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CALENDÁRIO 2014 MATERIAIS COMPLEMENTARES 1 INFORMAÇÃO E REFLEXÃO DIA 25 DE DEZEMBRO NATAL 1. REFLETINDO SOBRE O SENTIDO DO NATAL O Natal é uma festa cristã que celebra o nascimento de Jesus Cristo, que nos remete à união da família, à fraternidade e à solidariedade entre os homens e que é comemorada amplamente também entre os não cristãos. Tradicionalmente, o Natal é uma festividade marcada por símbolos e costumes pré-cristãos que foram sendo adaptados, popularizados e modernizados: a montagem de presépio, a troca de presentes e cartões, ceia e músicas natalinas, festas de igreja, decorações típicas (como as árvores, pisca-piscas e guirlandas) e a presença do Papai Noel (figura mitológica popular em muitos países, associada à distribuição de presentes para crianças). Nas últimas décadas, temos assistido a uma migração dos costumes familiares de confraternização para a exacerbação do consumo. Na maior parte do mundo, o Natal tornou-se uma festa essencial para varejistas e empresas, responsável por um aumento significativo na atividade econômica. Junto com o dia das mães, é a data que mais gera lucro aos lojistas. Inspirados no artigo da psicóloga Laís Fontenelle , do Instituto Alana, sobre “o significado do Natal e a mensagem que transmitimos às nossas crianças” 1 , convidamos você a refletir sobre essa transferência do significado de fraternidade para o de consumismo. Devemos nos questionar se estamos comemorando o Natal de forma coerente com os valores humanos intrínsecos a essa celebração. Afinal, o que temos transmitido para nossas crianças quando tornamos o valor dos presentes mais importante do que o ato de confraternizar e celebrar a reunião da família? 1 http://defesa.alana.org.br/post/38143392986/significado-natal-criancas

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CALENDÁRIO 2014 MATERIAIS COMPLEMENTARES

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INFORMAÇÃO E REFLEXÃO

DIA 25 DE DEZEMBRO – NATAL

1. REFLETINDO SOBRE O SENTIDO DO NATAL O Natal é uma festa cristã que celebra o nascimento de Jesus Cristo, que nos remete à união da família, à fraternidade e à solidariedade entre os homens e que é comemorada amplamente também entre os não cristãos. Tradicionalmente, o Natal é uma festividade marcada por símbolos e costumes pré-cristãos que foram sendo adaptados, popularizados e modernizados: a montagem de presépio, a troca de presentes e cartões, ceia e músicas natalinas, festas de igreja, decorações típicas (como as árvores, pisca-piscas e guirlandas) e a presença do Papai Noel (figura mitológica popular em muitos países, associada à distribuição de presentes para crianças). Nas últimas décadas, temos assistido a uma migração dos costumes familiares de confraternização para a exacerbação do consumo. Na maior parte do mundo, o Natal tornou-se uma festa essencial para varejistas e empresas, responsável por um aumento significativo na atividade econômica. Junto com o dia das mães, é a data que mais gera lucro aos lojistas. Inspirados no artigo da psicóloga Laís Fontenelle, do Instituto Alana, sobre “o significado do Natal e a mensagem que transmitimos às nossas crianças”1, convidamos você a refletir sobre essa transferência do significado de fraternidade para o de consumismo. Devemos nos questionar se estamos comemorando o Natal de forma coerente com os valores humanos intrínsecos a essa celebração. Afinal, o que temos transmitido para nossas crianças quando tornamos o valor dos presentes mais importante do que o ato de confraternizar e celebrar a reunião da família?

1 http://defesa.alana.org.br/post/38143392986/significado-natal-criancas

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2. REFLEXÃO COMPLEMENTAR: O RESGATE DO SENTIDO ORIGINAL

Sem sermos nostálgicos, mas resgatando a história desta data, relembramos que há poucas décadas, tias, avós e mães costuravam, tricotavam ou bordavam roupas e bonecas para presentear as crianças. Hoje, por terem conquistado o mercado de trabalho, não existe mais tempo para isso. As famílias deixavam o presente desejado por meses para o Papai Noel entregar e as crianças esperavam por ele com muita expectativa. Hoje, a compra de muitos e caros presentes, paradoxalmente, não representa o aumento de felicidade das crianças que os recebem. Sempre houve troca de presentes na véspera de 25 de Dezembro. Entretanto, a magia do Natal era o que mais nos encantava. Acreditávamos no Papai Noel durante anos (ou fingíamos acreditar, afinal, era uma fantasia maravilhosa), ouvíamos os sininhos das renas e tínhamos certeza de que havíamos visto seu rastro no céu! Os presentes também eram diferentes, pois promoviam a interação entre as crianças. Hoje, os brinquedos muitas vezes são caros, sofisticados e rapidamente descartados por estarem “obsoletos” ou ultrapassados. E, assim, aquilo que deveria servir para a diversão dos pequenos geralmente é pouco aproveitado, permanece amontoado em armários e raramente é doado ou trocado. É muito comum e natural que as crianças queiram os brinquedos que as publicidades e desenhos de televisão lhes oferecem diariamente, mas será que não há outra forma de celebrar essa data? Segundo Laís, isso pode ser mudado: “Acredito que há uma luz no fim do túnel quando vejo a poesia das crianças que conseguem, se bem conduzidas por um adulto, endereçar como pedido de Natal nas suas cartinhas coisas como paz, borboletas, alegria – e vi isso em murais de escolas. Chegar nesse ponto, no entanto, requer diálogo entre adultos e crianças já que, sem dúvida, o mais fácil é mesmo listar os últimos lançamentos de brinquedos”. Seguindo as dicas da psicóloga, para lutar contra o consumo exagerado podemos pensar em alternativas, como dar “presentes feitos em casa e junto com as crianças. Receitas, recortes, desenhos e colagens são bem-vindos. Podemos também doar brinquedos e roupas usados para que os novos cheguem”. Devemos lembrar que nenhum brinquedo substitui o brincar, que pode ser realizado com qualquer objeto (lata, pneu, bola, caixa, papel ou um sabugo de milho, como o famoso Visconde de Sabugosa, do sítio do Pica Pau Amarelo). A própria confecção do brinquedo é uma forma de brincar. Portanto, nesta data vamos parar para refletir sobre o significado do Natal, uma reflexão urgente que convidamos a todos a fazer!

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3. PARA SABER MAIS

Instituto Alana: http://alana.org.br/#sobre O Alana trabalha para encontrar caminhos transformadores para as novas gerações, buscando um mundo sustentável e de excelentes relações humanas. Para tanto, estruturou-se em três frentes: o Instituto Alana, o Alanapar e a Alana Foundation.

Criança e consumo: http://alana.org.br/project/crianca-e-consumo/ O objetivo do Projeto Criança e Consumo é divulgar e debater ideias sobre as questões relacionadas à publicidade dirigida às crianças, assim como apontar caminhos para minimizar e prevenir os prejuízos decorrentes dessa comunicação mercadológica. Criado em 2006, o Projeto é multidisciplinar e atua em diferentes esferas para promover o tema e fomentar o diálogo. Recebe denúncias de pais e educadores sobre publicidade abusiva dirigida às crianças e atua por meio de ações jurídicas, pesquisa, educação e advocacy, influenciando a formulação de políticas públicas e o amplo debate na sociedade civil.

Criança, a Alma do Negócio: http://www.youtube.com/watch?v=ur9lIf4RaZ4

Documentário que mostra como, no Brasil, o público infantil se tornou o alvo preferencial da publicidade. As crianças são bombardeadas por mensagens que estimulam o consumo e que falam diretamente com elas não só sobre brinquedos, mas também sobre alimentos, carros e até produtos de limpeza.