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Page 1: Campus Joinvilleanderson.santos/História III/Aulas/Aula...AULA 4 – EXPANSÃO TERRITORIAL BRASILEIRA E ECONOMIA DO OURO “Vista a limitação dos bens desse convento, e que o remédio

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

Campus Joinville Curso: CTI - Mecânica e Eletroeletrônica Módulo: IV Unidade Curricular: História III Prof. Anderson dos Santos

AULA 4 – EXPANSÃO TERRITORIAL BRASILEIRA E ECONOMIA DO OURO

“Vista a limitação dos bens desse convento, e que o remédio dele depende do serviço dos índios, dos quais o convento vai tendo grande falta, o que, visto lhe parecia que convinha mandar alguns moços ao sertão arrimados a um homem branco, pagando-se-lhes todos os gastos e aviamentos necessários. Como por falta de gente que tinham as fazendas, nos importava mandar ao sertão oito moços para que com o favor de Nossa Senhora pudessem trazer alguma gente, pois sem ela se acabaria totalmente, não só as fazendas, mas o convento (...)”

(Documento da Ordem dos Carmelitas – São Paulo, 1648)

Aspectos gerais:

• Necessidade de mão de obra: um dos maiores problemas da colônia; • Utilização dos indígenas preados, muitas vezes, em nome de Deus; • Território atual: resultado de conquistas empreendidas pelos portugueses (séc.

XVI-XVIII); • Principal motivo do expansionismo em direção ao oeste: busca de terras p/

complementar a economia metropolitana; Mão de obra na colônia:

• Postura em prática de diversas formas de organização do trabalho, como tentativa de suprir a falta de mão-de-obra;

• Oscilação dos indígenas entre colaboração e resistência; • João Ramalho: português casado com a filha do cacique Tibiriçá, Bartira; • Importante personagem nas relações entre indígenas e portugueses; • Alguns grupos auxiliaram os portugueses, obedecendo à lógica e à dinâmica

interna da organização social indígena; • Outros grupos ofereceram resistência armada contra a invasão portuguesa;

Conquista do vale amazônico:

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• Precedência de espanhóis, ingleses e franceses sobre os portugueses; • 1614-1615 – atenção maior pelos portugueses: “marcar os pontos extremos

das Coroas Ibéricas Unificadas” e assegurar o domínio da região, fornecedora de “drogas do sertão” (cravo-do-maranhão, canela, castanha-do-pará, cacau, urucum, tabaco silvestre, resinas, sementes oleaginosas, essências para perfume, etc...);

• Ocupação efetiva após expulsão dos franceses do Maranhão: fundação do Forte do Presépio (Belém do Pará) em 1615, por Caldeira Castelo Branco;

• Utilização de mão de obra nativa (indígena): importância da catequização; • Precedência de espanhóis, ingleses e franceses sobre os portugueses; • 1614-1615 – atenção maior pelos portugueses: “marcar os pontos extremos

das Coroas Ibéricas Unificadas” e assegurar o domínio da região, fornecedora de “drogas do sertão” (cravo-do-maranhão, canela, castanha-do-pará, cacau, urucum, tabaco silvestre, resinas, sementes oleaginosas, essências para perfume, etc...);

• Ocupação efetiva após expulsão dos franceses do Maranhão: fundação do Forte do Presépio (Belém do Pará) em 1615, por Caldeira Castelo Branco;

• Utilização de mão de obra nativa (indígena): importância da catequização; Conquista do Sertão:

• Nordeste: criação de gado e produção açucareira concomitantes até o século XVII;

• Gado no “Sertão de Dentro” (margens do Rio São Francisco – “Rio dos Currais” – e Rios Canindé, Parnaíba e Itapecuru);

• Integração entre o litoral baiano, São Luís (Maranhão) e minas do Brasil central (Minas Gerais e Goiás);

• Interiorização do país: sociedade diferente da litorânea e da mineradora – mais aberta (trabalho mais livre, patrões e empregados lado a lado);

• Criação de gado: atividade seminômade; • Incorporação de descendentes dos nativos;

Conflito entre colonos e jesuítas:

• Criação da Vila de Santo André e fundação do Colégio São Paulo; • Os jesuítas foram instrumentalizados pela coroa portuguesa quanto a política de

desenvolvimento da colônia; • Colonos, coroa e jesuítas, em geral, concordavam quanto ao trabalho escravo; • Porém, divergiam quanto à forma como isso ocorria; • Jesuítas defendiam a chamada “Guerra Justa”;

Conflito entre colonos e jesuítas:

• Aldeamentos: tentativa de se transferir para a esfera portuguesa o controle sobre a terra e sobre o trabalho indígena;

• Processo de catequização e tentativa de desmontar os elementos fundamentais da organização social, política e cultural dos indígenas;

• Invasão das reduções jesuíticas pelos paulistas para apresar índios;

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• Frequência maior nas missões não controladas pelos padres; Bandeirantismo:

• Expedições predatórias ao sertão; • Projeto: encontrar metais preciosos e enriquecer graças a mão-de-obra indígena; • bandeirantes: pioneirismo na expansão territorial; violência e devastação das

comunidades indígenas; • Morte de cerca de 500.000 índios em três décadas; • Destruição de reduções jesuíticas; • Empobrecimento da região de São Vicente; • Tentativa de incorporação da região ao Pacto Colonial; • Organização de Entradas e Bandeiras;

Bandeirantismo:

• Entradas: expedições militares, organizadas pelo Estado que visavam reconhecer o território e buscar metas preciosos e aprisionar índios para o trabalho escravo;

• Bandeiras: expedições paramilitares, organizadas por particulares, cujo objetivo principal era capturar índios e, secundariamente, encontrar metais preciosos;

Tipos de bandeiras: • Bandeiras de caça ao índio: apresar índios (ocorrência principalmente durante

o domínio holandês no Nordeste); • Bandeiras de contrato: destruir quilombos e sufocar revoltas de índios –

Domingos Jorge Velho e a destruição de Palmares; • Bandeiras de mineração: procurar pedras e metais preciosos; (títulos de

nobreza e privilégios para aqueles que encontrassem);

LEMBRETE: durante o período da dominação holandesa no nordeste, aumentou o interesse pelo apresamento de índios; As Monções:

• Uma das formas mais características de bandeirantismo; • Expedições que se dirigiam ao interior em busca de indígenas ou de metais

preciosos e que utilizavam o leito dos rios (principalmente o Tietê e o Pinheiros, em São Paulo) como vias de penetração;

• Também participavam das monções, além dos bandeirantes, um grande número de pessoas livres e de escravos, os quais trabalhavam como carregadores, artesãos, intérpretes e conhecedores do sertão;

Bandeirantismo:

• Conquista pelos holandeses de algumas colônias portuguesas na África; • Crescimento da demanda por mão de obra no Brasil; • Acirramento das bandeiras de apresamento;

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• Segunda metade do século XVII: coroa fomenta a busca pelos metais preciosos no Brasil;

• Para os paulistas a busca principal era pelo “ouro vermelho” (indígenas); • Gradual declínio da lucratividade dessas expedições;

“A exaltação dos bandeirantes em São Paulo está presente na nomenclatura de estradas, avenidas e monumentos, que vão desde a bela obra do escultor Brecheret, junto ao parque do Ibirapuera, até a estátua de Borba Gato no bairro Santo Amaro. O destaque de sua coragem e arrojo não se pode questionar, mas isso não os transforma em heróis do processo civilizatório da província ou, mais tarde, do próprio país. Estas e tantas outras expedições de apresamento saídas de São Paulo pouco tinham a ver com a expansão territorial, como se orgulham os paulistas. Antes de ter “povoado o sertão”, como afirma a tradição, estas ações foram, antes de tudo, tragicamente despovoadoras, na medida em que apresavam indígenas em suas terras e os traziam para São Paulo para vendê-los com mão de obra escrava no local.” apud. FERREIRA, João Paulo Mesquita Hidalgo; FERNANDES, Luiz Estevam de Oliveira Fernandes. Nova História Integrada. 1ª ed. Campinas: Companhia da Escola, 2005. “Este homem é um dos maiores selvagens com que tenho topado: quando se avistou comigo trouxe consigo língua, porque nem falar sabe nem se diferencia do mais bárbaro tapuia, mais que em dizer que é cristão, e não obstante o haver-se casado de pouco, lhe assistem sete índias concubinas,... tendo sua vida, ... até o presente, andar metido pelos matos à caça de índios, e de índias, estas para o exercício das suas torpezas, e aqueles para o granjeio de seus interesses”.

(Dom Francisco de Lima, bispo de Pernambuco, sobre Domingos Jorge Velho, 1697) Tratados de limites:

• Ocupação por Portugal de territórios muito além dos que lhe pertenciam, de acordo com o Tratado de Tordesilhas;

• Tratado de Lisboa (1681): Devolução da Colônia do Santíssimo Sacramento pelos espanhóis aos portugueses;

• Tratado de Utrecht (1713-1715): o primeiro, assinado com a França, definia a fronteira da Guiana com a Capitania do Norte; o segundo, assinado com a Espanha, estabelecia a segunda devolução da Colônia do Santíssimo Sacramento, que se tornava uma ilha portuguesa em território espanhol;

Tratados de limites:

• Tratado de Madri (1750): Devolução da Colônia do Sacramento à Espanha, em troca da região dos Sete Povos das Missões (usucapião para a demarcação das fronteiras);

• Tratado de Santo Ildefonso (1777): Devolução a Portugal da Ilha de Santa Catarina em troca da Colônia do Sacramento e Sete Povos das Missões;

• Tratado de Badajós (1801): restabelecimento do Tratado de Madri (ataque gaúcho aos Sete Povos das Missões).

LEMBRETE: o Tratado de Madri, após 51 anos, afirmou-se como o mais importante dos tratados de limites entre Espanha e Portugal.

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Mineração:

• Mercantilismo; • Descobertas espanholas: final do século XVI (jazidas de ouro e prata); • Descobertas portuguesas: final do século XVII e início do XVIII (jazidas de

ouro e diamantes - bandeirantes paulistas em Minas Gerais); • Migração às minas (“febre do ouro”); • Ocupação do interior do Brasil: construção de estradas, vilas e cidades; • Limitação da emigração pela coroa portuguesa; • Reivindicação dos paulistas de exclusividade na exploração do ouro (Borba

Gato era paulista); • Denominação aos forasteiros, dada pelos paulistas, “emboabas” (estrangeiros); • Guerra dos Emboabas (1708-1709); • Derrota paulista; • Acirramento da dominação e exploração da coroa sobre a região; • Criação da capitania de Minas de Ouro (mais tarde Minas Gerais);

Controle das minas:

• Criação de normas pela coroa para limitar a vinda de portugueses ao Brasil, organizar a vida social nas minas e impedir ou reduzir o contrabando e aumentar sua receita;

• 1702 – criação da Intendência das Minas; • 1719 – criação das Casas de Fundição; • 1720 – Revolta de Vila Rica ou Revolta de Filipe dos Santos (insucesso da

revolta); • Dois sistemas básicos para o controle das minas: 1. Quinto – quinta parte (20%) de tudo que era extraído; 2. Capitação – imposto cobrado por escravo ou por “faiscador”;

LEMBRETE: a capitação foi substituída pelo antigo quinto do ouro, que deu origem à chamada derrama, sistema pelo qual obrigava-se os “homens bons” (brancos e ricos), a zelarem pela arrecadação do quinto; cada “homem bom”, deveria extrair, no mínimo, 100 arrobas anuais, sob pena de ter seus bens confiscados pela coroa. 1 arroba = 15 kg (aproximadamente). Transformações:

• Mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763; • Diversificação da economia na área mineradora: tropeiros, agricultores,

boticários, artesãos, alfaiates, advogados e comerciantes, etc...; • Manutenção do Pacto Colonial; • Tratado de Methuen (1703): Portugal importava manufaturados da Inglaterra

(tecidos e roupas) e exportava vinhos;

LEMBRETE: o ouro do Brasil ia parar nas mãos dos ingleses. Sociedade mineradora (século XVIII):

• Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso;

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• Sociedade urbana (vilas e cidades); • Flexibilidade social: possibilidade de ascensão social; • Surgimento de uma classe de letrados (estudantes de universidades do exterior

oriundos da região das minas); • Enriquecimento através do ouro e compra de cartas de alforria por escravos; • Manutenção de um certo patriarcalismo;

O ouro e a Era pombalina:

• 1733-1748 – auge da atividade mineradora; após, declínio; • Morte de D. João V (1750) e ascensão de D. José I (filho de D. João V); • Ascensão política de Sebastião José de Carvalho e Melo, mais tarde Marquês

de Pombal; • Criação de companhias de comércio, para desenvolver a região norte; • Tentativa de impedir o contrabando de pedras preciosas; • Incentivo à instalação de manufaturas no Brasil e em Portugal; • Expulsão dos jesuítas da colônia, em 1759, sob alegação de que a ordem tinha e

pregava ideias contrárias aos interesses da metrópole; Aleijadinho: o legado artístico da mineração:

• Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814): escultor, arquiteto e entalhador;

• Filho de um mestre-de-obras português e de uma de suas escravas; • Destaques para as seguintes obras:

1. projetos das igrejas de São Francisco de Assis, em Ouro Preto e em São João Del Rei; 2. 66 imagens de cedro dos Passos da Paixão e os 12 profetas de pedra-sabão, para o santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo; LEMBRETE: além de Aleijadinho, também destacou-se o Mestre Ataíde; Para ler:

• DAVIDOFF, Carlos Henrique. Bandeirantismo: verso e reverso. São Paulo: Brasiliense, 1985.

• SOUZA, Laura de Mello E. Opulência e Miséria nas Minas Gerais. São Paulo Brasiliense, 1994.

Para assistir:

• Ganga Zumba, Brasil, 1964. Direção de Carlos Diegues. 100 min. • O Caçador de Esmeraldas, Brasil, 1979. Direção de Oswaldo de Oliveira. 102

min. • Quilombo, Brasil, 1984. Direção de Carlos Diegues. 114 min. • Xica da Silva, Brasil, 1976. Direção de Carlos Diegues. 107 min.