caio narcio

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O A POLÍTICA DE PAI PARA FILHO, DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO O senhor acredita que a políti- ca possa correr nas veias de uma família, de geração para geração? A pergunta é feita, à queima-roupa, ao jornalista Narcio Rodrigues da Silveira, recostado na poltrona do seu escritório político, no coração de Belo Horizonte. Ele sorri antes de responder. O questionamento vem no exato momento em que o seu filho, Caio Narcio, realiza um autêntico périplo por todo Estado de Minas Gerais se apresentando como possível candidato a deputado federal. O obje- tivo é suceder o pai no Congresso Nacional. Ele está no seu quinto mandato parlamentar pelo PSDB de Minas Gerais. Nos mandatos passados, foi presiden- te do PSDB de Minas por três vezes, presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara, Vice-presidente da Câmara e do Congresso Nacional. Atualmente, licenciado do cargo de deputado federal, Narcio ocupa a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais desde o primeiro dia do Governo Antonio Anastasia. Quem conhece a trajetória de Narcio e a sua árvore genealógica, teria tranquilidade em dizer que a resposta dele à essa pergunta (provocação?) acima, será um sonoro “SIM”. Afinal, a política está nas origens desse jornalista que mora atual- mente em Belo Horizonte e Uberaba. Uma foto de 1926, tirada para documentar uma reunião da Câ- mara Municipal de Frutal – sua terra natal -, mos- tra, entre os membros da casa, as figuras de Vicente Eulálio da Silveira e Delfino Nunes da Silveira – ambos parentes próximos e vereadores à época. Os dois se tornariam, a partir de 23 de abril de 1959, bisavós de Narcio. O primeiro, bisavô materno e o segundo, bisavô paterno. Esses dois coronéis ti- veram muita influência na política de Frutal e no “jeito de ser” do futuro deputado federal. Os “Eulá- lios da Silveira” – família da mãe de Narcio, Silvia – elegeram vereadores e, por duas vezes, o prefeito João Carlos Ribeiro (genro de Vicente Eulálio) foi eleito para a Prefeitura. Já os Rodrigues da Silveira – família do pai de Narcio, Tião – elegeram vários vereadores à Câmara e tiveram em Pedro Macedo da Silveira, o representante da família que chegou à vice-prefeito e depois à prefeito de Frutal. Apesar dessas influências, a verdade é que nem o pai – Tião Rodrigues – e nem os avós – Pedro Rodrigues (paterno) e Ilídio Eulálio (mater- no), enveredaram pelo caminho da política. “Bons de conversa”, “exímios contadores de causo”, os Sil- veira (no fundo, uma família com o mesmo tronco de origem) ficaram mais à margem do que dentro do processo eleitoral e do centro das decisões na cidade de Frutal, contentando-se com as vagas na Câmara de Vereadores e uma atuação discreta e periférica, que em nada lembra o tempos dos Coronéis do início do Século passado. Por isso mesmo que, ao analisar a per- gunta acima, a resposta de Narcio Rodrigues é “NÃO”. E ele acrescenta: “não necessariamente”, procurando explicar da seguinte forma: “muitas ve- zes, o que nos motiva para a política não é a herança de sangue, mas os valores que cultivamos ao longo da vida, dentro da família, e que acabam por se con- verter em qualidades indispensáveis para quem quer ter êxito na atividade política”. NARCIO RODRIGUES detalha o que pensa: “Meu avô Pedro Rodrigues era um sá- bio. Um homem que sabia lidar bem com o silên- cio. Quando falava, falava baixo, manso, e todos prestavam atenção. Eu me lembro de uma frase que ele usava sempre – e que não é dele, é de domínio universal – e que nunca saiu da minha cabeça. Ele dizia: se o malandro soubesse o quanto é bom ser ho- nesto, ele era honesto por malandragem. E eu acho isso o máximo porque além de ser um elogio à ho- nestidade, é um chamamento para que os espertos e aproveitadores entendam o quanto isso é verdadeiro e valoroso. Então, na família, esse valor é extrema- mente cultivado. Meu pai ia sempre além: honesti- dade não é vantagem nenhuma, nem qualidade a ser exaltada. É obrigação. E a gente ouvia calado, mas agia pensando nisso”. “Outra característica muito própria das nossas Famílias – acrescenta Narcio – é a humilda- de. O vô Pedro era humilde, o papai era humilde e o Caio é extremamente humilde. Nunca vi parecer tanto. E é por isso que eu gosto de dizer que, mesmo que não tenha tantas qualidades, há uma que nin- guém pode me negar: eu sou um excelente condutor genético. Meu pai e meu filho são, ambos, melhores do que eu, fato que me dá enorme alegria e orgulho”. “E há mais duas qualidades que eu desta- co na minha família: a coragem e a paciência. Meus bisavós, Delfino e Vicente, meus avôs Pedro e Ilídio e, meu pai, Tião, foram homens destemidos, sem medo e sem covardia. O vô Vicente, grande Coronel político, tinha sapiência, habilidade com as palavras, mas era sobretudo corajoso, principalmente para fa- lar o que pensava. Suas frases tinham tom profético, ou conteúdo filosófico. Já o meu avô Pedro cultivava Tião e Silvia Narcio, Caio e Thaize Narcio e Caio

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Page 1: Caio Narcio

OA POLÍTICA DE PAI PARA FILHO,

DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO

O senhor acredita que a políti-ca possa correr nas veias de uma

família, de geração para geração?

A pergunta é feita, à queima-roupa, ao jornalista Narcio Rodrigues da Silveira, recostado na poltrona do seu escritório político, no coração de Belo Horizonte. Ele sorri antes de responder. O questionamento vem no exato momento em que o seu filho, Caio Narcio, realiza um autêntico périplo por todo Estado de Minas Gerais se apresentando como possível candidato a deputado federal. O obje-tivo é suceder o pai no Congresso Nacional. Ele está no seu quinto mandato parlamentar pelo PSDB de Minas Gerais. Nos mandatos passados, foi presiden-te do PSDB de Minas por três vezes, presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara, Vice-presidente da Câmara e do Congresso Nacional. Atualmente, licenciado do cargo de deputado federal, Narcio ocupa a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais desde o primeiro dia do Governo Antonio Anastasia. Quem conhece a trajetória de Narcio e a sua árvore genealógica, teria tranquilidade em dizer que a resposta dele à essa pergunta (provocação?) acima, será um sonoro “SIM”. Afinal, a política está nas origens desse jornalista que mora atual-mente em Belo Horizonte e Uberaba. Uma foto de 1926, tirada para documentar uma reunião da Câ-mara Municipal de Frutal – sua terra natal -, mos-tra, entre os membros da casa, as figuras de Vicente Eulálio da Silveira e Delfino Nunes da Silveira – ambos parentes próximos e vereadores à época. Os dois se tornariam, a partir de 23 de abril de 1959, bisavós de Narcio. O primeiro, bisavô materno e o segundo, bisavô paterno. Esses dois coronéis ti-veram muita influência na política de Frutal e no “jeito de ser” do futuro deputado federal. Os “Eulá-lios da Silveira” – família da mãe de Narcio, Silvia – elegeram vereadores e, por duas vezes, o prefeito João Carlos Ribeiro (genro de Vicente Eulálio) foi eleito para a Prefeitura. Já os Rodrigues da Silveira – família do pai de Narcio, Tião – elegeram vários vereadores à Câmara e tiveram em Pedro Macedo da Silveira, o representante da família que chegou à vice-prefeito e depois à prefeito de Frutal. Apesar dessas influências, a verdade é que nem o pai – Tião Rodrigues – e nem os avós – Pedro Rodrigues (paterno) e Ilídio Eulálio (mater-no), enveredaram pelo caminho da política. “Bons de conversa”, “exímios contadores de causo”, os Sil-veira (no fundo, uma família com o mesmo tronco de origem) ficaram mais à margem do que dentro do processo eleitoral e do centro das decisões na cidade

de Frutal, contentando-se com as vagas na Câmara de Vereadores e uma atuação discreta e periférica, que em nada lembra o tempos dos Coronéis do início do Século passado. Por isso mesmo que, ao analisar a per-gunta acima, a resposta de Narcio Rodrigues é “NÃO”. E ele acrescenta: “não necessariamente”, procurando explicar da seguinte forma: “muitas ve-zes, o que nos motiva para a política não é a herança de sangue, mas os valores que cultivamos ao longo da vida, dentro da família, e que acabam por se con-verter em qualidades indispensáveis para quem quer ter êxito na atividade política”.

NARCIO RODRIGUES detalha o que pensa: “Meu avô Pedro Rodrigues era um sá-bio. Um homem que sabia lidar bem com o silên-cio. Quando falava, falava baixo, manso, e todos prestavam atenção. Eu me lembro de uma frase que ele usava sempre – e que não é dele, é de domínio universal – e que nunca saiu da minha cabeça. Ele dizia: se o malandro soubesse o quanto é bom ser ho-nesto, ele era honesto por malandragem. E eu acho isso o máximo porque além de ser um elogio à ho-nestidade, é um chamamento para que os espertos e aproveitadores entendam o quanto isso é verdadeiro e valoroso. Então, na família, esse valor é extrema-mente cultivado. Meu pai ia sempre além: honesti-dade não é vantagem nenhuma, nem qualidade a ser exaltada. É obrigação. E a gente ouvia calado, mas agia pensando nisso”. “Outra característica muito própria das nossas Famílias – acrescenta Narcio – é a humilda-de. O vô Pedro era humilde, o papai era humilde e o Caio é extremamente humilde. Nunca vi parecer tanto. E é por isso que eu gosto de dizer que, mesmo que não tenha tantas qualidades, há uma que nin-guém pode me negar: eu sou um excelente condutor genético. Meu pai e meu filho são, ambos, melhores do que eu, fato que me dá enorme alegria e orgulho”. “E há mais duas qualidades que eu desta-co na minha família: a coragem e a paciência. Meus bisavós, Delfino e Vicente, meus avôs Pedro e Ilídio e, meu pai, Tião, foram homens destemidos, sem medo e sem covardia. O vô Vicente, grande Coronel político, tinha sapiência, habilidade com as palavras, mas era sobretudo corajoso, principalmente para fa-lar o que pensava. Suas frases tinham tom profético, ou conteúdo filosófico. Já o meu avô Pedro cultivava

Tião e Silvia

Narcio, Caio e Thaize

Narcio e Caio

Page 2: Caio Narcio

A hereditariedade é o conjunto de pro-cessos biológicos que transmite ao Homem e ao Ser Vivo informações genéticas em sua reprodu-ção. Existem dois tipos de hereditariedade. Na Específica, esta transferência garante a herança de características comuns a sua espécie. Na in-dividual, o conjunto de agentes genéticos atua definindo detalhes próprios de cada ser humano. Ambas, entretanto, moldam a personalidade dos filhos à semelhança dos seus pais. Na família Rodrigues da Silveira este princípio biológico é uma verdade irrefutável que se renova a cada geração. Valores como honestidade, dignidade, compromisso ético e, sobretudo generosidade, são marcas indeléveis da personalidade dos seus membros que tem, atualmente, no deputado federal licenciado e secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Narcio Rodrigues, um dos seus maiores expoentes. As características que acompanham este núcleo familiar, porém, data de tempos re-motos. Os primeiros registros derivam do início do século. Os ensinamentos, transmitidos gera-ção após geração, eram cultuados e observados como um dogma. Tião Rodrigues, pai de Narcio, Sidô-nio e Linamar; e avô de Caio Narcio e Luana, cresceu ouvindo muitas frases ditas pelos seus antecessores. Acabou reproduzindo várias, sem-

pre mantendo o sentido original e sempre em louvor à probidade e honestidade. “Para subir na vida não é preciso pisar em ninguém”, costumava falar para seus filhos, revela Silvia Rodrigues, matriarca e esposa que, do alto de sua lucidez, não se cansa de elogiar os rebentos. “Somos uma família humilde, pobre, lutadora, que construiu a partir do diálogo e da união, grandes filhos e netos”, revela. Silvia acrescenta ainda, que o cresci-mento dos meninos à beira do Rio Grande, em-balados pelo bucolismo do Chatão, povoado lo-calizado no município de Frutal, ajudou a forjar a personalidade de cada um.

A LIDA NA ROÇA Narcio, por exemplo, antes de abraçar o jornalismo e se transformar no político identifica-do com as necessidades e expectativas do povo do Triângulo e, sobretudo, de Minas Gerais, dividia-se entre a contemplação do serpenteio das águas pelo Rio Grande e a lida dura, mas reconfortante, dos afazeres rurais. “Ele, assim como todos seus irmãos, ajudou o pai na roça. Narcio fazia a aração, a capina e o manejo dos bois. Chegou a acompanhar o pai em comitivas pelo Estado de Goiás”, conta Silvia. A este currículo se acresce outras funções tão no-bres como a de engraxate, carregador de super-

Honestidade e generosidademercado, jornalista e, por fim agente político. Em todas as funções as executa impondo a lisura como a bússola que o conduz à eficiência e suces-so nas suas empreitadas. Esta trajetória marcada pelo êxito e es-timulada pela prodigalidade, já tem um sucessor. Caio Narcio, filho de Narcio e testemunha privi-legiada de toda esta evolução da família, trilha o mesmo caminho de seus antecessores. “Tanto o Narcio, como o Caio, são se-res humanos dedicados, generosos e guerreiros. Assim como o pai que tanto luta e tem lutado para construir uma sociedade justa, fraterna e essen-cialmente democrática, acredito que o Caio re-petirá a trajetória paterna. Ambos são humildes”, afirma Thaize Amparado, esposa de Narcio e que adotou Caio e sua irmã, Luana, como se fossem filhos. Hábil articulador, jovem afeito ao dialo-go e ao entendimento como ferramentas de solução para as adversidades contemporâneas, Caio Narcio se prepara para novos desafios. A encoraja-lo uma família que vem de geração a geração transferindo para seus membros virtudes fundamentais para atuar na construção de um Estado e uma Nação que evite transformar em desiguais aqueles que, geneticamen-te, nasceram sob a mesma identidade divina. Assim como o pai, ele também deseja e trabalha para mudar esta realidade.

Da esquerda para a direita, o terceiro é Vicente Eulálio da Silveira; o sexto (aquele que está sentado à direita do presidente da Câmara) é Delfino Nunes da Silveira

(William Santos)

muito a paciência. E a considerava fundamental para não se precipitar, não errar nas decisões, não atraves-sar o sinal. Certa vez, o Tião Rodrigues me chamou, na varanda de casa, e disse: eu vou lhe deixar a maior herança que o pai pode dar a um filho. Pensei logo em terras, gado, dinheiro, mas tratei de perguntar o que seria. Ele mostrou o paiol da fazenda, que se via da varanda, e me disse: vou deixar guardado ali, para você, toneladas de paciência e quanto mais você gastar, mais você terá à sua disposição. Achei aquela prosa estranha... Depois me perguntou se eu sabia o que era a paciência. Eu tentei por três vezes defini--la sem êxito. Ele me olhou muito fundo nos olhos e arrematou: a paciência meu filho é a Ciência da Paz. Nunca mais me esqueci disso e hoje considero que o maior patrimônio que eu recebi dele foi esse mesmo,

além do seu exemplo de homem honesto e correto. Narcio retoma a questão do que leva uma pessoa a política: “Em primeiro lugar, acre-dito que o que nos empurra nessa direção é esse sentimento de que podemos ser úteis aos outros. Nenhum homem é feliz sozinho. Eu não me can-so de falar isso. Nenhum homem se realiza em si mesmo. O homem só se realiza quando realiza o outro. O homem só se realiza no outro, no próxi-mo. E a política nos dá ferramenta para realizar coisas boas para os outros” “Por isso – conclui Narcio – quem guarda e cultiva valores como esses, acaba se sentindo convocado pela própria consciência a participar do processo político. Eu nunca esti-mulei o Caio a mexer com política – mas tam-

bém nunca desestimulei. Sei que, se ele escolheu esse caminho – e parece que escolheu – é porque têm noção do desafio que o espera, mas sente necessidade de participar. E ele tem conteúdo e qualidades. Eu tenho que dizer isso. E dizer também que espero que ele aprenda a se realizar nos outros, tenha a humildade de aprender todo dia, que não lhe falte coragem para enfrentar os obstáculos e que tenha paciência, muita paciên-cia, para compreender que, na vida, nem tudo é do jeito que a gente quer. No seu sangue, correm esses valores e qualidades e, com eles, ele tem a oportunidade de servir ao próximo e ao País. Isso é um oportunidade única para um ser humano. Quem tem a menor chance, tem a obrigação de tentar. Por isso, lhe desejo sorte”.

Page 3: Caio Narcio

CAIO NARCIO na trilha do pai

No dia 21 de agosto de 2013, Caio Narcio Rodrigues da Silveira está

completando 27 anos de vida. Nas-cido em Uberlândia, em 1986, ele

é o filho mais novo do (primeiro) ca-samento de Narcio Rodrigues da Silveira com Ana Cássia Assunção Rodrigues, casal que teve, antes dele, a filha Luana, hoje com 29 anos. Formado em Ciências Sociais pela PUC-Minas, Caio fez inglês e francês no Canadá (Vancouver e Montreal), parte do curso de Ciências Sociais (curso Sanduíche) na Sourbone, em Paris, França, considerada uma das melhores universidades do mundo. Ainda universi-tário foi eleito presidente do DCE da PUC Minas, com cerca de 30 mil alunos. Atualmente, é presiden-te reeleito da Juventude do PSDB em Minas Gerais e mora em Belo Horizonte com o pai e sua esposa, Thaize Amparado (uma uberabense). Nessa entrevista, ele fala dos motivos que o movem atualmente para a atividade política.

Você considera que a Família Rodrigues da Silveira tem o DNA da política no sangue?

CAIO NARCIO – Não sei dizer se é isso exatamen-te. A meu ver, isso é, na verdade, um interessante processo.

Como assim? Quando você percebeu que o seu ca-minho estava indo para essa trilha?

CAIO NARCIO – Na verdade, eu cresci vendo meu pai fazer da política uma ferramenta para transfor-mar toda região do Vale do Rio Grande e do Pon-tal do Triângulo. Onde havia só terra, ele fez surgir estradas asfaltadas; onde Saúde Pública era colocar doente na ambulância e mandar para a cidade gran-de, ele construiu hospitais e mini hospitais; onde não existiam empregos nasceram indústrias; e onde os jovens não tinham como estudar, ele implantou Universidades e Escolas. Eu fui vendo isso e passei a perceber que isso era extraordinário porque mudava a vida das pessoas.

Houve algum fato específico que marcou sua me-mória em relação à atuação do seu pai?

CAIO NARCIO – Um dia, fomos a Comendador Gomes. Eu estava chateado porque meu pai não ti-nha tempo para ficar comigo e com minha irmã e nós estávamos muito carentes dele. Era Dia dos Pais e ele me levou com ele. Chegamos a uma solenidade em que meu pai estava entregando banheiros cons-truídos por emendas dele para famílias que não dis-

punham desse benefício em casa. De repente, uma senhora que morava com 12 pessoas numa mesma casa, sem nenhum banheiro, se atirou de joelhos diante do meu pai e começou a chorar, dizendo que ele tinha dado dignidade para a família dela. Acho que aquele foi o momento que eu comecei a ver a política com outros olhos. A partir dali, além de ver a importância do que ele fazia, passei a perdoar sua ausência em casa porque vi que ele estava ajudando quem precisava muito mais do que eu.

Como você vê a política hoje?

CAIO NARCIO – É a grande ferramenta de trans-formação da vida das pessoas. Encarada com se-riedade pode ajudar muito a mudar o mundo para melhor

Para você do que o Brasil e Minas estão precisando mais atualmente? CAIO NARCIO – Acredito que o mundo, todo mundo, está precisando de que as pessoas de bem se ocupem da política, transformem a realidade social e abram espaço para a construção da cidadania. O Bra-sil precisa ser um país mais igual nas oportunidades. Os recentes manifestos da população para a cobran-ça de mais ética, menos corrupção e mais compro-metimento dos Governos com políticas para todos, especialmente para os Jovens, que querem, sonham e trabalham por um mundo melhor.

Há uma grande insatisfação no Brasil. O País tem jeito? O Brasil tem cura?

CAIO NARCIO – O Brasil somos nós todos. Todo mundo está angustiado com os rumos do Brasil. O

N

FHC e Caio Narcio: a velha guarda e a nova geração do PSDB.

País parou de crescer, não há ambiente para os jo-vens empreendedores, temos uma carga tributária altíssima, serviços públicos de péssima qualidade, pagamos impostos sem receber serviços essenciais, e temos o piores índices de investimentos na Educa-ção. Mas o Brasil é o Brasil. Tem futuro porque tem juventude e tem gente que quer fazer o País avançar para o futuro.

Você é candidato a deputado federal?

CAIO NARCIO – Sou pré-candidato. Na prática quero mesmo é participar. Quero estar participando da campanha de Aécio Neves a presidente. Se meu grupo fechar com o meu nome, como estamos ne-gociando, posso ser candidato pelo PSDB, que é o meu único partido e o único partido ao qual se filiou o meu pai, até hoje.

E o “velho Narcio”, o que pensa disso e o que repre-senta para você?

CAIO NARCIO - Temos que interpretar o mo-mento que ele está vivendo. Talvez seja o melhor da sua vida. Ele está maduro e preparado para enfren-tar qualquer desafio que surgir, até uma candidatura ao Governo de Minas, como vem sendo ventilado pela imprensa, ou até mesmo se retirar da vida pú-blica. Sinto que na atualidade ele está se dedicando mais as suas grandes paixões, citaria a proximidade com a sua neta, sem deixar de relacionar também, o amor pela sua esposa, a Thaize, uma grande com-panheira e mulher. A poesia também tem merecido dele um carinho especial. Meu pai está vivendo a plenitude da sua vida. Isto é um fato. Quanto a mi-nha eventual candidatura ele tem sido também um incentivador.