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  • 7/23/2019 Calculo Da Transmissao Em Dupla Barreira Abordagem Terico Experimental Do Efeito Do Tunelamento Quntico

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SOFRANCISCO

    ABORDAGEM TERICOEXPERIMENTAL DOEFEITO DO TUNELAMENTO QUNTICO EM

    DISPOSITIVOS SEMICONDUTORES

    AROLDO FERREIRA LEO

    Juazeiro/BA

    2009

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    AROLDO FERREIRA LEO

    ABORDAGEM TERICOEXPERIMENTAL DO

    EFEITO DO TUNELAMENTO QUNTICO EMDISPOSITIVOS SEMICONDUTORES

    Dissertao apresentada UniversidadeFederal do Vale do So Francisco como

    requisito parcial para obteno do grau deMestre em Cincia dos Materiais.

    Orientador: Prof. Dr. Tlio Nobre Leite

    Co-orientador: Prof. Dr. Helinando Pequeno de Oliveira

    Juazeiro/BA

    2009

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    A comunidade dos pesquisadores uma espcie de

    rgo do corpo da humanidade: alimentado por

    seu sangue, esse rgo secreta uma substncia

    essencial vida que deve ser fornecida a todas as

    partes do corpo, na falta da qual ele perecer. Isso

    no quer dizer que cada ser humano deva ser

    atulhado de saberes eruditos e detalhados, como

    ocorre freqentemente em nossas escolas nas quais

    [o ensino das cincias] vai at o desgosto. No se

    trata tambm de o grande pblico decidir sobre

    questes estritamente cientficas. Mas necessrio

    que cada homem que pensa tenha a possibilidadede participar com toda lucidez dos grandes

    problemas cientficos de sua poca e isso, mesmo

    se sua posio social no lhe permite consagrar

    uma parte importante de seu tempo e de sua

    energia reflexo cientfica. somente quando

    cumpre essa importante misso que a cinciaadquire, do ponto de vista social, o direito de

    existir.

    ALBERT EINSTEIN

    V

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    Este trabalho dedicado as minhasfilhas, Isabela e Isadora, verdades

    maiores em meu corao carregado de

    temores e singularidades.

    VI

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus, pela fsica quntica, o magnetismo, a astrofsica e arelatividade, pelo infinito e por algo muito mais alm do que o big-bang;

    A meus pais, que sempre acreditaram em mim;

    Ao Professor Tlio, por sua humildade e coerncia;

    Ao Professor Helinando, por sua incrvel capacidade de acreditar nos

    sonhos dos outros;

    Ao Professor Isnaldo, sempre prestativo e lcido;

    A Ricardo Prates, o bom baiano conhecedor dos deuses gregos, pelapacincia e sinceridade;

    A Paulo, Mrio, Alexandre, Mnica, Waldiclcio, Sandro,

    companheiros do mestrado e criaturas extremamente sensveis;

    A Evando, uma alma de ecos infinitamente gentis;

    A Ariadne, que me faz recordar Teseu, o heri grego do labirinto deCreta.

    VII

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    RESUMO

    Neste trabalho, onde se evidenciou, de uma forma geral, a importncia dos

    semicondutores puros (intrnsecos) e dopados (extrnsecos), voltado para a dinmica de

    portadores, especificamente em diodos tnel e diodos de tunelamento ressonante,

    realiza-se um estudo da fenomenologia do diodo tnel, tanto na parte terica quanto

    experimental, analisando-se a interferncia dos efeitos, principalmente, da variao da

    temperatura e da freqncia sobre um diodo tnel comercial (1N3712). Tambm para o

    referido diodo foram obtidas curvas de corrente versus tenso, onde pde-se comprovar

    a existncia, sobre uma determinada faixa de tenso, de uma regio com resistncia

    diferencial negativa. J para o diodo de tunelamento ressonante, foi efetuado um estudo

    terico do mesmo, atravs do modelo de densidade de corrente de tunelamento, com

    nfase no clculo exato da transmisso para barreiras duplas trapezoidais assimtricas.

    Neste caso, mostrou-se que a funo de onda da barreira apresenta como soluo uma

    funo de Airy e a transmisso da referida barreira foi desenvolvida usando-se notao

    matricial. Ao se resolver exatamente o problema de barreiras assimtricas, pde-se levar

    em conta assimetrias nas propriedades dos materiais das heterojunes. Foram

    levantadas importantes curvas da transmisso em funo da energia do eltron e, ainda,

    da densidade de corrente de tunelamento em funo da tenso aplicada ao circuito, tanto

    para barreiras simtricas quanto assimtricas, a partir do desenvolvimento

    computacional de um clculo numrico efetuado atravs do programa Fortran. De uma

    forma geral, o trabalho est dividido em duas partes, a primeira que trata do estudo das

    propriedades fsicas de uma homojuno (diodos tnel) e a outra que trata das

    propriedades fsicas de uma heterojuno (diodos de tunelamento ressonante).

    VIII

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    SUMRIO

    CAPTULO 1Introduo .......................................................................................... 14

    CAPTULO 2Semicondutores .................................................................................. 21

    2.1Semicondutores ......................................................................................................21

    2..1.1 Breve Histrico ..........................................................................................22

    2.1.2 Propriedades dos Semicondutores ...............................................................24

    2.2Semicondutores Intrnsecos ....................................................................................26

    2.2.1Massa Efetiva de eltrons e Buracos ...........................................................27

    2.3Semicondutores Extrnsecos ...................................................................................282.3.1Semicondutores Extrnsecos do Tipo n ......................................................29

    2.3.2Semicondutores Extrnsecos do Tipo p ......................................................30

    2.3.3Concentrao de Portadores ......................................................................31

    2.4Dispositivos SemicondutoresDiodos .................................................................32

    2.4.1A Juno p-n ...............................................................................................32

    2.4.2Heterojunes ..............................................................................................33

    2.4.3Diodos de Juno e Outros Diodos ............................................................34

    Referncias Bibliogrficas ..............................................................................................36

    X

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    APNDICES

    Apndice 1Clculo da massa efetiva........................................................................107

    Apndice 2Clculo da densidade de corrente de tunelamento.................................109

    Apndice 3Clculo da transmisso para uma barreira retangular............................112

    Apndice 4Clculo da equao (4.9) do Captulo 4................................................ 123

    Apndice 5Clculo da funo de onda (barreira trapezoidal)................................ 125

    Apndice 6 - Clculo Numrico................................................................................ 130

    Apndice 7Data Sheet do Diodo Tnel 1N3712.................................................... 134

    XIII

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    Efeito do Tunelamento Quntico Introduo

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    Dissertao de Mestrado - Ps - Graduao em Cincia dos Materiais - UNIVASF

    Captulo 1

    INTRODUO

    Certa vez, Richard Feynman (1918-1988), brilhante fsico americano, fez meno ao

    seguinte questionamento, numa palestra realizada em uma universidade dos Estados Unidos:

    Se, por algum cataclisma, todo conhecimento cientfico fosse

    destrudo, e apenas uma frase pudesse ser passada s prximas geraes, qual afirmao

    conteria o mximo de informao no menor nmero de palavras? Creio que a hiptese

    atmica, ou seja, que todas as coisas so feitas de tomos...

    Tal afirmao de Feynman nos mostra, de forma contundente, a importncia da teoria

    atmica da matria, no somente para a Fsica, porm para todas as cincias. Conseqncia

    direta da Mecnica Ondulatria de Erwin Schrdinger (1887-1961), que traz em seu cerne o

    conceito da Densidade de Probabilidade, o efeito tnel ou tunelamento , nos dias atuais, um

    fenmeno bastante conhecido na literatura [1-3], o qual, cerca de meio sculo aps suas

    primeiras aplicaes, serviu de base ao desenvolvimento, em 1982, do Microscpio do

    Tunelamento de Eltrons [4-7]. O tunelamento de uma determinada partcula, que atravessa

    uma barreira de potencial de espessura da ordem de 100, ou seja, da ordem do comprimento

    de Broglie da mesma, um fenmeno de grande importncia para a mecnica quntica,

    complexo e abrangente, no possuindo anlogo clssico e, atualmente, estudado em diversos

    ramos da fsica [8-10]. O fenmeno do tunelamento permite ainda a implementao de uma

    srie de outras aplicaes. As manifestaes experimentais do fenmeno foram uma das

    primeiras constataes da teoria quntica. J no ano de 1920, a idia de tunelamento foi

    utilizada para explicar resultados de decaimento nuclear observados pelo ingls Ernest

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    Dissertao de Mestrado - Ps - Graduao em Cincia dos Materiais - UNIVASF

    Rutherford (1871-1937) na primeira dcada do sculo XX [11]. Exemplos histricos deste

    fenmeno quntico so: o decaimento alfa dos ncleos em que um ncleo de Hlio (He) com

    energia abaixo da barreira de potencial coulombiano tunela atravs dela, o que foi explicado

    pela teoria de Gamow, Gurney e Condom[12-14]; a emisso de campo na qual eltrons so

    emitidos por metais aps a aplicao de um campo eltrico externo que, ao modificar a forma

    do potencial de ligao do sistema, possibilita o tunelamento de eltrons do mar de Fermi,

    fenmeno que foi explicado inicialmente, de forma qualitativa, pela teoria de Fowler-

    Nordheim [15]; os microscpios de emisso e de tunelamento onde a imagem da estrutura

    atmica das superfcies de certos materiais obtida atravs do resultado do tunelamento por

    emisso de campo dos eltrons destes materiais [16]; as reaes de fuso nuclear onde os

    ncleos envolvidos no processo de fuso precisam tunelar atravs da barreira de potencialexistente entre eles para que o processo se concretize [17]; a penetrao do tomo de

    nitrognio (N) na barreira de potencial criada pelos trs tomos de hidrognio na inverso

    peridica da molcula de amnia (NH3), fenmeno que, na fabricao de relgios atmicos,

    foi inicialmente utilizado [18]; o tunelamento de eltrons em materiais semicondutores, tais

    como nos diodos tnel, que so largamente usados nos circuitos eletrnicos rpidos devido

    sua alta freqncia de resposta. Nesta rea da fsica, como veremos na presente dissertao, o

    fenmeno de transmisso de portadores de carga atravs de barreiras de potencial tem umaimportncia enorme [19]; num contexto mais atualizado, podemos citar o tunelamento

    ressonante de eltrons atravs de cavidades, chamadas quantum dots, que so tomos

    fabricados artificialmente atravs do confinamento tridimensional de portadores de carga que

    simulam, deste modo, os eltrons aprisionados em um tomo real. Este aprisionamento ocorre

    na regio de juno de dois ou mais materiais diferentes (heteroestruturas qunticas), tais

    como arseneto de glio (GaAs) ou arseneto de glio e alumnio (GaAlAs). Sendo assim, eles

    apresentam propriedades similares quelas normalmente associadas aos tomos reais, taiscomo estruturas de camadas e nveis quantizados de energia. O que os torna especiais a

    possibilidade de se poder controlar seus tamanhos e suas formas atravs de uma tecnologia de

    fabricao em escala nanomtrica. Esta liberdade de fabricao abre uma grande variedade de

    aplicaes em vrias reas da fsica, tais como na fabricao de lasers com comprimento de

    onda antes inacessveis e fabricao de chips para uma prxima gerao de computadores

    mais velozes[20-22]. De fato, no tunelamento, a observao experimental uma revelao do

    carter ondulatrio da matria [23]. Geralmente, o termo tunelamento refere-se ao transporte

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    Dissertao de Mestrado - Ps - Graduao em Cincia dos Materiais - UNIVASF

    de partculas atravs de uma regio classicamente proibida, na qual a energia total de uma

    partcula pontual clssica menor que a energia potencial da regio. Os crescentes avanos na

    tecnologia de processamento de semicondutores possibilitaram a fabricao de estruturas com

    dimenses da ordem de nanmetros, o que tem levado descoberta de novos fenmenos

    fsicos e de dispositivos extremamente velozes. A explorao e a caracterizao de fenmenos

    em materiais com dimenses nanomtricas passa, portanto, a ser uma das linhas de pesquisa

    mais promissoras para o desenvolvimento de novas tecnologias. Nesta escala, a natureza

    quntica da matria se manifesta claramente e os efeitos de superfcies e interfaces se tornam

    importantes. Por sua vez, as nanoestruturas semicondutoras, em sua versatilidade, se adequam

    investigao da fsica fundamental do tunelamento. No diodo tnel, como detalhado no

    captulo 2 desta dissertao, ocorre um efeito de fundamental importncia, que se mostraquando os lados n e p de uma juno pn so dopados to fortemente, que ocorre a

    superposio das bandas de valncia e conduo, com o nvel mais baixo da banda de

    conduo ficando abaixo do nvel mais alto da banda de valncia. Como existem estados

    vazios disponveis com a mesma energia dos dois lados da juno, os eltrons da banda de

    conduo podem atravessar a barreira de potencial por tunelamento. A corrente resultante

    chamada de corrente de tunelamento [24].

    O tunelamento tambm desempenha um papel dos mais importantes em inmeros

    dispositivos que se baseiam em heteroestruturas semicondutoras, nos quais se verifica que o

    transporte perpendicular de portadores crucial, exercendo um elo fundamental, nos diodos

    de tunelamento ressonante (DTR), que podem operar em freqncias da ordem de centenas de

    GHz. Historicamente, o fenmeno do tunelamento foi reconhecido logo aps os fundamentos

    da teoria quntica terem sido estabelecidos. Desde os anos 50 a questo de como se conceber

    e fabricar dispositivos baseados em tunelamento tem recebido um interesse enorme. Nos anos

    60 foram desenvolvidas atividades relacionadas com a medida de tunelamento entre

    supercondutores e metais e entre os prprios supercondutores separados por camadas isolantes

    finas, que revelaram uma evidncia clara da densidade supercondutora de estados e o gap

    supercondutor associado [25-26]. Diversas teorias do tunelamento foram desenvolvidas

    devido a tal fato. Os diodos de tunelamento ressonante, baseados em heteroestruturas de

    semicondutores, com perfil de banda de conduo ou valncia de uma barreira dupla de

    potencial, ou seja, um poo quntico entre as tais duas barreiras, tiveram sua proposio,

    inicialmente, em 1973, pelos fsicos Tsu e Esaki. Ainda neste mesmo ano, Leo Esaki, Ivar

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    Dissertao de Mestrado - Ps - Graduao em Cincia dos Materiais - UNIVASF

    [11] C. A. dos Santos,Do laboratrio para a fbrica, Cincia Hoje On-Line,

    Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, (2007).

    [12] M. A. Cndido Ribeiro, V. C. Franzoni, W. R. Passos, E. C. Silva & A. N. F. Aleixo,

    Os problemas de espalhamento quntico em potenciais elementares, Revista Brasileira

    De Ensino de Fsica, Vol. 26, n1, So Paulo, (2004).

    [13] G. Gamow, Z. Physik 51, 204(1928); Z. Physik 52, 510 (1928).

    [14] R. W. Gurney and E. U. Condom, Nature 122, 439 (1928).

    [15] R. A. Millikan and C. F. Eyring, Phys. Rev. 27, 51 (1926)

    [16] R. R. Alves,Espectroscopia de Tunelamento Quntico, Dissertao de Mestrado,

    Unicamp, Campinas, (1994).

    [17] D. Colarusso, What is Quantum Tunneling?, video, Inglaterra, (2004).

    [18] C. C. Tannoudji, B. Diu and F. Lalo, Quantam Mechanics, Jonh Wiley & Sons,

    New York, (1977).

    [19] R. Tsu and L. Esaki, App. Phys. Lett. 22, 562 (1973).

    [20] C. W. J. Beenakker and H. van Houten, in Quantum Transport in SemicondutorNanostructures, edited by H. Turnbull, Academic Press, Solid State Physics,

    v. 44, (1991).

    [21] C. W. J. Beenakker and A. A. M. Staring, Phys. Rev. B 46, 9667 (1992).

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    Dissertao de Mestrado - Ps - Graduao em Cincia dos Materiais - UNIVASF

    [22] N. Maitra and E. J. Helier, Phys. Rev. Lett. 78, 3035 (1997).

    [23] P. A. B. Schulz, Tunelamento em heteroestruturas de Semicondutores,

    Tese de Doutorado, Unicamp, Campinas, (1990).

    [24] P. A. Tipler,Fsica para cientistas e engenheiros, volume 3, LTC Editora,

    Rio de Janeiro, (2000).

    [25] M. Cyrot and D. Pavuna,Introduction to Superconductivity and High-Tcmaterials,

    World Scientific, Singapore, (1992).

    [26] L. Solymar and D. Walsh,Lectures on the electrical properties of materials, Oxford

    University Press, Oxford (1993).

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    Captulo 2

    FUNDAMENTOS TERICOS: MATERIAIS SEMICONDUTORES

    2.1 - SEMICONDUTORES

    Tendo condutividade eltrica intermediria, entre condutores e isolantes, os

    semicondutores so slidos cristalinos. Tais materiais podem ser tratados quimicamente

    para transmitir e controlar uma corrente eltrica. Atualmente, os semicondutores so

    primordiais na indstria eletrnica e na confeco de seus componentes, dos quais se

    destacam os diodos e demais dispositivos com diversos graus de complexidade

    tecnolgica. A condutividade eltrica dos materiais semicondutores no to alta

    quanto aquela apresentada pelos metais; de qualquer forma, eles possuem algumas

    caractersticas eltricas nicas que os torna especialmente teis. As propriedades

    eltricas desses materiais so extremamente sensveis presena de mesmo minsculas

    concentraes de impurezas. Os semicondutores intrnsecos so aqueles em que o

    comportamento eltrico est baseado na estrutura eletrnica inerente ao material puro. A

    concentrao de eltrons na banda de conduo de um semicondutor puro variaexponencialmente com a temperatura, o que faz sua condutividade depender fortemente

    da temperatura. Esta uma das razes pelas quais os semicondutores puros so

    utilizados em poucos dispositivos. Quando as caractersticas eltricas so ditadas pelos

    tomos de impurezas, o semicondutor chamado de extrnseco. O semicondutor mais

    importante para a eletrnica o silcio. Ele tem a mesma estrutura cristalina do

    diamante, formada apenas por tomos do elemento Si, do grupo IV da tabela peridica.

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    Dissertao de Mestrado - Ps - Graduao em Cincia dos Materiais - UNIVASF

    2.1.1BREVE HISTRICO

    Historicamente, temos relatos antigos (1833), de uma descoberta feita porMichael Faraday que abriu caminho para as pesquisas em semicondutores. Faraday

    descobriu que o composto sulfito de prata tem um coeficiente negativo de resistncia

    com a temperatura e esta uma propriedade tpica dos materiais semicondutores. Uma

    outra contribuio importante para o campo da fsica de semicondutor foi a descoberta

    do fsico francs, Alexander Edmond Becquerel que, em 1839, relatou ter observado o

    efeito fotovoltaico em eletrodos de platina coberto por cloreto de prata(AgCl). Este foi o

    primeiro dispositivo fotovoltaico relatado, obtido pelo contato do cloreto de prata com aprata metlica. J na dcada de 1870, o selnio foi a grande descoberta e trouxe avanos

    para a evoluo dos dispositivos. O desenvolvimento dos dispositivos eletrnicos

    iniciou-se em 1874, quando Karl Ferdinand Braun construiu um retificador com o

    sulfeto de chumbo (PbS), ou como comumente conhecido, cristal de galena, soldado

    com fio metlico [1,2]. Braun observou que o fluxo de corrente total foi alterado,

    passando a depender da polarizao da tenso aplicada e das condies da superfcie do

    material, o que permitiu o descobrimento do carter assimtrico da conduo eltrica

    entre metais e semicondutores. Em 1878 e 1879, David E. Hughes iniciou pesquisas no

    efeito semicondutor, de incio como uma simples curiosidade, visto que foi percebido

    ao acaso. Embora Hughes no conhecesse o trabalho de James Clerk Maxwell,

    descobriu uma maneira de emitir ondas eletromagnticas a partir de semicondutores.

    Em funo de suas experincias, acabou por inventar o detector eletromagntico por

    efeito semicondutivo, o diodo. Em 1883, Charles Edger Fritts, um eletricista de Nova

    York, construiu uma clula solar de selnio (atualmente as clulas solares so usadas no

    lugar das baterias convencionais nos equipamentos tais como satlites e calculadoras).

    Deve ser lembrado que este era o primeiro dispositivo com uma rea grande e feito de

    juno semicondutor-metal. No entanto, era muito ineficiente para converter energia

    solar em energia eltrica. Aps a demonstrao de Hertz da existncia de ondas

    eletromagnticas, em 1888, um nmero grande de cientistas comeou a se envolver com

    a temtica e o telgrafo via ondas se tornou uma realidade praticvel. Entre eles,

    Jagadish Chandra Bose, era a primeira pessoa a introduzir semicondutores para a

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    recepo de ondas eletromagnticas [3]. O incio do sculo XX foi fundamental para o

    desenvolvimento da microeletrnica, pois houve um enorme progresso na teoria fsica

    com o desenvolvimento da mecnica quntica, feita por Planck, Bohr, de Broglie,

    Heisenberg, Schrdinger e outros, notadamente durante a dcada de 20. Em 1940, R.Ohi identifica, pela primeira vez, semicondutores de silcio (Si) tipo p e tipo n. No

    mesmo ano, J. Scaff e H. Theuerer mostram que, tanto o nvel quanto o tipo de

    condutividade do silcio (Si), so devidos presena de impurezas (dopagem). Na

    dcada de 50, o efeito de resistncia negativa em junes do tipo p com tipo n,

    altamente dopadas, foi observado por Esaki, levando descoberta do efeito quntico do

    tunelamento [4]. Ainda na dcada de 50, foi criado o primeiro dispositivo que continha,

    em um nico bloco de silcio (Si), um transistor, um capacitor e um resistor,interconectados atravs de fios soldados em contatos, abrindo caminho para o

    desenvolvimento de circuitos integrados. Outra contribuio muito importante de Esaki,

    foi a criao de heteroestruturas, em 1969-1970, que separavam eltrons de impurezas

    ionizadas, de forma a reduzir o espalhamento e aumentar a mobilidade dos portadores

    [5]. Com o desenvolvimento e aperfeioamento de tcnicas de crescimento de materiais

    com alta qualidade, tais como deposio por epitaxia do tipo MBE Molecular Beam

    Epitaxy e deposio por vapor qumico do tipo MOCVD Metalorganic Chemical

    Vapor Deposition, tornou-se possvel o crescimento de camadas monoatmicas

    individuais uma aps a outra, produzindo redes cristalinas artificiais e interfaces quase

    perfeitas [6]. Com os grandes avanos obtidos nas dcadas de 80 e 90, a tecnologia de

    crescimento de cristais semicondutores passou para um estgio de desenvolvimento

    bastante elevado. Com o uso destas tecnologias de crescimento de cristais, juntamente

    com as avanadas tcnicas de nanolitografia e de corroso qumica (Chemical etching),

    possvel produzir as mais variadas nanoestruturas semicondutoras que, devido s

    escalas de tamanho envolvidas, tm o comportamento dos portadores, eltrons e

    buracos, governado pela mecnica quntica. Assim, os semicondutores so altamente

    interessantes devido a ser seu comportamento a base de vrios dispositivos eletrnicos

    prticos, como por exemplo os transistores. importante realar que a condutividade de

    um semicondutor cresce rapidamente com a temperatura, sendo que no silcio, a ttulo

    de informao, o nmero de eltrons excitados aumenta por um fator de cerca de um

    bilho quando a temperatura dobra de 300K a 600K.

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    2.1.2PROPRIEDADES DOS SEMICONDUTORES

    Os semicondutores tm como caracterstica o fato de que, a T = O K, possuremuma banda de valncia cheia e uma banda de conduo vazia, com, tais bandas,

    separadas por um gap de energia relativamente pequeno, ou seja, Eg < 2eV(eltron-

    volt) [7]. importante frisar que, pela razo do pequeno gap, na temperatura ambiente,

    o nmero de eltrons na banda de conduo considervel. No entanto, este nmero de

    eltrons livres, bem menor do que nos metais. Isto tem como conseqncia uma

    condutividade intermediria entre a dos isolantes e a dos metais. Temos, assim, pois, o

    motivo do nome semicondutor. Sabemos que, em condies normais, os tomos quepossuem 4 eltrons na ltima camada de valncia no so estveis. Os semicondutores

    se enquadram nesse grupo, porm, por causa da forma com que agrupam seus tomos

    (cada tomo fica eqidistante em relao a quatro outros tomos, ou seja, uma estrutura

    cristalina), eles conseguem alcanar a estabilidade fazendo quatro ligaes qumicas

    covalentes, conseguindo oito eltrons na ltima camada e, por conseqncia, ficam

    estveis quimicamente. Outro detalhe importante que a quantidade de energia

    necessria para tirar um eltron da banda de valncia e p-lo na banda de conduo

    que determina se um slido ser um condutor, semicondutor ou isolante (ver figura 2.1).

    Nos condutores existem sempre bandas de energia semi preenchidas, portanto no h

    uma quantidade mnima de energia necessria para se libertar seus eltrons [8]. J para

    um semicondutor, esta energia em torno de 1eV, no que para os isolantes tal energia

    dezenas de vezes maior. Nos semicondutores a condutividade no causada apenas

    pelos eltrons que conseguiram pular para a banda de conduo. Os buracos, tambm

    chamados de lacunas, que eles deixaram na banda de valncia, do contribuio de

    forma decisiva. A importncia dos buracos que eles so tratados como partculas

    normais, com carga positiva, em contraposio do eltron. Alguns dos cristais

    semicondutores mais estudados correspondem aos formados por elementos da coluna

    IV da tabela peridica, como silcio e germnio; compostos III-V como GaAs (arseneto

    de glio), AlAs (arseneto de alumnio), GaSb (antimoneto de glio), InP (fosfeto de

    ndio), e assim por diante; compostos IV-VI tais como PbS (sulfeto de chumbo), PbSe

    (seleneto de chumbo), PbTe (telureto de chumbo); compostos II-VI como CdSe

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    2.2 - SEMICONDUTORES INTRNSECOS

    Os semicondutores intrnsecos, tambm chamados de semicondutores puros, soutilizados em poucos dispositivos, isto porque, para um semicondutor puro, a

    concentrao de eltrons na banda de conduo varia exponencialmente com a

    temperatura (T), o que faz sua condutividade ser fortemente dependente de T [12-14].

    Os dois semicondutores mais utilizados so o silcio (Si) e o germnio (Ge), que

    possuem energias de espaamento entre bandas de, aproximadamente, 1,1 e

    0,7eV(eltron-volt), respectivamente. Ambos so encontrados no Grupo IV A da tabela

    peridica dos elementos e so ligados covalentemente. Alm disso, uma gama demateriais semicondutores compostos, tambm exibe um comportamento intrnseco. Um

    desses grupos formado entre os elementos dos Grupos IIIA e VA, por exemplo, o

    GaAs e o InSb. Com freqncia, esses materiais so conhecidos por compostos III-V.

    Os compostos constitudos por elementos dos Grupos IIB e VIA tambm exibem

    comportamento semicondutor. Esses incluem o sulfeto de cdmio (CdS) e o telumeto de

    zinco (ZnTe). Na medida em que os dois elementos que formam esses compostos se

    encontram mais separados em relao s suas posies relativas na tabela peridica, ou

    seja, as eletronegatividades se tornam mais diferentes, a ligao atmica entre eles se

    torna mais inica e a magnitude da energia do espaamento entre as bandas aumenta e,

    desta forma, os materiais tendem a ficar mais isolantes. Um cristal de material

    semicondutor que contenha, no intencionalmente, no mais que apenas um tomo de

    elemento qumico estranho, qualquer que seja tal elemento, para cada um bilho de

    tomos do material em foco, dito semicondutor intrnseco, para caracterizar que as

    suas propriedades fsico-qumicas so, em essncia, as do semicondutor puro. Nos

    semicondutores intrnsecos, para cada eltron excitado para a banda de conduo

    deixado para trs um estado quntico desocupado em uma das ligaes covalentes, ou,

    no esquema de bandas, um estado eletrnico vazio na banda de valncia, conforme est

    explicitado na figura 2.1 da pgina anterior. Assim, cada eltron promovido atravs do

    espaamento entre bandas deixa para trs um buraco na banda de valncia.

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    2.2.1 - MASSA EFETIVA DE ELTRONS E BURACOS

    Discutindo-se o comportamento de um eltron numa determinada rede peridica,estando o mesmo sob a ao de um campo eltrico externo, importante introduzir o

    conceito de massa efetiva do eltron. Sob vrios aspectos o conceito de massa efetiva se

    revela sutil [15-17]. Como exemplo comum, temos que na teoria clssica do

    comportamento dos portadores de carga submetidos a um campo eltrico, se prev que a

    condutividade eltrica do material que contm os portadores proporcional ao

    recproco de suas massas. Pode-se modificar, com certa facilidade, isto para levar em

    conta o comportamento quntico dos eltrons portadores de carga numa rede cristalina,substituindo o recproco da verdadeira massa pelo recproco da massa efetiva. A massa

    efetiva dos eltrons, cuja deduo segue explcita no apndice 1 desta dissertao,

    dada por:

    mee= / (E/k)k=kmc (Eq. 2.1)

    Onde, kmc corresponde ao mnimo da banda de conduo. A partir da anlise da

    curvatura da banda de conduo, verifica-se que a mesma se situa para cima. Desta

    forma, a massa efetiva dos eltrons, que nela esto contidos, ter sinal positivo,

    constatando-se, assim, que os mesmos possuem acelerao contrria ao do campo

    eltrico. Deve-se perceber que em determinadas situaes, onde todos os nveis de uma

    banda isolada esto ocupados, com exceo dos que se situam no topo da banda, til

    raciocinar em termos de buracos representando a ausncia de eltrons numa banda

    totalmente cheia. Como a ausncia de um eltron carregado negativamente se equivale

    presena de uma carga positiva, os buracos se comportam como se fossem carregados

    positivamente. Assim, o buraco se comporta como uma carga positiva, cuja massa

    efetiva (com o clculo esmiuado no apndice 1) dada por:

    meb= - / (E/k)k=kmv (Eq. 2.2)

    Onde, kmvcorresponde ao mximo da banda de valncia.

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    2.3 - SEMICONDUTORES EXTRNSECOS

    Uma maneira de aumentar a condutividade dos semicondutores adicionando-seimpurezas ao mesmo. Ou seja, substituem-se alguns tomos do semicondutor por

    tomos de um outro elemento, tendo, aproximadamente, o mesmo tamanho, no entanto,

    com valncia diferente. A condutividade que surge deste fenmeno conhecida como

    condutividade extrnseca e o processo resultante denominado de dopagem [18-20].

    Assim, o comportamento eltrico tem sua determinao pelas impurezas e interessante

    se mencionar que as mesmas, at quando presentes em concentraes diminutas,

    introduzem um excesso de eltrons ou de buracos. Como exemplo, pode-se verificar queuma concentrao de um tomo em cada 106tomos suficiente para tornar o silcio

    extrnseco temperatura ambiente. Uma impureza que fornecer eltrons denominada

    impureza doadora e o semicondutor resultante chamado de tipo n, pelo motivo de

    possuir um excesso de eltrons livres. Por outro lado, uma impureza deficiente em

    eltrons conhecida como impureza aceitadora e o semicondutor resultante

    denominado do tipo p. Assim sendo, o cristal de semicondutor que contenha,

    intencionalmente, cerca de um tomo de um elemento qumico desejado(no qualquer

    elemento) para cada um milho(106) de tomos do material em foco, dito

    semicondutor dopado, para, desta forma, caracterizar que as suas propriedades fsico-

    qumicas j no so mais, em essncia, as do semicondutor e, sim, as ditadas pela

    presena do dopante. Semicondutores dopados para controle exibem cerca de mil vezes

    mais impurezas que os semicondutores intrnsecos. Dopados, pois, em teores na faixa de

    1: 106, dizem-se semicondutores extrnsecos. Quando o nvel de dopagem, ou de

    impurezas, significativamente mais elevado, eventualmente descontrolado, dizem-se

    semicondutores degenerados. o controle das propriedades dos semicondutores atravs

    da dopagem que possibilita utilizar estes materiais para fabricar uma enorme variedade

    de dispositivos eletrnicos.

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    2.3.1 - SEMICONDUTORES EXTRNSECOS TIPO n

    Os semicondutores com predominncia de eltrons so chamados de tipo n.Sabemos que um tomo de silcio (Si) possui quatro eltrons, na camada de valncia,

    cada um dos quais ligado covalentemente com um de quatro tomos de silcio (Si)

    adjacentes. Suponhamos que um tomo de impureza com uma valncia de 5

    (pentavalente), seja adicionado como uma impureza substituta. As possibilidades iriam

    incluir os tomos da coluna do Grupo V A da tabela peridica, como, por exemplo, o

    fsforo(P), o arsnio(As) e antimnio(Sb). Apenas quatro dos cinco eltrons de valncia

    desses tomos de impurezas podem participar em ligaes, visto que existem apenasquatro ligaes possveis com tomos vizinhos [21]. O eltron adicional que no forma

    ligaes fica fracamente preso regio ao redor do tomo de impureza, atravs de uma

    atrao eletrosttica fraca. A energia de ligao desse eltron relativamente pequena.

    Dessa forma, ele removido com facilidade do tomo de impureza. Assim, tal eltron

    se torna um eltron livre ou de conduo. A energia de ligao do eltron corresponde

    energia exigida para excitar o eltron em excesso da impureza para um estado dentro da

    banda de conduo do cristal. Cada evento de excitao supre ou doa um nico eltron

    para a banda de conduo. Uma impureza desse tipo apropriadamente chamada de

    doadora. Uma vez que cada eltron doador excitado para a banda de conduo,

    nenhum buraco correspondente criado dentro de banda de valncia. temperatura

    ambiente, a energia trmica disponvel suficiente para excitar grande quantidade de

    eltrons dos estados doadores. Alm disso, ocorrem algumas transies intrnsecas,

    banda de valncia-banda de conduo, mas em extenso desprezvel. Desta forma, o

    nmero de eltrons na banda de conduo excede, em muito, o nmero de buracos na

    banda de valncia. Os eltrons so os portadores majoritrios em virtude da sua

    densidade ou concentrao. J os buracos, so os portadores minoritrios. Para os

    semicondutores do tipo n, o nvel de Fermi deslocado para cima no espaamento entre

    bandas, at dentro da vizinhana do estado doador. Temos que as impurezas dos

    elementos do grupo V da tabela peridica (P, As ou Sb) so doadoras, visto que doam

    eltrons para abanda de conduo, como ilustrado na figura 2.2a. Os semicondutores

    com impurezas doadoras so chamados do tipo n.

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    2.3.2 - SEMICONDUTORES EXTRNSECOS TIPO p

    Para a conduo extrnseca deste tpico, temos que os buracos esto presentesem concentraes muito maiores do que as dos eltrons e, deste modo, sob essas

    circunstncias, tem-se um material considerado do tipo p, visto que partculas

    positivamente carregadas so as principais responsveis pela conduo eltrica. Os

    buracos so os portadores majoritrios e os eltrons esto presentes em concentraes

    minoritrias. As excitaes extrnsecas em que so gerados buracos tambm podem ser

    representadas atravs do modelo de bandas. Cada tomo de impureza desse tipo

    introduz um nvel de energia dentro do espaamento entre bandas, localizado acima,porm muito prximo, da parte superior da banda de valncia do cristal [22]. Se uma

    pequena quantidade de glio for adicionada ao germnio, temos que, pelo fato do glio

    possuir trs eltrons por tomo na banda de valncia, ele ter um dficit de um eltron

    por tomo na formao das ligaes covalentes. Constata-se que o resultado a

    formao de um buraco, que se desloca atravs do cristal, tendo o comportamento de

    uma partcula com carga e massa positivas, na medida em que eltrons sucessivos

    preenchem um buraco e criam outro. Sob o aspecto da energia, tal impureza introduz

    nveis discretos vazios ligeiramente acima do topo da banda de valncia. Eltrons de

    valncia do cristal so ento facilmente excitados para esses nveis de impureza,

    deixando buracos na banda de valncia. A separao em energia entre os nveis

    aceitadores e o topo da banda de valncia pequena, pelas mesmas razes que

    produzem uma pequena separao entre os nveis doadores e a base da banda de

    conduo. Para semicondutores extrnsecos do tipo p, o nvel de Fermi est posicionado

    dentro do espaamento entre bandas, e prximo ao nvel do receptor. Temos que as

    impurezas dos elementos do grupo III da tabela peridica (B, Al, Ga ou In) so

    chamadas aceitadoras e formam semicondutores do tipo p. Conforme mostrado na

    figura 2.2b, elas tm nvel de energia eletrnica prximo da banda de valncia. No caso

    de impurezas do grupo III, h um eltron a menos dos quatro necessrios para completar

    a ligao covalente com os vizinhos. Para 50K < T < 100K, eltrons da banda de

    valncia do cristal so capturados para completarem as ligaes covalentes, deixando

    buracos na banda de valncia.

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    FIGURA 2.2 - Representao esquemtica dos nveis de impurezas no gap de

    semicondutores dopados. Ec e Evrepresentam as energias mnima e mxima das bandas

    de conduo e valncia ,respectivamente. [7]

    2.3.3 - CONCENTRAO DE PORTADORES

    Para um semicondutor extrnseco, representando por N0 e P0 as concentraes em

    equilbrio trmico, de eltrons na banda de conduo, e, de buracos na banda de valncia,

    podemos escrever ento que: N0= Nc e P0= Nv (Eq. 2.3)

    Onde NCe Nv representam a concentrao de eltrons nas bandas de conduo e de valncia.

    J Ec e Ev designam a energia no mnimo da banda de conduo e no topo da banda de

    valncia. O que difere o semicondutor extrnseco do intrnseco a posio do nvel de Fermi

    [23]. Em um semicondutor tipo n, com impurezas doadoras com energia Edprxima da banda

    de conduo, em T = 0K os estados com energia Edesto cheios, enquanto que aqueles com

    energia E > Ecesto vazios. Portanto, em T = 0k, o nvel de Fermi est entre Ede Ec. Para T >

    0K, ele pode estar abaixo de Ed, mas no estar muito longe deste nvel. Como EF est

    prximo de Ec, temperatura ambiente, a exponencial que representa o valor de N0 muito

    maior do aquela que representa o valor de P0, de modo que o nmero de eltrons muito

    maior que o de buracos. Fisicamente o que ocorre que N0no semicondutor tipo n aumenta

    em relao a ni(concentrao de eltrons na banda de conduo do material intrnseco) por

    causa da ionizao das impurezas doadoras. J o nmero de buracos diminui porque h mais

    eltrons para recombinar com eles. O produto das concentraes de eltrons e buracos dado

    pela seguinte expresso: N0P0= Nc Nv e, tambm, temos que N0P0= ni. Desta

    forma, o produto N0P0 constante e independe do tipo e da concentrao de impurezas.

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    portadores livres feita pela barreira de potencial, porm se a tenso a que for submetido

    o diodo se aproximar do valor de sua barreira de potencial, a corrente eltrica cresce e a

    oposio dos portadores livres feita pela barreira de potencial pequena, sendo quase

    desprezvel [27,28].

    FIGURA 2.3 (a)Variao da concentrao de impurezas numa juno pn. A

    linha tracejada representa a variao numa juno real e a cheia representa uma

    juno abrupta ideal. (b) Modelo de juno abrupta unidimensional. [7]

    2.4.2 - HETEROJUNES

    Numa heterojuno, um material semicondutor crescido sobre um outro

    material semicondutor. Como cada material semicondutor tem uma faixa de energia

    proibida caracterstica, teremos na heterojuno, obrigatoriamente, descontinuidades nas

    bandas de valncia e/ou conduo (em ambas normalmente). De fato, uma

    heteroestrutura semicondutora formada a partir da deposio de camadas planas, com

    espessuras controladas e bem definidas, de materiais semicondutores distintos entre si.

    Essas camadas so crescidas umas sobre as outras ao longo de uma direo bem

    definida. Apesar de serem diferentes em sua composio, os semicondutores de cada

    camada precisam possuir redes cristalinas idnticas para que no haja uma diferena

    muito grande nos parmetros de rede dos materiais adjacentes [29,30]. Assim sendo,

    fica claro que uma juno formada por dois materiais intrinsecamente diferentes

    chamada uma heterojuno, diferentemente daquela juno estudada no item anterior

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    que uma homojuno p-n. importante no esquecer que junes entre metais e

    semicondutores tambm so heterojunes e, por conseguinte, possuem bastante

    utilidade para a fabricao de dispositivos. Junes envolvendo metais possuem

    propriedades e aplicaes iguais s das junes p-n, com caractersticas e atrativossingulares. Interessante so as junes metal-semicondutor, visto que as mesmas so

    teis em dispositivos de alta freqncia, e de junes metal-isolante-semicondutor,

    usadas em circuitos digitais de alta escala de integrao. Quando um material de menor

    band-gap for crescido entre dois outros de maior gap, pode-se formar uma

    heteroestrutura semicondutora do tipo poo quntico. Com isso, efeitos de confinamento

    espacial semelhantes queles presentes numa heterojuno simples, formada por dois

    materiais, surgem tambm nas interfaces de cada camada. Um diodo de tunelamentoressonante (DTR), que ser abordado no captulo 4 desta dissertao, uma

    heteroestrutura semicondutora que possui um poo quntico no dopado inserido entre

    duas barreiras de potencial, tambm no dopadas, assim como camadas fortemente

    dopadas em suas extremidades, chamadas de contatos. Os contatos podem ser

    identificados como emissor ou coletor, dependendo da polaridade dos potenciais

    eltricos aplicados ao DTR.

    2.4.3 - DIODO DE JUNO E OUTROS DIODOS

    O diodo de juno consiste de uma juno p-n com dois contatos metlicos para

    entrada e sada da corrente. No lado p, o contato entre o semicondutor e o filme de

    alumnio forma, naturalmente, um bom contato hmico, por causa dos valores relativos

    das funes trabalho. J pelo lado n, o contato hmico obtido atravs de uma dopagem

    mais forte, muitas vezes chamada de n+. Em consonncia com o diodo vlvula, oterminal p chamado anodo e o terminal n chamado catodo. Os diodos de juno

    possuem muitas aplicaes nos circuitos eletrnicos. Uma das mais comuns a

    retificao de tenso alternada em fontes de alimentao usadas para fornecer tenso dc

    para a operao de equipamentos eletrnicos [31]. O diodo de barreira de Shottky, que

    tem caracterstica da curva I-V semelhante ao diodo de juno, traz, entre suas sutilezas

    o fato de que a corrente em sua barreira ser devida a portadores majoritrios, enquanto

    que na juno p-n ela devida aos portadores minoritrios. Nos diodos de barreira

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    Schottky no existem portadores minoritrios para serem removidos, de modo que o

    tempo de resposta muito menor. O processo de ruptura de uma juno pode ocorrer

    pelo chamado efeito zener ou o mecanismo de avalanche. Embora diferentes, ambos

    resultam da ao do campo eltrico que existe na regio de carga espacial da juno pn,sobre os portadores de carga. Na juno polarizada reversamente, este campo cresce

    acompanhando a altura da barreira de potencial. O processo de ruptura ocorre quando o

    campo atinge um valor crtico. Porm, sabe-se que um diodo com corrente de saturao

    muito pequena, submetido a uma tenso de polarizao reversa, comporta-se, ento,

    como um capacitor cuja capacitncia varivel com a tenso. Tal diodo chamado de

    varactor. Os varactores so utilizados em circuitos LC de sintonia de receptores de

    rdio, no lugar de capacitores de placa variveis manualmente. J o diodo tnel, queser abordado em toda a sua fenomenologia, no captulo seguinte desta dissertao,

    surge em 1958, advindo das pesquisas do cientista japons Leo Esaki, efetuadas nos

    laboratrios de desenvolvimento da Sony Corporation. Sua concepo consistia na

    formao de uma juno bastante abrupta, entre as regies p e n de uma matriz de

    germnio, com alto teor de impurezas, obtendo-se uma rea de depleo bem fina, da

    ordem de centsimos de mcron [32].

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    Captulo 3

    CARACTERIZAO EXPERIMENTAL DO

    DIODO DE TUNELAMENTO

    3.1DIODO TNEL

    Tendo sido previsto, teoricamente, pelo fsico estadunidense, George Gamow

    (1904-1968), em 1929, o diodo tnel possui tal denominao em virtude de seu

    princpio operacional vincular-se ao conceito da mecnica quntica que afirma existir

    uma probabilidade finita de um eltron afunilar-se atravs de uma barreira de energia, a

    qual no pode superar [1-3]. Em 1958, atravs de pesquisas efetuadas pelo cientista

    japons, Leo Esaki, nos laboratrios da Sony Corporation, foi possvel produzir

    experimentalmente o diodo tnel. A propriedade fundamental deste diodo era aresistncia dinmica negativa. Esaki mostrou que isso ocorria devido ao tunelamento de

    eltrons atravs de uma juno p-n fortemente dopada. Trata-se de um dispositivo de

    alta velocidade, com o qual osciladores de alta freqncia podem ser construdos. No

    diodo tnel, a corrente eltrica pode mudar de sentido em alta freqncia, uma

    propriedade bastante atraente para a indstria de celulares e memrias rpidas.

    importante se mencionar que a NEC Corporation, uma das maiores provedoras globais

    de solues integradas de Tecnologia da Informao e Comunicao, estdesenvolvendo uma memria MRAM (memria de acesso randmico

    magnetorresistiva) de alta velocidade para a prxima gerao de circuitos de integrao

    de alta escala (LSI, na sigla em ingls). Essa nova tecnologia inclui junes de

    tunelamento magnetorresistivo (MTJ, na sigla em ingls). Na juno MTJ, o

    tunelamento do eltron controlado pelo seu spin, ao contrrio do diodo, no qual o

    tunelamento controlado pela carga eltrica. isso que permite a fabricao de

    memrias rpidas e com alta densidade de gravao [4,5].

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    3.1.1REVISO BIBLIOGRFICA

    O diodo tnel, em 1958, de Leo Esaki, representa a primeira evidnciaexperimental convincente de tunelamento em uma interface, da ser esta descoberta

    considerada a conseqncia mais importante, em relao ao efeito tnel, do

    desenvolvimento da tecnologia dos materiais no ps-guerra. J os diodos de

    tunelamento ressonante, baseados em heteroestruturas de semicondutores, foram

    propostos, inicialmente, em 1973 e possibilitaram a primeira verificao experimental

    espacial em poos qunticos de semicondutores [6,7]. Esses dispositivos vm sendo

    estudados intensamente nos ltimos dez anos, a partir de trabalhos de Sollner ecolaboradores, que demonstraram a potencialidade de aplicao tecnolgica desses

    dispositivos [8]. Isso se deve acentuao da no linearidade na caracterstica corrente-

    tenso e da diminuio do tempo de resposta do dispositivo com a progressiva melhora

    na qualidade das amostras no ltimo decnio. Para o futuro, prximo, so aguardadas

    aplicaes em nanorrobtica, a manipulao de objetos com dimenses nanomtricas

    com o auxlio do microscpio de tunelamento. Conforme j visto, Leo Esaki inventou

    um dispositivo semicondutor, conhecido como diodo tnel, cujo funcionamento

    baseado no fenmeno do tunelamento em materiais semicondutores. A partir de sua

    curva caracterstica, ou curva corrente-tenso, percebe-se como o diodo tnel bastante

    diferente de um resistor hmico, cuja curva caracterstica uma reta. Em particular, h

    uma regio de tenso onde ocorre a chamada resistncia diferencial negativa, ou seja, ao

    aumentarmos a tenso, a corrente diminui. O diodo tnel utiliza penetrao de barreira

    controlvel para ligar ou desligar correntes to rapidamente que pode ser utilizado para

    fazer um oscilador que opere em freqncias superiores a 10 Hz. O diodo tnel feito

    com uma juno pn na qual, em certa faixa de tenso de polarizao direta, a corrente

    dominada pelo efeito de tunelamento de eltrons atravs da barreira de potencial na

    juno. Sabe-se que existe uma probabilidade finita para um eltron atravessar uma

    barreira com potencial mximo maior que sua energia cintica. Este o efeito tnel, de

    natureza inteiramente quntica.

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    FIGURA 3.1 Nveis de energia eletrnicos em uma juno pn fortemente dopada.

    Temos, especificamente, que: (a) sem tenso aplicada, a corrente nula; (b)quandouma pequena tenso aplicada no sentido direto, a corrente constituda por duas

    componentes: a corrente normal e a corrente de tunelamento; (c) a partir de um certo

    valor da tenso aplicada, a corrente de tunelamento deixa de existir; em (c) e (d) a

    tenso aumentada progressivamente. As flechas indicam o fluxo de eltrons atravs

    da juno entre as duas regies. [19]

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    3.2CARACTERSTICAS DO DIODO TNEL

    O diodo tnel feito com semicondutores fortemente dopados nos dois lados dajuno, o que resulta no tunelamento direto de eltrons do lado n para o lado p,

    produzindo uma corrente maior que a corrente de difuso quando a tenso pequena.

    Para que isto ocorra essencial que os dois lados da juno estejam fortemente

    dopados. Quando a concentrao de impurezas da ordem de 10 tomos/cm ou

    maior, a interao entre elas deixa de ser desprezvel [11]. Neste caso, passa a ocorrer

    um fenmeno onde os nveis de energia das impurezas deixam de ser discretos e passam

    a formar bandas. Se as impurezas forem doadoras, elas formam uma banda de energiaque se superpe a banda de conduo, fazendo com que o nvel de Fermi esteja acima

    do mnimo desta banda. Em conseqncia, os estados de energia acima da banda de

    conduo e abaixo do nvel de Fermi esto preenchidos com eltrons, mesmo em T =

    0K. Os semicondutores nesta situao so chamados degenerados tipo n. De maneira

    anloga, um semicondutor fortemente dopado com impurezas tipo p tem o nvel de

    Fermi abaixo do topo da banda de valncia, de modo que os estados entre o nvel de

    Fermi e o mximo da banda de valncia esto preenchidos de buracos. Quando uma

    pequena tenso usada para polarizar a juno diretamente, a corrente que atravessa o

    circuito formada por duas componentes: a corrente terminica e a corrente de

    tunelamento. Para maiores valores da tenso aplicada, o nvel mais baixo da banda de

    conduo fica acima do nvel mais alto da banda de valncia e a corrente de

    tunelamento deixa de existir. Assim, embora a tenso aplicada tenha aumentado, a

    corrente total menor. Para tenses aplicadas ainda maiores, o efeito da queda da

    corrente de tunelamento compensado pelo aumento da corrente terminica e a corrente

    total volta a aumentar. importante salientar que o fluxo de corrente em outros tipos de

    diodos semicondutores e transistores depende sempre de processos de difuso. Como a

    rapidez da difuso no pode mudar mais rapidamente do que a distribuio de

    portadores de carga, estes dispositivos tm respostas relativamente lentas (mais lentas

    do que as vlvulas) e difcil utiliz-los em freqncias altas.

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    3.2.1 - CURVA CARACTERSTICA DO DIODO TNEL

    A curva caracterstica de um diodo tnel, mostrada na figura 3.2, diferente dasde qualquer diodo apresentado at ento, pois ela apresenta uma regio de resistncia

    negativa. Nessa regio, o aumento da tenso nos terminais do dispositivo reduz a

    corrente [12]. O diodo tnel fabricado, conforme j foi visto, dopando-se intensamente

    os materiais semicondutores que formam a juno pn, com um nvel de cem at mais de

    mil vezes maior do que o empregado em um diodo semicondutor comum. Isso produz

    uma regio de depleo muito reduzida, com largura de cerca de 10 -6cm, ou de 1/100

    da largura da regio de um diodo semicondutor comum. nessa fina regio de depleoque muitos portadores podem atravessar como em um tnel. Observa-se um pico de

    corrente para potenciais de polarizao reduzidos, alm do que, para efeito de

    comparao, a curva caracterstica de um diodo tpico de juno foi sobreposta curva

    caracterstica do diodo tnel na figura 3.2. Essa regio de depleo reduzida produz

    portadores em velocidades que superam as dos diodos convencionais. O diodo tnel

    pode ser, portanto, utilizado em aplicaes de alta velocidade, como em computadores,

    nos quais so necessrios tempos de chaveamento da ordem de nanossegundos ou

    picossegundos. Os materiais semicondutores mais freqentemente utilizados na

    fabricao de diodos tnel so o germnio e o arseneto de glio [13]. A razo entre a

    corrente de pico e a corrente de vale (Ip/Iv) muito importante em projetos de circuitos

    digitais. Para o germnio, 10/1 o valor normalmente utilizado e, para o arseneto de

    glio, algo prximo de 20/1. A corrente de pico Ip de um diodo tnel pode variar desde

    alguns microampres at centenas de ampres. A tenso de pico, entretanto, limitada

    em, aproximadamente, 600mV. Por isso, um simples multmetro com um potencial cc

    interno de 1,5V de uma bateria pode danificar o diodo tnel caso ele seja utilizado

    inadequadamente [14,15]. Uma caracterstica importante da curva IxV do diodo tnel

    que em certa faixa de tenso, conforme j se mencionou, dI / dV < 0. Isto corresponde a

    uma resistncia diferencial negativa para sinais ac e nesta regio, o diodo tnel fornece

    potncia ac ao circuito, ao contrrio de uma resistncia normal que sempre absorve

    energia.

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    3.2.2CARACTERIZAO ELTRICA DO DIODO TNEL 1N3712

    Para a obteno da caracterizao eltrica de um diodo tnel foram efetuadas

    diversas medidas de corrente no referido diodo, utilizando a fonte Keythley 2400, que,

    estabelecendo uma diferena de potencial, entre os terminais do diodo tnel, referncia

    1N3712, acoplado em um circuito em srie com um resistor de 6 , possibilitou a

    representao grfica do comportamento IxV, para o diodo de tunelamento especificado

    (ver figura 3.3). Verificou-se, de incio, que, entre 25 mV e 65 mV, as correntes obtidas

    variaram diretamente com a tenso aplicada, atingindo um valor de pico de 0,9 mA,caracterizando, assim, a chamada corrente de pico (Ip), que se perfilou perfeitamente

    com o valor especificado no datasheet do diodo tnel 1N3712, que segue anexo no

    apndice 7 desta dissertao. No entanto, a partir de 65 mV, observou-se no

    equipamento o surgimento de instabilidades na medida da corrente. Esse fenmeno

    caracterizado pela intensa oscilao entre a 1 e 3 casa decimal do valor medido. Para a

    tenso de 75 mV foi verificada a queda na corrente para, aproximadamente, 0,8 mA.

    Depois de 75 mV, ainda apresentando perturbao na medida, a corrente caiu,

    continuamente, at em torno de 0,6 mA. A partir de 195 mV, apresentou uma variao

    linear decrescente at 285 mV, marcando, aproximadamente, 0,4 mA. Nova perturbao

    foi sentida entre 290 mV e 335 mV, mas a corrente ainda continuou caindo. Contudo,

    de 340 mV at 395 mV, houve uma perturbao discreta com a corrente variando,

    aproximadamente, entre 0,13 mA e 0,12 mA. Porm, no momento em que se atingiu

    400 mV a corrente voltou a aumentar e, neste instante, a mesma estava assinalando em

    torno de 0,12 mA, marcando, deste modo, a chamada corrente de vale(Iv), que,

    novamente, se alinhou com o valor especificado no datasheetdo diodo tnel 1N3712.

    Conforme j mencionado, a razo entre a corrente de pico e a corrente de vale (Ip/Iv),

    tem grande importncia nos projetos de circuitos digitais. Assim, para o diodo tnel

    1N3712, tal razo, aps as medidas efetuadas ficou sendo de 0,9/0,12 = 7,5/1 ,

    representando um valor, nesta relao, um pouco maior do que o diodo tnel de

    germnio, apresentado no item anterior.

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    Ainda durante as medidas, pde-se obter, tambm, a marcao da corrente de

    polarizao direta IF, visto que foi encontrado o ponto de polarizao direta que ,

    exatamente, o valor de tenso, acima da tenso de vale, no qual a corrente igual a

    corrente de pico. Durante as medidas foi verificado que entre 400 mV e 550 mV acorrente aumentou consideravelmente, passando de, aproximadamente, 0,12 mA para

    1,0 mA. Quando se atingiu a tenso de 545 mV, pde-se chegar a uma corrente de,

    aproximadamente, 0,9 mA, que o valor da corrente de pico. Entretanto, como este

    ponto est alm do vale, temos que, desta forma, atingiu-se a corrente de polarizao

    direta(IF). Foi importantssimo se conseguir explicitar a curva experimental da IxV no

    diodo tnel 1N3712, visto que verificou-se, principalmente, que a regio de resistncia

    negativa do mesmo gera uma complexa perturbao na corrente deste diodo tnel. Amaior vantagem do diodo tnel seu tempo de resposta extremamente rpido quando

    operando na regio de resistncia diferencial negativa. Como j visto, o conceito de

    tunelamento quase to antigo quanto a prpria mecnica quntica. Em mecnica

    quntica, uma partcula incidente com energia menor do que a altura da barreira tem

    uma probabilidade finita de tunelar atravs desta barreira e, uma partcula com energia

    cintica maior do que a barreira tem uma probabilidade finita de ser refletida. Este fato

    foi apreciado logo no surgimento da mecnica quntica e tem atrado muito interesse

    desde ento [16,17].

    0 200 400 6000,0

    0,4

    0,8

    1,2

    CORRE

    NTE(mA)

    TENSO (mV)

    Relao IxV- Diodo Tnel 1N3212

    FIGURA 3.3aCurva experimental do diodo tnel 1N3712

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    Regio de Pico (25mV a 100mv)

    Regio de Vale (300mv a 400mV)

    FIGURA 3.3bRepresentao em zoom das regies de pico e de vale.

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    3.2.3RETA DE CARGA PARA UM DIODO TNEL

    Na figura 3.4, temos a definio de uma reta de carga, escolhidas a fonte de

    tenso e a resistncia, que intercepta a curva caracterstica de um diodo tnel em trs

    pontos, respectivamente, a, b e c. importante salientar que a reta de carga

    determinada apenas pelo circuito [18-20]. As intersees, em a e b, representam pontos

    de operao estveis, pois se situam em regies de resistncia diferencial positiva.

    Assim sendo, nos dois pontos de operao, a e b, uma leve perturbao no circuito no

    leva oscilao ou a uma mudana significativa na posio do ponto Q (pontoquiescente ou de interseo), sendo tal ponto tido como ponto de operao, variando na

    curva, atravs do aumento ou diminuio da tenso VT sobre a mesma. De fato, se o

    ponto de operao definido estiver em b, uma reduo da tenso E da fonte move o

    ponto de operao para baixo na curva, visto que a tenso no diodo VTdiminuir. Uma

    vez diminudo o distrbio, a tenso no diodo e a corrente associada retornaro aos nveis

    definidos pelo ponto Q em b. No entanto, o ponto de operao definido por c instvel,

    visto que uma pequena variao na tenso ou corrente atravs do diodo pode deslocar o

    ponto Q para a ou b. Logo, uma elevao muito pequena na tenso E faz com que a

    tenso no diodo tnel aumente acima de seu valor em c. Uma leve queda na tenso da

    fonte resultaria na transio do ponto de operao para a estabilidade no ponto a. Logo,

    o ponto cpode ser definido como ponto de operao, considerando a tcnica da reta de

    carga, mas, uma vez energizado o sistema, esse, eventualmente, vai se estabilizar na

    posio a ou b. A regio de resistncia negativa em diodos tnel pode ser bem

    aproveitada em projetos de osciladores, circuitos de chaveamento, geradores de pulso e

    amplificadores [21]. Apesar de o uso de diodos tnel em sistemas modernos de alta

    freqncia ter sido drasticamente modificado, por tcnicas de fabricao que sugerem

    alternativas para o diodo tnel, sua simplicidade, linearidade, baixo consumo de

    potncia e confiabilidade garantem que o mesmo ainda continue sendo utilizado. No se

    deve esquecer que pelo fato do mecanismo de tunelamento no apresentar retardo

    devido aos processos de deriva e difuso, o diodo tnel tambm tem aplicaes em

    circuitos de chaveamento rpido.

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    FIGURA 3.4Diodo tnel e reta de carga resultante [8]

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    3.2.4RETA DE CARGA EXPERIMENTAL PARA O DIODO TNEL

    Uma forma tradicional de encontrar o ponto de operao de um circuito no-linear atravs de retas de carga. O objetivo dividir o circuito em um conjunto de

    fontes e uma carga e, em seguida, simultaneamente encontrar solues para ambos.

    claro que esse mesmo objetivo pode ser atingido conhecendo-se a equao para

    operao do elemento no-linear. Embora as retas de carga no sejam to teis no

    projeto de circuitos, elas so vistas com freqncia e so teis no desenvolvimento de

    uma intuio fsica de como os circuitos operam [22,23]. Numa abordagem interativa se

    tenta encontrar o ponto da curva IxV do diodo onde todo o circuito operaria (o ponto deoperao). s vezes, essencial encontrar o ponto de operao. Depois que a curva do

    diodo tnel 1N3712 foi experimentalmente determinada, conforme mostrado na figura

    3.5, pde-se explorar o circuito para encontrar-se um ponto de operao. J que o

    resistor linear, tivemos que a curva IxV foi representada por uma reta e,

    conseqentemente, se precisou localizar os pontos de interseo da reta de carga com o

    grfico no-linear de representao do diodo tnel. Com o diodo invertido, a tenso

    toda aplicada sobre o diodo, pois o mesmo possui resistncia infinita e corrente nula.

    Com o diodo conduzindo perfeitamente, h uma pequena diferena de potencial sobre

    ele, e a corrente limitada significativamente pelo resistor. Assim, o ponto de operao

    a sobreposio das duas curvas.

    -50 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600

    0,0

    0,3

    0,6

    0,9

    1,2

    I(Ampere)

    V(Volts)

    FIGURA 3.5Reta de carga experimental do diodo tnel 1N3712

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    3.2.5APLICAES

    Os exemplos, aqui apresentados, de aplicao do diodo tnel so de umoscilador de resistncia negativa e um oscilador senoidal. Na figura 3.6a, tem-se um

    oscilador de resistncia negativa. A escolha dos elementos no circuito tem o objetivo de

    estabelecer uma reta de carga, tal qual a mostrada na figura 3.6b. Verifica-se que a nica

    interseo com a curva encontra-se na regio instvel de resistncia negativa e que um

    ponto de operao estvel no definido. A tenso resultante sobre o diodo tnel

    mostrada na figura 3.6c, e continuar enquanto o circuito estiver sendo energizado [24-

    26]. O resultado uma sada oscilatria produzida por uma fonte de tenso fixa e umdispositivo com resistncia negativa. A forma de onda da figura 3.6c possui extensa

    aplicao em circuitos de temporizao e em lgica computacional. Um diodo tnel

    tambm pode ser utilizado para gerar uma tenso senoidal utilizando-se apenas uma

    fonte cc e alguns elementos passivos. Na figura 3.7a, o fechamento da chave resulta, na

    sada, em uma tenso senoidal que diminui de amplitude com o tempo. Dependendo dos

    elementos empregados, possvel variar a freqncia do sinal gerado. Esse

    amortecimento do sinal na sada devido s caractersticas dissipativas dos elementos

    resistivos. Colocando um diodo tnel em srie com o circuito-tanque, como mostra a

    figura 3.7c, a resistncia negativa do diodo compensa a caracterstica resistiva desse

    circuito, resultando em uma resposta no-amortecida na sada, mostrada na mesma

    figura. O projeto deve permitir que a reta de carga intercepte a curva caracterstica na

    regio de resistncia negativa. Pode-se dizer que o gerador senoidal explicitado na

    figura 3.7 simplesmente uma extenso do oscilador de pulsos mostrado na figura 3.6,

    com a incluso de um capacitor para permitir troca de energia entre o indutor e o

    capacitor, durante as diversas fases do ciclo descrito na figura 3.6b. Ainda importante

    frisar-se que, como j visto, a necessidade de dispositivos semicondutores de respostas

    ultra-rpidas e, para operar em freqncias elevadssimas, na faixa compreendida alm

    do espectro visvel, ganhou grande impulso no incio da dcada de 1960. Muitos destes

    dispositivos foram oriundos de novos materiais de tecnologia avanada, como o

    arseneto de glio e o fosfeto de ndio. Assim, descortinou-se um grande futuro para o

    diodo tnel devido a sua extremada velocidade de processamento de sinais [27].

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    FIGURA 3.6Oscilador de resistncia negativa[8]

    FIGURA 3.7Oscilador senoidal[8]

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    3.3CARACTERIZAO ELTRICA DO DIODO TNEL 1N3712

    NOS DOMNIOS DA TEMPERATURA E DA FREQNCIA

    Para a caracterizao eltrica do diodo tnel 1N3712, tanto no domnio da

    temperatura, quanto no da freqncia, foram realizados experimentos que garantiram a

    realizao do intento, respectivamente, na fonte Keythley 2400 e no analisador de

    impedncia Solartron 1260. A partir da abordagem sucinta de cada domnio, nos itens

    3.3.1 e 3.3.2, constata-se a sutileza desta caracterizao eltrica, mostrando, desta

    forma, a importncia do diodo de tunelamento.

    3.3.1CARACTERIZAO DA TEMPERATURA

    Para a caracterizao da temperatura, no diodo tnel 1N3712, a partir do circuito

    semelhante ao utilizado para a obteno da curva experimental do mesmo no item 3.2.2

    desta dissertao, foram efetuadas medidas na corrente do referido diodo com aplicao

    de uma diferena de potencial que variou de 10mV at 550 mV. Como a primeira das

    curvas foi obtida a uma temperatura de 25C, ou seja, na temperatura ambiente, optou-

    se por obter duas outras curvas, tambm bastante importantes, para temperaturas,

    respectivamente, de 0C e 50C. A figura 3.8 apresenta as trs curvas obtidas para as

    temperaturas respectivas de 0C, 25C e 50C. Verificou-se que, temperatura de 0C,

    abaixo da temperatura ambiente, a curva IxV se deslocou para a direita, alterando

    minimamente os valores da corrente de pico (Ip) e da corrente de vale (Iv) para nmeros

    aproximadamente iguais aos obtidos para a temperatura de 25C. Na regio de

    resistncia diferencial negativa a alterao foi muito pequena. No entanto, a partir da

    tenso do vale (Vv), na parte da curva que caracteriza um diodo comum, a curva sofreu

    um deslocamento mais acentuado para a direita, garantindo que, para uma temperatura

    abaixo da temperatura ambiente, os valores de corrente obtidos, para os mesmos valores

    de tenso aplicados sobre o diodo tnel 1N3712, decaem. J para a temperatura de

    50C, acima da temperatura ambiente, a curva IxV se deslocou para a esquerda, tambm

    alterando os valores da corrente de pico (Ip) e da corrente de vale (Iv), para quantidades

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    quase iguais s obtidas para a temperatura de 25C. Novamente na regio de resistncia

    negativa a alterao foi mnima. Entretanto, logo aps a tenso de vale (V v), a curva

    sofreu um deslocamento para a esquerda, mostrando que, para uma temperatura acima

    da temperatura ambiente, os valores de corrente obtidos, para os mesmos valores detenso aplicados sobre o diodo tnel 1N3712, aumentam.

    -0,05 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 0,55 0,60 0,65

    0,0

    0,1

    0,2

    0,3

    0,4

    0,5

    0,6

    0,7

    0,8

    0,9

    1,0

    1,1

    1,2

    1,3

    Corrente(mA)

    Tenso (V)

    Temperatura 0CTemperatura 25C

    Temperatura 50C

    FIGURA 3.8Caracterizao da variao da temperatura

    no diodo tnel 1N3712

    3.3.2CARACTERIZAO DA FREQNCIA

    Para a caracterizao da freqncia, no diodo tnel 1N3712, foram efetuadas

    medidas, utilizando o analisador de impedncia Solartron 1260, com as freqncias

    variando de 1Hz at10MHz, onde uma tenso de polarizao dc V, variando nos limites

    do eixo x, foi esboada como funo da impedncia Z do diodo tnel, variando nos

    limites do eixo y. Como a condutncia representada pela relao I/V, pde-se integrar

    a curva, que caracteriza a resposta do equipamento, para obter-se uma curva equivalente

    de corrente versus tenso IxV, que segue expressa na figura 3.9. Como j foi explicitado

    anteriormente, no diodo tnel a corrente eltrica pode mudar de sentido com uma alta

    freqncia, uma propriedade bastante atrativa para a indstria de telecomunicaes e de

    memrias rpidas. Em 1949, a freqncia de tunelamento do nitrognio na molcula de

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    baixas freqncias, mostrando que a taxa com que se inverte o fluxo de