caldeiras de Água quente

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CALDEIRAS DE ÁGUA QUENTE Índice 1. Introdução 1.1. Utilização prevista 1.2. Combustível utilizado 1.3. Concepção do equipamento 2. Descrição e Funcionamento 2.1. Componentes principais 2.2. Tipos de caldeiras 2.2.1. Caldeiras a carvão (ou lenha) 2.2.2. Caldeiras a fuelóleo 2.2.3. Caldeiras a gás 2.2.4. Caldeiras de condensação 3. Instalação e Manutenção 4. Energia e Ambiente 5. Legislação Sobre Emissões 6. Conclusões 7. Bibliografia 1. Introdução As caldeiras de água quente têm actualmente uma gama de utilização que ultrapassa a simples obtenção de água quente para uso doméstico. Hoje em dia os sistemas de climatização de grande dimensão dependem quase obrigatoriamente de sistemas com caldeiras de água quente. A utilização do vapor volta a ter um papel relevante na indústria actual com o aparecimento de novos sistemas de transformação de vapor em energia (eléctrica, mecânica, etc.) As caldeiras podem ser classificadas de diferentes formas de acordo com: 1.1 Utilização prevista; 1.2 Tipo de fluido gerado; 1.3 Combustível utilizado; 1.4 Concepção do equipamento. 1.1. Utilização prevista Quanto à utilização prevista podemos distinguir principalmente três tipos de caldeiras: caldeiras para co-geração, caldeiras para aquecimento de água (climatização, processos industriais, etc.) e caldeiras de recuperação de calor de processos industriais ou outras fontes. Nas caldeiras para geração de energia eléctrica (co-geração) o fluido gerado é vapor a alta pressão e temperatura, para permitir a obtenção de energia mecânica em turbinas, motores ou máquinas (embora estas já não sejam muito utilizadas hoje em dia), que por sua vez accionam alternadores para obtenção de energia eléctrica. As caldeiras de recuperação de calor são utilizadas quando há calor a recuperar de qualquer processo químico, industrial de incineração ou de máquinas térmicas (motores, turbinas a gás). As caldeiras de água quente têm objectivos completamente diferentes,

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CALDEIRAS DE ÁGUA QUENTE

Índice1. Introdução 1.1. Utilização prevista 1.2. Combustível utilizado 1.3. Concepção do equipamento 2. Descrição e Funcionamento 2.1. Componentes principais 2.2. Tipos de caldeiras 2.2.1. Caldeiras a carvão (ou lenha) 2.2.2. Caldeiras a fuelóleo 2.2.3. Caldeiras a gás 2.2.4. Caldeiras de condensação 3. Instalação e Manutenção 4. Energia e Ambiente 5. Legislação Sobre Emissões 6. Conclusões 7. Bibliografia 

1. IntroduçãoAs caldeiras de água quente têm actualmente uma gama de utilização que ultrapassa a simples obtenção de água quente para uso doméstico. Hoje em dia os sistemas de climatização de grande dimensão dependem quase obrigatoriamente de sistemas com caldeiras de água quente. A utilização do vapor volta a ter um papel relevante na indústria actual com o aparecimento de novos sistemas de transformação de vapor em energia (eléctrica, mecânica, etc.)

As caldeiras podem ser classificadas de diferentes formas de acordo com:1.1 Utilização prevista;1.2 Tipo de fluido gerado;1.3 Combustível utilizado;1.4 Concepção do equipamento.

1.1. Utilização prevista Quanto à utilização prevista podemos distinguir principalmente três tipos de caldeiras: caldeiras para co-geração, caldeiras para aquecimento de água (climatização, processos industriais, etc.) e caldeiras de recuperação de calor de processos industriais ou outras fontes.Nas caldeiras para geração de energia eléctrica (co-geração) o fluido gerado é vapor a alta pressão e temperatura, para permitir a obtenção de energia mecânica em turbinas, motores ou máquinas (embora estas já não sejam muito utilizadas hoje em dia), que por sua vez accionam alternadores para obtenção de energia eléctrica.As caldeiras de recuperação de calor são utilizadas quando há calor a recuperar de qualquer processo químico, industrial de incineração ou de máquinas térmicas (motores, turbinas a gás).As caldeiras de água quente têm objectivos completamente diferentes, transferem o calor do combustível para um fluido que por sua vez transporta esse calor aos utilizadores. A água encontra-se normalmente no estado líquido a baixa ou média pressão.Nas caldeiras de água quente, entendendo-se por "água quente" a água até uma temperatura de 110ºC. Estas caldeiras utilizam-se para aquecimento de edifícios e AQS em habitações, hotéis, piscinas, infra-estruturas desportivas ou outras e ainda na indústria. (é sobre este tipo de caldeiras que este trabalho vai incidir). Nesta categoria existem dois tipos de sistemas - com ou sem recuperação de calor por condensação.

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1.2. Combustível utilizadoOs combustíveis dividem-se em três categorias: sólidos, líquidos ou gasosos. Os combustíveis sólidos podem ser queimadores em grelha, suspensão (pulverizados) ou em leito fluidizado. Quanto aos combustíveis líquidos (atomizados) e gasosos são sempre queimados em suspensão.

CombustíveisFósseisResiduaisRenováveis

GasososGás naturalGás de alto fornoBiogasGás de forno de coqueGás de refinaria

LíquidosFueloleoÓleos usadosÁlcool de canaGasoleoLicor negro (celuloses)

SólidosCarvãoPó de cortiçaBiomassaLixosSerrimTabela 1: Combustíveis usados em caldeiras.

A grande diferença entre as caldeiras relativamente ao tipo de combustível, consiste na fornalha e respectivo queimador assim como no equipamento auxiliar. 

1.3. Concepção do equipamentoQuanto à concepção, há principalmente dois tipos, tubos de água (ou óleo) e tubos de fumo. Nas primeiras a água circula por dentro do tubo e os gases quentes da combustão por for a. Nas de tubos de fumo os gases quentes da combustão flúem por dentro dos tubos e a água por fora. As grandes caldeiras industriais de produção de energia e as caldeiras de centrais térmicas são sempre de tubos de água. As caldeiras de tubos de fumo são utilizadas para aquecimento a baixas pressões e pequenas capacidades.

2. Descrição e FuncionamentoCom o aperfeiçoamento da tecnologia do calor amplia-se a oferta de modelos de caldeiras geradoras de água quente. Vamos neste tópico tentar descrever, de forma sucinta o funcionamento geral dos principais tipos de caldeiras de água quente segundo o tipo de combustível que utilizam (sólido, líquido ou gasoso).

2.1. Componentes principais* Fornalha: Câmara de combustão e cinzeiro* Permutador calor: Paredes de água, painéis de tubos alhetados, feixes tubulares* Economizador: Recuperação de calor dos gazes de combustão (pré aquecimento de água)* Aquecedor de ar: Recuperação de calor dos gazes de combustão (pré aquecimento de ar)

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* Registo de ar: Para regular o caudal de ar e em alguns casos comunicar rotação ao escoamento de entrada para estabilizar a chama* Queimador e atomizador* Equipamentos de controlo e segurança: Termóstato (serve para controlar a temperatura da água; Válvula reguladora de pressão de água (normalmente trata-se de uma válvula anti-retorno); Válvula de controlo de temperatura e pressão; Tanque de expansão (compensa a expansão e contracção da agua devido à temperatura); Purgadores (a instalação necessita de sistemas que retirem o ar ou a água quando requerido); Válvulas de segurança (colocadas em locais estratégicos de modo a separar por sectores toda a caldeira)* Auxiliares: Queimador de arranque, detectores de chama, bomba de água, filtros de ar e água, filtros de fumo, etc. 

2.2. Tipos de caldeiras

2.2.1. Caldeiras a carvão (ou lenha)Exemplo de funcionamento de uma caldeira a lenha:

Caldeira Torbel Baixa Pressão:- Combustível: resíduos de madeira-Alimentação: completamente automática-Potência: 350 a 4660 KW-Pressão: 0,5 a 1 BarProdução de energia sob a forma de água quente (utilizada para aquecimento, secadores, naves, cabines, prensas, etc.)

Caldeira Torbel para Casca (Caldeira com Fornalha Especial), especialmente concebida para queima de produtos com elevado teor de humidade e com formas irregulares tais como casca, serraduras verdes, etc.A instalação completa compreende:- Sem-fim de Extracção-Sem-fim de Alimentação-Fornalha-Caldeira-Separador de cinzas Multiciclónico 

Fornalha Tapete de alimentaçãoCaldeira com alimentação automática feita por tapete especial, separador de cinzas multiciclónico, ventilador de tiragem forçada, passagem de fumos para a chaminé alternada com uma válvula "by pass" usando como combustível, restos de madeira ou serradura.Separador de cinzas composto por uma bateria de pequenos ciclones dispostos em diversas filas paralelas colocadas em escada permitindo que os fumos se repartam de uma maneira uniforme por todos os ciclones. Cada ciclone tem um rendimento óptimo para o débito bem determinadoSeparador de cinzas Sem-fim injectorO sem-fim injector permite uma alimentação automática das caldeiras garantindo uma qualidade de combustão óptima e estável.Foi concebido para poder resistir a circunstâncias de funcionamento difíceis.A ponteira final do sem-fim e do tubo envolvente é construída em aço refractário para resistir às elevadas temperaturas do interior da fornalha.O sem-fim é provido de um duplo sistema de segurança para o caso de a temperatura no seu interior ser muito elevada accionar o sistema de extinção de incêndio.

2.2.2. Caldeiras a fuelóleoAs caldeiras a fuelóleo são normalmente construidas em aço ou ferro fundido. As de ferro fundido são constituídas por secções por forma anelar ligadas umas ás outras.

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A água a aquecer encontra-se dentro dos anéis e o queimador é montado dentro da fornalha (refractário) que por sua vez está colocada na área circular formada pelos os anéis.As caldeiras de aço podem ter a mesma forma ou um formato mais tradicional (reservatório de água)

Exemplo de caldeiras a combustível líquido:

Caldeiras Lasian:* Homologadas pelo Ministério da Indústria e Energia como aparelhos de pressão * Certificação CE de rendimentos para combustíveis líquidos e gasosos até 3.209Kw * Fabricadas conforme norma ISO 9002 * Rendimento situa-se entre os 92% e 96% segundo a potência * Os materiais usados nos componentes essenciais, são de alta qualidade, seguindo um rigoroso controlo de qualidade em todas as fases de montagem * O corpo da caldeira está protegido termicamente por lã de vidro de alta densidade, evitando as percas de calor * O revestimento exterior da caldeira até à potência de 695 kW/h, é composto por bandas metálicas acabadas a pintura epoxy. Podem desmontar-se com facilidade para evitar a deterioração.Em potências superiores e devido às dimensões, a caldeira montada, com chapa estriada na parte superior, permitindo andar sobre ela para facilitar a instalação. * O desenho das caldeiras para cada potência foi estudado e comprovado, em laboratório, conseguindo uma grande capacidade no circuito hidráulico e de fumos. * A entrada de água à caldeira realiza-se de forma homogénea com a colocação interior de um deflector especialmente desenhado. Obtém-se assim uma temperatura mais equilibrada na câmara de água, conseguindo um maior rendimento e duração de vida da caldeira. * Todas as uniões por soldadura, realizam-se com os métodos mais avançados, mediante câmara de gás e arco submerso automático. 

2.2.3. Caldeiras a gásA combustão do gás ocorre a temperaturas mais baixas que a do fuelóleo, podendo estas caldeiras terem formas muito diferentes. Normalmente a chama encontra-se em contacto com os tubos de água podendo estes estar imersos na própria chama. Este tipo de caldeiras utiliza a pressão a que o gás é injectado para que a propagação de chama atinja a maior distância possível (trata-se de um sistema similar ao que se encontra no típico fogão de cozinha). Os queimadores normalmente utilizados são do tipo atmosférico.

As caldeiras a gás têm menores custos de investimento, devido essencialmente, a:* um menor custo de aquisição (regra geral) de um queimador a gás comparativamente com um a fuelóleo da mesma potência, em virtude da sua menor complexidade;* inexistência dos equipamentos auxiliares necessários com o fuelóleo, como: armazenagem, aquecimento, bombagem e filtração;* restrições regulamentares e instalações vizinhas, que poderão determinar a instalação de unidades de despoeiramento dos produtos de combustão do fuelóleo;

Redução dos custos de manutenção, devido sobretudo a:* menores custos de manutenção dos queimadores a gás, por comparação com os queimadores a fuelóleo, os quais requerem frequentes intervenções para manutenção e substituição de peças;* no caso do gás natural, menores custos de manutenção das próprias caldeiras, em virtude da combustão do gás natural se extremamente limpa;* eliminação dos custos de manutenção dos equipamentos auxiliares evitados: como bombas, permutadores, filtros, depósitos.

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Exemplo de uma caldeira a gás:Caldeira Aalborg:

Caldeira tipo flamotubular* Caldeira para água quente, tipo flamotubular, a óleo leve e gás * Gerador de vapor e trocador de calor combinado em uma única unidade * Vapor abaixo da pressão atmosférica (vácuo): estrutura mais leve, menor ponto de ebulição, menos corrosão e menos exigências quanto à segurança de trabalho * Feixe tubular em aço inoxidável na secção do trocador de calor * Fornecida como unidade completa pronta para instalação

2.2.4. Caldeiras de condensaçãoA implementação de sistemas de recuperação de energia deu origem ao aparecimento, no mercado, das designadas "caldeiras de condensação".Estas caldeiras, de eficiência térmica muito mais elevada do que as caldeiras convencionais, estão direccionadas para potências relativamente moderadas (até 900 KW ou 775 000 Kcal/h) e para a produção de água quente (até 95°C).As caldeiras de condensação, para além do tubular normal, dispõem dum permutador (gases/água) antes da chaminé, onde se realiza o arrefecimento dos gases (acompanhado da condensação dos seus vapores) e o aquecimento da água, no seu trajecto de retorno à caldeira; a evacuação dos condensados dos vapores, que se formam ao atravessar o permutador, é efectuada por um dreno inferior, seguindo os gases para a respectiva chaminé.Ao promover-se o arrefecimento e a consequente condensação dos vapores contidos nos gases, aproveita-se não só a energia resultante do abaixamento da sua temperatura (designada por "calor sensível"), mas também a libertação de energia associada à mudança de estado (gasoso para líquido) dos vapores, designada por "calor latente", que apresenta sempre uma magnitude muito superior à do calor sensível.

3. Instalação e ManutençãoTratando-se de equipamento para a produção de calor, é de extrema importância o uso de medidas que garantam a segurança dos utilizadores, tanto no que se refere ao fabrico, quanto à instalação e manutenção preventiva.Inúmeros factores afectam o rendimento das caldeiras, além da sua concepção, dimensionamento, equipamento e combustível, como por exemplo:* O controlo das condições de funcionamento;* O estado de limpeza do lado dos fumos;* O tratamento de águas;* O estado dos isolamentos;* O estado das válvulas e guarnições;* A sua manutenção;* A sua operação correcta.

É portanto de grande importância económica uma boa base de manutenção, existindo sempre tendência para maximizar o rendimento através de:* Sistemas de correcção automática das condições de combustão;* Sistemas de controlo automático das purgas;* Sistemas automáticos de tratamento de águas;* Economizadores;* Aquecedores de ar (nas caldeiras de combustíveis sólidos).

O processo de instalação de caldeiras e reservatórios sob pressão está sujeito a legislação. Portanto para além dos cuidados descritos acima, tanto a empresa que adquire o equipamento como a empresa responsável pela instalação devem ter conhecimento e seguir trâmites legais estabelecidos.

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4. Energia e AmbienteExistem inúmeros processos industriais (normalmente de alta temperatura), em que há produção de gases de combustão a temperatura elevada, e que apresentam por isso, um potencial energético susceptível de ser recuperado. No caso das caldeiras foram desenvolvidos permutadores, alguns incorporados já de origem nos próprios equipamentos, que permitem aproveitar grande parte da energia desses gases de combustão, antes de serem enviados para a atmosfera. Uma das soluções mais típicas, nomeadamente em caldeiras (e também em fornos), consiste em intercalar um permutador (gases/ar ou gases/água), entre a caldeira e a chaminé; a energia cedida pelos gases neste permutador, pode ter várias utilizações, sendo as mais frequentes:* Aquecimento da própria água de adição à caldeira, nomeadamente nas situações em que há consumo directo (ou perdas) de vapor (ou água), havendo por isso necessidade de fornecer água fria em contínuo ao sistema, que pode assim ser pré-aquecida, a custo praticamente nulo; o permutador neste caso é normalmente designado por "Economizador" da caldeira.* Aquecimento de água para o processo fabril, caso exista um utilizador adequado.* Aquecimento do ar de combustão do(s) queimador(es) da caldeira (ou forno), que assim, passa a ser admitido ao sistema, a uma temperatura superior à temperatura ambiente.

Qualquer destes aproveitamentos traduz-se por economias de energia, em maior ou menor grau, resultando numa diminuição do consumo de combustível dos equipamentos e, consequentemente, numa redução dos seus custos de funcionamento.

Em caldeiras, a poupança que se obtém com o pré-aquecimento da água de adição, é muito variável, principalmente em função das quantidades de água fria de adição ao sistema, podendo representar, desde 1%-2%, até 12% do consumo de combustível.

O pré-aquecimento do ar de combustão, traduz-se, em condições normais, por uma redução de 1% no consumo de combustível, por cada incremento da temperatura do ar de 20°C a 25°C; este pré-aquecimento do ar, traz ainda outras vantagens, como seja uma maior temperatura de chama, a possibilidade de trabalhar com um menor excesso de ar de combustão, etc..

Uma das maiores condicionantes destes sistemas, tem a ver com a temperatura mínima que os gases de combustão (à saída do permutador), podem atingir, sem que surjam problemas de corrosão, associados à condensação dos vapores que são transportados nesses gases.

Esta situação é especialmente grave, quando se queimam combustíveis que possuem enxofre na sua composição (mesmo em pequenas percentagens), como é o caso do fuelóleo, carvão e alguma madeira; nestes casos, os gases transportam vapores de SO3 (trióxido de enxofre) que, quando são condensados, podem dar origem à formação de ácido sulfúrico (H2SO4), que é altamente corrosivo, podendo destruir rapidamente, quer o permutador, quer a própria chaminé de gases.

Muito embora o ponto de condensação desses vapores seja da ordem dos 150°C, aconselha a prática, a não reduzir a temperatura dos gases de combustão (deste tipo de combustíveis), abaixo dos 175°C a 180°C.

No caso da combustão de gás natural (ou de gás propano, desde que totalmente isento de enxofre), este problema já não se coloca, pois aquele combustível é normalmente isento de enxofre.

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Esta particularidade permite que os seus gases de combustão possam ser arrefecidos a uma temperatura muito inferior à referida para o caso do fuelóleo, sendo a taxa de recuperação de energia, neste caso, bastante mais elevada.

Para além do aumento da viabilidade que resultou para a implementação dos sistemas de recuperação de energia (amortização do investimento mais rápida), este facto deu também origem ao aparecimento, no mercado, das designadas "caldeiras de condensação". O rendimento térmico destas caldeiras, embora se situe sempre num patamar elevado, está algo condicionado pela temperatura da água que atravessa o condensador (no seu retorno à caldeira), apresentando as seguintes variações com este parâmetro:

Temperatura da água Eficiência (base PCS)> 55°C 84 - 86%     45°C 90%   30°C 95%    15°C 97% 

Face ao excelente desempenho destas caldeiras, e embora sejam um pouco mais caras que as caldeiras convencionais, devem constituir sempre uma hipótese a considerar, no caso de aquisição de novos equipamentos, ou quando houver necessidade de substituição de caldeiras antigas; a viabilidade de substituir caldeiras convencionais operativas, por caldeiras de condensação, está dependente das poupanças que se irão obter, necessitando duma análise caso a caso. 

As emissões para a atmosfera são uma preocupação geral em nome da preservação do ambiente. São também uma obrigação legal, que será seguramente cada vez mais exigente , e mais controlada.As emissões para a atmosfera dependem:* Da concepção da caldeira;* Do equipamento de queima;* Da manutenção:* Da existência de um sistema de tratamento de fumos, sendo nalguns casos muito complexos.

É obvio que quando se aumenta o rendimento se reduzem as emissões, se uma caldeira tiver um rendimento 5% maior, queima 5% menos combustível para produzir o mesmo sendo as emissões reduzidas em 5%.

Note-se que são reduzidas as emissões não só de poluentes, mas também de CO2, responsável pelo efeito de estufa.

Com a introdução no nosso país do Gás Natural, as empresas passaram a dispor de mais uma opção para o estabelecimento não só das novas caldeiras industriais que a partir de agora entram em serviço, como também das caldeiras existentes, que na maioria dos casos podem ser convertidas para usar gás natural.

Para além do gás natural representar em muitos casos, a alternativa com o menor custo por unidade de energia, as vantagens tecnológicas que lhe são inerentes fazem com que este combustível se apresente como a melhor alternativa:* Rendimentos de 3 a 6% superiores aos das caldeiras a fuelóleo em condições reais de exploração, particularmente nas caldeiras de tubos de fumos, devido à deposição de resíduos da combustão do fuelóleo ao longo da superfície de permuta de calor;* Maior rendimento global na produção de calor comparativamente ao fuelóleo, porque o produtos da combustão do gás natural podem ceder calor até temperaturas muito mais baixas, em virtude do seu baixíssimo teor de enxofre;* Conveniência, o gás natural está sempre disponível (365 dias/ano) sem necessidade de controlar stocks ou providenciar fornecimentos, armazenagem, aquecimento ou bombagem sem espaço ocupado com depósitos, permutadores ou bombas, e sem espaço desperdiçado em áreas de segurança como no caso dos

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depósitos de propano e sem necessidade de providenciar a manutenção de equipamentos auxiliares;

5. Legislação Sobre EmissõesEm Portugal os limites permitidos das emissões para a atmosfera, são algo mais benévolos do que os da Directiva Europeia, o que em certa medida se compreende porque, na altura, não havia ainda gás natural, e outras razões circunstanciais.O gás natural já aí está, a convergência nos limites das emissões também vai acontecer, tendendo para valores muito mais exigentes do que os da Directiva actual, já se sabe, a futura Directiva acompanhará essa tendência.

* NP 2167 - Secção de amostragem e plataformas para chaminés ou condutas circulares de eixo vertical.Secção recta onde se verifique que o perfil de velocidades é sensivelmente uniforme e onde a repartição de partículas não apresente localmente heterogeneidades importantes. Na secção de amostragem não deverão existir:VórticesZonas mortasCorrentes preferenciais ou de retorno.

* Portaria nº 286/93 de 12 de Março - Valores guia e valores limite de emissão de vários poluentes gasosos.- Estabelece os valores limite das emissões de poluentes de fontes fixas, tendo em conta a natureza, as quantidades e a nocividade das emissões em causa de forma a satisfazer as exigências de protecção do ambiente e do bem-estar das populações.- Estabelece métodos de referência para a amostragem e análise dos poluentes.- Os valores limite das emissões de poluentes.- As condições que determinam a realização de medições em contínuo das emissões para a atmosfera.

Valores limite de emissão de aplicação geral:Poluente                                 Limite ( mg/Nm3 )  O2 de Referência  Partículas                                     300                    8%   Óxidos de Azoto   ( NOx expresso em NO2 )  1500 8% Monóxido de carbono ( CO )         1000                   8% Compostos orgânicos ( COV expresso em carbono total) 50  8%Dióxido de enxofre ( SO2 )        3500*  2700**      8%* Valor a cumprir até ao final do ano 2000 - teor de enxofre máximo no combustível: 2%** Valor a cumprir após o final do ano 2000 - teor de enxofre máximo no combustível: 1.5%

Condições que determinam a realização de medições em contínuo de emissões para a atmosfera:Poluentes         Emissões ( kg/h ) Partículas                        5Dióxido de enxofre         50Óxidos de azoto expresso em NO2  30Monóxido de carbono       100

Valores limite de aplicação sectorial:* Indústrias fundamentais ou de fusão de vidro- Partículas: 150 mg/Nm3- NOx: 1500 mg/Nm3 ( valores corrigidos a 8% de O2- NOx: 1800* mg/Nm3* Indústria de materiais de barro para a construção de produtos refractários- Fornos contínuos* Partículas: 150 mg/Nm3( valores corrigidos a 8% de O2

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* SO2: 1800 mg/Nm3- Fornos descontinuos* Partículas: 300 mg/Nm3( valores corrigidos a 8% de O2* SO2: 1800 mg/Nm3* Para fornos regenerativos existentes* Indústria de electricidade, gás, vapor e grandes instalações de combustão- Partículas: 50* mg/Nm3100** mg/Nm3- NOx: 450* mg/Nm3 ( valores corrigidos a 3% de O2- SO2: Potência (MW)  Emissão (mg/Nm3)    O2 de referência50 a 300                1700                       3%300 a 500            3650 - 6.5                3%> 500                        400                      3%* todas as instalações** instalações com potência térmica inferior a 500MW e que utilizem combustíveis com um teor de cinzas superior a 0.06%

* Portaria nº 1058/94 de 2 de Dezembro - Valores limite de emissões de NOx para as instalações de cogeração.Conversão de ppm para mg/m3Nº de mole x massa molar ( g )Nº de mole x volume molar ( m3 )Poluente Limite molar (/mol) Factor de conversão para passar de ppm para mg/m3NO2   46   1.91CO     28    1.16COV   12    0.499SO2   64   2.66

Volume de uma mole para T=293K e P=101.3kPa: 24.06 x 10-3m3

* Despacho 79/95 - Regulamentação relativa ao envio para as entidades competentes dos resultados das emissões industriais para a atmosfera(conversão para as condições de referência).Cref - concentração normalizada [mg/Nm3]Cmed - concentração medida [mg/Nm3]O2 - teor de oxigénio normalizada [%]T - temperatura normalizada [K]H2O - teor de vapor de água normalizada [%]P - pressão normalizada [kPa]med - valor medidoref - valor nas condições de referência (T=293K e P=101.3kPa)

6. Conclusões Deve-se concluir que o uso de caldeiras de água quente continua a fazer sentido tanto na indústria como nos serviços. Trata-se de uma forma de gerar calor de modo simples mas acima de tudo muito económica.A nova Norma Europeia sobre caldeiras representará um passo na uniformização e caminho no mesmo sentido. Em consequência as caldeiras futuras serão mais caras, mas também mais seguras, de maior rendimento e menor número de emissões. Existe ainda a possibilidade futura do aparecimento de caldeiras com um nível de emissão de poluentes zero - caldeiras de aquecimento por energia solar. Estas serão com certeza tema de um novo trabalho num futuro breve.

Devemos reter dois factos:* A selecção de uma caldeira deve ser feita tendo em atenção a tendência da legislação, satisfazendo a futura directiva sobre emissões e a próxima norma europeia;

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* A correcta operação e uma manutenção cuidada são economicamente rentáveis, e uma condição indispensável à redução das emissões.

7. Bibliografia- Chattopadhyay,P "Boiler operations questions and answers", McGraw-Hill,Inc.1995- "Principles of combustion engineering for boilers", edited by C.J.Lawn, 1987- "Cursos de formação para técnicos da Petrogal", DEM ISThttp://www.boilerspecialistshttp://www.H_boilers.htmlhttp://www.hot_water.comhttp://www.thermal.htmlhttp://wwwalu.por.ulusiada.pthttp://www.galpenergia.comhttp://www.revistahotelnews.com.brhttp://www.aeportugal.pt/http://www.egicomb.pthttp://torbel.pt/empresa.htmhttp://www.lusovapor.pt/http://www.dre-norte.min-economia.pt/qualidade/licenciamento/ESP/default.htmhttp://www.aalborg-industries.com.br/vec-term.htmhttp://www.lasian.com/