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C.A.M.peão! EDIÇÃO ESPECIAL: Confira os detalhes da conquista do Clube Atlético Mineiro na Libertadores 2013 Todos os jogos, com fichas, opiniões, fotos e destaques Foto: Bruno Cantini/Flickr do Atlético

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Os sites Boleiros da Arquibancada e NotiGalo lançam o jornal "C.A.M.peão", com 24 páginas repercutindo a campanha vitoriosa do Clube Atlético Mineiro na Taça Libertadores da América 2013. Relembre todos os jogos, com fichas, opiniões, fotos e destaques. Arquivo liberado para download.

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Page 1: C.A.M.peão - Boleiros da Arquibancada e NotiGalo

C.A.M.peão!

Edição EspECiAl: Confira os detalhes da conquista do

Clube Atlético Mineiro na Libertadores 2013 Todos os jogos, com fichas, opiniões, fotos e destaques

Foto: Bruno Cantini/Flickr do Atlético

Page 2: C.A.M.peão - Boleiros da Arquibancada e NotiGalo

2 C.A.M.peão Boleiros da Arquibancada e NotiGalo

C o m a c a r a d o G A lo

ExpEdiEntE

Responsáveis pelo projeto: João Vitor Cirilo, Rafael Martins e Rodolpho Victor

Editor-chefe do Boleiros da Arquibancada: João Vitor Cirilo

Editor-chefe do NotiGalo: Rodolpho Victor

Fotografia: Denis Dias

Colaboraram com esta edição: Arthur MöllerCaíque Rocha

Eduardo do CarmoMatheus de Oliveira

Vinícius Silveira

Enganou-se aquele que achou que seria fá-cil. “O Olimpia é fraco! O Newell’s era muito me-lhor! O Galo vai golear”, diziam alguns atleticanos antes do grande dia, to-mados pela onda de con-fiança após tudo o que aconteceu com o Galo nesta Taça Libertadores da América. Amigo, es-tamos falando de Clube Atlético Mineiro. Se não for sofrido, não é Galo. E assim foi. Título inédito só nos pênaltis, após a aflição do tempo normal e da prorrogação. Como sofre essa torcida alvine-gra...

Nesta Libertadores, o Atlético começou com tudo, voando em cam-

po, atropelando a todos os adversários que via pela frente, sem dó. Aos poucos, a magia foi sen-do reduzida, conforme a competição endurecia. A partir daí, mais preci-samente das quartas de final, um fator (quase) nunca existente na histó-ria do alvinegro passou a aparecer frequentemen-te: a sorte. Nunca antes na história ela esteve tão presente, e ajudou a es-crever um roteiro perfei-to.

Victor, o grande herói. Além das defesas “co-muns”, foi fundamen-tal nas quartas, quando evitou uma trajédia ao pegar pênalti de Riascos aos 48 minutos do se-

gundo tempo, e na semi, quando defendeu a últi-ma cobrança de pênaltis do Newell’s Old Boys, do experiente Maxi Rodrí-guez.

Ronaldinho, maestro. Apesar da clara queda de rendimento nos últi-mos jogos, provou que não está acabado, sen-do fundamental em boa parte da campanha.

Bernard e Tardelli, os velozes pontas, também tiveram grande função na conquista, sendo for-tes no ataque e impor-tantes no auxílio à de-fesa. E Jô, artilheiro do torneio, que completou um quarteto ofensivo de muita qualidade.

Vale lembrar todo o

sistema defensivo. A for-te dupla de zaga, forma-da por Leonardo Silva, que marcou gol na final, e Réver, os laterais Mar-cos Rocha, Richarlyson e Júnior César (Michel também, pela final), e os volantes Pierre e Lean-dro Donizete. Aliás, este último fez muita falta nas últimas partidas, após a lesão.

Cuca, até então enca-rado como “o azarado”, conseguiu a tão sonha-da conquista. Ele tam-bém merece. Sempre fez bons trabalhos, montou bons times, mas algo tendia a dar errado no fim. Comemore bastan-te, comandante!

Agora, ninguém mais

merece essa glória do que a torcida do Galo. Alguns clubes que, por ventura, ficassem mais de 40 anos sem uma grande conquista deixa-riam de existir. Isso não aconteceu com o Atlético devido ao seu torcedor, sempre presente, nos maus e péssimos mo-mentos. Nunca arredou o pé do Mineirão, e do Independência.

Neste jornal, relembre tudo o que aconteceu na campanha do Clube Atlé-tico Mineiro, com deta-lhes dos jogos, opiniões, fotos e a voz do torcedor.

Parabéns, Galo!

João Vitor Cirilo.

BolEiRos dA ARQUiBANCAdA:www.boleirosdaarquibancada.com

NoTiGAlo:www.notigalo.com

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Boleiros da Arquibancada e NotiGalo C.A.M.peão 3

ÍNdiCEFoto: D

ivulgação

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4 C.A.M.peão Boleiros da Arquibancada e NotiGalo

Do fundo do poço ao topo da América

Por Arthur Möller.

Ao conquistar a Copa Libertadores pela primei-ra vez, o Clube Atlético Mineiro voltou a figurar entre as grandes equipes do futebol brasileiro. Sem lugar para treinar – no fim da década de 1990 -, sem alcançar títulos expressivos desde 1971 – quando conquistou o Campeonato Brasileiro -, rebaixado para a segun-da divisão nacional – em 2006 – e mergulhado em dívidas, o Galo parou no tempo e “maltratou” sua fanática torcida – maior patrimônio do clube.

Porém, essa “ressur-reição atleticana” não teve início com a chega-da de Ronaldinho Gaú-cho - em junho de 2012 - e nem com a contrata-

ção do técnico Cuca - em agosto de 2011. O “novo Galo” surgiu em outubro de 2008, quando Alexan-dre Kalil assumiu a pre-sidência do clube – em decorrência da renúncia de Ziza Valadares ao car-go -, após uma série de fracassos no ano do cen-tenário. Durante a posse, Kalil declarou: “Nós va-mos restaurar a alegria de entrar nessa sede”, e com seriedade, transpa-rência, amor e “loucura”, ele cumpriu o que pro-meteu.

O mandatário atletica-no surpreendeu a torcida ao anunciar Diego Tar-delli como reforço para a temporada 2009. O centroavante vivia ótima fase no Flamengo e es-tava bastante valorizado, mas Kalil não quis saber

e trouxe o jogador. O pentacampeão mundial com a Seleção Brasilei-ra, Júnior, também veio compor o elenco que teve Emerson Leão no comando - à época, con-siderado um treinador de ponta. Hoje parece pou-co, mas quem foi obriga-do a torcer por Calixto, César Prates, Marcelo Ni-cácio e outros em 2008, sentiu que algo estava mudando.

Desde então, treinado-res de grande prestígio – como Vanderlei Luxem-burgo e Dorival Júnior – apareceram por aqui e tiveram à disposição jogadores de destaque – podemos citar: Réver, Cáceres, Daniel Carvalho, Diego Souza, dentre tan-tos outros. Além disso, o antigo “CT de Vespasia-

no” ganhou o nome de Cidade do Galo, e, além da alcunha, recebeu re-formas e acabamentos que o renderam o títu-lo de “melhor centro de treinamentos do Brasil”.

Como todo “louco”, Kalil errou e cometeu ex-cessos. Contratou em de-masia, deu com a língua nos dentes, falou o que não devia – mais de uma vez -, correu risco de re-baixamento e pensou em desistir. Em todos esses momentos, o presidente alvinegro errou, porém, na tentativa, quase de-sesperada, de acertar. Ele não mediu esforços para tornar o Atlético grande novamente. Re-sistiu às críticas, man-teve a cabeça erguida e deu continuidade à sua filosofia. Sua “loucura” o

possibilitou acreditar ce-gamente no clube que, há anos, havia perdido as forças.

Há pouco mais de quatro anos, o Atlético vem se reestruturando, dentro e fora de cam-po. E se hoje o clube é campeão da América e tem jogadores na Sele-ção Brasileira, é porque um trabalho “insano”, a médio-longo prazo, foi iniciado lá atrás. A fa-mília Kalil merecia viver esse momento, Cuca e seu grupo de jogadores mereciam viver esse mo-mento, a torcida do Atlé-tico merecia muito viver esse momento. Que a “loucura” os envolva e os encoraja contra o Bayern München, ou contra qual-quer outro adversário, no Mundial de Clubes.

O antes e o depois. das decepções à glória, Atlético mudou de status nos últimos anos (Fotos: divulgação e Flickr do Atlético Mineiro)

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Boleiros da Arquibancada e NotiGalo C.A.M.peão 5

A C.A.M.inhada até o título:

Relembre todos os jogos da campanha gloriosa do Galo nesta Libertadores

Detalhes e destaques das partidas, com fotos e fichas dos jogos

Foto: Bruno Cantini/Flickr do Atlético

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6 C.A.M.peão Boleiros da Arquibancada e NotiGalo

Primeira fase: Tranquilidade (até demais)

A caminhada do alvinegro na primeira fase da Taça Libertadores foi até tranquila. Foram cinco vitórias e uma derrota (apenas no último jogo, contra o São Paulo, quando o Atlético já estava classificado). O Galo apresentou um futebol que

encantou o Brasil, com dois atropelos sobre o Ar-senal de Sarandí, duas vitórias apertadas contra o The Strongest, além da vitória na estreia contra o Tricolor paulista. Vamos relembrar como foram todos os jogos?

Atlético 2x1 São Paulo: Uma estreia de respeito

ATLÉTICO: Victor, Marcos Rocha, Réver, Leonardo Silva e Júnior César; Pierre, Leandro Donizete, Bernard (Richarly-

son), Ronaldinho e Diego Tar-delli (Luan); Jô (Alecsandro).

Técnico: Cuca

SÃO PAULO: Rogério Ceni, Paulo Miranda (Aloísio), Lucio, Rhodolfo e Cortez; Wellington (Maicon), Denilson e Jadson

(Ganso); Douglas, Luis Fabiano e Osvaldo.

Técnico: Ney Franco

Local: IndependênciaData e horário: 13/02, 22hPúblico: 18.167 pagantesRenda: R$ 961.230,00

Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (BRA)

Ficha do jogo:Por Rodolpho Victor.

O primeiro desafio do Atlético na Libertadores seria uma pedreira, logo de cara. Jogo contra o São Paulo, que conquistou a América nos anos de 1992, 1993 e 2005. O time passava e ainda pas-sa por um momento de crise, sobretudo politicamente, mas a apreensão dos torcedores atleticanos era grande. A per-gunta era: “Como se portaria o Galo na sua estreia?” Mas, logo no Horto, no dia 13 de fevereiro de 2013, 13 anos depois da última participa-ção do Galo na Libertadores? Com números tão bons de se apegar, a estreia deveria mesmo ser com o pé direi-to. Quem diria que tempos depois, nas quartas de final,

agradeceríamos a uma certa perna esquerda? Enfim, coi-sas do futebol e que só acon-tecem com o Galo.

Mas não era só de fé que vivia a gigante torcida atleti-cana. A famosa frase “caiu no Horto, tá morto” estava mui-to viva, como ainda é hoje. Antes de entrar em campo contra o Tricolor, o Atlético possuía a marca de 36 jo-gos de invencibilidade como mandante, com 28 vitórias e oito empates. Foi o primeiro “Inferno Alvinegro” do ano, transformando a Rua Pitan-gui num verdadeiro mar de atleticanos e de sinalizado-res vermelhos, espetáculo perfeito. Os jogadores se aproveitaram de toda essa atmosfera positiva em torno do estádio e da capital minei-

ra para jogar com muita raça no primeiro passo da compe-tição.

E pra não fugir do padrão, aos 13 minutos, em um lan-ce que misturou experiência e malandragem de Ronaldi-nho, o Galo fazia o primeiro gol na competição. Enquanto Marcos Rocha se preparava para bater o lateral, o maes-tro da 10 alvinegra pedia a Rogério Ceni um pouco de água, que foi cedida gentil-mente pelo arqueiro tricolor. Marcos Rocha viu o Gaúcho na área – diferentemente da zaga do São Paulo –, e lançou para R10, que recebeu livre e tocou para Jô empurrar para o gol, na pequena área.

O Galo continuou pressio-nando depois do gol e até o final da primeira etapa. Rogé-

rio salvou três vezes.No segundo tempo, jogo

mais equilibrado, com o São Paulo apresentando mais perigo à defensiva do time mineiro. Ronaldinho, muito marcado, conseguiu espaço aos 27 minutos e viu Réver livre na área. Ele cruzou na medida para o zagueiro fa-zer o gol da tranquilidade. O Galo segurou e, nos minutos finais, o São Paulo foi para o tudo ou nada.

Aos 37, Luís Fabiano dei-xou para Aloísio, que ganhou de Júnior César no corpo e diminuiu. No último minuto, Ganso recebeu na entrada da área e chutou forte, tiran-do tinta da trave. A sorte apa-recia pela primeira vez. Apito final e alívio da Massa. Boa estreia.

Foto: Denis D

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Boleiros da Arquibancada e NotiGalo C.A.M.peão 7

Arsenal-ARG 2x5 Atlético: O primeiro show

ARSENAL: Campestrini; Hugo Nervo, Lisandro López, Victor

Cuesta e Diego Braghieri; Ortiz (Eduardo Casais), Iván Mar-

cone, Carlos e Nicolás Aguirre (Martín Rolle); Darío Benedetto

(Milton Celiz) e Julio Furch. Técnico: Gustavo Alfaro

ATLÉTICO: Victor; Marcos Rocha, Réver, Leonardo Silva e Júnior César; Pierre (Gilber-to Silva), Leandro Donizete, Diego Tardelli (Richarlyson),

Ronaldinho e Bernard (Luan); Jô. Técnico: Cuca

Local: Julio Grondona, em Sarandií (ARG)

Data e horário: 25/02, 21h45

Árbitro: Martin Vazquez (URU)

Por Rafael Martins.

O passe io do Galo na L ibertadores co -meçou no d ia 25 de fevere i ro.

Está certo que o carnaval já t inha passado, mas o b lo -co a lv inegro levou cerca de t rês mi l torcedores para a c idade de Saran-d í , na Argent ina, com presença quase igua l ao do torcedor loca l . Por f icar mui-to tempo sem jogar fora do Bras i l , at le-t icanos se mobi l i za -ram para ver a gole-ada por 5x2 em so lo argent ino.

O quarteto ofens i -vo, formado por Ro-nald inho, Tardel l i , Jô e, pr inc ipa lmen-te, Bernard, estava insp i rado e, quando isso ocorre, é certe-za de goleada.

Um dos poucos

sustos ve io logo no in íc io. Aos dois mi-nutos, Furch rece-beu um bom passe e chutou cruzado para abr i r o p lacar, pare -cendo mostrar que não ser ia fác i l bater o Arsenal em sua casa.

A torc ida argen-t ina fez a festa por pouco tempo, já que c inco minutos de-pois , Ronald inho fez um lançamento de mestre, e Bernard, dentro da área, chu-tou para as redes do gole i ro Campestr in i , in ic iando seu show.

O jogo f icou emo-c ionante, com as defesas dos dois t i -mes perd idas. Até o f im do movimenta-do pr imeiro tempo, mais quatro gols . Tardel l i far ia o pr i -meiro na sua vo l ta, Jô marcou o terce i -ro gol at let icano e,

Aguir re, em uma co-brança de fa l ta per-fe i ta , d iminuiu. Ao interva lo: Arsenal 2x3 At lét ico.

Depois do interva-lo, o show fo i a lv i -negro. Ronald inho era o mestre da ba -ter ia , comandava o r i tmo com belos passes e dr ib les. Nas arquibancadas, só a massa cantava. Os argent inos para-ram para ver o show da torc ida.

Bernard marcou mais do is go ls para o Galo antes mesmo dos quinze minutos do segundo tempo. A goleada poder ia ser maior se Ronal-d inho t ivesse con-vert ido um pênal t i no f ina l da part ida.

A lém da invasão da massa a lv inegra no estádio e a go-leada por c inco gols – inédi ta para t imes

bras i le i ros contra os argent inos no pa ís v iz inho –, um lan-ce fo i marcante na part ida. O zagueiro Bragher i , em at i tu-de covarde, acertou uma voadora na ca-nela de Ronald inho Gaúcho, e poder ia ter quebrado a per-na do craque at le-t icano. A inda bem que os deuses do fu-tebol preferem a ca -tegor ia à v io lênc ia. Fel izmente e para o bem do futebol , fo i apenas uma panca-da e R10 nem prec i-sou v is i tar o depar-tamento médico.

Carnaval fora de época na Argen-t ina: o Galo fez a a legr ia de todos os seus torcedores. E a Amér ica conhec ia o futebol que encan -tar ia no in íc io deste torne io.

Com esta goleada, o Atlético foi o primeiro time na história da Li-

bertadores a vencer uma equipe argentina marcan-

do cinco gols no nosso país vizinho. Apesar do Arsenal não ser lá uma grande equipe, foi a pri-meira marca de respeito

do Galo no torneio.

Primeiro grande feito

Ficha do jogo:

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8 C.A.M.peão Boleiros da Arquibancada e NotiGalo

Atlético 2x1 The Strongest-BOL: Retorno a BH, nova vitória

ATLÉTICO: Victor, Marcos Rocha, Réver, Leonardo Silva e Júnior César; Pierre (Gilber-to Silva), Leandro Donizete, Diego Tardelli, Ronaldinho e Bernard (Richarlyson); Jô

(Alecsandro). Técnico: Cuca

STRONGEST: Vaca, Bejarano, Barrera e Mendéz; Torrico,

Chumarcero, Soliz, Cristaldo (Ramallo), Veizaga e Reina (Melgar); Pablo Escobar. Técnico: Eduardo Villegas

Local: IndependênciaData e horário: 07/03, 21h30

Público: 18.962 pagantesRenda: R$ 956.595,00

Árbitro: Daniel Fedorczuk (URU)

Por João Vitor Cirilo.

Jogando em casa, o Galo geralmente mantinha o controle das part idas. Foi as-s im contra o retran-cado The Strongest, no dia 07 de março, quando o Galo con-seguiu a sua terceira vitór ia em três jogos na fase de grupos da Libertadores 2013 e deixava bem encami-nhada a sua c lass i f i -cação à fase oitavas de f inal . Também pu-dera: o t ime bol iv ia-no não vencia fora de casa há incr íveis 20 part idas. É mole?

Ronaldinho, mais uma vez, fo i genial . Nenhuma novidade. A noite foi dele. Deu vár ios passes ao seu

est i lo, deixando Jô, Tardel l i e Bernard na cara do gol vár ias vezes. O Strongest chegou a assustar, como no lance quan-do Pablo Escobar, que jogou no Ipat in-ga, saiu cara a cara e encontrou o pare-dão Victor, que fez bel íss ima defesa.

Abr ir o placar fo i uma dura missão para o t ime mineiro. Fechado na defesa e saindo só quando dava, o The Stron-gest v inha aguentan-do a pressão. Tanto que o marcador não foi inaugurado no pr imeiro tempo de jogo.

Na etapa comple-mentar, a pressão alv inegra cont inuou,

dessa vez com vár ios lances incis ivos em pouco tempo. Teve grande passe de Tar-del l i e bola na trave de Bernard, antes de R10 aparecer com l iberdade na pon-ta esquerda, como nos ót imos tempos de Barcelona, e dar belo passe em eleva-ção para Jô pegar de primeira, com o pé direi to, e abr ir o pla-car, aos 11 minutos. Era o gol da tranqui-l idade.

Dal i em diante, nada de ameaças contra o At lét ico. Diego Tardel l i teve gol anulado (ele es-tava “mi l imetr ica-mente” impedido), e Ronaldinho decidir ia novamente. Olhou

para um lado e tocou para Marcos Rocha, que part ia em dispa-rada do outro, sofrer pênalt i . O camisa 10 cobrou e ampl iou: 2 a 0, aos 28 mi-nutos. O Strongest a inda far ia o seu gol de honra no f im do jogo, com Melgar, mas nada mais acon-teceu e a v i tór ia por 2 a 1 estava garan-t ida.

O Atlét ico abr ia cinco pontos de van-tagem para o São Paulo, que era o atual segundo co-locado, com quatro pontos, após empate com o fraco Arsenal, em casa. Ao contrá-r io do Galo, a fase do Tr icolor não era das melhores.

Ficha do jogo:

Foto: Denis D

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Boleiros da Arquibancada e NotiGalo C.A.M.peão 9

The Strongest 1x2 Atlético: Nem a altitude atrapalha

STRONGEST: Vaca; Bejarano; Barrera, Méndez e Torrico; Chumacero, Veizaga (Ra-

mallo), Cristaldo (Melgar) e Soliz; Reina e Pablo Escobar. Técnico: Eduardo Villegas

ATLÉTICO: Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Réver e Júnior César (Richarlyson);

Pierre, Leandro Donizete, Ronaldinho e Bernard

(Serginho); Diego Tardelli (Luan) e Jô). Técnico: Cuca

Local: Hernando Siles, em La Paz (Bolívia)

Data e horário: 13/03, 22h

Árbitro: Julio Quintana Rodríguez (PAR)

Por João Vitor Cirilo.

Quando a fase é boa, nem a altitude de quase desumana de 3600 metros atra-palha e até o zaguei-ro adversário ajuda. O Galo foi até a Bo-lívia encarar o The Strongest e, ao con-trário do que se po-dia imaginar, conse-guiu a quarta vitória seguida na Liberta-dores, mantendo o embalo dos primeiros confrontos do torneio continental.

O gol do triunfo por 2 a 1 só apareceu na reta final, quan-do a partida parecia se encaminhar para um empate. Mas pa-rece que o zagueiro Méndez queria acele-rar logo a inevitável classificação do time mineiro e marcou gol contra, de forma bi-sonha. Antes disso,

muita coisa aconte-ceu.

O Galo iniciou a partida pressionando seu adversário, ig-norando a altitude, e achou seu gol logo aos nove minutos de bola rolando, quando Jô pegou sobra após seu próprio chute, que parou no zaguei-ro. O 7 do Galo cru-zou na cabeça do ata-cante Diego Tardell i, que não desperdiçou e fez o primeiro do jogo.

Já o Strongest, que é uma equipe de pou-ca qualidade e sem muitas alternativas, resolveu limitar sua estratégia de jogo aos chutes de média e longa distância. De tanto insistir e apos-tar em uma possível falha de Victor, aca-bou achando o gol. Aos 43 minutos do primeiro tempo, Rei-

na pegou rebote dado pelo goleiro alvine-gro após chute de Cristaldo e empatou o jogo já nos últimos instantes da primeira metade.

O sofrimento do Galo aumentou no segundo tempo, com o passar dos minu-tos e o desapareci-mento do ar devido à altitude, como era normal. Ronaldinho era um dos poucos que conseguia segu-rar a onda. Tranquilo no meio-campo, não corria, mas fazia a bola correr, e contro-lava a partida.

Enquanto isso, a equipe boliviana se-guia sua estratégia firmemente, e não obtinha sucesso nas várias tentativas de achar o gol em fina-l izações de fora da área. Victor não ba-teu mais roupa e o

time boliviano não assustava mais.

Os donos de casa acabaram pagando pela falta de quali-dade e alternativas. Aos 38 minutos da etapa complementar, Serginho, que entrou no lugar de Bernard, cruzou a bola à meia altura, em direção à área, e o zaguei-rão Méndez fez feio: mandou contra o pró-prio gol, para a feli-cidade do torcedor alvinegro.

O presentão, além dos três pontos e da manutenção do 100% de aproveita-mento, valeu ao Galo a classificação com duas rodadas de an-tecipação. O Atlético alcançava 12 pontos em quatro jogos, e já estava tranquilo, l íder soberano des-ta primeira fase e do grupo 3.

O retorno do Galo à Libertadores, após 13 anos, surpreendeu a

muitos, inclusive ao pró-prio torcedor do clube.

Com a vitória na Bolívia, o Atléico garantia a clas-sificação às oitavas com duas rodadas de antece-

dência.

Mas já?

Ficha do jogo:

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10 C.A.M.peão Boleiros da Arquibancada e NotiGalo

Atlético 5x2 Arsenal-ARG: Outra goleada nos hermanos

ATLÉTICO: Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Réver e Richarlyson; Pierre, Lean-dro Donizete e Ronaldinho;

Diego Tardelli (Araújo), Luan (Rosinei) e Jô (Alecsandro).

Técnico: Cuca

ARSENAL: Campestrini; Hugo Nervo, Lisandro López, Braghieri e Pérez; Carbone-ro, Ortiz, Marcone e Aguirre

(Torres); Martín Rolle (Benedetto) e Furch.

Técnico: Gustavo Alfaro

Local: IndependênciaData e horário: 03/04, 22hPúblico: 19.797 pagantesRenda: R$ 991.980,00

Árbitro: Enrique Cáceres (PAR)

Por Rafael Martins.

Uai... Goleada para cima do Arsenal nova-mente? E por 5 a 2, de novo? É compac-to? Não. É outro jogo, com nova goleada al-vinegra, com catimba e confusão provocada por jogadores argen-tinos, mas que não foi maior que o show de Ronaldinho e compa-nhia, mais uma vez. O Galo chegava aos quinze pontos, e era o único invicto na com-petição. Os outros ti-mes já começavam a prever o pior quando viam a camisa atleti-cana em campo.

Mais uma vez, os gols saíram no inicio da partida. Tardelli e Ronaldinho - depois de um pênalti inexis-tente em Luan -, fi-zeram 2 a 0 para o Galo, antes mesmo dos quinze minutos. Depois de começar

num ritmo frenéti-co, o Atlético tirou o pé do acelerador. Os argentinos, como de costume, também es-tavam mais querendo brigar que jogar fute-bol.

O jogo ficou feio, cheio de divididas e empurrões pra lá e pra cá. O Arsenal chegou a diminuir a vantagem com gol de Diego Braghieri. Após o apito do árbitro en-cerrando o primeiro tempo, mais confu-são entre as equipes. Foram minutos de ameaças até os âni-mos serem acalmados parcialmente e todos irem para os vesti-ários. Era um anún-cio do que viria pela frente.

Algo de curioso aconteceu nos con-frontos de Atlético e Arsenal: sempre os gols saindo rapida-mente, no início de

jogo e na volta do se-gundo tempo. Luan fez seu primeiro gol com o manto alvine-gro, aos dois minu-tos. O Galo voltou a querer jogar futebol, e colocou os argen-tinos novamente na roda.

E quando os argen-tinos marcavam Luan, Araujo (que entrara no lugar de Tardelli, lesionado no primeiro tempo) e Jô, sobrou um jogador livre. Que pecado! Era logo ele, o “bruxo”, “R10”, “o homi”, que marcou um golaço e saiu pra comemorar com a massa. O quarto gol da goleada alvinegra com certeza estará na galeria dos mais bo-nitos da competição. Talvez o mais bonito.

O Independência fervia, a torcida pula-va e cantava alto, feliz por mais uma vitória, que já estava garanti-

da, mesmo com o gol sofrido aos 40 minu-tos. Benedetto, que havia entrado no se-gundo tempo, soltou a bomba em cobran-ça de falta e acertou o canto esquerdo de Victor para diminuir para o Arsenal. Não serviu de nada para os argentinos, e Ale-csandro ainda faria o quinto gol atleticano em um belo chute de canhota, acertando o ângulo do goleiro Campestrini.

Após a goleada so-frida no Horto, os jo-gadores do Arsenal fizeram um papelão ao brigar com a polí-cia, ainda no campo. Quando a bola parou de rolar, foram cace-tadas, chutes, cadei-radas... o confronto foi até a porta dos vestiários. Uma ver-gonha! Além do baixo futebol, eles não sou-beram perder.

Após o duelo nas quatro linhas, outro embate foi visto após o apito final:

entre policiais e jogadores do Arsenal. Ninguém sabe

quem começou a pele-ja, mas cenas de guerra foram vistas ainda no

gramado e na entrada do vestiário da equipe visitan-te. Foi a nota lamentável.

Confusão

Ficha do jogo:

Foto: Denis D

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Page 11: C.A.M.peão - Boleiros da Arquibancada e NotiGalo

Boleiros da Arquibancada e NotiGalo C.A.M.peão 11

São Paulo 2x0 Atlético: Primeira derrota. Tricolor de volta?

SÃO PAULO: Rogério Ceni, Paulo Miranda (Rodrigo Caio),

Lúcio, Rafael Toloi e Carle-to; Wellington, Denilson e Ganso; Douglas, Osvaldo e

Aloísio (Ademilson) (Fabrício). Técnico: Ney Franco

ATLÉTICO: Victor, Marcos Rocha, Leonardo Silva, Réver e Richarlyson; Pierre, Lean-dro Donizete (Guilherme), Serginho (Neto Berola) e

Ronaldinho; Luan (Alecsan-dro) e Jô. Técnico: Cuca

Local: MorumbiData e horário: 17/04, 22h

Público: 50.403Renda: R$ 1.961.516,00

Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (BRA)

Por Rafael Martins.

Já com a primeira colocação geral na primeira fase garan-tida, o Atlético foi até a capital paulis-ta enfrentar a equipe do São Paulo, que, por sua vez, deveria vencer e torcer por um tropeço do The Strongest para avan-çar como o segundo melhor colocado da chave.

O que vimos em campo? O time minei-ro apático e os paulis-tas com muita vontade e força. Praticamente, jogo de um time só. Até a preleção divul-gada após a partida mostrava a vontade com a qual o Tricolor entrou em campo.

Primeiro tempo sem chances reais de gols. Atlético na defensi-va e São Paulo bus-

cando sua classifica-ção a todo custo. A única alternativa era atacar, sem medo no Morumbi, lotado com torcedores apreensi-vos pelo grito de gol. No intervalo, o craque Ronaldinho disse que faltava alegria em campo, já que a parti-da não estava valendo nada para o Galo, era um treino. Isso gerou uma polêmica dana-da, e, de certo modo, foi um combustível para o time paulista.

Aos 11 minutos da etapa complementar, Aloísio foi derrubado dentro da área pelo zagueiro Leonardo Silva. Era o que pre-cisava o Tricolor para deslanchar na parti-da. O experiente go-leiro-artilheiro Ro-gério Ceni cobrou a penalidade e não des-perdiçou a chance.

São Paulo 1 a 0.Os mineiros conti-

nuaram sem chutar ao gol do adversário, fato esse que preocu-pava sua torcida, não estava acostumada a ver tal situação nes-ta Libertadores 2013. O técnico Cuca errou muito no jogo, mudou a forma do Galo jogar – colocando Serginho no lugar do contun-dido Tardelli, jogan-do com três volantes. Depois, nas substitui-ções também não foi feliz.

Com o jogo cami-nhando para o fim e Atlético sem demons-trar reação, aos 37 minutos, Osvaldo re-cebeu um belo lança-mento de Paulo Henri-que Ganso, que jogou muita bola naquela noite, entrou na área e tocou para o jovem Ademilson fazer o se-

gundo gol. São Paulo 2 a 0 e o triunfo sal-vador estava garanti-do.

Depois da vitória, se falava que ali re-nascia o tricampeão da Libertadores. O São Paulo “dormiu” durante toda a fase de classificação, cor-rendo sério risco de ficar de fora das oi-tavas, mas como um gigante, acordou a tempo.

Resultado final: classificação para as duas equipes brasilei-ras, que se cruzariam novamente nas oita-vas de final. O Atlé-tico, como o melhor time, e o São Paulo, como o pior entre os 16 classificados.

Teria o Galo ressus-citado o tradicional time do Morumbi? A resposta viria poucos dias depois.

Após a vitória por 2 a 0 e a classificação garan-tida, grande parte da

mídia nacional afirmou que o Galo teria ressus-citado o Tricolor e que a camisa pesaria dali pra frente. Já sabemos no

que deu.

A volta do Tricolor?

Ficha do jogo:

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12 C.A.M.peão Boleiros da Arquibancada e NotiGalo

Oitavas de final

SÃO PAULO: Rogério Ceni; Paulo Miranda, Lúcio, Rafael Tolói e Carleto; Wellington, Denilson, Jadson e Ganso;

Osvaldo e Aloísio (Ademilson) (Rhodolfo) (Douglas). Técnico: Ney Franco

ATLÉTICO: Victor; Marcos Rocha; Réver, Gilberto Silva e Richarlyson; Pierre, Leandro Donizete (Josué), Bernard (Luan), Ronaldinho e Diego

Tardelli (Rosinei); e Jô. Técnico: Cuca

Local: MorumbiData e horário: 02/05, 20h15

Público: 57.401 pagantesRenda: R$ 2.971.070,00

Árbitro: Antonio Arias (PAR)

Por Rafael Martins.

Que “o Tricolor vol-tou” o quê! Jogando no Morumbi lotado, a equipe mineira ca-lou os torcedores do São Paulo e mostrou que continuava sen-do o melhor time da competição. Porém, o início do jogo parecia um flashback do que havia acontecido no confronto anterior.

Foram trinta minu-tos de sufoco. Parecia exatamente a partida anterior entre as duas equipes, no fim da primeira fase. O bom (?) e velho sofrimento do torcedor alvinegro estava de volta.

O São Paulo do-minava o confronto. Pronto: a tal da tra-dição estava em cam-po. Jádson colocou o Tricolor em vantagem logo aos oito minutos

de jogo, após Ganso conseguir lindo drible na área e rolar para a chegada do camisa 10. A bola atravessa-va a área de Victor de um lado para o outro. O Atlético pouco con-seguia sair jogando.

Porém, um expe-riente zagueiro do ou-tro lado fez um gran-de (gigante, imenso!) favor ao Galo. Lúcio, que já estava ama-relado e parecia não querer mais ficar em campo, viu Bernard voando em sua frente e entrou com tudo no “Bambino de Ouro”. Obrigado, Lúcio! Car-tão vermelho e Atléti-co com um a mais.

A partir desse mo-mento, mais pre-cisamente, dos 34 minutos do primeiro tempo, o Morumbi parecia um quintal de casa dos atleticanos.

Só dava Galo. Bernard, o menino

do Barreiro, cobrou o escanteio na cabeça do gênio Ronaldinho Gaúcho, que tirou o velho Ceni do lance e fez a bola parar no fundo das redes. O Galo empatava.

A comemoração de R10 chamava a atenção. Ele batia nos braços e gritava “Aqui é Galo!”, como se estivesse cobran-do um pouco mais de respeito daqueles que ignoraram o Atlético como uma das forças desta Libertadores e passaram a con-siderar o São Paulo amplamente favorito após o fim da primei-ra fase. Aquela frase representava muito, e marcou a caminha-da do clube dali pra frente.

No segundo tempo,

o Atlético, com cal-ma, fazia tudo que podia e não podia em campo. Já que Lúcio resolveu ajudar, o alvinegro tinha mais é que aproveitar. O São Paulo pouco se aven-turava no ataque, e a defesa, coitada, to-mava um baile.

Tardelli, cria trico-lor, parece não gostar de ver aquela camisa na sua frente. Sem-pre dá um jeito de balançar as redes de Rogério Ceni. Depois do passe de Marcos Rocha, ele marcou mais uma vez, aos 14 minutos da etapa complementar. O São Paulo não reagiu, e o 2 a 1 dava certa tran-quilidade para o jogo de volta.

É, gente, “quando tá valendo, ta valen-do”. Festa alvinegra no Morumbi.

Após marcar o primeiro gol do Atlético, empa-

tando a partida, Ronaldi-nho saiu gritando para a torcida, “Aqui é Galo!”. A frase representou muito na campanha vencedora do Atlético, que voltava

a ser respeitado.

“Aqui é Galo!”

Ficha do jogo:

São Paulo 1x2 Atlético: 30’ de sofrimento. Obrigado, Lúcio

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Boleiros da Arquibancada e NotiGalo C.A.M.peão 13

Atlético 4x1 São Paulo: Tradição Tricolor? No Horto, não

ATLÉTICO: Victor, Marcos Rocha, Gilberto Silva, Réver e Richarlyson; Pierre, Lean-dro Donizete (Josué), Diego Tardelli (Rosinei), Ronaldinho Gaúcho e Bernard (Luan); Jô.

Técnico: Cuca

SÃO PAULO: Rogério Ceni, Paulo Miranda (Silvinho), Rafael Tolói, Edson Silva e

Carleto; Wellington, Denilson (Ademilson), Jadson (Maicon) e Ganso; Douglas e Luis Fabi-

ano. Técnico: Ney Franco

Local: IndependênciaData e horário: 08/05, 22hPúblico: 19.212 pagantesRenda: R$1.541.545,00

Árbitro: Roberto Silveira (URU)

Por Caíque Rocha.

“O segundo atacan-te é o Jô!”. Apesar de João Alves de Assis Silva ser centroavan-te do Atlético, não há outra frase que ilus-tre melhor esse jogo (ou treino, pois faltou adversário), o segun-do da fase oitavas de final. E é claro que todos se lembram de quem a disse, de ma-neira ofensiva, em rede nacional.

Pierre, Diego Tar-delli e Cuca também foram alvos desse, até então, esquecido e mal informado “jor-nalista”, mas por al-gum motivo ele ber-rou com mais ênfase (não é legal dizer ódio) ao criticar Jô. Que ironia. Nosso re-negado arti lheiro foi o homem do jogo. Um hat-trick histórico!

O time do Atléti-co não só calou a boca de muitos como

também mostrou à América sua força, massacrando o tradi-cional e favorito time paulista. Foi uma noi-te perfeita, pra bair-rista nenhum botar defeito.

O show começou aos 17 minutos do pri-meiro tempo, quan-do Jô abriu o placar no Independência. O primeiro tempo ter-minou apenas em 1 a 0 para o Galo. Na etapa complemen-tar, mais dois de Jô, aos 17 e aos 24 mi-nutos. Diego Tardell i também faria o seu, aos 19 minutos, após erro grotesco da de-fesa tricolor. Como tradicional nesta Li-bertadores, o Atlé-tico teria que levar um gol. Luís Fabiano descontaria aos 30 minutos.

O que falar do “homi”, hein? Ronal-dinho Gaúcho, ape-sar de não ter mar-

cado, só faltou fazer chover. Quase deixou o seu, mas seria in-justo, pois o ano mal começara e o Prê-mio Puskas já teria um dono. Mas não foi só isso. O maes-tro comandou a vitó-ria, com assistência e dribles que mexeram com o psicológico são-paulino.

Tardell i foi Tardell i. Correu, buscou e... marcou. Mostrou in-teligência e provou (nem precisava) sua capacidade. Bateu no peito e mandou o re-cado: Mais respeito com o Galo.

Não é legal ficar ci-tando apenas alguns jogadores quando o time todo deu uma aula de como jogar um futebol bonito. Desde Cuca, com sua capacidade incrível de montar estraté-gias, até o homem de frente, o Jô... Ah! O Jô! Voltemos a falar

dele. Foi o persona-gem principal daque-la noite mágina no Horto. Dava gosto ver sua alegria. Ele voltou a ser menino. Parecia uma “foca” brincando com uma bola.

No fim das contas, a classificação veio com o 4 a 1, sem maiores complica-ções e dores de ca-beça. A partir des-se confronto, o Galo viu que era possível alcançar a glória. O torcedor viu que va-lia a pena acreditar e apoiar. Os três gols de Jô podem não ter lhe rendido o direi-to de escolher músi-ca naquele programa do domingo à noite, mas com certeza fez alguns indivíduos en-golirem suas pala-vras.

Foi como se a cada gol, a bola falasse: “Vá lamber sabão!”.

A atuação daquele 08 de maio foi uma das que credenciou o re-torno de Jô à seleção brasileira. Com a lesão de Leandro Damião, o camisa 7 do Galo foi chamado para ocupar

a vaga do centroavante do Inter, e marcou duas

vezes na Copa das Confederações 2013.

Para voltar à seleção

Ficha do jogo:

Foto: Denis D

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14 C.A.M.peão Boleiros da Arquibancada e NotiGalo

Quartas de final

TIJUANA: Saucedo, Nuñez, Ortiz, Gandolfi e Castillo; Pellerano, Fernando Arce,

Moreno (Corona) e Richard Ruiz (Márquez); Fidel Martinez

(Piceño) e Duvier Riascos. Técnico: Antonio Mohamed

ATLÉTICO: Victor; Marcos Rocha, Gilberto Silva, Réver e

Junior César; Pierre, Leandro Donizete (Josué),

Diego Tardelli, Ronaldinho e Bernard (Luan); Jô

(Alecsandro). Técnico: C:uca

Local: Caliente, em Tijuana (MEX)

Data e horário: 23/05, 21h30

Árbitro: José Hernando Buitrago (COL)

Por Rafael Martins.

Podemos dizer que, pela primeira vez, o Galo teve um páreo duro pela frente nesta fase final da Liberta-dores. No Caliente, em Tijuana, no México, o Atlético arrancou um empate que teve gos-to de vitória. Depois de estar perdendo por 2 a 0, a equipe comandada por Cuca teve maturi-dade e buscou o em-pate com o iluminado Luan, aos 47 minutos do segundo tempo. Ele tinha prometido o gol a um repórter de tele-visão antes de entrar em campo. O resultado dava boa vantagem ao Galo para a partida de volta, que também não seria das mais fáceis. Aliás, muito pelo con-trário. Mas essas foram cenas dos próximos ca-pítulos. Falamos sobre

isso na página seguin-te.

O jogo foi diferente para o time alvinegro: viagem longa e um campo que não era o habitual. A grama utili-zada no estádio Calien-te é sintética, e isso di-ficultou o toque de bola atleticano. Os Xolos, como é o conhecido o time do Tijuana, apro-veitaram-se muito bem disso e partiram pra cima, demonstrando um entrosamento não do time em si, mas com o gramado. A pressão mexicana durou o pri-meiro tempo todo e o Atlético deu muita sor-te em só sair perdendo por 1 a 0. O gol do bom atacante Riascos saiu aos 31 minutos.

Na segunda etapa, os mineiros voltaram de-satentos e o time mexi-cano continuou pressio-nando. Cada ataque do

Tijuana levava perigo. Martínez, o “Neymar falso”, aproveitou um rebote de Victor e fez o segundo gol da equipe da casa, levando a tor-cida do Galo à loucura.

Após levar 2 a 0, o time mineiro reagiu e mostrou um pouco da sua força ofensiva. Quando chegou tocan-do a bola no talento, usando as suas forças, levou perigo ao gol de Saucedo.

Tardelli, que já vinha jogando muita bola, aproveitou um cruza-mento de Ronaldinho Gaúcho e a falha da zaga para diminuiu o placar para 2 a 1, e chamou ainda mais a responsabilidade pra si. O time mexicano sentiu o golpe e, aos poucos, o alvinegro foi buscar o empate.

O gol salvador de Luan saiu apenas no

último lance do due-lo. O atacante, veloz como sempre, recebeu um bom passe de Tar-delli e tocou por baixo das pernas do goleiro Saucedo para igualar o marcador. Mal sabia a Massa que esse gol faria muita diferença para o jogo de volta, disputado na semana seguinte, em Belo Ho-rizonte.

Vale destacar o pre-paro físico e psicológi-co do time comandado por Cuca, que correu o tempo todo e não sen-tiu os gols tomados.

Naquele jogo, come-çava o declínio alvine-gro na competição, so-bretudo fora de casa. O que teria acontecido? Pressão para conquis-tar o titulo? A falta de tradição de na Liberta-dores? Jogadores can-sados? Muitas pergun-tas no ar.

Luan, que entrou no segundo tempo como já era tradicional, mar-cou gol salvador para o Atlético, nos momentos finais em Tijuana. Mal sabia ele que o lance

seria fundamental para a classificação.

Salvador

Ficha do jogo:

Tijuana 2x2 Atlético: O caldo engrossava

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Boleiros da Arquibancada e NotiGalo C.A.M.peão 15

Atlético 1x1 Tijuana: Pânico! O 1º milagre de São Victor

ATLÉTICO: Victor, Marcos Rocha (Josué), Leonardo Silva,

Réver e Richarlyson; Pierre, Leandro Donizete, Diego

Tardelli, Ronaldinho e Bernard (Luan); Jô (Alecsandro).

Técnico: Cuca

TIJUANA: Saucedo, Nuñez, Gandolfi, Ortiz (Martinez) e

Castillo; Pellerano, Arce, Aguilar, Ruiz (Marquez);

Riascos e Moreno (Piceño). Técnico: Antonio Mohamed

Local: IndependênciaData e horário: 30/05, 22hPúblico: 20.988 pagantesRenda: R$ 1.771.875,00

Árbitro: Patricio Polic (CHI)

Por Vinícius Silveira.

É uma daquelas histórias que nem o cinesta mais genial do mundo pensa-ria. Nem mesmo o criador da novela das oito, ou até mesm o melhor autor de livros. O que aconteceu nesta partida entre Atlético e Tijuana foi algo surreal. Com certeza, o coração fa-nático do atleticano foi co-locado à prova.

Nem mesmo as inúme-ras provações que o atleti-cano teve que passar nos últimos tempos seriam ca-pazes de superar as emo-ções vividas neste jogo, vá-lido pelas quartas de final desta Copa Libertadores da América.

A primeira partida já demonstrava o quanto o adversário mexicano, até então desconhecido, era forte. Parecia que sua ca-pacidade física transforma-va um jogador em dois. A correria daquele jogo ao lado da fronteira com os Estados Unidos, e em um gramado sintético, colocou os jogadores atleticanos para reinventar futebol.

Mas, o resultado foi de um empate por 2 a 2, com um gol salvador de Luan, aos 46 minutos do segundo tempo. Naquele momen-to, o torcedor que ficou em Belo Horizonte sentiu que a história estava escrita. Mal sabia ele que o drama vi-raria pesadelo por alguns minutos.

A confiança inabalável do atleticano estava em êxtase elevado, a ponto de levar máscaras do perso-nagem que matava a todos no filme “Pânico”. Mal sa-biam os torcedores que o pânico tomaria conta deles mesmo, e que a classifica-ção, que para muitos era garantida, só seria definida no fim do jogo.

O caldeirão estava mais quente do que nunca. A festa estava quase arran-jada, não fosse um toque daquele que entrou para colocar água no chopp atleticano: Riascos, atacan-te, após receber cruzamen-to de Ruiz, finalizou para o fundo das redes de Victor. O 1 a 0 dava a classificação aos mexicanos.

Uma das grandes ar-

mas atleticanas durante a temporada foi a defesa, e os zagueiros Réver e Léo Silva também se notabiliza-ram por marcar gols. Após cruzamento de Ronaldinho, Réver escorou para o gol, trazendo de volta a con-fiança para o lado do Galo. O filme chegava apenas à sua metade.

No segundo tempo, era matar ou morrer. E o torce-dor, o que mais sentia com as tentativas que termina-vam sem sucesso do Galo, e também com as inves-tidas do Tijuana, gastava sua garganta para apoiar, e se fechava para não acom-panhar o pior.

Toda história tem seu herói. Ali, eram 22 candida-tos a heróis, vilões, em ter sua marca escrita e conta-da naquele dia. Mas, aque-la partida tinha a cara do goleiro Victor, até porque todo time começa por um bom camisa 1. No meio do segundo tempo, sua perna esquerda salvou um gol certo de Ruiz.

O drama aparentava ser um pesadelo, daqueles que qualquer amante de filmes

de terror adoraria assistir. Parecia que o Tijuana era mais forte, um vilão prati-camente invencível, e veio o momento em que herói poderia aparecer. Aos 46 minutos, Leonardo Silva co-meteu pênalti em Aguilar. Alguns torcedores previam o pior e choravam de tris-teza, outros temiam pelo pior, mas confiavam que ali existia uma esperança: um rapaz alto, vindo do futebol gaúcho para suprir uma de-ficiência antiga do clube: o goleiro Victor. Riascos cha-mou a responsabilidade, mesmo com outro jogador escolhido para a cobrança. Era a última cena do filme, o último ato da peça, o blo-co final de uma novela e o último capítulo de um livro.

Riascos partiu e bateu forte. Segundos de aflição. Victor caiu no canto direi-to, e a bola tocou em sua perna esquerda e foi para fora. O Independência, que estava totalmente calado, explodiu em emoção, ainda sem crer no que havia se passado. O choro de tris-teza transformava-se em lágrimas de alegria.

O lema “caiu no Horto, tá morto” tinha pegado de vez entre os atleti-canos. Para levar esse clima para as arqui-

bancadas, milhares de torcedores foram para o jogo com a máscara do “Pânico”. Ao fim da par-tida, uma decisão: elas nunca mais voltariam a

ser vistas por lá.

Pânico!

Ficha do jogo:

Foto: Denis D

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16 C.A.M.peão Boleiros da Arquibancada e NotiGalo

Semifinal

NEWELL’S: Guzmán; Cáceres, Vergini, Heinze e Casco; Pérez (Cruzado), Mateo e Bernardi; Figueroa (Martín Tonso), Scocco (Urruti) e

Maxi Rodríguez. Técnico: Gerardo Martino

ATLÉTICO: Victor; Marcos Rocha, Gilberto Silva, Rafael

Marques e Richarlyson; Pierre, Josué, Diego Tardelli (Luan),

Ronaldinho e Bernard; Jô (Guilherme). Técnico: Cuca

Local: Colosso Del Parque, em Rosário (ARG)

Data e horário: 03/07, 21h50

Árbitro: Enrique Osses (CHI)

Por Rafael Martins.

Temos aí um jogo ines-quecível, particularmente para este que vos escreve. A primeira vez fora do país, dia do meu aniversário, mas o resultado não foi tão bom assim. A ida até a Argentina rendeu amizades com atle-ticanos, argentinos e colom-bianos. Vi cenas que nunca pensei que iriam aconte-cer: hermanos gritando Galo, querendo camisas a qualquer custo e quando a moral estava baixa com a derrota, vi que a situação poderia ser revertida. Todos queriam isso, não só eu e amigos atleticanos, mas to-dos com quem conversava.

Newell s Old Boys e Atlé-tico fizeram a primeira par-tida válida pela semifinal da Copa Libertadores em Ro-sário, com um ótimo publico lotando a capacidade do Es-tádio Marcelo Bielsa. O time da casa venceu o Galo com muita propriedade. O placar

final de 2 a 0 foi pouco pelo que o Atlético fez em cam-po e pela pressão sofrida principalmente depois dos gols tomados.

O time da casa, como esperado, tomou a iniciativa e o Atlético pouco tocava a bola. Toques rápidos e en-volventes levavam os “le-prosos” até a área de Victor, que salvou o Atlético depois de um erro de Richarlyson, que oferecia espaço na es-querda. Maxi Rodríguez re-cebeu cruzamento na área e mandou de primeira para bela defesa do goleiro.

Depois dos minutos ini-ciais de pura pressão, o Atlético conseguia tocar um pouco mais a bola, mas continuava errando muitos passes e não ameaçava o adversário. A marcação era prioridade, e isso pode ter sido uma falha de arma-ção da equipe, pois Tardelli e Bernard, válvulas de es-cape, mais jogavam como laterais do que como ata-

cantes.Scocco fez boa jogada,

deixando dois jogadores do Galo pra trás, mas parou em outra grande defesa de Victor. Depois, em ou-tra investida, bateu fraco. A grande participação no jogo de um apagado Ronaldinho Gaúcho foi um belo pas-se para Bernard, que ten-tou driblar o goleiro e não conseguiu, perdendo uma ótima chance para o Galo. Foi a única chance clara. Depois desse lance, o Atléti-co ensaiava uma marcação pressão, mas não rendeu muitos frutos.

Na segunda etapa, logo aos 25 segundos, o Galo teve uma boa chance des-perdiçada por Ronaldinho, que isolou a bola na arqui-bancada. Pouco tempo de alguma inspiração do Galo.

O goleiro Guzmán não fez nenhuma defesa em todo o jogo. O Newell’s voltou a controlar e chegar com mais frequência à área

atleticana. Scocco e Maxi comandavam. A torcida viu o bom momento e apoiou ainda mais. A Massa, pre-sente em bom número, fi-cava apreensiva vendo um time desorganizado, sem inspiração e com a apatia de seus principais jogado-res.

O primeiro gol saiu depois de uma cobrança de escan-teio que a zaga não afastou a bola – alguns acham que houve falta em Rafael Mar-ques. Após cruzamento vda direita, Maxi Rodríguez apa-receu livre e cabeceou para o gol, sem chances para o goleiro Victor.

O que já que estava ruim ficou ainda pior. Pressão dos mandantes e a casa quase caiu novamente, mas Rafa-el Marques salvou em cima da linha, milagrosamente.

O estádio vinha abaixo com as jogadas ofensivas e Scocco fez o segundo gol da partida, em excelente cobrança de falta, que tam-

Ficha do jogo:

Newell’s Old Boys 2x0 Atlético: Pela 1ª vez, em desvantagem

bem contou com falha do goleiro Victor, que armou mal a barreira. A festa era gigante. O Galo chegou a diminuir, mas a arbitragem marcou impedimento de Jô, que completou para o gol. Situação complicada para a volta, marcada para a pró-xima semanna. Mas o Galo tinha o Horto.

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Boleiros da Arquibancada e NotiGalo C.A.M.peão 17

Atlético (3) 2x0 (2) Newell’s Old Boys: Noite épica

ATLÉTICO: Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva,

Gilberto Silva e Richarlyson; Pierre (Luan), Josué, Diego Tardelli (Alecsandro). Ronal-dinho e Bernard (Guilherme);

Jô. Técnico: Cuca

NEWELL’S: Guzmán; Cáceres (Orzán), Vergini, Heinze (Víctor López) e Casco;

Cruzado, Mateo e Bernardi; Figueroa (Martín Tonso), Scocco e Maxi Rodríguez. Técnico: Gerardo Martino

Local: IndependênciaData e horário: 10/07, 21h50

Árbitro: Roberto Silvera (URU)

Por Rafael Martins e João Vitor Cirilo.

O dia era 10 de julho de 2013, um dos mais nervo-sos do ano para os atleti-canos. O dia não passava, a hora da revanche não chegava, argentinos fa-ziam a festa em BH. Na verdade, já era 11 de ju-lho de 2013. O horário, por volta de meia-noite e vinte. Antes disso, vamos contar toda a história.

Em campo, Atlético Mi-neiro e Newell’s Old Boys. O jogo era no estádio In-dependência, onde o Galo ainda não perdeu após a reinauguração (e lá se iam 54 partidas como man-dante, 38 no Horto). Após perder por 2 a 0 na ida, na Argentina, o caminho na luta pela vaga na iné-dita final da Libertadores foi um pouco complicado.

O fator motivacional: a mística da arena do Horto. Uma frase mudaria tudo. Um tal de “eu, acredito!”, entrava em cena. Esse grito ecoava pelas redon-

dezas do Horto. As fune-rárias contratadas para enterrar as vitimas alvine-gras estavam de alerta. E que adversário chato... só foi morrer depois do apa-gar das luzes e pênaltis.

A estratégia atleticana era fazer um gol logo no início e incendiar o jogo. E assim foi. Com o apito ini-cial do árbitro, o Galo par-tiu pra cima do Newell´s, fazendo marcação pres-são. Os argentinos se as-sustaram e erraram uma saída de bola. Tardelli recuperou e passou para Ronaldinho dar belo pas-se para Bernard sair cara a cara com o goleiro, lan-ce parecido com o da pri-meira partida. Dessa vez, o baixinho não perdoou: Atlético 1 a 0.

Depois, o bom e velho sofrimento. Lesionados, apagão dos refletores, enorme pausa. Um pouco mais de tortura.

Após o benéfico apa-gão, na metade final do segundo tempo, eis que Cuca olha para seu ban-

co de reservas e promove duas alterações (já ha-via colocado o atacante Luan no lugar do volan-te Pierre). Alecsandro e Guilherme entraram nas vagas dos incontestáveis Bernard e Tardelli. Ao contrário dos titulares, Guilherme, sim, volta e meia é muito questionado por boa parte da torcida. Defendido pelo treinador e pelo presidente, teve sua chance. Dominou no peito e finalizou, quando o relógio marcava 50 minu-tos da etapa complemen-tar. Gol. Teríamos pênaltis no Horto, graças a Gui-lherme, que poderia ter ido embora meses atrás, quando a pressão sobre ele parecia forte demais.

Alecsandro, Scocco, Guilherme (ele de novo) e Vergini guardaram as quatro primeiras cobran-ças. Veio Jô e... perdeu. Desespero no Horto. Mas Casco também errou o dele na sequência. Veio Richarlyson e... perdeu também! Mais aflição.

Mas não é que Cruzado também desperdiçaria ou-tro penal?

O roteiro estava escrito. A última cobrança era do R10, maior ídolo recente do alvinegro. Ele fez. Veio o experiente e bom de bola Maxi Rodríguez pelo lado argentino. Debaixo das traves, outro ídolo recente: Victor. Não teve jeito para os hermanos. A história já estava pron-ta. O goleiro santo pegou mais um pênalti, assim como nas quartas contra o Tijuana, e colocou o Galo em sua primeira final de Libertadores.

E quem diria que o Atlé-tico Mineiro, um time que tem em sua história vá-rios momentos infelizes, de dor, onde tudo tendia a dar errado, se classificaria em duas fases consecuti-vas da maior competição do continente com pê-naltis defendidos “na ba-cia das almas” em jogos muito complicados? E co-mandado pelo “azarado” Cuca...

Ficha do jogo:

Foto: Denis D

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E quem apostaria que o gol que devolveu o Galo ao torneio seria marcado pelo criticado Guilherme? Sem falar que Bernard, tam-bém já questionado por alguns em um (aparente) momento de despedida do clube, abriu o placar.Coisas que só o futebol ex-plica. Só ele e seu poder de levantar aqueles que, aparentemente, já esta-vam caídos.

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18 C.A.M.peão Boleiros da Arquibancada e NotiGalo

Final

OLIMPIA: Martín Silva; Manzur, Miranda e Candia; Alejandro Silva, Giménez

(Ferreyra), Aranda, Pittoni e Benítez; Salgueiro (Paredes)

e Bareiro (Prono). Técnico: Ever Hugo Almeida

ATLÉTICO: Victor; Marcos Rocha, Réver, Leonardo Silva e Richarlyson; Pierre, Josué, Diego Tardelli, Ronaldinho

(Guilherme) e Luan (Rosinei); Jô (Alecsandro). Técnico: Cuca

Local: Defensores del Chaco, em Assunção (PAR)

Data e horário: 17/07, 21h50

Árbitro: Néstor Pitana (ARG)

Por João Vitor Cirilo.

Passadas duas fases de sofrimento, o Atlético não se viu livre do seu carma. É claro, viria mais pela frente. O Galo teria como adversária mais uma tra-dicional equipe do futebol sul-americano, na última fase da Libertadores. Es-tamos falando do Olimpia, tricampeão do torneio e finalista em seis oportuni-dades. Marcas de respeito, caros amigos. Na semifi-nal, o “Rey de Copas” pas-sou pelo Independiente Santa Fé, da Colômbia, ao abrir a série com um 2 a 0 em seus domínios e per-der por 1 a 0 fora de casa, em jogo emocionante.

Após longo debate quanto aos estádios da final, que não poderiam receber público menor do que 40 mil torcedores, foi-se o Atlético para o Para-guai, atuar no Defensores del Chaco, maior estádio paraguaio, mas que não

pode comportar tal nú-mero de pessoas. Porém, a CONMEBOL abriu essa exceção ao Olimpia, que teria que jogar longe de seu país caso não pudesse atuar no Defensores. Mas, creio eu, essa hipótese nem chegou a ser levan-tada. A briga do Galo era para jogar no Indepen-dência, que recebe pouco mais de 20 mil torcedores. O resultado todos já sa-bem. Passemos ao jogo.

Faltou inspiração ao Atlético. A equipe brasi-leira até começou melhor no jogo, não se intimidan-do com a força do torce-dor do Olimpia. Já o time paraguaio chegava muito pouco ao gol defendido por Victor, goleiro que a essa altura já havia sido “canonizado” pelo torce-dor. Sem poder contar com Bernard, suspenso por ter recebido o terceiro cartão, por reclamação, no jogo contra o Newell’s, o Galo foi de Luan, que até

começou bem. Diego Tar-delli era o principal homem do Atlético, assim como Marcos Rocha, que partia em velocidade pela direita e servia o camisa 9 com bons lançamentos.

Porém, um descuido foi fatal. Aos 22 minutos da etapa inicial, o bom late-ral Alejandro Silva recebeu na direita, foi trazendo para o meio e, sem sofrer combate de Tardelli, pas-sou facilmente por Réver e finalizou a canhota, sua perna boa. O 1 a 0 dava a tranquilidade que o Olim-pia queria para criar ou-tras chances e dominar a partida. Teve chances pra isso, mas o jogo seguiu da mesma maneira até o in-tervalo.

Após a pausa, Tardelli seguia voando. O grande problema era que Ronal-dinho não jogava nem 1% do que sabe. O camisa 10 errou simplesmente tudo que tentou no jogo, sendo inclusive tirado de cam-

po pelo técnico Cuca, que colocou Guilherme, outro herói da fase anterior, em campo (e ele fez mais que o gaúcho logo nos seus primeiros lances). A subs-tituição rendeu discussões nos debates esportivos durante toda a semana. Obviamente, Ronaldo não saiu satisfeito de campo.

O Olimpia perdeu chan-ce claríssima na parte final do confronto, quando Léo Silva salvou em cima da linha e Bareiro, dono do rebote, finalizou para fora, com o gol completamente vazio. Seria a sorte de cam-peão ajudando? Talvez. Mas, aos 48 minutos, Pit-toni resolveu complicar um pouco mais a vida do Galo. O volante cobrou falta com perfeição, no ângulo, e Alecsandro, posicionado pouco à frente da linha do gol a pedido de Cuca, não alcançou a bola e acabou atrapalhando Victor. 2 a 0 e mais uma missão impos-sível. A última delas.

Foi a frase mais ouvida durante a semana após a derrota no Paraguai. Nun-ca se viu um torcedor do Galo tão confiante quanto nesta ocasião. Ah, ainda

tinha o “Yes, we C.A.M.” e o “não é milagre, é Atlético Mineiro”.

“Eu, acredito!”

Ficha do jogo:

Olimpia 2x0 Atlético: Mais do mesmo

Foto: Facebook Club O

limpia O

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Boleiros da Arquibancada e NotiGalo C.A.M.peão 19

Atlético (4) 2x0 (3) Olimpia: O desfecho perfeito

ATLÉTICO: Victor; Michel (Alecsandro), Réver, Leonardo

Silva e Júnior César; Pierre (Rosinei), Josué, Diego Tardelli

(Guilherme). Ronaldinho e Bernard; Jô. Técnico: Cuca

OLIMPIA: Martín Silva; Manzur, Miranda e Candía; Alejandro Silva (Giménez),

Mazacotte, Aranda, Pittoni e Benítez; Salgueiro (Baez) e

Bareiro (Ferreyra). Técnico: Ever Hugo Almeida

Local: MineirãoData e horário: 24/07, 21h50

Público: 56.557 pagantesRenda: R$ 14.176.146,00

Árbitro: Wilmar Roldan (COL)

Por Rodolpho Victor.

Quem imaginaria que na sua estreia em final de Libertadores o Galo conse-guiria conquistar a América? Depois dos jogos contra Ti-juana e Newell’s, confiança era o que não faltava. Des-de o apito final no Paraguai, onde o Galo perdeu nova-mente por 2 a 0 – como na semifinal -, a Massa voltou a confiar que veríamos um outro milagre de perto, des-sa vez para definir no gogó e na raça, já que a Conmebol não liberou o Independência para ser o palco da decisão.

A torcida do Galo se via novamente com as campa-nha do “Eu Acredito” e “Yes, We C.A.M.”. Depois de tanto sofrimento, a Libertadores deveria mesmo ficar em BH.

O primeiro tempo come-çou nervoso. Time tenso, jogando na base do chutão. Tardelli chegou com perigo, Victor salvou duas vezes, Ronaldinho no desespero foi pra aérea... valia tudo. O Olimpia chegava, mas era o dia do São Victor, que fazia

milagres em outro terreiro. Tardelli corria o campo in-teiro buscando jogo, mas a pressão tirava a pontaria. Jô procurado por todos, mas a bola não parava, pela con-sistência defensiva dos pa-raguaios. Tudo ficaria para os 45 finais, no sofrimento, mais uma vez.

Cuca se apegou à fé, à Nossa Senhora, mas a fama de “azarado” ainda remoía na sua cabeça. Algumas ve-zes, olhava para o céu e per-guntava: “Por que comigo? Por que com o Galo?”. Jun-tava as mãos, já sem unhas, em forma de prece.

Na volta, a Massa, tensa, só conseguia gritar o mantra da Libertadores: “Eu Acredi-to!”. Todos acreditavam, sim. Todos queriam soltar o grito de Galo, e ele veio antes do primeiro minuto. O passe do iluminado Rosinei não foi lá dos melhores, mas Pittoni resolveu dar um presente: o volante furou e Jô, artilheiro da Libertadores, não desper-diçou. Quem não acreditaria naquele time de guerreiros?

Tardelli continuou buscan-

do jogo, mas a danada da bola cismava em não entrar. Dessa vez, a trave se tor-nava adversária e o goleiro Martin Silva era a barreira do ataque alvinegro. Aos 26′, duelo entre Silvas: o cabe-ceio do Léo parou no Mar-tín. Pra quê jogar na zaga? Leonardo Silva fazia agora o papel de um centroavante (e ele tem futuro na área).

Em meio ao sofrimento, veio o anuncio da maior ren-da da história do futebol na-cional (pouco mais de R$ 14 milhões), mas a torcida nem ouviu. A única coisa de valor que interessava era o título.

Ferreyra, atacante do Olimpia, parecia também acreditar no Galo. Infeliz-mente para eles, o “tanque” foi lançado, passou por Vic-tor e foi puxado, sim, por Roberto Drummond, que não deixaria o vento vencer desta vez. Apenas forças do além explicam o erro.

Manzur já tocava o hino com os joelhos, “tremendo” e temendo o pior, mas foi o seu cotovelo que o tirou de campo faltando cinco minu-

tos. Como era inteligente o defensor do Olimpia... sabia que um minuto depois não chegaria no terceiro andar com Leonardo Silva, que deixou tudo igual e a espe-rança em alta de que o título chegaria. O “atacante” Léo Silva era o herói da vez.

Prorrogação, para a tris-teza do time paraguaio, que via 62 mil guerreiros gritan-do em seus ouvidos. Era Olimpia no 9-0-0 e Galo no 0-0-10. Victor dava conta. Réver foi fazer dupla com Léo Silva e também acertou o travessão; Josué, destruin-do, mandou de longe e Mar-tin Silva salvou de novo.

O atleticano não tinha mais coração, desidratado de tanto chorar. Era a sua vez de conquistar a América. 113% de posse de bola. Ale-csandro encobriu o goleiro e o zagueiro tirou debaixo do gol. Teríamos pênaltis, de novo. Bons batedores e um tabu para se quebrar.

Miranda foi bater, coitado. Tremia de frente pro Santo. Bateu no meio, muito mal

Ficha do jogo:

Foto: Bruno Cantini/Flickr do Atlético

(Victor se adiantou, ok). Alecsandro, Ferreyra, Gui-lherme, Candia, Jô Aranda e Léo Silva fizeram em se-quência. A esperança do Olimpia estava nos pés de Giménez. Ele fazia e torcia pro Ronaldinho perder, ou São Victor trabalharia de novo com os seus milagres. Giménez mandou a bola na trave e taça na mão do Galo. E o Brasil inteiro sem entender como os “azara-dos” fizeram aquilo.

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Horto ou Mineirão? Em BH, Galo campeão!

Por Eduardo do Carmo (de São Paulo).

“Caiu no Horto, tá morto!” A torcida do Galo tem toda a razão. Nin-guém consegue derrotar o time mineiro no novo Independência. Assim, o Atlético-MG derrubou todos os adversários que apareceram por lá na Libertadores. O último capítulo, no entanto, foi em um palco diferente. Não tinha a mística da invencibilidade e nem o ”entrosamento” com o gramado, mas tinham 60 mil vozes e um belo está-dio, o mais tradicional de BH: o Mineirão.

Por lá, a frase mudou. Uma que o Galo carre-gou desde as quartas de final. “Eu acredito!”. Sim, acreditaram e apoiaram o time até o fim. Nenhu-ma adversidade inter-rompeu o sentimento de

esperança. Valeu a pena. Tudo deu certo. Foi assim na defesa de Victor, nos acréscimos, contra o Ti-juana; no gol de Guilher-me e em outra defesa do arqueiro, ou São Victor, contra o Newell’s Old Boys; no gol do zaguei-ro Leonardo Silva e nova intervenção de Victor em penalidade máxima, des-sa vez contra o Olimpia, na final; na confirmação do título que o Atlético tanto queria.

Grito, choro, alegria, festa. Enfim, loucura. Galoucura! Agora me-lhorou. Sim, eles podem. Yes, we C.A.M. We? Sim. Nunca vi o bordão ”tal time é tal país em de-terminado campeona-to” ser tão real. Claro, o lado azul de Minas foi Paraguai, mas também foi obrigado a ver uma conquista mais que me-recida. Em sua maioria, o

Brasil estava do lado do Galo. As barreiras que-bradas e a luta foi algo fora do normal.

Quem viu o Atlético passear na primeira fase, não imaginava o sofri-mento que viria nas de-mais. Teve parada para a Copa das Confederações no momento em que o time estava voando, alte-ração de mando por con-ta da capacidade. Mas nada, nada tiraria o título de BH. Lá, o Galo é f…

E esse Galo canta alto. Por conta de um técni-co que sempre levou a fama de azarado e pé frio. Dessa vez não. Cuca livrou o Atlético de um rebaixamento, que já era tido como certo por muitos, em 2011. Os fru-tos foram colhidos. Sem medo e com muita fé, além da tradicional su-perstição, o treinador fez com que todos voltassem

os olhares para o Galo. O objetivo do futebol é fa-zer gols, balançar a rede adversária. Então lá foi Cuca, que montou um time para frente, para o ataque. Jogos com a maestria de Ronaldinho, velocidade de Bernard, inteligência de Tardelli e faro de gol de Jô.

Uma equipe segura, pois sabe que lá no gol tem o São Victor (apro-veitando, a estátua do goleiro começa a ser construída quando?), o especialista em penali-dades máximas. Mexi-canos, argentinos e pa-raguaios sofreram com a estrela do paulista de Santo Anastácio. Coin-cidência ou não, ele é o ”santo” mais famoso da cidade agora.

A festa começou na quarta-feira, mas a ex-plosão só aconteceu na madrugada de quinta-

feira. Ainda tinha mui-to sofrimento e emoção guardados para a deci-são. Teve tempo normal, prorrogação e pênaltis. E tem outra parte. Mar-rocos aguarda a torcida atleticana no final do ano. Mesmo com o pas-sar do tempo, a alegria seguirá, mas dividirá es-paço com a ansiedade de um possível Atlético e Bayern pelo Mundial.

Antes disso, muita co-memoração pela frente. Este 2013 jamais será esquecido por uma torci-da que sempre acredita. A equipe comandada por Cuca, com Victor, Léo Sil-va, Bernard, Ronaldinho, Jô e cia, será lembrada com muito carinho por todos os amantes deste esporte maravilhoso.

Parabéns, Atlético-MG, Galo forte e vingador! Campeão da Libertado-res da América 2013.

Foto: Bruno Cantini/Flickr do Atlético

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Enfim, C.A.M.peãoPor Rafael Martins.

“Não tenho preocu-pação nenhuma com eles na Libertadores. Não estão acostumados, disputaram só quatro vezes na história. Nós (Cruzeiro) já disputamos treze, chegamos a qua-tro finais, temos camisa, tradição e eles não têm isso. Já é difícil che-gar a disputar, imagina ganhar?”. Essas foram palavras do Senador e ex-presidente do Cru-zeiro, Zezé Perrela. Me-

nosprezar o adversário é dar combustível para a vitória. Como atleticano, agradeço de joelhos ao senhor Zezé Perrela pe-las sábias palavras que ele soou contra uma na-ção.

Tradição, camisa e história, sozinhas, não ganham jogo, e isso fi-cou provado nesta Li-bertadores. O Galo foi o responsável pela eli-minação do tricampeão São Paulo, e ainda viu times como o Boca Jú-niors caírem fora do

torneio antes da hora imaginada. Futebol se ganha com raça, gols, defesas, preparo físico e psicológico, treinamento e direção firme.

Foram 14 jogos, 14 guerras travadas no In-dependência, Morumbi, Julio Grondona, Her-nando Siles, Caliente, El Colosso Del Parque, Defensores Del Chaco e Mineirão. Em todos os jogos, a massa esteve presente, levando sua energia para todos os seus guerreiros. Viagens

para Argentina, Bolívia, México, Paraguai e São Paulo foram alucinantes para quem teve a hon-ra de participar desses momentos únicos. No retorno à casa, grandes festas nas arquibanca-das do Horto. Tudo isso foi parte de um sonho que se tornou realidade.

Agradeço a Deus por me dar olhos para po-der assistir, ouvidos para poder escutar, boca para poder gritar, pele para sentir a alegria de ser campeão, ou melhor,

alegria de ser Galo! Não torcemos por títulos. Não importa o tempo sem ter conquistas. A conquista maior é ser atleticano, e isso carre-garemos para sempre, junto com a Taça da Li-bertadores da América – o primeiro passo de muitas glórias que virão.

Tivemos fé, sede da vitória, e quem tem ta-lento, competência e merecimento é premia-do na hora certa. Enfim, podemos gritar: Galo campeão da América!

liBERTAdoREs quae sera tamen

Por Vinícius Silveira.

Só quem ama futebol sabe o que é estar em uma decisão de um campeonato. E o que dizer de disputar a final de Libertadores? Vários clubes brasileiros consegui-ram esta proeza. Uns saíram felizes, e outros nem tanto. Desta vez, era o Atlético-MG, que há menos de uma dé-cada, carregava consigo o drama de ser rebaixado para a segunda divisão nacional.

Fez-se justiça ao trabalho, ao ressurgimento de uma agremiação, que, para uns poucos, era considerada pe-quena, mas para uma franca maioria, nunca deixou de ser grande. Campeão brasileiro em 1971, dono de dois títu-los da Copa Conmebol, ce-leiro de centenas de craques que deixaram saudades e ajudaram a escrever uma história de 105 anos.

Em 2013, o grande foco

do clube foi o torneio conti-nental. O alto investimento em jogadores considerados caros, e de grande valoriza-ção, colocava o time como uma das potências, mas não favorito. Entretanto, para uma torcida faminta e carente de alegrias, o Galo era candidato, tinha cara de campeão, e time para sair vencedor. Sabendo disso, a massa atleticana teve papel fundamental na campanha.

“Caiu no Horto, tá morto”. Esta foi a frase entoada pela torcida nos jogos do clube, que adotou o Independên-cia como casa. O número de torcedores nunca era menor que 18 mil pagantes, o que preenchia as cadeiras da “casa do Galo” por comple-to.

Como nada para o Atléti-co foi fácil nestes 105 anos de história, tinha que ter um pouco de dramaticidade no caminho do clube. Estava

tudo muito perfeito. O Galo jogava bem e nenhum ad-versário era páreo para o time alvinegro, até que um até então desconhecido co-locou o coração do atletica-no em uma prova de fogo. O Tijuana estava no caminho. Mas, como todo bom time começa por um bom goleiro, Victor salvou um pênalti aos 48 do segundo tempo com a perna esquerda, e manteve o empate por 1 a 1 contra os mexicanos, resultado que classificou o time por ter fei-to mais gols fora de casa.

Depois do jogo contra o Tijuana, percebia-se que o Atlético sofria com a bruta sequência de jogos decisi-vos, mas o torcedor era a força do time, pois qualquer abatimento poderia ser fa-tal. Após um 2 a 0 contra na Argentina, foi aí que a frase “Eu acredito” passou a ser gritada a plenos pulmões diante do Newell’s. Mais uma

vitória, desta vez nos pênal-tis após gol salvador no fim, e o Galo chegava a uma final inédita. O atleticano vivia em estado de êxtase.

Na final, depois de outro 2 a 0 contra, para a tristeza de alguns, o Atlético teria que se despedir de sua casa, o Independência, que não poderia receber o número de pessoas desejado pela Conmebol, e o time iria para outro campo que conhece muito bem: o Mineirão.

Mais de 58.000 vozes, su-perando a marca de 14 mi-lhões de reais em renda, um recorde. Só a torcida do Galo para fazer isto. Não tinha valor que pudesse impedir a presença ao lado do time quando ele mais precisava. Se ela foi o 12º jogador da equipe durante todo o tor-neio, na final, teria que se fa-zer mais presente do nunca. O atleticano sofreu, chorou, teve medo, mas foi recom-

pensado com o título, que não só viria para acalmar um coração carente, mas para abafar anos de sofrimento a fio, com tantas provações, que nunca acalmaram o sentimento alvinegro, e ain-da reafirmou o amor eterno ao Atlético.

Na bandeira do estado de Minas Gerais, está escrita a frase “Libertas quae sera ta-men”, que significa “Liberda-de ainda que tardia”. Para o torcedor do Atlético, passa a ser “Libertadores ainda que tardia”. Como disse, de for-ma muito sábia, o grande escritor, jornalista, e atletica-no Roberto Drummond, em sua mais singela e incisiva forma de definir o atleticano:

“Se houver uma camisa atleticana pendurada em um varal durante uma tem-pestade, o atleticano torce contra o vento” .

Parabéns, Clube Atlético Mineiro.

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Galeria de fotos:Alguns registros da campanha do Galo

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Foto: Divulgação/Facebook Soul Galo

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Foto: Bruno Cantini/Flickr do Atlético

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24 C.A.M.peão Boleiros da Arquibancada e NotiGalo

os CAMpEÕEs

1 - Victor 2 - Marcos Rocha 3 - Leonardo Silva 4 - Réver 5 - Pierre 6 - Júnior César

7 - Jô 8 - Leandro Donizete 9 - Diego Tardelli 10 - Ronaldinho 11 - Bernard 12 - Giovanni

13 - Jemerson 14 - Rafael Marques 15 - Gilberto Silva 16 - Lucas Cândido 17 - Guilherme 18 - Rosinei

19 - Alecsandro 20 - Richarlyson 21 - Neto Berola 23 - Leleu 24 - Lee 26 - Carlos César

27 - Luan 28 - Josué 29 - Michel 30 - Sidimar Téc: Cuca

Fotos: Divulgação/Atlético