canais ativados por atp extracelular em cÉlulas de …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf ·...

112
1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE LEYDIG DE CAMUNDONGOS Ligia Subitoni Antonio Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, como pré-requisito para obtenção do título de Mestre em Fisiologia. Orientador: Prof. Dr. Wamberto Antonio Varanda Ribeirão Preto 2008

Upload: others

Post on 07-Jul-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

1

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA

CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM

CÉLULAS DE LEYDIG DE CAMUNDONGOS

Ligia Subitoni Antonio

Dissertação de mestrado apresentada à

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo, como pré-requisito

para obtenção do título de Mestre em Fisiologia.

Orientador: Prof. Dr. Wamberto Antonio Varanda

Ribeirão Preto

2008

Page 2: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

2

FICHA CATALOGRÁFICA

Antonio, Ligia Subitoni Canais ativados por ATP extracelular em células de

Leydig de camundongos. Ribeirão Preto, 2008. 95 p. : il. ; 3 cm Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade

de Medicina de Ribeirão Preto/USP – Área de concentração: Fisiologia.

Orientador: Varanda, Wamberto Antonio. 1. Receptores Purinérgicos. 2. ATP. 3. Células de

Leydig 4. Western Blot. 5. Imunofluorescência. 6. Eletrofisiologia.

Page 4: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

3

Data da defesa: 16/05/2008

Banca Examinadora

Prof. Dr. Wamberto Antonio Varanda

Julgamento:__________________________Assinatura:_________________________

Prof. Dr. Aldo Rogelis Aquiles Rodrigues

Julgamento:__________________________Assinatura:_________________________

Prof. Dr. Patrícia Castelucci

Julgamento:__________________________Assinatura:_________________________

Page 5: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

4

"A ciência humana de maneira nenhuma

nega a existência de Deus. Quando

considero quantas e quão maravilhosas

coisas o homem compreende, pesquisa e

consegue realizar, então reconheço

claramente que o espírito humano é obra de

Deus, e a mais notável.”

(Galileu Galilei)

Page 6: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

5

Aos meus pais e amigos,

Alice e Carlinhos,

Por todo apoio e carinho.

A minha irmã, Dedéa,

Por me animar nos momentos difíceis.

Ao meu avô, Maurício,

Pelos conselhos valiosos.

Page 7: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

6

Agradecimentos

Ao meu orientador, Prof. Dr. Wamberto Antonio Varanda, pela preocupação em

enriquecer a minha formação cientifica e intelectual, pelo conhecimento transmitido e

pelas constantes críticas que me fizeram amadurecer. É um privilégio aprender com um

brilhante cientista.

Ao Prof. Dr. Aldo Rogelis Aquiles Rodrigues por ser um grande incentivador ao

meu ingresso no Laboratório de Biofísica de Membranas e por contribuir no ajuste fino

desse trabalho.

A Profa. Dra. Patrícia Castelucci por aceitar gentilmente fazer parte da minha

Banca e pelas valiosas observações sobre os experimentos de imunofluorescência.

Aos meus pais, Alice e Carlinhos, por serem meus alicerces, exemplos de

dignidade e perseverança. Mãe, o que seria de mim sem o seu otimismo. Pai, o que

seria de mim sem a sua persistência. E por patrocinarem a minha vida acadêmica. Amo

muito vocês!

A minha irmã, Dedéa, pelos esforços intermináveis para me tornar uma pessoa

mais baladeira e por me divertir com seu lado rabugento. Você me faz muita falta,

Bebê!

Ao meu querido amigo, Fernandinho, por não medir esforços para me ajudar.

Por todos os ensinamentos, “pulos do gato” e ruídos vencidos.

A amiga Roberta, por toda ajuda e paciência nas sessões intermináveis de

microscopia confocal.

Ao meu namorado e melhor amigo, Daniel, pelo imenso apoio, pelos

ensinamentos de conhecimentos gerais e por me tornar uma pessoa mais paciente.

Amo você! Agradeço também ao meu amigo de penas, Fourier, o comedor de alpiste

mais inteligente que conheço.

Page 8: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

7

A minha melhor amiga, Renata, pelo companheirismo, pela paciência e por todos os

conselhos. Rê, a pós não seria a mesma sem você!

Ao meu avô, Maurício, pela hospitalidade e carinho de sempre. E por participar

ativamente do patrocínio da minha pós-graduação.

Aos meus familiares, Aninha, Bebel, Celso, Cláudia, Fer e Rick, pelo apoio e

pela alegria dos fins de semana.

Ao amigo André, pelas conversas valiosas desde eletrofisiologia até desabafos

emocionais e pelo auxílio operacional em minhas mudanças de apartamento.

Ao amigo Ernane, por me ouvir pacientemente e se preocupar com minha

felicidade.

Aos queridos amigos, Adri e Eduardo, pelos conselhos, pelos momentos de

alegria e pelo apoio logístico nas minhas mudanças de apartamento.

Aos amigos Fernanda e Jabá, pelos divertidos almoços.

As amigas de república, Danúbia, Fabi, Miriam e Valéria, pelo companheirismo

em todos os momentos, desde saudáveis caminhadas até visitas noturnas à sorveteria.

Aos colegas eletrofisiologistas Artur, Cadu, Daniela, Renato, Prof. Dr. Ricardo

Leão e Tiago, pela amizade e pelos momentos de descontração.

Aos colegas do Depto. de Fisiologia, Alex, Augusto, Beto, Daniel, Dawit,

Eduardo, Evelin, Felipe, Fernandinha, Giu, Glauber, Guillermo, Jalile, João Paulo,

Lílian, Lisandra, Lys, Marcelo, Márcio, Marina, Mateus, Ricardo, Ricardo Kusuda,

Renato e Roberta.

A amiga e fisioterapeuta particular, Ana Patrícia.

Page 9: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

8

Aos amigos de Botucatu, Dizordi, Cruj, Kero, Kutuba, Luciana, Madileine e

Prumo, pelas nostálgicas visitas à Ribeirão Preto.

Ao Prof. Dr. Marcelo Damário Gomes pela colaboração nos experimentos.

Aos amigos do Depto. de Bioquímica e Imunologia, Adriana, Ana Letícia, Felipe,

Rosana e Sami.

Ao pessoal da secretaria do Depto. de Fisiologia, Carlos, Cláudia, Elisa e

Fernandinho.

Aos técnicos do Depto. de Fisiologia, Eduardo, Léo e Rubinho.

Ao CNPq, FAPESP e FAEPA, pelo apoio financeiro.

Page 10: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

9

Sumário

1 Resumo .....................................................................................................................11

2 Abstract.....................................................................................................................17

3 Introdução.................................................................................................................19

3.1 Células de Leydig ................................................................................................20

3.2 Receptores Purinérgicos......................................................................................21

3.3 Arranjos Homoméricos dos Receptores P2X.......................................................23

3.4 Arranjos Heteroméricos dos Receptores P2X .....................................................33

3.5 Canais para Potássio Ativados por Cálcio ...........................................................36

4 Objetivos ...................................................................................................................38

5 Material e Métodos ...................................................................................................39

5.1 Animais ................................................................................................................39

5.2 Isolamento de Células de Leydig.........................................................................39

5.2.1 Extração por Dispersão Mecânica.................................................................39

5.2.2 Purificação por Choque Osmótico.................................................................40

5.2.3 Identificação das Células por Marcação da Enzima 3ß HSD ........................41

5.2.4 Extração por Dispersão Mecânica com Colagenase e Purificação por

Gradiente Descontínuo de Percoll.................................................................43

5.3 “Western Blot”......................................................................................................45

5.4 Imunofluorescência..............................................................................................49

5.5 Captação de Corantes Fluorescentes..................................................................51

5.6 Eletrofisiologia .....................................................................................................52

5.6.1 Experimentos em “whole-cell” .......................................................................53

5.6.2 Experimentos em “cell attached”...................................................................54

5.7 Soluções e Substâncias Químicas ......................................................................54

5.8 Análise estatística ................................................................................................56

6 Resultados ................................................................................................................57

6.1 Marcação da Enzima 3ß HSD..............................................................................57

6.2 “Western Blot”......................................................................................................58

Page 11: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

10

6.3 Imunofluorescência..............................................................................................61

6.4 Captação de Corantes Fluorescentes..................................................................64

6.5 Eletrofisiologia .....................................................................................................66

6.5.1 Configuração “whole-cell”..............................................................................66

6.5.2 Configuração “cell-attached” .........................................................................71

7 Discussão .................................................................................................................77

8 Conclusões ...............................................................................................................87

9 Referências Bibliográficas ......................................................................................88

Page 12: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

11

Lista de Abreviaturas

aßmeATP - aßmetileno ATP

ß-NAD - enzima ß-nicotinamida adenina dinucleotídeo

ßγmeATP - ßγ-metileno ATP

[Ca2+]i - concentração de cálcio intracelular

2meATP - 2-metiltio ATP

3ß-HSD - enzima 3ß hidroxi esteróide desidrogenase

A - aminoácido alanina

Ac - anticorpo

AL - amarelo de Lúcifer

AMF - microscopia de força atômica

AMPc - adenosina 3’, 5’-monofosfato cíclico

Ap4A - P1, P4-tetrafosfato de diadenosina

Ap5A - P1, P5-pentafosfato de diadenosina

Ap6A - P1, P6-hexafosfato de diadenosina

ATP - 5’-trifosfato de adenosina

ATPγS - adenosina 5’-O-(3-tiotrifosfato)

BE - brometo de etídio

BKCa - canais para potássio dependentes de cálcio de alta condutância

BSA - albumina de soro bovino

BzATP - 3’-O-(4-benzoil)benzoil ATP

C - aminoácido cisteína

-C ou –COOH - região carboxiterminal

Page 13: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

12

CA - solução de pipeta para configuração “cell-attached”

D - ácido aspártico

DAG - diacilglicerol

DAPI - 4’,6’-diamidino-2-fenilindol

DMSO - dimetilssulfóxido

E - ácido glutâmico

EC50 - concentração de agonista que causa metade da ativação máxima

F - aminoácido fenilalanina

G - aminoácido glicina

H - aminoácido histidina hCG - hormônio gonadotrofina coriônica humana

HEK 293 - linhagem de células em cultura originárias de rim de embrião humano

I - aminoácido isoleucina

IgG - imunoglobulina G

IKCa - canais para potássio dependentes de cálcio de condutância intermediária

IP3 - 1,4,5 trifosfato de inositol

IVM - ivermectina

K - aminoácido lisina

KCa - canais para potássio dependentes de cálcio

L - aminoácido leucina

LH - hormônio luteinizante

M - aminoácido metionina

MOC - coeficiente de sobreposição de Manders

Page 14: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

13

N - aminoácido asparagina

-N ou –NOOH - região aminoterminal

NBT - nitro blue tetrazolium

NPo - Imédia/Icanal unitário

P - aminoácido prolina

P1 - receptor para adenosina

P2 - receptor para nucleotídeos

P2X - receptor para ATP ionotrópico

P2Xx - receptor para ATP ionotrópico homomérico

P2Xx/y - receptor para ATP ionotrópico heteromérico

P2Y - receptor para ATP metabotrópico

PC - peptídeo cognato

PC12 - linhagem de células em cultura originárias da glândula adrenal de ratos

PFA - paraformaldeído

PPADS - ácido piridoxalfosfato-6-azofenil-2’,4’-dissulfônico

Q - aminoácido glutamina

R - aminoácido arginina

RE - retículo endoplasmático

S - aminoácido serina

SKCa - canais para potássio dependentes de cálcio de baixa condutância

SNC - sistema nervoso central

SNP - sistema nervoso periférico

StAR - proteína reguladora da esteroidogênese aguda

T - aminoácido treonina

Page 15: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

14

TM1 - segmento transmembrana 1 do receptor para ATP ionotrópico

TM2 - segmento transmembrana 2 do receptor para ATP ionotrópico

V - aminoácido valina

W - aminoácido triptofano

WC - solução de pipeta para configuração “wholw-cell”

Y - aminoácido tirosina

Page 16: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

15

1 Resumo

Nos últimos anos, o ATP tem sido alvo de estudo em vários aspectos ligados à

sinalização intercelular. Há evidências de que ele possa atuar tanto exercendo a função

de mediador de eventos rápidos, como na neurotransmissão, como também em

processos celulares de longo prazo, envolvendo mecanismos ligados à proteína G. A

ação do ATP na membrana celular se dá por meio de receptores purinérgicos do tipo

P2X (canais iônicos ativados por ligantes) e P2Y (receptores acoplados à proteína G).

Até o momento, já foram identificados e clonados sete subtipos de receptores P2X

(P2X1 - P2X7). O influxo de cálcio (Ca2+) por esses canais justifica em parte o aumento

da concentração de Ca2+ intracelular ([Ca2+]i) observado em algumas situações

fisiológicas, o que evidencia que esta é uma importante via envolvida nas respostas

mediadas por receptores P2X “in vivo”. O tratamento de células de Leydig de ratos e

camundongos, com ATP, causa aumento na [Ca2+]i e na secreção de testosterona,

reforçando a hipótese de que a sinalização via Ca2+ pode contribuir para o controle da

secreção de testosterona nessas células. Os receptores purinérgicos descritos em

células de Leydig de camundongos apresentam perfil farmacológico e eletrofisiológico

característico do subtipo P2X2. Além disso, existem evidências de que o influxo de Ca2+

(gerado pela abertura do receptor P2X) ativa canais para K+ de alta condutância (BKCa)

e que estes podem influenciar o decurso temporal da dessensibilização dos receptores

P2X nessas células. Dessa forma, o presente estudo objetivou identificar os subtipos

de receptores purinérgicos P2X em células de Leydig de camundongos adultos,

analisando propriedades moleculares e eletrofisiológicas dessas células, e observar se

Page 17: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

16

há interação entre estes e a atividade de canais para K+ ativados por Ca2+ de alta

condutância (BKCa). Experimentos de “Western Blot” e Imunofluorescência mostraram a

presença de receptores purinérgicos dos subtipos P2X2, P2X4, P2X6 e P2X7 nas células

de Leydig. Registros eletrofisiológicos, utilizando a técnica de "patch clamp" sugerem a

presença de receptores heteroméricos, possivelmente P2X2/4/6, que exibem perfil

farmacológico dominante para a subunidade P2X2 e indicam que há interação entre os

canais BKCa e o influxo de Ca2+ decorrente da ativação de receptores P2X. O aumento

de atividade dos canais BKCa após o influxo de Ca2+ por abertura de canais P2X é

dose-dependente e reversível. Os resultados de captação de corantes fluorescentes

mostram que os receptores P2X7 não são funcionais nessas células.

Page 18: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

17

2 Abstract

In recent years, a large amount of studies were dedicated to understand the role

of ATP as an intercellular signaling agent. Several evidences confirm its function as a

mediator and/or modulator of both fast events, like the neurotransmission, as well as of

long term cellular processes, involving G proteins. ATP acts on cellular membrane by

interacting with purinergic receptors P2X (ligand-gated ion channels) and P2Y (G

protein-coupled receptors). Until now, seven subtypes of P2X receptors were identified

and cloned (P2X1 - P2X7). Calcium influx through these channels is in part responsible

for the increase in intracellular [Ca2+] observed in a number of physiological situations,

indicating an important role for P2X receptors in vivo. ATP treatment of Leydig cells

from mice and rats, leads to an increase in [Ca2+]i and testosterone secretion,

supporting the hypothesis that Ca2+ signaling contributes to the process of testosterone

secretion in these cells. The purinergic receptors described in mouse Leydig cells have

a pharmacological and biophysical profile similar to the P2X2 subtype. Moreover,

evidences indicate that Ca2+ influx (elicited by P2X opening) is able to activate high

conductance calcium-activated potassium channels (BKCa). In this work we aimed at

identifying the subtypes of P2X purinergic receptors present in mouse Leydig cells by

analyzing their molecular and electrophysiological properties. “Western blot” and

Immunofluorescence experiments show the presence of P2X2, P2X4, P2X6 and P2X7

subunits of purinergic receptors in mouse Leydig cells. Using the patch clamp technique

we also analyzed ATP-activated ionic currents in single isolated cells. The functional

results support the hypothesis that heteromeric receptors, probably P2X2/4/6, with a

Page 19: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

18

pharmacological profile mainly determined by the P2X2 subunit, are present in Leydig

cells. Besides this, P2X7 receptors are present, but certainly non-functional. Our results

also show that activation of P2X receptors leads to an increase in the activity of BKCa

channels coupled to the calcium influx observed in these circumstances.

Page 20: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

19

3 Introdução

A produção de hormônios esteróides é indispensável para a homeostase do

organismo e para o sucesso da função reprodutiva. Esses hormônios são produzidos

na glândula adrenal, gônadas, placenta e cérebro e atuam de duas formas: aguda,

estimulando a mobilização do colesterol para o interior da mitocôndria para posterior

metabolização, e crônica, aumentando a transcrição e tradução de genes relacionados

às enzimas esteroidogênicas (Miller, 1988). A proteína reguladora da esteroidogênese

aguda (StAR) é responsável pelo transporte de colesterol para o interior da mitocôndria

(Caron et al., 1997) e se responsabiliza por aproximadamente 85% do processo de

síntese de esteróides (Manna et al., 2001). Dessa forma, o funcionamento da proteína

StAR pode ser visto como um passo limitante no processo esteroidogênico e sua

expressão é influenciada por múltiplos sinais intracelulares, tais como adenosina 3’,5’-

monofosfato cíclico (AMPc), cálcio (Ca2+) e metabólitos de ácido aracdônico (Manna et

al., 2003). A estimulação aguda da esteroidogênese pelo hormônio Luteinizante (LH)

ocorre por meio de receptores metabotrópicos, tendo o AMPc como um importante

segundo mensageiro. Porém, outros sistemas de sinalização intracelular são capazes

de potenciar a resposta esteroidogênica, como 1,4,5 trifosfato de inositol (IP3),

diacilglicerol (DAG), ácido aracdônico, leucotrienos, Ca2+ e cloreto (Cooke, 1999). Além

deste, outros estudos têm mostrado que o ATP pode atuar como um modulador do

processo esteroidogênico em vários tipos celulares (Filipini et al., 1994; Loir et al.,

1999; Tai et al., 2001; Nishi et al., 2002).

Page 21: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

20

3.1 Células de Leydig

As células de Leydig encontram-se no espaço intersticial dos testículos, entre os

túbulos seminíferos. Junto às células de Leydig estão os vasos sanguíneos, vasos

linfáticos, tecidos conectivos e macrófagos. Essas células dispõem-se de forma

agrupada ao longo dos vasos sanguíneos e sua distribuição é semelhante nas

diferentes espécies animais. Todos os andrógenos testiculares são produzidos e

secretados pelas células de Leydig. Nelas, os estoques de colesterol aparecem em

forma de gotículas, que são consumidas com o aumento da síntese de andrógenos. A

testosterona é o principal hormônio esteróide masculino produzido nessas células e a

modulação deste processo se dá por interações endócrinas através do eixo

hipotálamo-hipófise-testículos. Essas interações envolvem os hormônios LH e

Gonadotrofina Coriônica - hCG (na fase intrauterina), e também processos de

sinalização parácrina e autócrina entre as outras células testiculares. Há comunicação

intercelular entre células de Leydig e entre células de Sertoli e Leydig, resultado da

presença de junções comunicantes (Saez, 1994). Foi descrito a presença de conexina

43 em células de Leydig e o seu importante papel na comunicação entre células de

Leydig, possivelmente como modulador de secreção hormonal (Varanda & de

Carvalho, 1994; Goldenberg et al., 2003).

Estimulação de células de Leydig de camundongos por ATP induz um aumento

na [Ca2+]i e produção e secreção de testosterona (Foresta et al., 1996; Perez-

Armendariz et al., 1996). Janszen e colaboradores (1976), estudando células de Leydig

de ratos, observaram que a diminuição da [Ca2+] no meio extracelular (banho) causa

uma redução significativa na produção de testosterona estimulada por LH/hCG. Por

Page 22: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

21

outro lado, quando há aumento de Ca2+ extracelular a secreção de testosterona pode

ser duplicada (Meikle et al., 1991). Dada a presença de canais iônicos ativados por

ATP extracelular em células de Leydig (Poletto-Chaves et al., 2006) pode-se sugerir

que estes se constituem em uma das possíveis vias de entrada dos íons Ca2+.

3.2 Receptores Purinérgicos

Em 1978, Burnstock agrupou os receptores purinérgicos em dois grandes

grupos, de acordo com o modo de ativação dos mesmos: P1 para aqueles sensíveis a

adenosina e P2 aos sensíveis a nucleotídeos. Por meio de experimentos

farmacológicos, os receptores P2 foram novamente divididos em dois grupos: P2Y,

receptores acoplados à proteína G (metabotrópicos) e P2X, canais iônicos ativados por

ligantes (ionotrópicos) (Burnstock & Kennedy, 1985). Atualmente oito subtipos de

receptores P2Y já foram clonados e caracterizados funcionalmente (Burnstock, 2004).

Da mesma forma, sete subunidades de receptores P2X foram também clonadas e

caracterizadas em vertebrados: P2X1 a P2X7. Todas estas subunidades apresentam a

mesma estrutura básica, compondo-se de 379 (P2X6) a 595 (P2X7) aminoácidos (aa)

(Valera et al., 1994; Brake et al., 1994; Chen et al., 1995; Wang et al., 1996; Garcia-

Guzman et al., 1996; Collo et al., 1996; Surprenant et al., 1996; North, 2002). A

ativação dos receptores P2X faz-se em milisegundos, pois a ligação do ATP a seu sítio

está diretamente associada à abertura de um canal iônico. Esse fato proporciona

modulação de processos de sinalização rápida a pequenas distâncias (North &

Barnard, 1997; Khakh, 2001).

Page 23: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

22

A proteína que compõe o receptor P2X apresenta dois domínios

transmembrana: TM1 e TM2 (figura 1). Ambos são segmentos hidrofóbicos e estão

relacionados com a formação do poro do canal (Egan et al., 1998; Jiang et al., 2001). O

segmento TM2 também regula propriedades específicas do canal, como condutância

(Nakazawa et al., 1998), permeabilidade (Migita et al., 2001) e fluxo de Ca2+ (Egan &

Khakh, 2004). Os receptores P2X são canais seletivos a cátions com permeabilidades

semelhantes aos íons sódio e potássio e maior ao íon Ca2+. Caracterizam-se, ainda,

por conduzir correntes de entrada mais facilmente que correntes de saída, ou seja,

comportam-se como retificadores de entrada (Evans et al., 1996). As porções amino (-

N) e carboxi (-C) -terminal são intracelulares e o sítio de ligação com o ATP localiza-se

na extensa alça extracelular (Torres et al., 1998). Os sete subtipos de receptores P2X

apresentam homologia nos aa que os compõem, variando de 39,2% (P2X6 – P2X7, em

ratos) a 55,4% (P2X4 – P2X5, em humanos) (North, 2002).

Figura 1: Esquema ilustrativo da estrutura molecular de receptores P2X2. Na figura podemos observar a extensa alça extracelular, os segmentos transmembrana TM1 e TM2 e as porções terminais intracelulares (Modificado de North, 2002).

extracelular

intracelular

Page 24: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

23

Nicke e colaboradores (1998) mostraram que o elemento estrutural essencial

dos receptores P2X são complexos formados pelo agrupamento de três subunidades

idênticas do receptor. Em 2004, Aschrafi e colaboradores descreveram a arquitetura

estrutural trimérica como característica exclusiva dos receptores P2X funcionais tanto

homoméricos, formados por subunidades idênticas, como heteroméricos, formados por

subunidades diferentes.

3.3 Arranjos Homoméricos dos Receptores P2X

O conhecimento sobre os receptores P2X foi aprofundado em meados dos anos

90 por meio de estudos de clonagem molecular e caracterização dos sete subtipos.

Evans e colaboradores (1995) estudando receptores purinérgicos do músculo liso da

bexiga de humanos, e de células de feocromocitoma de ratos (PC12), transfectados em

oócitos e células HEK 293, observaram diferentes perfis de resposta aos agonistas.

Nas células que expressavam o DNA complementar (DNAc) de receptores do músculo

liso da bexiga o ATP mostrou-se mais potente e houve resposta para os análogos aß-

metileno ATP (aßmeATP) e ßγ-metileno ATP (ßγmeATP). Já nas células que

expressavam o DNAc de receptores de células PC12, esses análogos do ATP não

provocaram resposta. Posteriormente, Mackenzie e colaboradores (1999) identificaram

três grupos distintos de receptores homoméricos P2X considerando-se suas

características farmacológicas. O primeiro grupo responde à estimulação por aßmeATP

de forma semelhante à estimulação por ATP. Além disso, os receptores pertencentes a

esse grupo exibem dessensibilização rápida. Já o segundo grupo de receptores P2X

caracteriza-se por não exibir respostas à estimulação pelo aßmeATP e apresentar

Page 25: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

24

dessensibilização lenta. A distinção do receptor do terceiro grupo se dá pelo fato de

que, após estimulação prolongada, a abertura do canal é seguida pela permeabilização

da membrana plasmática. A figura 2 apresenta as correntes macroscópicas

características de cada um dos receptores homoméricos P2X com exceção do subtipo

P2X6. Os subtipos de receptores homoméricos P2X1 e P2X3 fazem parte do primeiro

grupo descrito, como podemos observar pela cinética das correntes (figura 2). Já os

receptores P2X2, P2X4 e P2X5 pertencem ao segundo grupo (figura 2). O terceiro grupo

descrito refere-se ao receptor P2X7. Estudos de clonagem molecular feitos com a

subunidade P2X6 foram dificultados, pois esta subunidade havia sido descrita como

incapaz de formar receptores homotriméricos funcionais (Torres et al., 1999).

Recentemente, mostrou-se que as subunidades P2X6 somente são capazes de formar

um receptor funcional após serem glicosiladas. Quando expresso, o receptor P2X6

responde à estimulação por aßmeATP e apresenta dessensibilização lenta (Jones et

al., 2004) (figura 2).

A descrição dos subtipos de receptores homoméricos P2X será feita de acordo

com a classificação destes nos grupos acima citados.

Page 26: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

25

Figura 2: Correntes de receptores P2X homoméricos de ratos, expressos em células HEK. As correntes mostram dessensibilização rápida para os receptores P2X1 e P2X3 e lenta para os outros cinco tipos de receptores purinérgicos, após aplicação de ATP (30 M, exceto 100 µM para o receptor P2X6 e 1 mM para o receptor P2X7) (Modificado de North, 2002, Bo et al., 2003 e Jones et al., 2004).

Receptores P2X1

O receptor homomérico P2X1 foi primeiramente clonado a partir de células

musculares lisas do ducto deferente de ratos. Nessas células, identificou-se um

receptor com estrutura molecular de 399 aa, com extensa alça extracelular e dois

domínios transmembrana. Considerando-se a estrutura peculiar, os receptores

purinérgicos foram identificados como uma nova classe de receptores ativados por

ligantes (Valera et al., 1994).

P2X6 P2X5

0,5 nA 5 s

A

B C

Page 27: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

26

O receptor P2X1 responde à estimulação pelos agonistas aßmeATP e 3’-O-(4-

benzoil)benzoil ATP (BzATP) e apresenta dessensibilização rápida, características

compartilhadas com o receptor P2X3 (Valera et al., 1994; Garcia-Guzman et al., 1997;

Bianchi et al., 1999). Porém, a estimulação com ßγmeATP evoca respostas cerca de 40

vezes mais potentes nos receptores P2X1 (Evans et al., 1995; Garcia-Guzman et al.,

1997). Os polifosfatos de diadenosina também exibem diferentes papéis como

agonistas de receptores purinérgicos. O composto P1,P4-tetrafosfato de diadenosina

(Ap4A) atua como agonista parcial em receptores P2X1 e é cerca de 10 vezes mais

seletivo a estes, quando comparado a outros receptores P2X. Já em receptores P2X3,

atua como agonista mais potente que o ATP, assim como o P1,P5-pentafosfato de

diadenosina (Ap5A) e o P1,P6-hexafosfato de diadenosina (Ap6A) (Wildman et al.,

1999).

Os receptores P2X1 são bloqueados por compostos análogos da Suramina

(antagonista não-seletivo de receptores P2), NF449 e NF864, recentemente descritos

como antagonistas altamente seletivos de receptores P2X1 (Rettinger et al., 2005). Um

estudo recente caracterizou o composto RO-1 como antagonista de receptores P2X1,

visto que a sua seletividade é cerca de 30 vezes maior aos receptores P2X1 quando

comparado a outros receptores P2X (Jaime-Figueroa et al., 2005).

Uma das funções fisiológicas conhecidas para os receptores P2X1 é a

modulação do componente purinérgico na estimulação nervosa simpática e

parassimpática da contração muscular lisa. Essa função foi observada em diferentes

tecidos, tais como, bexiga urinária e ducto deferente (Vial et al., 2000; Mulryan et al.,

2000). Esses receptores também estão presentes em plaquetas e sua ativação

Page 28: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

27

ocasiona alterações na conformação e no agregamento das mesmas (Erhardt et al.,

2003; Hechler et al., 2003).

Receptores P2X3

Chen e colaboradores (1995) clonaram o gene correspondente à proteína do

receptor P2X3 a partir de neurônios sensoriais do gânglio da raiz dorsal de ratos. Este

subtipo de receptor apresenta estrutura molecular com 397 aa e é o único canal iônico

ativado por ligante presente em neurônios sensoriais (Lewis et al., 1995; Chen et al.,

1995).

Além do agonistas ßγmeATP, Ap4A e Ap5A, outros fármacos podem ser

utilizados com o intuito de diferenciar os receptores P2X1 e P2X3. O Azul de Cibacron

atua como modulador da resposta dos receptores P2X3 ao ATP, potenciando-a

(Alexander et al., 1999). Do mesmo modo, o Etanol pode aumentar a corrente evocada

nesses receptores de maneira dose-dependente (Davies et al., 2005).

O composto A-317491 foi identificado como antagonista não-nucleotídico

altamente seletivo de receptores que expressem a subunidade P2X3 (Jarvis et al.,

2002). Um estudo recente descreveu a inibição de correntes de receptores P2X3

humanos, tanto homoméricos ou heteroméricos, por RO-3 (Ford et al., 2006).

Os receptores P2X3 localizam-se predominantemente em neurônios sensoriais

do gânglio da raiz dorsal, trigeminal e nodoso (Bradbury et al., 1998; Dunn et al., 2001).

Estudos sobre a função desses receptores indicam modulação da neurotransmissão

sensorial, das respostas mecano- e quimio-sensoriais e da liberação pré-sináptica de

glutamato (Nakatsuka et al., 2003; Fu et al., 2004; Wang et al., 2005).

Page 29: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

28

Receptores P2X2

A clonagem dos receptores P2X2 foi feita por Brake e colaboradores (1994) a

partir de células PC12. Diferentemente dos receptores do primeiro grupo descrito por

Mackenzie e colaboradores (1999), os receptores P2X2 não exibem resposta ao

análogo do ATP aßmeATP e possuem dessensibilização lenta (King et al., 1996). A

potência dos agonistas a esse receptor segue a ordem:

ATP>ou=2meSATP=ATPγS>>>BzATP (King et al., 1996; King et al., 1997). Não há

resposta à estimulação por outros nucleotídeos (King et al., 1997). A corrente dos

receptores P2X2 é potenciada pela acidificação do meio extracelular (pH 6,5), o que o

diferencia dos outros receptores P2X (King et al., 1996; King et al., 1997; Stoop et al.,

1997; Miller et al., 1998; Wildman et al., 2002). Já a alcalinização reduz as correntes do

receptor P2X2. Estes são bloqueados por PPADS e Suramina (Evans et al.,1995; King

et al., 1997). Não foi descrito até o momento nenhum antagonista seletivo a receptores

P2X2.

O receptor P2X2 está presente no sistema nervoso central (SNC) e periférico

(SNP). No SNC, sua função está relacionada com a transmissão sináptica mediada por

ATP, influenciando a regulação de diversos processos tais como memória e

aprendizado, função motora, coordenação autonômica e integração sensorial (Kidd et

al., 1995; Kanjhan et al., 1996; Scheibler et al., 2004). Já no SNP, esses receptores

parecem atuar, por exemplo, na modulação da sensibilidade do trato gastro-intestinal

(Castelucci et al., 2002; Castelucci et al., 2003). Além das células neuronais outros

tipos celulares apresentam receptores P2X2, tais como, células da medula da glândula

adrenal, células endoteliais, epiteliais, musculares lisas e cardíacas. O papel desses

Page 30: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

29

receptores em células não-neuronais parece estar relacionado com funções

desempenhadas pelo ATP extracelular tais como, regulação autócrina e parácrina da

liberação de hormônios, exocitose e endocitose, contratilidade dos músculos lisos e

atividade do marcapasso (Vulchanova et al., 1996; King et al., 1998; Hansen et al.,

1999; Hansen et al., 1999b; Lee et al., 2000)

Receptores P2X4

Os receptores P2X4 foram clonados pela primeira vez por Bo e colaboradores

(1995) a partir do cérebro de ratos. Estes se assemelham aos receptores P2X2 por

apresentarem insensibilidade ao aßmeATP e dessensibilização lenta. Porém, exibem

respostas distintas quando analisados em diferentes organismos (Bo et al., 1995; Buell

et al., 1996; Garcia-Guzman et al., 1997). Da mesma forma que os receptores P2X2,

são insensíveis à ativação por ßγmeATP (Buell et al., 1996). Contudo, diferenciam-se

pelos efeitos da variação do pH e após incubação com Ivermectina. (Stoop et al., 1997;

Khakh et al., 1999). Há inibição da corrente dos receptores P2X4 em condições de pH

ácido (6,3-6,5), porém pHs alcalinos não exercem efeito sobre os mesmos. A

Ivermectina influencia a cinética da corrente dos receptores P2X4 atuando em dois

sítios de ligação distintos: no sítio de alta afinidade leva ao aumento da condutância do

canal; no sítio de baixa afinidade há indícios de aumento da afinidade ao ATP,

permitindo que o canal permaneça aberto de forma estável (Priel & Silberberg, 2004).

Há controvérsias quanto às respostas evocadas por receptores P2X4 na

presença de antagonistas. Estudos em ratos descrevem que esses receptores são

insensíveis aos antagonistas Suramina e PPADS (Soto et al., 1996; Buell et al., 1996).

Page 31: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

30

Townsend-Nicholson e colaboradores (1999) observaram que em camundongos

ocorre, ao invés de inibição, potenciação da corrente de receptores P2X4 por Suramina,

PPADS e Azul de Cibacron. Porém, foi descrito que receptores P2X4 de humanos e

camundongos são bloqueados por PPADS (Garcia-Guzman et al., 1997; Jones et al.,

2000). O receptor P2X4 é inibido por altas concentrações de etanol (Xiong et al., 2005).

Dentre os receptores P2X o subtipo P2X4 parece ser o mais extensamente

distribuído. Está presente em diferentes regiões cerebrais, além da medula espinhal,

gânglios autonômicos e sensoriais, músculo liso arterial, rins, pulmão, coração entre

outros (Wang et al., 1996; Bo et al., 2003).

Receptores P2X5

Garcia-Guzman e colaboradores (1996) clonaram os receptores P2X5 a partir do

coração de ratos. O receptor apresenta 455 aa em sua estrutura e está presente no

coração, cérebro, medula espinhal e glândula adrenal (Garcia-Guzman et al., 1996).

Assemelha-se aos receptores P2X2 e P2X4 por não ser ativado por aßmeATP e

apresentar dessensibilização lenta. Receptores P2X5 são ativados igualmente por ATP

e 2meSATP e não respondem ao ßγmeATP, assim como os receptores P2X2 e P2X4

(Collo et al., 1996; Bo et al., 2003).

Os antagonistas Suramina e PPADS são efetivos contra os receptores P2X5 (Bo

et al., 2000; Garcia-Guzman et al., 1996). Esse perfil farmacológico é semelhante aos

receptores P2X2, porém parcialmente distinto dos receptores P2X4. A diminuição do pH

extracelular leva a diminuição da corrente dos receptores P2X5 e o seu aumento não

exerce efeito sobre a corrente, diferenciando os receptores P2X5 dos receptores P2X2

Page 32: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

31

(Wildman et al., 2002). A ação da Ivermectina sobre os receptores P2X4 os distingue

dos receptores P2X5 (Khakh et al., 1999).

Os receptores P2X5 estão presentes no cérebro, coração, olhos e estudos

recentes mostram sua presença nas células em diferenciação, tais como músculo

esquelético, células epiteliais da mucosa nasal, bexiga e ureter, e pele (Collo et al.,

1996; Groschel-Stewart et al., 1999; Lee et al., 2000; Ruppelt et al., 2001; Ryten et al.,

2002; Gayle et al., 2005). Há indícios de que os receptores P2X5 possam desempenhar

importante papel como reguladores da proliferação e diferenciação de células

cancerígenas (Greig et al., 2003; Calvert et al., 2004).

Receptores P2X7

O receptor P2X7, anteriormente conhecido como receptor P2Z, foi clonado a

partir do cérebro de ratos (Surprenant et al., 1996). Sua estrutura, composta por 595

aa, é homóloga a dos outros receptores P2X, exceto pela presença de uma porção

terminal -COOH mais extensa. Foi descrito como o primeiro receptor purinérgico que

permite a passagem de moléculas de grande peso molecular (<900 KDa) (Surprenant

et al., 1996; Chessell et al., 1998). O agonista mais potente dos receptores P2X7 é o

BzATP, sendo que o ATP é menos potente nesse receptor quando comparado aos

outros P2X (Rassendren et al., 1997; Hibell et al., 2000). Os receptores P2X7 exibem

resposta de baixa magnitude ou ausência de resposta à estimulação por aßmeATP,

2meSATP e ßγmeATP (Chessell et al., 1998).

Estudos mostram que as correntes evocadas por receptores P2X7 são

bloqueadas por PPADS e que a Suramina atua como um agonista fraco ou ineficaz

Page 33: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

32

nesses receptores. Porém, há diferenças no perfil farmacológico das correntes de P2X7

em relação às diferentes espécies (Hibell et al., 2001; Duan et al., 2003). A modulação

do pH sobre o canal deste receptor é negativa, tanto para valores menores de pH

quanto para valores maiores (Michel et al., 1999). Gargett e colaboradores (1997)

descreveram um potente agonista seletivo de receptores P2X7. Esse composto,

nomeado KN-62, é uma isoquinolina derivada da tirosina e bloqueia tanto as correntes

do receptor P2X7 quanto a entrada de corantes de grande peso molecular por dilatação

do poro desse receptor. Outros dois compostos têm sido estudados como inibidores

seletivos de receptores P2X7: AZD9056 e A-74003 (Gever et al., 2006; Honore et al.,

2006).

Torres e colaboradores (1999) descreveram a subunidade P2X7 como sendo

somente capaz de formar arranjos homoméricos, sem exibir interação com outras

subunidades. Porém, estudos recentes mostram a formação de um receptor

heteromérico envolvendo as subunidades P2X4 e P2X7 (Guo et al., 2007).

Foram descritos receptores P2X7 em diversos tipos celulares pertencentes ao

sistema imune e à glia do SNC e periférico (Collo et al., 1997; Hu et al., 2001; Franke et

al., 2001; Bulanova et al., 2005). Estudos têm demonstrado a possível atuação desses

receptores na neurodegeneração e inflamação do SNC bem como nos processos de

apoptose celular (Lê Feuvre et al., 2003; Parvathenani et al., 2003; Wang et al., 2004;

Franke et al., 2006; Franke e Illes, 2006).

Receptores P2X6

A expressão de receptores P2X6 foi inicialmente dificultada pelo fato de que

estes seriam incapazes de ser expressos na membrana celular e de formar arranjos

Page 34: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

33

homoméricos (Lê et al., 1998; Torres et al., 1999). Recentemente, foi descrito que as

subunidades P2X6 somente são expressas na membrana celular quando estão

parcialmente glicosiladas, e após extensa glicosilação são capazes de formar canais

funcionais (Jones et al., 2004). Caso não ocorra o processo de glicosilação, foi relatado

que as subunidades P2X6 formam tetrâmeros ao invés de trímeros, e ficam retidas no

interior do retículo endoplasmático (RE) (Aschrafi et al., 2004).

O receptor P2X6 distingue-se dos receptores P2X2 e P2X4 por ser mais sensível

ao ATP e ao aßmeATP e por não exibir diminuição das correntes na presença do

antagonista Suramina. Porém, semelhante a esses receptores, o P2X6 é bloqueado

pelo antagonista PPADS (Jones et al., 2004).

A expressão da subunidade P2X6 ocorre em diversas regiões do SNC, como

cerebelo e hipocampo (Collo et al., 1996; Rubio & Soto et al., 2001; Bobanovic et al.,

2002).

3.4 Arranjos Heteroméricos dos Receptores P2X

A expressão de diferentes receptores P2X, concomitantemente, resulta em

diferentes fenótipos de receptores heteroméricos. Atualmente, são conhecidos sete

receptores P2X que formam heterotrímeros. Dentre eles, o primeiro receptor

caracterizado foi o P2X2/3 (Lewis et al., 1995). Sua função fisiológica parece estar

envolvida com os processos de transdução mecano-sensorial na bexiga, respostas de

neurônios sensoriais nodosos, dor inflamatóri e sinalização gustatória (Roberts et al.,

2006).

Page 35: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

34

Um outro receptor heteromérico, P2X1/5, foi descrito em 1998 por Torres e

colaboradores. Há indícios de que sua função associa-se à modulação dos potenciais

de junção excitatórios de junções neuro-efetoras arteriais (Torres et al., 1998).

Lê e colaboradores (1998) caracterizaram o receptor heteromérico P2X4/6,

presente de forma abundante no SNC. Este estudo sugeriu a sua participação na

regulação da liberação de neurotransmissores excitatórios nas sinapses sensoriais

centrais.

O quarto receptor heteromérico descrito, P2X2/6, também é encontrado de forma

abundante no SNC (King et al., 2000). Tanto o heteromultímero P2X4/6, quanto o P2X2/6

apresentam características distintas dos receptores homoméricos P2X4 e P2X2,

respectivamente. Considerando-se o fato de que as subunidades do tipo P2X6 são

incapazes de formar homotrímeros sem que haja o processo de glicosilação, sugere-se

que in vivo essas subunidades desempenhem funções primárias como

heteromultímeros, combinando-se com outros tipos de subunidade, possivelmente

P2X2 e P2X4 por serem expressos nas mesmas regiões do SNC (Gever et al., 2006).

O heteromultímero P2X1/2 foi descrito como o quinto receptor recombinante por

Brown e colaboradores (2002). Este receptor apresenta sensibilidade peculiar às

variações de pH, quando comparado aos receptores homoméricos P2X1 e P2X2.

Também apresenta um perfil farmacológico incomum em relação aos agonistas de

receptores P2X1 (Brown et al., 2002). Há indícios de que a transmissão purinérgica

pode ser facilitada em ambientes ácidos, após estimulação desses receptores, e está

associada à exocitose de neurotransmissores ou inflamação tecidual (King et al., 1997).

Page 36: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

35

O receptor P2X1/4, sexto receptor heteromérico descrito, apresenta propriedades

cinéticas similares aos receptores homoméricos P2X4 e perfil farmacológico

semelhante aos receptores homoméricos P2X1. Sugere-se que esse receptor

heteromérico possa atuar como moduladores da resposta ao aßmeATP em neurônios

do gânglio cervical superior (Nicke et al., 2005).

O mais recente receptor heteromérico descoberto é o P2X4/7. Sugere-se que

esse receptor desempenhe importante função na sinalização da dor (Guo et al., 2007).

Os diferentes fenótipos de receptores heteroméricos descritos, na maior parte

das vezes, exibem características distintas dos receptores homoméricos das

subunidades que os compõem. A modulação da expressão das diferentes subunidades

pode levar à alteração na estequiometria dos receptores heteroméricos, sugerindo que

a formação desses receptores possa ser um processo dinâmico e ajustável a diferentes

situações fisiológicas (Barrera et al., 2005).

Os resultados de Poletto-Chaves e colaboradores (2006) mostram que os

receptores purinérgicos P2X presentes em células de Leydig de camundongos são o

ponto de partida do processo de estimulação da esteroidogênese por ATP, por permitir

a entrada de Ca2+ ao intracelular. Sabe-se que o íon Ca2+ é o mediador da estimulação

da expressão de proteína StAR em células de Leydig tumorais LTC-1 de camundongos

(Manna et al., 1999). Os experimentos farmacológicos de Poletto-Chaves e

colaboradores (2006) sugeriram ainda que os receptores presentes em células de

Leydig de camundongos são os homoméricos P2X2. Dessa forma, o estudo detalhado

desses receptores em células de Leydig é de extrema importância para a elucidação

das funções celulares exercidas por eles.

Page 37: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

36

3.5 Canais para Potássio Ativados por Cálcio

A variação da [Ca2+] citosólica em resposta à estimulação por ATP pode

participar do controle das condutâncias iônicas através da membrana plasmática.

Estudos da década de 70 mostraram que o aumento de Ca2+ intracelular em neurônios

de Aplysia era seguido de aumento da condutância da membrana plasmática. Além

disso, o potencial de reversão observado era função da concentração externa de

potássio (K+) (Meech & Strumwasser, 1970; Meech, 1972). A partir desses estudos,

foram descritos os canais para K+ dependentes de Ca2+ (KCa) e sugeriu-se que sua

principal função era associar o metabolismo celular com a condutância da membrana

(Meech, 1978). Esses canais podem ser divididos em três grupos de acordo com a sua

condutância: BKCa para os de alta condutância, SKCa para os de baixa condutância e

IKCa para os de condutância intermediária (Blatz & Magleby, 1987).

Em células da granulosa de humanos foi descrita a participação dos canais BKCa

no processo de esteroidogênese (Kunz et al., 2002). Esse estudo mostrou que a

ativação desses canais por acetilcolina e ocitocina modula a ação estimulatória do

hormônio hCG na esteroidogênese. Em experimentos com a técnica de “patch clamp”

(Hamill et al., 1981), em células de Leydig de camundongos com baixas [Ca2+]i, as

despolarizações mostraram ativar uma condutância para K+ dependente de Ca2+

(Kawa, 1987). Com o uso da mesma técnica, Carnio & Varanda (1995) observaram a

presença de canais para K+ em células de Leydig de camundongos e determinaram

que variações na [Ca2+] intracelular aumentam tanto a probabilidade de aparecimento,

como o tempo médio de abertura destes canais. Foi observada uma condutância de

Page 38: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

37

202 pS sugerindo a presença de canais BKCa. Demonstraram, ainda, que o tratamento

das células de Leydig com hCG ou AMPc induz um grande aumento na freqüência de

abertura, concomitantemente com uma redução no tempo médio de fechamento sem

afetar o tempo médio de abertura do canal, sendo que ambos os tratamentos requerem

Ca2+ extracelular para suas ações. Assim sendo, a especulação da possível interação

entre o influxo de Ca2+ por receptores P2X após estimulação por ATP e a alteração de

atividade dos canais BKCa em células de Leydig é crucial para o melhor entendimento

do funcionamento do processo esteroidogênico nessas células.

Page 39: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

38

4 Objetivos

Na tentativa de ampliar e reforçar as evidências quanto à presença e papel

fisiológico dos receptores P2X em células de Leydig, este estudo teve por objetivo:

• Estudar os possíveis subtipos de receptores purinérgicos presentes nas células de

Leydig investigando propriedades moleculares e eletrofisiológicas dessas células;

• Observar alterações decorrentes da entrada de íons Ca2+ nas células de Leydig, por

estimulação dos receptores P2X, na ativação dos canais BKCa, utilizando a técnica

de “patch-clamp” na variante “cell-attached”;

Page 40: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

39

5 Material e Métodos

5.1 Animais

Os protocolos experimentais utilizados estão de acordo com as normas

estabelecidas pela Comissão de Ética em Experimentação Animal da FMRP/USP,

tendo sido por ela aprovados (Protocolo # 030/2005).

Foram utilizadas células de Leydig de camundongos pertencentes à linhagem

Swiss, com cerca de 50 dias (~40 gramas). Estes animais foram mantidos em um ciclo

claro/escuro de 12 horas com água e alimentação ad libitum.

5.2 Isolamento de Células de Leydig

5.2.1 Extração por Dispersão Mecânica

Após o sacrifício dos animais por deslocamento cervical, a remoção dos

testículos foi feita de forma rápida, desprezando-se toda a gordura e retirada a túnica

albugínea. As células foram então isoladas por processo de dispersão mecânica

(aspiração/sucção) com solução de Hank’s e semeadas sobre lamínulas de vidro

(Carnio & Varanda, 1995). Essa preparação de células pôde ser utilizada até 3 a 4

horas após o isolamento. Após este período o sucesso na obtenção de selos de alta

resistência torna-se bastante reduzido (Poletto-Chaves et al., 2006).

Page 41: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

40

5.2.2 Purificação por Choque Osmótico

Como nos experimentos de imunofluorescência é de interesse que se tenha uma

população de células mais homogênea, desenvolvemos um método de purificação

relativa com o uso de choque osmótico associado ao tratamento prévio da preparação

com colagenase. Observamos que as células de Leydig são resistentes ao choque

osmótico padronizado, diferentemente das hemáceas e das outras células presentes

na preparação, as quais interferem na pureza da preparação. O processo de

purificação ocorreu da seguinte forma:

• Dois testículos foram descapsulados e colocados em 6 ml de Hank’s + 0,1% de

BSA com colagenase (3,428 mg);

• A solução foi infundida nos testículos (processo mecânico) por várias vezes,

sem despedaçá-los;

• A suspensão resultante foi transferida para um tubo falcon e agitada por 5

minutos entre as velocidades número 3 e 4 (Mesa Agitadora, Tecnal, Piracicaba,

SP, Brasil);

• Após a agitação foi utilizada uma pipeta de Pasteur de plástico (boca larga) para

soltar os túbulos seminíferos sem danificá-los em demasia (processo mecânico);

• A suspensão foi filtrada em nytex (80 µm) e lavada com 1 ml de Hanks + 0,1%

BSA (volume total de 7 ml) para retirada dos túbulos seminíferos da preparação;

• Após a divisão da suspensão em 2 tubos de falcon (3,5 ml/tubo) o volume foi

completado com Hanks + 0,1% BSA (15 ml). Este procedimento teve o intuito de

lavar a enzima colagenase da solução, evitando danos às células;

Page 42: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

41

• A suspensão foi centrifugada (Centrífuga Excelsa, FANEM, Guarulhos, SP,

Brasil) a 1500 rpm por 3 min;

• Os dois precipitados de células foram ressuspendidos em 15 ml de Hank’s +

0,1% BSA e centrifugados novamente a 1500 rpm por 3 min;

• O precipitado de células foi ressuspendido em 4,5 ml de água destilada por 20

segundos, gerando um choque osmótico para lise de hemáceas e outras células

e conseqüente purificação da preparação;

• Após o período de 20 segundos foram adicionados 0,5 ml de Hank’s

concentrado 10 vezes e a solução foi agitada;

• Após 3 min (para que as células recuperassem seu volume basal) foi

adicionado 9 ml de Hanks + 0,1% BSA ao tubo e este foi então centrifugado a

3000 rpm por 5 min;

• O precipitado de células foi ressuspendido em 1 ml de Hank’s;

• As células foram semeadas sobre lamínulas de vidro previamente tratadas com

Biobond (Biobond-Tissue Adhesive, Electron Microscopy Sciences, Hatfield, PA,

USA).

5.2.3 Identificação das Células por Marcação da Enzima 3 HSD

Para avaliar esse método de purificação de células foram feitos experimentos de

marcação da enzima 3ß-hidroxi-esteróide-desidrogenase. Esta enzima atua no

processo de síntese do hormônio testosterona, sendo responsável por transformar

pregnenolona em progesterona, e dessa forma pode ser utilizada como instrumento de

Page 43: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

42

marcação das células de Leydig, produtoras desse hormônio. O seguinte protocolo foi

utilizado:

• As lamínulas foram preparadas previamente com Biobond, 2% em acetona;

• Foi adicionado um volume de 70 µl de suspensão de células para cada lamínula

redonda de 13 mm de diâmetro;

• As lamínulas foram deixadas sobre uma mesa aquecida à temperatura de 30º –

35º C para secarem;

• As lamínulas já secas foram cobertas com 200 µl de solução de marcação,

A + B, e mantidas a 35º C por 90 min:

A: 1 mg de nitro blue tetrazolium (NBT) dissolvido em 0,6 ml de 1 mg/ml de

etiocolan em DMSO;

B: 8 mg ß-NAD em 7,6 ml de Hanks’;

• As lamínulas foram então lavadas com água destilada e fixadas com 4% de

paraformaldeído (PFA) em Hank’s adicionado de 5% de sacarose (pH 7,4);

• Novamente as lamínulas foram lavadas com água destilada e o verso destas foi

secado com papel absorvente;

• As lamínulas foram montadas com Fluoromount (Fluoromount G, Electron

Microscopy Sciences, Washington, PA, USA) e seladas com esmalte base para

unha (Wet’n’Wild, AM Cosmetics,Milano, NY, USA).

O protocolo de extração de células por colagenase e purificação por choque

osmótico é inédito e mostrou-se eficiente quando se deseja uma pequena quantidade

de células, tendo sido utilizado para os experimentos de Imunofluorescência.

Page 44: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

43

5.2.4 Extração por Dispersão Mecânica com Colagenase e Purificação

por Gradiente Descontínuo de Percoll

Já para os experimentos feitos com a técnica de “Western Blot”, que exigem

uma quantidade maior de material com alto grau de pureza, as células de Leydig foram

extraídas com o uso da enzima colagenase e purificadas por meio de um gradiente

descontínuo de percoll (modificado de Schumacher et al., 1978), associado à

purificação prévia por choque osmótico, compreendendo as seguintes etapas:

• Após serem retirados os testículos de 10 a 12 camundongos, estes foram

descapsulados e colocados em 35 ml de solução de Hank’s + 0,1% BSA. Este

procedimento foi realizado à temperatura de 0 oC;

• Usando pipetas de Pasteur (boca larga), a suspensão foi agitada para soltar os

túbulos seminíferos, sem danificá-los em demasia (processo mecânico);

• A suspensão foi então colocada em um tubo falcon de 50 ml adicionada de 20

mg de colagenase Tipo II e agitada (Mesa Agitadora, Tecnal, Piracicaba, SP,

Brasil) durante 10 min;

• A suspensão foi filtrada duas vezes em nytex (80 µm) e lavada com 10 ml de

Hank’s + 0,1% BSA;

• Dividiu-se então a suspensão em 8 tubos falcon que foram centrifugados

durante 10 min a 3000 rpm;

• O sobrenadante foi descartado e o precipitado ressuspendido em 14 ml de

Hank’s + 0,1% BSA. Esse processo foi repetido por mais duas vezes;

Page 45: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

44

• O precipitado de células foi ressuspendido em 4,5 ml de água destilada por 20

segundos, gerando um choque osmótico para purificação da preparação;

• Após os 20 segundos adicionou-se 0,5 ml de Hank concentrado 10 vezes e a

suspensão foi agitada;

• Após 3 min (para que as células recuperassem seu volume basal) foi

adicionado 9 ml de Hanks + 0,1% BSA ao tubo e este foi então centrifugado a

3000 rpm por 5 min;

• Após ressuspender os precipitados em Hanks + 0,1% BSA estes foram somados

em um tubo falcon de 15 ml;

• O tubo de falcon foi centrifugado a 3000 rpm por 5 min;

• O precipitado foi ressuspendido em 6 ml;

• Para cada gradiente descontínuo de percoll foi utilizado um volume de 6 ml de

suspensão de células;

• O gradiente de percoll foi preparado em um tubo de centrífuga de 50 ml com as

seguintes soluções: 6 ml de solução de Hank + BSA (0,1%), 8 ml de solução 20

% de Percoll, 8 ml de solução 35 % de Percoll, 8 ml de solução 43 % de Percoll,

8 ml de solução 68 % de Percoll e 4 ml de solução 90 % de Percoll (as diluições

do percoll foram feitas adicionando-se solução de Hank + BSA 0,1%);

• Por último, a suspensão de células foi adicionada ao gradiente descontínuo de

percoll;

• O tubo foi centrifugado por 30 min a 800 x g (1,92 mil rpm) a 25º C;

Page 46: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

45

• As células retiradas do tubo de centrífuga entre as bandas de Percoll 43% e

68% são as células de Leydig. Estas foram então transferidas para uma solução

de Hank’s e centrifugadas por 15 min a 3000 rpm;

• O sobrenadante foi descartado e o processo repetido por duas vezes;

• Após o último descarte do sobrenadante, o precipitado foi ressuspendido em 200

µl de tampão de lise, para lise das membranas celulares, adicionado de

inibidores de proteases e fosfatases.

TBS: Tris (1 M, pH 7,5), NaCl (5 M);

Ripa: NaCl (750 mM), Tris (250 mM, pH 7,5), NP-40 (5%), deoxicolato de sódio

(2,5%), SDS (0,5%), Triton (0,5%);

Inibidores de proteases: Benzamidina, Leupeptina, Pepstatina, Soybean, PMSF

e EDTA;

Inibidores de fosfatases: Ortovanato e NaF.

O lisado de células foi utilizado para os experimentos de “Western Blot” ou

congelado a –70º C;

5.3 “Western Blot”

Os experimentos de “Western Blot” foram realizados para os sete subtipos de

receptores purinérgicos utilizando-se anticorpos disponíveis no mercado (Alomone

Labs Ltd., Jerusalém, Israel), segundo metodologia estabelecida (Varanda & de

Carvalho, 1994). Os anticorpos utilizados foram produzidos em coelhos contra uma

seqüência de aa da porção C-terminal (intracelular) de cada subtipo de receptor

Page 47: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

46

purinérgico de ratos. Porém, observa-se grande homologia entre a mesma porção dos

receptores purinérgicos em camundongos (tabela 1).

Para os experimentos com o anticorpo anti-P2X7 foram utilizados macrófagos

como controle positivo, cedidos pelo Prof. Dr. Dario Zamboni, Depto. de Biologia

Celular e Microbiologia – FMRP, isolados de acordo com Zamboni & Rabinovitch

(2003).

Tabela 1: Seqüências de aminoácidos (aa) reconhecidas pelos anticorpos contra os subtipos P2X1-7 de ratos e seqüências de aa que compõem as terminações –COOH intracelulares dos receptores P2X1-7 de camundongos. Os aa apresentados em negrito são os que diferem entre as duas seqüências comparadas. Terminações –COOH Seqüência de aa do Epítopo

RP2X Acesso (Mus musculus) Homologia (Rattus norvegicus) Acesso

P2X1 AAF68968 DPAATSSTLGLQENMRTS 17/18 DPVATSSTLGLQENMRTS P47824

P2X2 NP_700449 SQQDSTSTDPKGLAQL 16/16 SQQDSTSTDPKGLAQL P49653

P2X3 NP_663501 VEKQSTDSGAYSIGH 15/15 VEKQSTDSGAYSIGH P49654

P2X4 NP_035156 YVEDYEQGLSGETDQ 13/15 YVEDYEQGLSGEMNQ P51577

P2X5 NP_201578 QENAFVNMKPSQILQTVKT 13/19 RENAIVNVKQSQILHPVKT P51578

P2X6 NP_035158 RTKYEEARAPKTTTNSS 15/17 RTKYEEARAPKATTNSA P51579

P2X7 CAA08853 RIRKE FPKTEGQYSG FKYPY 18/20 KIRKEFPKTQGQYSGFKYPY Q64663

Os experimentos de “Western Blot” foram desenvolvidos com auxílio do Prof. Dr.

Marcelo Damário Gomes e da pós-graduanda Ana Letícia Maragno, Depto. de

Bioquímica e Imunologia - FMRP. O protocolo de “Western Blot” utilizado foi:

• O lisado de células foi sonicado (Sonics Materials, Danbury, CT, USA) com

amplitude de 20% a 30%, em pulsos de 30 segundos, com o intuito de degradar

possíveis grumos de lipídeos, proteínas e DNA.

• O lisado de células foi, então, centrifugado por 5 min a 4º C e 10000 x g;

• Foi determinada a concentração de proteínas do lisado de células pelo método

colorimétrico de Bradford (Bio-Rad Laboratories, Hercules, CA, USA) medindo-

Page 48: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

47

se as densidades ópticas (Spectronic Genesys 2, Spectronic Instruments,

Rochester, NY, USA);

• A solução da amostra foi misturada com tampão de amostra: (2x) Tris/HCL pH

6,8 100 mM, SDS 4%, azul de bromofenol 0,2% e glicerol 20%; antes do uso foi

adicionado dithiotreitol – DTT – 200 mM, armazenado a –20º C. A solução foi

fervida a 98º C por 5 min em banho seco em bloco (Cientec Equipamentos para

Laboratórios Ltda, Piracicaba, SP, Brasil);

• As placas para eletroforese foram montadas com espaçadores Mini protean II

Bio-Rad e gel de resolução 12%: água destilada, 30% Acrylamide mix, 1,5 M

Tris pH 8,8, 10% SDS, 10% APS e TEMED;

• O gel de resolução foi aplicado no aparato de eletroforese até o nível desejado;

• Após a polimerização do gel de resolução, foi aplicado o gel de empacotamento

5% (água destilada, 30% Acrylamide mix, 1,0 M Tris pH 6,8, 10% SDS, 10%

APS e TEMED) e inserido o pente;

• Foram utilizados 100 µg de proteína e 20 µl de solução por poço;

• Foi então adicionado o tampão de corrida (Tris 205 mM, glicina pH 8,3 2,5 M e

SDS 1%) ao aparato de eletroforese e iniciou-se o processo à voltagem de 100

a 130 V durante 90 min;

• Após a eletroforese as proteínas resolvidas no gel de poliacrilamida/SDS foram

transferidas para uma membrana de nitrocelulose, banhada pelo tampão de

transferência: Tris 48 mM, glicina 39 mM, metanol 20% e SDS 10% (Trans-Blot

SD, Semi Dry Transfer Cell, BioRad);

Page 49: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

48

• O processo descrito no item acima teve duração de 25 min sob diferença de

voltagem de 10 V;

• A membrana foi corada com Vermelho Ponceau (Ponceau S 50 mg, ácido

acético glacial 5%, água Mili Q 50 ml) durante 1 minuto e descorada

rapidamente com água Mili Q, para que as bandas do marcador de tamanho

molecular fossem definidas;

• Em seguida, a solução de bloqueio (leite desnatado Molico – Nestlé 10%) foi

adicionada à membrana por 1 hora à temperatura ambiente ou durante uma

noite a 4º C;

• A membrana foi lavada três vezes por 5 min com Tris pH 7,5 1 M 50 ml, NaCl 5

M 20 ml, Tween 0,5 ml (TTBS) para retirada da solução de bloqueio;

• Após cessar o bloqueio a membrana foi incubada por uma hora à temperatura

ambiente na presença do anticorpo primário desejado diluído adequadamente

em TTBS, BSA e azida (1:400);

• Novamente a membrana foi lavada por quatro vezes de 5 min em TTBS e

incubada com o anticorpo secundário durante 30 minutos (anti-IgG de coelho,

conjugado com peroxidase). O anticorpo secundário foi cedido pelo Prof. Dr.

Eduardo Brant de Oliveira, Depto. de Bioquímica e Imunologia - FMRP;

• Após o término da incubação a membrana foi lavada por mais quatro vezes

durante 10 min em TTBS e tratada com reagente quimioluminescente (Western

Blotting Luminal Reagent, Santa Cruz Biotechnology Inc., Santa Cruz, CA, USA)

por 1 minuto;

Page 50: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

49

• A membrana foi então exposta a um filme fotográfico (Hyperfilm, Amersham

Bioscience, UK) durante três tempos distintos: 1, 3 e 15 min;

• O filme foi banhado com revelador e fixador (Dental Kodak);

• Aguardou-se a secagem do filme e este foi colocado sobre a membrana para

cópia dos padrões marcados anteriormente por lápis utilizado em maquiagem

(de olhos).

5.4 Imunofluorescência

Utilizou-se um protocolo de imunofluorescência modificado de Borges e

colaboradores (2002). Para marcação dos subtipos de receptores purinérgicos foram

usados anticorpos primários (1:200), produzidos em coelhos, contra seqüências

intracelulares de aa dos receptores P2X1 a P2X7, os mesmos usados para os

experimentos de “Western Blot”. Para os experimentos de colocalização foi utilizado o

composto dihidrocloreto de 4',6-diamidino-2-fenilindol (DAPI), marcador de núcleo

celular, e o anticorpo anti-Calreticulina (1:200), produzido em galinha, que marca o RE

celular. Os anticorpos secundários usados foram Alexa Fluor 488 (produzido em cabra

contra a IgG de coelhos) e Alexa Fluor 594 (produzido em cabra contra a IgG de

galinhas), utilizados na concentração 1:800 (Molecular Probes). A análise da

colocalização dos receptores purinérgicos com o núcleo e com o RE foi feita através do

Coeficiente de Sobreposição de Manders (MOC). O seu valor varia de zero a 1 e

quanto mais próximo de 1 maior a colocalização (Manders et al., 1993). Os resultados

obtidos pela técnica de “Western Blot” serviram inclusive como controles para as

imunofluorescências. O protocolo de extração e purificação de células foi descrito

Page 51: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

50

anteriormente. Segue abaixo o protocolo utilizado para os experimentos de

imunofluorescência:

• As lamínulas foram lavadas com álcool e flambadas;

• Foram então mergulhadas em acetona (MERCK) adicionada de Biobond 2% por

4 min;

• Após lavagem das lamínulas com água Milli Q por 2 min, estas foram deixadas

em uma “estante” de papel alumínio até secarem (cerca de 60 min);

• As células previamente isoladas por dispersão mecânica e purificadas por

choque osmótico foram então semeadas (lamínulas redondas de 13 mm de

diâmetro, 100 l, e lamínulas quadradas 22X22 mm, 500 l);

• As células foram fixadas durante 15 min utilizando-se PFA 4% diluído em

tampão fosfato (PBS) em temperatura ambiente;

• Com o intuito de permeabilizar as células, estas foram lavadas por três vezes,

de 5 min cada, com PBS adicionado de 0,5% de Triton;

• As células foram então incubadas com a solução de bloqueio (PBS + 0,5%

Triton + 1% BSA + 5% soro de cabra) por 60 min na câmara úmida e escura (50

l pra cada lamínula redonda e 100 l pra cada lamínula quadrada);

• Posteriormente foram incubadas com anticorpo primário diluído em PBS + 0,5%

Triton + 1% BSA por 120 min na câmara úmida e escura;

• Após a lavagem das células por três vezes de 5 min com PBS estas foram

incubadas com anticorpo secundário, Alexa 488 ou Alexa 594 diluído em PBS +

1% BSA, por 60 min na câmara úmida e escura;

Page 52: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

51

• Novamente as células foram lavadas por três vezes de 5 min com PBS e,

posteriormente, com água destilada;

• As lamínulas foram, então, montadas em lâminas utilizando-se Prolong

(Invitrogen).

Para os ensaios de controle negativo, foram repetidos todos os procedimentos

descritos acima, mas omitidos os anticorpos primários para cada subtipo dos

receptores purinérgicos.

A análise de todo o material de imunofluorescência foi feita em microscópio

confocal de fluorescência (Leica TCS SP5), disponível no Depto. de Biologia Celular e

Molecular e Bioagentes Patogênicos – FMRP, com a colaboração da Dra. Roberta

Ribeiro Costa, Depto. de Fisiologia - FMRP.

5.5 Captação de Corantes Fluorescentes

Experimentos de captação de corantes fluorescentes foram realizados com o

objetivo de investigar a presença do subtipo de receptor P2X7. Este apresenta a

característica peculiar de formar um grande poro na membrana, quando atuando como

canal funcional. Dessa forma, utilizando-se de dois corantes com moléculas de

tamanho grande, Amarelo de Lúcifer (AL) e Brometo de Etídeo (BE), as células de

Leydig foram estimuladas com ATP e observamos a ocorrência ou não de

fluorescência no interior das células. Para tanto seguimos o protocolo abaixo descrito,

modificado de Coutinho-Silva et al., (1999):

Page 53: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

52

• As células previamente isoladas por dispersão mecânica e purificadas por

choque osmótico foram semeadas em placas de petri para microscopia confocal

(30 mm);

• Após 20 min de espera para que as células aderissem à placa, adicionou-se

uma solução de Hank’s + ATP 5 mM contendo AL 5 mM ou BE 10 µM;

• Após 10 min observou-se a fluorescência das células (na placa com o corante

AL a solução foi lavada antes de levar as células ao microscópio);

• Nas placas que serviram para os experimentos controle o procedimento foi o

mesmo, porém a solução de Hank’s adicionada não continha ATP, somente os

corantes.

Os experimentos de captação de corantes, da mesma forma que os

experimentos de imunofluorescência, foram analisados em microscópio confocal de

fluorescência (Leica TCS SP5), com a colaboração da Dra. Roberta Ribeiro Costa.

5.6 Eletrofisiologia

Para os experimentos eletrofisiológicos, após o isolamento as células foram

transferidas para uma câmara de acrílico com volume de aproximadamente 300 µL

montada sobre a platina de um microscópio de fase invertido (Nikon-TMD). Medidas de

correntes iônicas foram realizadas utilizando-se a técnica de “patch clamp” (Hamill et

al., 1981) em suas configurações “whole-cell” e “cell-attached” todas feitas no modo

“voltage-clamp”. Todos os registros eletrofisiológicos foram realizados em células de

Leydig isoladas a fresco e que permaneceram aderidas às lamínulas de vidro mesmo

Page 54: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

53

depois de submetidas à perfusão com solução de banho. As micropipetas de vidro

foram estiradas a partir de capilares de vidro (Borosilicate Glass, Sutter Instruments Co,

Novato, CA, USA) com auxílio de um estirador microcontrolado P-97 (Sutter

Instruments Co, Novato, CA, USA). As extremidades dos capilares foram flambadas

para que estes, após serem estirados, não danificassem o eletrodo de Ag/AgCl e

facilitassem a obtenção de selos estáveis e de alta resistência (GΩ ).

A micropipeta conecta a célula em estudo, através do eletrodo de Ag/AgCl, ao

sistema eletrônico de medida, um amplificador de “patch” (Axopatch 200B, Axon

Instruments, Foster City, CA, USA). Os dados de corrente são repassados a um

microcomputador através de um conversor analógico-digital (Digidata 1440A, Axon

Instruments, Foster City, CA, USA) e armazenados em disco rígido. A interface,

controlada pelo software PClamp (Digidata) serve tanto à aquisição de dados como à

geração de protocolos específicos de voltagem.

5.6.1 Experimentos em “whole-cell”

Os experimentos na configuração “whole-cell” foram realizados com o intuito de

diferenciar o subtipo de receptor purinérgico responsável pela corrente macroscópica

nas células de Leydig de camundongos. Nessa configuração, a micropipeta de vidro

(resistência entre 3 e 4 MΩ ) é selada à membrana celular até atingir-se um selo de alta

resistência (>1 GΩ ). Com o uso de uma seringa conectada à micropipeta de vidro,

aplica-se uma pressão negativa na pipeta para o rompimento de uma pequena área da

membrana selada à pipeta. Assim, torna-se possível o registro de correntes

macroscópicas de célula de Leydig. A solução de pipeta era composta essencialmente

Page 55: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

54

por KCl 140 mM. A estimulação das células com ATP (Sigma-Aldrich Co., St. Louis,

MO, USA) bem como a incubação com o composto Ivermectina (Sigma-Aldrich Co., St.

Louis, MO, USA) foram feitas com auxílio de um sistema de perfusão desenvolvido em

nosso laboratório e controlado por um sistema de válvulas (RSC – Bio-Logic Co., Claix,

France). Após amplificação as correntes iônicas foram filtradas em 2 KHz e adquiridas

a uma taxa de 5 KHz.

5.6.2 Experimentos em “cell attached”

A justificativa para este tipo de experimento é baseada no fato de que os

receptores purinérgicos presentes em células de Leydig possuam grande

permeabilidade a Ca2+ e, dessa forma, sua ativação deve causar alteração na

concentração intracelular deste íon (Poletto Chaves et al., 2006). Dado o aumento da

[Ca2+]i após a perfusão com ATP, pudemos observar o efeito da ativação dos canais

BKCa, utilizando a configuração “cell-attached”. Isto é, a micropipeta de vidro

(resistência entre 12 e 15 MΩ )?? foi selada à membrana celular, sem rompê-la, de modo

a registrar-se a atividade de um único canal iônico sem retirá-lo da célula. O “patch”

teve sua voltagem fixada em vários níveis. Por outro lado, estimou-se que a célula em

estudo teve seu potencial de repouso próximo de zero mV, já que as soluções de

banho e pipeta continham KCl 140 mM. A aplicação de ATP procedeu-se da mesma

maneira descrita anteriormente. Após amplificação, as correntes iônicas foram filtradas

em 2 KHz e amostradas a uma taxa de 10 KHz.

5.7 Soluções e Substâncias Químicas

Page 56: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

55

As soluções utilizadas para os experimentos de eletrofisiologia estão

apresentadas na tabela 2. O pH da solução de Hank’s foi ajustado para 7,4 com a

adição de NaOH (Hank’s NaCl) e KOH (Hank’s KCl). Para a solução de pipeta o ajuste

do pH foi feito com KOH para o valor 7,2 para a solução de pipeta utilizada nos

experimentos de “whole-cell” (WC) e 7,4 nos experimentos de “cell-attached” (CA).

Todas as soluções foram filtradas (membrana de celulose 0,22 µm de poro, Millipore,

São Paulo - SP, Brasil) e medidas as osmolalidades (OS osmometer, Fiske Associates

Needham Heights, MA, USA).

As soluções que continham ATP foram preparadas diariamente a partir de uma

solução estoque de ATP 100 mM, mantida a -20º C, diluída em Hank’s. O composto

Ivermectina (22,23 - dihydroavermectin B1) é um análogo semi-sintético da

abamectina, uma lactona macrocíclica também chamada de avermectina B1a, derivada

do processo de fermentação do fungo S. avermitilis. A Ivermectina foi diluída em DMSO

em alíquotas de 10 mM que foram mantidas a -20º C. Estas alíquotas foram utilizadas

para preparação da solução de incubação das células nas concentrações de 0,5 µM e

3 µM. A concentração de DMSO não ultrapassou 0,03%.

Tabela 2: Composição (mM) das soluções de banho e pipeta e suas respectivas osmolalidades (mOsm/KgH2O; média±DP). As soluções de Hank’s e pipeta WC foram utilizadas para os experimentos na configuração “whole-cell’. E para os experimentos de “cell-attached” foram utilizadas as soluções de Hank’s KCl e pipeta CA.

Page 57: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

56

Soluções NaCl KCl CaCl2 MgCl2 Hepes D-glicose EGTA TEA NaHCO3 osmolalidade

Hank's 140 4,6 1,6 1,13 10 10 5 311,3 ± 3,19

Hank's KCl 145 1,6 1,13 10 10 5 314 ± 3,67

Pipeta WC 140 2 10 11 2 314,25 ± 3,73

Pipeta CA 145 3 1 10 5 314,25 ± 3,73

5.8 Análise estatística

A análise dos resultados foi realizada pelo programa computacional R (version

2.5.1, 2007-06-27, Copyright (C), The R Foundation for Statistical Computing, ISBN 3-

900051-07-0). Foi utilizado o teste de Wilcoxon signed rak test, utilizado como teste

pareado. Os resultados serão apresentados na forma média±EPM.

Page 58: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

57

6 Resultados

Nas células de Leydig, foram descritos receptores purinérgicos que apresentam

rápida ativação e lenta dessensibilização, caracterizando-se como receptores

ionotrópicos P2X (Poletto-Chaves et al., 2006). Com o objetivo de caracterizar

possíveis subtipos de receptores ionotrópicos em células de Leydig, realizaram-se

experimentos, cujos resultados serão apresentados a seguir.

6.1 Marcação da Enzima 3ß HSD

Visando obter preparações de células de Leydig com certo grau de pureza,

desenvolvemos um protocolo baseado na aplicação de choque hiposmótico às células

extraídas por dispersão mecânica. Tal preparação serviu aos experimentos de

imunofluorescência, para que pudéssemos identificar as células de Leydig pelo

microscópio confocal, devido a sua morfologia característica, com maior facilidade.

Para nos certificarmos da eficácia do protocolo desenvolvido, realizamos experimentos

de marcação da enzima 3ß hidroxi esteróide desidrogenase (3ß-HSD), característica

das células de Leydig e indispensável para a biossíntese do hormônio testosterona. Na

figura 3, painéis A e C, podemos observar o experimento de marcação da enzima 3ß-

HSD antes do choque hiposmótico com menor e maior aumento, respectivamente.

Como podemos observar, existem células coradas com azul intenso e muitas outras

células não coradas, ou seja, contaminantes. Já as imagens B e D da figura 3 ainda

mostram as células coloridas de azul intenso, evidenciando a presença da enzima 3ß-

HSD, porém com poucas células não marcadas. Este resultado nos mostra que o

método utilizado na purificação destas células foi eficiente, visto que a preparação

Page 59: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

58

apresenta as células de Leydig sem alteração de morfologia e muito pouca

contaminação com outras células.

A B

C D

Figura 3: Identificação das células de Leydig por marcação da enzima 3ß-HSD. Em A podemos observar a suspensão de células, antes do choque osmótico, com a marcação para a enzima 3ß-HSD. Em C temos o mesmo experimento em aumento maior. Em B temos a suspensão de células, após do choque osmótico, marcadas para a enzima 3ß-HSD e em D a imagem do mesmo experimento em aumento maior. As células marcadas de azul intenso indicam a presença da enzima 3ß-HSD caracterizando-as como células de Leydig. As setas exemplificam células de Leydig. (Barra = 20 µm).

6.2 “Western Blot”

Dado que este tipo de experimento requer uma preparação com grande número

de células e sem contaminação com outros tipos celulares, as células de Leydig foram

extraídas por dispersão mecânica associada à enzima colagenase, purificadas por

Page 60: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

59

meio do choque hiposmótico e separadas de outros contaminantes utilizando-se

centrifugação em gradiente descontínuo de percoll. As figuras 4 a 6 mostram os

resultados para os sete subtipos de receptores. Estão presentes bandas marcadas

para os subtipos P2X2, P2X4 e P2X6 (figura 4). Os pesos moleculares dessas bandas,

em torno de 65 KDa, estão de acordo com o esperado para as respectivas proteínas

formadoras desses receptores. Com o intuito de avaliar a especificidade dos

anticorpos, foram realizados experimentos utilizando-se anticorpos anti-P2X2, anti-P2X4

e anti-P2X6 pré-incubados por uma hora com o respectivo peptídeo cognato de cada

anticorpo. Nesses experimentos, o anticorpo primário foi lavado pois não se ligou à

proteína do receptor, visto que estava ligado ao peptídeo cognato. Dessa forma, as

bandas correspondentes aos anticorpos anti-P2X2, anti-P2X4 e anti-P2X6 não são

detectadas (figura 4). Na figura 5, são mostrados os resultados com anticorpos

correspondentes aos subtipos P2X1, P2X3 e P2X5. Como podemos observar, não há

marcação para essas proteínas, que também apresentam pesos moleculares em torno

de 65 KDa. A banda marcada para o subtipo P2X5 corresponde a uma ligação

inespecífica do anticorpo. Já o experimento com o anticorpo contra o subtipo P2X7

mostrou mais de uma banda marcada (figura 6). A banda correspondente ao receptor

P2X7 é pouco visível tanto nas células de Leydig como nos macrófagos, usados como

controle positivo para este experimento por apresentarem receptores P2X7 endógenos

(Coutinho-Silva et al., 1999). As outras bandas marcadas apresentam menor peso

molecular. Utilizando-se o anticorpo pré-incubado por uma hora com o respectivo

peptídeo cognato, tanto a banda correspondente ao receptor P2X7 (cerca de 70 KDa)

quanto as bandas de menor peso molecular não foram marcadas. Devido à presença

Page 61: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

60

de outras bandas reconhecidas pelo anticorpo anti-P2X7, não prosseguimos com os

experimentos de imunofluorescência. Porém, experimentos de permeabilização das

células de Leydig foram feitos com o intuito de avaliar a funcionalidade desse receptor

e serão descritos no decorrer deste trabalho.

Figura 4: “Western Blots” com anticorpos anti-P2X2, anti-P2X4 e anti-P2X6. A figura mostra bandas marcadas para os anticorpos anti-P2X2, anti-P2X4 e anti-P2X6, bem como aqueles onde estes anticorpos foram previamente incubados por uma hora com seus respectivos peptídeos cognatos (Ac + PC). Nestes há confirmação de que as bandas anteriormente marcadas correspondem aos respectivos receptores por estarem ausentes após incubação dos anticorpos com os peptídeos cognatos.

Figura 5: “Western Blots” utilizando anticorpos contra os subtipos P2X1, P2X3 e P2X5. Não há marcação para as bandas dos subtipos P2X1, P2X3 e P2X5. A banda marcada para o subtipo P2X5 corresponde a uma ligação não específica do anticorpo.

Page 62: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

61

Figura 6: “Western Blots” utilizando o anticorpo contra o subtipo P2X7. Há marcação da banda próximo ao peso molecular de 70 KDa,correspondente ao subtipo P2X7, tanto nas células de Leydig quanto nos macrófagos (seta). No experimento em que o anticorpo foi previamente incubado por 60 min com seu respectivo peptídeo cognato (Ac + PC) a banda correspondente ao receptor não foi marcada, desaparecendo também as bandas de menor peso molecular marcadas nas células de Leydig.

6.3 Imunofluorescência

Com o objetivo de reforçar os resultados de “Western Blot” e usando-os como

referência foram realizados experimentos de imunofluorescência em células de Leydig

de camundongos com os mesmos anticorpos utilizados anteriormente.

A figura 7 apresenta as fotos dos experimentos de imunofluorescência para as

seis subunidades de receptores purinérgicos. Esses resultados reforçam aqueles de

“Western Blot”, exibindo marcação para as subunidades P2X2, P2X4 e P2X6 (figura 7,

B2, D2 e F2, respectivamente). A distribuição celular desses receptores é distinta, como

evidenciado pelos painéis A2, B2 e C2 da figura 8, que correspondem à marcação para

as subunidades P2X2, P2X4 e P2X6, respectivamente. A ausência de marcação para as

subunidades P2X1, P2X3 e P2X5 é indicada pelos painéis A2, C2 e E2 da figura 7,

Page 63: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

62

respectivamente, pois estes não se distinguem do experimento controle (figura 7, G2).

Foram realizados experimentos de dupla marcação, utilizando-se anticorpos anti-P2X2,

anti-P2X4 e anti-P2X6 associados ao DAPI (marcação do núcleo celular) e ao anticorpo

anti-Calreticulina (marcação do RE). O grau de colocalização foi avaliado pelo

coeficiente de sobreposição de Manders (MOC) e estão evidenciados pela marcação

de cor branca nas imagens sobrepostas da figura 8: P2X2-RE 0,699 (A5); P2X2-DAPI

0,660 (A6); P2X4-RE 0,927 (B5); P2X4-DAPI 0,750 (B6); P2X6-RE 0,816 (C5); P2X6-DAPI

0,778 (C6). Os pontos que exibem maior fluorescência na marcação das subunidades

P2X2 e P2X6 estão indicados pelas setas brancas na figura 8 (A2 e A6, C2 e C6,

respectivamente) e são, possivelmente, os aglomerados de subunidades denominados

de “clusters”.

Page 64: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

63

Figura 7: Presença de diferentes subunidades de receptores purinérgicos em células de Leydig. Nos painéis à esquerda podemos observar as imagens por contraste diferencial de interferência (DIC) seguidas de seus respectivos campos fluorescentes (painéis à direita) para as subunidades P2X1 (A1 e A2), P2X2 (B1 e B2), P2X3 (C1 e C2), P2X4 (D1 e D2), P2X5 (E1 e E2), P2X6 (F1 e F2), e para o experimento controle (G1 e G2). (Barra = 10 µm).

Page 65: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

64

Figura 8: Colocalização das subunidades P2X2, P2X4 e P2X6 com o núcleo celular e RE. Os painéis A1-4 exibem, respectivamente, a imagem por contraste diferencial de interferência (DIC), o campo fluorescente correspondente para a subunidade P2X2, a marcação para o RE e a marcação para o núcleo celular. Foram sobrepostas as imagens da marcação para a subunidade P2X2 com a marcação para o RE (A5), e com a marcação para o núcleo celular (A6). Em branco, nas imagens sobrepostas, estão evidenciadas as regiões de colocalização. Os painéis adicionais seguem a mesma descrição, porém, referem-se às subunidades P2X4 (B1-6) e P2X6 (C1-6). As setas em branco indicam pontos com maior fluorescência que são, possivelmente, os aglomerados de subunidades denominados “clusters”, tanto para a subunidade P2X2 quanto para a subunidade P2X6. (Barra = 10 µm).

6.4 Captação de Corantes Fluorescentes

Para esclarecermos os resultados de “Western Blot” relacionados com o

receptor purinérgico P2X7, foram realizados experimentos de captação de corantes

fluorescentes utilizando-se Amarelo de Lúcifer e Brometo de Etídeo. Ambos

apresentam moléculas de tamanho grande, 457,24 KDa e 394,31 KDa

respectivamente, e são incapazes de permear a membrana celular das células de

Leydig a não ser por um grande poro. O receptor P2X7 possui a capacidade peculiar de

formar um poro de maior tamanho quando comparado aos outros subtipos de

receptores purinérgicos P2X. Considerando-se os resultados de “Western Blot”, que

Page 66: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

65

sugerem a presença desses receptores em células de Leydig, a estimulação dessas

células com ATP deveria levar à abertura dos receptores P2X7 com conseqüente

permeação dos corantes. Esses corantes deixariam fluorescente o interior da célula

como um todo, no caso do Amarelo de Lúcifer, e o núcleo, no caso do Brometo de

Etídeo. A figura 9 mostra que não há fluorescência detectável para ambos os corantes

nas células intactas, sugerindo que esses receptores não estão presentes nas células

de Leydig, ou que não sejam funcionais.

Figura 9: Ausência de captação de corantes pelas células de Leydig após a estimulação por ATP. A foto A1 mostra a imagem por DIC, a foto A2 o campo fluorescente e a foto A3 a sobreposição das duas imagens para o experimento com Amarelo de Lúcifer. Podemos observar que apenas as células danificadas apresentam fluorescência para o corante. Em B1 temos a imagem por DIC, em B2 a imagem da fluorescência e em B3 as duas imagens anteriores sobrepostas referentes ao experimento com Brometo de Etídeo. Repetidamente, só as células morfologicamente alteradas exibem marcação dos seus núcleos com o corante. (Barra = 20 µm).

Page 67: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

66

6.5 Eletrofisiologia

6.5.1 Configuração “whole-cell”

Com o objetivo de identificar os subtipos de receptores purinérgicos funcionais

responsáveis pela resposta da célula de Leydig ao ATP foi investigado o efeito de

diferentes concentrações de Ivermectina nessa resposta. O registro controle feito após

a primeira estimulação das células com ATP serviu como referência para a

comparação dos registros subseqüentes, estimulação com ATP após incubação das

células com Ivermectina por 3 min e estimulação com ATP após lavagem das células

por 5 min. O protocolo experimental acima descrito está esquematizado na figura 10 e

os registros de correntes foram numerados de acordo com a ordem do protocolo.

Todos os registros foram feitos sob voltagem de -50 mV. A figura 11 mostra os

registros do experimento controle, feitos em seqüência, sem incubação com a

Ivermectina. Na figura 12 podemos observar que não há diferença significativa entre os

valores dos picos das correntes evocadas em resposta às três estimulações seguidas

com ATP. A segunda resposta ao ATP apresentou uma corrente de 100,83±3,59% em

relação à corrente controle e a terceira resposta de 92,97 ± 3,66% n=17).

Figura 10: Protocolo para estudo dos efeitos da Ivermectina da resposta ao ATP em células de Leydig. O protocolo foi iniciado pela aplicação de ATP 100 µM por 6 s seguido de lavagem com Hank’s (H) por 20 s. Após a primeira lavagem as células foram incubadas com Ivermectina durante 3 min e novamente fez-se uma aplicação de ATP 100 µM por 6 s na presença de Ivermectina. Foi feita então a segunda lavagem com duração de 5 min e um terceiro e último pulso de ATP 100 µM foi aplicado às células.

t (s)

Page 68: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

67

Quando incubadas com Ivermectina 0,5 µM as células responderam com um

aumento de 131,23±5,90% (n=12) na corrente purinérgica em relação ao registro inicial

controle, que estatisticamente não foi revertido após a lavagem 101,35 ± 4,70%, n=10)

(figuras 13 e 14). Já para as células que foram incubadas com Ivermectina 3 µM a

resposta diminuiu para 64,18 ± 4,81% (n=19) em relação ao controle inicial, sendo este

efeito estatisticamente revertido após a lavagem 76,67 ± 4,13% (n=11) (figuras 15 e

16).

Page 69: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

68

ATP 1 ATP 2 ATP 3

100 pA

Figura 11: Correntes purinérgicas macroscópicas de células de Leydig. Correntes purinérgicas evocadas em resposta à estimulação com ATP 100 µM. Os registros foram feitos em seqüência com intervalo de lavagem primeiramente de 3min20s (1 e 2) e em seguida de 5 min (3).

ATP 1 ATP 2 ATP 30

20

40

60

80

100

120

140

Co

rr

en

te (

%)

Figura 12: Valores normalizados dos picos das correntes evocadas por aplicação seqüencial de ATP. O gráfico apresenta a comparação entre os picos das correntes números 2 e 3 em relação à primeira corrente registrada: ATP1 -466,76±109,75 pA; ATP2 -456,64±104,36 pA; ATP3 -414,88±90,11 pA; n=17. Não há diferença significativa entre os valores dos três picos das correntes purinérgicas (Wilcoxon test p<0,05; *p=0,4775; #p=0,07566).

* #

Page 70: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

69

ATP 1 ATP 2 ATP 3

200 pA

Figura 13: Correntes purinérgicas de células de Leydig após incubação com Ivermectina 0,5 µM. Correntes purinérgicas evocadas em resposta à estimulação com ATP 100 µM, no 1, à estimulação com ATP após incubação com Ivermectina 0,5 µM por 3 min, no 2, e à estimulação com ATP após lavagem de 5 min, no 3. Após o primeiro registro as células foram lavadas com Hank’s por 20 s antes de iniciar-se a incubação com Ivermectina.

ATP 100 µM ATP 100 µM + IVM 0,5 µM

ATP 1 ATP 2 ATP 30

20

40

60

80

100

120

140

Co

rr

en

te

(%

)

0

20

40

60

80

100

120

140

Co

rr

en

te

(%

)

IVM [0,5] Figura 14: Valores normalizados dos picos das correntes purinérgicas evocadas em resposta à estimulação por ATP na presença de Ivermectina 0,5 µM. O gráfico apresenta a comparação entre os picos das correntes após incubação com Ivermectina 0,5 µM por 3 min, segunda aplicação de ATP, e após lavagem da droga por 5 min, terceira aplicação de ATP: ATP1 -171,10±51,79 pA; ATP2 -208,40±60,83 pA (n=12); ATP3 -180,60±55,91 pA; (n=10). Há aumento significativo da corrente purinérgica após a incubação com Ivermectina 0,5 µM, porém este não é revertido após o período de lavagem (Wilcoxon test p<0,05; *p=0,0002441 n=12; #p=0,001953).

*

#

Page 71: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

70

ATP 1 ATP 2 ATP 3

150 pA Figura 15: Correntes purinérgicas em células de Leydig após incubação com Ivermectina 3 µM. Correntes purinérgicas evocadas em resposta à estimulação com ATP 100 µM, no 1, à estimulação com ATP após incubação com Ivermectina 3 µM por 3 min, no 2, e à estimulação com ATP após lavagem de 5 min, no 3. Após o primeiro registro as células foram lavadas com Hank’s por 20 s antes de iniciar-se a incubação com Ivermectina.

ATP 100 µM ATP 100 µM + IVM 0,5 µM

ATP 1 ATP 2 ATP 30

20

40

60

80

100

120

140

Co

rr

en

te (

%)

0

20

40

60

80

100

120

140

Co

rr

en

te (

%)

IVM [3] Figura 16: Valores dos picos das correntes evocadas por estimulação com ATP na presença de Ivermectina 3 µM. O gráfico apresenta a comparação entre os picos das correntes após incubação com Ivermectina 3 µM por 3 min, segunda aplicação de ATP, e após lavagem da droga por 5 min, terceira aplicação de ATP: ATP1 -434,09±97,07 pA; ATP2 -253,27±57,17 pA (n=19); ATP3 -343,18±88,13 pA; (n=11). Há diminuição significativa da corrente purinérgica após a incubação com Ivermectina 3 µM, revertida após o período de lavagem (Wilcoxon test, p<0,05; *p=1,907x10-6; #p=0,06524).

* #

Page 72: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

71

6.5.2 Configuração “cell-attached”

Com o objetivo de observar se há interação entre o influxo de íons Ca2+ por

ativação de receptores purinérgicos P2X e o aumento de atividade de canais BKCa

presentes nas células de Leydig, foram realizados experimentos utilizando a

configuração “cell-attached”. A figura 17 mostra um registro de correntes unitárias dos

canais BKCa na ausência (controle) e presença de ATP. Podemos observar que há

aumento imediato da atividade desses canais em resposta às concentrações

crescentes de ATP. Para quantificar esse efeito procedemos à avaliação do parâmetro

N.Po, que significa o número de canais presentes no “patch” multiplicado pela

probabilidade de abertura do canal e equivale à corrente média, no tempo, dividida pela

corrente unitária do canal (figura 18). A figura mostra que o aumento da atividade

desses canais é dose-dependente. Os canais BKCa são ativados tanto em resposta ao

aumento de Ca2+ no intracelular como também em resposta à despolarização. Sendo

assim, foram realizados experimentos em “cell-attached” com o objetivo de avaliar a

dimensão da influência de diferentes valores de voltagem sobre a resposta dos canais

BKCa à estimulação das células de Leydig com ATP. A figura 19 apresenta registros de

canais unitários BKCa em duas situações, controle e com ATP, sob voltagens que

variaram de -30 mV a -80 mV. Esses valores de voltagem correspondem às voltagens

no interior da pipeta. Dessa forma, o interior celular é submetido a valores opostos, de

30 mV a 80 mV, despolarizados. Como a solução que banha as células contém a

mesma concentração de Cloreto de Potássio que a solução de pipeta, considera-se

que o potencial de repouso dessas células é nulo, não influenciando na voltagem

aplicada através da pipeta. Os valores de corrente média para os registros controles e

Page 73: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

72

com ATP, de acordo com os diferentes valores de voltagem, estão mostrados na figura

20. Como era esperado para esses canais, podemos notar que há aumento de

amplitude da corrente média tanto na situação controle quanto na presença de ATP em

resposta ao aumento da voltagem aplicada. Porém, a condutância do canal não se

altera significativamente (223 pS no controle e 193 pS com ATP). Os resultados

apresentados na figura 21 mostram que, somente há resposta significativa do canal ao

aumento de [Ca2+] intracelular evocado pela estimulação de receptores purinérgicos

sob voltagens despolarizadas 30 mV e 60 mV (intracelular). De acordo com a análise

da figura 21, o parâmetro N.Po, exibe dependência de voltagem e a estimulação com

ATP parece ter menor influência nos seus valores.

Page 74: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

73

Figura 17: Efeito do ATP sobre correntes unitárias dos canais BKCa. Esta figura mostra o aumento imediato da atividade dos canais BKCa em resposta à aplicação de ATP 45, 150 e 300 M de em células de Leydig. Foi aplicada voltagem de - 30 mV na pipeta.

ATP 150 µM

ATP 300 µM

ATP 45 µM

10 pA

Page 75: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

74

[45] [150] [300]0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0,040

NP

o

ControleATP

Figura 18: Efeito do ATP sobre a atividade dos canais unitários BKCa. O gráfico quantifica o aumento da atividade dos canais BKCa, representado pelo parâmetro N.Po, em resposta à concentrações crescentes de ATP aplicado às células de Leydig. Os valores médios do NPo seguidos do EPM para os grupos ATP 45, 150 e 300 M, nas situações controle e ATP são, respectivamente: 0,00115±0,00041, 0,00428±0,00236, n=7; 0,00128±0,00029, 0,01773±0,01012, n=5; 0,00397±0,00142, 0,02613±0,01053 n=9; Wilcoxon test, p<0,05; *p=0,01563; #p=0,03125; ? p=0,001953).

10 pA

200 ms

-30 mV

-40 mV

-50 mV

-60 mV

-70 mV

-80 mV

Controle ATP

Figura 19: Registro de canal unitário utilizando-se a configuração “cell-attached” sob diferentes voltagens. Esta figura mostra o aumento imediato da atividade dos canais BKCa em resposta à aplicação de 300 M de ATP nas células de Leydig mantidas sob diferentes valores de voltagem. Quanto maior a voltagem aplicada, maior a corrente que passa pelo canal, tanto no controle como na presença de ATP.

*

#

?

Controle ATP

Page 76: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

75

-80 -70 -60 -50 -40 -30-20

-18

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-80 -70 -60 -50 -40 -30-20

-18

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

Co

rr

en

te (

pA

)

Voltagem (mV)

Controle ATP

Figura 20: Relação corrente x voltagem dos canais BKCa em situação controle e após a após a estimulação com ATP. A figura mostra a corrente média de canal unitário BKCa em função da voltagem. As retas são ajustes de uma função linear aos pontos, resultando numa condutância de 223 pS na situação controle e 193 pS após estimulação com ATP. Entre parênteses o número de células analisadas.

-80 -70 -60 -50 -40 -30

0.00

0.02

0.04

0.06

0.08

-80 -70 -60 -50 -40 -30

0.00

0.02

0.04

0.06

0.08

NP

o

Voltagem (mV)

Controle ATP 300 µM

Figura 21: Relação N.Po x voltagem dos canais BKCa em resposta à estimulação com ATP. A figura mostra os valores de N.Po (médias±EPM) para canais unitários BKCa em função dos valores de voltagem da pipeta. Em ambas as situações experimentais (controle e ATP) nota-se que o parâmetro N.Po apresenta dependência de voltagem. Há alteração da dependência de voltagem decorrente da aplicação de ATP apenas nos valores de voltagem 30 mV e 60 mV (intracelular) (Wilcoxon test, p<0,05; *p=0,03125; #p=0,03125).

(4)

(4)

(6)

(4) (3)

(6)

(4)

(4)

(6) (3)

(4)

(6)

* #

Page 77: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

76

O aumento da atividade dos canais BKCa em resposta ao influxo de Ca2+

decorrente da estimulação das células de Leydig com ATP é revertido imediatamente

quando retirado o estímulo. Podemos observar a diminuição das correntes no período

de lavagem do ATP (figura 22). Avaliando-se estatisticamente os valores de N.Po dos

canais BKCa podemos observar que não há diferença significativa entre os valores de

corrente controles e após a lavagem do ATP, mostrando que seu efeito é reversível

(figura 23).

-10 pA

ATP

Figura 22: Reversão do efeito do ATP sobre as correntes dos canais BKCa. Este registro de canal unitário mostra o aumento imediato da atividade dos canais BKCa em resposta à aplicação de ATP 300 M (barra preta superior, 75 s). Esse aumento é revertido quando o estímulo é retirado, e as correntes voltam aos valores basais semelhantes à situação basal. A voltagem aplicada nesse registro foi de -30 mV.

Controle ATP0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025ATP

Lavagem

NP

o

Figura 23: Reversão do efeito do ATP sobre os valores de N.Po dos canais BKCa. O gráfico quantifica o aumento da atividade dos canais BKCa, representado pelo parâmetro N.Po, em resposta à aplicação de ATP 300 µM e a reversão desse efeito imediatamente após o início da lavagem. Os valores médios do NPo para os grupos controle, ATP e lavagem são, respectivamente: 0,00414± 0,00160; 0,01627±0,00420; 0,00739± 0,00263; n=8 (Wilcoxon test, p<0,05; *p=0,001953 n=8; #p=0,25).

*

#

300 µM

Page 78: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

77

7 Discussão

Nas células de Leydig de camundongos estão presentes receptores que

apresentam rápida ativação e dessensibilização lenta, após a estimulação por ATP,

caracterizando-se como receptores ionotrópicos P2X (Poletto-Chaves et al., 2006). A

maior parte dos aspectos funcionais dos receptores P2X nessas células é consistente

com as características observadas em receptores homoméricos P2X2 (Poletto Chaves

et al., 2006). No entanto, os resultados de “Western blot” apresentados (figuras 4 a 6)

mostram a presença de pelo menos 4 subtipos diferentes de receptores purinérgicos, a

saber: P2X2, P2X4, P2X6 e P2X7. O anticorpo anti- P2X7 reconheceu quatro bandas de

pesos moleculares diferentes, uma correspondente ao peso molecular do clássico

subtipo P2X7 (cerca de 70 kDa) e outras três de pesos moleculares menores. Para este

experimento foi utilizado um controle positivo com macrófagos, que apresentam

expressão endógena de receptores P2X7 (Coutinho-Silva et al., 1999). Como resultado,

observamos que a banda marcada próxima de 70 KDa apresentada para os

macrófagos corresponde à banda de maior peso apresentada pelas células de Leydig.

Dessa forma, podemos inferir que as células de Leydig expressam endogenamente

receptores P2X7.

Com o intuito de reforçar os resultados de “Western blot” para os outros subtipos

de receptores, foram realizados experimentos de imunofluorescência utilizando-se os

mesmos anticorpos, com exceção do anti-P2X7. Os resultados de imunofluorescência

foram apresentados na figura 7 e corroboram os resultados de “Western blot”. Aschrafi

e colaboradores (2004), estudando a expressão das isoformas dos receptores P2X em

Page 79: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

78

oócitos, demonstraram que para o subtipo P2X2 apenas os receptores com uma

formação trímerica, são incorporados à membrana. Os receptores não-funcionais

resultam de subunidades P2X2 aglomeradas, denominados de “clusters”, e não são

inseridos à membrana plasmática. De forma parcialmente semelhante aos receptores

P2X2, sabe-se que a subunidade P2X6 forma arranjos tetraméricos e, portanto, incapaz

de formar um canal homomérico funcional. Da mesma foram que os receptores P2X2,

esses arranjos formam “clusters” e ficam retidos no RE (Aschrafi et al., 2004). Para

que seja possível a formação de arranjos triméricos funcionais P2X6, incorporados à

membrana plasmática, é necessária a ocorrência de um processo de glicosilação

(Jones et al., 2004). Os resultados de Imunofluorescência para a presença dos

receptores P2X2 e P2X6 (figuras 8, painéis A2 e C2, respectivamente) mostram a

marcação de pontos aglomerados no interior celular que podem ser os “clusters”

homoméricos formados por essas subunidades. Interessantemente, através de dupla

marcação com DAPI e com o anticorpo anti-Calreticulina associados aos anticorpos

anti-P2X2, anti-P2X4 e anti- P2X6, podemos observar que há colocalização destes

receptores com o núcleo celular e com o RE, evidenciada pela marcação na cor branca

(Figura 8, painéis A5 e A6, B5 e B6, C5 e C6, respectivamente). A intensidade da

colocalização foi avaliada pelo Coeficiente de Sobreposição de Manders e indicou

intensa colocalização para a subunidade P2X4 com o RE (0,927).

Sendo assim, ainda que existam resultados prévios consistentes com o perfil de

receptores funcionais P2X2, os resultados acima descritos sugerem que as várias

subunidades presentes estejam formando receptores heteroméricos. Na tentativa de

esclarecer quais os possíveis arranjos formados pelos receptores presentes nas

Page 80: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

79

células de Leydig, que se responsabilizassem pelas características das correntes

observadas, procedeu-se à análise funcional destes. A diferenciação entre os

receptores funcionais homoméricos P2X2 e P2X4 é dificultada pela existência de

características farmacológicas comuns. A dessensibilização lenta e a cinética da

corrente em resposta aos agonistas são semelhantes entre esses receptores (Bianchi

et al., 1999, Lynch et al., 1999). Além disso, a ação dos antagonistas é controversa

(Townsend-Nicholson et al., 1999, Jones et al., 2000), devido a pouca especificidade.

Entretanto, a ação do composto Ivermectina sobre esses receptores é distinta. Esta

droga atua como agonista de receptores homoméricos P2X4, aumentando tanto a

potência do ATP (cerca de dez vezes) quanto sua resposta máxima (de 50 – 300 %),

sem exibir efeito algum sobre os receptores homoméricos P2X2 (Khakh et al., 1999).

Ma e colaboradores (2004) mostraram que neurônios do gânglio óptico de

camundongos selvagens que não responderam ao aßmeATP tiveram redução da

corrente após serem pré-incubadas por 2 min com Ivermectina 1 µM. Há evidências da

presença de receptores P2X2 e P2X2/3 nessas células e os resultados mostram que a

Ivermectina pode inibir as correntes purinérgicas destes receptores (Ma et al., 2004). O

efeito da Ivermectina sobre receptores P2X4 se dá pela ligação em dois sítios distintos.

Um sítio de alta afinidade (EC50 0,25 M), capaz de aumentar a resposta máxima ao

ATP, possivelmente por diminuir a dessensibilização do canal. Outro sítio de baixa

afinidade (EC50 2 M) aumenta a afinidade ao ATP, acredita-se por mecanismos de

estabilização do canal na sua conformação aberta (Priel & Silberberg, 2004). De acordo

com os nossos resultados, referentes ao protocolo apresentado na figura 10, as células

submetidas à incubação com 0,5 µM de Ivermectina por 3 min apresentaram aumento

Page 81: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

80

de aproximadamente 30% no pico da corrente, efeito não revertido após a lavagem

(figuras 13 e 14). Já as células incubadas com 3 µM de Ivermectina por 3 min

mostraram diminuição de aproximadamente 35 % no pico da corrente, com reversão

parcial do efeito após a lavagem (figuras 15 e 16). O experimento controle para a

observação do efeito da Ivermectina em células de Leydig está apresentado nas figuras

11 e 12. Na ausência de Ivermectina a aplicação seqüencial de ATP não altera

significativamente o valor da corrente máxima. Considerando-se os resultados de

aumento de corrente para a incubação com Ivermectina 0,5 µM, podemos inferir que,

nesta concentração, a droga tenha atuado em um receptor heteromérico que possui a

subunidade P2X4. Porém, como o aumento foi pequeno quando comparado ao efeito

da Ivermectina em receptores homoméricos P2X4, o receptor heteromérico nativo

parece apresentar outras subunidades além da subunidade P2X4. O efeito inibitório da

incubação com Ivermectina 3 µM corrobora a hipótese de que, além da subunidade

P2X4, outras subunidades estão envolvidas nos receptores funcionais expressos nas

células de Leydig. A presença de outras subunidades na composição do receptor tem

um efeito ativo na sensibilidade farmacológica à Ivermectina (Priel & Silberberg, 2004).

Lê e cols. (1998) observaram que o perfil da cinética do receptor heteromérico P2X4/6,

após 2 a 5 dias da transfecção em oócitos, difere do perfil farmacológico do receptor

homomérico P2X4. Os receptores P2X4/6 apresentam maior sensibilidade ao aßMeATP

em comparação com os receptores P2X4. Após pré-incubação de 2 min com

Ivermectina 3 µM há aumento da sensibilidade para ambos (Khakh et al., 1999). No

entanto, considerando-se os resultados de Poletto-Chaves e colaboradores (2006) que

mostram a insensibilidade dos receptores P2X funcionais de células de Leydig de

Page 82: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

81

camundongos à estimulação com aßMeATP, exclui-se a possibilidade da existência de

receptores heteroméricos P2X4/6 nessas células.

Em relação aos outros receptores P2X, os P2X2 diferenciam-se funcionalmente

por exibirem aumento da corrente em situações de pH ácido (pH 6,5) (King et al., 1996;

King et al., 1997; Stoop et al., 1997; Miller et al., 1998; Wildman et al., 2002). Porém,

variações do pH de 6,5 para 5,5 ocasionam a diminuição da corrente purinérgica para

os receptores heteroméricos P2X2/6, enquanto que para os receptores homoméricos

P2X2 as correntes permanecem aumentadas (King et al., 2000). Segundo Poletto-

Chaves e colaboradores (2006) as células de Leydig de camundongos submetidas a

um valor de pH de 5,5 apresentam proeminente decréscimo das correntes. Esses

resultados corroboram a hipótese de receptores heteroméricos que envolvam as

subunidades P2X2 e P2X6.

Os receptores homoméricos P2X7 apresentam características peculiares quando

comparados aos outros subtipos. Em relação à farmacologia, o agonista mais potente

para os receptores nativos P2X7 de camundongos é o BzATP, com EC50 em torno de

90 µM. Para esses receptores o EC50 para o ATP é de aproximadamente 734 µM

(Chessel et al., 1998). As células de Leydig de camundongos apresentaram um valor

de EC50 para os receptores funcionais em torno de 44 µM para ativação pelo ATP

(Poletto Chaves et al., 2006), o que não condiz com a presença de receptores

purinérgicos P2X7 funcionais. Além disso, a necessidade de concentrações milimolares

de ATP para sua estimulação in vivo coloca em questão a sua função fisiológica (Hibell

et al., 2000). Outra característica peculiar aos receptores P2X7 é a capacidade de

permitir a passagem de moléculas de grande peso molecular, até 900 KDa, após

Page 83: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

82

exposição prolongada ao agonista (Surprenant et al., 1996). Assim sendo, alguns

corantes fluorescentes podem ser utilizados para detectar a formação de poros pelos

P2X7, como o Amarelo de Lúcifer (457,24 KDa) e Brometo de Etídeo (394,31 KDa).

Estes foram utilizados em experimentos de captação e serviram para se avaliar a

possível presença de receptores P2X7 funcionais em células de Leydig de

camundongos (Coutinho-Silva et al., 1999). Os resultados de ambos os experimentos,

com Amarelo de Lúcifer e Brometo de Etídeo (figura 9), mostraram, no entanto, que

não houve marcação fluorescente das células de Leydig intactas após estimulação

prolongada com ATP (5 mM). Apenas as células danificadas, que provavelmente

apresentavam rompimento da membrana celular, foram coradas. Estes resultados nos

levam a conclusão de que receptores P2X7 homoméricos funcionais não estão

presentes em células de Leydig de camundongos.

Dessa forma, os resultados obtidos no presente estudo indicam que os

receptores purinérgicos presentes em células de Leydig de camundongos são

heterômeros P2X2/4/6. Porém, as características funcionais do receptor expresso são

dominantes para a subunidade P2X2. Resultados semelhantes foram descritos também

para neurônios de Purkinje de ratos recém-nascidos, levando a hipótese da presença

de receptores heteroméricos P2X2/4/6 (Mateo et al., 1998). Em nosso caso, a

possibilidade de formação de canais heteroméricos P2X4/7 não foi considerada, pois

estes deveriam responder à ativação por BzATP e apresentar significante aumento da

corrente após pré-incubação de 5 min com Ivermectina 3 µM (Guo et al., 2007), fatos

não observados nos experimentos aqui descritos.

Page 84: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

83

Poderia ser sugerido a existência de isoformas do receptor homomérico P2X7

devido à presença de outras bandas marcadas para o anticorpo anti-P2X7 nos

experimentos de “Western Blot”. Para receptores P2X7 de humanos já foram descritas

sete isoformas derivadas de “splice” alternativo. Uma das isoformas estudadas

apresenta-se parcialmente funcional e com expressão ligeiramente maior quando

comparada à expressão do receptor P2X7 que não sofreu “splice” (Cheewatrakoolpong

et al., 2005). Das quatro isoformas já descritas para camundongos três não apresentam

estruturas moleculares reconhecíveis pelo anticorpo utilizado (“b”, “c” e “d”), com

exceção da isoforma “a” que apresenta estrutura molecular com 99% de identidade em

relação à subunidade P2X7 que não sofreu “splice” [número de acesso pelo National

Center for Biotechnology Information - NCBI: NP 035157 (isoforma “a”), NP 001033934

(isoforma “b”), NP 001033928 (isoforma “c”), NP 001033976 (isoforma “d”)]. Dessa

forma, há necessidade de aprofundar os estudos moleculares da subunidade P2X7 e,

possivelmente, de suas isoformas nas células de Leydig de camundongos,

particularmente com a utilização de anticorpos mais específicos, não disponíveis no

mercado no momento.

A estequiometria entre as subunidades que formam o receptor está diretamente

ligada à expressão dessas subunidades na célula de Leydig. Segundo Collo e

colaboradores (1996), as isoformas P2X4 e P2X6 dos receptores purinérgicos P2X

demonstram um padrão distinto no que diz respeito à distribuição celular dos níveis de

RNAm, em cérebro de ratos adultos. Utilizando-se da técnica de Microscopia de Força

Atômica (AMF), Barrera e colaboradores (2007) demonstraram que a variação na

expressão das subunidades ocasiona mudanças na estequiometria da composição dos

Page 85: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

84

canais heteroméricos. Quanto maior a expressão de um determinado subtipo, ele

estará presente em maior número na formação do receptor funcional que irá para a

membrana, sendo este efeito reversível. Esses resultados mostram que o arranjo dos

receptores P2X na forma e heterômeros é plástica e depende diretamente dos níveis

relativos de expressão de cada subunidade, reforçando a importância de estudos

subseqüentes sobre o papel dos diferentes arranjos na sinalização purinérgica.

Embora tenha sido descrita a presença dos receptores purinérgicos P2X em

células de Leydig de camundongos e sejam realizados estudos objetivando a

caracterização dos subtipos específicos desses receptores, a correlação do influxo de

íons Ca2+ com a fisiologia dessas células ainda é obscura. Kawa (1987), através de

estudo utilizando a técnica de “patch-clamp”, demonstrou que quando ocorre

despolarização da célula de Leydig, esta exibe uma condutância para K+ dependente

de Ca2+. Estudos de eletrofisiologia em células de Leydig demonstraram a presença de

canais para K+ nessas células e determinaram que aumento da [Ca2+] intracelular leva

a um aumento na atividade dos canais para K+. Carnio & Varanda (1995) também

observaram que a condutância desses canais era de 202 pS utilizando-se a

configuração “cell-attached” e sugeriram que as células de Leydig expressam os canais

para K+ dependentes de Ca2+ de alta condutância (BKCa). Com o objetivo de observar

se há interação entre o influxo de íons Ca2+, via ativação de receptores purinérgicos

P2X, e o aumento de atividade de canais de BKCa foram realizados experimentos onde

mediu-se a atividade de canais unitários na configuração “cell attached”. A figura 17

mostra um registro de correntes unitárias dos canais BKCa na ausência e presença de

ATP. Podemos observar que há alteração imediata na freqüência de abertura dos

Page 86: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

85

canais com a aplicação de ATP. Para quantificar esse efeito procedemos à avaliação

do parâmetro N.Po, que significa o número de canais presentes no “patch” multiplicado

pela probabilidade de abertura do canal e equivale à corrente média dividida pela

corrente unitária. Observando os resultados apresentados na figura 18 para três

concentrações de ATP podemos notar que o aumento da atividade dos canais BKCa,

quando adicionada solução de banho com ATP, às células é dose-dependente. Além

disso, a ação indireta do ATP na atividade dos canais BKCa é reversível (figuras 22 e

23). Dessa forma, inferimos que a ativação de receptores purinérgicos pelo ATP leva à

ativação dos canais BKCa por aumento da [Ca2+] intracelular.

Além de serem ativados em resposta ao aumento de Ca2+ no intracelular, os

canais BKCa são ativados também em resposta à despolarização. Os experimentos

apresentados pela figura 19 foram realizados com o intuito de observar a influência da

variação da voltagem na amplitude da resposta dos canais BKCa, quando as células de

Leydig são estimuladas com ATP. Há aumento de amplitude da corrente média em

resposta ao aumento da despolarização no intracelular, em ambas as situações

experimentais, sem alteração significativa da condutância do canal (controle 223 pS;

ATP 193 pS) (figura 20). Porém, o aumento significativo no parâmetro N.Po ocorre

somente para os valores 30 mV e 60 mV (intracelular) (figura 21). Especula-se que sob

valores de voltagem mais despolarizados no interior celular, o estímulo de voltagem

seja o parâmetro dominante sobre a cinética do canal. Já é bem conhecida a

participação dos íons K+ na hiperpolarização da membrana em reposta às alterações

da [Ca2+]i. A interação entre esses mecanismos influencia a motilidade e a reação

acrossômica no espermatozóide em camundongos (Wu et al., 1998). Em neurônios do

Page 87: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

86

sistema nervoso entérico de camundongos a razão de disparos é modulada por canais

para K+ dependentes de Ca2+ de condutância intermediária (IKCa), sendo estes

responsáveis pela hiperpolarização após o potencial de ação (Neylon et al., 2004). A

interação entre a variação da [Ca2+]i evocada pela abertura de canais purinérgicos e a

ativação de canais BKCa leva a hipótese da participação dos canais BKCa no decurso

temporal da dessensibilização dos receptores P2X.

Page 88: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

87

8 Conclusões

• As subunidades P2X2, P2X4, P2X6 e P2X7 de receptores purinérgicos estão

presentes em células de Leydig de camundongos;

• Os resultados indicam que os receptores purinérgicos funcionais nessas células

sejam heterômeros P2X2/4/6;

• O efeito da Ivermectina sobre receptores P2X das células de Leydig reforça a

hipótese de que os receptores funcionais apresentam uma única subunidade

P2X4 associada a outras subunidades;

• A ativação de receptores P2X estimulados por ATP leva a um aumento de

atividade dos canais BKCa presentes nas células de Leydig. Este aumento da

atividade dos canais BKCa é dose-dependente e reversível.

Page 89: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

88

9 Referências Bibliográficas

ALEXANDER K.; NIFORATOS, W.; BIANCHI, B.; BURGARD, E.C.; LYNCH, K.J.;

KOWALUK, E.A.; JARVIS, M.F.; VAN BIESEN, T. Allosteric modulation and

accelerated resensitization of human P2X3 receptors by cibacron blue. J.

Pharmacol. Exp. Ther., 291:1135–1142, 1999.

ASCHRAFI, A.; SADTLER, S.; NICULESCU, C.; RETTINGER, J.; SCHMALZING, G.

Trimeric Architecture of Homomeric P2X2 and Heteromeric P2X1+2 Receptor

Subtypes. J. Mol. Biol., 342:333-343, 2004.

BARRERA, N. P.; HENDERSON, R. M.; MURREL-LAGNADO, R. D.; EDWARDSON, J.

M. The Stoichiometry of P2X2/6 Receptor Heteromers Depends on Relative Subunit

Expression Levels. Biophys. J. 93(2):505-12, 2007.

BARRERA, N.P.; ORMOND, S.J.; HENDERSON, R.M.; MURRELL-LAGNADO, R.D.;

EDWARDSON, J.M. Atomic force microscopy imaging demonstrates that P2X2

receptors are trimers but that P2X6 receptor subunits do not oligomerize. J. Biol.

Chem., 280:10759–10765, 2005.

BEAN, B. P.; ATP-activated channels in rat and bullfrog sensory neurons: concentration

dependence and kinetics. J. Neurosci., 10:1-10, 1990.

BIANCHI, B. R.; LYNCH, K. J.; TOUMA, E.; NIFORATOS, W.; BURGARD, E. C.;

ALEXANDER, K. M.; PARK, H. S.; YU H.; METZGER, R.; KOWALUK, E.; JARVIS,

M. F.; van BIESEN, T. Pharmacological characterization of recombinant human

and rat P2X receptor subtypes. J. Pharmacol. 376:127–138, 1999.

Page 90: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

89

BLATZ, A. L.; MAGLEBY, K. L. Calcium-activated potassium channels. Trends

Neurosci., 10:463-67, 1987.

BO, X.; ZHANG, Y.; NASSAR, M.; BURNSTOCK, G.; SCHOEPFER, R. A P2X

purinoceptor cDNA conferring a novel pharmacological profile. FEBS Lett.,

375:129–133, 1995.

BO, X.; SCHOEPFER, R.; BURNSTOCK, G. Molecular cloning and characterization of

a novel ATP P2X receptor subtype from embryonic chick skeletal muscle. J. Biol.

Chem., 275:14401–14407, 2000.

BO, X.; KIM, M.; NORI, S.L.; SCHOEPFER, R.; BURNSTOCK, G.; NORTH, R.A. Tissue

distribution of P2X4 receptors studied with an ectodomain antibody. Cell Tissue

Res., 313:159–165, 2003.

BOBANOVIC, L.K.; ROYLE, S.J.; MURRELL-LAGNADO, R.D. P2X receptor trafficking

in neurons is subunit specific. J. Neurosci., 22:4814–4824, 2002.

BORGES E.L.; de FÁTIMA LEITE, M.; BARBOSA, A.J.; ALVES, J.B. Route of jejunal

mucosa absorption of trypsin demonstrated by immunofluorescence. Histochem.

J. 34(11-12):525-8, 2002.

BRADBURY, E.J.; BURNSTOCK, G.; MCMAHON, S.B. The expression of P2X3

purinoreceptors in sensory neurons: effects of axotomy and glial-derived

neurotrophic factor. Mol. Cell Neurosci., 12:256–268, 1998.

BRAKE, A. J.; WAGENBACH, M. J.; JULIUS, D. New structural motif for ligant-gated

ion channel defined by ionotropic ATP receptor. Nature, 371:519-523, 1994.

Page 91: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

90

BROWN, S.G.; TOWNSEND-NICHOLSON, A.; JACOBSON, K.A.; BURNSTOCK, G.;

KING, B.F. Heteromultimeric P2X1/2 receptors show a novel sensitivity to

extracellular pH. J. Pharmacol. Exp. Ther., 300:673–680, 2002.

BUELL, G.; LEWIS, C.; COLLO, G.; NORTH, R.A.; SURPRENANT, A. An antagonist-

insensitive P2X receptor expressed in epithelia and brain. EMBO J., 15:55–62,

1996.

BULANOVA, E.; BUDAGIAN, V.; ORINSKA, Z.; HEIN, M.; PETERSEN, F.; THON, L.;

ADAM, D.; BULFONE-PAUS, S. Extracellular ATP induces cytokine expression

and apoptosis through P2X7 receptor in murine mast cells. J. Immunol.,

174:3880–3890, 2005.

BURNSTOCK, G.; COCKS, T.; CROWE, R.; KASAKOV, L. Purinergic innervation of the

guinea-pig urinary bladder. Br. J. Pharmacol., 63:125–138, 1978.

BURNSTOCK, G.; KENNEDY, C. Is there a basis for distinguishing two types of P2-

purinoceptor? Gen. Pharmacol., 16:433-40, 1985.

BURNSTOCK, G.; KNIGHT, G.E. Cellular distribution and functions of P2 receptor

subtypes in different systems. Int. Rev. Cytol., 240:31–304, 2004.

CALVERT, R.C.; SHABBIR, M.; THOMPSON, C.S.; MIKHAILIDIS, D.P.; MORGAN,

R.J.; BURNSTOCK, G. Immunocytochemical and pharmacological

characterisation of P2-purinoceptor-mediated cell growth and death in PC-3

hormone refractory prostate cancer cells. Anticancer Res., 24:2853–2859, 2004.

CARNIO, E. C.; VARANDA, W. A. Calcium-activated potassium channels are involved

in the response of mouse Leydig cells to human chorionic gonadotropin. Braz. J.

Med. Biol. Res., 28:813-824, 1995.

Page 92: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

91

CARON, K.M.; SOO, S.C.; WETSEL, W.C.; STOCCO, D.M.; CLARK, B.J.; PARKER,

K.L. Targeted disruption of the mouse gene encoding steroidogenic acute

regulatory protein provides insights into congenital lipoid adrenal hyperplasia.

Proc. Natl. Acad. Sci. USA, 94(21):11540-5, 1997.

CASTELUCCI, P.; ROBBINS, H.L.; POOLE, D.P.; FURNESS, J.B. The distribution of

purine P2X2 receptors in the guinea-pig enteric nervous system. Histochemistry

and Cell Biology, 117:415-22, 2002.

CASTELUCCI, P.; ROBBINS, H.L.; FURNESS, J.B.. P2X(2) purine receptor

immunoreactivity of intraganglionic laminar endings in the mouse gastrointestinal

tract. Cell Tissue Research, 312: 167-74, 2003.

CHEEWATRAKOOLPONG, B.; GILCHREST, H.; ANTHES, J.C.; GREENFEDER, S.

Identification and characterization of splice variants of the human P2X7 ATP

channel. Biochem. Biophys. Res. Commun., 332(1):17-27, 2005.

CHEN, C-C; AKOPIAN, A. N.; SIVILOTTI, L.; COLQUHOUN, D.; BURNSTOCK, G.;

WOOD, J.N. A P2X purinoceptor expressed by a subset of sensory neurons.

Nature, 337:428-431, 1995.

CHESSELL, I. P.; MICHEL, A. D.; HUMPHREY, P. P. A. Effects of antagonists at the

human recombinant P2X7 receptor. Br. J. Pharmacol. 124:1314–1320, 1998.

COLLO, G.; NORTH, R. A.; KAWASHIMA, E.; MERLO-PICH, E.; NEIDHART, S.;

SURPRENANT, A.; BUELL, G. Cloning of P2X5 and P2X6 receptors and the

distribution and properties of an extended family of ATP-gated ion channel. J.

Neurosci., 16:2495-2507, 1996.

Page 93: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

92

COLLO, G.; Neidhart, S.; Kawashima, E.; Kosco-Vilbois, M.; North, R.A.; Buell, G.

Tissue distribution of the P2X7 receptor. Neuropharmacology, 36:1277–1284,

1997.

CONNELL, C. J.; CHRISTENSEN, K. The ultrastructure of the canine testicular

interstitial tissue. Biol. Reprod., 12:368-82, 1975.

COOKE, B. A.; GOLDING, M.; DIX, C. J.Catecholamine stimulation of steroidogenesis

in Leydig cells. Biochem. Soc. Trans., 10:491-3, 1999.

COUTINHO-SILVA, R.; PERSECHINI, P. M.; BISSAGIO, R. D.; PERFETTINI, J. L.;

NETO, A. C.; KANELLOPOULOS, J. M.; MOTTA-LY, I.; DAUTRY-VARSAT, A.;

OJCIUS, D. M. P2Z/P2X7 receptor-dependent apoptosis of dendritic cells.. Am. J.

Physiol., 276:1139-47, 1999.

DAVIES, D.L.; KOCHEGAROV, A.A.; KUO, S.T.; KULKARNI, A.A.; WOODWARD, J.J.;

KING, B.F.; ALKANA, R.L. Ethanol differentially affects ATP-gated P2X3 and P2X4

receptor subtypes expressed in Xenopus oocytes. Neuropharmacology, 49:243–

253, 2005.

DUAN, S.; ANDERSON, C.M.; KEUNG, E.C.; CHEN, Y.; CHEN, Y; SWANSON, R.A.

P2X7 receptor-mediated release of excitatory amino acids from astrocytes. J.

Neurosci., 23:1320–1328, 2003.

DUFAU, M. L. Endocrine regulation and communicating functions of the Leydig cell.

Annu. Rev. Physiol., 50:483-508, 1988.

DUNN, P.M.; ZHONG, Y.; BURNSTOCK, G. P2X receptors in peripheral neurons.

Prog. Neurobiol., 65:107–134, 2001.

Page 94: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

93

EGAN, T.M.; HAINES, W.R.; VOIGT, M.M. A domain contributing to the ion channel of

ATP-gated P2X2 receptors identified by the substituted cysteine accessibility

method. J. Neurosci., 18:2350–2359, 1998.

EGAN, T.M.; KHAKH, B.S. Contribution of calcium ions to P2X channel response. J.

Neurosci., 24:3413–20, 2004.

ERHARDT, J.A.; PILLARISETTI, K.; TOOMEY, J.R. Potentiation of platelet activation

through the stimulation of P2X1 receptors. J. Thromb. Haemost., 1:2626–2635,

2003.

EVANS, R.J.; LEWIS, C.; BUELL, G.; VALERA, S.; NORTH, R.A.; SURPRENANT, A.

Pharmacological characterization of heterologously expressed ATP-gated cation

channels (P2X purinoceptors). Mol. Pharmacol., 48:178–183, 1995.

EVANS, R. J.; LEWIS, C.; VIRGINIO, C.; LUNDSTROM, K.; BUELL, G.;

SURPRENANT, A.; NORTH, R. A. Ionic permeabilityof, and divalent cation effects

on, two ATP-gated cation channels (P2X receptors) expressed in mammalian

cells. J. Physiol., 497:413-422, 1996.

FILIPPINI, A.; RICCIOLI, A.; DE CESARIS, P.; PANICCIA, R.; TETI, A.; STEFANINI,

M.; CONTI, M.; ZIPARO, E. Activation of inositol phospholipid turnover and

calcium signaling in rat Sertoli cells by P2-purinergic receptors: modulation of

follicle-stimulating hormone responses. Endocrinology, 134(3):1537-45, 1994.

FORD, A.P.D.W.; GEVER, J.R.; NUNN, P.A.; ZHONG, Y.; CEFALU, J.S.; DILLON,

M.P.; COCKAYNE, D.A. Purinoceptors as therapeutic targets for lower urinary

tract dysfunction. Br. J. Pharmacol., 147:S132–S143, 2006.

Page 95: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

94

FORESTA, C.; ROSSATO, M.; NOGARA, A.; GOTTARDELLO, F.; BORDON, P.; DI

VIRGILIO, F. Role of P2-purinergic receptors in rat Leydig cell steroidogenesis.

Biochem. J., 320:499-504, 1996.

FRANKE, H.; BRINGMANN, A.; PANNICKE, T.; KRÜGEL, U.; GROSCHE, J.;

REICHENBACH, A.; ILLES, P. P2 receptors on macroglial cells: functional

implications for gliosis. Drug Dev. Res., 53:140–147, 2001.

FRANKE, H.; KRÜGEL, U.; ILLES, P. P2 receptors and neuronal injury. Pflugers

Arch., 452(5):622-44, 2006.

FRANKE, H.; ILLES, P. Involvement of P2 receptors in the growth and survival of

neurons in the CNS. Pharmacol. Ther., 109:297-324, 2006.

FREDHOLM, B. B.; ABBRACHIO, M. P.; BURNSTOCK, G.; DAILY, J. W.; HARDEN, K.;

JACOBSON, K. A.; LEFF, P.; WILLIANS, M.; VI. Nomenclature and classification

of purinoceptors. Pharmacol. Rev., 46:143-156, 1994.

FU, X.W.; NURSE, C.A.; CUTZ, E. Expression of functional purinergic receptors in

pulmonary neuroepithelial bodies and their role in hypoxia chemotransmission.

Biol. Chem., 385:275–284, 2004.

GARCIA-GUZMAN, M.; SOTO, F.; LAUBE, B.; STÜHMER, W. Molecular cloning and

functional expression of a novel ratheart P2X purinoceptor. FEBS Letters,

388:123-127, 1996.

GARCIA-GUZMAN, M.; STUHMER, W.; SOTO, F. Molecular characterization and

pharmacological properties of the human P2X3 purinoceptor. Mol. Brain Res.,

47:59–66, 1997.

Page 96: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

95

GARGETT, C.E.; WILEY, J.S. The isoquinoline derivative KN-62 a potent antagonist of

the P2Z-receptor of human lymphocytes. Br. J. Pharmacol., 120:1483–1490

1997.

GAYLE, S.; BURNSTOCK, G. Immunolocalisation of P2X and P2Y nucleotide receptors

in the rat nasal mucosa. Cell Tissue Res., 319:27–36, 2005.

GEVER, J.R.; COCKAYNE, D.A.; DILLON, M.P.; BURNSTOCK, G.; FORD, A.P.D.W.

Pharmacology of P2X channels. Eur. J. Physiol., 452: 513–537 2006.

GOLDENBERG, R.C.; FORTES, F.S.; CRISTANCHO, J.M.; MORALES, M.M.;

FRANCI, C.R.; VARANDA, W.A.; CAMPOS DE CARVALHO, A.C. Modulation of

gap junction mediated intercellular communication in TM3 Leydig cells. J.

Endocrinol., 177(2):327-35, 2003.

GREIG, A.V.H.; LINGE, C.; HEALY, V.; LIM, P.; CLAYTON, E.; RUSTIN, M.H.A.;

MCGROUTHER, D.A.; BURNSTOCK, G. Expression of purinergic receptors in

non-melanoma skin cancers and their functional roles in A431 cells. J. Invest.

Dermatol., 121:315–327, 2003.

GROSCHEL-STEWART, U.; BARDINI, M.; ROBSON, T.; BURNSTOCK, G.

Localisation of P2X5 and P2X7 receptors by immunohistochemistry in rat stratified

squamous epithelia. Cell Tissue Res., 296:599–605, 1999.

GUO, C.; MASIN, M.; QURESHI, O.S.; MURRELL-LAGNADO, R.D. Evidence for

Functional P2X4/P2X7 Heteromeric Receptors. Mol. Pharmacol., 72:1447–1456,

2007.

Page 97: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

96

HAINES, W.R.; TORRES, G.E.; VOIGT, M.M.; EGAN, T.M. Properties of the novel

ATP-gated ionotropic receptor composed of the P2X1 and P2X5 isoforms. Mol.

Pharmacol., 56:720-727, 1999.

HAMILL, O. P.; MARTY, A.; NEHER, E.; SAKMANN, B.; SIGWORTH, F. J. Improved

patch-clamp techniques for higt-resolution current recording from cells and cell-

free membrane patches. Pflugers Arch., 391(2):85-100, 1981.

HANSEN, M.A.; BENNETT, M.R.; BARDEN, J.A. Distribution of purinergic P2X

receptors in the rat heart. J. Auton. Nerv. Syst., 78:1–9, 1999.

HANSEN, M.A.; DUTTON, J.L.; BALCAR, V.J.; BARDEN, J.A.; BENNETT, M.R. P2X

(purinergic) receptor distributions in rat blood vessels. J. Auton. Nerv. Syst.,

75:147–155, 1999b.

HECHLER, B.; LENAIN, N.; MARCHESE, P.; VIAL, C.; HEIM, V.; FREUND, M.;

CAZENAVE, J.P.; CATTANEO, M.; RUGGERI, Z.M.; EVANS, R.; GACHET, C. A

role of the fast ATP-gated P2X1 cation channel in thrombosis of small arteries in

vivo. J. Exp. Med., 198:661–667, 2003.

HIBELL, A. D.; KIDD, E. J.; CHESSELL, I. P.; HUMPHREY, P. P. A.; MICHEL, A. D.

Apparent species differences in the kinetic properties of P2X7 receptors. Br J

Pharmacol. 130:167–173, 2000.

HIBELL, A. D.; KIDD, E. J.; CHESSELL, I. P.; HUMPHREY, P. P. A.; MICHEL, A. D.

Apparent species differences in the kinetic properties of P2X7 receptors. Br J

Pharmacol. 130:167–173, 2001.

HONORE, P.; DONNELLY-ROBERTS, D.; NAMOVIC, M.T.; HSIEH, G.; ZHU, C.Z.;

MIKUSA, J.P.; HERNANDEZ, G.; ZHONG, C.; GAUVIN, D.M., CHANDRAN, P.;

Page 98: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

97

HARRIS, R.; MEDRANO, A.P.; CARROLL, W.; MARSH, K.; SULLIVAN, J.P.;

FALTYNEK, C.R.; JARVIS, M.F. A-740003 [N-(1-[(cyanoimino)(5-quinolinylamino)

methyl]amino-2,2-dimethylpropyl)-2-(3,4-dimethoxyphenyl)acetamide], a novel

and selective P2X7 receptor antagonist, dose-dependently reduces neuropathic

pain in the rat. J. Pharmacol. Exp. Ther., 319(3):1376-85, 2006.

HU, H.Z.; GAO, N.; LIN, Z.; GAO, C.; LIU, S.; REN, J.; XIA, Y.; WOOD, J.D. P2X(7)

receptors in the enteric nervous system of guinea-pig small intestine. J. Comp.

Neurol., 440(3):299-310, 2001.

JAIME-FIGUEROA, S.; GREENHOUSE, R.; PADILLA, F.; DILLON, M.P.; GEVER, J.R.;

FORD, A.P.D.W. Discovery and synthesis of a novel and selective drug-like P2X1

antagonist. Bioorg. Med. Chem. Lett., 15:3292–3295, 2005.

JANSZEN, F. H.; COOKE, B. A.; VAN DRIEL, M. J. A.; VAN DER MOLEN, H. J. The

effect of calcium ions on testosterone production in Leydig cells from rat testis.

Biochem. J., 160:433-7, 1976.

JARVIS, M.F.; BURGARD, E.C.; MCGARAUGHTY, S.; HONORE, P.; LYNCH, K.;

BRENNAN, T.J.; SUBIETA, A.; VAN BIESEN, T.; CARTMELL, J.; BIANCHI, B.;

NIFORATOS, W.; KAGE, K.; YU, H.; MIKUSA, J.; WISMER, C.T.; ZHU, C.Z; CHU,

K.; LEE, C.H.; STEWART, A.O.; POLAKOWSKI, J.; COX, B.F.; KOWALUK, E.;

WILLIAMS, M.; SULLIVAN, J.; FALTYNEK, C. A-317491, a novel potent and

selective non-nucleotide antagonist of P2X3 and P2X2/3 receptors, reduces chronic

inflammatory and neuropathic pain in the rat. Proc. Natl. Acad. Sci. USA,

99:17179–17184, 2002.

Page 99: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

98

JIANG, L.H.; RASSENDREN, F.; SPELTA, V.; SURPRENANT, A.; NORTH, R.A. Amino

acid residues involved in gating identified in the first membrane-spanning domain

of the rat P2X2 receptor. J. Biol. Chem., 6:6, 2001.

JONES, C. A.; CHESSELL, I.P.; SIMON, J.; BARNARD, E. A.; MILLER, K. J.; MICHEL,

A. D.; HUMPHREY, P. P. A.; Functional characterization of the P2X4 receptor

orthologues. Br. J. Pharmacol. 129:388–394, 2000.

JONES, C.A.; VIAL, C.; SELLERS, L.A.; HUMPHREY, P.P.A.; EVANS, R.J.;

CHESSELL, I.P. Functional regulation of P2X6 receptors by N-linked glycosylation:

identification of a novel aß-methylene ATP-sensitive phenotype. Mol. Pharmacol.,

65:979–985, 2004.

KANJHAN, R.; HOUSLEY, G.D.; THORNE, P.R.; CHRISTIE, D.L.; PALMER, D.J.; LUO,

L.; RYAN, A.F. Localization of ATP-gated ion channels in cerebellum using P2x2R

subunit-specific antisera. Neuroreport, 7:2665–2669, 1996.

KAWA, K. Existence of calcium channels and intercellular couplings in the testosterone-

secreting cells of the mouse. J. Physiol., 393:647-666, 1987.

KHAKH, B. S. Molecular physiology of P2X receptors and ATP signaling at synapses.

Nature Neurosci., 2:165-174, 2001.

KHAKH, B. S.; BAO, X.R.; LABARCA, C.; LESTER, H. A. Neuronal P2X transmitter-

gated cátion channels change their ion selectivity in seconds. Nat. Neurosci.,

2(4):322-30, 1999.

KIDD, E.J.; GRAHAMES, C.B.A.; SIMON, J.; MICHEL, A.D.; BARNARD, E.A.;

HUMPHREY, P.P.A. Localization of P2X purinoceptor transcripts in the rat nervous

system. Mol. Pharmacol., 48:569–573, 1995.

Page 100: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

99

KING, B. F.; ZIGANSHINA, L. E.; PINTOR, J.; BURNSTOCK, G. Full sensitivity of P2X2

purinoceptor to ATP revealed by changing extracellular pH. Br. J Pharmacol.

117(7):1371-3, 1996.

KING, B. F.; WILDMAN, S. S.; ZIGANSHINA, L. E.; PINTOR, J.; BURNSTOCK, G.

Effects of extracellular pH on agonism and antagonism at a recombinant P2X2

receptor. Br. J. Pharmacol. 121:1445–1453, 1997.

KING, B.F.; TOWNSEND-NICHOLSON, A.; WILDMAN, S.S.; THOMAS, T.; SPYER,

K.M.; BURNSTOCK, G. Coexpression of rat P2X2 and P2X6 subunits in Xenopus

oocytes. J. Neurosci., 20:4871-4877, 2000.

KING, M.; HOUSLEY, G.D.; RAYBOULD, N.P.; GREENWOOD, D.; SALIH, S.G.

Expression of ATP-gated ion channels by Reissner’s membrane epithelial cells.

Neuroreport, 9:2467–2474, 1998.

KLINEFELTER, G. R.; HALL, P. F.; EWING, L. L. Effect of Luteinizing Hormone

Deprivation In Situ on Steroidogenesis of Rat Leydig Cells Purified by a Multistep

Procedure1. Biology Of Reproduction, 36:769-783, 1987.

KUMAR, S.; BLUMBERG, D. L., CANAS, J. A.; MADDAIAH, V. T. Human chorionic

gonadotropin (hCG) increases cytosolic free calcium in adult rat Leydig cells. Cell

Calcium, 15:349-355, 1994.

KUNZ, L.; THALHAMMER, A.; BERG, F.D.; BERG, U.; DUFFY, D.M.; STOUFFER,

R.L.; DISSEN, G.A.; OJEDA, S.R.; MAYERHOFER, A. Ca2+-activated, large

conductance K+ channel in the ovary: identification, characterization, and

functional involvement in steroidogenesis. J. Clin. Endocrinol. Metab.,

87(12):5566-74, 2002.

Page 101: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

100

LE FEUVRE, R.A.; BROUGH, D.; TOUZANI, O.; ROTHWELL, N.J. Role of P2X7

receptors in ischemic and excitotoxic brain injury in vivo. J. Cereb. Blood Flow

Metab., 23:381–384, 2003.

LE, K.T.; BABINSKI, K.; SÉGUÉLA, P. Central P2X4 and P2X6 channel subunits

coassemble into a novel heteromeric ATP receptor. J. Neurosci., 18:7152-7159,

1998.

LE, K.T.; BOUE-GRABOT, E.; ARCHAMBAULT, V.; SÉGUÉLA, P. Funcional and

biochemical evidencefor heteromeric ATP-gated channels compose of P2X1 and

P2X5 subunits. J. Biol. Chem., 274:15415-15419, 1999.

LEE, H.Y.; BRADINI, M.; BURNSTOCK, G. Distribution of P2X receptors in the urinary

bladder and the ureter of the rat. J. Urol., 163:2002–2007, 2000.

LEWIS, C.; NEIDHART, S.; HOLY, C.; NORTH, R.A.; BUELL, G.; SURPRENANT, A.

Coexpression of P2X2 and P2X3 receptor subunits can account for ATP-gated

currents in sensory neurons. Nature, 377:432-435, 1995.

LIU, M.;KING,B.F.; DUNN, P.M.; RONG, W.; TOWNSEND-NICHOLSON, A.;

BURNSTOCK, G. Coexpression of P2X(3) and P2X(2) receptor subunits in varying

amounts generates heterogeneous populations of P2X receptors that evoke a

spectrum of agonist responses comparable to that seen in sensory neurons. J.

Pharmacol. Exp. Ther., 296(3):1043-50, 2001.

LOIR, M. Spermatogonia of rainbow trout: III. In vitro study of the proliferative response

to extracellular ATP and adenosine. Mol. Reprod. Dev., 53(4):443-50, 1999.

Page 102: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

101

LYNCH, K. J.; TOUMA, E.; NIFORATOS, W.; KAGE, K. L.; BURGARD, E. C.; Van

BIESEN, T.; KOWALUK, E.A.; JARVIS, M. F. Molecular and functional

characterization of human P2X2 receptors. Mol. Pharmacol. 56:1171–118, 1999.

MA, B.; RUAN, H.Z.; COCKAYNE, D.A.; FORD, A.P.D.W.; BURNSTOCK, G.; DUNN,

P.M. Identification of P2X receptors in cultured mouse and rat parasympathetic otic

ganglion neurones including P2X knockout studies. Neuropharmacology,

46:1039–1048, 2004.

MACKENZIE, A.B.; SURPRENANT, A.; NORTH, R.A. Functional and molecular

diversity of purinergic ion channel receptors. Ann. NY Acad. Sci., 868:716-29,

1999.

MANDERS, E.M.M.; VERBEEK, F.J.; ATEN, J.A. Measurement of co-localization of

objects in dual-colour confocal images. J. Microsc., 169:375–382,1993.

MANNA, P.R.; PAKARINEN, P.; EL-HEFNAWY, T.; HUHTANIEMI, I.T. Functional

assessment of the calcium messenger system in cultured mouse Leydig tumor

cells: regulation of human chorionic gonadotropin-induced expression of the

steroidogenic acute regulatory protein. Endocrinology, 140(4):1739-51, 1999.

MANNA, P.R.; KERO, J.; TENA-SEMPERE, M.; PAKARINEN, P.; STOCCO, D.M.;

HUHTANIEMI, I.T. Assessment of mechanisms of thyroid hormone action in

mouse Leydig cells: regulation of the steroidogenic acute regulatory protein,

steroidogenesis, and luteinizing hormone receptor function. Endocrinology,

142(1):319-31, 2001.

Page 103: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

102

MANNA, P.R.; WANG, X.J.; STOCCO, D.M. Involvement of multiple transcription

factors in the regulation of steroidogenic acute regulatory protein gene expression.

Steroids., 68(14):1125-34, 2003.

MATEO, J.; GARCIA-LECEA, M.; MIRAS-PORTUGAL, M.T.; CASTRO, E. Ca2+ signals

mediated by P2X-type purinoceptors in cultured cerebellar Purkinje cells. J.

Neurosci. 18:1704 –1712, 1998.

MEECH, R. W. Calcium dependent potassium activation in nervous tissues. Annu. Rev.

Biophys. Bioeng., 7:1-18,1978.

MEECH, R. W. Intracellular calcium injection causes increased potassium conductance

in Aplysia nerve cells. Comp. Biochem. Physiol., 42A:493,1972.

MEECH, R. W.; STRUMWASSER, F. Intracellular calcium injection activates potassium

conductance in Aplysia nerve cells. Fed. Proc., 29:834a,1970.

MEIKLE, A. W.; LIU, X. H.; STRINGHAM, J. D. Extracellular calcium and luteinizing

hormone effects on 22-hydroxycholesterol used for testoterone production in

mouse Leydig cells. J. Androl., 12:148-51, 1991.

MICHEL, A.D.; CHESSELL, I.P.; HUMPHREY, P,P,A, Ionic effects on human

recombinant P2X7 receptor function. Naunyn-Schmiedebergs Arch. Pharmacol.,

359:102–109, 1999.

MIGITA, K.; HAINES, W.R.; VOIGT, M.M.; EGAN, T.M. Polar residues of the second

transmembrane domain influence cation permeability of the ATP-gated P2X(2)

receptor. J. Biol. Chem., 276:30934–30941, 2001.

Page 104: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

103

MILLER, K.J.; MICHEL, A.D.; CHESSELL, I.P.; HUMPHREY, P.P.A. Cibacron blue

allosterically modulates the rat P2X4 receptor. Neuropharmacology, 37:1579–

1586, 1998.

MILLER, W.L. Molecular biology of steroid hormone synthesis. Endocr. Rev., 9:295–

318, 1988.

MULRYAN, K.; GITTERMAN, D.P.; LEWIS, C.J.; VIAL, C.; LECKIE, B.J.; COBB, A.L.;

BROWN, J.E.; CONLEY, E.C.; BUELL, G.; PRITCHARD, C.A.; EVANS, R.J.

Reduced vas deferens contraction and male infertility in mice lacking P2X1

receptors. Nature, 403:86–89, 2000.

NAKATSUKA, T.; TSUZUKI, K.; LING, J.X.; SONOBE, H.; GU, J.G. Distinct roles of

P2X receptors in modulating glutamate release at different primary sensory

synapses in rat spinal cord. J. Neurophysiol., 89:3243–3252, 2003.

NAKAZAWA, K.; INOUE, K.; OHNO, Y. An asparagine residue regulating conductance

through P2X2 receptor/channels. Eur. J. Pharmacol., 347:141–144, 1998.

NEYLON, C.B.; NURGALI, K.; HUNNE, B.; ROBBINS, H.L.; MOORE, S.; CHEN, M.X.;

FURNESS, J.B. Intermediate-conductance calcium-activated potassium channels

in enteric neurones of the mouse: pharmacological, molecular and

immunochemical evidence for their role in mediating the slow

afterhyperpolarization. J. Neurochem., 90(6):1414-22, 2004.

NICKE, A.; BÄUMERT, H. G.; RETTINGER, J.; EICHELE, A.; LAMBRECHT, G.;

MUTSCHLER, E.; SCHMALZING, G. P2X1 and P2X3 receptors form stable

trimers: a novel structural motif of ligand-gated ion channels. EMBO J. 17:3016–

3028, 1998.

Page 105: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

104

NICKE, A.; KERSCHENSTEINER, D.; SOTO, F. Biochemical and functional evidence

for heteromeric assembly of P2X1 and P2X4 subunits. J. Neurochem., 92:925–

933, 2005.

NISHI, H.; KATO, F.; MASAKI, E.; KAWAMURA, M. ADP-sensitive purinoceptors

induce steroidogenesis via adenylyl cyclase activation in bovine adrenocortical

fasciculata cells. Br. J. Pharmacol., 137(2):177-84, 2002.

NORTH, R. A.; BARNARD, E. A. Nucleotide receptors. Curren. Opin. Neurobiol.,

7:346-357, 1997.

NORTH, R. A. Molecular physiology of P2X receptors. Physiol. Rev., 10:1013-1067,

2002.

PARVATHENANI, L.K.; TERTYSHNIKOVA, S.; GRECO, C.R.; ROBERTS, S.B.;

ROBERTSON, B.; POSMANTUR, R. P2X7 mediates superoxide production in

primary microglia and is up-regulated in a transgenic mouse model of Alzheimer’s

disease. J. Biol. Chem., 278:13309–13317, 2003.

PEREZ-ARMENDARIZ, E. M.; NADAL, A.; FUENTES, E.; SPRAY, D. C. Adenosine 5’-

triphosphate (ATP) receptors induce intracellular calcium changes in mouse

Leydig cells. Endocrine, 4:239-247, 1996.

POLETTO-CHAVES, L. A.; PONTELLI, E. P.; VARANDA, W. A. P2X Receptors in

Mouse Leydig Cells. Am. J. Physiol. Cell Physiol., 290:1009-1017, 2006.

PRIEL, A.; SILBERBERG, S.D. Mechanism of ivermectin facilitation of human P2X4

receptor channels. J. Gen. Physiol., 123:281–293, 2004.

Page 106: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

105

RADFORD, K.M.; VIRGINIO, C.; SURPRENANT, A.; NORTH, R.A.; KAWASHIMA, E.

Baculovirus expression provides direct evidence for heteromeric assembly of P2X2

and P2X3 receptors. J. Neurosci., 17:6529-6533, 1997.

RASSENDREN, F.; BUELL, G.N.; VIRGINIO, C.; COLLO, G.; NORTH, R.A.;

SURPRENANT, A. The permeabilizing ATP receptor, P2X7. Cloning and

expression of a human cDNA. J. Biol. Chem., 272:5482–5486, 1997.

RETTINGER, J.; BRAUN, K.; HOCHMANN, H.; KASSACK, M.U.; ULLMANN, H.;

NICKEL, P.; SCHMALZING, G.; LAMBRECHT, G. Profiling at recombinant

homomeric and heteromeric rat P2X receptors identifies the suramin analog

NF449 as a highly potent P2X1 receptor antagonist. Neuropharmacology,

48:461–468, 2005.

ROBERTS, J.A.; VIAL, C.; DIGBY, H.R.; AGBOH, K.C.; WEN, H.; ATTERBURY-

THOMAS, A.; EVANS, R.J. Molecular properties of P2X receptors. Pflugers

Arch., 452(5):486-500, 2006.

RUBIO, M.E.; SOTO, F. Distinct localization of P2X receptors at excitatory postsynaptic

specializations. J. Neurosci., 21:641–653, 2001.

RUPPELT, A.; MA, W.; BORCHARDT, K.; SILBERBERG, S.D.; SOTO, F. Genomic

structure, developmental distribution and functional properties of the chicken P2X5

receptor. J. Neurochem., 77:1256–1265, 2001.

RYTEN, M.; DUNN, P.M.; NEARY, J.T.; BURNSTOCK, G. ATP regulates the

differentiation of mammalian skeletal muscle by activation of a P2X5 receptor on

satellite cells. J. Cell. Biol., 158:345–355, 2002.

Page 107: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

106

SAEZ, J. M. Leydig cells: endocrine, paracrine, and autocrine regulation. Endocr. Rev.,

15:574-626, 1994.

SCHEIBLER, P.; PESIC, M.; FRANKE, H.; REINHARDT, R.; WIRKNER, K.; ILLES, P.;

NORENBERG, W. P2X2 and P2Y1 immunofluorescence in rat neostriatal medium-

spiny projection neurones and cholinergic interneurones is not linked to respective

purinergic receptor function. Br. J. Pharmacol., 143:119–131, 2004.

SCHUMAKER, M.; SCHAFER, G.; HOLSTEIN, A. F.; HILZ, H. Rapid isolation of mouse

Leydig cells by centrifugation in Percoll density gradients with complete retention

of morphological and biochemical integrity. FEBS Lett., 91:333-8, 1978.

SOARES, A. G.; AOKI, M. S.; MIYABARA, E. H.; DELUCA, C. V.; ONO, H. Y.; GOMES,

M. D.; MORISCOT, A. S. Ubiquitin-ligase and deubiquitinating gene expression in

stretched rat skeletal muscle. Muscle Nerve. 36(5):685-93, 2007.

SOTO, F.; GARCIA-GUZMAN, M.; GOMEZ-HERNANDEZ, J.M.; HOLLMANN, M.;

KARSCHIN, C.; STUHMER, W. P2X4: an ATP-activated ionotropic receptor

cloned from rat brain. Proc. Natl. Acad. Sci. USA, 93:3684–3688, 1996.

STOOP, R.; SURPRENANT, A.; NORTH, R. A. Different sensitivities to pH of ATP-

induced currents at four cloned P2X receptors. J. Neurophysiol., 78:1837–1840,

1997.

SURPRENANT, A.; RASSENDREN, F.; KAWASHIMA, E. NORTH, R. A.; BUELL, G.

The cytolytic P2Z receptor pf extracelular ATP identified as a P2X receptor (P2X7).

Science, 272:735-738, 1996.

SURPRENANT, A.; SCHNEIDER, D.A.; WILSON, H.L.; GALLIGAN, J.J.; NORTH, R.A.

Functional properties of heteromeric P2X1/5 receptors expressed in HEK cells and

Page 108: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

107

excitatory junction potentials in guinea-pig submucosal arterioles. J. Auton. Nerv.

Syst., 81:249–263, 2000.

TAI, C.J.; KANG, S.K.; LEUNG, P.C. Adenosine triphosphate-evoked cytosolic calcium

oscillations in human granulosa-luteal cells: role of protein kinase C. J. Clin.

Endocrinol. Metab., 86(2):773-7, 2001.

TORRES, G.E.; EGAN, T.M.; VOIGT, M.M. Topological analysis of the ATP-gated

ionotropic [correction of ionotrophic] P2X2 receptor subunit. FEBS Lett. 425:19–23,

1998.

TORRES, G.E.; EGAN, T.M.; VOIGT, M.M. Hetero-oligomeric assembly of P2X

receptor subunits. J. Biol. Chem., 274:6653-6659, 1999.

TOWNSEND-NICHOLSON, A.; KING, B. F.; WILDMAN, S.S.; BURNSTOCK, G.

Molecular cloning, functional characterization and possible cooperativity between

the murine P2X4 and P2X4a receptors. Mol. Brain Res., 64:246–254, 1999.

ULISSE, S.; FABBRI, A.; DUFAU, M. L. Corticotropin-releasing factor receptors and

actions in rat Leydig cells. J. Biol. Chem., 264:2156-63, 1989.

VALERA, S.; HUSSY, H.; EVANS, R. J.; ADAMI, N.; NORTH, R. A.; SURPRENANT, A.;

BUELL, G. A new class of ligant-gated ion channel defined by P2X receptor of

extracellular ATP. Nature, 371:516-519, 1994.

VARANDA, W. A.; de CARVALHO, A. C. Intercellular communication between mouse

Leydig cells. Am. J. Physiol., 267:C563-9, 1994.

VIAL. C,; EVANS, R.J. P2X receptor expression in mouse urinary bladder and the

requirement of P2X1 receptors for functional P2X receptor responses in the mouse

urinary bladder smooth muscle. Br. J. Pharmacol., 131:1489–1495, 2000.

Page 109: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

108

VULCHANOVA, L.; ARVIDSSON, U.; RIEDL, M.; WANG, J.; BUELL, G.;

SURPRENANT, A.; NORTH, R.A.; ELDE, R. Differential distribution of two ATP-

gated channels (P2X receptors) determined by immunocytochemistry. Proc. Natl.

Acad. Sci. USA, 93:8063–8067, 1996.

WANG, C. Z.; NAMBA, N.; GONOI, T.; INAGAKI, N.; SEINO, S. Cloning and

pharmacological characterization of a fourth P2X receptor subtype widely

expressed in brain and peripheral tissues including various endocrine tissues.

Bioch. Bioph. Res. Comm., 220:196-202, 1996.

WANG, E.C.Y.; LEE, J.M.; RUIZ, W.G.; BALESTREIRE, E.M.; VON BODUNGEN, M.;

BARRICK, S.; COCKAYNE, D.A.; BIRDER, L.A.; APODACA, G. ATP and

purinergic receptor-dependent membrane traffic in bladder umbrella cells. J. Clin.

Invest., 115:2412–2422, 2005.

WANG, X.; ARCUINO, G.; TAKANO, T.; LIN, J.; PENG, W.G.; WAN, P.; LI, P.; XU, Q.;

LIU, Q.S.; GOLDMAN, S.A.; NEDERGAARD, M. P2X7 receptor inhibition improves

recovery after spinal cord injury. Nat. Med., 10:821–827, 2004.

WILDMAN, C. Z.; NAMBA, N.; GONOI, T.; INAGAKI, N.; SEINO, S. Cloning and

pharmacological characterization of a fourth P2X receptor subtype widely

expressed in brain and peripheral tissues including various endocrine tissues.

Bioch. Bioph. Res. Comm., 220:196-202, 1999.

WILDMAN, S.S.; BROWN, S.G.; RAHMAN, M.; NOEL, C.A.; CHURCHILL, L.;

BURNSTOCK, G.; UNWIN, R.J.; King, B.F. Sensitization by extracellular Ca2+ of

rat P2X5 receptor and its pharmacological properties compared with rat P2X1. Mol.

Pharmacol., 62:957–966, 2002.

Page 110: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

109

WU, W.L.; SO, S.C.; SUN, Y.P.; CHUNG, Y.W.; GRIMA, J.; WONG, P.Y., YAN, Y.C.;

CHAN, H.C. Functional expression of P2U receptors in rat spermatogenic cells:

dual modulation of a Ca(2+)-activated K+ channel. Biochem. Biophys. Res.

Commun., 248(3):728-32, 1998.

XIONG, K.; HU, X.Q.; STEWART, R.R.; WEIGHT, F.F.; LI, C. The mechanism by which

ethanol inhibits rat P2X4 receptors is altered by mutation of histidine 241. Br. J.

Pharmacol., 145(5):576-86, 2005.

ZAMBONI, D.S.; RABINOVITCH, M. Nitric oxide partially controls Coxiella burnetii

phase II infection in mouse primary macrophages. Infect. Immun., 71:1225–1233,

2003.

Page 111: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 112: CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp066401.pdf · (Galileu Galilei) 5 Aos meus pais e amigos, Alice e Carlinhos, Por todo apoio e

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo