola

Frequentou a escola mas não terminou a 4ª classe

Terminou 4ª classe

Terminou 1º Ciclo do Ensino Básico

Terminou 2º Ciclo do Ensino Básico

Terminou Ensino Secundário

Terminou Ensino Superior

2

1

11

4

19

29

12

3

1

13

6

25

39

19

66,7

100

84,6

66,7

76

74,4

63,2

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

41

Estado Civil

Solteiro

Casado

Viúvo

Divorciado

União de Facto

16

38

4

13

7

24

54

5

15

8

66,7

70,4

80

86,7

87,5

Comorbilidades

Diabetes

HTA

Obesidade

Dislipidémia

Outra(s)

Sem comorbilidades

10

18

11

21

24

27

10

22

13

22

33

41

100

81,8

84,6

95,5

72,7

65,9

Hábitos Tabágicos

Sim

Não

17

61

21

85

81

71,8

Hábitos Etílicos

Sim

Não

11

67

13

93

84,6

72

Patologia Psiquiátrica

Não

Sim – Depressão

Sim – Ansiedade

Sim – Depressão e Ansiedade

Sim – Outra

46

9

5

1

3

87

10

5

1

3

69

90

100

100

100

Familiar 1º Grau com Patologia Psiquiátrica

Não

Sim – Depressão

Sim – Ansiedade

Sim – Depressão e Ansiedade

Sim – Outra

67

7

1

1

2

92

9

2

1

2

72,8

77,8

50

100

100

Satisfação com a Vida

Muito Satisfeito

Satisfeito

Insatisfeito

Muito Insatisfeito

5

48

20

5

11

68

21

6

45,5

70,6

95,2

83,3

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

42

Tabela 18. Caracterização da amostra, quanto a aspetos demográficos e relacionados com o

Stress (n representa a frequência absoluta e % a frequência relativa)

Algum grau de Stress

n n (Total) %

Sexo

Masculino

Feminino

8

33

24

82

33,3

40,2

Grupo etário

≤ 25 anos

26 – 45 anos

46 – 65 anos

> 66 anos

2

16

19

4

9

46

36

15

22,2

34,8

52,8

26,7

Situação Laboral

Aposentado

Empregado

Desempregado

Estudante

Doméstico

4

29

6

0

2

19

60

17

6

4

21,1

48,3

35,3

0

50

Centro de Saúde

Fernão de Magalhães

Norton de Matos

Santa Clara

S. Martinho do Bispo

14

4

5

18

30

5

13

58

46,7

80

38,5

31

Dificuldades Económicas

Sim

Não

22

19

42

64

52,4

29,7

Nível de Escolaridade

Nunca frequentou a escola

Frequentou a escola mas não terminou a 4ª classe

Terminou 4ª classe

Terminou 1º Ciclo do Ensino Básico

Terminou 2º Ciclo do Ensino Básico

Terminou Ensino Secundário

Terminou Ensino Superior

0

0

8

0

9

18

6

3

1

13

6

25

39

19

0

0

61,5

0

36

46,2

31,6

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

43

Estado Civil

Solteiro

Casado

Viúvo

Divorciado

União de Facto

8

18

1

9

5

24

54

5

15

8

33,3

33,3

20

60

62,5

Comorbilidades

Diabetes

HTA

Obesidade

Dislipidémia

Outra(s)

Sem comorbilidades

3

9

6

14

16

10

10

22

13

22

33

41

30

40,9

46,2

63,6

48,5

24,4

Hábitos Tabágicos

Sim

Não

10

31

21

85

47,6

36,5

Hábitos Etílicos

Sim

Não

7

34

13

93

53,8

36,6

Patologia Psiquiátrica

Não

Sim – Depressão

Sim – Ansiedade

Sim – Depressão e Ansiedade

Sim – Outra

26

6

5

1

3

87

10

5

1

3

29,9

60

100

100

100

Familiar 1º Grau com Patologia Psiquiátrica

Não

Sim – Depressão

Sim – Ansiedade

Sim – Depressão e Ansiedade

Sim – Outra

33

5

1

1

1

92

9

2

1

2

35,9

55,6

50

100

50

Satisfação com a Vida

Muito Satisfeito

Satisfeito

Insatisfeito

Muito Insatisfeito

2

22

14

3

11

68

21

6

18,2

32,4

66,7

50

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

44

Discussão

Neste estudo procurou-se avaliar as qualidades psicométricas da EADS-21, averiguar

os níveis de sintomas ansiosos, depressivos e stress existentes numa amostra portuguesa, e se

estes estão relacionados com as variáveis sociodemográficas em estudo. No sentido de avaliar

a qualidade da EADS-21, será feita a discussão dos resultados encontrados e a sua

comparação com os obtidos a partir de outros estudos.

Relativamente à consistência interna, os valores do alfa de Cronbach encontrados

(0,865 para a subescala Ansiedade, 0,907 para a subescala Depressão e 0,893 para a subescala

Stress) atestam a confiabilidade da escala e são próximos dos obtidos em estudos prévios. São

comparáveis, a título de exemplo, aos encontrados em 3 estudos feitos com a EADS-2125–27,

cujos valores encontrados foram, para a subescala Depressão (0,9025; 0,8826; 0,7927), para a

Ansiedade (0,8625; 0,8426; 0,7727) e para o Stress (0,8825; 0,94526; 0,8527). Foram ainda

comparáveis aos resultados dos estudos efetuados com a EADS-42, na língua portuguesa19,28,

que revelaram valores de alfa de Cronbach, respetivamente, para a Depressão (0,96 e 0,93),

Ansiedade (0,77 e 0, 83) e Stress (0,94 e 0, 88). É ainda importante referir os resultados do

autor original da escala18, que são de 0,91 para a Depressão, 0,84 para a Ansiedade e 0,90

para o Stress, quanto à EADS-42; e de 0,81, 0,83 e 0,81 para a Depressão, Ansiedade e Stress,

respetivamente, quanto aos subgrupos de 7 itens de cada subescala da EADS-42 que

compõem a EADS-21.

No estudo realizado, as intercorrelações entre as dimensões da EADS revelam valores

elevados e positivos, evidenciando uma forte associação entre os scores das subescalas deste

instrumento, que oscilam entre 0,647 e 0,804. Apesar da correlação entre a Ansiedade e o

Stress (0,804) ser mais elevada do que entre a Ansiedade e a Depressão (0,676) ou entre o

Stresse e a Depressão (0,647), essa diferença não é exageradamente acentuada. Esta

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

45

correlação evidencia a presença concomitante de sintomatologia depressiva, ansiosa e de

stress. Comparando com outros resultados18,19,25, as intercorrelações fatoriais foram:

depressão-ansiedade, (0,5418; 0,5819; 0,80725); ansiedade-stress (0,6518; 0,6619; 0,85325) e

depressão-stress (0,5618; 0,6019; 0,82225). Apesar de na generalidade a Ansiedade se

correlacionar de forma mais elevada com o Stress do que com a Depressão, e o Stress se

correlacionar mais com a Ansiedade do que com a Depressão, a magnitude dessa diferença é

pequena. Isto sustenta a discussão mantida por alguns autores que sustentam a convicção de

que depressão, ansiedade e stresse possam ser diferentes pontos do mesmo contínuo,

manifestações alternativas de uma diátese ou ainda síndromas heterogéneos que estão

associados porque compartilham alguns subtipos de sintomas.23,25

No que diz respeito aos resultados descritivos, relativamente aos níveis de sintomas

ansiosos, depressivos e stress desta amostra, constituída por adultos portugueses, verifica-se

que estes se encontram ligeiramente aumentados, em particular no que diz respeito às

dimensões Ansiedade e Depressão. Tal já havia sido verificado num estudo realizado na

cidade de Lisboa, em 2015, onde se verificou que o stress aparentava ser o mais vivenciado

pela amostra, e que os participantes não apresentavam respostas desadaptativas face ao meio,

tal como o que foi encontrado no presente estudo.24 Salienta-se que os resultados obtidos se

afastam de valores considerados preocupantes do ponto de vista da saúde mental.

Através da análise dos estados afetivo-emocionais dos indivíduos em estudo,

verificou-se que um número ainda significativo, entre 10 e 17 %, apresenta níveis severos e

muito severos de sintomas depressivos, ansiosos e stresse. Comparativamente ao estudo de

Apóstolo et al. (2008), também realizado ao nível dos Cuidados de Saúde Primários na cidade

de Coimbra, verifica-se menor número de pessoas com sintomatologia severa ou muito severa

que, em 2008, variava entre os 20 e 29%.29 Alguns estudos têm mostrado que a prevalência de

patologia psiquiátrica nos Cuidados de Saúde Primários ronda os 15 a 25% havendo uma taxa

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

46

de subidentificação na ordem dos 24 a 31% de morbilidade não detetada.29 Deste modo,

apesar de já ter ocorrido uma diminuição nos valores encontrados, continua a existir uma

prevalência elevada de sintomatologia severa, sobretudo se for tido em conta o subdiagnóstico

existente. Assim, estes resultados poderão sustentar a necessidade de desenvolvimento de

uma estratégia de intervenção precoce, local e comunitária no sentido da promoção da Saúde

Mental e prevenção da doença, como preconizado pela OMS, com implicações positivas em

termos económicos e de ganhos em saúde da população.15

No que diz respeito ao estudo das diferenças existentes ao nível dos sintomas

emocionais, de acordo com as variáveis sociodemográficas dos participantes, torna-se

importante esclarecer que, neste estudo, não se identificaram diferenças estatisticamente

significativas na Depressão, Ansiedade e Stress em função do género, hábitos tabágicos e/ou

alcoólicos, existência de comorbilidades (à exceção da Dislipidémia) ou existência de

familiares de 1º grau com alguma patologia psiquiátrica. No entanto, parecem existir

diferenças estatisticamente significativas ao nível das 3 dimensões (Ansiedade, Depressão e

Stress) em função da perceção de satisfação global com a vida, dificuldades económicas e

presença de Dislipidémia. Relativamente à idade, estado civil e nível de escolaridade dos

participantes, apenas foram detetadas diferenças significativas ao nível da Depressão. Quanto

à situação laboral, só se verificaram diferenças ao nível da Ansiedade.

Estes resultados apresentam alguma discrepância face aos obtidos em estudos prévios.

Por exemplo, no que respeita ao sexo, em vários estudos foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre homens e mulheres, sempre com resultados superiores

para as mulheres.30 Um dos estudos encontrou grandes diferenças em função do sexo, para a

Depressão, Ansiedade, e stress26; outro estudo31 identificou também resultados superiores

para as mulheres em todas as subescalas da EADS-21. No entanto, os resultados obtidos

através do estudo de Veigas e Gonçalves (2009)27 desenvolvido com 207 participantes, dos

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

47

quais 105 eram mulheres, apontaram para a inexistência de diferenças nos sintomas

emocionais em função do sexo, tal como os resultados obtidos no presente estudo.

Também no que respeita à idade, os resultados aqui obtidos não têm reflexo nos

estudos prévios. Num estudo anterior27 verificou-se a existência de diferenças entre grupos

etários, na dimensão ansiedade, com resultados mais desfavoráveis para os participantes até

aos 20 anos de idade. No caso do presente estudo, as diferenças encontradas relativamente à

idade foram para os sintomas depressivos, que se revelaram superiores nos indivíduos com 66

anos de idade ou mais. Estes dados vão de encontro aos resultados apresentados pelo

Eurobarometer (2003), que revelavam que 49,7% dos portugueses com patologia mental

apresentavam mais de 65 anos.30

Quanto à situação laboral, hábitos tabágicos, hábitos alcoólicos, comorbilidades e

satisfação global com a vida, são mais escassos os estudos que abordam as diferenças na

Ansiedade, no Stress e na Depressão.

No presente estudo os valores encontrados determinam que, em relação à situação

laboral apenas se verificaram diferenças estatisticamente significativas ao nível da Ansiedade,

tendo sido o grupo de pessoas que se encontra empregado o que apresentou valores mais

elevados de sintomas ansiosos e os estudantes revelaram valores inferiores. Estes dados

poderão encontrar-se de acordo com a crescente identificação de Ansiedade relacionada com

o local de trabalho, perigosa pois pode levar ao desenvolvimento de fobia ao local de

trabalho, o que poderá condicionar uma reforma antecipada e elevada diminuição na

qualidade de vida das pessoas, bem como da sua produtividade no emprego.32,33

Ao nível de hábitos tabágicos, em estudos prévios verificou-se que existia uma relação

entre o tabagismo e a patologia psíquica, o que não se verificou no presente estudo.34,35 Num

dos estudos foi até possível concluir que sofrer de uma doença do foro mental, incluindo

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

48

Depressão e distúrbios de Ansiedade, constituía um fator preditivo de um risco aumentado

para o início de uma habituação tabágica e para a progressão até dependência, sendo mais

difícil a cessação tabágica nos fumadores que sofrem de patologia psíquica.35

Relativamente a hábitos alcoólicos, também não foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas ao nível de sintomas afetivo-emocionais, o que não vai de

encontro ao verificado na literatura. A título de exemplo, num estudo efetuado em 2013

verificou-se que sofrer de um distúrbio de Ansiedade e/ou de Depressão aumentava

significativamente o risco de iniciar uma dependência alcoólica.36

Comparando as diversas comorbilidades observou-se que nenhuma das diversas

patologias apresentava diferenças estatisticamente significativas ao nível das três dimensões,

à exceção da Dislipidémia enquanto comorbilidade isolada. Relativamente a esta última,

curiosamente, observou-se que o grupo de pessoas que sofrem de Dislipidémia apresentava

valores mais elevados ao nível da Depressão, da Ansiedade e do Stress. De acordo com um

estudo realizado em 2015, os distúrbios de ansiedade encontravam-se associados a maior

prevalência de fatores de risco metabólicos, entre eles a Dislipidémia. Contudo, neste mesmo

estudo, não foi provada qualquer associação entre estes mesmos fatores com a Depressão.37

Porém foi encontrada associação entre a Depressão e a Dislipidémia num outro estudo

realizado em 2011.38

Quanto à satisfação global com a vida, os resultados obtidos neste estudo indicam que

as pessoas insatisfeitas com a sua vida, no que respeita às atuais condições económicas, de

saúde, de vida académica/profissional, familiar, social, são as que apresentam níveis mais

elevados de Depressão, Ansiedade e Stress. Tem sido apontado que estes sintomas geralmente

se associam a uma incapacidade geral da pessoa para a vida, associada à ideia de reduzido

controlo sobre a mesma.24 Deste modo, estas pessoas tendem a caracterizar-se por baixa

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

49

autoestima, baixo locus de controlo interno, baixa tolerância à frustração, e perceção de baixa

probabilidade de alcançar objetivos significativos.18

Já relativamente às habilitações académicas, este é o fator mais analisado, sendo que

neste âmbito os estudos têm apontado para resultados incongruentes acerca da existência ou

não de diferenças entre pessoas com níveis de escolaridade distintos.24,27 No presente estudo

os resultados indicam que apenas ao nível da dimensão Depressão se pode dizer que existam

diferenças entre os diversos grupos, sendo que os valores mais elevados foram encontrados ao

nível das pessoas que nunca frequentaram a escola, enquanto os valores mais baixos

pertenciam àqueles que terminaram o Ensino Superior. Outros estudos27 apontaram diferenças

apenas ao nível da Ansiedade, referindo que seria mais comum em pessoas com Ensino

Básico, em detrimento de pessoas com Ensino Secundário ou Superior. Tudo indica que a

aposta no reforço da formação é, pois, fundamental na construção de uma sociedade

mentalmente mais saudável.

Quanto ao estado civil, apenas a dimensão Depressão apresentava diferenças

estatisticamente significativas, com o grupo dos Solteiros a sofrer de menos sintomas

depressivos e os Viúvos com médias mais elevadas, dados estes que vão de encontro ao

determinado em estudos prévios, que revelaram maior prevalência de sintomas psíquicos em

pessoas viúvas, sendo que 59,1% da população portuguesa que apresenta alguma patologia

mental se encontra viúvo(a).30 Isto pode mostrar bem a diferença psíquica entre o estar

sozinho por opção e o estar sozinho por imposição. Nesta última situação, os equilíbrios e os

jogos das compensações entre o prazer e o desprazer podem estar muito mais ameaçados com

as inevitáveis consequências ao nível físico e sobretudo ao nível mental.

Relativamente a dificuldades económicas, as três dimensões apresentavam diferenças

estatisticamente significativas, com o grupo de pessoas com maiores dificuldades a obter

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

50

médias superiores de Ansiedade, Depressão e Stress. Também estes resultados vão de

encontro aos dados da literatura, sendo que a pobreza foi considerada um fator de risco, quer

para o desenvolvimento, quer para o agravamento de patologia mental.39,40 Também aqui cabe

relevar os efeitos nocivos dos contextos de crise económica em que temos vivido e suas

naturais influências nesta vertente de análise. Numa situação ainda mais agravada os números

de Ansiedade, Depressão e Stress poderão acentuar-se de um modo alarmante se não forem

tomadas medidas adequadas.

Ao comparar a variável “Possui patologia psiquiátrica diagnosticada” com o nível de

sintomas ansiosos, depressivos e stress, verificou-se que as patologias haviam sido

corretamente identificadas, pois a maioria dos doentes que afirmavam ter sido diagnosticados

com um distúrbio de Ansiedade apresentavam elevadas médias na subescala ansiedade,

sucedendo o mesmo quanto à Depressão. Contudo, um número ainda elevado de pessoas com

níveis severos ou muito severos de sintomas depressivos/ansiosos permanecia sem

diagnóstico, o que, de certo modo, corrobora a teoria do subdiagnóstico das patologias do foro

mental.

Quanto à presença de um familiar de 1º grau com patologia psiquiátrica, não foram

encontradas diferenças estatisticamente significativas ao nível de sintomas

ansiosos/depressivos nos participantes, o que sugere a não existência de uma relação familiar

entre as patologias. Isto pode dever-se ao facto de a hereditariedade corresponder apenas a um

fator de risco para o desenvolvimento de Depressão ou de um distúrbio de Ansiedade,

portanto a pessoa só desenvolverá uma destas patologias se exposta a agentes desencadeantes,

tais como eventos de vida adversos. Sabe-se que a hereditabilidade corresponde a cerca de

50%, no caso da Depressão, sendo que para os distúrbios de Ansiedade ainda não foi

determinado um valor definido. 41

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

51

Assim sendo, e apesar de não terem sido denotadas diferenças estatisticamente

significativas, a intervenção a fazer deverá particularizar indivíduos do sexo feminino, com

idades mais avançadas e menor nível de escolaridade. De realçar que a amostra do presente

estudo foi relativamente pequena, o que pode levar a que diferenças que poderiam ser

estatisticamente significativas, não se revelem com esta amostragem, assim como pode

revelar diferenças que não seriam significativas com uma amostragem maior.42 De facto, e

não obstante a amostra ser composta maioritariamente por mulheres e os resultados não serem

estatisticamente significativos para um nível de significância de 0,05 com esta amostra, estas

revelam níveis de ansiedade, depressão e stress mais elevada que os homens, evidência que é

também referenciada por diversos autores.30,43,44 Estes dois elementos não podem ser

negligenciados no quadro geral de uma investigação mais profunda ou numa política

interventiva de melhoria da saúde mental em Portugal.

Assim, apesar de reconhecer algumas limitações no presente estudo, tais como o facto

de a amostra ser maioritariamente constituída por mulheres, o reconhecimento de que o

número de elementos representativos de cada grupo em estudo poderia ser mais amplo, e

terem sido usados os valores referidos por Lovibond & Lovibond (1995)18 para efeitos de

classificação, o que poderá não se encontrar em perfeita sintonia com a realidade portuguesa

atual, os resultados contribuem para o incremento da informação acerca destes fenómenos

sustentando a necessidade de prevenção primária. Neste âmbito, concedo o meu modesto

contributo, através da elaboração de três propostas de posters, que poderão ser ampliados e

expostos em salas de espera de Centros de Saúde, de modo a dar a conhecer à população os

sintomas de alarme para a Depressão, distúrbios de Ansiedade e Stress excessivo, na tentativa

de assim minimizar a prevalência de sintomas psíquicos ao nível dos Cuidados de Saúde

Primários.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

52

Conclusão

A nível da consistência interna, os valores do alfa de Cronbach asseguram a

confiabilidade da escala.

Relativamente às intercorrelações entre as dimensões da EADS, estas revelaram

valores positivos, evidenciando uma forte associação entre os scores das três subescalas,

sendo que a Ansiedade se correlaciona de forma mais elevada com o Stress do que com a

Depressão, e o Stress se correlaciona mais com a Ansiedade do que com a Depressão.

Contudo a magnitude dessa diferença é pequena.

No que diz respeito aos níveis de sintomas ansiosos, depressivos e stress desta

amostra, verifica-se que globalmente não se encontram muito aumentados, em particular no

que diz respeito às dimensões Ansiedade e Depressão, sendo o Stress o mais vivenciado por

esta população. Estes resultados afastam-se de valores considerados preocupantes do ponto de

vista da saúde mental, contudo, tal não quer dizer que não devamos estar atentos ao problema,

até porque, também em termos de saúde mental, a melhor estratégia é a da prevenção.

Através da análise dos estados afetivo-emocionais dos indivíduos em estudo,

verificou-se que um número ainda significativo apresenta níveis severos e muito severos de

sintomas depressivos, ansiosos e de stress, justificando-se ainda a necessidade de

desenvolvimento de uma estratégia de intervenção precoce, local e comunitária no sentido da

promoção da Saúde Mental e prevenção da doença. Aqui já se justifica o estado de vigilância

e alerta permanente.

Relativamente à relação entre as variáveis sociodemográficas em estudo e a existência

de sintomas depressivos, verificou-se que estes eram influenciados pela idade (mais

frequentes em pessoas idosas), presença de Dislipidémia, nível de escolaridade (mais comuns

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

53

em pessoas que nunca frequentaram a escola), estado civil (mais prevalentes em viúvos),

existência de dificuldades económicas e insatisfação com a vida. Os sintomas ansiosos

relacionaram-se principalmente com a situação laboral (mais comuns em pessoas com

emprego), presença de Dislipidémia, existência de dificuldades económicas e insatisfação

com a vida. O nível de Stress relacionou-se maioritariamente com a presença de Dislipidémia,

dificuldades económicas e insatisfação com a vida. É sobretudo aqui que podemos encontrar o

cerne da nossa problemática e a justificação para o desenvolvimento de estratégias e

iniciativas conducentes a maior reconhecimento ou reforço da saúde mental no quadro geral

do Serviço Nacional de Saúde de um Portugal saudável.

Em conclusão, a realização deste estudo permitiu confirmar as propriedades

psicométricas da presente versão da EADS-21, de acordo com o modelo tripartido

(Ansiedade, Stresse, Depressão) desenvolvido por Clark e Watson. Assim, existem evidências

empíricas em como esta escala se constitui como um instrumento rápido e seguro na deteção

de estados emocionais negativos nos cuidados de saúde primários.

Contudo, apesar do estudo ter apresentado algumas limitações, os resultados obtidos

contribuem para maior informação acerca destes fenómenos sustentando a necessidade da

prevenção primária, de desenvolvimento continuado de estratégias de promoção e de

educação para a saúde. A aposta na saúde é uma aposta na dignidade da pessoa e na luz do

sonho que nos permite ter esperança num futuro melhor. É neste sentido que vai a minha

modesta proposta de posters, que abaixo se apresentam, de modo a poder também contribuir

para uma identificação precoce da existência de patologia.

Reforça-se a necessidade de aprofundamento desta linha de investigação com

populações diversificadas em função de outras características sociodemográficas, com

amostras maiores, mais heterogéneas e representativas de cada grupo. Deste modo, o

contributo de cada um pode ser o reforço da unidade, solidariedade e a saúde de todos.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

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Poster relativo a distúrbios de Ansiedade

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Poster relativo à Depressão

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Poster relativo a Stress Excessivo

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Agradecimentos

Agradeço aos ACeS e respetivos Coordenadores por permitirem a realização do estudo

nas UCSP e USF selecionadas.

Agradeço ao Professor Doutor Hernâni Pombas Caniço, sem o qual jamais conseguiria

realizar o meu estudo. Agradeço toda a ajuda que me prestou quer na preparação do estudo

como na recolha dos questionários. Agradeço pela sua imprescindível orientação,

disponibilidade e paciência para o esclarecimento de todas as dúvidas que surgiram no

decorrer do trabalho.

Agradeço à Doutora Susana Lopes, pela sua atenção e disponibilidade.

Agradeço aos meus pais e família pelo apoio prestado, pelo incentivo e por nunca me

permitirem desistir.

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

para a Saúde na população

58

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doi:10.1016/j.psychres.2013.09.027.

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64

Anexos

Anexo 1. Questionário aplicado aos participantes.

QUESTIONÁRIO

Este questionário foi realizado no âmbito da Tese de Mestrado “A prevalência da

Patologia Psíquica ao nível dos Cuidados de Saúde Primários na cidade de Coimbra”, pela

aluna do 6º ano da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Catarina Silva.

Os seres humanos, ao longo da vida, passam por fases distintas de adaptação à

realidade. Estas fases implicam transformações de ordem psíquica e também de ordem física,

a que se deve prestar a maior atenção no sentido de estabelecer os devidos equilíbrios, a fim

de preservar a saúde dos indivíduos e com ela também a das instituições.

Com este questionário, pretende-se determinar qual a prevalência de certas patologias

psíquicas, em particular ao nível dos utentes dos Centros de Saúde da cidade de Coimbra.

De seguida, apresenta-se um conjunto de questões para serem respondidas. Não há

respostas certas nem erradas. Seja o mais sincero possível. O inquérito é anónimo, sigiloso e

confidencial.

______________________________________________________________________

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Declaro que tomei conhecimento dos objetivos do trabalho “A Prevalência de

Patologia Psíquica ao nível dos Cuidados de Saúde Primários na cidade de Coimbra”

realizado pela aluna de 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Medicina

da Universidade de Coimbra, Catarina Silva. Ciente dos mesmos e de que a minha identidade

A Prevalência de Patologia Psíquica nos Cuidados de Saúde Primários e a necessidade de educação

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65

será mantida em total sigilo e anonimato, autorizo a utilização dos dados obtidos pelo

questionário por mim respondido na realização deste trabalho.

Fui informado(a) de que este ato é voluntário, não havendo nenhuma obrigação de o

realizar se assim não o pretender.

Coimbra, ______ de____________________ de 2016

Assinatura ____________________________________________

A) Informação e enquadramento

1. Sexo:

a) masculino

b) feminino

2. Idade atual:

a) Menos de 25 anos

b) 26 – 45 anos

c) 46 – 65 anos

d) mais de 66 anos

3. Qual o Centro de Saúde que frequenta:

a) Celas

b) Eiras

c) Fernão de Magalhães

d) Norton de Matos

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e) Santa Clara

f) S. Martinho do Bispo

4. Situação laboral:

a) Aposentado ou Reformado

b) Empregado

c) Desempregado

d) Estudante

e) Doméstica(o)

5. Vive com dificuldades económicas:

a) Sim

b) Não

6. Nível de escolaridade (escolha apenas 1):

a) Nunca frequentou a escola

b) Frequentou a escola mas não completou a 4ª classe

c) Completou a 4ª classe

d) Completou o 2º ciclo do Ensino Básico (6º ano)

e) Completou o 3º ciclo do Ensino Básico (9º ano)

f) Completou o Ensino Secundário (12º ano)

g) Completou o Ensino Superior (Licenciatura/Mestrado/Bacharelato/outro)

7. Estado civil:

a) Solteiro

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b) Casado

c) Viúvo

d) Divorciado

e) União de facto

8. Assinale se sofre de alguma das seguintes (pode escolher mais que 1):

a) Diabetes Mellitus

b) Hipertensão Arterial

c) Obesidade

d) Colesterol elevado

f) Outras patologias

g) Sem doenças conhecidas

9. Consome regularmente:

a) Tabaco: Sim / Não

b) Bebidas com álcool: Sim / Não

10. Sofre de alguma patologia psiquiátrica?

a) Não

b) Não sabe/Não responde

c) Sim

c.1) Se sim, qual?

Depressão

Ansiedade Grave

Outra

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11. Tem algum familiar com doença mental?

a) Não

b) Sim

b.1) Se sim, quem?

Pai/Mãe

Irmão/Irmã

Filho/Filha

Outro

b.2) Se sim, qual a doença?

Depressão

Doença Bipolar

Ansiedade Grave

Esquizofrenia

Outro

12. Está globalmente satisfeito(a) com a vida?

a) Muito Satisfeito(a)

b) Satisfeito(a)

c) Insatisfeito(a)

d) Muito Insatisfeito(a)

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B. Como é que se sente no dia-a-dia

Responda às seguintes questões assinalando com uma cruz o que pensar ser mais adequado a

si, relativamente à última semana.

0 – Nunca; 1 – Algumas vezes; 2 – Muitas vezes; 3 – Quase sempre;

0 1 2 3

1 Tive dificuldades em acalmar-me.

2 Senti a minha boca seca.

3 Não consegui sentir nenhum sentimento positivo.

4 Senti dificuldades em respirar (sem estar a fazer exercício).

5 Tive dificuldade em tomar iniciativa para fazer coisas.

6 Tive tendência para reagir em demasia em determinadas situações.

7 Senti tremores (por ex. nas mãos).

8 Senti que estava a utilizar muita energia nervosa.

9 Preocupei-me com situações em que podia entrar em pânico e fazer figura

ridícula.

10 Senti que não tinha nada a esperar do futuro.

11 Dei por mim a ficar agitado(a).

12 Senti dificuldade em relaxar.

13 Senti-me desanimado(a) e melancólico(a).

14 Estive intolerante em relação a qualquer coisa que me impedisse de terminar

aquilo que estava a fazer.

15 Senti-me quase a entrar em pânico.

16 Não fui capaz de ter entusiasmo por nada.

17 Senti que não tinha muito valor como pessoa.

18 Senti que por vezes estava demasiado sensível.

19 Senti alterações no meu coração sem estar a fazer exercício físico.

20 Senti-me assustado(a) sem ter tido uma boa razão para isso.

21 Senti que a vida não tinha sentido.

(Adaptado de: Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21), Pais-Ribeiro, et al., 2004)

Muito Obrigada pela sua colaboração

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Anexo 2. Escala de Ansiedade, Depressão e Stress: Resultados Descritivos (n=106)