caleidoscópio: outro olhar sobre o lugar nº 2, ano ii 2016

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Caleidoscópio ISSN 2359-3601 A Rádio da Escola na Escola da Rádio nº 2, Ano II 2016 Outro olhar sobre o lugar

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Caleidoscópio

ISSN2359-3601

A Rádio da Escolana Escola da Rádio

nº 2, Ano II2016

Outro olhar sobre o lugar

Corredeiras de PauloBairro Alto São Roque - Valença

Comunidade Timbalada - Salvador 2016Foto: Andersom Santana

SUMÁRIO

PalácioRioBranco-Salvador,2016Foto:JoanaSoares

Apresentação,07

Geotecnologias,lugaredireitoshumanos:tessiturasconceituaisnaeducaçãodejovenseadultos,08LuciClaudiaA.deOliveiraeTarsisdeCarvalhoSantos

AltodoSãoRoque:averdadeirahistóriadeumbairro,contadaatravésdesuaculturaebelezasnaturais,16DianaQuésiaS.Nascimento

DesvendandoopassadodopovoadoMalhadinhadoMunicípiodePoçoVerde-SE,21DanielaA.Nascimento,GelsonF.Araújo,MuriloA.deSouza

OPalácioRioBrancoeseulegadoparacidadedeSalvador-Ba,25JoanaGabrielaC.Soares,ImairaSantaRitaRegis,TâniaMariaHetkowski

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TimbaladaouAmazonas:umaquestãodedefinição,28AndersonSantanadaSilva

ObairrodoLobato:umpassadodisntante,33JeovandosSantosBispo,ImairaSantaRitaRegiseTâniaMariaHetkowski

FeiraLivredePoçoVerde/SE:asconsequênciasdamudançadelocaleasvozesdosfeirantesefrequentadores,37AndrielledosSantosdeJesus,LayzaMariaOliveiraFreireeMuriloAguiardeSouza

ALagoadasPedreiras,Timbalada-Salvador/Ba:outroladodacomunidadefavelar,41WindsondosSantosBorges

Ocaminharladoaladoporviasdesiguais,45EdyelleBrandãoSantana

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Bairro do Alto do São Roque, 2016Foto: Diana Nascimento

BemvindosàsegundaediçãodarevistaCaleidoscópio:outroolharsobreolugar!Nestenúmero,estamosapresentandotextosdejovenspesquisadores,estudantes

daeducaçãobásica,daredepúblicadoEstadodaBahiaetambémdoEstadodeSergipe,ondeapropostadoProjetoARádiodaEscolanaEscoladaRádioestápresente,comomolapropulsoradenossasaçõesintervencionistas.

Aediçãoapresentaaosleitores,aoportunidadedeconheceralgumasdaspesqui-sasrealizadasporalunosdoInstitutoFederaldeEducaçãoCiênciaeTecnologiadaBahia-IFBA/CampusValença,bemcomodoColégiodaPolíciaMilitardaBahia-UnidadeLobatoeEscolaMunicipalGovernadorRobertoSantos,nacidadedeSalvador,assimcomoalguns trabalhos realizadospor alunosdaEscolaEstadual EpifânioDória, noMunicípiodePoçoVerde-Sergipe.

Estesjovenspesquisadores,partícipesdoProjetodaRádio,(re)descobriramseuslugaresatravésdaexperiênciadaeducaçãocientífica,promovendoassim,ummovi-mentocíclico,dinâmicoeporquenão,dialógico,comsuasorigens,suascuriosidadeseperspectivassobreestesmesmoslugares,sobóticasdistintasemúltiplaspossibilidadesdeexpressão.

Esta é umadas basesdoProjetodaRádio, difundidopelospesquisadoresdoGrupodePesquisaemGeotecnologiaEducaçãoeContemporaneidade -GEOTEC,daUniversidade do Estado Bahia: proporcionar a compreensão, a valorização e o(re)conhecimentodolugar,potencializadoatravésdousodasTIC,configurandoassim,novosolhares,nestemundotãocaleidoscópico.

Patrícia Moreira

Apresentação

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GEOTECNOLOGIAS, LUGAR E DIREITOS HUMANOS: TESSITURAS CONCEITUAIS NA EDUCAÇÃO DE

JOVENS E ADULTOSLuci Cláudia Alves de Oliveira

Tarsis Carvalho Santos

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Nosúltimosanos,adiscussão

em d i re i tos humanos tem s ido

amplamente discutida e distorcida,

comumente vilipendiada enquanto

“proteção de bandido”, “direito dos

manos”,porém,falaremdireitoshumanos

épossibilitarsonhosesonharéumdireito

inalienáveldohomem,emsuaplenitude,

v i ve n c i a d a n o t e c i d o s o c i a l e

constituindo-se na pluralidade e

diferença. Assim, o sonho coletivo dos

movimentossociaisedasorganizaçõesda

sociedade civil, mobiliza a luta pela

institucionalização e avanços na

discussão dos direitos humanos e a

educação não pode se opor a este

movimento.Destemodo,essetexto,tem

comoobjetivodiscutiraspotencialidades

doentrelaçamentoteóricometodológico

dasGeotec-nologias (enquantoprocesso

criativo e transformativo para o

entendimentodo

lugar)edaEducaçãoemdireitoshumanoscomoelementomobilizadordeprocessosformativos, que inicia na escola e éelaborado pela instância do saberi n e r e n t e a o s u j e i t o . A s b a s e s epistemológicas que fundamentam essetrabalho estão alicerçadas em aportesteóricosdeautorescomoBOBBIO(1992),CANDAU (2008), FREIRE (1999), RODRIGUES(2006),SILVA(1997),BRITO;HETKOWSKI (2010), CARLOS (2007). Ametodologia adotadaestáancoradanospressupostos da pesquisa bibliográfica,comoelementodefundamentaçãoteóricana analise dos pressupostos elencadosenquanto potenciais a educaçãocontemporânea.Otextoestádivididoemdois momentos. No primeiro umadiscussão sobre educação e direitos h u m a n o s e s e u s e l e m e n t o s mobilizadores do processo formativo na educação de jovens e adultos (EJA).

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Em um segundo momento , entrelaçamos as potencialidades eredimensionamento das geotecnologiasno entendimento, analise e valorizaçãodascaracterísticasdolugar,aoqualbuscaresponder a seguinte questão: De queforma as geotecnologias potencializa epossibilita outra prática pedagógica naEducação em direitos humanos?

A EDUCAÇÃO EM DIREITOS H U M A N O S M O B I L I Z A N D O PROCESSOS FORMATIVOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Agarantiada educaçãoédeverdafamíliaedoEstadocomacooperaçãodasoc iedade para que o indiv íduodesenvolva competências e habilidadesnecessárias ao pleno exercício da vidaadulta. O acesso ao ensino gratuito eobrigatório deve ser promovido peloEstado como assevera a Constituição de1988.Este acesso constitui-se num direito público subjetivo em que Miguel Reale (1994, p. 272) define como “sendo um direito cujo reconhecimento e respeito são a t r i b u í d o s a o E s t a d o ” .

Sabemos que a escola, enquantoespaço formal, tem como função socialformar o cidadão, desenvolvendohabi l idades que poss ib i l i tem a construçãodoconhecimento,deatitudese de valores que tornem o educandosolidário, crítico, ético, reflexivo eparticipativo para a conquista dacidadania.

Aescolatemquecumprir,defato,seupapelefunçãosocial,enquantoespaço

deelaboraçãoesocializaçãodoconhecimento;aeducaçãoemdireitoshumanosdeveserumprojetoglobalda

escola;odesenvolvimentodeumprocessodeconscientizaçãodosdireitos

edeveresdevesercontínuoepermanente.(SILVA,1997,p.220-221)

Mas infelizmentenaprática temosobservadoumadistorçãonoquetocaaessafunção.Emgeral,essatemsidoumlugar de práticas de exclusão, onde acompet ição , o egocentr i smo , o individualismo e o desrespeito acabamcontribuindo para perpetuar asinjustiças sociaisque têmpermanecidoresistentes.

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Diante de problemas destanatureza, acreditamos que é possíveluma proposta de uma educaçãodiferenciada capaz de se impor àsinjustiçassociaisque tantomassacramos nossos espaços educativos e todosque dele fazem parte. Para que asquestões anteriores possam serefetivadas na prática, a Educação emDireitosHumanosprecisaestáalémdeuma aprendizagem meramente cognitiva, precisa priorizar em seuprocesso de ensino aprendizagem odesenvolvimentosocialeemocionaldetodososseusenvolvidos.Processoessecuja interação, entre a comunidadeescolar como um todo, torna-seindispensávelparaquesepossamsomarforças em prol do desenvolvimento deuma sociedademelhor e de todos qued e l a f a z e m p a r t e . Noentanto,paraqueestamissãopossa vir a fazer parte da nossarealidade, sabemos que um longocaminhoprecisa ser trilhado eque, aolongo deste, muitas barreiras eobstáculos precisam e devem sersuperados, pois mudar as práticasexcludentesarraigadasnoceiodaescolae até então praticadas por ela, semdúvida,éumdosmaioresdesafiosquea

EducaçãoemDireitosHumanostendeaenfrentar. Embora se ja um processo complexo,éalgopossívelequepodeserconcretizadoapartirdaincorporaçãodenovasatitudesevaloresedaconstruçãodeumanovamentalidadeporpartedoprocessoeducacional, oque implicananecessidadede integraraEducaçãoemDireitosHumanosnosProjetosPolíticosPedagógicos das escolas concebendo-acomo um eixo transversal comcapacidade de atingir todo o currículo.ParaCandau(2008,p.6):

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O importante na educação emDireitosHumanoséterclarezadoquesepretende atingir e construir estratégiascurricularesepedagógicascoerentescoma visão que assumamos, privilegiando aatividade e participação dos sujeitosenvolvidosnoprocesso.Trata-sedeeducarem Direito Humanos, isto é, propiciarexperiências em que se vivenciem osDireitosHumanos.

Partilhando deste pensamento,percebe-seoquanto é imprescindívelà integração da Educação em DireitosHumanos com o Projeto PolíticoPedagógico que valorize de formaconcreta a EJA, bem como a adoção depráticas coerentes com os princípiosdeste tipodeeducação,poiseducaremdireitos humanos exige do educador,principalmente,umaposturacoesacomaquilo que é apresentado ao aluno. Nãodáparaassumirumaposturade mero transmissor do conhecimentoquando se trabalha com direitoshumanos, pois o mais importanteprincípiodidáticodestetipodeeducaçãoéjustamentenãosóapresentarerefletir

sobreosdireitoshumanos,masvivenciá-losnapráticaapartirdosvaloresqueoconcebem.Noentanto,assumiressetipode postura tem sido praticamente umsonho,pois as condiçõesdenegligêncianaqualencontramosdireitoshumanosem nossa sociedade, sobretudo nosespaços escolares, mostram o que, defato,vivenciamos. Infelizmente, não são rarassituaçõesemqueodesrespeitodominaarelaçãoprofessor-aluno,oquepodesercomprovado com as atitudes que sãopraticadas, nas mais diversas salas deaula do país, diante de questõesrelacionadas à raça, gênero, religião,deficiência e outras tantas. É a partirdessas lacunas, que as geotecnologias,apresentacomolatênciaaoutraspráticaspedagógicas, partindo do contexto dolugar em que a escola está ancorada,como estratégia de aproximação dosconteúdos dos direitos humanos arealidadedoaluno.

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. Olugarestá intimamente ligadoàg e o g r a f i a , e n q u a n t o á r e a d o conhecimento responsável pelo estudodasparticularidadesda terranoâmbitofísico,político,biológicoehumano,essascaracterísticas são potencializadas emuma vertente técnica, através dasGeotecnologias. A compreensão dasgeotecnologias na contemporaneidadeestáenvoltodapraticidadeinstrumentalem utilizar “técnicas matemáticas ecomputacionais para o tratamento dainformação geográfica e que veminfluenciando, demaneira crescente, asáreas de cartografia, planejamento egestão territorial urbana e regional, derecursosnaturais,entreoutras”(BRITO,2013,p.22). É necessário romper a visão dasgeotecnologias baseada, exclusivamentenos procedimentos técnicos, pois elapossui um fundamento histórico-antropológico humano está incrustado

ao processo criativo e transformativoparaacompreensãodoespaço. Assim,ageotecnologianospermitebu s c a r d i f e ren te s mecan i smos t e cno l óg i co s c omo S i s t ema de I n f o rm a ç ã o G e o g r á f i c a ( S I G ) , SensoriamentoRemoto(SR),ImagensdeSatélite, Sistema de PosicionamentoGlobal (GPS), Cartografia Digital, Fotografias aéreas e outras tecnologiasdigitais capazes de indicar diferentescaminhos para a compreensão doselementos que constituem o espaçovividodossujeitos. N e s t a p e r s p e c t i v a , a s Geotecnologiasassimcomoatecnologiatêm o humano como fulcro vital dasações,poisoperamcomasubjetividade,criatividade e imaginação aliada àsexperiências, memórias, sentido nospercursosquetrilhouaolongodavidaemconsonância as potenc ia l idades tecnológicas (eletrônicas e digitais),redimensionandoaspráticasnosespaçosque habitam, resignificando saberes econhecimentos ligados ao lugar. Destem o d o , a s g e o t e c n o l o g i a s s ã o compreendidas como os processoshumanos criativos e práticos que ossujeitos utilizam para experienciar,

GEOTECNOLOGIAS PROCESSOS CRIATIVOS E TRANSFORMATIVOS PARA O ENTENDIMENTO DO LUGAR

conviver,representareestudarosespa-ços da terra. Conforme Hetkowiski(2010,p.06): [...] tecnologias são processoshumanoscriativosqueenvolvemelemen-tosmateriais(instrumentosetécnicas)eimateriais(simbólicosecognitivos)equeseencarnamnalinguagemdosaberedofazerdoshomens.Assim,ageotecnologiaconviver,representareestudarosespa-ços da terra. Conforme Hetkowiski(2010, p. 06): representa a capacidadecriativadoshomens,atravésdetécnicasede situações cognitivas, representarsituaçõesespaciaisedelocalizaçãoparamelhorcompreenderacondiçãohumana.Assim,potencializarastecnologias,signi-ficaampliaraspossibilidadescriativasdohomem,bemcomoampliaros“olhares”àexploraçãodesituaçõescotidianasrelaci-onadasaoespaçogeográfico,aolugardapolítica, a representação de instanciasconhecidase/oudesconhecidas,aamplia-ção das experiências e a condição deidentificação com o espaço vivido (rua,bairro,cidade,estado,país). Portanto, as Geotecnologias aju-damapotencializar,valorizar,difundirepreservar as marcas e trajetórias dossujeitosaolongodahistórianoslugareseespaços.

Portanto, as Geotecnologias aju-damapotencializar,valorizar,difundirepreservar as marcas e trajetórias dossujeitosaolongodahistórianoslugareseespaços.Ampliandoestasações,criandoumespaçocolaborativopararegistrodashistóriasdasescolasdaRedePúblicadacidade de Salvador. Se a escola é umespaçodeforteinteraçãosocial,lugardememória é necessário compreender ahistóriadasEscolasdaRedePública,umavez que estes “espaços-escolares”demarcamlaçosdevizinhança,práticassociais e constituem as singularidadesnosprocessosdeaprenderedeensinarpelosalunoseprofessores. Assim, o desencadeamento deaçõesjuntoàcomunidadeescolar,aliadaaexploraçãodasGeotecnologias,consti-tuindoaconstruçãodesuportespotenci-alparapreservação,valorizaçãoeregis-trodasmemóriasdessesespaços. Énecessáriocompreenderqueosprocessostecnológicoseasgeotecnolo-giasutilizadasemoutrasáreasdoconhe-cimento, são apresentadas como inova-ção, principalmente no campo teórico-metodológicodaeducação.Énecessáriocompreender a inovação enquantocapacidade humana de reestruturar ereelaborarassuaspráticas.

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Consideramos nesse primeiro momento que as geotecnologias, enquantoprocessotecnológicoparaoentendimentodolugarpermitequeaeducaçãoemdirei-tos humanos seja contextualizado com a vivência e experiência dos discentes daEducaçãodeJovenseAdultos.Destemodo,aeducaçãoseconsolidacomoumatointencional e, portanto, político, pautado na relação entre os sujeitos. Nesseínterim,aaçãopautadanatessituraentregeotecnologias,lugaredireitoshumanospossasertransformadoradarealidadecoletivaétarefaprioritária,buscaroutraspráticaspedagógicasparaseduzir,eatribuirsentidoaspráticasescolares,poisécombasenaleituradarealidadequeconseguimostraçar,demodoeficaz,nossasmetasfuturas. Porestarazãoéqueaparticipaçãodetodosaquelesqueestãoenvolvidoscomaescolatornam-se.algotãoimportanteenecessário,porqueapartirdomomentoemqueocompromissoearesponsabilidadecomeparaaescolaédivididoentreagestãoescolar,universidadeecomunidade,todospassamasesentirparteecorresponsáveisdeuminstrumentocapazdemelhoraravidadetodososseusenvolvidos.

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CONSIDERAÇÕES

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.REFERÊNCIAS

BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, D F : S e n a d o ; 1 9 8 8 .

______. LDB. Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e B a s e s d a E d u c a ç ã o N a c i o n a l . ______. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da Justiça, U N E S C O , 2 0 0 7 .

BRITO, Francisco Jorge de Oliveira. Analise Critica da Cartografia: Potencialidades do Uso de Mapas na Contemporaneidade PPGEduc /UNEB, 2013.

CANDAU, Vera Maria. Educação e Direitos Humanos , Cur r ícu lo e Es t ra tég ias

Pedagógicas. IN: ZENAIDE, M. N. T. (et al.) Dire i tos Humanos: capaci tação de educadores. João Pessoa, PB: Editora U n i v e r s i t á r i a / U F P B , 2 0 0 8

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 6ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.

HETKOWSKI, T. M. ; BONETI, L. W. ; A L M E I D A , N . P. . I n c l u s ã o S o c i a l : considerações teóricas e metodológicas. In: BONETI, Lindomar; ALMEIDA, Nizan Pereira; HETKOWSKI, Tania Maria (Orgs.). (Org.). Inclusão sociodigital: da teoria à prática. 1ed.Curitiba: Imprensa Oficial, 2010, v. 1500.

SILVA, Aida Maria Monteiro. Educação para a cidadania: solução ou sonho impossível?. In: LERNER, Julio (org.). Cidadania, Verso e R e v e r s o . S ã o P a u l o : 1 9 9 7 .

Luci Claudia A. de OliveiraEspecialista em Gestão de Pessoas e-mail: [email protected] Tarsis de Carvalho Santos Mestre em Educação - UNEBE-mail: [email protected]

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Atrativos turisticos do bairro Alto São RoqueFoto: Patricia Moreira, 2016

Alto do São Roque: a verdadeira história de um bairro contada através de sua

cultura e belezas naturais

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Diana Quésia Silva Nascimento

Vista das Corredeiras de PauloBairro Alto São Roque, 2015

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SituadoàmargemdireitadoRioUna

na cidade de Valença-BA, o Alto de SãoRoqueéumbairroperiférico,depessoasecasassimples,foradoperímetrodocentrourbano. Pouco se conhece/fala do seuinício,daorigemdoseunome,dosantigosmoradores e suas vivências, do belonatural e da história presente naquelalocalidade. Infelizmente, o tempo trouxemarcasdifíceisdeapagar,comoaviolênciaque assolou por um período o bairro,passando a se tornar parte da realidadedos moradores e contribuindo para acriaçãodeumavisãoestigmatizadasobreobairro. Diante disso , esta pesquisa desenvolveuuma apresentaçãodo outrolado desse espaço, através de umlevantamento de suas potencialidadesnaturais, conhecidas pelos moradoreslocaiscomo'caminhoparaoparaíso',alémderuínashistóricasesuaculturasingular.Apesar de apresentar uma expressivabeleza natural, como a presença decorredoresdemataatlântica,cachoeirasetrechosderiocalmo,propícioaatividadesde pesca e lazer, poucos conhecem ahistóriadobairro.

Contudo,percebemosquetodasuaexuberância natural e a história vêmperdendo espaço para o estigma alidepositado. Uma visão decorrente doaumentodacriminalidadeeaosincidentesrelacionadosaobairro,que,entretanto,nodesenvolver deste trabalho, teve algunspontosforamdesvelados,comoofatodeexistirem oficialmente poucos registrosligadosaobairro.

Fatos históricos, também foramnotados, por exemplo, no século XIX,iniciou-seumprocessomuitoimportantena economia da cidade e região com avindadaprimeirafábricatêxtil,aFábricaTêxtildeTodososSantos,primeiramovidaà energia hidráulica, sendo a maior e amais importante do século, segundoRômulo Almeida, que teve início com a'Fábrica de Cima', cuja localizaçãopertence ao bairro. Alguns depoimentosde moradores locais revelaram que adepender da localização de moradia, asimpressões sobre o lugar se mostramdistintas. Um exemplo está entre osmoradoresdaRuaLinoSérgioRodrigues,localizada no começo do bairro e osmoradoresdaRuaRodaD’água,aúltimadoAltodoSãoRoque.

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As diferentes formas de perceberaquele mesmo espaço podem serexplicadaspelaprópriasubjetividadedes e u s mo ra do re s , b em c omo a proximidade da parte mais voltada aosaspectos naturais, onde bem maisafastadodoperímetrodemovimentaçãourbana,poucoseouvefalardasquestõesquerodeavamobairro. Neste ponto, destacamos que algunsautores foram determinantes paracomposição de nosso trabalho, comoTUAN (1983) e CARLOS (2007), ondepodemos perceber que o espaço paraaquelas pessoas do bairro se mostravacomo algo vivo, pertencente a eles, seaproximandoàsdiscussõesdelugar,poisestavam c laros os sent imentos , percepções e as representações particularesinerentesaosmoradoresdoAltoSãoRoque.Aofinaldestetrabalhodeinvestigação,percebemosqueapesquisatrouxeconsigoumconhecimentoacercadahistóriadobairroAltodeSãoRoque,que muitos moradores da cidade deValença-Ba, desconheciam. É bemverdade que poucos registros existemsobreseupassado,masquemuitosfatosencontram-se disponíveis e vivos na

memória dos seus moradores maisantigos,quesesentemofendidosquandooutros de maneira preconceituosarelacionamobairrocomviolência.Afinaldecontas,otrabalhotambémrevelouqueapesar de ser estigmatizado como umbairro violento, não há estatísticasoficiais que comprovem esse fato, masque apercepçãode violênciadentrodobairro,dependemuitodopontoemquese esteja. Contudo, o que mais chamaatençãoem todo trabalho, éanoçãodoforte sentimento de pertença, presenteem muitos moradores, onde para eles,nãoimportaoquefalemdobairro,ouavisãodeleparaorestantedacidade,massimcomoelesopercebem,ovivem. Asituaçãofoiamenizada,masnãosepode fechar os olhos a realidade quecercava o bairro, ao tentar esquecer oscasos de violência, mas a atitude daspessoas para com o espaço, levou aoabandono,aodesconhecimentodoquehádelindoporpartedageraçãoatual.

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O caminho seguiu a trilha dapesquisaqualitativa,ondeabuscadessereconhecimento se deu por meio dapesquisa documental junto a BibliotecaMunicipaleacervodoarquivodaCâmarade Vereadores de Valença, entre outrosórgãos públicos da cidade, a fim decoletar dados, analisar imagens einformações alcançadas através deentrevistas e depoimentos com osmoradores,comoobjetivodeentenderoprocesso histórico de formação ev a l o r i z a ç ã o d o b a i r r o . Todos os dados co l e tados constituíram um arcabouço paracon f ron ta r o s depo imentos de moradoresantigos,bemcomoosatuais,além do registro imagético das belezasnaturaisehistóricasdobairro,quelevouoenriquecimentodoprodutofinaldesset r a b a l h o q u e v i s l umb r a p e l o reconhecimento e valorização desseespaço, através do olhar dos sujeitosviventeseatuantesnesselugar.Duranteaexecução da proposta, contamos com otrabalho colaborativo do Grupo dePesquisa emGeotecnologias, Educação e Contemporaneidade – GEOTEC/UNEB, que desenvolve o projetoGeotecnologias,

Educação e Contemporaneidade –GEOTEC/UNEB,quedesenvolveoprojeto'A radio da escola na escola da radio,levadoaoIFBA/CampusValença,aoqualestapesquisaestávinculada.

Diana Quésia Silva NascimentoFormada em Técnica em Informática - IFBA / Campus Valença

Povoado Malhadinha, 2016Foto: Daniela Araújo Nascimento

Desvendando o passado do povoado Malhadinha do município de Poço Verde/SE

Daniela Araújo Nascimento, Gelson Ferreira Araújo e Murilo Aguiar de Souza

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Este trabalho tem comoobjetivo analisar os aspectoshistóricos, econômicos esociaisdaMalhadinha.Paraisso,foiutilizadocomobaseolevantamentodeinformaçõesasentrevistascommoradoreseagentespúblicos,bibliografiassobreopovoado(públi-cos ou privados), bem como a coleta de imagens. Portanto, as Geotecnologias e asTecnologiasdaInformaçãoeComunicação(TIC)tornam-sepotencializadorasnamedi-açãodoconhecimentodoslugareseamemóriadeeventosefatosqueoconstituem(HETKOWSKI, 2011). Ou seja, pesquisar/conhecer o lugar, neste caso o povoadoMalhadinha,nospossibilitanoentendimentodestee,consequentemente,domundo.SegundoSantos(2012)omundosemostraatravésdolugareénestequepercebemosomundoempiricamente.Assim,asGeotecnologiaseasTICvirtualizamnoentendimentodopovoado,proporcionandoumareflexãosobreseusobjetoseações.

AMalhadinhasurgiuaproximadamentenoiníciodadécadade1960.AsterrasdaMalhadinhaforamcompradaspelosenhorPedroRochaSobrinho.Antigamenteascasaseramfeitasdetaipaeadobo,masatualmenteestasnãoexistemmais,sendoopovoadocompostoporcasasdetijolo.Onomedopovoadosurgiuapartirdahistóriadeumtan-quedeáguaqueerautilizadoparadardebeberaosanimais,poisantigamenteeratudoabertosemcerca.

colocar foto do milharal a da antigaponteemLaje,2010Fonte:AcervoMunicipaldeLaje

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Malhadinhaficaaaproximadamente10kmdedistânciadasede,amesmaestálocalizadaàsmargensdarodoviaSE-290conhecidacomorodoviaGovernadorAntônioCarlosValadaresquefazligaçãoentreosmunicípiosdePoçoVerdeeTobiasBarreto.AMalhadinhaéumpequenopovoadodomunicípiodePoçoVerdenoestadodaSergipe,quepossuipoucascasaseumaestimativadeaproximadamente60(sessenta)habitan-tes.

Aeconomiaécentralizadanaagriculturademilhoefeijãoenapecuáriadacriaçãobovina.Malhadinhadispõedealgunsserviçosqueoutrospovoadosdaregiãonãopos-suem,proporcionandoumfluxodepessoasdepovoadosvizinhosparaobteremessesbenefícios,taiscomoacomercializaçãodeprodutosagráriosepecuários,sendoumgrandedestaquetambémparaatecelagem,poisapresentaumaimportantefontederendadealgumasfamíliasdaregião.Atualmente,opovoadoabrigaoprojeto“TecendoOSertãoDoArtesanatoSolidário”quecontaaparticipaçãode72mulherese12homensdazonaruralnascomunidadesAmargosaIIeMalhadinha.

Estapesquisavemcontribuindoparaaconstruçãodoconhecimento,valorizaçãodolugar,bemcomoparaaprimorarashabilidadesnapráticadepesquisar.Sendoassim,levaroconhecimentoeoreconhecimentodosaspectoshistóricos,econômicosesociaisdopovoadoparaoshabitanteseatéparaaquelesquenãooconhecem.

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Daniela Araújo Nascimento e Gelson Ferreira Araújo - Estudantes do 9º do Colégio Estadual Epifânio Dória - Poço Verde / SEMurilo Aguiar de Souza - Professor Orientador

colocar a foto do quartinho com tecelagem

Povoado Malhadinha, 2016Foto: Daniela Araújo Nascimento

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Joana Gabriela C. Soares, Imaira Santa Rita Regis

e Tânia Maria Hetkowski

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O Palácio Rio Branco e seu legado para cidade de Salvador - BA

OpalácioestálocalizadopróximoaBaíadeTodososSantos,naPraçaTomédeSousa,emfrenteáPrefeituraMunicipaldeSalvador.OPalácioRioBrancovemcontandohistóriasnãosomentedeSalvador,mastambémdaBahiaedoBrasil.

Eparacompreenderoporquêdetamanhainfluênciaéprecisoembarcarnadis-cussãoprovocadaporessapesquisaquetemporobjetivoinvestigaredisseminarahistóriasofridapelopalácioaolongodosanos.EénessemomentoqueaFundaçãoPedroCalmonjuntamentecomaSecretariadeCulturadoEstadodaBahiasetornamagentespropagadores,criandoeincentivandoprojetosnatentativadeatraircadavezmaisopúblico,mostrandoa importânciadopatrimônio,assimcomobuscacriaraconsciênciadepreservaçãonoscidadãos.

Paraampliararelevânciadapesquisa,ametodologiautilizadafoipreviamenteorganizada.Essaseconstituiuemduasetapas.Aprimeirafoiapesquisadocumental,aqualnospossibilitourecolherinformaçõesemsites,livros.Nessaetapatambémforamestruturadosquestionáriosqueforamusadosnasentrevistas.Nasegundaetapaacon-teceuorealcontatocomoobjetodeestudoatravésdevisitasaolocalquandoocorre-ramentrevistascomoshistoriadores,museólogosevisitantes.

OPalácioRioBrancosemprefoiusadoporeparamotivospolíticos,oquesetornaumagrandeproblemáticaquandosetratadepreservação,jáquenopassadonãosetinhaamesmanoçãodecuidadocomopatrimônio.AprovadissofoiocomandofeitopelopróprioPresidentedaRepública(MarechalHermesdaFonseca)em1912parabombardearacidadedeSalvador,mesmosabendoquepróximoasuacostaficavaoPalácio doGoverno, juntamente com a Biblioteca Pública do Estado daBahia, queperdeuoacervoderaroslivros.Apenasparaconcretizaresseargumento,depoisdebombardeadoopaláciofoireconstruídonovamentesomenteparasediaraPrefeituraMunicipaldaCidadedeSalvador.

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Outra problemática é a falta deincentivo e apoio por parte dasautoridades,naconscientizaçãodetodasasclassessociaissobreaimportânciadeconhecerepreservarahistória. Atualmenteocortedegastostemtornadocadavezmaisdifícilotrabalhodepropagaressaideia.Nessemomento,a escola juntamente com todo o corpodocen te s e to rna r i am agen te s multiplicadores do saber, trazendo deformamaisacessívelessanecessidadedepreservaçãodopatrimônio. Diante do exposto, foi possívelperceber a enorme relevância que oPalácioRioBrancopossuinãosóparaapopulação soteropolitana,mas tambémparagrandepartedacomunidadebaianae brasileira. A localização do paláciopropiciou a cidade uma participaçãomais direita na história brasileira,tornandoolugarpalcodemuitoseventosdecisivos na história do país, podendohoje ostentar o status de um dosmaisimportantes palácios. Algo que éunânime dentre os conhecedores dodesenvolvimento do palácio é a sutil ediscrepante atuação do palácio nahistória.

E hoje serve também como memória epatrimônio(históricoecultural)atravésdoMemorialdosGovernadoresRepublicanosdaBahia(MGRB)edaSecretariadeCulturadoEstadodaBahia(SECULT).

Joana Gabriela Coutinho Soares - Estudante do 2º ano Ensino Médio - CPM / Lobato

Imaira Régis - Orientadora Tânia Maria Hetkowski - Coord. Geral do

Projeto da Rádio

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Colocardescriçãodafoto

Colocarumafoto

Timbalada ou Amazonas: uma questão de definição

Anderson Santana da Silva

A cidade se transforma –

metamorfoseia.Cenárioumamutantedeuma “selva de pedra”. Questiono: ondeesta a participação das pessoas nestasmudanças? Bairros?Praças?Ruas?Avenidas? Quemnomeiaesseslocais? A população, normalmente, não éconsultada para a escolha dos nomes,principalmente o nome da rua. Este,normalmente, advém de homenagenspolíticas e/ou sociais, formulaçõesinternas ditadas pelas câmeras dedeputados,vereadores,associações,semnenhumarelaçãohistóricacomavidadaspessoas,interessesemaisinteresses. Nas comunidades carentes e/oufavelares, os nomes dos becos, vielas etransversaistemcaracterísticaspróprias,rumores das relações vividas pelosmoradores:RuadasPedreiras;TravessaDona Luísa;Beco do Jenipapeiro, entreoutros tantos nomes que expressam osnossos lugares. Lugares este vivido econstituído com e pelas relações depertença. Moreira(2015)ressaltaqueolugartemumsentidoparticular,expandindooe n t e n d i m e n t o d e e s p a ç o

geograficamentetraçadoedelimitado,paraaautoraolugaré,inicialmente,comoumrefúgio,umespaço íntimocarregadode sentimentos e significados, onde énotóriaamanifestaçãoda subjetividade.E, neste imperativo que ressalto aarbitrariedadenasmudançasdosnomes,poismudar o nome, sem consultar aopiniãodosmoradores,tira-seogostodemorar naquele lugar, prejudicando osentimentodepertença. Emdecorrênciadearbitrariedadescomoessas,acomunidadedaTimbalada\ Amazonas, localizada no bairro doCabula, na cidade de Salvador Bahia,atravessaumconflitodeidentidade,quedivergemdeumainstânciaaoutra.Antesera chamada de Rua Timbalada e erac a ra c te r i z ada pe l a i nqu i e tude , irreverência e fervor, que reside naessência de seu nome. Amudança paraAmazonas camufla as característicaslocaisedivideasopiniõesdosmoradores.Sendoassim,essapropostadepesquisavisa destacar os fatores que implicamnesta mudança, os aspectos quecaracterizam o lugar e a repercussãosoc iopo l í t i c a decor ren te desse movimento. Assim, os fatores quemotivam essa substituição, os aspectos

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soc iopo l í t i c a decor ren te desse movimento são os objetos dessapesquisa. “Invasão”éonomepopulardadoalocaisquesurgemapartirdocrescimentodesordenado,semplanejamento,comoaRuaTimbalada.Algunscontrastessociaismarcamesselugar,porexemplo:altataxade violência\trafico de drogas, falta desaneamento básico etc., esses fatoresestão acimado lugar, isto é, denunciamuma ques tão soc ia l , po l i t i ca e consequentemente econômica, as quaiscolocamàmargemseusmoradores.Issod e m o s t r a q u e o s p r o b l e m a s habitacionais promovem a formação deaglomeradospobres,seminfraestruturaesocialmentesegregados(COSTA,2004). O nome, Timbalada ou Rua doT imba le i ro , o r i g ina - se de uma homenagemaummoradordaregião,quetinhafamadebarulhentoeeratocadordeinstrumentospercussivos.Pormorarnalocalidade as pessoas identificavam olocal, a partir do percursionista,posteriormente, além da musicalidadeque caracterizava o lugar, a violência, ob a r u l h o e o d e s o r d e n ame n t o converteram-se, também, marca de suaidentificação, pois o espaçofísico de

MOREIRA, R.P.S. O lugar da pesquisa na educação geográfica: relatos de experiências dos alunos do ensino médio IFBA – Campus Valença. Dissertação de Mestrado, Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Salvador, 2015, 110p

acordo com Schwenk e Cruz (2004) setransformaesemodificamedianteaaçãohumanaqueatuasobreele,adequando-oaseusfins.ApósafundaçãodaAssociaçãode Moradores houve um movimentosocial reivindicando a troca dos nomes.TIMBALADA=AMAZONAS,essamudança,segundo alguns moradores, é porque acomunidade tem no seu entorno umareserva florestal muito parecida com aMataAmazônica,noentantohárumoresqueamudançaéumaformadediminuirospreconceitoseoestigmaqueadvémdoseunomedeorigem,paratentarapagarseu status de “favela”, tenta-semudar onome de Rua Timbalada para RuaAmazonas de baixo. Dessa forma, essetrabalho temcomoobjetivodestacarosaspectossócio-políticosquerepercutemparamudançadonomedacomunidade.

REFERÊNCIAS

SCHWENK e CRUZ, Lunalva Moura, Carla Bernadet Madureira. Os processos e s p a c i a i s c o m o m e d i a d o r e s n a transformação do espaço geográfico. D i s p o n í v e l e m : file:///C:/Users/Professor/Downloads/1397- 4 1 4 2 - 1 - P B % 2 0 ( 1 ) . p d f . A c e s s o . 12/06/2014.

Anderson Santana da SilvaAluno do Ensino Fundamental II, na Escola Municipal Governador

Roberto Santos - Salvador / Ba

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Barco dos pescadores, 2016Foto: Jeovan Bispo

Jeovan dos Santos Bispo, Imaira Santa Rita Regis e Tânia Maria Hetkowski

O bairro do Lobato: um passado distante

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O Bairro do Lobato compreende

osnúcleosdoAltodoCabritoeBoaVistadoLobatoealémdonúcleopropriamentedito. Localizado na falha geológica deSalvador, ao norte do bairro de SãoCaetano.Lobatoéumbairroantigoquefoimarcado pela descoberta do primeiropoçodepetróleodoBrasil,entretanto,esseimportantíssimo fato histórico não édivulgado para as gerações que chegam,tornando-se assim um passado distanteque a comunidade soteropolitana acabapor esquecer. Para tanto o objetivo dapesquisa é investigar as transformaçõessociaiseculturaisexistentesnoBairrodoLobato,buscandodesmistificaraideiadeviolência difundida entre a sociedadelocal. OprocessodeocupaçãodoLobatocomeçou a se intensificar, a partir dadecisãodoGovernodoEstadodaBahiaemrecuperaraáreadosAlagados.Aoiniciarum trabalhode aterramento, eraprecisouma área para a remoção das famílias,enquanto concluía-se a recuperação deAlagados. Nesse contexto iniciou-se at e r rap l an a g em do L oba to p a ra posteriormente receber a remoção defamílias dos bairros Uruguai e Jardim

Cruzeiro, ambos localizados na CidadeBaixa. Apesar de ser uma área periféricadentrodacidadedeSalvador,amaioriada população do Bairro do Lobato temacesso aos serviços de saneamentobásicocomo:água,esgotamentosanitá-rioecoletadelixo.Aolongodoprocessohistórico, oBairrodoLobato tornou-seuma das mais violentas localidades deSalvador,entretantohouvenovosinvesti-mentospúblicosquevêmtrazendoumanovaconfiguraçãoespacialumavezqueévisívelapossibilidadedelazeratravésdouso de praças locais, como forma deevitarqueosjovensentremnamarginali-zação. O aumento da segurança públicavempossibilitandoàpopulaçãotranqui-lidade e desacelerando a expansão dacriminalidade, além do aumento donúmerodeescolasnobairroaexemplodoColégiodaPolíciaMilitardaBahia -UnidadeIILobato,queexerceumpapeldedestaquenobairro,estequeaosfinaisde semana disponibiliza parte de suaárea externa para a comunidade localutilizarcomodelazer.Ofomentoàcultu-radentrodoLobatotemsedirecionadoaprática de jogos interativos, atividadesfísicaseaocomérciointenso.

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BemcomonaBaíadeItapajipe,situadaaooestedoLobato,demodoque,quandoamaré abaixa os moradores aproveitampara catar marisco como uma dasatividadesdegeraçãoderendaesustento. Para o desenvolvimento dessetrabalho, utilizou-se o método depesquisa baseado em duas etapas, aprimeira foi a pesquisa documentalatravésdesites,livrosejornais.AsegundafoiaexploraçãooralatravésdevisitasaoBairro do Lobato e entrevistas com osmoradores.Tambémfoifeitooregistroecoleta de imagens, a fim de buscarsubsídiosparaaspossíveisdiscussões.Aoanalisar as informações coletadasdurante a pesquisa inferiu-se que noBairro do Lobato o adensamentop o p u l a c i o n a l o c o r r e u c o m a predominânciadasclassessociaismenosfavorecidas economicamente, está emconcomitância com a carência deinfraestrutura local,lhe confere umaaparênciadeperiferia. E m b o r a , v e n h a s o f r e n d o transformações positivas nas esferassociaiseculturais,principalmentenoquetangeasquestõesdeserviçosecomércio,uma vez que foi implantado posto desaúde, companhia depolícia, associação

demoradores,rádiocomunitária,alémdaampliação do número de escolas e depraças. Assim sendo, se faz necessárioresgatar a história e memória do bairrodevendo ser divulgada para as novasgerações, almejando a valorização desseespaço.

Jeovan dos S. Bispo - Estudante do 2º ano Ensino Médio - CPM / Lobato

Imaira Régis - Orientadora Tânia Maria Hetkowski - Coord. Geral do

Projeto da Rádio

Estação de trem, 2016Foto: Jeovan Bispo

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O objetivo desta pesquisa é analisar

as consequências da mudança de local da feira livre de Poço Verde e como os seus atores, feirantes e frequentadores, perceberam essa transição. Para isso, foram elaboradas entrevistas com os frequentadores e comerciantes a respeito da mudança de local da feira e analisadas também, documentos e sites que possuem informações sobre a história da mesma. Assim, o lugar (Feira Livre de Poço Verde) se movimenta de local, mas permanece o mesmo, pois o lugar é a feira e o local é efêmero. Nesse contexto, o entendimento do lugar se torna necessário para a compreensão do processo de globalização, o qual exerce força sobre o lugar, mas este se transforma a partir dos objetos e ações que lhe estão disponíveis num determinado momento (MASSEY 2008). As Geotecnologias e as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) são compreendidas como elementos de mediação das sociedades contemporâneas, pois através delas torna-se possível compreender as dinâmicas globais, a partir do lugar (BRITO 2013). A feira livre de Poço Verde é um centro de comercialização. Segundo as opiniões dos feirantes, a feira antes de chegar ao local atual, já esteve em outros dois locais. Com a última mudança, alguns feirantes foram privilegiados com melhores espaços, ou seja, melhor localização, gerando insatisfação por parte de outros. Alguns feirantes trabalham com produtos manuais e outros são revendedores,

Feira Livre de Poço Verde/SE: as consequências da mudança de local e as vozes dos feirantes e

frequentadoresAndrielle dos Santos de Jesus,

Layza Maria Oliveira Freire, Murilo Aguiar de Souza

A feira livre de Poço Verde é umcentro de comercialização. Segundo asopiniões dos feirantes, a feira antes dechegaraolocalatual,jáesteveemoutrosdoislocais.Comaúltimamudança,algunsfeirantes foram privilegiados commelhores espaços, ou seja, melhorlocalização, gerando insatisfação porparte de outros. Alguns feirantestrabalham com produtos manuais eoutros são revendedores, mas paradiversas pessoas a feira torna-se umpontodeencontrodefamiliareseamigosdeinfância. A feira atual está localizada noCECAF (Centro de Comercialização daAgricultura Familiar José Emídio dosSantos)quefoiinauguradaemmeadosde2008, pelo então prefeito Antônio daFonseca,oCECAFfoidivididoemsetores:carnes,frutas,legumesecereais,alémdeumespaçocomrestaurantes.Alémdisso,o CECAF não é apenas comércio, eletambéméutilizadoparaeventosfestivosdacidade.DeacordocomaprefeituraoCECAF conta uma boa estruturabeneficiandomaisde500feirantesecercade40milpessoas.Assim,amaioriadosfrequentadores informaram que o lugar

OobjetivodestapesquisaéanalisarasconsequênciasdamudançadelocaldafeiralivredePoçoVerdeecomoosseusatores, feirantes e frequentadores,perceberam essa transição. Para isso,foram elaboradas entrevistas com osfrequentadoresecomerciantesarespeitodamudançadelocaldafeiraeanalisadastambém, documentos e sites quepossueminformaçõessobreahistóriadamesma. Assim,olugar(FeiraLivredePoçoVerde) se movimenta de local, maspermaneceomesmo,poisolugaréafeirae o local é efêmero. Nesse contexto, oentendimento do lugar se tornanecessário para a compreensão doprocesso de globalização, o qual exerceforça sobre o lugar, mas este setransformaapartir dos objetos e açõesque lhe es tão d isponíve is numdeterminadomomento (MASSEY2008).As Geotecnologias e as Tecnologias daInformação e Comunicação (TIC) sãocompreendidas como elementos dem e d i a ç ã o d a s s o c i e d a d e s contemporâneas, pois através delastorna-se possível compreender asdinâmicas globais, a partir do lugar(BRITO2013).

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atualémelhor,poisémaisorganizadoelimpo. Porém, outrosfrequentadoresrelataram que gostariam que a feiravoltasseao lugarantigo por ser mais agitado eterminarmaistarde,alémdetermaisopçõesdecompra.Portanto, chegamos à conclusão que afeira está incluída no cotidianode cadacidadão poçoverdense, e cada qualcontém informações e opiniões diferentes.Afeiraemsinãosetratasódecomercialização,mastambéméumlugaronde podemos encontrar amigos, fazerrefeiçõesousimplesmentetransitar.

Andrielle dos Santos de Jesus, Layza Maria Oliveira Freire - Estudantes do do Colégio Estadual Epifânio Dória -

Poço Verde / SEMurilo Aguiar de Souza - Professor

Orientador

Feira livre de Poço Verde, 2016

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A Lagoa das Pedreiras, Timbalada - Salvador/Bahia:outro ldao da comunidade favelar

Windson dos Santos Borges

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A desigualdade social é um

problemaqueafetaamaioriadospaíses.NoBrasil,adisparidadeentreasclassessociais são evidentes, basta um simplesolhar para perceber as diferentesposiçõesemqueanossasociedadeocupa.OsaspectosmaisnotóriosestãonaSaúdeenaEducação,umavezqueaslimitaçõesdessesfatoresestãoestritamenteligadasàcondiçãoeconômicadoindivíduoe/oudasuacategoriasocial.Todavia,oguarda-chuvadadesigualdadenãoserestringeaapenasaessesfatores.Vivemosdiferentestiposdedesigualdades,desigualdadesdeoportunidades,deemprego,degênero,deetnia, de resultados e, sobretudo adesigualdadederenda,sendoesteofatorq u e d e t e rm i n a a m a i o r i a d a s desigualdades. Nesta proposta de investigação,temos a pretensão de analisar astransgressões dos moradores de umacomunidade favelar de Salvador/Ba noque se refere a desigualdade deoportunidade, principalmente aquelasqueestãorelacionadasaoprazer,aalegriaeadiversão,ouseja,aoportunidadedetero lazer como um dos motivadores daexistência.

Sobessesaspectos,énotórioqueosestados brasileiros e as suas diferentescidades e capitais sofrem com aprecariedade de oportunidade no que serefere ao lazer, vale destacar que aomencionar sobre o lazer se está discriminandoaoportunidadedevivenciarsituações publicas que nos ofereça acondiçãodeireestaremespaçospúblicos,desfrutando de tais possiblidades.Entretanto , como vár ias c idades brasileiras,Salvadorpassaporconstantesmudançasqueafetamdiretamenteavidados moradores, causando problemasligadosao quadro de desenvolvimentodesigualsocial(PEQUENO,2008). A s s i m c o m o n a s o u t r a s comunidades, a Timbalada, localizada nobairrodoCabula,emSalvador/BA,tambéménegligenciadapelopoderpúblico.Afaltadeopçãofazcomqueosmoradoresacabemcriando maneiras de se divertir, jogandofutebolnoterrenobaldiooubanhando-senalagoadasPedreiras. O espaço conhecido como “AsPedreiras”érodeadodelençóisfreáticosefoi abandonadopelas instânciaspúblicas,sofrendo com a extração mineral. Adinâmica de lazer da comunidade e a repercussãodadegradaçãosãoosobjetos

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destapropostadepesquisa. Na reg ião conhec ida como“Pedreiras”, ocorria exploração indevidademinério,queocasionouumaexplosãoe acabou destruindo as estruturas queexploravam o terreno. Uma lagoa seformouepassouaintegrarapaisagemdoCabula, especificamente da comunidadedaTimbalada. Apesardeserumespaçodelazer,alagoa também traz sérios riscos emfunçãodasuaprofundidade.Alémdisso,segundo antigos moradores, seu solo émovediçoeabrigamáquinasantigas. Este projeto de pesquisa estádividido em três partes: revisãobibliográfica,entrevistasemiestruturadacom os moradores e aná l i se e interpretação dos resultados obtidos.A t r a v é s d e s s a p e s q u i s a e m desenvolvimento,espero levantardadossobreosefeitoseascausasdosurgimentoda lagoa das Pedreiras como espaço emecanismo de lazer dos moradores dacomunidadedaTimbalada,oquefavorecea qualidade de vida dos moradores, i n t e r v i n d o d i r e t a m e n t e n a s problemáticas que envolvem essalocalidade.Afinalidadedestapesquisaé

valorizarousodesselocalcomoformadelazer na comunidade da Timbalada,esperando que, com isso, haja soluçõesquefavoreçamobemestardolocal.

Windson dos Santos BorgesAluno do Ensino Fundamental II, na

Escola Municipal Governador Roberto Santos - Salvador / Ba

Lagoa das Pedreiras, 2016Foto: Windson Borges

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O caminhar lado a lado por vias desiguaisEdyelle Brandão Santana

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Primeira Igreja Batista de Valença, 2015

Acompreensão da Lei divina

sempreseráumdesafio,noqueserefereaquestãodapráticademandamentosecrença constante nas promessasgarantidas pelo Eterno, seguindo alógicadequeainterpretaçãodaBíblia,queéoinstrumentodevida,fé,objetodeestudo não apenas teológico de todocristão, possui um “oceano” deentendimentos. O divisionismo religioso, que,diga-sedepassagem,veiocomoummalnecessário,-poisfoiapartirdeleeaindanão sendo completamente perfeito,aplicado para caracterizar visõesbíblicas diferentes e semelhantes e,consequentemente,unirpessoasemumdeterminado conjunto de doutrinas epadrões, organizando assim umareligião até os dias atuais,- vem comoumaprovadequepormaissedominecompletamente um conteúdo teóricoque será posto em prática por toda avida, sempre vai haver um ponto namatéria em que se encontrará algumadeficiência. O caminhar lado a lado pord e s i g u a i s v i a s , a i n d a q u e o direcionamentodessa longaestradaos

leveparaummesmodestino,tornou-seodever e ao mesmo tempo desafio demuitos cristãose issonãoveioa serdehoje.AabordagemdessatemáticasedeunasinstituiçõesPrimeiraIgrejaBatistaeAssembléia de Deus – sede; ambaspotenciasreligiosasdacidadedeValença,localizada no Baixo Sul da Bahia, quemostram o quão verídico é toda aproblemática.Defatonãosãoemtodososlugares onde permanece uma distinçãoquasequegritante,porém,demodogeralela ainda existe, e de acordo com aspesquisas e entrevistas realizadas essaafirmativaforaclara. O padrão cultural, doutrinário elitúrgico destas denominações sãobastantereconhecidosnomundointeiro(nãoapenasporpraticantes),poisestaspossuemtrabalhosevangelísticos,líderesde movimentos que professam a tal,grandes ministérios que vieram deinstituições destas bandeiras. Aqui noBrasil,segundooCENSO2013,asigrejasAssembléia de Deus e Batistas são asmaioresemquantidadedeassociadosasuamembresiarespectivamente,noquesetratadareligiãoProtestanteetambémcommaistemplosativos,sendoelesnosformatos de grandes instituições oupequenascongregações.

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para alguém, pelo fato de que ele nãoproporcionaparaumindivíduonenhumalembrançasejaelaagradávelounão,equelugaréumlocalcujadefiniçãoremetaumsentimentoporalgumaexperiênciavividaali, sendo ela boa ou não, podemosconsiderar que a igreja, como o grandeespaço das relações, torna-se lugar paratodosdosseusfiéis. Nestas comunidades estudadas, háumgrandenumerodeanciãs,muitosdelesdedicaramsuavidainteiraaoministérioehojesãograndespivôsnoqueserefereàigreja na cidade. Este ambiente torna-selugar a partir domomento em que umapessoatomaaliasuadecisãoconversora,oquepode, namaioria das vezesmudar asua vida pra o resto de sua trajetória,prosseguindoestenareligiãoounão,provadisso é que 70% dos entrevistadosdedicarammaisdedezanosdesuasvidasaos ministérios em suas respectivasinstituições, os outros 30%migraramdeoutrainstituiçãoparaadaptar-seaestas. Todososentrevistadosrelataramjáe s t a rem adep to s ao s con jun to s doutrinários e não abriria mão de suainstituiçãoporoutra,aindaquenãosejamativos emministérios. Cercade50%dosentrevistados se associaram as suas

As instituiçõesreligiosasreferidasepesquisadaspossuemumgranderoldeassociados;aAssembléiadeDeus(sede)em Valença, possui em média 500membros,foraascongregações,enquantoa Primeira Igreja Batista de Valença,possui em torno de 800. Estas quantidades mencionadas, são depessoasqueseassociaramàsinstituiçõesatravésdovotopúblicocomDeusqueéobatismo nas águas, todavia, em seuscultos, são presenciados com umaquantidademenor,emtornode200-300emambas. Assimcomoemumaharmonia,quedepende de várias melodias que seencaixem para que uma canção sejaaprazível aos ouvidos, num culto, osdiversos departamentos (ministérios)necessitam estar em fiéis e organizadasaçõesparaqueoritualaconteçadaformamaisenvolventepossível.Apartirdestasdemonstraçõesdeempenhoededicação,queparamuitosjáduramalgunsanosouaté mesmo a sua vida toda, tem-se acertezadequea igreja, vista comoumacomunidadeéumagrandesemeadoraderelacionamentos. Levando em conta aafirmativadequetodoespaçoéumlocalque pode não apresentar significância

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instituições por fama de seus feitosministeriais e possibilidade de en-trosamentoecomunhão,enquantooutros40% por influencia familiar e os outros10% por convite de amigos membros.Quantoaquestõesdepráticasdoutrináriasquesediferenciamemuitasvezesacabampor criar barreiras distintas entredenominações, pouco mais de 50% dosentrevistados disseram que não seimportariam em conviver diariamentecom pessoas com essas dessemelhanças,enquanto os outros disseram que seimportariam pelo fato de em algummomento pudesse ocorrer um tipo deatrito. Toda essa problemática nunca sefindará, de fato, o divisionismo religiosoveio como um ponto de equilíbrio paratodoesseconjuntodecrenças,ideologiaseinterpretações. Que siga-se, enfim, emf r a t e r n i d a d e , c ump r im e n t o d e mandamentoserespeitoaopróximo,come por um caráter cristão cumpridor doevangelhoqueveioparaincluireexpandir.

Edyelle Brandão SantanaFormada em Técnica em Informática

pelo IFBA - Campus Valença, em 2016

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RosangelaPatríciadeSousaMoreiraIFBA-Valença

KátiaSoanedosS.AraújoEscolaMunicipalGov.RobertoSantos-Salvador

ImairaSantaRitaRegisColégiodaPolíciaMilitardaBahia/UnidadeLobato

MuriloAguiardeSouzaColégioEstadualEpifânioDória-PoçoVerde/SE

PesquisadoresdoProjetodaRádioeOrientadorespresentesnestaedição

TâniaMariaHetkowskiUNEB

LíderdoGEOTECeCoord.GeraldoProjetoARádionaEscolanaEscoladaRádio

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þ

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III Encontro de Pesquisadores do Projeto da Rádio IFBA - Campus Valença, 2015

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INSTITUTO FEDERAL

Campus ValençaBAHIA