campogrande

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Painel FC Futebol dribla paralisia e miséria em Campo Grande saiba mais Limitação de jogadores é apenas física painelfc.folha uol.com.br EDUARDO ARRUDA @ Jogador treina no Pantanal, time de Campo Grande formado por deficientes Pé de anjo? ................................................................................. DO ENVIADO A CAMPO GRANDE O futebol de paralisados cerebrais é similar ao dos profissionais. A maioria dos jogadores não tem li- mitação mental, só física. Para participar de com- petições, os praticantes são classificados de acordo com o grau de comprome- timento da força e da coor- denação motora. Os mais afetados geral- mente atuam como golei- ros. E por isso as traves são muito menores que as de um campo oficial. “O que muda é que os choques são muito mais frequentes, porque alguns têm dificuldade de parar quando estão correndo”, diz o técnico José Renato Ferreira. “E, por isso, as quedas são muitas”, diz. Segundo a fisiatra Eliza- bete Saito Guiotoku, do Hospital das Clínicas de São Paulo, a paralisia cere- bral é causada geralmente por falta de oxigenação na hora do parto ou logo após. “Crianças prematuras também podem sofrer de paralisia, por falta de de- senvolvimento dos pul- mões”, completa. A paralisia cerebral po- de comprometer todos os movimentos do corpo. Mas só pratica futebol quem consegue andar e correr sem ajuda. Segundo o neurologista Pedro Rippel, do Hospital da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, o risco de ter um filho com paralisia cerebral pode ser detectado e reduzido com exames pré-natal. “A melhor maneira de prevenir, ou reduzir as chances, é fazendo o acompanhamento de toda a gravidez”, explica. De acordo com Rippel, o hábito de fazer pré-natal é recente em Campo Gran- de, o que ajuda a explicar a grande quantidade de ca- sos de paralisados cere- brais na cidade. “Até pou- co tempo atrás, havia mui- tos partos domiciliares, feitos em condições precá- rias, que geravam vários casos de deficiência.” Para Elizabete, a prática de esportes “além de me- lhorar reflexos e coorde- nação, ajuda na interação com as pessoas e melhora a autoestima.” (MF) A contratação de Marcelinho como embaixador do Corinthians no centenário irritou o técnico Mano Menezes, contam pessoas próximas ao presidente Andres Sanchez. Não pelo posto dado ao jogador, mas por acreditar que setores da torcida Gaviões da Fiel farão pressão na diretoria para que ele faça contrato para jogar. Marcelinho deve atuar em amistoso com o Huracán no próximo dia 13. A volta dele foi arquiteta- da por Luiz Paulo Rosenberg, homem forte do marke- ting corintiano, e Caio Campos, gerente da área. Na capital sul-matogrossense, esporte se transforma em meio de vida e já produz até uma nova geração de jogadores Com estrutura precária, cidade concentra três dos principais times do país e integrantes da seleção que ganham bolsas do governo ................................................................................................ MARTÍN FERNANDEZ ENVIADOESPECIAL A CAMPO GRANDE Em Campo Grande, futebol é muito mais uma atividade para deficientes físicos do que um esporte para profissionais. Na capital do Mato Grosso do Sul estão as bases das seleções principal e sub-20 de futebol para paralisados cerebrais. Rede de saúde falha, erros médicos, falta de informação e difícil condição financeira das famílias. A situação de Campo Grande não é muito diferente da do resto do Brasil. A diferença é que existe uma certa estrutura para a prática de futebol para quem tem para- lisia. Pobre, precária, mas ainda assim uma estrutura. No último Brasileiro da mo- dalidade, disputado há 15 dias em São José dos Pinhais (PR), três dos oito times eram de Campo Grande. No futebol profissional não há nem sequer um clube de Mato Grosso do Sul nas séries A, B e C. A última equipe do Estado a disputar a primeira divisão foi o Operário, em 1986, quando o torneio teve 80 participantes. Nenhum dos times parao- límpicos paga salários para jo- gadores e comissão técnica, mas há dezenas de praticantes incluídos no programa bolsa- -atleta, do governo federal. No Campeonato Brasileiro, o título ficou com o IBDD, do Rio. Mas o Caira e o Pantanal, de Campo Grande, ficaram em segundo e terceiro lugares, res- pectivamente. O outro time da cidade (ADD) terminou em sexto e teve a revelação do tor- neio, Rafael Franciscatto, 16. Um lugar no pódio vai valer R$ 750 mensais para cada joga- dor ao longo de 2010 —a não ser que o atleta já receba outro au- xílio, como o pago a quem dis- putou a última Paraolimpíada (no caso, R$ 2,5 mil mensais). O futebol paraolímpico virou um meio de vida na capital sul- mato-grossense. Em Atlanta- 96, 3 dos 12 integrantes da sele- ção eram de Campo Grande. Em Pequim-08, 6 dos 12 con- vocados defendiam times de Mato Grosso do Sul. Hoje, o Estado já produz uma nova geração de jogadores, quase todos concentrados na capital. Em outubro, a seleção brasileira sub-20 ganhou os Jo- gos Parapanamericanos em Medellín, com seis sul-mato- grossenses no time —quatro deles entre os sete titulares. Rael Medeiros Coelho, 15, era um dos mais novos da equi- pe. Começou a jogar por in- fluência do vizinho Joelson da Rocha Cabral, 20, também pa- ralisado cerebral, de quem aca- bou companheiro de seleção. “Agora que ele vai ganhar a bolsa, vou poder pagar o que devo”, diz Adriana, 40, mãe de Rael e empregada doméstica. “Faço tudo para ele jogar. Pego passe de ônibus emprestado, faço prestação para comprar chuteira, meia, tudo.” Rivalidade O Pantanal é o mais antigo dos clubes de paralisados cere- brais de Campo Grande. Ligado à ONG Cemdef, foi fundado em 1996 e sobrevive da ajuda even- tual de empresas e políticos. Sob o comando de Dolvair Castelli, acumulou títulos nos dez anos seguintes, até que um racha resultou na criação de outro time, ligado a outra ONG da cidade, o Caira, que se sus- tenta da mesma maneira. Para lá foram o técnico José Renato Ferreira e vários joga- dores, como Marcos dos Santos Ferreira e Luciano Rocha, ata- cante da seleção brasileira nas últimas três paraolimpíadas. O outro time da cidade é o ADD (Associação Driblando Diferenças), que concentra jo- gadores mais jovens e treina junto com o Pantanal num campo improvisado, ao lado do ginásio Guanandizão. “Ainda é longe do ideal, mas é o que temos”, diz o técnico Cas- telli, resignado. O campo de grama alta e fofa tem dimen- sões menores que as oficiais, as traves não têm redes e não há linhas marcadas. A reforma por que passa o lo- cal não tem nada a ver com fu- tebol. Torres de iluminação es- tão sendo instaladas para au- mentar a segurança do campo à noite, quando o gramado se transforma em estacionamen- to para os cultos evangélicos realizados no Guanandizão. A “sede” do Pantanal são duas salas contíguas, de teto in- clinado, localizadas embaixo das arquibancadas do ginásio. Numa delas fica o único apa- relho de ginástica —que é divi- dido entre os 20 jogadores—, os armários de ferro para os uni- formes e os colchonetes para sessões de alongamento. Na outra ficam os troféus e a mesa do presidente do Panta- nal, Antonio Carlos Barbosa, que também atua como auxi- liar-técnico, motorista e o que mais for necessário. Há dois meses, o local foi assaltado. “Roubaram o computador e os uniformes”, relata Barbosa. O Caira usa duas vezes por semana as instalações de um clube de elite. “Nos outros dias a gente corre no parque e faz treinos táticos em quadras pú- blicas de futsal”, conta o treina- dor José Renato Ferreira. A rivalidade entre Caira e Pantanal é tamanha que os ti- mes nunca se enfrentaram em amistosos. Situação que pre- tendem mudar em 2010. Goela abaixo. Antes de acertar com Marcelinho, An- dres disse a algumas pessoas que não contrataria o jogador. Mas teve de engoli-lo para não se indispor com a torcida organizada que apoiou a ini- ciativa do marketing. Sombra. No Parque São Jorge, há quem defenda a ideia de que a diretoria deve- ria ter chamado para embai- xador do centenário outro ídolo, que já tivesse encerrado definitivamente a carreira. Do contra. Gente que con- versou com Ronaldo assegura que ele torceu o nariz para a chegada de Marcelinho. Teria dito que o jogador pode colo- car pressão desnecessária so- bre o elenco do clube. Típico. Cruzeirenses enxer- gam na declaração de Kléber Pereira, que manifestou dese- jo de ir para o rival Atlético- MG, de Vanderlei Luxembur- go, pressão para a diretoria fe- char com o atacante. Zezé Perrella não pode nem ouvir falar em Luxemburgo. Espelho. Comentário de um importante cartola após conhecer o novo presidente santista, Luis Alvaro de Oli- veira Ribeiro: “Ele é igual ao Belluzzo [presidente do Pal- meiras], vaidoso, inteligente, mas está perdidinho”. Novo... Advogados especia- lizados em discussões na Fifa avaliam que, se Oscar conse- guir ir à entidade máxima do futebol, tem enorme chance de se desvincular do São Pau- lo. Para isso, é necessário que haja uma disputa entre dois clubes de países diferentes. ...round. A argumentação é a de que a Fifa anularia o con- trato do jogador com o São Paulo porque não reconhece acordos assinados por meno- res de 18 anos com validade de cinco anos, mas somente por no máximo três anos. Irreversível. Já há no São Paulo corrente que defenda acordo financeiro do clube com o empresário de Oscar. A avaliação é a de que o jogador não tem mais clima para se- guir no Morumbi, mesmo que os são-paulinos consigam vi- tória no litígio com o atleta. Salgado. Já está nas mãos da presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas sobre a compra do CFZ, clube do ídolo Zico. O preço da aqui- sição é R$ 25 milhões. No lugar. O técnico Luiz Felipe Scolari não irá para a Itália comandar a Juventus. Ele segue no Bunyodkor, do Uzbequistão, e sua próxima parada deve ser o Brasil. Fotos Lalo de Almeida/Folha Imagem É praticado apenas por homens pouco afetados pela deficiência, sem uso de muletas ou cadeira de rodas FUTEBOL PARA PARALISADOS CEREBRAIS Fonte: Comite Parolímpico Internacional REGRAS Iguais às da Fifa, com duas exceções: não há impedimento e o lateral é cobrado com apenas uma mão CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL Os jogadores são distribuídos em classes de 5 a 8. Quando maior a classe, menor o comprometimento físico e motor do atleta. Durante um jogo, cada time só pode ter em campo dois atletas com grau 8 e no mínimo um jogador com grau 5 ou 6 DURAÇÃO Dois tempos de 30 minutos, com 15 minutos de intervalo Comprimento 75 m 7m 9,2 m 7m 11 m 3,5 m 12,4 m 27 m Largura 55 m Gol 5m largura x 2m altura Reservas: COMPARAÇÃO (padrão FIFA) Campo oficial 105 m comprimento 68 m largura Modificado [+] [+] [+] SEGURO: SEGURO: SEGURO: ATLETA ATLETA ATLETA INVESTIU VERBA INVESTIU VERBA INVESTIU VERBA DO BOLSA-ATLETA DO BOLSA-ATLETA DO BOLSA-ATLETA Marcos dos Santos Ferreira, Marcos dos Santos Ferreira, Marcos dos Santos Ferreira, 31, goleiro do Brasil nas últi- 31, goleiro do Brasil nas últi- 31, goleiro do Brasil nas últi- mas quatro Paraolimpíadas, mas quatro Paraolimpíadas, mas quatro Paraolimpíadas, é o caso mais bem sucedido é o caso mais bem sucedido é o caso mais bem sucedido do futebol de paralisados de do futebol de paralisados de do futebol de paralisados de Campo Grande. Com o di- Campo Grande. Com o di- Campo Grande. Com o di- nheiro do bolsa-atleta, que nheiro do bolsa-atleta, que nheiro do bolsa-atleta, que recebe do governo desde recebe do governo desde recebe do governo desde 2003, conseguiu comprar 2003, conseguiu comprar 2003, conseguiu comprar uma pizzaria na periferia da uma pizzaria na periferia da uma pizzaria na periferia da capital sul-matogrossense. capital sul-matogrossense. capital sul-matogrossense. Mas ele é claramente uma Mas ele é claramente uma Mas ele é claramente uma exceção no esporte e na ci- exceção no esporte e na ci- exceção no esporte e na ci- dade. “A maioria é muito, dade. “A maioria é muito, dade. “A maioria é muito, muito pobre”, afirma o téc- muito pobre”, afirma o téc- muito pobre”, afirma o téc- nico Dolvair Castelli. nico Dolvair Castelli. nico Dolvair Castelli. Casteli (técnico) e Barbosa (presidente), na sede do clube Dividida O Andres não vai atrás do Oscar porque ele tem medo da gente De MARCO AURÉLIOCUNHA, superintendente de futebol do São Pau- lo,sobre o presidente corintiano ter ditoque não tentará contratar meia Oscar,apesar de o rival “merecer” GOL A GOL O QUE VER NA TV* Mesa de troféus da equipe, 3ª colocada no último Brasileiro 11h30 Arsenal x Aston Villa Campeonato Inglês - futebol ESPN - ao vivo 15h30 Rio de Janeiro x Metal Galati Top Volley - vôlei Sportv 2 - ao vivo 14h Hull City x Manchester United Campeonato Inglês - futebol ESPN Brasil - ao vivo 17h Jogo das Estrelas Amistoso - futebol Sportv - ao vivo * Programação fornecida pelas emissoras Depois de Sydney, Atenas e Pequim, astro da seleção sobrevive de bicos ‘Deixa ele aí; se morrer, o médico avisa, se ficar bom, a gente busca’ PLACAR ................................................................................................ DO ENVIADO A CAMPO GRANDE Luciano Gonçalves Rocha nasceu num Fusca, há 30 anos, quando o pai e a mãe tentavam vencer a tempo os cem quilô- metros que separam Ribas do Rio Pardo de Campo Grande. O parto complicado resultou em paralisia parcial do lado di- reito de seu organismo. Desde então, ele tenta se superar. Aos dois anos, foi abandona- do pelo pai, mas mantém bom relacionamento com ele até ho- je. Cresceu vendo a mãe brigar para receber pensão alimentí- cia. “Até ameaçada de morte pelo meu pai ela foi.” A deficiência, que foi uma grande dificuldade durante a infância, Luciano tratou de transformar em vantagem. Aos 30 anos, ele acumula um currículo raro entre atletas bra- sileiros. Disputou três Parao- limpíadas, ganhou medalha em duas, foi figura certa na seleção brasileira da modalidade nos últimos 12 anos. Só ficou fora de convocações duas vezes. Tanto sucesso, porém, não resistiu a uma série de reveses e decisões equivocadas. Luciano hoje vive de favores. Depende basicamente dos bicos de mo- torista que a irmã consegue pa- ra ele na agência de viagens em que trabalha. Não recebe os R$ 2,5 mil mensais a que teria direito do bolsa-atleta porque ele não en- viou a documentação a tempo. Espera voltar a ganhar o bene- fício no ano que vem. A casa que havia construído deixou para a ex-mulher no di- vórcio, há dois anos. Sobrou uma moto modelo CG125, que ele usa para ir treinar. Hoje, mora num puxadinho de três cômodos com telhado de zinco, nos fundos de uma ca- sa no bairro Jardim Tiradentes, periferia de Campo Grande. Lá estão guardadas a meda- lha de bronze conquistada em Sidney-2000, a prata de Ate- nas-2004 (que ele pensou em derreter e vender, mas desis- tiu) e dezenas de outros prê- mios e recortes de jornal. No chão da sala, uma foto emoldurada de Luciano abra- çado ao presidente Lula aguar- da para ser pendurada. “São meus dois grandes or- gulhos”, diz, sobre a foto com Lula e a bola vermelha que trouxe de Pequim, onde termi- nou em quarto lugar com a se- leção brasileira paraolímpica. Em 2002, “quando estava no auge”, Luciano aceitou um con- vite para trocar Campo Grande pelo Rio de Janeiro. Jogou dois anos no time da Andef, que lhe pagava R$ 1.000 por mês. “Foi a melhor época da minha vida.” Recebeu uma proposta “para ganhar mais” e voltou a morar em Campo Grande. A proposta, feita pelo técnico Dolvair Cas- telli, nunca se concretizou. “Mas não ponho culpa nele”, resigna-se. “Ele não conseguiu o patrocínio que esperava.” O fato de jogar sem receber virou um problema ainda maior a partir de 2005, quando nasceu Kauã, com o mesmo problema do pai: paralisia cere- bral. O menino passou por duas cirurgias no tornozelo esquer- do e já recuperou a maior parte dos movimentos. Foi por causa dele que Lucia- no não vendeu as medalhas olímpicas e guarda os recortes de jornal. “Quero que ele saiba quem foi o pai dele.” (MF) ................................................................................................ DO ENVIADO A CAMPO GRANDE Assim que pariu Ismael, há 19 anos, Vilma Evangelista ou- viu do então marido, cujo nome faz questão de não citar: “Deixa ele aí no hospital. Se morrer, o médico avisa. Se ele ficar bom, a gente vem buscar”. Vilma esco- lheu o filho e perdeu o marido. Demorou, mas Ismael ficou bom. Passou os seis primeiros meses de vida na UTI. Só foi an- dar e falar com três anos. “Por causa da bendita da bo- la”, conta a mãe. “Ele ficou em pé a primeira vez para correr atrás de uma bola. E só apren- deu a falar para pedir uma bola de presente.” Antes dos dez anos, Ismael passou por dez cirurgias, in- cluindo um transplante de in- testino. Livrou-se da colosto- mia (bolsa externa para drena- gem intestinal) e lançou-se a jogar futebol na rua, como to- das as crianças da idade. “Diziam que meu filho seria um vegetal”, relembra Vilma. Ele, no entanto, contrariou previsões médicas, ignorou as proibições da mãe e, sobretudo, nunca se importou com o fato de ter o lado esquerdo do corpo parcialmente paralisado. “Jogava com os normais, na rua, na escola, em todo lugar”, conta Ismael. “Tomava porra- da. Ninguém pegava leve, caía, me machucava bastante.” Aos 12 anos, foi levado por um professor para o time de atletismo da escola. Ganhou medalhas correndo distâncias curtas, mas nunca se empolgou de verdade. O que ele queria mesmo era jogar futebol. “Ele vivia me dizendo: ‘Quando o médico consertar minha perna, vou chegar à sele- ção. Você vai ver, mãe’.” Há três anos, juntou-se ao Pantanal, um dos três clubes de futebol de paralisados cere- brais de Campo Grande. Desde então, sai de casa to- dos os dias às 6h30, pega três ônibus para chegar às 8h30 ao campo onde seu time treina. Usa a boca para calçar as meias e tem a ajuda dos colegas para amarrar as chuteiras. Neste ano, cumpriu o que prometera à mãe e finalmente chegou à seleção brasileira sub- -20, com a qual conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pa- rapanamericanos disputados em Medellín, em outubro. “Fiz dois gols na final contra a Argentina”, diz, orgulhoso. “E depois os caras nem quiseram trocar de camisa com a gente.” Com os R$ 750 que ganha por mês do bolsa-atleta, tem o maior salário da casa de quatro cômodos que divide com a mãe, o padrasto e a irmã mais nova, no Jardim Columbia, um terre- no invadido na periferia de Campo Grande. Ismael, que ganhou o apelido de “Obina” dos companheiros por causa dos dentes salientes, é tido como um dos jogadores mais promissores da nova gera- ção. É a estrela do campinho de barro que fica exatamente em frente à casa onde mora. Não descuida do penteado moicano e faz questão de jogar com chuteiras coloridas. Mesmo assim, diz que prefe- re estudar —está no primeiro ano do ensino médio — e que não vê futuro algum no esporte que tanto gosta de praticar. “Sei que isso daqui a pouco acaba”, diz, conformado. “Eu vou ter que estudar.” (MF) FUTEBOL Campeonato Inglês 19ª rodada Ontem: Birmingham 0x0 Chelsea; Fulham 0x0 Tottenham; West Ham 2x0 Portsmouth; Burnley 1x1 Bolton; Manchester City 2x0 Stoke; Sunderland 1x1 Everton; Wigan 1x1 Blackburn; Liverpool 2x0 Wolverhampton Hoje: Arsenal x Aston Villa; Hull City x Manchester United 20ª rodada Amanhã: Tottenham x West Ham; Blackburn x Sunderland; Chelsea x Fulham; Everton x Burnley; Stoke City x Birmingham; Wolverhampton x Manchester City Terça-feira: Aston Villa x Liverpool; Bolton x Hull City Quarta-feira: Portsmouth x Arsenal; Manchester United x Wigan Classificação P J V E D Chelsea 42 19 13 3 3 Man. United 37 18 12 1 5 Arsenal 35 17 11 2 4 Aston Villa 35 18 10 5 3 Tottenham 34 19 10 4 5 Manchester City 32 18 8 8 2 Liverpool 30 19 9 3 7 Birmingham 29 19 8 5 6 Fulham 27 18 7 6 5 10º Sunderland 21 18 6 3 9 11º Stoke City 21 17 5 6 6 12º Blackburn 20 19 5 5 9 13º Burnley 20 19 5 5 9 14º Everton 19 18 4 7 7 15º Wolverhampton 19 19 5 4 10 16º Wigan 19 18 5 4 9 17º West Ham 18 19 4 6 9 18º Bolton 17 17 4 5 8 19º Hull City 17 18 4 5 9 20º Portsmouth 14 19 4 2 13 VÔLEI Superliga masculina - 8ª rodada Terça-feira: Vôlei Futuro x Cruzeiro; Sesi x Blumenau; Pinheiros x Florianópolis; Montes Claros x Brasília FUTEBOL Campeonato Espanhol - 16ª rodada 2.jan (sábado): Valencia x Espanyol; Barcelona x Villarreal; Atlético de Madri x Sevilla 3.jan (domingo): Sporting de Gijón x Málaga; Getafe x Valladolid; Racing Santander x Tenerife; Almería x Xerez; Zaragoza x La Coruña; Mallorca x Athletic Bilbao; Osasuna x Real Madrid Classificação P J V E D Barcelona 39 15 12 3 0 Real Madrid 37 15 12 1 2 Sevilla 30 15 9 3 3 Valencia 29 15 8 5 2 Mallorca 27 15 8 3 4 La Coruña 27 15 8 3 4 Athletic Bilbao 26 15 8 2 5 Getafe 24 15 8 0 7 Villarreal 21 15 6 3 6 10º Sporting de Gijón 20 15 5 5 5 11º Osasuna 16 15 4 4 7 12º Espanyol 16 15 4 4 7 13º Valladolid 16 15 3 7 5 14º Tenerife 15 15 4 3 8 15º Atlético de Madri 14 15 3 5 7 16º Racing Santander 13 15 3 4 8 17º Almería 13 15 3 4 8 18º Zaragoza 12 15 3 3 9 19º Málaga 12 15 2 6 7 20º Xerez 7 15 1 4 10 Campeonato Italiano - 18ª rodada 6.jan (quarta-feira): Chievo x Inter de Milão; Atalanta x Napoli; Bari x Udinese; Cagliari x Roma; Catania x Bologna; Lazio x Livorno; Parma x Juventus; Sampdoria x Palermo; Siena x Fiorentina; Milan x Genoa Campeonato Alemão - 18ª rodada 15.jan (sexta-feira): Bayern de Munique x Hoffenheim 16.jan (sábado): Hannover x Hertha; Eintracht Frankfurt x Werder Bremen; Borussia Mönchengladbach x Bochum; Hamburgo x Freiburg; Bayer Leverkusen x Mainz; Stuttgart x Wolfsburg 17.jan (domingo): Schalke 04 x Nuremberg; Colônia x Borussia Dortmund Ismael Teixeira, campeão do Pan-Americano com a seleção brasileira sub-20, e sua mãe, Vilma Vestiário do Pantanal, no ginásio do Guanandizão Num momento de desespero, cheguei a pensar em vender as medalhas que ganhei em Atenas e Pequim. Desisti porque percebi que iria ganhar muito pouco dinheiro. Tudo o que eu quero é voltar a ganhar o bolsa-atleta do governo para poder ajudar meu filho LUCIANO GONÇALVES ROCHA atacante da seleção brasileira Já tive propostas para jogar futebol em outras cidades, como Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, algumas até para ganhar dinheiro. Mas já falei que de Campo Grande eu não saio de jeito nenhum. Minha família está aqui, o que eu vou fazer em outro lugar? ISMAEL EVANGELISTA TEIXEIRA jogador da seleção brasileira sub-20 [+] [+] [+] SELEÇÃO: SELEÇÃO: SELEÇÃO: TÉCNICO QUER TÉCNICO QUER TÉCNICO QUER MAIS EQUIPES MAIS EQUIPES MAIS EQUIPES Depois de Campo Grande, o Depois de Campo Grande, o Depois de Campo Grande, o principal polo do futebol de principal polo do futebol de principal polo do futebol de paralisados no Brasil é o Rio. paralisados no Brasil é o Rio. paralisados no Brasil é o Rio. IBDD e Andef, clubes cario- IBDD e Andef, clubes cario- IBDD e Andef, clubes cario- cas, conquistaram o primei- cas, conquistaram o primei- cas, conquistaram o primei- ro e o quarto lugares no últi- ro e o quarto lugares no últi- ro e o quarto lugares no últi- mo Campeonato Brasileiro. mo Campeonato Brasileiro. mo Campeonato Brasileiro. “Sabemos que há grandes jo- “Sabemos que há grandes jo- “Sabemos que há grandes jo- gadores escondidos por aí. gadores escondidos por aí. gadores escondidos por aí. Se não for possível formar Se não for possível formar Se não for possível formar equipes, queremos descobrir equipes, queremos descobrir equipes, queremos descobrir atletas em outros Estados atletas em outros Estados atletas em outros Estados para que venham treinar no para que venham treinar no para que venham treinar no Rio ou em Campo Grande”, Rio ou em Campo Grande”, Rio ou em Campo Grande”, diz Paulo Cruz, técnico do diz Paulo Cruz, técnico do diz Paulo Cruz, técnico do IBDD e da seleção principal. IBDD e da seleção principal. IBDD e da seleção principal. Luciano Rocha, da seleção principal, com seu filho Kauã, que tambem tem paralisia cerebral ef DOMINGO, 27 DE DEZEMBRO DE 2009 esporte D3 D2 esporte DOMINGO, 27 DE DEZEMBRO DE 2009 ef

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Page 1: campogrande

Painel FC Futebol driblaparalisia e misériaem Campo Grande

saibamaisLimitação dejogadores éapenas física

painelfc.folha uol.com.brEDUARDO ARRUDA @

Jogador treina no Pantanal,time de Campo Grande

formado por deficientesPé de anjo?

.................................................................................DO ENVIADO A CAMPO GRANDE

O futebol de paralisadoscerebrais é similar ao dosprofissionais. A maioriados jogadores não tem li-mitação mental, só física.

Para participar de com-petições, os praticantessão classificados de acordocom o grau de comprome-timento da força e da coor-denação motora.

Os mais afetados geral-mente atuam como golei-ros. E por isso as traves sãomuito menores que as deum campo oficial.

“O que muda é que oschoques são muito maisfrequentes, porque algunstêm dificuldade de pararquando estão correndo”,diz o técnico José RenatoFerreira. “E, por isso, asquedas são muitas”, diz.

Segundo a fisiatra Eliza-bete Saito Guiotoku, doHospital das Clínicas deSão Paulo, a paralisia cere-bral é causada geralmentepor falta de oxigenação nahora do parto ou logo após.“Crianças prematurastambém podem sofrer deparalisia, por falta de de-senvolvimento dos pul-mões”, completa.

A paralisia cerebral po-de comprometer todos osmovimentos do corpo.Mas só pratica futebolquem consegue andar ecorrer sem ajuda.

Segundo o neurologistaPedro Rippel, do Hospitalda Universidade Federaldo Mato Grosso do Sul, orisco de ter um filho comparalisia cerebral pode serdetectado e reduzido comexames pré-natal.

“A melhor maneira deprevenir, ou reduzir aschances, é fazendo oacompanhamento de todaa gravidez”, explica.

De acordo com Rippel, ohábito de fazer pré-natal érecente em Campo Gran-de, o que ajuda a explicar agrande quantidade de ca-sos de paralisados cere-brais na cidade. “Até pou-co tempo atrás, havia mui-tos partos domiciliares,feitos em condições precá-rias, que geravam várioscasos de deficiência.”

Para Elizabete, a práticade esportes “além de me-lhorar reflexos e coorde-nação, ajuda na interaçãocom as pessoas e melhoraa autoestima.” (MF)

A contratação de Marcelinho como embaixador doCorinthians no centenário irritou o técnico ManoMenezes, contam pessoas próximas ao presidenteAndres Sanchez. Não pelo posto dado ao jogador, maspor acreditar que setores da torcida Gaviões da Fielfarão pressão na diretoria para que ele faça contratopara jogar. Marcelinho deve atuar em amistoso com oHuracán no próximo dia 13. A volta dele foi arquiteta-da por Luiz Paulo Rosenberg, homem forte do marke-ting corintiano, e Caio Campos, gerente da área.

Na capital sul-matogrossense, esporte se transforma emmeio de vida e já produz até uma nova geração de jogadores

Com estrutura precária,cidade concentra três dosprincipais times do país eintegrantes da seleção queganham bolsas do governo................................................................................................MARTÍN FERNANDEZENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE

Em Campo Grande, futebol émuito mais uma atividade paradeficientes físicos do que umesporte para profissionais.

Na capital do Mato Grosso doSul estão as bases das seleçõesprincipal e sub-20 de futebolpara paralisados cerebrais.

Rede de saúde falha, errosmédicos, falta de informação edifícil condição financeira dasfamílias. A situação de CampoGrande não é muito diferenteda do resto do Brasil.

A diferença é que existe umacerta estrutura para a práticade futebol para quem tem para-lisia. Pobre, precária, mas aindaassim uma estrutura.

No último Brasileiro da mo-dalidade, disputado há 15 diasem São José dos Pinhais (PR),três dos oito times eram deCampo Grande. No futebolprofissional não há nem sequerum clube de Mato Grosso doSul nas séries A, B e C.

A última equipe do Estado adisputar a primeira divisão foi oOperário, em 1986, quando otorneio teve 80 participantes.

Nenhum dos times parao-límpicos paga salários para jo-gadores e comissão técnica,mas há dezenas de praticantesincluídos no programa bolsa--atleta, do governo federal.

No Campeonato Brasileiro, otítulo ficou com o IBDD, doRio. Mas o Caira e o Pantanal,de Campo Grande, ficaram emsegundo e terceiro lugares, res-pectivamente. O outro time dacidade (ADD) terminou emsexto e teve a revelação do tor-neio, Rafael Franciscatto, 16.

Um lugar no pódio vai valerR$ 750 mensais para cada joga-dor ao longo de 2010 —a não serque o atleta já receba outro au-xílio, como o pago a quem dis-putou a última Paraolimpíada(no caso, R$ 2,5 mil mensais).

O futebol paraolímpico virou

um meio de vida na capital sul-mato-grossense. Em Atlanta-96, 3 dos 12 integrantes da sele-ção eram de Campo Grande.

Em Pequim-08, 6 dos 12 con-vocados defendiam times deMato Grosso do Sul.

Hoje, o Estado já produz umanova geração de jogadores,quase todos concentrados nacapital. Em outubro, a seleçãobrasileira sub-20 ganhou os Jo-gos Parapanamericanos emMedellín, com seis sul-mato-grossenses no time —quatrodeles entre os sete titulares.

Rael Medeiros Coelho, 15,era um dos mais novos da equi-pe. Começou a jogar por in-fluência do vizinho Joelson daRocha Cabral, 20, também pa-ralisado cerebral, de quem aca-bou companheiro de seleção.

“Agora que ele vai ganhar abolsa, vou poder pagar o quedevo”, diz Adriana, 40, mãe deRael e empregada doméstica.“Faço tudo para ele jogar. Pegopasse de ônibus emprestado,faço prestação para comprarchuteira, meia, tudo.”

RivalidadeO Pantanal é o mais antigo

dos clubes de paralisados cere-brais de Campo Grande. Ligadoà ONG Cemdef, foi fundado em1996 e sobrevive da ajuda even-tual de empresas e políticos.

Sob o comando de DolvairCastelli, acumulou títulos nosdez anos seguintes, até que um

racha resultou na criação deoutro time, ligado a outra ONGda cidade, o Caira, que se sus-tenta da mesma maneira.

Para lá foram o técnico JoséRenato Ferreira e vários joga-dores, como Marcos dos SantosFerreira e Luciano Rocha, ata-cante da seleção brasileira nasúltimas três paraolimpíadas.

O outro time da cidade é oADD (Associação DriblandoDiferenças), que concentra jo-gadores mais jovens e treinajunto com o Pantanal numcampo improvisado, ao lado doginásio Guanandizão.

“Ainda é longe do ideal, mas éo que temos”, diz o técnico Cas-telli, resignado. O campo degrama alta e fofa tem dimen-sões menores que as oficiais, astraves não têm redes e não hálinhas marcadas.

A reforma por que passa o lo-cal não tem nada a ver com fu-tebol. Torres de iluminação es-tão sendo instaladas para au-mentar a segurança do campo ànoite, quando o gramado setransforma em estacionamen-to para os cultos evangélicosrealizados no Guanandizão.

A “sede” do Pantanal sãoduas salas contíguas, de teto in-clinado, localizadas embaixodas arquibancadas do ginásio.

Numa delas fica o único apa-relho de ginástica —que é divi-dido entre os 20 jogadores—, osarmários de ferro para os uni-formes e os colchonetes parasessões de alongamento.

Na outra ficam os troféus e amesa do presidente do Panta-nal, Antonio Carlos Barbosa,que também atua como auxi-liar-técnico, motorista e o quemais for necessário. Há doismeses, o local foi assaltado.“Roubaram o computador e osuniformes”, relata Barbosa.

O Caira usa duas vezes porsemana as instalações de umclube de elite. “Nos outros diasa gente corre no parque e faztreinos táticos em quadras pú-blicas de futsal”, conta o treina-dor José Renato Ferreira.

A rivalidade entre Caira ePantanal é tamanha que os ti-mes nunca se enfrentaram emamistosos. Situação que pre-tendem mudar em 2010.

Goela abaixo. Antes deacertar com Marcelinho, An-dres disse a algumas pessoasque não contrataria o jogador.Mas teve de engoli-lo paranão se indispor com a torcidaorganizada que apoiou a ini-ciativa do marketing.

Sombra. No Parque SãoJorge, há quem defenda aideia de que a diretoria deve-ria ter chamado para embai-xador do centenário outroídolo, que já tivesse encerradodefinitivamente a carreira.

Do contra. Gente que con-versou com Ronaldo asseguraque ele torceu o nariz para achegada de Marcelinho. Teriadito que o jogador pode colo-car pressão desnecessária so-bre o elenco do clube.

Típico. Cruzeirenses enxer-gam na declaração de KléberPereira, que manifestou dese-jo de ir para o rival Atlético-MG, de Vanderlei Luxembur-go, pressão para a diretoria fe-char com o atacante. ZezéPerrella não pode nem ouvirfalar em Luxemburgo.

Espelho. Comentário deum importante cartola apósconhecer o novo presidentesantista, Luis Alvaro de Oli-veira Ribeiro: “Ele é igual aoBelluzzo [presidente do Pal-meiras], vaidoso, inteligente,mas está perdidinho”.

Novo... Advogados especia-lizados em discussões na Fifaavaliam que, se Oscar conse-guir ir à entidade máxima dofutebol, tem enorme chancede se desvincular do São Pau-lo. Para isso, é necessário quehaja uma disputa entre doisclubes de países diferentes.

...round. A argumentação éa de que a Fifa anularia o con-trato do jogador com o SãoPaulo porque não reconheceacordos assinados por meno-res de 18 anos com validade decinco anos, mas somente porno máximo três anos.

Irreversível. Já há no SãoPaulo corrente que defendaacordo financeiro do clubecom o empresário de Oscar. Aavaliação é a de que o jogadornão tem mais clima para se-guir no Morumbi, mesmo queos são-paulinos consigam vi-tória no litígio com o atleta.

Salgado. Já está nas mãosda presidente do Flamengo,Patrícia Amorim, estudo feitopela Fundação Getúlio Vargassobre a compra do CFZ, clubedo ídolo Zico. O preço da aqui-sição é R$ 25 milhões.

No lugar. O técnico LuizFelipe Scolari não irá para aItália comandar a Juventus.Ele segue no Bunyodkor, doUzbequistão, e sua próximaparada deve ser o Brasil.

Fotos Lalo de Almeida/Folha Imagem

É praticado apenas por homens pouco afetados pela deficiência, sem uso de muletas ou cadeira de rodas

FUTEBOL PARA PARALISADOS CEREBRAIS

Fonte: Comite Parolímpico Internacional

REGRASIguais às da Fifa, com duas

exceções: não há impedimento e o lateralé cobrado com apenas uma mão

CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL

Os jogadores são distribuídos emclasses de 5 a 8. Quando maior aclasse,menorocomprometimentofísico e motor do atleta. Durante

um jogo, cada time só pode ter emcampo dois atletas com grau 8 eno mínimo um jogador comgrau 5 ou 6

DURAÇÃODois tempos de 30

minutos, com 15 minutos deintervalo

Comprimento75 m

7 m 9,2 m7 m

11 m

3,5 m

12,4 m

27 m

Largura55 m

Gol5m largura x 2m altura

Reservas:

COMPARAÇÃO (padrão FIFA)

Campo oficial

105 m comprimento

68m

largura

Modificado

[+][+][+] SEGURO:SEGURO:SEGURO: ATLETAATLETAATLETAINVESTIU VERBAINVESTIU VERBAINVESTIU VERBA

DO BOLSA-ATLETADO BOLSA-ATLETADO BOLSA-ATLETAMarcos dos Santos Ferreira,Marcos dos Santos Ferreira,Marcos dos Santos Ferreira,31, goleiro do Brasil nas últi-31, goleiro do Brasil nas últi-31, goleiro do Brasil nas últi-mas quatro Paraolimpíadas,mas quatro Paraolimpíadas,mas quatro Paraolimpíadas,é o caso mais bem sucedidoé o caso mais bem sucedidoé o caso mais bem sucedidodo futebol de paralisados dedo futebol de paralisados dedo futebol de paralisados deCampo Grande. Com o di-Campo Grande. Com o di-Campo Grande. Com o di-nheiro do bolsa-atleta, quenheiro do bolsa-atleta, quenheiro do bolsa-atleta, querecebe do governo desderecebe do governo desderecebe do governo desde2003, conseguiu comprar2003, conseguiu comprar2003, conseguiu compraruma pizzaria na periferia dauma pizzaria na periferia dauma pizzaria na periferia dacapital sul-matogrossense.capital sul-matogrossense.capital sul-matogrossense.Mas ele é claramente umaMas ele é claramente umaMas ele é claramente umaexceção no esporte e na ci-exceção no esporte e na ci-exceção no esporte e na ci-dade. “A maioria é muito,dade. “A maioria é muito,dade. “A maioria é muito,muito pobre”, afirma o téc-muito pobre”, afirma o téc-muito pobre”, afirma o téc-nico Dolvair Castelli.nico Dolvair Castelli.nico Dolvair Castelli.

Casteli (técnico) e Barbosa (presidente), na sede do clube

DivididaO Andres não vai atrás do Oscar porque ele temmedo da genteDeMARCOAURÉLIOCUNHA,superintendentedefuteboldoSãoPau-lo,sobreopresidentecorintianoterditoquenãotentarácontratarmeiaOscar,apesardeorival“merecer”

GOL A GOL

O QUE VER NA TV*Mesa de troféus da equipe, 3ª colocada no último Brasileiro

11h30 Arsenal x Aston VillaCampeonato Inglês - futebolESPN- ao vivo

15h30 Rio de Janeiro x Metal GalatiTop Volley - vôleiSportv 2 - ao vivo

14h Hull City x Manchester UnitedCampeonato Inglês - futebolESPNBrasil - ao vivo

17h Jogo das EstrelasAmistoso - futebolSportv - ao vivo

*Programaçãofornecidapelasemissoras

Depois de Sydney, Atenas e Pequim,astro da seleção sobrevive de bicos

‘Deixa ele aí; se morrer, o médicoavisa, se ficar bom, a gente busca’

PLACAR ................................................................................................DO ENVIADO A CAMPO GRANDE

Luciano Gonçalves Rochanasceu num Fusca, há 30 anos,quando o pai e a mãe tentavamvencer a tempo os cem quilô-metros que separam Ribas doRio Pardo de Campo Grande.

O parto complicado resultouem paralisia parcial do lado di-reito de seu organismo. Desdeentão, ele tenta se superar.

Aos dois anos, foi abandona-do pelo pai, mas mantém bomrelacionamento com ele até ho-je. Cresceu vendo a mãe brigarpara receber pensão alimentí-cia. “Até ameaçada de mortepelo meu pai ela foi.”

A deficiência, que foi umagrande dificuldade durante ainfância, Luciano tratou detransformar em vantagem.

Aos 30 anos, ele acumula umcurrículo raro entre atletas bra-sileiros. Disputou três Parao-limpíadas, ganhou medalha emduas, foi figura certa na seleçãobrasileira da modalidade nosúltimos 12 anos. Só ficou forade convocações duas vezes.

Tanto sucesso, porém, nãoresistiu a uma série de reveses edecisões equivocadas. Lucianohoje vive de favores. Dependebasicamente dos bicos de mo-torista que a irmã consegue pa-ra ele na agência de viagens emque trabalha.

Não recebe os R$ 2,5 milmensais a que teria direito do

bolsa-atleta porque ele não en-viou a documentação a tempo.Espera voltar a ganhar o bene-fício no ano que vem.

A casa que havia construídodeixou para a ex-mulher no di-vórcio, há dois anos. Sobrouuma moto modelo CG125, queele usa para ir treinar.

Hoje, mora num puxadinhode três cômodos com telhadode zinco, nos fundos de uma ca-sa no bairro Jardim Tiradentes,periferia de Campo Grande.

Lá estão guardadas a meda-lha de bronze conquistada emSidney-2000, a prata de Ate-nas-2004 (que ele pensou emderreter e vender, mas desis-

tiu) e dezenas de outros prê-mios e recortes de jornal.

No chão da sala, uma fotoemoldurada de Luciano abra-çado ao presidente Lula aguar-da para ser pendurada.

“São meus dois grandes or-gulhos”, diz, sobre a foto comLula e a bola vermelha quetrouxe de Pequim, onde termi-nou em quarto lugar com a se-leção brasileira paraolímpica.

Em 2002, “quando estava noauge”, Luciano aceitou um con-vite para trocar Campo Grandepelo Rio de Janeiro. Jogou doisanos no time da Andef, que lhepagava R$ 1.000 por mês. “Foi amelhor época da minha vida.”

Recebeu uma proposta “paraganhar mais” e voltou a morarem Campo Grande. A proposta,feita pelo técnico Dolvair Cas-telli, nunca se concretizou.“Mas não ponho culpa nele”,resigna-se. “Ele não conseguiuo patrocínio que esperava.”

O fato de jogar sem recebervirou um problema aindamaior a partir de 2005, quandonasceu Kauã, com o mesmoproblema do pai: paralisia cere-bral. O menino passou por duascirurgias no tornozelo esquer-do e já recuperou a maior partedos movimentos.

Foi por causa dele que Lucia-no não vendeu as medalhasolímpicas e guarda os recortesde jornal. “Quero que ele saibaquem foi o pai dele.” (MF)

................................................................................................DO ENVIADO A CAMPO GRANDE

Assim que pariu Ismael, há19 anos, Vilma Evangelista ou-viu do então marido, cujo nomefaz questão de não citar: “Deixaele aí no hospital. Se morrer, omédico avisa. Se ele ficar bom, agente vem buscar”. Vilma esco-lheu o filho e perdeu o marido.

Demorou, mas Ismael ficoubom. Passou os seis primeirosmeses de vida na UTI. Só foi an-dar e falar com três anos.

“Por causa da bendita da bo-la”, conta a mãe. “Ele ficou empé a primeira vez para correratrás de uma bola. E só apren-deu a falar para pedir uma bolade presente.”

Antes dos dez anos, Ismaelpassou por dez cirurgias, in-cluindo um transplante de in-testino. Livrou-se da colosto-mia (bolsa externa para drena-gem intestinal) e lançou-se ajogar futebol na rua, como to-das as crianças da idade.

“Diziam que meu filho seriaum vegetal”, relembra Vilma.

Ele, no entanto, contrariouprevisões médicas, ignorou asproibições da mãe e, sobretudo,nunca se importou com o fatode ter o lado esquerdo do corpoparcialmente paralisado.

“Jogava com os normais, narua, na escola, em todo lugar”,conta Ismael. “Tomava porra-da. Ninguém pegava leve, caía,me machucava bastante.”

Aos 12 anos, foi levado porum professor para o time deatletismo da escola. Ganhoumedalhas correndo distânciascurtas, mas nunca se empolgoude verdade. O que ele queriamesmo era jogar futebol.

“Ele vivia me dizendo:‘Quando o médico consertarminha perna, vou chegar à sele-ção. Você vai ver, mãe’.”

Há três anos, juntou-se aoPantanal, um dos três clubes defutebol de paralisados cere-brais de Campo Grande.

Desde então, sai de casa to-dos os dias às 6h30, pega trêsônibus para chegar às 8h30 aocampo onde seu time treina.

Usa a boca para calçar asmeias e tem a ajuda dos colegaspara amarrar as chuteiras.

Neste ano, cumpriu o queprometera à mãe e finalmentechegou à seleção brasileira sub--20, com a qual conquistou amedalha de ouro nos Jogos Pa-rapanamericanos disputadosem Medellín, em outubro.

“Fiz dois gols na final contraa Argentina”, diz, orgulhoso. “Edepois os caras nem quiseramtrocar de camisa com a gente.”

Com os R$ 750 que ganha pormês do bolsa-atleta, tem omaior salário da casa de quatrocômodos que divide com a mãe,o padrasto e a irmã mais nova,no Jardim Columbia, um terre-no invadido na periferia deCampo Grande.

Ismael, que ganhou o apelidode “Obina” dos companheirospor causa dos dentes salientes,é tido como um dos jogadoresmais promissores da nova gera-ção. É a estrela do campinho debarro que fica exatamente emfrente à casa onde mora.

Não descuida do penteadomoicano e faz questão de jogarcom chuteiras coloridas.

Mesmo assim, diz que prefe-re estudar —está no primeiroano do ensino médio — e quenão vê futuro algum no esporteque tanto gosta de praticar.

“Sei que isso daqui a poucoacaba”, diz, conformado. “Euvou ter que estudar.” (MF)

FUTEBOL

Campeonato Inglês

19ª rodadaOntem:Birmingham0x0Chelsea;Fulham0x0Tottenham;WestHam2x0Portsmouth;Burnley1x1Bolton;ManchesterCity2x0Stoke;Sunderland1x1Everton;Wigan1x1Blackburn;Liverpool2x0WolverhamptonHoje:ArsenalxAstonVilla;HullCityxManchesterUnited20ª rodadaAmanhã:TottenhamxWestHam;BlackburnxSunderland;ChelseaxFulham;EvertonxBurnley;StokeCityxBirmingham;WolverhamptonxManchesterCityTerça-feira:AstonVillaxLiverpool;BoltonxHullCityQuarta-feira: Portsmouth x Arsenal;Manchester United x WiganClassificação P J V E D1º Chelsea 42 19 13 3 32º Man.United 37 18 12 1 53º Arsenal 35 17 11 2 44º AstonVilla 35 18 10 5 35º Tottenham 34 19 10 4 56º ManchesterCity 32 18 8 8 27º Liverpool 30 19 9 3 78º Birmingham 29 19 8 5 69º Fulham 27 18 7 6 510º Sunderland 21 18 6 3 911º StokeCity 21 17 5 6 612º Blackburn 20 19 5 5 913º Burnley 20 19 5 5 914º Everton 19 18 4 7 715º Wolverhampton 19 19 5 4 1016º Wigan 19 18 5 4 917º WestHam 18 19 4 6 918º Bolton 17 17 4 5 819º HullCity 17 18 4 5 920º Portsmouth 14 19 4 2 13

VÔLEISuperliga masculina - 8ª rodadaTerça-feira:VôleiFuturoxCruzeiro;SesixBlumenau;PinheirosxFlorianópolis;MontesClarosxBrasília

FUTEBOL

Campeonato Espanhol - 16ª rodada2.jan (sábado):ValenciaxEspanyol;BarcelonaxVillarreal;AtléticodeMadrixSevilla3.jan (domingo):SportingdeGijónxMálaga;GetafexValladolid;RacingSantanderxTenerife;AlmeríaxXerez;ZaragozaxLaCoruña;MallorcaxAthleticBilbao;OsasunaxRealMadrid

Classificação P J V E D1º Barcelona 39 15 12 3 02º RealMadrid 37 15 12 1 23º Sevilla 30 15 9 3 34º Valencia 29 15 8 5 25º Mallorca 27 15 8 3 46º LaCoruña 27 15 8 3 47º AthleticBilbao 26 15 8 2 58º Getafe 24 15 8 0 79º Villarreal 21 15 6 3 610º SportingdeGijón 20 15 5 5 511º Osasuna 16 15 4 4 712º Espanyol 16 15 4 4 713º Valladolid 16 15 3 7 514º Tenerife 15 15 4 3 815º AtléticodeMadri 14 15 3 5 716º RacingSantander 13 15 3 4 817º Almería 13 15 3 4 818º Zaragoza 12 15 3 3 919º Málaga 12 15 2 6 720º Xerez 7 15 1 4 10

Campeonato Italiano - 18ª rodada6.jan (quarta-feira):Chievox InterdeMilão;AtalantaxNapoli;BarixUdinese;Cagliari xRoma;CataniaxBologna;LazioxLivorno;ParmaxJuventus;SampdoriaxPalermo;SienaxFiorentina;MilanxGenoaCampeonato Alemão - 18ª rodada15.jan (sexta-feira):BayerndeMuniquexHoffenheim16.jan (sábado):HannoverxHertha;EintrachtFrankfurtxWerderBremen;BorussiaMönchengladbachxBochum;HamburgoxFreiburg;BayerLeverkusenxMainz;StuttgartxWolfsburg17.jan (domingo):Schalke04xNuremberg;ColôniaxBorussiaDortmund

Ismael Teixeira, campeão do Pan-Americano com a seleção brasileira sub-20, e sua mãe, VilmaVestiário do Pantanal, noginásio do Guanandizão

Nummomentodedesespero,chegueiapensaremvenderasmedalhasqueganheiemAtenasePequim.Desistiporquepercebiqueiriaganharmuitopoucodinheiro.Tudooqueeuqueroévoltaraganharobolsa-atletadogovernoparapoderajudarmeufilhoLUCIANOGONÇALVESROCHAatacante da seleção brasileira

Játivepropostasparajogarfutebolemoutrascidades,comoRiodeJaneiro,Brasília,BeloHorizonte,algumasatéparaganhardinheiro.MasjáfaleiquedeCampoGrandeeunãosaiodejeitonenhum.Minhafamíliaestáaqui,oqueeuvoufazeremoutrolugar?ISMAELEVANGELISTATEIXEIRAjogador daseleçãobrasileirasub-20

[+][+][+] SELEÇÃO:SELEÇÃO:SELEÇÃO:TÉCNICO QUERTÉCNICO QUERTÉCNICO QUER

MAIS EQUIPESMAIS EQUIPESMAIS EQUIPESDepois de Campo Grande, oDepois de Campo Grande, oDepois de Campo Grande, oprincipal polo do futebol deprincipal polo do futebol deprincipal polo do futebol deparalisados no Brasil é o Rio.paralisados no Brasil é o Rio.paralisados no Brasil é o Rio.IBDD e Andef, clubes cario-IBDD e Andef, clubes cario-IBDD e Andef, clubes cario-cas, conquistaram o primei-cas, conquistaram o primei-cas, conquistaram o primei-ro e o quarto lugares no últi-ro e o quarto lugares no últi-ro e o quarto lugares no últi-mo Campeonato Brasileiro.mo Campeonato Brasileiro.mo Campeonato Brasileiro.“Sabemos que há grandes jo-“Sabemos que há grandes jo-“Sabemos que há grandes jo-gadores escondidos por aí.gadores escondidos por aí.gadores escondidos por aí.Se não for possível formarSe não for possível formarSe não for possível formarequipes, queremos descobrirequipes, queremos descobrirequipes, queremos descobriratletas em outros Estadosatletas em outros Estadosatletas em outros Estadospara que venham treinar nopara que venham treinar nopara que venham treinar noRio ou em Campo Grande”,Rio ou em Campo Grande”,Rio ou em Campo Grande”,diz Paulo Cruz, técnico dodiz Paulo Cruz, técnico dodiz Paulo Cruz, técnico doIBDD e da seleção principal.IBDD e da seleção principal.IBDD e da seleção principal.Luciano Rocha, da seleção principal, com seu filho Kauã, que tambem tem paralisia cerebral

ef DOMINGO, 27 DE DEZEMBRO DE 2009 esporte D3D2 esporte DOMINGO, 27 DE DEZEMBRO DE 2009 ef