café adensado

Upload: symara-garcia

Post on 19-Jul-2015

396 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

CULTIVO DO CAFEEIRO EM CONDIES DE ADENSAMENTO

Ramon Correia de Vasconcelos1 Carlos Alberto Spaggiari Souza2 Fbio Pereira Dias3 Rubens Jos Guimares4

1 IntroduoNo mundo, duas espcies de caf so comercializadas em grande escala e tm cotao internacional. Uma delas a Coffea arabica L., que responde por 75% do volume comercializado, sendo o Brasil o maior produtor mundial. O cultivo do cafeeiro no Brasil era tradicionalmente realizado de maneira pouco profissional, sem espaamentos bem definidos, sem um plano de adubao que visasse no s a safra, mas tambm o desenvolvimento da lavoura e outros aspectos que deixavam a desejar. Na dcada de 1970, com o plano de renovao e revigoramento dos cafezais, o panorama da cafeicultura no Brasil modificou-se bastante, com uma___________________________________ 1 2

. Doutorando em Fitotecnia- DAG/UFLA/ Univ. Est. do Sudoeste da Bahia . D.S. Professor Visitante do Departamento de Agricultura/UFLA 3 . Mestrando em Fitotecnia-DAG/UFLA 4 . D.S. Professor Adjunto do Departamento de Agricultura-UFLA

6 proposta de conduo das lavouras baseada em respostas de pesquisas. A partir desse perodo, a cafeicultura experimentou grandes mudanas na conduo das lavouras, desde o planejamento, na implantao e na forma de conduo. Praticado por outros pases h muito tempo, o adensamento somente teve impulso a partir da dcada de 1960, quando se intensificaram as pesquisas com plantios de cafeeiros adensados no Brasil, muito embora j se tivesse notcias de lavouras adensadas em nosso pas desde o incio do sculo. Este sistema compreende o emprego de espaamentos menores, que resultam, em geral, numa populao cafeeira de 4.000 a 10.000 plantas por hectare. Os espaamentos so, em geral, de 1,0 a 3,0m entre ruas e 0,5 a 1,0m entre plantas nas linhas. Em alguns casos, o cafezal conduzido com mais de 10.000 plantas por hectare, com um aspecto de verdadeira floresta, onde se colhem apenas os ramos ponteiros. Este sistema de super ou hiper adensamento, com conduo totalmente diversa do caf adensado, no ser abordado neste material. importante ressaltar que o sistema de plantio adensado uma tendncia mundial em muitas culturas, com o objetivo de explorar mais adequadamente o solo e ter retorno financeiro por unidade de rea. Nesse sistema de cultivo, tem-se uma mudana no microclima local, provocada pelo grande nmero de plantas por unidade de rea. Tambm muda o comportamento da planta do ponto de vista fisiolgico, o que exige cultivares adaptadas a mais

7 esse sistema de cultivo. Estas mudanas iro exigir outro

planejamento para a conduo da lavoura, levando-se em conta a nova realidade. O plantio de caf adensado especialmente vantajoso em reas onde a mecanizao difcil e nas pequenas propriedades, sobrepujando, e muito, as dificuldades impostas pelo manejo dificultado. Este trabalho tem como objetivo explorar os aspectos tcnicos ligados ao adensamento do cafeeiro como: formao de microclima diferenciado, aspectos fisiolgicos da planta em cultivo adensado, melhoramento do cafeeiro, fertilidade do solo em sistemas de plantio adensado, comportamento de pragas e doenas, mecanizao, planejamento de podas e colheita em culturas adensadas, com vistas a dirimir dvidas sobre esta proposta de explorao da cafeicultura.

2 HistricoNa dcada de 1930, o produtor Fausto Moreira plantou caf no espaamento de 3,0 x 0,5m, no municpio de Jacutinga/MG, com o objetivo de realizar um trabalho de conservao de solo. Dez anos depois, o Instituto Agronmico de Campinas montou, mas no concluiu, um experimento com caf adensado a 2,0 x 1,0m. Na dcada seguinte, o mesmo Instituto Agronmico de Campinas publicou um trabalho realizado na

8 estao experimental de Pindorama-SP, com a variedade Mundo Novo em diferentes espaamentos. Nos anos 1950 e 60, o Instituto Agronmico de Campinas continuou publicando trabalhos com espaamentos adensados e produtores de Campinas e Itapira, no estado de So Paulo, estabelecem lavouras com espaamentos de 2,4 x 1,2m (Romero & Romero, 1994). Nas dcadas de 1970 e 80, diversos pesquisadores de vrios rgos de pesquisa instalam experimentos nos estados de Minas Gerais, Paran e So Paulo, com as variedades Catua Amarelo, Catua Vermelho, Acai e Icatu em diversos espaamentos. Finalmente, nos anos 1990, ocorreu um maior avano do sistema de plantio de caf adensado em relao ao sistema de plantio de livre crescimento. Hoje em dia, h uma tendncia geral de maior adensamento na cafeicultura mundial e no Brasil, visando a obteno de uma maior produtividade por rea. No Brasil, onde a mecanizao possvel em grande parte das reas cafeeiras, possibilitando o uso de mquinas em plantaes mais extensas, o plantio em renque deve ainda ser incentivado (Carvalho et al., 1997).

3 Aspectos do Microclima em Cafeeiros AdensadosNo cultivo de caf adensado, o ambiente onde se encontram as plantas sofre transformaes, ocorrendo

9 mudanas como: o total de radiao solar que incide sobre a planta, temperatura do ar e do ambiente, umidade do ar, taxa de evaporao e vento. Na Colmbia, onde se encontra a maior rea de caf adensado do mundo, as plantaes se concentram em reas com altitudes que variam de 1.000 a 2.000m na cadeia montanhosa dos Andes, na latitude de 1 a 10o norte, com temperatura mdia anual entre 18 variao nos 12 meses.o

e 22 C e muito pouca

o

3.1 Radiao SolarO cafeeiro uma planta C3 , com folhas cuja distribuio planfila. Essa arquitetura de planta afeta o intercmbio de energia com o ambiente, podendo ter efeito sobre a temperatura do ar, temperatura da folha, umidade atmosfrica, evapotranspirao, armazenamento de calor e interceptao da precipitao. A estrutura do dossel vegetativo pode definir o tamanho, forma, orientao e distribuio de posio dos diferentes rgos da planta. Da radiao que chega at a planta, parte refletida, parte absorvida e parte redistribuda. O fluxo de radiao diminui de forma exponencial com o incremento de rea foliar dentro do dossel (Robledo,1996). O coeficiente de extino diminui medida que aumenta o ndice de rea foliar, porm, o cafeeiro tem grande capacidade de se adaptar s

10 condies de sombreamento, chegando a realizar fotossntese com 1% da luz solar radiante.

3.2 Temperatura do Ar e da PlantaComo o balano de energia nos plantios adensados fica alterado, ocorrem alteraes trmicas no ar em torno das plantas. Estes diferenciais trmicos dependem da radiao solar e observa-se maior diferencial no tempo frio e seco. Nos plantios adensados, a maior parte das folhas est sombreada pelas folhas vizinhas da mesma planta ou da planta mais prxima, fazendo com que a sua temperatura leve mais tempo para se elevar. Tambm o maior ndice de rea foliar ir interferir na temperatura ambiental, j que o sombreamento aumenta na mesma proporo em que se aumenta a densidade de plantio.

3.3 Umidade, Evaporao e VentoA umidade do solo tende a se manter por mais tempo nos plantios adensados, j que a taxa de evaporao diminui com o sombreamento do solo promovido pela maior quantidade de plantas e pela maior quantidade de matria orgnica sobre o solo. Tambm se observa uma maior umidade do ar dentro do dossel de plantas, j que o vento incide com menor intensidade.

11 Devido aos baixos nveis de radiao e ao menor fluxo de vento dentro do dossel de plantas, se observam menores taxas de transpirao. O comportamento do vento dentro das plantaes est determinado pela arquitetura foliar do cafeeiro, pela densidade de plantio que determina o ndice de rea foliar e das prticas de cultivo, tais como o sombreamento artificial ou a existncia de quebra ventos. Dentro dos plantios de caf adensado, a velocidade do vento se encontra muito reduzida quando comparada com os plantios em livre crescimento ou com o ar livre.

4 Fisiologia dos Cafeeiros em Cultivos AdensadosNos plantios adensados, seja com o aumento de plantas por unidade de rea ou pela conduo de um maior nmero de hastes por planta, aumenta a eficincia de utilizao da radiao solar, da gua e dos minerais. Tambm proporciona condio mais adequada das floraes e da razo folha/fruto, obtendo-se maior produtividade, com menor custo e menor depauperamento do cafeeiro. Em densidades com 5.000 plantas por hectare, no h problemas de deficincia hdrica, desde que se esteja em uma regio recomendada para a cultura. Isto porque o sistema radicular atinge maior profundidade, a temperatura mdia do solo

12 menor e h melhor controle natural das plantas invasoras, o que resulta em menor evapotranspirao (Rena et al., 1996).

4.1 Desenvolvimento Vegetativo do Cafeeiro em Plantios AdensadosAs vrias partes de uma planta crescem em diferentes ritmos e em diferentes pocas do ano, por causa da interao de fatores genticos, nutricionais, hormonais e ambientais e o cafeeiro no constitui uma exceo (Rena et al., 1996). As caractersticas da planta mais influenciadas pelo clima so a altura, o crescimento dos ramos e o nmero de flores; e os elementos do clima que mais se correlacionam com os incrementos em altura e o comprimento dos ramos so o brilho solar, a evaporao, a temperatura mdia e a durao mxima do dia (Jaramillo & Valencia, 1980, citados por Nacif, 1997). O cafeeiro, semelhante a outras plantas, tem grande capacidade de se adaptar a variaes do ambiente (alteraes do espaamento) mediante modificaes morfolgicas, bioqumicas e fisiolgicas. Embora todas as estruturas da planta possam se modificar para se ajustar ao novo habitat, as folhas so as mais sensveis e as que primeiro apresentam modificaes mais profundas (Akunda, 1979, citado por Nacif, 1997). As formas de radiao solar que chegam ao dossel vegetativo nos cultivos com livre crescimento e em sistemas adensados esto ilustrados na Figura 1. Por ela, percebe-se a

13 diminuio de radiao solar direta no sistema adensado, com grande aumento de luz difusa, medida em que passamos do tero superior da planta para o tero mdio e para o tero inferior. Assim, sob cultivo adensado a cultura desenvolve um dossel com estrutura na qual a maioria das folhas recebe sombra moderada e a radiao e a carga calorfica que atingem a plantao se distribuem sobre uma grande rea de folhas.

________________________________________________

14Figura 1- Formas de radiao que chegam ao dossel vegetativo.

A pequena concentrao de cera epicuticular est associada ao baixo nvel de reflexo luminosa, nas folhas jovens orientadas mais verticalmente. Essa uma caracterstica vantajosa, pois est relacionada maior coleta de energia luminosa e maior atividade fotossinttica. As folhas mais velhas, que se encontram em posio mais horizontal, tm maior teor de cera epicuticular, proporcionando-lhes maior capacidade de reflexo de luz. Trata-se de uma caracterstica adaptativa benfica, pois evita a elevao excessiva da temperatura foliar e/ou fotooxidao das molculas de clorofila. H tambm menor desenvolvimento cuticular nas folhas dos plantios adensados, que uma indicao do aumento da eficincia da utilizao da energia luminosa nesses sistemas. A rea foliar aumenta com o incremento da densidade de plantio, mas o peso e o volume foliar especficos e a densidade e a matria seca foliares diminuem. O aumento da rea foliar est associado melhor utilizao da luz e reduo das outras caractersticas anatomofisiolgicas, que indicam uma lmina foliar mais delgada e mais porosa, associadas maior taxa de difuso de gases (CO2 ). Como resultado, tem-se que o sistema adensado de plantio possui um sistema fotossintetizante mais eficaz (Akunda et al., citados por Rena et al., 1996). Os mesmos autores tambm verificaram ligeira reduo nos teores das clorofilas totais nas folhas dos plantios

15 adensados, mas o teor de clorofila b foi maior. Acontece que esta clorofila a principal coletora de luz no fotossistema II e o seu teor tem sido considerado uma medida de eficincia do aparelho fotossintetizante. Essa , portanto, uma modificao bioqumica desejada nos plantios adensados. A maioria dos autores considera que o ndice de rea foliar timo para cafezais varia com a idade da lavoura, a saber: 10.000 plantas/ha para cafezais com trs anos, 5.000 plantas/ha para cafezais com quatro anos e 2.500 plantas/ha para cafezais com cinco anos de idade.

4.2 Crescimento e Distribuio do Sistema RadicularO plantio adensado tem profunda influncia sobre o desenvolvimento das razes. Conhecer os seus padres de crescimento e a distribuio do sistema radicular sob o sistema de plantio adensado, fundamental para otimizar vrias prticas culturais, como a irrigao e a adubao. Rena & Maestri (1986), estudando o comportamento do sistema penetram radicular mais do cafeeiro em diferentes densidades, constataram que, nas densidades mais altas, as razes axiais profundamente no solo. Nas densidades

16 intermedirias (3.000 plantas/ha) ocorre o aumento do

desenvolvimento das razes laterais profundas. Entretanto, nos cafeeiros plantados muito juntos na fileira, embora as razes axiais tenham sido em maior nmero e tenham crescido maior profundidade, as razes laterais profundas no foram to evidentes. Esse fato pode ser interpretado como um ajustamento das razes ao volume do solo que lhes colocado disposio. O crescimento de razes na zona de enraizamento dos cafeeiros adjacentes, na fileira, foi bastante restrito, fenmeno semelhante ao crescimento dos ramos plagiotrpicos primrios, que so fracos e poucos desenvolvidos onde o sombreamento mtuo muito pronunciado. Esses dados indicam que, em altas densidades de plantio, a explorao dos solos pelas razes mais completa, possibilitando ao cafeeiro a utilizao mais eficiente da gua e sais minerais disponveis, tanto nas camadas superficiais como nas mais profundas do solo, pois exploram um maior volume de solo (Figura 2).

17

Figura 2 Comportamento do sistema radicular do cafeeiro em livre crescimento e em sistema adensado.

4.3 Desenvolvimento Reprodutivo do Cafeeiro em Plantios AdensadosA diferenciao floral menor sombra do que a pleno sol. Por isso, as plantas cultivadas a pleno sol tendem a apresentar o fenmeno da superproduo e o subseqente depauperamento, principalmente se um perodo de seca prolongado antecede a florao. A deficincia hdrica nessa fase sincroniza a diferenciao e o desenvolvimento das gemas florais e a abertura das flores, com as primeiras chuvas de primavera. Os plantios adensados propiciam o auto-sombreamento, que determina menor florao por planta e, conseqentemente, uma razo folha/fruto mais favorvel (Castillo & Lopez, 1966).

18 A bianualidade e o adensamento provocam atrasos nas floradas fazendo com que se tenha vrias pequenas floradas. Isto provavelmente conduz maturao desuniforme de frutos e perda de qualidade na bebida dos gros de caf (Viana et al., 1985).

5 Melhoramento Adensamento

do

Cafeeiro

Visando

o

Os melhoristas do caf costumam dividir a histria do melhoramento gentico no Brasil em duas fases bastante distintas. A primeira vai desde a introduo da cultivar arbica at o incio da dcada de 1930 (cerca de 200 anos), em que se realizou um melhoramento meramente emprico, feito pelo prprio cafeicultor que utilizava os mutantes e recombinantes que surgiam em suas lavouras ou materiais exticos, importados de outras regies do mundo. A segunda fase, a partir de 1933 at os dias atuais marcada pelo melhoramento cientfico, quando o Instituto Agronmico de Campinas estabeleceu seu plano geral de melhoramento do cafeeiro e a seleo de plantas, as hibridaes, as avaliaes de prognies passaram a ser realizadas com base em tcnicas e critrios experimentais modernos (Mendes & Guimares, 1998). Nas dcadas de 1950 e 60, com a obteno da cultivar Catua (por meio da hibridao artificial entre as cultivares Mundo

19 Novo e Caturra Amarelo), verificou-se um salto na cafeicultura brasileira, passando, a partir da dcada de 1970, o parque cafeeiro do Brasil a ser constitudo pelas cultivares Mundo Novo e Catua, basicamente. Nesse mesmo perodo, se intensificava a pesquisa com o objetivo de obteno de novos materiais adaptados condio de adensamento. Esses materiais teriam que incorporar caractersticas desejveis para o plantio adensado, como menor altura de plantas, menor dimetro de copa, folhas mais eretas, resistncia ferrugem, resistncia broca, obteno dentro de cada cultivar de materiais precoces, ciclo mdio e tardio para melhor planejar a colheita, principalmente em grandes propriedades. A Figura 3 ilustra os tipos de insero dos ramos plagiotrpicos em cafeeiros.

normal

semi-ereta

ereta

__________________________________________

20Figura 3 Insero dos ramos plagiotrpicos.

As principais cultivares recomendadas para o plantio em densidades adensadas no Brasil so: Catua, Rubi, Acai, Obat, Iapar 59, Topzio, Tupi e Catuca (Mendes & Guimares, 1998).

5.1 CatuaEsse material permitiu que se iniciassem no Brasil plantios de caf em espaamentos menores, pois o porte baixo do Catua ideal para adensamento, alm de ter excelente produtividade. Outra caracterstica que de interesse para o adensamento que o Catua produz abundantemente nas duas primeiras safras. Uma caracterstica desfavorvel desta cultivar a susceptibilidade ferrugem.

5.2 RubiO material selecionado e lanado em Minas Gerais possui porte baixo, como o Catua, com altura ao redor de 2,0m e dimetro mdio de copa de 1,8m, aos sete anos. Tem excelente produtividade e elevado vigor vegetativo, no exibindo depauperamento precoce aps elevadas produes. O nmero de ramificaes secundrias abundante, com angulao dos ramos produtivos um pouco mais aberta que o Catua, o que permite maior aerao e insolao no interior da planta. A

21 maturao de frutos intermediria entre Catua e Mundo Novo, em poca e uniformidade. Os frutos so de colorao vermelha e as folhas, quando novas, so predominantemente de cor bronze escuro, que a difere da Catua (brotos verdes).

5.3 AcaiPorte alto, uma seleo da cultivar Mundo Novo com maior tamanho de frutos, resultando em peneira maior. A maturao uniforme. As plantas tm menor dimetro de copa que as linhagens de Mundo Novo, podendo ser indicada para o sistema adensado com podas programadas. Possui boa adaptao a qualquer regio cafeeira.

5.4 Obat uma cultivar que possui o porte baixo, podendo ser indicada para o plantio em espaamentos adensados e em renque. Possui frutos grandes, com bom rendimento de peneira e boa produtividade.

5.5 IAPAR 59Essa cultivar foi desenvolvida no estado do Paran e apresenta vrias caractersticas que a recomendam para os

22 plantios adensado e super adensado: altura de planta, dimetro e volume de copa desejveis para o adensamento (altura de 2,0m e dimetro 1,7m, ligeiramente inferior ao Catua); resistente ferrugem; o florescimento e maturao de frutos so mais uniformes e medianamente precoces em relao ao Catua, alm de elevada produo inicial.

5.6 TopzioEssa cultivar possui as mesmas caractersticas da cultivar Rubi. A nica diferena entre as duas a colorao dos gros, vermelho na Rubi e amarelo na Topzio.

5.7 CatucaEsse germoplasma encontra-se em fase de seleo pelos pesquisadores do Ministrio da Agricultura e abastecimento (exIBC e ex-PROCAF), na regio de Varginha-MG. O material apresenta porte baixo, resistncia ferrugem e baixo percentual de frutos chochos.

6 Aspectos da Fertilidade do Solo em Cultivos Adensados

23 O aumento na densidade de plantio da lavoura cafeeira aumenta o pH, Ca, Mg, K, P, carbono orgnico, estabilidade dos agregados do solo, reteno de gua no solo e micorrizao, alm de diminuir Al e aumentar a atividade biolgica. A maior queda de folhas e ramos, os menores escorrimentos de gua, lixiviao de NO3 e oxidao da matria orgnica so as principais causas de alteraes na fertilidade do solo em sistemas de cultivo de cafezais adensados (Pavan & Chaves, 1996). O aumento da densidade em plantios de cafeeiros aumenta o teor de matria orgnica no solo. Como a quantidade de ervas daninhas menor em plantios adensados, provavelmente maior quantidade de matria orgnica seja devido a maior densidade de plantas por unidade de rea, reduo das perdas por eroso e condies inadequadas para oxidao da matria orgnica. A produo contnua de CO2 por meio da maior oxidao da matria orgnica na menor densidade populacional de cafeeiros favorece a acidificao do solo. Por outro lado, em lavoura adensada , ocorre menor produo de CO2 devido a menor taxa de oxidao da matria orgnica, resultando em menor produo de H+ na soluo do solo pelo ciclo do carbono. Outro processo importante que ocorre no solo com cafeeiros adensados o consumo de H da soluo do solo por compostos orgnicos solveis em gua, liberados pelos resduos vegetais depositados em sua superfcie.+

24 O aumento na densidade populacional de cafeeiros diminui o Al trocavel. Independente do mecanismo que ocorre, o plantio adensado de cafeeiros caracteriza-se por um sistema de controle da solubilidade de Al solos cidos. O aumento na densidade populacional de cafeeiros eleva os teores de Ca , Mg2+ 2+ 3+

no solo, constituindo-se em um

dos aspectos mais importantes para melhorar a fertilidade dos

e K Esse fato pode ser devido maior

+

eficincia na reciclagem de nutrientes em cafeeiros adensados. Com a mineralizao dos resduos vegetais, os ctions so liberados na soluo do solo nas formas inorgnicas, podendo ser absorvidos novamente pelas razes ou adsorvidos s cargas negativas do solo dependentes de pH. O aumento na disponibilidade de fsforo reflexo dos efeitos da populao de plantas na dinmica da matria orgnica e pH e, conseqentemente, na disponibilidade de fsforo. O plantio adensado caracteriza-se como um sistema potencialmente importante para melhorar tambm a agregao das partculas do solo com implicaes diretas na infiltrao de gua, na resistncia do solo eroso e na mobilidade e disponibilidade de ons para as plantas. Com o aumento na quantidade de resduos na superfcie do solo, melhora sua estrutura e agregao, aumentando o ndice de estabilidade dos agregados. O aumento da densidade populacional de cafeeiros promove o aumento no teor de gua do solo, em funo da sua

25 maior proteo contra a ao dos raios solares, do vento e da maior quantidade de matria orgnica depositada. O maior teor de gua no solo favorece a absoro pelas razes, com menor gasto de energia pela planta. A quantidade de adubos a ser aplicada em cafeeiros adensados diferente da quantidade aplicada em plantios convencionais. A maior concentrao e a melhor distribuio do sistema radicular do cafeeiro por rea, neste sistema, tm permitido um melhor aproveitamento do adubo fornecido s plantas. Porm, h um aumento grande na populao de plantas e uma variao nas safras em cada lavoura, o que faz com que cada caso merea uma avaliao parte. Independentemente de ser um ano de alta produo ou de grande crescimento vegetativo, a planta sempre mantm uma necessidade constante de nutrio.

> Vegetao

7 Densidade de PlantioAt a dcada de 1970, os espaamentos preconizados no Brasil eram bem largos (2,5 x 4,0), com boa produo por planta e baixo rendimento por rea. A partir de 1974, com o Plano de Renovao e Revigoramento dos Cafezais proposto pelo IBC e

26 apoiado pelo governo federal, a cafeicultura tomou novo impulso no pas com plantios mais adensados dentro das linhas (plantio em renque) e com linhas mais prximas. Isso permitia a melhor explorao da terra, facilitando bastante o manejo com a mecanizao das lavouras, com mquinas dimensionadas para este fim. Aps a crise que viveu o setor da cafeicultura no final dos anos 1980 e incio dos anos 1990, os produtores de caf esto cada vez mais profissionais, buscando, alm da diminuio dos custos, o aumento da produtividade. Com as novas variedades de caf e os espaamentos menores dos cultivos adensados, tm-se conseguido bons resultados.

8 Manejo e Tratos Culturais em Culturas AdensadasEm lavouras adensadas, os tratos culturais, de modo geral, incluindo o manejo de plantas daninhas, o manejo fitossanitrio, a adubao de solo e a adubao foliar e as podas, podem ser mecanizados em maior ou menor escala. As mquinas existentes no mercado brasileiro so, em sua maioria, adaptadas para trabalhar em lavouras de livre crescimento, havendo necessidade de adapt-las ou de substitu-las para adequao ao novo sistema de cultivo. Ocorre que o mercado brasileiro de mquinas e implementos agrcolas extremamente oligopolizado e dificilmente grandes fabricantes teriam interesse em produzir pequenas mquinas para lavouras adensadas, o

27 que somente poderia ser realizado por pequenas indstrias regionais (Silveira, 1996). Com relao ao preparo do solo para implantao de uma lavoura no sistema adensado, devem-se seguir os mesmos passos do preparo de solo para uma lavoura de livre crescimento, mudando apenas o alinhamento da lavoura e marcao das covetas. As demais operaes so as mesmas que se utilizam nos plantios em livre crescimento, porm, executados manualmente. O manejo das plantas daninhas pode ser realizado de diversas maneiras, incluindo o uso de cultivador de enxadinhas, grade, enxada rotativa, roadora, aplicador de herbicidas e carpidoras, com diversos princpios de funcionamento. Nas culturas adultas, quando o espao livre chega a ser zero, diminuem-se as opes, porm, fica diminuda a necessidade do controle de plantas. Nesses casos, um homem chega a capinar 900 covas num dia de servio, contra 150 covas no sistema de livre crescimento. Outra alternativa o uso de pulverizadores hidrulicos com mangueiras, que possuem tanques, bomba hidrulica, lanas e mangueiras com rendimento de at 2.500 covas por dia. Podem-se ainda adaptar os vrios equipamentos para a realizao dos tratos nos cafezais adensados. Quanto ao manejo fitossanitrio e a adubao foliar, eles so realizados utilizando-se pulverizadores costais costais de acionamento manual; atomizadores motorizados,

trabalhando de r; pulverizadores hidrulicos com mangueiras e

28 matraca. O pulverizador hidrulico com quatro mangueiras de 60m permite um rendimento de 600 covas/hora, enquanto que na utilizao de pulverizadores costais sem as mangueiras o rendimento de 75 covas/hora. Nas lavouras maiores, deve-se planejar a existncia de carreadores laterais, o que permite o uso de pulverizadores tipo canho, de barra elevada que passa por cima das plantas ou nebulizadores acionados pelo cano de escapamento do trator. Com relao adubao, esta realizada manualmente, sendo que um homem aduba por dia de 1.250 a 2.500 covas ou utilizando pequenos equipamentos desenvolvidos para este fim.

9 Aspectos da IrrigaoA irrigao na cultura do cafeeiro iniciou-se por volta de 1950. Como os resultados eram muito contraditrios, concluram, naquela poca, que a irrigao no era uma prtica vivel para as regies tradicionais de cultivo do caf no Brasil. Atualmente, com a expanso da cafeicultura no Brasil, pode-se dizer que existem duas regies bem distintas. Uma onde a irrigao uma prtica obrigatria, pois, na sua ausncia, praticamente impossvel cultivar o cafeeiro e uma outra, onde possvel cultiv-lo sem irrigar, mas, com o seu uso, tem-se aumentado consideravelmente a produtividade dos cafezais.

29 Independente do sistema de cultivo adotado (adensado ou livre crescimento), a irrigao uma tcnica disponvel para os agricultores. Seu objetivo principal fornecer gua s plantas no momento oportuno, seja por falta em um determinado perodo do ciclo da cultura considerado crtico ou por dficit hdrico acentuado naturalmente em no regies h consideradas disponibilidade marginais, hdrica onde suficiente,

comprometendo o desenvolvimento e a produo da cultura. Salienta-se que a prtica da irrigao muito til no sistema de produo, desde que sejam considerados todos os outros fatores como calagem, adubao, controle fitossanitrio e tratos culturais. A irrigao por si s no faz milagres, ou seja, no resolve todos os problemas e de nada adianta irrigar se outras prticas mais simples no esto sendo aplicadas. Regies consideradas marginais, com deficincia hdrica anual entre 150 e 200 mm, que apresentam excelentes caractersticas edafoclimticas (solo e clima) permitem a explorao do cafeeiro conseguindo alta qualidade e produtividade com o uso da irrigao (Faria & Rezende, 1997). Como qualquer cultura, o cafeeiro precisa de gua facilmente disponvel no solo, na hora adequada, para crescer e produzir satisfatoriamente, independente do mtodo usado. importante conhecer e definir as fases fenolgicas mais crticas da cultura. Para o cafeeiro, Camargo (1987) afirma que essas fases so: fase de chumbinho (outubro a dezembro) a irrigao evita abortamento;

30 fase de granao (janeiro a maro) a irrigao evita gros de peneira baixa e queda de produtividade; fase de maturao e abotoamento (abril a junho) o dficit hdrico compromete principalmente a safra do ano seguinte; fase de implantao da lavoura garantindo o pegamento das mudas, principalmente em perodos de veranicos muito extensos (reas consideradas aptas ou no). Em lavouras conduzidas com espaamentos menores (adensadas), verificada uma maior eficincia do uso de recursos hdricos naturais pela cultura. Isto porque o sistema radicular das plantas aproveita todo o solo, alm de haver um ndice de rea foliar maior, proporcionando um maior sombreamento do solo e, conseqentemente, menor perda de gua. Porm, isso reflete em uma maior taxa de perda de gua por transpirao, o que provavelmente explica que, em caso de estiagens, os cafezais adensados parecem sentir mais a falta de gua do que aqueles cultivados em espaamentos mais largos. Existe um coeficiente chamado de KC (coeficiente de cultura), que correlaciona a evapotranspirao de referncia (Eto) obtida numa rea gramada de uma estao climatolgica, com a evapotranspirao mxima da cultura (Etm), que varia com a idade da cultura, clima, manejo adotado, espaamento e nmero de plantas por rea. A evapotranspirao da cultura calculada pela frmula: Etc = Eto x KC. Quanto maior a perda de gua pela cultura, maior o KC. Os valores de KC so utilizados nos diversos mtodos de controle e no planejamento da irrigao.

31 Santinato et al. (s/d), citados por Faria & Rezende (1997), apresentam valores aproximados de KC para o cafeeiro (Tabela 1). Segundo esses autores, os dados foram baseados em experimentos e acompanhamento de campo, em lavouras irrigadas do Tringulo Mineiro, nordeste de Minas e oeste da Bahia. Tabela 1- Valores de KC para fins de irrigao na cultura do caf. Idade das plantas (anos) > 3 (planta adulta) N de plantas /ha 2.500 3.333 6.666 13.333 2.500 3.333 6.666 13.333 2.500 3.333 6.666 13.333 KC 1,0 1,1 1,2 1,3 0,8 0,9 1,0 1,1 0,6 0,7 0,8 0,9

1a3 0a1

Fonte: Santinato et al. (s/d), citados por Faria & Rezende, 1997.

Uma pergunta que sempre se faz como deve ser aplicada essa gua? Por asperso ou gotejamento? Para respond-la, preciso analisar a situao de cada propriedade e verificar qual a forma mais vantajosa para aquela situao. No caso do cafeeiro, at a presente data, os estudos mostram que no h necessidade de se molhar a parte area da planta. Ou

32 seja, no h necessidade de se usar a asperso, podendo se optar pela irrigao localizada (gotejamento ou tripa) que utiliza equipamentos fixos, diminuindo acentuadamente a mo-de-obra utilizada. O inconveniente do processo de irrigao localizada que as razes se concentram na rea molhada e, numa eventual falta de gua, as plantas irrigadas sofreriam muito mais que as plantas no irrigadas que exploram um volume de solo maior. O sistema de irrigao tambm um importante recurso que pode ser utilizado para aplicar insumos agrcolas, principalmente adubos (fertirrigao). Essa prtica consiste na fertilizao combinada com a irrigao, onde adubos minerais so fornecidos junto com a gua de irrigao (Vitti et al., 1994). Essa uma forma eficiente de melhor aproveitar o sistema, diminuindo tambm o custo operacional da lavoura. Com esse sistema, consegue-se fornecer gua e nutriente na hora que a planta necessita. No caso da fertirrigao, o uso de fertilizantes especiais de maior solubilidade so recomendados, pois no deixam resduos que podem entupir os gotejadores. Quando so utilizados fertilizantes comuns, o sistema de filtragem tem que ser muito eficiente e, mesmo assim, ainda causam problemas de entupimento. Por outro lado, o emprego de fertilizantes solveis tem um alto custo, tornando questionvel o seu uso na fertirrigao. Faria & Rezende (1997) relatam que a prtica da irrigao do cafeeiro em reas extensas relativamente recente. Para

33 fornecer subsdio para os cafeicultores, necessrio pesquisar tanto os sistemas de irrigao quanto a necessidade de gua para a cultura no decorrer de suas fases fenolgicas, associadas com poca de irrigao, manejo da cultura e aplicao de produtos qumicos via gua de irrigao (quimigao). Apesar da irrigao promover incrementos substanciais na produo, ela envolve custos elevados e, assim, o uso do equipamento deve ser otimizado para minimizar os custos. A aplicao de produtos qumicos via sistema de irrigao pode proporcionar economia real de tempo e dinheiro, principalmente quando so utilizadas vrias aplicaes anuais.

10 Manejo de Podas em Lavouras AdensadasAs podas em cafeeiros sempre foram utilizadas pelos cafeicultores para eliminar partes afetadas por fenmenos fsicos como geadas, chuvas de granizo ou mesmo para a correo da arquitetura das plantas. Com a atual tendncia de aumento dos plantios adensados no Brasil, as podas tornam-se uma das mais importantes prticas de manejo dos cafezais, pois, devido a esse sistema de plantio, o fechamento das lavouras ocorrer rapidamente, comprometendo a produtividade (Guimares & Mendes, 1998). Ao tratar sobre conduo das plantas de caf em lavouras adensadas, Matiello (1995) classifica o manejo de cafeeiros em

34 trs tipos: podas programadas podas corretivas e sem podas. No sistema adensado, o mais correto planejar as podas que sero realizadas, antes mesmo da instalao da lavoura, ou seja, utilizado o sistema de podas programadas. Dentre os vrios tipos de podas programadas utilizadas nos cafezais, os mais utilizados so: arranquio de linha alternada, realizado antes do fechamento total da rea, com a eliminao de uma linha alternada antes de ocorrer a perda dos ramos plagiotrpicos inferiores. Aps essa prtica o cafezal volta ao sistema de livre crescimento; recepa de linhas alternadas, tambm realizada antes da perda dos ramos plagiotrpicos inferiores, de forma a possibilitar a recepa com pulmo, que proporciona recuperao das plantas mais rapidamente; recepa de duas linhas alternadamente, realizada da mesma forma que a anterior, porm nesse esquema o manejo feito de duas em duas linhas, em vez de uma linha alternada; recepa alternada de um tero das linhas, inicia-se recepando a primeira linha, depois a segunda linha e, no terceiro ano, recepa-se a terceira linha, voltando no ano seguinte a recepar a primeira linha aps o fechamento; recepa e decote alternados, que consistem em recepar a primeira linha e decotar a segunda, invertendo as operaes no prximo fechamento e assim sucessivamente.

11 Manejo de Pragas e Doenas em Lavouras Adensadas

35

A broca do caf (Hypothenemus hamperi Ferrari) e o bicho mineiro (Leucoptera coffeella Guerrin-Meneville) so as principais pragas do cafeeiro.

11.1 Broca do CafOs prejuzos que a broca causam so a perda de peso e, principalmente, a queda na qualidade da bebida, que tambm se traduz em perdas para o produtor, j que afetar diretamente o preo do produto. Em condies de adensamento, esta praga ganha importncia, uma vez que o controle com inseticidas se torna mais difcil de ser realizado, pois a aplicao desses via pulverizao pouco eficiente, j que no se consegue atingir todas as partes da planta. Outro aspecto o alto custo do controle qumico e o aumento da resistncia da broca ao endossulfan. Estes fatos tm levado os pesquisadores a buscarem uma forma alternativa de controle integrado. Vrios pases da Amrica Central implantaram um programa de controle biolgico, com a introduo dos parasitides Cephalonomia stephanoideris Betrem e Prorops nasuta Waterston. A Colmbia desenvolveu uma tecnologia de produo que permite a criao destas espcies para sua liberao no campo. Outra alternativa que est sendo experimentada na Colmbia o uso do fungo Beauveria bassiana Bals (Bustillo & Villacorta, 1996).

36

11.2 Bicho MineiroO bicho mineiro uma praga que ataca a planta, fazendo galerias nas folhas do cafeeiro. O seu ataque depende da fenologia da planta, assim como das condies climticas. O microclima pode ser alterado, modificando-se a densidade das plantas por hectare, o que origina um ambiente mido que no favorece a proliferao do bicho mineiro. No Brasil, a importncia deste inseto aumenta em funo do uso indiscriminado de inseticidas, o que tem ocasionado resistncias aos piretrides, mas devem perder importncia nos plantios adensados, devido s novas condies de explorao (Bustillo & Villacorta, 1996).

11.3 DoenasO parque cafeeiro do Brasil constitudo de mais de quatro bilhes de cafeeiros, susceptveis s principais doenas que incidem sobre a cultura, em plantios adensados ou no. Entretanto, a maior ou menor severidade destas doenas est ligada a diversos fatores relacionados ao patgeno e ao hospedeiro. A severidade das doenas aumenta, de modo geral, quando se cultiva o caf em maiores densidades. Isto ocorre principalmente com a ferrugem, uma vez que ocorre maior concentrao da umidade dentro das lavouras, tornando-se mais difcil realizar o controle e, s vezes, quase impossvel, em funo da dificuldade de locomoo das mquinas destinadas

37 aplicao dos defensivos e de fertilizantes. Por este motivo, ganham importncia, neste modelo de explorao, as podas programadas.

12

Aspectos da Colheita em Cultivos AdensadosUma das dificuldades no cultivo de caf adensado

conciliar o aumento da densidade e o manejo da lavoura. Tambm no momento da colheita, esta dificuldade se verifica, pois o trnsito dos colhedores extremamente dificultado pela grande quantidade de plantas na mesma rea. Outra preocupao com a qualidade do caf, pois, nos plantios adensados, a maturao dos frutos muito desuniforme. Este fator, alm de onerar a colheita, prejudica a obteno de um caf de bebida de qualidade.

13 Vantagens e Desvantagens do AdensamentoO sistema de plantio adensado hoje uma tendncia mundial e os produtores devero se adaptar a esta nova condio de explorao da cafeicultura, que traz uma srie de vantagens e desvantagens. As desvantagens que mais se evidenciam so: maior custo global de implantao da lavoura,

38 que pode representar grande nus para o pequeno produtor; maiores riscos de geadas em regies susceptveis, uma vez que fica dificultado o escoamento do ar de dentro das lavouras sob adensamento; o manejo da cultura como um todo fica prejudicado pelo grande nmero de plantas por rea, dificultando o trnsito no momento da adubao, por exemplo; os sistemas de podas nos plantios adensados tm que ser planejados com antecedncia, sob pena de se comprometer toda a lavoura. Este planejamento e execuo devem ser realizados por tcnico experientes, o que, de certa forma, onera a atividade. Mais uma desvantagem a possvel perda de qualidade dos gros (tipo de bebida) em funo da maturao desuniforme dos frutos (Browning & Fisher, 1976, citados por Nacif, 1997). As principais vantagens do sistema de plantio adensado so: representa a nica soluo tcnica vivel, possvel de ser utilizada prontamente pelos pequenos cafeicultores e, principalmente, aqueles cujas propriedades esto localizadas em reas acidentadas, capazes de fazer frente aos custos de produo; plantios adensados so menos susceptveis bianualidade e ao depauperamento; melhor explorao do volume do solo; melhor aproveitamento da radiao solar, do gs carbnico, de gua e dos minerais do solo; em funo da grande quantidade de plantas por unidade de rea, ocorre menor concorrncia com as plantas daninhas; melhor proteo do solo contra os agentes promotores da eroso e conseqente melhoria nas propriedades fsicas e qumicas do solo. O meio ambiente

39 como um todo tambm se beneficiar, pois sero utilizados menos agrotxicos e fertilizantes nesse sistema de produo. Conclui-se que os cafeeiros so melhor adaptados aos plantios adensados, os quais esto mais prximos de seu habitat natural.

14 Referncias Bibliogrficas

BUSTILLO, A. E.; VILLACORTA, A. Manejo de las principales plagas del caf en plantaciones de altas densidades. In: SIMPSIO INTERNACIONAL SOBRE CAF ADENSADO, 1994, Londrina, PR. Anais... Londrina:IAPAR, 1996. p. 185-196. CAMARGO, A. P. de. Balano hdrico, florescimento e necessidade de gua para cafeeiro. In: SIMPSIO SOBRE MANEJO DE GUA NA AGRICULTURA, 1987, Campinas. Anais... Campinas: Fundao Cargill, 1987. p. 53-90. CARVALHO, G. R.; FALCO, L.; GUIMARES, R. J.; MENDES, A. N. G. Caf adensado: alternativa para a moderna cafeicultura. Lavras: UFLA, 1997. 17 p. (UFLA. Boletim Tcnico, 19). CASTILLO, Z. J.; LOPEZ, R. A. Nota sobre el efecto de la intensidad de la luz en la floracin del cafeto. Cenicaf, Chinchina v. 17, p. 51-60, abr/juni 1966.

40 FARIA, M. A. de; REZENDE, F. C. Irrigao na cafeicultura, Lavras: UFLA, 1997.110 p. GUIMARES, R. J.; MENDES, A. N. G. Manejo da lavoura cafeeira. Lavras: UFLA/FAEPE, 1998. 99 p. Curso de Psgraduao: Lato Senso Especializao Distncia Cafeicultura Empresarial: Produtividade e Qualidade. MATIELLO, J. B. Sistemas de produo na cafeicultura moderna. Rio de Janeiro: MM Produes Grficas, 1995. 102 p. MENDES, A. N. G.; GUIMARES, R. J. Gentica e melhoramento do cafeeiro. Lavras: UFLA/FAEPE, 1998. 99 p. Curso de Ps-graduao: Lato Senso Especializao Distncia Cafeicultura Empresarial: Produtividade e Qualidade. NACIF, A. P. Fenologia e produtividade do cafeeiro (Coffea arabica L.) c.v. Catua, sob diferentes densidades de plantio e doses de fertilizante no Cerrado de Patrocnio-MG. 1997. 124 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) Universidade Federal de Viosa, Viosa. PAVAN, M. A.; CHAVES, J. C. D. Influncia da densidade de plantio de cafeeiros sobre a fertilidade do solo. In: SIMPSIO INTERNACIONAL SOBRE CAF ADENSADO, 1994, Londrina, PR. Anais... Londrina: IAPAR, 1996. p. 89-103. RENA, A. B.; MAESTRI, M. Fisiologia do cafeeiro. In RENA, A. B.; MALAVOLTA, E.; ROCHA, M. et al. (Ed.). Cultura do cafeeiro: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba: Associao Brasileira para Pesquisa do Potssio e do Fosfato, 1986. p. 13-85.

41

RENA, A. B.; NACIF. A. P.; GONTIJO. P. T.; PEREIRA. A. A. Fisiologia do cafeeiro em plantios adensados. In: SIMPSIO INTERNACIONAL SOBRE CAF ADENSADO, 1994, Londrina, PR. Anais... Londrina: IAPAR, 1996. p. 73-85. ROBLEDO, A. J. Aspectos microclimticos en plantaciones de caf (Coffea arabica L.) com alta densidad de siembra. In: SIMPSIO INTERNACIONAL SOBRE CAF ADENSADO,1994, Londrina, PR. Anais... Londrina: IAPAR, 1996. p. 47-69. ROMERO, J. P.; ROMERO, J. P. Cafezal adensado recordando espaamentos juntos. In: SIMPSIO INTERNACIONAL SOBRE CAF ADENSADO, 1994, Londrina, PR. Anais... Londrina: IAPAR, 1996. p. 279-280. SILVEIRA, G. M. Desenvolvimento tecnolgico para mecanizao dos tratos culturais em lavoura cafeeira adensada. In: SIMPSIO INTERNACIONAL SOBRE CAF ADENSADO, 1994, Londrina, PR. Anais... Londrina: IAPAR, 1996. p. 223229. VIANA, A. S.; GARCIA, A. W. R.; LACERDA, M. P. et al. Nveis e relao N/K em cafezais plantados em espaamento 2 x 1m. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 12. 1985, Caxambu, MG. Resumos... Rio de Janeiro: IBC/GERCA, 1985. p. 66-69. VITTI, G. C.; BOARETTO, A. E.; PENTEADO, S. R. Fertilizantes e fertirrigao. In: VITTI, G. C.; BOARETTO, A. E. (Coord.). Fertilizantes fluidos. Piracicaba: POTAFOS, 1994. p. 262-281.

42

Contedo

1 Introduo................................................................................ 05 2 Histrico................................................................................... 07 3 Aspectos do Microclima em Cafeeiros Adensados ................. 09 3.1 Radiao Solar................................................................. 09 3.2 Temperatura do Ar e da Planta ........................................ 10 3.3 Umidade, Evaporao e Vento ........................................ 11 4 Fisiologia dos Cafeeiros em Cultivos Adensados.................... 11 4.1 Desenvolvimento Vegetativo do Cafeeiro em Plantios Adensados................................................................................. 12 4.2 Crescimento e Distribuio do Sistema Radicular ........... 16 4.3 Desenvolvimento Reprodutivo do Cafeeiro em Plantios Adensados .............................................................................. 17 5 Melhoramento do Cafeeiro Visando o Adensamento.............. 18 5.1 Catu................................................................................. 20 5.2 Rubi .................................................................................. 21 5.3 Acai ................................................................................ 21 5.4 Obat................................................................................ 22 5.5 IAPAR 59......................................................................... 22

43 5.6 Topzio............................................................................. 22 5.7 Catuca ............................................................................. 23 6 Aspectos da Fertilidade do Solo em Cultivos Adensados ....... 23 7 Densidade de Plantio .............................................................. 26 8 Manejo e Tratos Culturais em Culturas Adensadas ................ 27 9 Aspectos da Irrigao .............................................................. 29 10 Manejo de Podas em Lavouras Adensadas .......................... 34 11 Manejo de Pragas e Doenas em Lavouras Adensadas....... 36 11.1 Broca do Caf ................................................................ 36 11.2 Bicho Mineiro.................................................................. 37 11.3 Doenas ......................................................................... 38 12 Aspectos da Colheita em Cultivos Adensados ...................... 38 13 Vantagens e Desvantagens do Adensamento ...................... 39 14 Referncias Bibliogrficas ..................................................... 41