cama de cimento - pronto

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CHIAVERINI, Tomás. Cama de Cimento: uma reportagem sobre o povo das ruas. 1º ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. Tomás Chiaverini nasceu em São Paulo no ano de 1981, formado em jornalismo em 2004, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Logo que se formou começou a trabalhar como free- lancer, passou cinco meses na região do Amazônia elaborando reportagens sobre conflitos indígenas. No ano de 2005 dedicou-se para a elaboração do livro Cama de Cimento, que retrata a vida dos moradores de rua. Para isso, teve que se disfarçar de morador de rua, passando as noites nas ruas ou em baixo de viadutos, e algumas noites em albergues da prefeitura. Com isso alem, de presenciar a vida dos mendigos pode entrevistar vários desabrigados, saber o que os levaram a tal situação e a possibilidade de sair das ruas. Cama de cimento: uma reportagem sobre o povo das ruas trata-se de um livro-reportagem, publicado no Rio de Janeiro pela editora Ediouro no ano de 2007. E tem como objetivo falar sobre as pessoas desabrigadas de São Paulo, os albergues das prefeituras e a marginalidade contra os moradores de ruas. Em sua obra Tomas conta a historia de alguns moradores, o que os levaram a serem moradores de ruas, na maioria dos casos, a procura de uma oportunidade de emprego em São Paulo fez com que eles saíssem de suas cidades, alguns relatam que foi devido a briga familiar, ou devido a vícios que mantinham e a família não aceitava. Há ainda crianças que saem de casa e vão para as ruas, pois em casa são agredidas, geralmente pelo companheiro de seu pai/mãe.

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Page 1: Cama de Cimento - Pronto

CHIAVERINI, Tomás. Cama de Cimento: uma reportagem sobre o povo das ruas.

1º ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.

Tomás Chiaverini nasceu em São Paulo no ano de 1981, formado em

jornalismo em 2004, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Logo que se

formou começou a trabalhar como free-lancer, passou cinco meses na região do

Amazônia elaborando reportagens sobre conflitos indígenas.

No ano de 2005 dedicou-se para a elaboração do livro Cama de Cimento, que

retrata a vida dos moradores de rua. Para isso, teve que se disfarçar de morador de

rua, passando as noites nas ruas ou em baixo de viadutos, e algumas noites em

albergues da prefeitura. Com isso alem, de presenciar a vida dos mendigos pode

entrevistar vários desabrigados, saber o que os levaram a tal situação e a

possibilidade de sair das ruas.

Cama de cimento: uma reportagem sobre o povo das ruas trata-se de um

livro-reportagem, publicado no Rio de Janeiro pela editora Ediouro no ano de 2007.

E tem como objetivo falar sobre as pessoas desabrigadas de São Paulo, os

albergues das prefeituras e a marginalidade contra os moradores de ruas.

Em sua obra Tomas conta a historia de alguns moradores, o que os levaram a

serem moradores de ruas, na maioria dos casos, a procura de uma oportunidade de

emprego em São Paulo fez com que eles saíssem de suas cidades, alguns relatam

que foi devido a briga familiar, ou devido a vícios que mantinham e a família não

aceitava. Há ainda crianças que saem de casa e vão para as ruas, pois em casa são

agredidas, geralmente pelo companheiro de seu pai/mãe.

Quase que unanime, os moradores de ruas tornam-se viciados, geralmente

em álcool, por ser uns dos vícios mais barato para se manter. Usam o vicio como

uma forma de saída para esquecer os problemas e até mesmo para suportar os frios

das madrugadas de inverno.

Tomas traz no texto alguns dados sobre os vícios no Brasil, sendo no topo do

ranking o álcool com 68,7% do total, seguido pelo cigarro com 41,1%, pela

maconha, 6,9%. Os solventes estão em quarto lugar com 5,8% e a cocaína ocupa a

sétima posição com 2,3%.

O álcool quando ministrado juntamente com outra droga faz com que seu

efeito seja ainda maior e pode até mesmo levar a morte, mais ainda levando em

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consideração que os moradores de ruas não possuem uma alimentação adequada,

dificilmente quando comem.

Durante a noite os albergues da cidade que são mantidos pela prefeitura,

recolhem os desabrigados para passar apenas a noite nessas casas. Alguns se

recusam a ir, devido não ser mais acostumados a terem regras, pois nos albergues

tem hora para comer, para tomar banho, para dormir e para sair, além das estruturas

serem na maioria dos casos precárias.

A obra traz um fato curioso que não foi possível ser provado. No ano de 1960,

no estado de Guanabara, atualmente Rio de Janeiro, o então governador Carlos

Lacerda, foi acusado de esta promovendo a higienização do estado através do

extermínio dos mendigos, pois foram encontrados vários corpos boiando no rio

Guandu. Pela falta de provas, nada foi feito.

Fazendo uma ligação da obra com a Constituição Federal nos deparamos

com a violação de alguns fundamentos constitucionais. Podemos citar a principio a

dignidade da pessoa humana.

Para que se possa viver com dignidade é necessário o mínimo existencial. A

dignidade é essencialmente um atributo da pessoa humana pelo simples fato de ser

humana, merece respeito, independente da sua origem, a sua raça, sexo, idade,

estado civil ou independentemente da sua condição social e econômica.

A dignidade da pessoa humana é um principio fundamental, sendo inerente a

todas as pessoas, visa proteger o ser humano contra tudo que lhe possa levar ao

menoscabo.

Segundo Ingo Wolfgang Sarlet, cada ser humano, em virtude de sua

dignidade, merecedor de igual respeito e consideração no que diz com sua condição

de pessoa, e que tal dignidade não poderá ser violada ou sacrificada, nem mesmo

para preservar a dignidade de terceiros.

No segundo fundamento violado destacamos o que traz o art 3°, “erradicar a

pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”. Na

emenda constitucional n° 31, de 14 de dezembro de 2000, temos no art. 80 o que

compõem o fundo de combate à erradicação da pobreza. Mesmo com tantas normas

para se respaldar, o numero de moradores de ruas, os que vivem em condições de

pobreza esta em ascensão. Talvez a forma adotada pelo Brasil em suas infinitas

bolsas (família, gás, novela, etc.,) não seja a mais adequada, pois em alguns casos,

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as pessoas tem a ajuda do governo e preferem continuar na pobreza para ter essa

ajuda do que estudar e procurar um emprego, acaba que sendo cômodo.

No art 5°, onde se trata dos direitos e garantias fundamentais, temos a

violação da igualdade e da segurança. No dicionário de direitos humanos, a

definição de igualdade é como um valor que reconhece que todos são iguais perante

a lei. O conceito esta ligado ao principio da não discriminação, portanto não pode

haver discriminação entre pessoas por terem realizado determinadas escolhas. É

nítido a desigualdade social em relação aos moradores de ruas, esses que nem são

notados pela sociedade, a não ser quando esta atrapalhando a passagem em

alguma loja, ou quando estão pedindo o que comer, mas também não se pode

generalizar, pois alguns desses moradores de ruas são uma ameaça para a

sociedade, por matarem ou roubarem, mas isso também se da devido a falta de um

Estado com políticas publicas para adaptação e reinserção desse individuo na

sociedade.

A segurança faz as pessoas se sentirem confortáveis, tranquilas, sem medos

e ameaças constantes. É um direito individual, o Estado deve assegurar a todos os

residentes e domiciliados a ter segurança garantida. Assim como a igualdade a

segurança também deixa a desejar. É fato a violência contra os moradores de ruas,

que às vezes parte até mesmo daqueles que praticam a segurança publica, os

próprios policiais. Como retratado no livro, pessoas abastadas comete violência a

esses que estão jogados nas ruas, ateiam fogo e se deslumbrar por ver os mendigos

ser queimados vivo. Esses desocupados usam isso como mera distração, aventura,

e são capazes de se enaltecerem por tamanha ousadia.

O art 6° da constituição traz: “são direitos sociais a educação, a saúde, a

alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a

proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma

desta constituição”. Este artigo só confirma o total descaso do Estado com os

desabrigados, pois nenhum desses direitos é respeitado.

Pelo conteúdo descritivo da obra, dos fatos verídicos coletado nas ruas de

São Paulo, Cama de Cimento é uma obra recomendada para todas as pessoas que

desenvolve alguma atividade voltada para as relações humanas, até mesmo para

pessoas que acham que esses que moram na rua não são humanos que não

precisam de ajuda, é uma obra indicada para a população em geral, e ainda serve

como uma base para abrirmos os olhos para a realidade de muitos e para termos

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capacidade e fundamento de cobrar de nossos políticos, que em época de

campanha comprometem-se em varias quesitos mais quando são eleitos, não fazem

o mínimo que se falou, esquecendo-se dos menos favorecidos que são os que mais

necessitam de apoio do Estado, precisam de oportunidades para aprender uma

profissão e poder voltar para o mercado de trabalho e ter a capacidade de se

sustentarem, para que sejam garantidos seus direitos de acordo como esta na

constituição.