caminhada da pascoa

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Juventude Mariana Vicentina do Sobreiro - Sector Mariano CAMINHADA PARA O TEMPO PASCAL Vidit et Credidit (Jo 20, 8) 0. NOTA INTRODUTÓRIA Eis que, agora, passadas as dores e os sofrimentos da Paixão do Senhor, chega a hora de, cheios de alegria, meditarmos a luz da Páscoa gloriosa de Cristo, no caminho da Galileia, ávidos da vinda do Espírito Santo. Para isso, é-nos proposta esta caminhada, cujo lema é tomado do Evangelho de João que iremos escutar na manhã gloriosa da Páscoa: “tunc ergo introivit et ille discipulus qui venerat primus ad monumentum et vidit et crediditEntrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou.” (Jo 20, 8). Esta declaração de fé por parte do Autor Sagrado impele-nos a, contemplado o túmulo vazio e atestada esta visão pela Igreja, proclamar a Ressurreição de Cristo, Senhor da Vida e Vencedor da Morte, pela nossa vida e testemunho, pela nossa devoção e oração. Como textos fundantes vamos, novamente, tomar a Liturgia da Palavra dominical e uma coletânea de textos do Papa Emérito Bento XVI e do Papa Francisco, de modo a, mais uma vez, escutarmos a Voz do Filho muito amado pelas Sagradas Letras e pela Tradição da Igreja Apostólica.

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Page 1: Caminhada da Pascoa

Juventude Mariana Vicentina do Sobreiro - Sector Mariano

CAMINHADA PARA O TEMPO PASCAL

Vidit et Credidit (Jo 20, 8)

0. NOTA INTRODUTÓRIA Eis que, agora, passadas as dores e os sofrimentos da Paixão do Senhor, chega a

hora de, cheios de alegria, meditarmos a luz da Páscoa gloriosa de Cristo, no

caminho da Galileia, ávidos da vinda do Espírito Santo.

Para isso, é-nos proposta esta caminhada, cujo lema é tomado do Evangelho de

João que iremos escutar na manhã gloriosa da Páscoa: “tunc ergo introivit et ille

discipulus qui venerat primus ad monumentum et vidit et credidit” – “Entrou

também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou.”

(Jo 20, 8). Esta declaração de fé por parte do Autor Sagrado impele-nos a,

contemplado o túmulo vazio e atestada esta visão pela Igreja, proclamar a

Ressurreição de Cristo, Senhor da Vida e Vencedor da Morte, pela nossa vida e

testemunho, pela nossa devoção e oração.

Como textos fundantes vamos, novamente, tomar a Liturgia da Palavra dominical

e uma coletânea de textos do Papa Emérito Bento XVI e do Papa Francisco, de

modo a, mais uma vez, escutarmos a Voz do Filho muito amado pelas Sagradas

Letras e pela Tradição da Igreja Apostólica.

Page 2: Caminhada da Pascoa

1. SEMANA APÓS SEMANA Começaremos por, na Semana da Oitava Pascal, meditar na beleza deste

momento: a Luz de Cristo que, definitivamente, vence as Trevas do Diabo, do

Tentador, do Pai de Mentira.

Nas subsequentes semanas iremos ter oportunidade de tomar e meditar cada um

dos dons do Espírito Santo, até à grande solenidade do Pentecostes.

Como símbolo desta caminhada, teremos o Círio Pascal que deverá ser adornado

a cada semana, segundo as indicações abaixo.

2. ORAÇÃO

A cada semana ser-nos-á proposto que a nossa oração diga respeito ao Dom do

Espírito que meditámos. Assim, à exceção das semanas das Solenidades da Páscoa

e do Pentecostes, será disponibilizada a oração de acordo com o dom meditado.

Nas duas semanas acima assinaladas propõe-se a oração da sequência prevista

para cada uma das Solenidades.

3. ATITUDE - COMPROMISSO

Nesta caminhada não existe nenhuma atitude concreta para além da tentativa

constante de, a cada semana, cultivar o dom do Espírito Santo que meditamos.

Page 3: Caminhada da Pascoa

… PARA NAVEGAR AO SOPRO DO ESPÍRITO SANTO!

(DA PÁSCOA AO PENTECOSTES)

PÁSCOA DO

SENHOR

Testemunhar alegremente a Ressurreição

do Senhor.

Sequência do Dia

de Páscoa

ATIVIDADE Temática Breve explicação do dom do Espírito

Santo

Oração Invocação

do Espírito Santo

II SEMANA DA

PÁSCOA

Colar

ou Inscrever

na vela

a chama da

Sabedoria

“Sempre de novo a pequena barca da Igreja

é abalada pelo vento das ideologias, que

com as suas águas penetram nela e parecem

condená-la a afundar. E contudo,

precisamente na Igreja sofredora Cristo é

vitorioso. Apesar de tudo, a fé n'Ele retoma

força sempre de novo. Também hoje o

Senhor ordena às águas e demonstra-se o

Senhor dos elementos. Ele permanece na

sua barca, na barca da Igreja” (Bento XVI,

Homilia, 29.6.2006)

SABEDORIA (SAPIÊNCIA):

É o dom de experimentar o sabor, o

gosto “conatural” da vida de Deus, da

sua vontade (bondade) amorosa, das

realidades divinas e a alegria de servir

o seu Espírito. A sabedoria das coisas

vividas em Deus não resulta de

nenhum esforço cerebral mas é dom

do Espírito. Os simples «sabem» mais

de Deus que os inteligentes...

Invocar

o dom

da Sabedoria

III SEMANA DA

PÁSCOA

Colar ou Inscrever

na vela

a chama do

Entendimento

“A vida humana é um caminho. Rumo a

qual meta? Como achamos o itinerário a

seguir? A vida é como uma viagem no mar

da história, com frequência enevoada e

tempestuosa, uma viagem na qual

perscrutamos os astros que nos indicam a

rota. As verdadeiras estrelas da nossa vida

são as pessoas que souberam viver com

retidão. Elas são luzes de esperança” (Bento

XVI, Spe Salvi, 49)

ENTENDIMENTO

(INTELIGÊNCIA):

É o dom de compreender e penetrar a

Palavra de Deus e alcançar o mistério

do amor proclamado, que é Jesus

Cristo, e ainda o dom de o atualizar;

Este dom permite o discernimento da

presença de Deus... Entender os

apelos de Deus não é uma questão de

superioridade intelectual, mas dom do

Espírito àqueles que humildemente

procuram a Deus...

Invocar

o dom

do Entendimento

Page 4: Caminhada da Pascoa

IV SEMANA DA

PÁSCOA

Colar ou Inscrever

na vela

a chama do

Conselho

“Mantende viva a vossa fé em Cristo, amai

a Igreja de que sois membros ativos. À

semelhança do que Cristo disse a Pedro,

repito a todos: Sede pescadores de

homens. Sobre a barca da Igreja todos nós

devemos remar. Ninguém se pode limitar a

ser espectador. «Toda a Igreja é chamada a

evangelizar» (E.N.66) (Card. Ângelo Sodano,

Homilia no Mosteiro dos Jerónimos,28.061998)

CONSELHO:

É o dom do discernimento da vontade

amorosa de Deus na vida concreta,

dos seus apelos nas várias situações e

acontecimentos da vida e do mundo,

da descoberta dos valores evangélicos,

de modo a viver uma vida santa e

agradável a Deus. É o dom da lucidez

da fé para interpretar os

acontecimentos.

Invocar

o dom

do Conselho

V SEMANA DA

PÁSCOA

Colar ou Inscrever

na vela

a chama da

Fortaleza

“Vimos que a fragilidade humana está

presente também na Igreja, que a barca da

Igreja continua a navegar inclusive com

vento contrário, com tempestades que

ameaçam a barca, e às vezes pensamos: «O

Senhor dorme e esqueceu-nos»” (Bento XVI,

Discurso, 11.06.2012)

FORTALEZA:

Anima a nossa fidelidade quotidiana.

Trata-se do dom da firmeza na opção

por Cristo, da fidelidade à identidade

cristã, da força para o “confessar” e

anunciar, para crescer na comunhão

com Ele e na esperança n’Ele. Trata-

se também de um dinamismo de

crescimento e de esperança em Jesus

Cristo. Perseverar no caminho da fé

não é uma questão de temperamento

forte mas um dom àqueles que

procuram e encontram em Deus a sua

força...

Invocar

o dom

da Fortaleza

VI SEMANA

DA PÁSCOA

Colar ou Inscrever

na vela

a chama da Ciência

Falando da Igreja disse Santo Ambrósio:

“Ela é esse navio que navega bem neste

mundo ao sopro do Espírito Santo, com as

velas da Cruz do Senhor plenamente

desfraldadas” (Catecismo da Igreja Católica, 845)

CIÊNCIA (CONHECIMENTO):

Trata-se do conhecimento da verdade

e do erro. O Espírito de Deus dá-nos

aquilo que a linguagem teológica se

chama «sensus fidei», uma espécie de

«sexto sentido» da fé. Trata-se da

ciência comum da vida cristã em

ordem a «ler» a vida e a valorá-la à luz

da Palavra de Deus. Faz a ligação

entre a fé e a Vida.

Invocar

o dom

da Ciência

Page 5: Caminhada da Pascoa

ASCENSÃO DO

SENHOR

Colar ou Inscrever

na vela a chama do

Piedade

Temor de Deus

Apesar de poder parecer às vezes, como

sucedeu no episódio evangélico da

tempestade acalmada (cf. Mc 4, 35-41; Lc 8, 22-

25), que Cristo dorme e deixa a sua barca à

mercê das ondas impetuosas, é pedido à

Igreja da Europa que cultive a certeza de

que o Senhor, através do dom do seu

Espírito, está sempre presente e ativo nela e

na história da humanidade. Ele prolonga

no tempo a sua missão, fazendo da Igreja

uma corrente de vida nova que flui dentro

da vida da humanidade como sinal de

esperança para todos” (João Paulo II, Ecclesia in

Europa 27)

Os documentos do Concílio Vaticano II,

sobre os quais é preciso meditar, são,

também para o nosso tempo, uma bússola

que permite à barca da Igreja fazer-se ao

largo, no meio de tempestades ou de ondas

calmas e tranquilas, para navegar com

segurança e chegar à meta (Bento XVI,

Audiência, 10 de Outubro 2012).

PIEDADE:

É o dom da relação confidente e de

confiança alegre com Deus e de uma

relação fraterna com os irmãos. O

Espírito é Aquele que reza em nós,

Aquele que nos dá a experiência da

filiação divina. Ele testemunha

interiormente em nós e cria em nós

aquela «conaturalidade» (à vontade) da

relação filial com Deus e ao mesmo

tempo é Aquele que realiza a

comunhão entre nós.

TEMOR DE DEUS

Trata-se da nossa dependência

criatural, da nossa adoração de Deus e

também das nossas limitações e das

nossas fraquezas perante a santidade e

a transcendência de Deus. Isto suscita

no crente o desejo de uma conversão

constante e permanente.

Invocar

o dom

da Piedade

e

do Temor

de

Deus

Page 6: Caminhada da Pascoa

VIGÍLIA E DIA

DE

PENTECOSTES

TRAZER O

BARCO

PRONTO, COM

O CÍRIO

(MASTRO)

E A (S) VELA (S)

= 7 DONS DO

ESPÍRITO

SANTO

“O Espírito é como o vento que sopra a

vela da grande barca da Igreja. Esta,

todavia, considerando bem, vale-se de

outras inúmeras pequenas velas que são os

corações de cada um dos batizados. Cada

um, caríssimos, é convidado a içar a

própria vela e a desfraldá-la com coragem,

para permitir ao Espírito agir com toda a

Sua força santificadora.

Consentindo ao Espírito agir na própria

história pessoal, oferece-se também o

melhor contributo à missão da Igreja. Não

tenhais medo de desfraldar a vossa vela ao

sopro do Espírito!

Deixai que a Sua força da verdade e do

amor anime cada dimensão da vossa jovem

existência” (João Paulo II, Discurso aos

seminaristas, 30-04.1998)

“Içar a própria vela e desfraldá-la com

coragem” (J. Paulo II)!

"Chamam por mim as águas,

Chamam por mim os mares.

Chamam por mim,

levantando uma voz corpórea,

os longes,

as épocas marítimas

todas sentidas no passado,

a chamar”.

Álvaro de Campos,

Ode Marítima

“Faz-te ao mar”!

(Lc.5,4)

Rezar a Sequência

do Pentecostes

Page 7: Caminhada da Pascoa

DOMINGO DE PÁSCOA Passo Bíblico: Jo 20, 1-9 No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predilecto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos. Da Mensagem Urbi et Orbi do Papa Emérito Bento XVI pela Páscoa de 2012: «Surrexit Christus, spes mea – Ressuscitou Cristo, minha esperança» (Sequência Pascal). A todos vós chegue a voz jubilosa da Igreja, com as palavras que um antigo hino coloca nos lábios de Maria Madalena, a primeira que encontrou Jesus ressuscitado na manhã de Páscoa. Ela correu ao encontro dos outros discípulos e, emocionada, anunciou-lhes: «Vi o Senhor!» (Jo 20, 18). Hoje também nós, depois de termos atravessado o deserto da Quaresma e os dias dolorosos da Paixão, damos largas ao brado de vitória: «Ressuscitou! Ressuscitou verdadeiramente!» Reflexão: Somos, então, convidados a entrar no Sepulcro. Lá dentro paira silêncio. Não um

silêncio de morte, de fim, mas um silêncio promissor, que deixa prever a

proximidade de algo maior.

A pedra rolada, a azáfama daquela mulher, as ligaduras e o sudário, tudo isto é

muito estranho. Não estava Ele morto? Não tínhamos vindo também depositá-l’O

neste nicho, neste lugar cavado na rocha, quando já brilhava a Lua de Sábado?

Então como pode isto ser?

Eis como: Ele Ressuscitou! Já não há morte, nem fim, nem choro. A luz vem

donde antes só vinha breu, a Vida surge donde antes só surgia morte.

Surrexit Christus, spes mea. De facto, a nossa Esperança não foi em vão. Cristo

venceu, quando já tudo parecia perdido. Acabou a vida finita para a qual

estávamos naturalmente guardados. Surge agora a Vida sem fim para os que a

quiserem abraçar.

Surrexit Dominus vere! Aleluia!

Page 8: Caminhada da Pascoa

DOMINGO II DO TEMPO PASCAL Passo Bíblico: Jo 20, 19-31 Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco» Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Da Audiência Geral do Papa Emérito Bento XVI de 27 de Setembro de 2006: Depois, muito conhecida e até proverbial é a cena de Tomé incrédulo, que aconteceu oito dias depois da Páscoa. Num primeiro momento, ele não tinha acreditado em Jesus que apareceu na sua ausência, e dissera: "Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito" (Jo 20, 25). No fundo, destas palavras sobressai a convicção de que Jesus já é reconhecível não tanto pelo rosto quanto pelas chagas. Tomé considera que os sinais qualificadores da identidade de Jesus são agora sobretudo as chagas, nas quais se revela até que ponto Ele nos amou. Nisto o Apóstolo não se engana. Como sabemos, oito dias depois Jesus aparece no meio dos seus discípulos, e desta vez Tomé está presente. E Jesus interpela-o: "Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!" (Jo 20, 27). Tomé reage com a profissão de fé mais maravilhosa de todo o Novo Testamento: "Meu Senhor e meu Deus!" (Jo 20, 28). A este propósito, Santo Agostinho comenta: Tomé via e tocava o homem, mas confessava a sua fé em Deus, que não via nem tocava. Mas o que via e tocava levava-o a crer naquilo de que até àquele momento tinha duvidado" (In Iohann. 121, 5). O evangelista prossegue com uma última palavra de Jesus a Tomé: "Porque me viste, acreditaste. Felizes os que, sem terem visto, crerão" (cf. Jo 20, 29). Esta frase também se pode conjugar no presente; "Bem-aventurados os que crêem sem terem visto". Reflexão: E eis que nos encontramos na Companhia dos Apóstolos. E eis que, no meio deles surge o Senhor Jesus. Contudo o Cenáculo não está completo… Nele falta Tomé. A sua ausência mostra-nos que não estava toda a Igreja reunida, não estava assegurada a comunhão e, por isso, confrontado com a aparição de Jesus ao resto dos discípulos, Tomé recusa-se a acreditar. Na semana seguinte Jesus, condescendente e cheio de amor pelos seus, aparece novamente aos discípulos e dá a Tomé a oportunidade experimentar a sua presença, provando-a com as marcas da morte. Tal como Tomé, também nós somos convidados a deixarmos de ter as provas físicas como as únicas dignas de fé. Assim, aprendemos que só o Amor é digno de fé.

Page 9: Caminhada da Pascoa

DOMINGO III DO TEMPO PASCAL Passo Bíblico: Jo 21, 1-19 Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos de Jesus. Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar». Eles responderam-lhe: «Nós vamos contigo». Saíram de casa e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper da manhã, Jesus apresentou-Se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Disse-lhes Jesus: «Rapazes, tendes alguma coisa de comer?». Eles responderam: «Não». Disse-lhes Jesus: «Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis». Eles lançaram a rede e já mal a podiam arrastar por causa da abundância de peixes. O discípulo predilecto de Jesus disse a Pedro: «É o Senhor». Da Audiência Geral do Papa Emérito Bento XVI de 9 de Agosto de 2006: Aquele texto áureo de espiritualidade que é o pequeno livro do final da Idade Média intitulado Imitação de Cristo escreve a este propósito: "O nobre amor de Jesus estimula-nos a realizar coisas grandes e a desejar coisas sempre mais perfeitas. O amor quer estar no alto e não ser aprisionado por baixeza alguma. O amor quer ser livre e separado de qualquer afecto mundano... de facto, o amor nasceu de Deus, e só pode repousar em Deus acima de todas as coisas criadas. Quem ama voa, corre e rejubila, é livre, e nada o retém. Dá tudo a todos e tem tudo em todas as coisas, porque encontra repouso no Único grande que está acima de todas as coisas, do qual brota e provém qualquer bem" (livro III, cap. 5). Qual melhor comentário do que o "mandamento novo", enunciado por João? Pedimos ao Pai que o possamos viver, mesmo se sempre de modo imperfeito, tão intensamente que contagiemos a todos os que encontrarmos no nosso caminho. Reflexão: Mais uma vez se destaca a rapidez e destreza do “discípulo predilecto”: É o primeiro a ter percepção da presença do Senhor ressuscitado. Mais uma vez, “viu e acreditou”. “Viu” o que mais ninguém tinha visto e “acreditou” no que lhe fora revelado. De facto, o desafio que nos é deixado passa por sabermos ver aquilo que Deus nos revela e entendermos essa mesma revelação.

Page 10: Caminhada da Pascoa

DOMINGO IV DO TEMPO PASCAL Passo Bíblico: Jo 10, 27-30 Naquele tempo, disse Jesus: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos, e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só». Da Homilia do Papa Francisco na Missa Crismal 2013: As vestes sagradas do Sumo Sacerdote são ricas de simbolismos; um deles é o dos nomes dos filhos de Israel gravados nas pedras de ónix que adornavam as ombreiras do efod, do qual provém a nossa casula actual: seis sobre a pedra do ombro direito e seis na do ombro esquerdo (cf. Ex 28, 6-14). Também no peitoral estavam gravados os nomes das doze tribos de Israel (cf. Ex 28, 21). Isto significa que o sacerdote celebra levando sobre os ombros o povo que lhe está confiado e tendo os seus nomes gravados no coração. Quando envergamos a nossa casula humilde pode fazer-nos bem sentir sobre os ombros e no coração o peso e o rosto do nosso povo fiel, dos nossos santos e dos nossos mártires, que são tantos neste tempo. Depois da beleza de tudo o que é litúrgico – que não se reduz ao adorno e bom gosto dos paramentos, mas é presença da glória do nosso Deus que resplandece no seu povo vivo e consolado –, fixemos agora o olhar na acção. O óleo precioso, que unge a cabeça de Aarão, não se limita a perfumá-lo a ele, mas espalha-se e atinge «as periferias». O Senhor dirá claramente que a sua unção é para os pobres, os presos, os doentes e quantos estão tristes e abandonados. A unção, amados irmãos, não é para nos perfumar a nós mesmos, e menos ainda para que a conservemos num frasco, pois o óleo tornar-se-ia rançoso... e o coração amargo. O bom sacerdote reconhece-se pelo modo como é ungido o seu povo; temos aqui uma prova clara. Nota-se quando o nosso povo é ungido com óleo da alegria; por exemplo, quando sai da Missa com o rosto de quem recebeu uma boa notícia. O nosso povo gosta do Evangelho quando é pregado com unção, quando o Evangelho que pregamos chega ao seu dia a dia, quando escorre como o óleo de Aarão até às bordas da realidade, quando ilumina as situações extremas, «as periferias» onde o povo fiel está mais exposto à invasão daqueles que querem saquear a sua fé. As pessoas agradecem-nos porque sentem que rezámos a partir das realidades da sua vida de todos os dias, as suas penas e alegrias, as suas angústias e esperanças.

Page 11: Caminhada da Pascoa

Reflexão: Já a meio deste percurso pascal o Senhor recorda-nos algo que já meditámos no Caminho Quaresmal: o seu amor protector, o seu cuidado, o seu abraço. No entanto, neste momento Jesus manifesta esse abraço de uma forma diferente: É Ele que nos abraça, directamente, sem reservas, sem metáforas. Agora: “Eu conheço…”, “Eu dou-lhes...”, “Eu e o Pai somos um só”. Claramente compreendemos agora que aquele abraço que acolheu o filho pródigo é o mesmo para o qual somos convidados, e os braços de Cristo escancarados na Cruz são o maior dos convites. Contudo, à primeira vista, teríamos um problema extremamente prático: se Jesus subiu aos céus quem é que nos vai abraçar? Seria este convite só para os circunstantes de Jesus, limitando este abraço num espaço-tempo concreto? Obviamente que não. Então quem é que nos abraça? O segundo texto que ouvimos aponta a resposta: “o bom sacerdote…” É o ministério sacerdotal, instituído por Jesus e herdado pela Igreja Apostólica, o agente deste abraço. No fim desta semana de Oração pelas Vocações rezemos pelo nosso clero, para que seja fortalecido e amparado, e também por todos nós, para que ouçamos os desafios que o Senhor nos aponta e os desejos íntimos do Seu Coração a nosso respeito.

Page 12: Caminhada da Pascoa

DOMINGO V DO TEMPO PASCAL

Passo Bíblico: Jo 13, 31-33a.34-35 Quando Judas saiu do Cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora foi glorificado o Filho do homem, e Deus foi glorificado n’Ele. Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo e glorificá-l’O-á sem demora. Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos:se vos amardes uns aos outros». Da Homilia do Papa Emérito Bento XVI de 2 de Maio de 2010: Jesus fala de um "novo mandamento". Mas qual é a sua novidade? Já no Antigo Testamento, Deus tinha dado o mandamento do amor; agora, porém, este mandamento tornou-se novo, enquanto Jesus lhe acrescenta um suplemento muito importante: "Assim como Eu vos amei, vós também vos deveis amar uns aos outros". O que é novo é precisamente este "amar como Jesus amou". Todo o nosso amor é precedido pelo seu amor e refere-se a este amor, insere-se neste amor, realiza-se precisamente por este amor. O Antigo Testamento não apresentava modelo algum de amor, mas formulava apenas o preceito de amar. Jesus, ao contrário, deu-se-nos como modelo e fonte de amor. Trata-se de um amor sem limites, universal, capaz de transformar também todas as circunstâncias negativas e todos os obstáculos em ocasiões para progredir no amor. E vemos nos santos desta Cidade a realização deste amor, sempre da fonte do amor de Jesus. Reflexão: Permitia-me apenas chamar à atenção para um pequeno pormenor deste passo: a narração do mandamento do amor no Evangelho que escutámos inicia-se após a saída de Judas do Cenáculo. Judas destaca-se do grupo, opta por ficar de parte, escolhe agir por si, sem seguir o caminho que Jesus apontava. Em suma, Judas, voluntariamente, excluiu-se da sua Salvação, isto é, condenou-se. É um perigo constante. Da forma que nos encontramos num ambiente eclesial, também Judas fazia parte dos Doze. Por isso, se não houver vigilância, nada está garantido. Acolhamos o caminho que Jesus nos aponta, pratiquemo-lo na Igreja, supliquemos a Fortaleza do Espírito e a nossa Salvação.

Page 13: Caminhada da Pascoa

DOMINGO VI DO TEMPO PASCAL Passo Bíblico: Jo 14, 23-29 «Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes que Eu vos disse: Vou partir, mas voltarei para junto de vós. Se Me amásseis, ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu. Disse-vo-lo agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer, acrediteis». Da Mensagem Urbi et Orbi do Papa Francisco pela Páscoa 2013: Eis, portanto, o convite que dirijo a todos: acolhamos a graça da Ressurreição de Cristo! Deixemo-nos renovar pela misericórdia de Deus, deixemo-nos amar por Jesus, deixemos que a força do seu amor transforme também a nossa vida, tornando-nos instrumentos desta misericórdia, canais através dos quais Deus possa irrigar a terra, guardar a criação inteira e fazer florir a justiça e a paz. E assim, a Jesus ressuscitado que transforma a morte em vida, peçamos para mudar o ódio em amor, a vingança em perdão, a guerra em paz. Sim, Cristo é a nossa paz e, por seu intermédio, imploramos a paz para o mundo inteiro. (…) Paz para o mundo inteiro, ainda tão dividido pela ganância de quem procura lucros fáceis, ferido pelo egoísmo que ameaça a vida humana e a família – um egoísmo que faz continuar o tráfico de pessoas, a escravatura mais extensa neste século vinte e um. O tráfico de pessoas é realmente a escravatura mais extensa neste século vinte e um! Paz para todo o mundo dilacerado pela violência ligada ao narcotráfico e por uma iníqua exploração dos recursos naturais. Paz para esta nossa Terra! Jesus ressuscitado leve conforto a quem é vítima das calamidades naturais e nos torne guardiões responsáveis da criação. Amados irmãos e irmãs, originários de Roma ou de qualquer parte do mundo, a todos vós que me ouvis, dirijo este convite do Salmo 117: «Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterno o seu amor. Diga a casa de Israel: É eterno o seu amor» (vv. 1-2) Reflexão: Paz: Eis a promessa de Jesus. Contudo, esta paz não é uma mera ausência de guerra. A paz de Cristo é uma “quietude espiritual”, é a ordenação das realidades da nossa vida na pessoa de Cristo, o encontro de um refúgio seguro, apenas possível em Jesus. Contudo, Jesus vai partir, Ele mesmo no-lo diz; vai para junto do Pai. Deste modo, se Jesus é a nossa paz, e se Jesus vai para o Pai, então a nossa Paz está também no encontro com o Pai. Ordenemos o nosso coração para desejar este encontro, para suplicar como Moisés: “Mostra-me o Teu rosto.” Só este encontro nos completa, só este rosto nos ilumina, só esta paz nos pacifica.

Page 14: Caminhada da Pascoa

ASCENSÃO DO SENHOR Passo Bíblico: Lc 24, 46-53 «Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos com a força do alto». Depois Jesus levou os discípulos até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-Se deles e foi elevado ao Céu. Eles prostraram-se diante de Jesus, e depois voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus. Da Oração da Regina Caeli do Papa Emérito Bento XVI de 16 de Maio de 2010: O Senhor atrai o olhar dos Apóstolos o nosso olhar para o Céu a fim de lhes indicar como percorrer o caminho do bem durante a vida terrena. Contudo, Ele permanece na trama da história humana, está próximo a cada um de nós e guia o nosso caminho cristão: é companheiro dos perseguidos por causa da fé, está no coração de todos os que são marginalizados, está presente naqueles aos quais é negado o direito à vida. Podemos ouvir, ver e tocar o Senhor Jesus na Igreja, sobretudo mediante a palavra e os sacramentos. A este propósito, exorto os adolescentes e os jovens que neste tempo pascal recebem o sacramento da Confirmação, a permanecer fiéis à Palavra de Deus e à doutrina aprendida, assim como a frequentar assiduamente a Confissão e a Eucaristia, conscientes de terem sido escolhidos e constituídos para testemunhar a Verdade. Renovo depois o meu convite particular aos irmãos no Sacerdócio, para que "na sua vida e acção se distingam por um forte testemunho evangélico" (Carta de proclamação do Ano Sacerdotal) e saibam utilizar com sabedoria também os meios de comunicação, para fazer conhecer a vida da Igreja e ajudar os homens de hoje a descobrir o rosto de Cristo (cf. Mensagem para o XLVI Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24.1.2010). Reflexão: Ascensão não é abandono. É mais um gesto de humildade e submissão de Jesus. Depois de cumprida a sua missão, Jesus entrega ao Pai o fruto do seu trabalho: a humanidade com a hipótese da Redenção. Mais do que isso, Jesus, abrasado de amor pelos Apóstolos, não os deixa sós mas pede-lhes que aguardem até que sejam “revestidos com a força do alto”. Em suma, na Ascensão do Senhor é-nos recordada a nossa meta: a eternidade, o céu, o convívio eterno com o Pai. Mantenhamos o olhar na meta.

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DOMINGO DE PENTECOSTES Passo Bíblico: Jo 20, 19-23 Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Da Homília do Papa Emérito Bento XVI de 23 de Maio de 2010: Amados irmãos, disto deriva um critério prático de discernimento para a vida cristã: quando uma pessoa, ou uma comunidade, se fecha no seu próprio modo de pensar e de agir, é sinal que se afastou do Espírito Santo. O caminho dos cristãos e das Igrejas particulares deve confrontar-se sempre com o da Igreja, una e católica, e harmonizar-se com ele. Isto não significa que a unidade criada pelo Espírito Santo é uma espécie de igualitarismo. Pelo contrário, ela é sobretudo o modelo de Babel, ou seja, a imposição de uma cultura da unidade que poderíamos definir "técnica". Com efeito, a Bíblia diz-nos (cf. Gn 11, 1-9) que em Babel todos falavam uma só língua. Pelo contrário, no Pentecostes os Apóstolos falam línguas diferentes, de modo que cada um compreenda a mensagem no seu próprio idioma. A unidade do Espírito manifesta-se na pluralidade da compreensão. A Igreja é por sua natureza una e múltipla, destinada como está a viver em todas as nações, em todos os povos e nos mais diversificados contextos sociais. Ela responde à sua vocação, de ser sinal e instrumento de unidade de todo o género humano (cf. Lumen gentium, 1), apenas se permanece autónoma de qualquer Estado e de toda a cultura particular. Sempre e em cada lugar, a Igreja deve ser verdadeiramente católica e universal, a casa de todos, onde cada um se pode encontrar. Reflexão: Somos, então, defrontados mais uma vez com este passo do Evangelho de João. No entanto, embora já o tenhamos ouvido no fim da Oitava Pascal, neste momento o seu significado plenifica-se com a celebração da Solenidade que encerra a Celebração do Tempo Pascal: o Pentecostes. Nela damos graças ao Senhor porque, na Sua infinita misericórdia se dignou permitir aos homens a entrada no abraço trinitário, enviando o Espírito Santo. Ele é o Santificador que, através do Redentor, encaminha a criação de volta ao Criador. Veni, Sancte Spiritus! – Vinde, Espírito Santo! Só Vós nos dais o conforto espiritual e animais a nossa alma para as lutas hodiernas. Vós, Paráclito consolador, defendei a nossa alma das insídias do Maligno, enchendo-nos dos vossos dons. Veni, Sancte Spiritus! – Vinde, Espírito Santo!