cancioneiro portuguez da vaticana

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PRESENTED TO

THE LIBRARYBY

PROFESSOR MILTONOF THE

A.

BUCHANAN

DEPARTMENT OF ITALIAN AND SPANISH1906-1946

^\

HANDBOUND AT THE

UNIVERSITY OF

TORONTO PRESS

?^

CANCIONEIRO*

POETUGUEZ

D VITICANAEDIO CRITICAEESTITUIDA SOBRE O TEXTO DIPLOMTICO DE IIAILE, ACOMPANHADA DE UM GLOSSRIO E DE UMA INTRODUCO SOBRE OS TROVADORES E CANCIONEIROS PORTUGUEZESPOR

THEOPHILO BRAGAProfessor de Litteraturas modernas e especialmente do Litteratura portugueza,

no Curso superior de Leltras

LISBOAIMPRENSA NACIONALMDCCCLXXVIII

1

/(

Preveno Seguimosinsidiascritica

na reproduco do texto d'este Cancioneiro o respeito que se deve ter pela integridade de

qualquer monumento liistorico, no amputando aquellas phrases que repugnam aos costumes modernos, por isso que este livro para estudo e no para recreio; como o servio que prestamos litteratura e historia pde ser mais uma vez deturpado por

de

uma moral

capciosa, declaramos que E'esta reproduco seguimos o

exemplo do historiador Herculano na sua edio

dos Nobilirios.

1>Q

;

No meado do

sculo

xv

Ma o marquez

de Santillana da existncia d'este Cancioneiro;

em Roma mas no scumandar copiar musicas dos principaes lo XVII D. Joo IV preoccupava-se exclusivamente em compositores, e no sculo xviii D. Joo v pagava perdulariamente as copias de miserveis documentos ecclesiasticos do Vaticano. O Cancioneiro portuguez ficou sempre ignorado, e por isso a tradio litteraria esquecida fez com que esses dois sculos fossem mesquinhos e sememHespaniia, e desde o sculo xvi se sabe do seu apparecinentointuito e vitalidade

na

litteratura.

Os excerptos extrahidos por Lopes de Moura, por

Griiz-

raacher^^por Wolf, por Diez, por Vrnhagen e por Monaci, nunca conseguiram despertar o

minimo interesse na Academia das Sciencias de Lisboa, cuja dotao annual de mais de doze contos de ris era dispendida em commisses litterarias fictcias, porque o trabalho eTectivo resumia-se na reproduco typographica de alguns documentos com poucas linhas de prologo histrico. Referimo-nos especialmente colleco Portugalim Monv/menta histrica,

da qual desde 1856 at 1877 apenas apresenta quatorze fascculos, os quaes custaram atao anno de 1876, pagando aris, e a

um

director 4805000 ris annuaes,

aum paleographoem

270|5!000

um

revisor 240!$000 ris (sem incluir a impresso e o papel), a quantia de ris

19:800^000! O trabalho htterario d'estes fascculos consistee mais nada;

copias paleographicas

mas no nosso paiz entende-se o dever d'este modo. N'esta colleco dos PortugalicB Monumenta histrica resolvera o seu fundador e director incluir na Seco dos ScriptOres o Cancioneiro da Ajuda e o Cancioneiro da Vaticana; como estas reproduces no consistiam em simples copias, mas em restituies de texto e interpretaes histricas, encobriu-se a impossibihdade com a reproduco de um desgraado texto do Cdigo wisigothico, e assim se ficou servindo a algibeira sem servir a sciencia. Pela parte do governo nenhum ministro teve a educao litteraria suiciente para d'esses subsdiosassistir a paradas militares no estrangeiro tirar uma pequena quantia para mandar a Roma quem copiasse o monumento portuguez da Bibliotlieca do Vaticano. Porm s vezes pde mais a boa vontade do que todos os poderes do mundo.

que se do para

Sobre os pequenos subsidies para a historia da litteratura provenal portugueza, ministrados pelo embaixador inglez Lord Stuart, pelos brazileiros Lopes de Moura e Vrnhagen,

pelos allemes Wolf, Grlizmacher e Diez, tentmos

uma pequena

synthese da epocha dos

nossos trovadores no livro Trovadores galecio-portuguezes, Porto, 1871. O livro era defeituoso por incompleto, porque incompletos eram os documentos sobre que se fundava; ter-

minava com

uma imprecao

acerba sobre o desleixo da Academia e do governo por deixa-

rem no esquecimento o grande Cancioneiro portuguez da Vaticana. De 1871 a 1877 a Academia continuou consummindo em silencio a sua dotao, e o governo continuou a preoccupar-se de si; mas o livro dos Trovadores galecio-portuguezes Qh^^oukldMdi., e um illustreromanista o joven professor dr. Ernesto Monaci, movido por aquellas palavras de interesse

emprehendeu restituir nao portugueza o livro da sua tradio litteraria *. As difficuldades que elle teve a vencer iro contadas adiante ao biographarmos este eminente philologo certo porm que o Cancioneiro portuguez da Bibliotlieca do Vaticano estava publicado em'

Em

carta de 14 de abril de 1873, cscrcvia-nos o illustre pliilologo: Nel preparare questo lavoro poiil

non

mi

di poa compiacenza

pensare

ai

materiali richissimi clie esso presenter per nuove opere

ali' illustre

storico delia letteratura porlogliese.

lY

INDIFFERENA DO PUBLICO PELO PASSADO NACIONAL

1875 por

umafez

casa editora de Halle, que teve o patriotismo que faltou ao nosso governo, e

a intelligencia scienlifica

que

faltou nossa

Academia.reproduco quasi fac-simile, entregando

Monaci

uma

edio diplomtica do Cancioneiro portuguez da Vaticana; as diTiculda-

des insuperveis do texto obrigaram-no aaptido dos

uma

homens de

sciencia de Portugal a restituio pura

da linguagem archaica

ali

de-

turpada pelo primeiro copista do sculo xvi.So commoventes as palavras cora que Monaci termina a sua audaciosa empreza:

Questa

non 6 che una primanesi

pietra, e voglia

il

cielo

che tornato

il

livro in Portogallo, diventi presto

oggetto di sludi novelli. solo nelle fonte delle tradizione patrie che lospirito di una nazioringagliardisce.

O

livro

chegou a Portugal

o auctor e editor de oTerecerevitar a nossa

em

seu nome

em dezembro de 1875, encarregando-me um exemplar Academia das Sciencias. Paraletras,

vergonha

tive

de

solicitar o

agradecimento, e a nomeao de scio correspon-

dente, titulo que

tem descido entre ns at inlma plebe das

para o

homem que no

estrangeiro maior servio prestou litteratura e historia de Portugal. Para que o juizo

sobre o Cancioneiro no ficasse no olvido, como a maior parte das obras dadas censura

acadmica, tive que redigil-o. Mas apesar de tudo o trabalho de Monaci nodido,

foi

conlprehen-

porque

um

acadmico chegou a propor

em

sesso,

que sendo

illegivel

a edio de

Monaci, seria conveniente que a Academia das Sciencias de Lisboa mandasse tirar

copia para fazerpia

uma

edio sua! Que paleographo na Europa seria capaz de tirar

uma nova uma cocrticos

com mais

fidelidade e intelligencia do

que a de Monaci? com todos os elementos

para

uma

restituio integral?

Ningum.

O que a edio diplomtica do Cancioneiro da Vaticana reclamava era estudo. Lanmo-nos a esse trabalho de restituio, como quem cumpria um dever de honra nacional; notnhamos esperana de alcanar os meios de publicidade para o nosso texto, mas fomos proseguindo sempre. Nas livrarias, dos exemplares do Cancioneiro apenas se venderam unsquinze!

Silencio

da parte dos escriptores, porque nenhum jornal deu noticia da publicao

de Monaci, desprezo da parte do publico, tudo pesava sobre ns comonha. Da

uma grande

vergo-

AUemanha pediam-nos um*

juizo critico sobre o Cancioneiro para a Zeitschrift filr

romanische Philologie

de Breslau, e

em

Portugal todos os livreiros se recusavam a tomar

a empreza da edio critica d'este esplendido

monumento

nacional!

Depois de restitudo completamente o Cancioneiro, tentmos publical-o por fascculos,associando-nos

com um proprietrio de typographia. Fizemos correr o seguinte prospecto: O monumento principal da litteratura porlugueza, pela sua importncia philologica, hissociedade que representa, indubitavelmente

trica, tradicional e artstica, e pela poca, e

o grandioso Cancioneiro portuguez

da

Bibliotheca do Vaticano. Pertence aos sculos xiii e

XIV, e compe-se de mil duzentas e cinco canes que se repetiram nas cortes de D. ATonsoiii,

D. Diniz e D. ATonso iv; ali se

acham imitadas

as varias escolas poticas do fim da os cantares de segrel das curtes;

edade media, os cantos trobadorescos da corte dedividualidades histricas, ah selias

S. Luiz,

peninsulares, os dizeres gallegos, e os lais bretes a que apenas se allude

emquanto s inacham representadas nos mais saborosos trovadores as fam-

que estiveram com ATonso iii em Frana, e conspiraram para o elevarem ao throno. Por qualquer lado que se com^puise este monumento, redobra-se o seu valor. Desde o sculo xvi que se sabe da sua existncia; os sbios estrangeiros o tem estudado successivamente, aestrangeiros

devemos os fragmentos publicados

at hoje, e hoje a admirvel edio diplo-

mtica de Ernesto Monaci, que appareceu luz em Halle, vo do Cancioneiro suppoe-se perdido desde i 5 G existe1

;

em fins de 1875. O texto primitium apographo de copista que no

sabia portuguez, e que reproduziu o texto extrahindo-o d'entre a pauta musical ; d'aqui resultou que o amanuense, apesar de toda a sua fidelidade reproduziu palavras imaginarias,

'

Fase.

I,

p. 41 a 57, c n, p. i79

a 190

NEGLIGENCIA DOS GOVERNOSas mais das vezes V

sem forma de verso. O

illustre

Monaci, que salvou este texto, provoca acritica

nao portugueza com o seu generoso brinde, a trabalhar para a reconstruco

da

forma authenlica perdida. o que tentamos hoje de

um modo

integral.

A nossa edio deve constar:(d. "De

uma

longa introducpo sobre a historia da poesia provenal portugueza deduzida

do texto do Cancioneiro, e de

um

estudo de historia externa sobre a filiao dos differentes

Cancio7ieiros dos sculos xiii e xiv,lao.

com

os quaes o Cancioneiro

da Vaticana tem intima

re-

Do texto das mil duzentas e cinco canes restitudo em quanto lingua, da poca em que foi escripto o Cancioneiro, pelos processos crticos mais rigorosos; em quanto 2. potica, fixando-lhes a sua justa metrificao e a forma eslrophica,

segundo os dados com-

parativos da potica provenal.3.ticias

De

um

glossrio de todas as palavras archaicas

empregadas no Cancioneiro ; e no-

biographicas dos trovadores portuguezes.

oito assignaturas O typographo propoz nome um requerimento ao governo, pedindo a assignatura de um certo numero de exemplares. Ficou sem resposta o requerimento, que como se segue, e que aqui fica archivado, por isso que o outro se perdeu debaixo da mesa da secretaria compe-

Ao

fim

de

seis

mezes apenas

se

haviam colhido

!

ento dirigir

em

seu

tente:

Senhorforos para

Os typographos

F. F.,

procurando de

alliar

ao interesse da sua arte todos os es-

que a gloria d'esle

paiz,

quem

so filhos adoptivos, se aJBrme

com todo oedio do

brilho nos grandes congressos industriaes do nosso sculo, projectam fazer

uma

primeiro

monumento da

lingua e da litteralura portugueza, d'esse opulentssimo Cancio-

neiro da Bihliotheca do Vaticano, do qual apenas existe

uma

edio diplomtica illegivel,

publicada na Allemanha.

A necessidade que o publico portuguez temtncia, ficam expostas

d'este livro,

a.

sua inquestionvel impor-

no prospecto junto; a

falta

de iniciativa das emprezas editoras, e ofica-

grande

sacrificio necessrio

para restituir aos que estudam este precioso Cancioneiro,litterario;

ram-nos patentes com a cedncia gratuita do texto

para o auxilio das despezasisso dentro

da impresso que recorremos ao expediente das assignaturas, e porda verba destinada para animar e favorecer as emprezas

dos limites

scientificas d'este paiz

Lisboa, 1876.

bem mandar subscrever por ura numero de exemplares do Cancioneiro portuguez da Bihliotheca do Vaticano, tal como se projecta no presente prospecto.P. a Vossa Magestade haja por

certo

E. R. M.'^^=/^. F.

Por ultimo oTereci ao typographo emprezario duzentas assignaturas, mas recusando-seento a imprimir por sua conta o Cancioneiro da Vaticana, vi queelle

perdera completa-

mente a esperana de ser secundado pelo publico. Na Academia, os estatutos tm um artigo que d direito impresso de obras de individues no scios, mas de reconhecida importncia nacional para que esse artigo se tornasse eTectivo era necessrio esperar por um novo oramento para que essa despeza podesse ser includa na dotao da Academia, e que eu me expuzesse a passar por detrs dos membros da classe de litleratura, de quem;

dependia a approvao do Cancioneiro.latim!

Um

d'elles cria

que o texto do Cancioneiro era

No emtanto a Academia dassuas salas para celebraro pubhcofoi assistir

Sciencias gastava perto de dois contos de ris

em

adornaras

uma

sesso solemne, porque havia j dez annos que se no reunia;

sesso real, sem se lembrar de querer saber

em que se gastaram cen-

VIto e tantos contos

o QL-E YALE A INICIATIVA INDIVIDUALde ris n'esse intervallo de dez annos, porque as relaeslitterarias cora

as outras Academias da Europa conservam-se custa dasculo.

Memorias do

principio d'este s-

A par

d'esta negligencia nacional,

no estrangeiro o interesse

scientiflco

muitas vezes

se

occupou do passado histrico de Portugal; e no momentoofficial,

em quecom

a Academia se prepa-

rava para sacudir o p da velha rhetorica

para dar parte da compra insensata deo qual

um

casco de Diccionario portuguez por doze contos de ris, e

tem gasto sem

re-

sultado at ao presente perto de sete contos e quinhentos mil ris,liado por

um

erudito italiano, auxiori-

um

intelligente editor allemo, reslituia

nao porlugueza o livro das suas

gens

litterarias.

Era

uma vergonha

para esta corporao o ter pelo menos desde 1847 deixado esqueci-

do no archivo do Vaticano esse documento extraordinrio do nosso passado histrico. Nadase fez para o tornar accessivel aostos asito,

que estudam desajudados; porm nos assumptos proposde oiro de peso de cincoenta mil ris: Comporse

premio pela Academia, para o anno de 1876, appareceu o seguinte inexplicvel queao qual se promette

uma medalha

um

glossrio de palavras hoje obsoletas

ou antiquadas, que

leiam nos antigos Cancioneiros

PoRTUGUEZES, fazeudo sobreportuguezes,

ellas as observaes linguisticas e philologicas

que pareceremCancioneirostexto accessi-

convenientes^.)^ Isto revela-nos que algum na

Academia ouvira

fallar

em

mas que no

sabia que

um

glossrio se no pdc fazer

sem um

vel; ou que se pretendia supprir

com

este

novo subsidio as insanveis imperfeies do sup-

posto Diccionario de Ramalho e Sousa. Era tempo j do governoartigo dos estatutos

mandar pr em

pratica o

da Academia, que commina a excluso aos scios que durante dois an-

nos no apresentem trabalhos; assim se melhoravacluindo os inteis

uma

instituio admirvel e nica, ex-

que a desauctoram.illustre Monaci,

Havamos perdido toda a esperana de honrar o servio do

publicando

o nosso estudo fundamental sobre o Cancioneiro portuguez da Fazcana; faltava-nos s orecurso ultimo de publicarmos algumas restituies parciaes dos grupos de canes maislegiveis nas Revistas de philologia romnica,il-

na Romania, para cuja coUaborao nos con-

vidara

iMr.

Gaston Paris, ou na Zeitschrift fiir romanische Philologie, para onde nos convi-

dara o dr. Guslav Grber.N'estas circumstancias visiou-nos o dr. Francisco Ferraz de Macedo, medico pela escola

do Rio de Janeiro, onde exerce a

clinica,

por occasio da sua viagem pela Europa

;

soube

das difficuldades insuperveis que embaraavam a entrega d'este

monumento

nao por-

tugueza, e insurgiu-se pondo immediatamente s nossas ordens todos os meios materiaes

para que a edioblico.

critica do Cancioneiro portuguez da Bibliotheca do Vaticano viesse a puEmquanto os prncipes assignalara a sua passagem com salvas, fogos de vista e paradas de manequins, os que sabem o valor do trabalho e que tm amor de ptria deixam aps si monumentos que em todos os tempos so outros tantos estmulos de progresso. A

publicao do Cancioneiro portuguez da Vaticana deve-se exclusivamente ao patriotismo

do

dr. Francisco Ferraz

elles o seu

nome

ficar

de Macedo; os que estudam conhecero o valor d'este acto, e para sempre venerado. Desculpe-nos esta violao da modstia desinteres-

nome de quem por um sentimento de solidariedade dita de sciencias, com uma rica dotao, no soube fazer. Noemtanlo ocorpo dos PortugalicB Monumenta histrica continua consummindo quatrocentos c oitenta mil ris annuaes com um director a quem a Academia concedeu dois annos de aprendizagem espectante, e duzentos e quarenta mil ris com revisor, que nadarevc porsada, declarando contra sua vontade o

nacional praticou o que

uma Academia

que nada se imprime, e mais de quinhentos mil

ris a dois

paleographos que nada copiam.

Com

o poderoso subsidio annual de que dispe, a Academia das Sciencias devera ser

um

elemento civilisador n'este paiz, e no

um

asylo de mendicidade, dispcndendo esterilmente

'

Ses. sey conselhar, nem mi sab'ome oje recado dar se verra ced'e mays vos direy cn: nunca depoys dormi per boa f des que s'el foy, porque nom sey que

865 llir-vos fpieredes, amigo mays mi de vs mui cedo ? Ay, mha senhor, ey gram medo

tan triste que

me non

do tardar, ben vol-o digo, ca nunca tan cedo verrey que eu non cuyde que rnuylo tardey. Amigo, rogo-vos aqui que mui cedo vos venhades:

LOURENO JOGRAPi

163

Senon porque me rogades,c sey ben que ser assy, ca nunca lan cedo verrey

Dizcde, amigas, comigo o cantar do meu amigo.

que eu non cuj^de que muyto (ardey Amigo, vossa" prol ser^ poys que vos hides, de non tardar. Senhor, que prol m'hade jurar, ca sei ben quanto mh'averr, ca nunca lan cedo verrey que eu non cuyde que muyto lardey. E senhor, sempre cuydarey que tardo muyto, e que farey ? Meu amigo, eu vol-o direy,

868Assaz meu amigo trobador, ca nunca ss'ome defendeu melhor quanto sse torna en trobar do que ss'el defende por meu amor dos que van con el entenar. Pro o muytos vem cometer tan ben se sab'a todos defender, en seu trobar per boa f, que nunca o frobadores vencer poderem, tam trobador . Muytus cantares ha fey per mi mays o que lh'eu sempre mays gradeei de como sse ben defendeu nas entenes que eu d'el oy, sempre per meu amor venceu. E aquesto non sey eu per mi, senon por que o diz quen quer assy que o en trobar cometeu.

se assy for, gracil-vol-o-ey.

866Ilunha moa namorada hun cantar d'amor, e diss'ella: Noslro senhor, oj'eu foss'aventurada,dizia

que oyss'o meu amigo, com'eu este cantar digo. A moa ben parecia, e en sa voz manselinha cantou, e diss'a meninha:Prouguess'a sancta Maria, que oyss'o meu amigo,

869el

Amiga, des que meu amigo vi por mi morre, e eu ando desy

com'eu este cantar digo.Cantava muy de coraon, e mui fremosa estava, e disse quando cantava: Pe'eu a deus por pediom, que oyss'o meu amigo,

com'eu este cantar digo.

867Trs moas cantavam d'amor mui fremosinhas pastores, mui coytadas dos amoresc diss'end'unha

namorada. Des que o vi primeyro ihi faley, e el por mi morre e eu d'el fiquey namorada. Des que nos vimos assi nos aven el per mi morre, e eu ando pr en namorada. Des que nos vimus vedel-o que faz, el per mi morre, e eu and'assaz namorada.

870J'gora

meu amigo

filharia

mha

senhor:

Dized^amigas, comigo o cantar do meu amigo.

de mi o que el tinha por pouco de falar migo c tanfera louco, contra mi, que a vida mays querriae j fdharia se

Todas trs cantavam mui bem com' mdas namoradas, e dos amores coitadas,e diss'a per

m'eu quizesse

quem

perc'o sen:

Dized', amigas,

comigoamigo.

o cantar do

meu

migu'e nunca lh'al fezessc. Tan muyto mi dizen que coitado por mi des quando non falou comigo, que non dorme, nen ha sen comsigo, nem sabe de si parte nem mandado ;

de

falar

Que gram sabor eu avyade as oyr cantar entom, e prougue-mi de coraon quanto mha senhor dizia: Dized"amigas, comigo o cantar do meu amigo. E sse as eu mays oysse a que gram sabor estava e que muyto me pagava, de como mha senhor disse:

e j filharia se m'eu quisesse de falar migu'e nunca lh'al fezesse.

Ca esf Tome que mays demandava non ar quis que comigo falasse, e ora jura que j sse quitasse de gram sandi'en que m'ante falava; e j filharia se m'eu quizesse de falar migu'e nunca lh'al fezesse. E jura ben que nunca mi dissesse de lh'eu fazer rem que mal me'stevessee

164

CANCIONEIRO PORTUGUEZ DA VATICANAEu serey per el coitada poys el por mi coitado, se de deus ajades grado, madre ben aventurada, leixedes-mh'o hir veer.

j

En tal que comigo falar podesse non a preito que mi non fezesse.

871Amiga, quero-m'ora cousecer ando mays leda por hunha ren, porque dizen, que meu amigo ven mays a quen me vir querrey parecer triste quando souber que el verr,se

874Fuy eu, madr'a san Mamed'u me cuydey que.veess'o meu amigu'e non foy hi por mui fremosa que triste m'eu parti, e dix'eu como vos agora direy: poys hy non ven, sey hunha ren, por mi se perdeu, que nunca ihi fiz ben. Quand'eu a san Mamede fui e non vi meu amigo con quem quisera falar, a muy gram sabor nas ribeyras do mar sospirey no coraon e dix'assy pois hi non ven, sey hunha ren, por mi se perdeu, que nunca Ihi fiz ben. Depoys que fiz na ermida oraon e non vi o que mi queria gram ben, com gram pesar filhou-xi-me gram tristen, e dix'eu log'assy esta razon poys hi non ven, sey hunha ren, por mi se perdeu, que nunca Ihi fiz ben.

mays meu coraon muy ledo

ser.

Querrey andar triste por Ihy mostrar ca mi non praz, assi ds mi perdon', pro ai mi lenho eu no coraon mas a quem me vir querrey semelhar triste quando souber que el verr, mays meu coraon muy ledo ser. Pro, amigas, sempre receey d'andar triste quand'o gram prazer viir, mays ey-o de fazer por m 'encobrir, e fora de mi parecerey triste quando souber que el verr, mays meu coraom muy ledo ser.

GOLPARRO

872Mal fa'eu, velida, que ora non vou veer meu amigo, poys que me mandou que foss'eu con el en a sagraon fazer oraom a san Treeon d 'ir ey coraon a san Treeon. E nom me devedes, mha madr'a guardar, ca sse l non for, morrerey con pesar, ca hu ss'el hya disse-m'esta razon: fazer oraon a san Treeon d'ir ey coraon, a san Treeon.

875Amigo, se mi gram bem queredes,hid'a san Manied'e veer-m'edes;

non mi menades, amigo. Poys m'aqui ren nom podedes dizer, hid'u ajades comigo lezer; oje non mi menades, amigo. Serey vosqu'en san Mamede do mar, na ermida, se mh'o deus aguisar oje nom mi menades, amigo.oje

MARTIN DE GUZO (FRA\S?)

JOHAM DE CANGAS

876E como vyvo coytada, madre, pormeuamigoca m'envyou mandado, que se vay no ferido e por el vyvo coytada. Como vyvocoytada, madre, por meu amado, ca m'envyou mandado que se vay no fossado; e por el vyvo coytada. Cm'envyou mandado que se vay no ferido; eu a santa Ceclia de coraom o digo, e por el vyvo coytado. Ca m'envyou mandado que sse vay no fossado; en a santa Ceclia de coraom o falo e por el vyvo coytada.

873quevistel-o

.

En san Mamed'u sabedes

meuf

amigo,

oj'ouvera seer migo,

mha madre,O que

que devedes

leixedes-mh'o hir veer.vistes esse dia

andar per mi mui coyado, chegou-m'ora seu mandado, madre, per sancta Maria,leixedes rah'o hir veer.

E poys el foy da tal ventura que sofreu tan muyto mal per mi e ren non Ihi vai, mha madre, e per mesura,leixedes-mh'o hir veer.

877Se vos prouguer, madr'oj'este dia hirey oj'eu fazer oraom

MARTIN DEe chorar

GIIZO

165

muyfen

santa Ceclia,

880Ay vertudes de sancta Ceciha,que sanhudo que se foy hun dia o meu amigo e tem-se por morto e se ssa sanha non faz hy torto o meu amigo e tem-se por morto.;

meus, e de coraon, ca moyr'eu, madre, por meu amigo, e el morre por falar comigo. Se vos prouguer, madre, d'esta guisa hirey a l rahas candeas queimar, en o meu manfen a mha camisa a sanla Cecilia anfo seu altar; ca moyr'eu, madre, por meu amigo e el morre por falar comigo. Se me leixardes, mha madr'a la hir direy-vos ora o que vos farey, punharey sempre j de vos servir,d'estes olhos

Ay vertudes de sancta ermida, com gram pesar fez aquesta hidao

meu amigo;o

e tem-se por

morto

e se ssa sanha

non

faz hi torto

meu

amigo, e tem-se por morto.

e d'esta hida eel

muy leda verrey ca moyr'eu, madre, por meu amigo,morre porfalar

881veel-o, se verdad' que

comigo.

Non mi digades madre mal, e namorey

irey

878Treydes, ay mha maclr'eii romaria ora hu chamam sancta Ceciha, e louana hirey ca j hy esfo que namorey, e louana hirey. E treydes migo, madre, de grado, ca meu amigu' por mi coitado, e louana hirey; c ja hy esfo que namorey e louana hirey Orar hu chamam sancta Ceciha, poys m'aduss'o que ben queria, louana hirey ca j hy esfo que namorey louana hirey. Ca meu amigu' por mi coitado, e poys eu non farey seu mandado, e louana hirey

hu m'el

na ermida do Soveral, fez muylas vezes coytada estar, na ermida do Soveral. Non mi digades madre mal, se eu for

veel-o, s'en verdad' o mentidor,

na ermida do Soveral, hu m'el fez muytas vezes coytada estar na ermida do Soveral. Se el non ven hi, madre, sey que fareysen verdad'e eu morrerey na ermida do Soveral, hu m'el fez muytas vezes coytada estar na ermida do Soveral. Rogu'eu sancta Cecilia e noslro senhor, que ach'oj'eu hy maclr'o meu traedor na ermida do Soveral, hu m'el fez muytas vezes coytada estar na ermida do Soveral.el ser

882Nunca eu vi melhor ermida nem mais santa e que sse de mi enflnge e mi canta disserom-mi que a ssa coyta sempr'avanta por mi deus a-vos grado, e dizen-mi que cuydado por mi o perjurado. Martin Codaz, esta non acho fechada. .

caj hy

est o

que namorey

louana hirey.

879

ca

Nom poss'eu, madre, ir a sancta me guardados a noyf e o dia, do meu amigo.meu amigo.

Cecilia,

Non poss'eu, madr'aver gasalhado, ca me non leixades fazer mandado,do Ca me guarciades a noyf e o dia, morrer-vos-ey con aquesta peria, por meu amigo. Ca mi non leixades fazer mandado, raorrer-ves-ey com aqueste cuydado por meu amigo. Morrer-vos-ey com aquesta perfla,e sse

883 A do muy bon parecer mandou lo adufle tanger;louana, d'amores moyr'eu.

me ieixassedes con meu amigo.Morrer-vos-ey

hir guarria

A do muy bon semelhar jnandou lo adufe sonar; louana, d'amores moyr'eu. Mandou-fo adufe tanger e non Ihi davau lezer; louana, d'amores moyr'eu..

6 ss'er quiserdes hirey cora

com aqueste cuydado, mui de grado

iMandou-Fo aduTe sonar,e non Ihy

davam vagar

meu

amigo.

louana, d'amores moyr'eu.

166

CANCIONEIRO POETUGUEZ

M VATICANA887Ay, deus,^sab'ora,

t MARTIN

CODAX

meu

amigo,

884Ondas do mar de Vigo, vistes{^meu amigo? e ay, deus, se verr cedo Ondas d0 mar levado,

se

f

o

se vistes

meu amado?I

e ay, deus, se verr cedo

Se visles

meu

amigo,

n.

o porque eu sospiro ? e ay, deus, se verr cedo? Se vistes meu amado, o por que ey gr^m cuydado; e ay, deus, se verr cedo!

885ciAyL.

ca ven

Mandad' comigo, meu amigo;

com'eu senltieira estou en Vigo, /ajfe/7rw-x^^-cL e vou namorada! Ay deus,'^b'ora(Q)meu amado com'eu enVigo senilieira mar^; /aj^>v7a.tA/^*^ ?? e vou namorada!/ Com'eu senllieyfa estou en Vigo, e nu Ijas fardas non-soft^ migo; ^~ ^'e vou namorada! Com'eu serllhejra e^ Vigo man^o, yi e nu pias guardas migo non trago; e vou namorada. E nuljms gardas nom _comigo, -^^^ ergas, meus ol|os que choram migo -^ ^^ "^^ e vou namorada E nulhas gtardas migo non trago ergas, meus olf que chorai ambos e vou namorada.

1^

^

-,

^

hirey,

madr^

vy.vo!

,cLn^ ^^e^*^

Comigu^ mandado,

^

ca ven

meu amado;madrlevyvo

Jiiiy,

^^^^^'^

Ca ven meu amigo, u^u^ e ven san*^e vyvo; x^ux< f"l]irey, madr"^ vyvo Ca ven meu amado^ e ven vy v6)e sano hirey, madr'e vyvo Ca ven saifb vyvo, e d'el rey amigo ; hirey, madr'e vyvo! Ca ven vyv'e sano XA-,*^*.A-^e d'el rey privadohirey, madr'e vyvo

Quantas sabedes amar amigo, mar de Vigo, -. ocrr"*^^ e baii^ar-nosijhiemos nas ondas. QuanUs^saDedes d'am/r amado, o treydes^mmgd ao mar levado,__ ccry>tyc,^y^. ^ e bai^iwios-ffcmos nas ondas. Treydes comigo a;e( mar de Vigo, Xto foy profelizadT)

par

e cinco sinaes d in, seer o mundo assy Como miscrado, e ar lorMa ss'o moun pi'legtin;doii.^,

Joham Fernandes, creed'el'a mi, que soo home ben letrado.E se non f'()ss'o Anl-Clirislo nado non averria ei;lo que avem, Den Qar o senhor no malado; nen o malarlo nn senhor rem, nem ar liiria a Jherusalem Joham Fernande non bauliado-

1014Don Estevn fez sa par!i'oii con seus irmos e caeu mui iten en Lixhoa, e mal en Sanlarem, mays en Coymbra, caeu ben provado, caeu en Runa at en o ArnadO, en lodos Ires os portos que hy soh. Quem diz dEsleVan que non vee ben digu'eu que mente, ca diz rui jrram falha, e moslrar-lh'ey que non disse rem, nem recado que nulha rem valha; pro mostrado devya seer, ca nom pode per nulha rem veet* mal hom(^ que non voe nemigallia.E nem lhodiss'e sey

Maria do Grave, grav' de saber chamam Maria do Grave^ c vs non sodes grave db fiider, e pro sodes de foder mui grave e quer"eu gram cohhoceha dizer sen leterad'ou trobodor seer non pofome departir este grave. Mays eu sey ben trobar e ben ler, e quer"assy depaiMir este grave, vs nom sodes grav'eri pedir aver, pro vosso con e vs sodes grave a iquem vos fode muyto de foder, e por aquesto sse devVrilender porque Vos chamam Maria do Grave. \ poys vos assi deparli esle grave, lenho-me d'ora por muy Irobador, e bem vos juro, par nostrO senhor, que nunca eu achey tan grave com' Maiia, e j o provey de grave nunca poys molher achey que a mi fosse de foder tan grave.pot'qe vos

1017Luzia Sanches, jazedes en gram falha

que

lh'o

non

diria

ca vee mal se mijjfo falass'ante, ou se o viss'andar fora da vya, como o eu vi en junl'a Amarante, (|ue non sabia sayr d'uu lojal por eu vos di^^o que non ve mal, quem vee de redo quant deante.

comigo que non fodo mays nemigalha (Tua vez e poys fodo, se deus mi valha,;

1015

Don Estevam, que Ihi non frradeccdes qual doayro vos deu nostro senhor, e como faz de vs aver sabor 1 os (|ue vos vem que vos non veedes; e ai hy devedes a^^adecer, como vos faz antr'os boos caer, c anlr'os mos que ben vs caedes. E hu vosjo-^aron ou hu vs jo^^ades'

iquenrafronlado ben por tercer dia; par deus. Luzia Sanches, dona Luzia, se eu foder vos podesse foder-vos-hya. Vejo-vos jazer comigo muyfagravada, Luzia Sanches, porque non fodo nada, mays se eu vos per hy ouvesse pagada, poys eu foder non posso, pagar-vos-ya ; par deus, Luzia Sanches, dona Luzia, se eu foder vos podesse, foder- vos-liya. Deu-mh'o demo esta pissua cativa

que j non pode sol cospir a salyva, e de [)ram semelha mays morta ca vyva, e sse lh'ardess'a casa non s"ergueria;

mui ben caedes en qual

(festas quer,

cn falardes con toda rnolher, ben caedes e hu (juer que lalades e anfel rey miiylo caedes ben, se quer manjar nunca Iam pouco leu de que vs vossa parte non ajades.

par deus, Luzia Sanches, dona Luzia, se eu foder- vos jiodesse, foder-vos hya. Deylaram-vos comigo os meus pecados, cuydades de mi preylus tan desguisados, cuydades dos colhes que trag'in''hados, ca o son con foder e con malouria par deus. Luzia Sanches, (hma Luzia, se eu foder-vos podesse, foder-vos-hya.

JOHAM SOARES COELHO1018Jograr mal desemparadofuy eu pelo teu pescar,

d

como que

ouvli'a

envyar

a rua por pescado ; por en(l'o don que t'ey dado quer'ora de li levar.Assi cli'o dei preilejado

ca todos Irez eram senhores hy, das comendas comendadores estes; e par estes mh' tan ben que m' mal, mays ar quer'ora de vs saber ai que mi digades do que non aprendestes. Vs don Vaasc'ora me cometestesd'outros preytos, des y ar dig'assy, nori mi deu algo pro lh'o pcdy,

que m'ouves('a escusar da rua, e vs, jograr, poys me non as escusado, hun don e linho dobrado pensa ora de mli'o dar. Non li baralh'eu mercado

o Priol, e fod'y e vs fedestes con Roy Gil, e meus preytos talhey,

nem

queria baralhar,

mays ouYeste-m'a pagarnonen Iruylas, e poys p.agado nih'as ds como fei contado er pensa de mi contar.

con frey Rodrigu'e raentiu-m'os, e sey por aquesta sa fazenda d'aquestes. Pro Martiiz, respondestes tan ben, en tod'esto, que foystes hy con sen de Irobador, e cuyd'eu que leestes. Vos donVaasco, tod'esso-m' ben, ey sis'e sey trobar e leo ben, mays que tard'i que mlfo vs entendestes.

1021 1019Vedes, Picandon, soo maravilhado eu d'en Sordel, que ouo entenes muytas e boas, ey mui boos soes como fui en teu preyto tan errado; poys non sabedes jograria fazer, porque vos fez per corte guarecer, ou vs ou el dad'ende bon recado. Joham Soares, logo vos dado e mostrar- vo-lo-ey en poucas razes; gram dereyfey de ganhar does, e de seer en corte tan preado, como segrel que diga, mui ben vs, en canes e cobras e sirvents, e que seja de falimento guardado. Picandon, por vos vs muyto loardes nom vol-o cataram per cortesia nen por entrardes na tafularia, nem por beverdes, nem por pelejardes 6 se vos esto contarem per prez, nunca nostro senhor tan cor tez fez como vs sodes se o ben catardes.

Bon casamenfc pro sen gram milho en a porta do lerr'unlia tendeyra, e direy-vos com'e de qual maneyra: pra ric'ome que non pod'aver ilho nen filha pod'el a fazer con aquela, que faz cada raez filho. ben rai venha, E de min vos dig'assy

sse ric'ome fosse e grand'aIg'ouvesse,

a quen leixar meu aver e mha erdade, eu casaria, digades verdade, con aquela que cada mez emprenha. E ben seria meu mal e meu dano per boa f e mha menos ventura, e meu pecado grave sen mesura, poys que eu com a tal molher casasse se hia vez de min non emprenhasse, poys emprenha doze vezes no anno.

1020Pro Martiiz, ora por caridade vs que vos teedes por sabedor, dizede-mi quen comendador, en o Espitai ora da escassidade, ou na franqueza, ou quen no forniz, ou quen en quanto mal sse fez e diz, se o sabedes dizede verdade. Poys donVaasc'un pouco m'ascoytade: os que mal fazen e dizen son mil, en o forniz' don Roy Gil, e Roy Martiiz en a falsisdade, e en a escasseza o seu Priol, non vos pod'om'esto partir melhor, se mays quiserdes por mais perguntado. Pro Martiiz, mui ben respondestes, pro sabia-m'eu esto per min.

Joham Soares, por me deostardes non perc'eu por esso mha jograria, e a vs, senhor, melhor estaria,d'a tod'ome de segrel

bem

buscardes;

ca eu sey canes muytas c canto bem, e guardo-me de todo falimen,e cantarey cada e do

Senhor, conhosco-mi-vos, Picandon,dixi

que

me mandardes.

que

peo-vos perdon,

e gracir-vor-ey se

mi perdoarcles. Joham Soares, mui de coraon vos perdoarei que mi dedes don, e mi busquedes prol per hu andardes.

1022

Quem ama deus, Louren', ama verdade,e farey-ch'entender

porque o digo.

194

CANCIONEIllO POIITUGUEZ

M VATICAKA

furta a seu amigo semelha ramo de deslealdade; e tu dizes que enlenes faes que poys non riman e son desiguaes, sey-m'eu que x'as faz Johan de Guylhade.

home que entenon

Joham Soares, ora m'ascuytade; eu ouvi sempre lealdade migo, e quem tam gram parle ouvesse sigo en trobar com'eu ey par caridade, )em podia fazer entenes quaesfossenla

bem

feytas, e direy-vos

mays

con Joham Garcia baralade. Pro Loureno, pro Teu oya tenon desigual e que non rimava, pro qu'essa entenon de ti falava, demo lev'esso que t'eu criia, ca non cuydey que entenon soubesses tan desigual fazer nen n'a fezesses, mas sey-m eu que x'a fez Johan Garcia. Joham Soares, par saneia Maria, liz eu entenon e bem a iguava com outro trobador que ben trobava, e de ns ambos bem feyla seria;

E oy n'outro dia eu queixar hus coleyfas e outras cochoas, e u meyrinho Ihis disse: varas, e non vos queixedes, c se eu tornar eu vos farey que nenhum trobador non trobe en talho se non de qual for, nen ar trobe por mays altas pessoas. Ca mand'al rey, porque a en despeito, que Irobem os melhores trobadores polas mays altas donas e melhores, e tem assy per razon con proveito; e o coteyfe que for trobador trobe, mays cham' a coteyfa senhor,andaram os preylus com dereyto. E o vilo que trobar souber que trob'e chame senhor sa molher, e aver cada Imu o seu dereito.e

1025Martin Alvelo,d'esse teu cabeloti

falarey j,

e

non vol-o poss'eu mays

jurar,

cata capelo

mays

sse trobador migu'entenar

que punhas sobr'eloca

defender-mi-lh'ei

mui ben todavya.

muy

mester ch'a;

ca o topete

1023Don Buytorora, o que vos a vs deu sobre los trobadores a julgar, ou non sabia que x'era trobar, ou sabia como vos trobey eu, que trobey duas vezes mui ben e se vos el fez juyz por en de vos julgardes outorgo-voreu. E sse vos el por esto fez juyzdonVuytoron devedeF-a seer,ca vos soub'eu dous cantares fazer sen outros sex ou sete que vos fiz,

poys mete, ca os mays de setee mays hu mays ha, muytos que vejo

sobejo,

e que grand'entejo

en toda molher a. E das trincheyras, e das transmoleyras ti quero dizer, vejo-ch'as veyrase

von nas carreyras

polas deTender;

porque devedes julgar com razonjulgad'os cantares que vos eu fiz. E pois julgardes como vos trobey e ar chamad'o comendador hy

ca a velhice poys crecer, sol non quer sandice ai de fazer,ca essa cinta

comendador sen mi de mhas comendas per fora de rey, e o que ora nas alas est se o eu deitey entregar-mh'as a,([ue fezeron

mal pinta e que vai a enfinta hu no ha foder ?Messa os caose sinus saimos e non ch'a mester,

ca todas estas son foradas de rey.

1024Johan Garcia tal se foy loar e enfenger que dava sas doas, e que trobava por donas muy boas, e oy end'o meyrinho queyxar, 6 dizer que far, se deus quizer, que non trobe quen trobar non dever por ricas donas nen por infanas.

panos louos;abride-las

mos

ca toda molher o tempo cata

quen

s'ata

a esta barata

que fora

disser,

d'encobrira ns con panos

JOHAM SERVANBOaqiiesles enganos, per rem non os quer.

19

e deron-lhi linguados por melhoria,

ROY PAES DE RIBEDI

que nunca vi tan poucos des que napy eu cora os apartados fui enton hy apartado da vida e non comi. Direy-vos como forom hy apartados,;,;to

1026Mala ventura mi venha, eu pola de Belenha lcl'a mores ey mal E confonda-me san Marcos,."\

se"

derom-lhis das fanegas e dos pescados a tanto, per que foran muy lazerados, que des quando foy nado nunca chus vi eu com os apartados l'uy enton hy, apartado da vida e non comi. Apartarom-sse d'ellcs por comer bem

se pola donzela d'Arcos

(d^amores ei ma .\ Mal mi venha cada dia, se eu por dona Maria 'd"amores cy mal. Fernan dEscalho me pique, se eu por de VyrilanriqueI

melhor que comeriam em almazem, e pois quando os erguer non podiamtirar

cm

muy bem

as pernas ar c'a ssy,

eu com os apartados ffoy enton hy apartado da vida e non comi.

1030Don Domingo Caorinha non a proede sobir em Marinha, ca ja doe quancVela jaz, a sobrinha

Ld'amjOTes^e^jnaLj

1027

Ven hu ric'ome das truylas que compra duas por muytas, e coz'end'a hunha! Por quanto xi quer apenas, compra en duas pequenas, e coz'end'a hunha. Venden cem truytas vivas, e compra en duas cativas e coz'end'a hunha! E hu as venden bolindo vay-ss'en con duas riindo, e coz'end'a hunha

mal assoea grossa pixa

mesquinha

que

no seu cono me; por aquesto, don Domingo, non digades que m'enfingo de trobar,Ihi

e d'oulra cinta

me

cingo

'

e d'outra Marinh'olhar.

Don Domingo, a deus loadod'aqui ataa

em

Toledo,

I

nom ha

clrigo prelado

que non tenha o Degredo;

JOHAM 8ERVAND0

e vs Marinha, co^dedo

avedel-o con'husado

1028Es'a sela

muyto dura

e dura sa pregadura,

que non pode teer medo; por aquesto, don Domingo, non digades ca mVnfingo de trobar,e d'outra cinta

mais non a Fr' de Castela, ay novel, non vos a prol de Iragerdes mais a sela. J a sela dava mal e quebra o peytural, per hu se ten a fivela; ay novel, non vos a prol, de tragerdes mais a sela. Ja ss'a sela vay husando, e dixo Joham Servando, que muyto vosco revela ay novel, non vos ha prol de Iragerdes mais a sela.

me

cingo,

e d^outra Marinh'oIhar.

Dom Domingo, non podedesco's cales

que com a pissa tragedesa Marinha pelos peixes mays com m a fodedes e sobedes e decedes; brad'eii os cantes por aquesto, don Domingo, non digades ca m'enfmgo

de trobar,e d'outra cinta

me

cingo

e d'outra Marinha olhar..

1029

Dom Domingo,

vossa vida

Comeron infanes en outro dia apartados na feyra de sineta Maria,

pa, pois Marinha jaz transida e sem ca;

com

196

CANCIONEIRO TORTUGUEZ DA VATICANAe vejo- te trobares cousir, e loar-te ; mais hu cousa scy,

porque vos aa sobida cansou essa cordovaficcm-vol-a pissa 'espida,

que ja xe vosnon

esfreia;

de tod'omen que enlendudo for, non aver en-teu cantar sabor,

por aqueslo, don Domingo,dig-ades ca m'enringo,

nem

ch'o colheram

Rodrigu"Eanes, hu

em

casa d"el rey. meu cantar for

de Irobar,6 d 'outra cinta

me

cingo,

e d'Gu!ra Marinha olhar.

non aclia rey nem emperador que o non colha, muy ben eu o sey. Loureno, tenho que s chufador,e vejo-fora muy gram loador de pouco, se non ch'o creerey.

1081De quanl'og'eu no mundo queria quen infanpun nen ao sendal aven, ca Ihi pedi os panos que Iragia e disse-m'el o que teve por bem,a

1033Pedr'Amigo duas sobervas faz ao tro])ar, e qucixa-sse muyt^en o trobar, aquesto sey eu muy bem, ca diz que Ihi fazem de mal assaz; com seus cantares vai-u escarnir^ ar diz que o leix'eu, que sey seguir o trobar e todo quanfen el jaz. E aquestas sobervas duas som, que Pedr'Amigo em trobar vay fazer, en a hu vay-o escarnecer con seus cantares sempre en seu son; en a outra vay, he min de loor, d'esto se queixa muy mal o trojador, ca ten comigu'en toda razon. Mais dizede porque lh'o soffrereya Pedr'Amigo se

ca os queria trager a seu sen,e pois

na cima que mh'os non daria.

E pois l'ouv'i hos panos periado enton punhey mais en ]h'os pedir, e disse-m'el: muy foy eu pagado, hide-vos alhur e quando- vos ar vir querrey os panos ante vs cobrir que sejades d'elles de segurado. E porem seerey ja sempre do seu lado, per como m'ele os panos mandou, hu me par'cia d'el desconfortado foy-me chamar, e des hu me chamou Joham Servando, pro m^assy vou non vos darey os panos a meu grado.

me mal

disser

LOURENO jograr

de meus mesteres, poiLos bem fezer, e de mais o trobar de mi j partirey s'el sem conhocer per ficar do que me diz que quer vecr,

que fazo bem esta que

me

filhey.

1032Rodrigu'Eanes, queria saber de vs porque m'hides sempre travar

1034O^iero que julguedes. Fero Garcia, d'antre min e todolos trobadores

em meuse a vs

cantares, ca ssey

bem

trobar,

nunca vos vimos fazer

cantar d'amor,sse querede-ro

nem

d'araigo; e por en

que eu fao bem

d'amar terran-vos por sem conhecer.ente

Loureno, tu fazes hi leu prazer quereres tan muyto loar,

que de meu trobar som desdezidores, poys que eu ey muy gram sabedoria de trobar e do mui bem fazer; se ey culpa no que me vam dizervingade-o sen toda bandoria.

ca nunca te vimos fazer cantar que ch'eu querra, nen o demo dizer;

com'esso diz Servand'y hu rcm, que es omen mui comprido de sen, 8 bon meestre que sabes leer. Rodrigu'Eanes, sempr'eu loarey os cantares que muy bem fectos viir, quaes eu fao, e quem os oyr pagar-ss'a d'e]les; mays vos eu direy dos sarilhos sodes vs trobador, ca non fazedes um cantar d 'amor por nulha guisa qual eu farey. Louren" Eanes, terras hu eu andcy non vi vilam tan mal departir,

Don Loureno, muyto me comeledes, muyto vos ar loades, e dizem esses cora que vs trobades, que de trobar nulha rem non sabedes;e en trobar

nem

rimados,

nem sabedes

iguar,

e pois vos assy travan en trobar

do vosso julgar, senhor, nora me coitedes. Dom Pedro, eu como vos ou'i falar hu vs bera non sabedes julgar, ora dos outros oTereom ayedes. Dom Loureno, vejo i vos profaar, mais quem nora rima, nem sabe iguar se eu juizo dou queyxar-vos-edes.

o CONDE DON PEDRO, DE PORTUGAL

197

1035Joliam Vaasquez, moiro por saber de vs porque me leixasles o trobar, ou se foy el vos primeiro leixar, ca vedes o que ouo a lodos dizer:

ca o trobar acordou-s'en a

tal

que estava vosco en pecado mortal, e leixa-vos por se non perder.Loureno, tu ves por aprender de min, e cu non ch'o quero negar, eu trobo ben quanto quero trobar, pro nom o quero sempre fazer mais di-me, ti que trobas desigual, se te deitam por en de Portugal, ou se mataste homem ou se roubaste aver. Joham Vaasquez, nunca roubei rem nem maley homem, nem ar mereci porque mi deitassem, mais vii aqui por ganhar algo, e pois sey iguar-mi bem como o trobar vosso, mais estou que se perdia tan vosqu'e quitousse de vs, e nom trobades por en..

porque lhe dizem que he mal feylor; na ssa terra esl" cousa certa, ca diz que se quer hyr, et per hu for levar cabea dcscuberla. El entende que faz ai rey pesar lh'y na terr"aqui mais morar, se por en quer hir sa guarida buscar, com gram despeitem terra deserta; et diz que pode per hu for levar sempr^a cabea bem descuberla.

1038Esta cantiga foy feita a Miguel Vivas, que foy Enleyto de Viseu, et a Moniz Loureno de Beja.

1036

(viD.

472)

Os privados que d'el rey ham, por mal de muytos, gram poder, seu saber juntar aver, e non no comen, nen o dam mays profaar de quem o d, e de quanto no reyno ha, se compre todo seu talam. Os que trabalham de servir;

Vs que sodes en corte morar, d'esses privados queria saber se lhes ha privana muifa durar, ca os nom vejo dar nem despender; ante lhes vejo tomar e pidir, e os que nom querem dar ou servir

el-rey por tirar galardon, s' do seu bando ou se non som,

logo punham*de lh'o partir o que d'el rey quiser tirar bem sem servir, se Ihis peitaravel o-a d'u To pedir. Seu sen e seu saber tal qual vos ca j' gora contey,e fazem ai que vos direi, que he muy peior que o ai hu s'el-rey mov*a fazer bem com'c razon, pesa-lhes er et razoam o bem por mal. E hu compre conselh'ousen a seu senhor, nom sabem rem, se

nom podem rem com

el

rey ahibar.

D'esses privados nom sei mais falar senon que lhes vejo mui gram poder, e grandes rendas et casas gaanhar, e vejo a gente toda empobreceret

com pobreza da

terra sair,

e ha el rey sabor de os oyr, mais eu nom sei que lhe v conselhar.

Sodes de corte et nom sabedes rem, ca mester faz a todo homem que d, pois a corte por livrar algo vem c'ali dar non quer, por seu sabor he; poys na crfhomem non livra por ai, pense de dar, nom se trabalhe d'al,ca os privados querem que lhes dm.

nom em

todo desigual.

1039Ilui cavaleyro avya tenda muy fremosa, que cada que n'ella siia assaz lh' tam saborosa

hia

dei rey

Esla cantiga de cima foy feita em tempo don Affonso, a seus privados.

e hu dia pela sesta hu estava bem armada, de cada parte espetadafoy toda pela mceslra. Na tenda nom ficou pano,

O CONDE D0\ PCDUO, de Portugal

103TEsta cantiga foy feita a

nemhu escudeiro que an-

cordas,

nem guarnimento,

dou a alem-mar,Alvar Roiz,

e dizia

que fora a

lo

mouro.

que toda nom foss'a dano, pelo apoderamento da maestra, que tirandofoy tanto pelo eslco

sabe

bem

monteyro mayor, qu'a-lhi el-rey desamor,

que por

esto,

com'eu creo,

se foy toda espetando.

198

CANCIOXEIPtO rOETUGUEZ

DA VATICAXA

A corda foy cm pedapos mays do ai perdudo, mays ficaron-lhy dous maos icand'o esleo rompudo; e a maestra meludae o

por sobrenome Camela, e a huu homem que avya nome Joham Mariz, por sobrenome Bodalho, e era naticio de Bragaa.

cm

grand'estaca jazendo, e foy-s'a tenda perdendo assy como he perduda. Per mingua de boo meestre

1041

Mandey pedir n'outro diahui alao a

Paay Varella,

porqu'ei hue diss'ell

mha

cadella,

pereceu tod'a tenda, que nunca sse d'ela preste pra dom, nom pra venda; ca leyxou com mal recado a meeslra tirar tanto da tenda, que ja quantoavia sse era porfaado./

que mh'o daria; e per como mh'o-el d eu hen cuydo qu'ell verr

quand'aqui veer Messya. Outrossy Pro Marinho dous sabujos mh"a mandado la da serra e de montado, e disse-me huu sseu mininho

Esta cantiga de cima foy fecta a huiv meesd'ordim de cavalaria, porque avya sa harraga, e fazia seus filhos en ela ante que ffosse meestre, e depoys c'avya Ima tenda emtre

que bem certo

foss'eu d'isto;

Jxhoa em que tragia mui grande aver a guaanho, e aquela sa harraga quitando -lliy algus dinheiros q viinh da terra da Horden et que o maestre y non era envyava-os a aquela tenda porque gaanhasen con elles pra sseos filhos,' e depoys tiraron ende os dineros da tenda e deron-os em outros prazos pra gaanharem com elles e ficou a tenda desfeita e non leyxou por en o meestre depoys a gaanhar.

poys ver o Ante-Christo verr con el por camynho. Eu nom foy home de siso hu mh'as promessas fazian, duvydando c que verrian, e entolha-xe-me riso de que o foy duvydando poys sey que verram quando for todus noparayso.Esta cantiga foy fecta aestes cavalleyros

1040Natura das animalhas que som d'u semelhana de fazerem criana

que aquy conta, que remeterom. ca huu alo et sabujos segundo s'aqui escreveo e pro que INos temian a sopear, que os quiseram dar, e o conde fez-lhis poren esta cantiga.

1042Martin Vasques n'outro dia hu estava en Lixboa,

mais des que som fodimalhas;vej'ora estranho talho,

qual nunca cuydey que visse, que emprenliass'e parisse a Camela do Bodalho. As que som d'ua naturajuntam-s'a certas sazes e fazem sas criaes, mays vejo j criatura

mandou

fazer gram coroa, ca vyo per estrologia que averia igreja grande, qual ca el deseja,

ond'eu nom cuydey veel-a e por en me maravilho de Bodalho fazer fihio per natura na Camela. As que som per natureza corpos d'ua parecena juntam-s'e azen nacena, esto he sa dereyleza; mays non coydey em mha vida

de mil libras cm valia. E diz que vio na estrela pro que a nom domando, d"aver egreja mui grandeca

.^

nom

egreja jjiessela^

(X

ca da

pequena nom cura,

ca lhe seria loucura d'el aver a curar d 'ela. E diz que vio na lua

que averia sem contendaegreja dee

muy gram

renda,

que Camela se juntasse com Bodalh'e emprenhasse, e de mays seer d'el parida.,

Esta cantiga de cima ffoy feta a ha do-

na d'ordym^ que chamavam Moor Martins

non ca non pequena e nua e porque lhe vay tardando el vai-sse muito agravando porque lhe non dam nenhja. El a cercou na espera qual planeta tem por doa que lh'a outorgasse pessoa.

.

IIOY

PAEZ DE RIBELAque me queirades mal por eu eu sempre querrey bem. Senhor, sempre vos querrey ben at que moyr'ou perca o sen.j vos

199

Esta cantiga suso escripta, que se comenjuntou a as que no outro dia fez o Conde a hu jograr que avya nome Martin Vaasques, et prezava-se que sabya d' estrologia et non sabia em nada, e colheu ai vaydade na mao ca avya d'aver egreja de Milhas ou de Silves et juntou infantes et mandou fazer coroa e con cavalarya foy-se a Alem-Dnyro et non ouve nemigalha, e o Conde fez-lhi estata, se

ROY PAEZ DE RIBELA

1045A donzela de Bizcaia ainda rali'a preyto saya, de noyte ao lunar. Poys m'agora assy desdenha, ainda mh'a preito venha de noyte ao luar. Poys d'ela so mal treito, ainda mi venha a preito de noyte ao luar.

cantiga.

1043Diz Jia cantiga de vilaoo pee d'hua torrebaila corp'e giolo;

vedes o cs^ ay cavaleyro.

e

JOHAM DE GAYA,Vosso pay na rua

escudfyro

1046Perg-untad'un ric'ome,'

anfa porta sua,

vedel-o cs, ay cavaleyro.

Anfa

ssa pousada

emem

say'apretada,

vedel-o cs, ay cavaleyro. En meio da praa

saya de barapa, vedel-o cs, ay cavaleyro

que mal come, porque o faz ? El de fam'e de sede mata home, ben o sabede porque o faz ? Mal com'e faz nemiga, dizede-lhi que diga porque o faz ?rico

mui

Esta cantiga seguiu Joham de Gaya por aquella de cima, de vilaas, que diz a refrem: vedel-o cs, ay cavaleyro; e feze-a a h vilao que foij alfayate do bispo don Domingos Jardo, de Lixboa, ca avya nome Vicente Domingues, e depoys pose-lhy nome o bispo Joham Fernandes et fese-o servir ante sy de cosinha et talhar anfel, et feze-o el rey Dom Denys cavaleyro e depois morou na freguesia de Sam Nicolaao et chamaram-lhy Joham Fernandes de Sam Nicolaao.

1047

Hun ric'omaz, hun ric'omaz que de mos jantares faz, quanta carne manda a cozerquand'ome vay pola veer muyto non merger sol non pode veer hu jaz; hun ric'omaz, h ric'omaz que de mos jantares faz.se s'ante

-

1044Vej'eu muy bera que por amor que vos ey me queredes mal, el querovos eu dizer ai per boa f, ay mha senhor: que me queirades mal por en, j vos eu sempre querrey ben. E mha senhor, per boa f poys soubestes que vos amey, me desamastes, eu o sey, mays per deus, que no ceo s' que me queyrades mal por en, j vos eu sempre querrey ben. i\Ieu coraon non se partiu poys vos vyu de vos muyfamar;e vs tomastes en pesar, e por deus

Quem vee qual cozinha tem de carne se s'y non detm nom poder estimar bem se x'est carne, se pescaz; hu ric'omaz, hii ric'omaz que de mos jantares faz.1048Comendador, hu m'eu quyteide vs e vos encomendey a mha molher, per quanfeu sey que Ihi vs fezestes d'amor, tenhades vs comendador com&ndad'o demo mayor.

Ca muyto a

fostes servir

nom

vol-o poss'eu gracir,

que nunca mentiu,

mays poyl' a vs fostes comprir de quanfela ouve sabor, tenhades vs comendador comendad'o demo mavor.

200

CAXCIOXEIllO POEITOUEZE dizer- vos quer' unha rem,

DA VATICANAprol vos tem,

mays ora que

ela per servida sse len

a pagar a farinha,

de vs, e poys que vos quer bem, como quer a min ou melhor, tenhades vs comendador comendad'o demo mayor.

poyFas non catastes ben.

1052Moyr eu aqui da de Sory, moyro d 'amor, e averia gram sabor de comer se tevesse pame dizen ca'

1049Maj'ia Genta, Maria Geuta dasaya pintada, hu massastes esta noyle, ou quenpoz cevada?

e, amig-o, direi-vos ai

Alva, abriades-ra'a

l.

Albergamos eu e outra na carreyra, e rapazes com, amores furtan ceveyra.Alva, abriades-m'ael.

Hu eu m'oj'aquesta noyte ouvy gram cea, rapazes com amor furtan ava;Alva, abriades-m'al.

moyr'eu do que en Portug-al morreu don Poupo de Bayam. E quanlus m'est'a mi difam que nom posso comer d'amor, cf Ihis deus tam gram sabor com'end'eu ey, e veram que a gram coita de comer

quem1050

dinheiros

de que o compr'c

nom pod'aver nom 1h'o dam.1053

Meu senhor,

se vos aprouguer,

comendador, dade-mi mha molher, e se vol-a eu outra vez ar der de mi, d-vos muita de maa ventura; comendador, dade-rai mha molher que vos dey e fazede mesura. De fazer filhos m' mester, comendador, dade mha molher,e dar-vos-ey outra d'Alanquer

en que percades a calentura; comendador, dade mha molher que vos dey e fazede mesura.

PRO BAIUIOSO

lOlPro Loureno, comprastes

Sey eu hun ric'ome, se deus mi perdon', pendon, e con tod'est'assy mi venha ben, nom pod'el rey saber per nulha rem quando sse vay, nem sabe quando ven. E trage tenda e trage manjar, ~e ssa cozinha hu faz seu jantar, e con tod'esto, se mi venha l)en, nom pod'el rey saber pci- nulha rem quando sse vay, nem sabe quando ven, Trage reposte e trage 'scanam, e trage saquiteyro que Ihi d pam, e com lod'esto, si mi venha ben, non pod'el rey saber per nulha rem quando se vay, nen sabe quando ven.

que

traj'alferez e trage

hunhas casas, e mercastesd'elas mal, pro catastes

1054

anfas casas e por en, por deus vs vos enganhastes que as non catastes ben. Poys vos non deron hy orto por entrada de morto, vos tenh'oj'eu mays conhorto ca de vs, per hua rem, que se faz em vosso torto que as nom catastes ben.Se vs, como home dereilo as paredes e o leyto catassedes, gram preveilo vos ou vera a meu sen vs sofred'end'o despeito que as non catastes ben. Poys non vistes hy corlinha nem paao, nem cosinha, respondestes vs azinha;

Hun ryc'ome que oj'eu sey que na guerra non foy aqui, vem mui sanhudo e diz assycomo vos agoradiz

direy

que ten terra qual pediu, mays porque a nunca servyua

muy gram

querela d'el-rey.

deus mi perdon', des que vyu que era paz,El veo, sse

ben

Ihi

venha se bencl tal

faz,

razon; diz que ten terra qual pediu, mays porque a nunca serviu contra el rey anda muy felon. Pro na guerra nom fez ben nen mal, qiie nom (]uis hy viir, con coita d'el rey non servir, pro mostra el hua rem diz que tem terra qual pediu.

pcro mostra

JOHAM DE GAYAmayS porque a nunca serviu ai rey quer mui mal por en.Sanhudo vem conlr'el rey j, ca hu foy mester nom chegou, e mais de mil vezes jurou que da terra nom sayr diz que tem terra qual pediu, mais porque nunca a serviu ai ley mui gram mal por en querrd.

201

vedes por que, ca non achei razon porque vos d"ela podesse trobar; poys hy non fostes mays Irobar-vos-ey de muytas cousas que vos eu direy do que vos non sabedes guardar. Se deus mi valha, vedes porque non

non trobey d'Acri, nem d'esse logar, porque nom virom quantos aqui som que nunca vs passastes alen-mar; e da terra hu non fostes non sey,

1055Chegou aqui don Foam mui ben guysado, pro non veo ao mayo por nom chegar endoado; demoslhi ns hunha maya das que fazemos no mayo. Per boa f, ben guysado chegou aqui don Foam, pro non veo no mayo, mays por non chegar em vo, demos-lhi ns hunha maya das que fezemos no mayo. Porque ve ben guisadoe veo.

como vos trobei, mays saber-vos-ey as manhas que vs avedes contar.

JOHAM DE GAYA,

escudeyro

1058

se

Como asn'era mercado vendeo hun cavaleyro

com lenda

e

com

reposte,

de Sanhoan'a janeyro, trs vezes este provado pro se oj'este dia lh'outrem der mayor contia ficar con el de grado.El foy comprado trez vezes, ogano de trez senhores, el xe sab'en os melhores, ca non ha mays de sex mezes ca el ten que todavia ade pagar en contiia en panos ou en torneses. Se mays senhores achara ca os trez que o comprron os sex mezes non passarem que el com mays non ficara mais est-x' em sa perua empenhando cada dia, ca el non se desempara.

pro non veo en o mayo

nen ve a Pindecoste, demos-lhi ns hunha maya das que fezemos no mayo.Poys traz reposte e lenda

em que

sse lenh'a vio,

pro non veo no mayodemos-lhi ns hunha maya das que fezemos no mayo.

1056Meu senhor,direi-vos ora

pela carreira de Mora, hu vs j passastes fora,e con vosco os de Touro,

ca pro que algum chora tragu'eu o our'e o mouro.

Fero non vos custou nada

nem mha tornada, mha espada e com meu cavalo louro, bem da vila de Graada

mha

Esta cantiga foi feda a hun cavaleyro que ouve nome Fernam Vaasques Pimentel que foy primeiro vasalo do Conde dom Pedro poys partiu-se d' ele e foi-sse pra dom Joiam Affonso d' Alboquerque seu sobrinho^ n depoyspartiu-sse pra o Inffante dom Ajfonso filho d'el rey dom Denis, que depoys foy rey de

yda,

gradades com

Portugaly e todo esto foy

em

sex meses.

tragu'eu o our'e o mouro. Meu senhor, que vos semelha do que xe vosc'aparelha8 vos anda na orelha,

1059Se eu, amigus, hu he mha senhor viver ousasse, por tod'outro ben que deus no mundo a outro pecador fazer quizesse, eu j per boa f ren non daria, mays poys assi heet

rogindo como abesouro, Roy Gomes de Telha, tragu'eu o our'e o mouro.

1057Pro d'Ambroa, se deus mi perdon' non vos trobey da terra d'ultramar,20

que non ous'i a viver, conven Que moyr'amigus ca nom sey eu quem;

viver podesse, poys nom ousass'ir hu est aquela que sa vida ten

202

CANCIONEIRO PORTUGUEZ DA VATICANAet

en seu poder

seu

bem

e seu

mal

como ela ten de mi et non me vai rem contra ela, nem me vai servir Ela que amo; pro que mh'oyr non quer mha coyta, nem me quer hy dar

ca todo he em vosso poder et, senhor, preguntar-vos ey por servio que vos busquey se ey por en morfa prender?

nem quer consentir nem que more Im a veer possa per bem, et meu grani bem querer cl meu servio todo s'aprobar.conselho, amigus,

que a

veja,

1062

Eu convidey hu prelado a jantar, se ben me venha diss'el en estes meus narizesde color de berengenha: vs avedel-os olhos verdes, et matar-m'iades con eles. O jantar est guisado et por deus^ amigo, trey-nos diz el en estes meus narizes color de figus ofeynos: vs avedel-os olhos verdes, et matar-m'iades con eles. Comede migu'e diram-vos cantares de Martim Moxa, diz el en estes meus narizescolor d'escarlata roxa;

1060Meus amigus, poys me deus foy mostrar senhor que quero muy gram bem, trobey eu sempre polo seu amor; et meu trobar nunca me valeu rem contra ela, mays vedes que fareya

mha

poys me nom vai trobar por mha senhor oy mays quer'eu ja leixar o trobar. E buscar outra razon, se poder porque possa esta dona servir, et verey enton se me far sequer algua rem porque possa partir muy grandes coytas do meu coraom, et sey que asi me conselharo

aver hy conselho j per esta razon tal ca eu, amigos, da morte presfestou se m'a esto nostro senhor non vai, pro da morfey sabor, et a la f ca se morrer diram que me matou