cÂncer de pele

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE UERN FACULDADE DE CINCIAS DA SADE FACS CURSO DE MEDICINA

CAMILA GABRIELLA DA SILVA QUEIROZ SAMILA MARISSA PINHEIRO GOMES

ANLISE DA OCORRNCIA DE LESES CUTNEAS MALIGNAS E PR-MALIGNAS NA CIDADE DE MOSSOR

MOSSOR-RN AGOSTO/2009

CAMILA GABRIELLA DA SILVA QUEIROZ SAMILA MARISSA PINHEIRO GOMES

ANLISE DA OCORRNCIA DE LESES CUTNEAS MALIGNAS E PRMALIGNAS NA CIDADE DE MOSSOR

Projeto de pesquisa apresentado Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UERN, como parte das exigncias da disciplina de Metodologia da Pesquisa Cientfica.

Orientadora: Prof. D. Sc. Karidja Kalliany Carlos de Freitas Moura.

MOSSOR-RN AGOSTO/2009

SUMRIO

1 INTRODUO....................................................................................................................03 1.1 Situao problemtica.........................................................................................................04 1.2 Justificativa ........................................................................................................................04 1.3 Objetivos.............................................................................................................................05 1.3.1 Geral ...............................................................................................................................05 1.3.2 Especficos ......................................................................................................................05 2 REFERENCIAL TERICO...............................................................................................07 2.1 Fatores de risco no desenvolvimento do cncer de pele.....................................................07 2.2 Carcinogenicidade da radiao ultravioleta.......................................... .............................08 2.3 Principais tipos de leses malignas e pr-malignas............................................................09 2.3.1 Leses malignas (no-melanoma e melanoma)...........................................................10 2.3.2 Leses pr-malignas......................................................................................................11 2.4 O papel da preveno na reduo da incidncia neoplsica...............................................12 3 METODOLOGIA................................................................................................................15 CRONOGRAMA....................................................................................................................17 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..................................................................................18 ANEXOS..................................................................................................................................20

1 INTRODUO A pele o maior rgo do corpo humano. dividida em duas camadas: uma externa, a epiderme, e outra interna, a derme. A pele protege o corpo contra o calor, a luz e as infeces. Ela tambm responsvel pela regulao da temperatura do corpo, bem como pela reserva de gua, vitamina D e gordura (OKUNO & VILELA, 2005). De acordo com o Instituto Nacional de Cncer (INCA/2009), as neoplasias cutneas correspondem ao tipo de cncer de maior ocorrncia no Brasil, sendo equivalentes a um quarto dos tumores malignos registrados no pas. Apesar de sua elevada incidncia, esse tipo de neoplasia apresenta altos ndices de cura quando detectado precocemente. Quanto etiologia das neoplasias cutneas, sabe-se que estas se apresentam relacionadas a alguns fatores de risco, sendo o principal a exposio solar excessiva. Os outros fatores compreendem: a exposio a agentes qumicos (como o arsnico) e radiao ionizante. H ainda estudos que uma maior susceptibilidade ao cncer de pele a fatores fenotpicos como tipo de pele, presena de sardas ou ainda histria familiar de neoplasias cutneas. Pelo fato de a pele ser um rgo heterogneo, h diversas linhagens de neoplasias cutneas, sendo as principais: carcinoma basocelular, carcinoma epidermide ou espinocelular e melanoma. O primeiro, apesar da maior ocorrncia, o tipo de cncer de pele menos agressivo. Assim como o epidermide, o carcinoma basocelular classificado como cncer de pele no melanoma. J o melanoma denominado cncer de pele melanoma, juntamente com outras neoplasias de origem nos melancitos (clulas produtoras de melanina - substncia envolvida na determinao da cor da pele e que responsvel pela absoro e difuso dos raios ultravioleta). Esse tipo de cncer, embora apresente menor incidncia, tem letalidade elevada. No que se refere s neoplasias cutneas, importante considerar a ocorrncia de dermatoses pr-cancerosas, as quais consistem em leses que podem evoluir para um cncer de pele. Nesse grupo, a leso mais freqente a ceratose actnica (tambm conhecida por ceratose senil). Estimativas do INCA (2009), relacionadas incidncia dos diversos tipos de cncer no Brasil no ano de 2008, mostraram que a incidncia (casos novos) de cncer de pele no melanoma estimada para o referido ano de 59 casos novos a cada 100 mil homens e de 61para cada 100 mil mulheres. Quanto ao melanoma, a incidncia baixa (2.950 casos novos, em homens, e 2.970 casos novos, em mulheres). Em relao ao estado do Rio Grande do Norte, os dados correspondem a uma incidncia de 1.210/100.000 para o cncer de pele no melanoma e de 20/100.000 para o cncer de pele melanoma.

1.1 Situao Problemtica

O Brasil est situado entre os paralelos 516'19" de latitude norte e 3345'09" de latitude sul e entre os meridianos 3445'54" de longitude leste e 7359'32" de longitude oeste. Devido principalmente baixa latitude, os raios ultravioleta incidem diretamente (em direo perpendicular) sobre grande parte do territrio brasileiro. Esse fator contribui para que o Brasil seja um dos pases com maior incidncia de cncer de pele. Mossor, cidade norte-riograndense situada a 5 11' de latitude sul e 37 20' de longitude oeste, com 16 metros de altitude, possui clima semi-rido e temperaturas anuais oscilando entre 24 e 35 C, alm de irradiao solar que varia entre 120 e 320 horas/ms. Tais caractersticas fazem dos mossoroenses cidados mais suscetveis s leses dermatolgicas, quando se considera a exposio elevada incidncia solar um dos maiores fatores de risco ao surgimento do cncer. Embora a incidncia das neoplasias cutneas seja elevada, h geralmente um bom prognstico, determinado principalmente pelo diagnstico precoce. Quando possibilitado esse diagnstico nos estgios iniciais do cncer e o paciente submetido a um tratamento adequado, a probabilidade de obteno da cura elevada. Mesmo assim, muitas vezes esse diagnstico precoce no realizado devido falta de conhecimento ou descaso da populao relacionados aos sinais de leses dermatolgicas. Apesar desse prognstico, preocupante que a incidncia do cncer de pele seja to alta quando as medidas preventivas disponveis tm eficincia e acessibilidade bastante satisfatrias. Diante de tal situao, levanta-se a seguinte problemtica: qual a frequncia aproximada de mossoroenses com algum tipo de leso maligna ou pr-maligna?

1.2 Justificativa

Diversos estudos comprovam que as medidas de preveno de exposio ao sol no so praticadas efetivamente pela populao. Costa & Weber (2001), em um dentre vrios trabalhos a respeito, comprovaram que a maioria dos adultos jovens se expe excessivamente ao sol, em horrios imprprios e sem efetiva proteo solar. At mesmo quando possuem informaes a

respeito dos efeitos malficos dessas atitudes, os indivduos no procuram adotar as medidas preventivas adequadamente. Devido carncia de trabalhos relacionados anlise da incidncia de cncer de pele em Mossor, o presente estudo se mostra de extrema relevncia, uma vez que visa determinar a freqncia das leses cancergenas e pr-cancergenas na populao, relacionando essa informao com a prtica de medidas preventivas. A partir dos dados obtidos, ser possvel estabelecer associaes entre os principais fatores de risco, fazendo uma associao entre a incidncia dessas leses e as condies socioeconmicas dos indivduos, alm do conhecimento a respeito do cncer de pele e de sua preveno, por exemplo. Conhecendo-se a ocorrncia das leses, seus tipos, o nvel de informao da populao e os principais fatores de risco associados, pode-se determinar as formas mais efetivas de combate ao cncer de pele em Mossor. Estas incluem trabalhos de conscientizao da populao sobre preveno e diagnstico precoce desse tipo de cncer, enfocando especificamente os aspectos de maior relevncia no que concerne cidade, os quais sero detectados a partir desse estudo.

1.3 Objetivos

1.3.1 Geral

Avaliar a ocorrncia de leses cutneas pr-malignas e malignas no municpio de Mossor/RN, identificando os principais fatores de risco associados.

1.3.2 Especficos

Detectar as leses malignas e pr-malignas mais freqentes na populao, alm dos locais do corpo mais acometidos por estas;

Realizar uma pr-avaliao das leses cutneas identificadas e encaminhar os indivduos possivelmente afetados por dermatoses cancerosas ou pr-cancerosas para um profissional especializado;

Identificar os principais fatores de risco relacionados a uma maior incidncia de neoplasias cutneas;

Analisar o nvel de conhecimento da populao no que remete s informaes bsicas sobre o cncer de pele, observando se h relao entre esse conhecimento e a adoo de medidas preventivas;

Orientar a populao a respeito da importncia do diagnstico precoce e da preveno no combate ao cncer de pele.

2 REFERENCIAL TERICO

2.1 Fatores de risco no desenvolvimento do cncer de pele

De acordo com dados do Instituto Nacional do Cncer INCA (2009), o cncer de pele o tipo de neoplasia mais frequente no Brasil, correspondendo a 25% de todos os tumores malignos registrados no pas. Todavia, as leses so de fcil diagnstico e possuem ndices de cura superiores a 95% quando tratadas precoce e corretamente (DERGHAM et. al., 2004, p.556). Da a importncia da conscientizao da populao para preveno de tais leses. Koh afirma que:

O "American Academy of Dermatology", em seu programa de rastreamento e diagnstico precoce do cncer de pele, aps 750.000 exames efetuados entre 1985 e 1994, mostrou que, em 90% dos casos de melanoma, o diagnstico foi realizado nas fases iniciais (apud ROCHA, 2002, p.102).

Entre os principais fatores de risco para as neoplasias cutneas esto agentes qumicos como o arsnico, a radiao ionizante, processos irritativos crnicos e genodermatoses (como o xeroderma pigmentoso, deficincia gentica que impede o reparo de danos causados pela luz ultravioleta). Entretanto, a exposio excessiva aos raios solares ultravioletas a principal responsvel pelo surgimento da neoplasia. Outros fatores de risco importantes a serem levados em conta so a histria prvia de cncer de pele, histria familiar de melanoma, doenas imunossupressoras, nevo congnito (pinta escura), maturidade (a propenso ao cncer de pele aumenta aps os 15 anos de idade), e, principalmente, cor de pele clara, a qual revela menor proteo aos raios ultravioletas devido menor concentrao de melanina. Nas clulas epiteliais os grnulos de melanina localizam-se em posio supranuclear. Nessa localizao, oferecem proteo mxima ao DNA contra os efeitos prejudiciais da radiao solar (JUNQUEIRA, 2004, p. 362-363). De acordo com Popim et. al. (2008), a profisso, bem como a cor da pele, so fatores importantes no desenvolvimento da neoplasia. Desta maneira, pessoas de pele clara e trabalhadores como agricultores, carteiros, empregados da construo civil e demais trabalhadores expostos continuamente radiao merecem especial ateno no tocante ao risco para desenvolvimento de leses malignas. Sobre os riscos da radiao solar, Sampaio afirma que: o fator de risco controlvel primrio para o desenvolvimento do melanoma no apenas a exposio radiao, mas tambm a intensidade e freqncia de exposio ao sol durante os primeiros 20 anos de vida (apud OKIDA, 2001, p. 404). Tal afirmao nos revela o quo importante o posicionamento do indivduo ainda jovem em relao proteo de sua pele, uma vez que ele se refletir no aparecimento ou no de problemas dermatolgicos futuros. Logo, fundamental que o foco das

campanhas preventivas se volte no somente para adultos e idosos, como tambm para o pblico adolescente e mesmo infantil. Em tempos de crise climtica, com a camada de oznio sendo progressivamente destruda pelo uso de clorofluorcarbonos nas ltimas dcadas, aumenta a incidncia de raios solares, em especial UVB; e eis que os erros do homem se voltam contra o prprio homem. Segundo Okida (2001), a depleo da camada de oznio vem sendo indicada como uma das causas de aumento da incidncia de cncer de pele. Somando-se a esse problema mundial, temos fatores geogrficos que interferem diretamente nos riscos ocorrncia de cncer cutneo, tais como latitude, temperatura e demais fatores que funcionem como indicadores de maior ou menor incidncia solar. Mossor, cidade norte-riograndense situada a 5 11' de latitude sul e 37 20' de longitude oeste, com 16 metros de altitude, possui clima semi-rido e temperaturas anuais oscilando entre 24 e 35 C, alm de irradiao solar que varia entre 120 e 320 horas/ms. Tais caractersticas fazem dos mossoroenses cidados mais suscetveis s leses dermatolgicas, quando se considera a exposio elevada incidncia solar um dos maiores fatores de risco ao surgimento do cncer, alm de reforar a necessidade de um trabalho dessa natureza no local.

2.2 Carcinogenicidade da radiao ultravioleta

O espectro da radiao ultravioleta subdivide-se em trs bandas de comprimento de onda: UVA, UVB e UVC (ultravioleta C). A banda UVA correspondente aos comprimentos de onda mais longos (315 nm a 400 nm), e apesar de ser a que menos causa eritema e melanognese, indutora de processos oxidativos, alm de causar envelhecimento precoce. Na banda UVB esto os comprimentos de onda intermedirios (315 nm a 280 nm), os quais produzem danos diretos ao DNA, foto-imunossupresso, eritema, espessamento do estrato crneo e melanognese. E a banda UVC, composta pelos comprimentos de onda mais curtos (280 nm a 100 nm), contm o pico de absoro pelo DNA puro (260 nm); raramente atingem a superfcie terrestre, mas quando o fazem podem causar queimaduras e cncer. Os dois mecanismos pelos quais a radiao ultravioleta pode danificar o DNA so a excitao direta das molculas (predominante na regio do UVB) e a gerao de espcies altamente reativas de oxignio (predominante na regio do UVA). Os danos oxidativos possivelmente so intermediados pela melanina.

Os danos causados ao DNA podem ser prontamente reparados pelo sistema de excisoreparo de nucleotdeo. No entanto, algumas alteraes genticas podem levar a uma baixa capacidade de reparo do DNA, elevando o risco para o desenvolvimento de melanoma. Estudos realizados na dcada de 1960 identificaram a produo de mutaes em pontos especficos do DNA (onde h duas bases pirimidinas adjacentes), levando formao de fotodmeros de pirimidina em queratincitos e melancitos. Segundo Souza (2004), um dos genes em que se identificou mutao induzida pelo ultravioleta foi o p53, cujas principais funes so a parada do ciclo celular na fase G1 para reparo do DNA danificado e, quando os danos so excessivos, a conduo apoptose (morte celular programada). Ensaios imuno-histoqumicos detectaram a expresso aumentada da protena do p53 mutante em leses pr-cancerosas, tumores cutneos benignos e cnceres de pele no-melanocticos. Esses achados indicam que a mutao no p53 seria um evento precoce na carcinognese dos tumores. Outros genes que tambm podem sofrer mutao devido radiao ultravioleta so o proto-oncogene N-ras e o gene supressor de tumor CDKN2A. Os proto-oncogenes so genes normais que promovem o crescimento e diferenciao celular. Todavia, uma vez mutados, tornam-se oncogenes, e a proliferao celular passa a ser exacerbada, dando origem ao cncer. Quanto aos genes supressores de tumor, atuam na parada do ciclo celular, para verificar se h algum defeito no DNA e, caso exista, repar-lo; na inibio da ao dos oncogenes; e na ativao da apoptose, levando a morte das clulas em caso de leso excessiva.

2.3 Principais tipos de leses malignas e pr-malignas Os tipos mais frequentes de leses cutneas malignas so, segundo dados do INCA (2009): o carcinoma basocelular (CBC), responsvel por 70% dos diagnsticos, o carcinoma epidermide ou espinocelular (CEC) com 25% dos casos e o melanoma, em 4% dos pacientes. O nmero de casos novos de cncer de pele no-melanoma estimados para o Brasil no ano de 2008 foi de 55.890 entre homens e de 59.120 nas mulheres; o que corresponde a um risco estimado de 59 casos novos a cada 100 mil homens e 61 para cada 100 mil mulheres. No mbito internacional, estudos demonstraram que 40 a 50% das pessoas nos EUA que viverem at 65 anos tero cncer de pele no-melanoma (DERGHAM et. al., 2004, p.556). Quanto ao melanoma, embora apresente alta taxa de letalidade, possui baixa incidncia (2.950 casos novos em homens e 2.970 casos novos em mulheres).

No que se refere s leses pr-cancerosas, de acordo com Dergham et. al. (2004), a que ocorre com maior frequncia a ceratose actnica, a qual se torna maligna em 20 a 25% dos casos.

2.3.1 Leses malignas (no-melanoma e melanoma)

Os carcinomas basocelulares se originam da epiderme e dos apndices cutneos acima da camada basal, como os plos, por exemplo; ao passo que os carcinomas epidermides surgem no queratincio da epiderme, podendo tambm aparecer no epitlio escamoso das mucosas. Esses dois tipos de cncer no-melanoctico so mais comuns em pessoas que trabalham expostas ao sol, atingindo seu pico de incidncia em indivduos por volta dos 40 anos de idade. Todavia, com a crescente exposio dos jovens aos raios solares, essa mdia de idade vem diminuindo. Geralmente, as regies mais atingidas por essa neoplasia so cabea e pescoo, por receberem maior incidncia solar. Os principais sintomas do cncer no-melanoma so: feridas na pele que demorem mais de quatro semanas para cicatrizar, variao na cor de sinais, manchas que coam, ardem, descamam ou sangram. O diagnstico pode ser feito por meio de leso (ferida ou ndulo) com evoluo lenta, no caso do CBC. Quanto ao CEC, tambm diagnosticado por meio de uma ferida, mas esta apresenta evoluo rpida acompanhada de coceira e secreo, alm de ser uma neoplasia mais grave devido ao risco de metstase. O tratamento usual consiste em radioterapia e procedimentos cirrgicos, sendo que o CBC tambm pode ser tratado com auxlio de medicamentos. O melanoma cutneo, diferentemente do cncer no-melanoctico, tem origem nos melancitos (clulas produtoras de melanina). O melanoma maligno (MM) est relacionado a exposies intensas e intermitentes ao sol, com formao de queimaduras ou bolhas. (OKIDA et. al., 2001, p. 404). Predomina em adultos brancos e, embora seja pouco frequente (4% dos casos de cncer de pele), alta a probabilidade de metastizar-se. Entretanto, curvel quando detectado nos estgios iniciais. De acordo com o INCA (2009), nos ltimos anos, houve uma grande melhora na sobrevida dos pacientes com melanoma, graas deteco precoce. Nos pases desenvolvidos, a sobrevida mdia estimada em cinco anos de 73%, enquanto que nos pases em desenvolvimento a sobrevida mdia de 56%. A mdia mundial estimada de 69%.

No melanoma, a leso pode surgir numa pele s, onde aparece uma pinta escura de bordas irregulares com coceira e descamao, ou numa pele com leso pigmentada prexistente, em que a leso aumenta de tamanho e tem sua forma e cor alteradas, passando a apresentar bordas irregulares. A leso pode apresentar colorao que varia do castanho ao negro (melanoma tpico), ou mesmo despigmentao. A displasia e o crescimento da leso podem ser no sentido vertical ou horizontal, de forma progressiva. No sentido horizontal (superficial), invade a epiderme, podendo chegar a atingir a derme papilar. No sentido vertical, torna a pele mais espessa, originando ndulos palpveis. Os tratamentos mais indicados so a cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Caso a neoplasia atinja o estgio de metstase, geralmente passa a no ter mais cura, e o tratamento consistir em aliviar a dor do paciente.

2.3.2 Leses pr-malignas

Os principais tipos de leses precursoras do cncer cutneo so as ceratoses actnicas e os nevos displsicos. No entanto, segundo Rocha (2002), os nevos melanocticos displsicos apresentam frequncia baixa no Brasil. Assim sendo, nosso trabalho dar enfoque ao rastreamento das leses pr-cancerosas do tipo ceratoses actnicas. Azulay e Azulay (2004, p. 386) afirmam:

A ceratose actnica, conhecida tambm como ceratose senil, devido ao seu aparecimento em idade avanada, no sinal de velhice e, sim, manifestao de irradiao solar cumulativa, progressiva, persistente e duradoura. , em geral, mltipla e caracteriza-se por pequenas leses discretamente salientes, de colorao acastanhada, de superfcie rugosa; s vezes, com descamao. A remoo mecnica das lminas crneas provoca, em alguns casos, sada de gota de sangue, o que indcio de uma possvel transformao.

Em geral, as ceratoses actnicas so redondas ou ovais, comumente presente nas reas mais expostas ao sol, como a face, o pescoo e os antebraos. As margens so ntidas e bem demarcadas. A ceratose actnica importante porque precursora direta do carcinoma invasivo de clulas escamosas. Alm disso, sua presena um fator de risco para os outros cnceres de pele, o carcinoma de clulas basais e o melanoma.

A caracterstica histolgica principal da ceratose actnica a displasia ceratinoctica, ou maturao desordenada dos ceratcitos.

2.4 O papel da preveno na reduo da incidncia neoplsica

De acordo com o INCA (2009), o principal meio de preveno do cncer de pele o uso de protetor solar com fator acima de 15, uso de chapu, guarda-sol, camiseta, culos escuros e evitar a exposio ao sol entre as 10 e as 16 horas. O FPS (Fator de Proteo Solar) o nmero que indica o nvel de proteo que um dado produto oferece contra os raios ultravioletas (UV). A pele, quando exposta ao sol sem proteo, leva, dependendo do tipo de pigmentao, um determinado tempo para ficar avermelhada. Quando se usa um filtro solar com FPS 15, por exemplo, a mesma pele leva 15 vezes mais tempo para ficar vermelha. De acordo com dados da UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o fator de proteo solar mnimo para uma proteo adequada 15, aplicando o produto generosamente de 20 a 30 minutos antes de se expor ao sol e reaplicando-o a cada 2 horas. Entretanto, como o FPS determinado em laboratrio, sob condies especiais, recomenda-se dar uma margem de segurana, usando sempre filtro solar com FPS igual ou maior que 25. Os protetores atualmente comercializados no Brasil tm como FPS entre 2 (mnimo) e 60 (mximo). O FPS mede a proteo contra os raios solares UVB, principais responsveis pela queimadura solar, mas no contra os raios solares UVA; embora alguns produtos j tragam tambm o FPS contra UVA. Na tabela 1 podemos observar a porcentagem de raios UVB bloqueados por cada FPS. A anlise da tabela nos leva concluso de que no h grande diferena entre os fatores 15, 30 e 60 no tocante porcentagem de raios bloqueados. Todavia, a diferena reside no tempo em que o filtro solar continuar a absorver os raios UVB. Assim, embora o fator 15 e o fator 60 absorvam quantidade semelhante de raios, este ltimo permite proteo por mais tempo, reduzindo, assim, a frequncia de aplicao. Outras medidas que devem ser adotadas para o correto uso do filtro solar so: reaplicao quando se transpira e caso tenha tomado banho aps a primeira aplicao; no utilizar o produto em bebs menores de 6 meses; reaplicar no mximo a cada 3 horas; e usar o protetor inclusive em dias nublados, j que 80% dos raios ultravioletas atravessam as nuvens e a neblina.

Tais medidas devem ser difundidas porque pode ser um grande equvoco incentivar o uso do protetor sem esclarecer aos usurios a forma correta de aplicao. Talvez o uso inadequado explique o fato de que alguns trabalhos publicados encontraram uma relao entre o uso do filtro e o aparecimento de leses. O indivduo pode considerar correto passar mais horas exposto ao sol quando com o protetor, quando na verdade o produto no foi aplicado adequadamente, dando margem ao surgimento das leses. OKIDA (2001, p. 411) afirma, acerca do uso do filtro solar:

Deve-se dar igual importncia, seno maior, s informaes sobre como usar a proteo solar, mais do que propriamente incentivar o uso indiscriminado dessa proteo pura e simplesmente, pois as consequncias de se apregoar um meio de proteo eficiente sem dar atributos para garantir uma boa eficcia desse meio podem ser indesejveis para a populao.

Dentre os mecanismos de preveno importante destacar tambm a realizao do autoexame da pele. Nele, deve-se procurar por manchas que coam, descamam ou sangram; sinais ou pintas que mudem de forma e/ou cor; feridas que no cicatrizem at quatro semanas. No auto-exame, levamos em conta o ABCD para verificar se h a transformao da pinta em melanoma: Assimetria (uma metade diferente da outra), Bordas irregulares, Cor varivel (vrias cores numa mesma leso), Dimetro maior que 6mm. Passos para realizao do auto-exame de acordo com o INCA (2009): 1) Em frente a um espelho, com os braos levantados, examinar o corpo de frente, de costas, e os lados direito e esquerdo; 2) Dobrar os cotovelos e observar cuidadosamente as mos, antebraos, braos e axilas; 3) Examinar as partes da frente, de trs e dos lados das pernas alm da regio genital; 4) Sentado, examinar atentamente a planta e o peito dos ps, assim como entre os dedos; 5) Com o auxlio de um espelho de mo e de uma escova ou secador, examinar o couro cabeludo, pescoo e orelhas; 6) Finalmente, ainda com auxlio do espelho de mo, examinar as costas e as ndegas. Acerca da preveno contra o cncer cutneo, ROCHA (2002, p. 105), afirma que:

O diagnstico precoce fundamental no tratamento de todas as neoplasias. A pele, rgo de fcil acesso ao auto-exame e inspeo mdica, serve como modelo ideal para implementao de mecanismos que permitam o diagnstico de neoplasias nas fases iniciais. No caso do melanoma, isto bastante importante, j que leses de pouca espessura e de at 0,75 mm, ou

seja, recentes, tm sobrevida de cinco anos em 95% dos casos; o tempo de sobrevida diminui, gradativamente, de acordo com o crescimento vertical da leso. Os cnceres no-melanocticos, apesar do baixo potencial metastatizante e, conseqentemente, com baixa mortalidade, tambm devem ser diagnosticados precocemente, evitando, assim, procedimentos cirrgicos caros e, por vezes, mutilantes, uma vez que geralmente se localizam na cabea ou no pescoo.

Estudos realizados por Popim et. al. (2008), com carteiros da cidade de Botucatu, demonstraram que muitos trabalhadores no faziam uso do filtro solar devido no-valorizao da proteo oferecida pelo mesmo e falta de hbito, embora os Correios disponibilizassem filtro solar para seus empregados. Tal fato pode ser indcio de que, embora o preo relativamente elevado dos filtros solares seja uma limitao para a proteo dos brasileiros, o principal agente limitante mesmo a falta de hbito e a pouca conscientizao de significativa parte da populao. Alm de todo o benefcio que uma campanha de conscientizao pode trazer para a populao ao atuar na reduo da incidncia e no diagnstico precoce, a preveno contribui tambm para uma reduo nos investimentos e gastos pblicos para o tratamento do cncer de pele. No que se refere ao pblico jovem, necessrio alertar sobre os excessos do bronzeamento e sobre o peso que a radiao solar recebida na juventude tem no desenvolvimento de leses futuras. Quanto aos adultos e idosos, deve-se dar especial ateno queles cuja ocupao inclui jornadas dirias de exposio solar. a conscientizao dessa populao que vai evitar o surgimento de muitas marcas: na economia, no sistema pblico de sade, na pele e na alma dos pacientes com cncer.

3 METODOLOGIA

Esse trabalho consiste numa pesquisa a respeito da incidncia de leses dermatolgicas cancerosas e pr-cancerosas na cidade de Mossor, relacionando essa ocorrncia com fatores de risco e ainda com o nvel de conhecimento da populao a respeito do cncer de pele. A partir das concluses decorrentes dos dados obtidos no trabalho, pretende-se elaborar estratgias de preveno para esse tipo de cncer na populao mossoroense.

A pesquisa ser do tipo prtica, uma vez que tem por finalidade intervir na realidade da populao, a partir da interpretao dos resultados obtidos. Quanto forma de abordagem, tratase de uma pesquisa quantitativa. Esse padro de pesquisa eficiente quando se pretende identificar quantas pessoas de uma determinada populao compartilham uma caracterstica ou um grupo de caractersticas, permitindo uma anlise estatstica. A pesquisa quantitativa bastante adequada para apurar opinies e atitudes explcitas e conscientes dos entrevistados, uma vez que se utiliza de instrumentos estruturados, os questionrios. Quanto a esse mtodo de pesquisa, tem-se que se caracteriza pelo emprego de quantificao tanto nas modalidades de coleta de informaes quanto no tratamento dessas informaes por meio de tcnicas estatsticas (TEIXEIRA E PACHECO, 2005, p.60). A observao ser do tipo direta extensiva, por meio da aplicao de um formulrio no qual constam 24 questes, cuja abordagem envolve dados gerais, como idade e nvel de escolaridade, alm do tempo dirio de exposio ao sol, histrico clnico, presena de leses dermatolgicas, como manchas, bolhas, etc., e ainda perguntas bsicas sobre o cncer de pele, a fim de analisar o nvel de conhecimento da populao a respeito do tema e verificar se h associao entre essa informao e a adoo de medidas preventivas com relao exposio ao sol. A cidade de Mossor possui uma populao de aproximadamente 241.645, segundo o IBGE (2008). Sero aplicados 1.000 formulrios no centro da cidade, visto que o bairro de maior fluxo de pessoas, de caractersticas bastante heterogneas. Os formulrios sero preenchidos aleatoriamente, no perodo que compreende os meses de setembro, outubro e novembro de 2009. O dia da semana destinado realizao dos formulrios ser o sbado, no horrio da manh, quando h um intenso trfego de pessoas no local. Todas as opinies e informaes obtidas atravs dos formulrios respondidos sero classificadas e analisadas, sendo posteriormente traduzidas em nmeros, a partir de tratamento estatstico. Para tanto, ser utilizado o teste do Qui-Quadrado, a um nvel de significncia de p = 0,05. Assim, as concluses obtidas a partir da amostra utilizada sero generalizadas ao universo correspondente populao de Mossor.

CRONOGRAMA

Perodo Atividades Reviso bibliogrfica Discusso e determinao dos objetivos Aplicao dos formulrios Organizao dos dados

Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar

X X

X X X X X X

Anlise dos dados Apresentao de resultados Elaborao do texto Concluso

X X X

X X X X X X

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

AZULAY e AZULAY. Dermatologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004, p. 386. COSTA, F. B.; WEBER, M. B. Avaliao dos hbitos de exposio ao sol e de fotoproteo dos universitrios da Regio Metropolitana de Porto Alegre, RS. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v.79, n.2, 2004. DERGHAM, A. P. et. al. Distribuio dos diagnsticos de leses pr-neoplsicas e neoplsicas de pele no Hospital Universitrio Evanglico de Curitiba. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 79, n. 5, p. 555-559, set/out. 2004.

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ANEXOS

Tabela 1

FPS 2 4 8 16 32 64

PROTEO (%) 50 75 87 94 96 99