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Biblioteca Municipal Póvoa de Lanhoso Cadernos BMPL - nº 42

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Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso - Os autores do mês 2010.

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Page 1: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Biblioteca Municipal Póvoa de Lanhoso

Cadernos BMPL - nº 42

Page 2: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

BIBLIOTECA MUNICIPAL DA PÓVOA DE LANHOSO

AUTORES DO MÊS

2010

Page 3: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

AUTORES DO MÊS 2010

Janeiro – José Joaquim Teixeira Ribeiro

Fevereiro – Virgínia Simões Pedrosa

Março – António Adelino de Barros (Gravia)

Abril – Albino Bastos

Maio – Lígia Bastos

Junho – Azevedo Coutinho

Julho – Luísa Sousa Dias

Agosto – xxx

Setembro – João Antunes Pardelho

Outubro – Filipe Fernandes

Novembro – Sandra Gonçalves

Dezembro – Prof .Ferreira

Page 4: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

AUTOR DO MÊS

Janeiro 2010

José Joaquim Teixeira Ribeiro

Page 5: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Texto do autor

- Estórias à lente

“ É relativamente bem conhecido o contraste que há, no tratamento que se dá aos lentes, de Coimbra para os restantes meios universitários: Do tradicional “Sr. Doutor” para o (por vezes algo pesporrencial) “Sr. Professor”. Razões históricas explicam o facto e foram esplendidamente sintetizadas em 1951 por um Lente de Medicina Legal e antigo Reitor da UC, o Doutor Fernando de Almeida Ribeiro (1885.1956).

Ora no início dos anos 60 apresentou-se a prestar prova oral de Finanças – disciplina do 3º ano de Direito, regida em tempos por Salazar e a cargo, dos anos 30 aos anos 70, do Doutor José Joaquim Teixeira Ribeiro (1908-1999) – um aluno que vinha transferido da FD/UL. O Doutor Teixeira Ribeiro costumava começar por dar a seguinte indicação:

- Abra o canhenho x, na página tal.

O aluno não percebeu a página e interrogou:

- Perdão qual é a página, Sr. Professor?

Reacção imediata de Teixeira Ribeiro:

- Ó senhor, ó senhor, ó senhor!

Aqui não há professores, aqui somos todos doutores: sou eu, é o Senhor Conselheiro e até o Sr. é doutor quando for engraxar os sapatos e disser “Bom dia” ao engraxador!.. Teixeira Ribeiro

Page 6: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Biografia

Nasceu na Póvoa de Lanhoso, a 4 de Outubro de 1908.

Carreira Académica. Doutor em Direito em 1934. Professor Catedrático

desde 1939. Leccionou: Economia Política; Finanças e Direito Fiscal; Direito

Corporativo; Sindicatos Industriais; Economia Corporativa; Economia; e

Direito do Trabalho.

Cargos exercidos. Secretário da Faculdade de Direito. Bibliotecário da

Faculdade de Direito. Reitor da Universidade de Coimbra. Presidente do

Centro de Estudos Económicos. Presidente da Comissão de Estudo e

Aperfeiçoamento do Direito Fiscal. Vogal da Comissão Permanente de Letras

do Instituto de Alta Cultura. Presidente da Comissão de Reforma Fiscal.

Presidente da Comissão Reorganizadora da Indústria Algodoeira. Vogal do

Conselho Superior da Indústria. Membro do Conselho de Estado. Vice-

Primeiro-Ministro do V Governo Provisório. Director da Revista de

Legislação e de Jurisprudência.

Distinções. Académico de número da Academia das Ciências de Lisboa.

In: http://www.uc.pt/fduc/galeria_retratos/teixeira_ribeiro

Page 7: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Bibliografia

• Lições de Finanças Públicas/José Joaquim Teixeira Ribeiro .- Editor: Coimbra Editora, 1997

• Sobre o Socialismo/José Joaquim Teixeira Ribeiro .- Editor: Coimbra Editora, 1991

• A Reforma Fiscal/José Joaquim Teixeira Ribeiro .- Editor: Coimbra Editora, 1989

• Introdução ao Estudo da Moeda

• José Joaquim Teixeira Ribeiro .- Editora Atlântida Portugal , 1949

Artigos Publicados no Boletim de Ciências Económicas

— O ensino da Economia Política na Faculdade de Engenharia, 1, n° 2, Maio-Agosto/1952, 199-202.

— O produto nacional bruto, I, n° 3, Setembro-Dezembro/1952, 239-242.

— A estrutura da população activa portuguesa, 2, n° 1, Janeiro-Abril/1953), 77-78.

— Capitalismo e socialismo em um mundo só, 8, 1959-1964, 1-17.

— Reorganização da indústria têxtil algodoeira (projecto de Relatório da Comissão Reorganizadora), 8, 1959-1964), 205-246;

— A reforma fiscal, 9, 1965-1966), 1-33.

— A contra-reforma fiscal, 11, 1968), 115-130.

— As alterações ao Código do Imposto Profissional, 12, 1969), 161-176.

— O fundo de amortização de Price, 13, 1970), 185-194.

— Os poderes orçamentais da Assembleia Nacional, 14, 1971), 195-206;

— O peso da tributação pessoal do rendimento, 15, 1972), 191-194.

— Do padrão-ouro ao Fundo Monetário Internacional, 16, 1973, 175-181.

— Ainda (e sempre?) a dupla tributação do aforro, 16, 1973, 183-187.

— O Abandono do Equilíbrio do Orçamento Ordinário, 19, 1976 49-62.

— Crédito Público, 20, 1977, 1-60.

— O Sistema Fiscal na Constituição de 1976, 22, 1979, 1-22.

— Problemas da Reforma Fiscal, 22, 1979, 23-42.

— Objecto da Economia Política, 23, 1980, 155-164.

— Marx e a Repartição Socialista, 23, 1980, 165-176.

— A política financeira de redistribuição, 25, 1982, 197-218.

— O sistema fiscal na Constituição revista, 25, 1982, 219-228.

— As alterações à Constituição no domínio das Finanças Públicas, 26, 1983, 241-254.

— A unidade fiscal, 27, 1984, 129-146.

Page 8: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

— A unidade fiscal na Constituição, 27, 1984, 147-152.

— O imposto de rendimento pessoal e a discriminação dos rendimentos, 28, 1985, 81-86.

— As opções fiscais da Constituição, 28, 1985, 87-104.

— Evolução do direito financeiro em Portugal (1974-1984), 28, 1985, 105-118.

— A política financeira da economia do lado oferta, 29, 1986, 145-160.

— A teoria da exploração não é teoria, mas doutrina, 29, 1986, 161-166.

— A justiça na tributação, 30, 1987, 157-170.

— Os poderes orçamentais da Assembleia da República, 30, 1987, 171-191.

— O imposto único de rendimento pessoal, 30, 1987, 193-206.

— O Imposto de Rendimento das Pessoas Colectivas, 31, 1988, 1-14.

— Reflexões sobre a essência da economia socialista, 32, 1989, 195-206.

— Ainda o ensino das Ciências Económicas, 32, 1989, 227-232.

— As últimas alterações à Constituição no domínio das Finanças Públicas, 33, 1990, 193-206.

— Sistema Fiscal Português: Anos Sessenta - Anos Noventa, 34, 1991, 237-258.

— Reparos à Lei de Enquadramento do Orçamento, 34, 1991, 295-302.

— Apostila ao comentário de Carlos Laranjeiro, 34, 1991, 353-358.

— Reflexões sobre o liberalismo económico 35, 1992, 123-136.

— A Propósito da Contribuição Autárquica, 35, 1992, 255-260.

— A Faculdade de Direito de Coimbra na Renovação do ensino e do estudo da economia, 36, 1993, 247-260.

— Perspectivas actuais da economia socialista, 36, 1993, 261-272.

— Economia socialista e economia cooperativa, 36, 1993, 293-298.

— Corporativismo e Socialismo, 37, 1994, 53-62.

— Reflexões sobre a Política de Estabilização, 37, 1994, 97-109.

— A Tributação das mais-valias na reforma fiscal, 38, 1995, 103-112.

— Reflexões sobre a Objectividade na Economia Política, 38, 1995, 157-166.

— Observações à Crítica do Marxismo ao Marginalismo, 39, 1996, 1-10.

— Sobre os Bens Meritórios, 39, 1996, 381-386.

Page 9: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

AUTOR DO MÊS

Fevereiro 2010

Virgínia Simões Pedrosa

Page 10: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Texto do autor

Saudade

Tenho no meu peito um espinho

Cravado no coração.

Não sei se é espinho de dor.

Ou se o é da paixão.

Sei somente que é cruel,

E que sofro de verdade!

Cravou-se mais no meu peito

O espinho da saudade.

Esta palavra saudade

Seu amargor e fel tem…

Não foi criado por Deus,

Porque Deus só quer o bem.

Virginia Pedrosa

Page 11: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Biografia

Virgínia nasceu na freguesia de São João de Rei, em 1889, filha de João José Simões Veloso de Almeida e de sua mulher, D. Rita Joaquina de Almeida, Senhores da Casa do Ribeiro. Por ali foi menina e jovem: por ali deu os primeiros sorrisos, os primeiros passos, os primeiros passeios; por ali fez a primeira comunhão e teve os primeiros sonhos… Em São João de Rei aprendeu a observar tudo quanto a rodeava e vem a utilizar mais tarde, no poema A Minha Aldeia: “A Igreja, branca por fora, / Por dentro talha em dourado, / Alvas toalhas de linho / Cá na terra fabricado (...). / Teve paços do concelho / Que o tempo já demoveu. / Teve nobreza e fidalgos / Mas tudo já se perdeu” (...). / Minha aldeia é pequenina / Mas é bem grande em beleza, / Nada deve à mão do homem, / Deu-lhe tudo a Natureza”. Na casa paterna, aprendeu a Vida com um conjunto de irmãs e irmãos, alguns dos quais viriam a ser figuras de grande relevo na nossa terra. Desse convívio familiar, onde os acordes de um piano e a poesia estiveram sempre presentes, colheu a sensibilidade e a formação que lhe permitiria, mais tarde, escrever e publicar belíssimos poemas nos jornais.

Em 1910 casou com Júlio Celestino da Silva, bracarense de nascimento e comerciante na nossa vila, que veio a ser, já no período republicano, administrador do concelho e segundo comandante da corporação dos bombeiros voluntários. Deste casamento, nasceu uma filha, que morreu ainda criança e, em 1917, um filho: o poeta António Celestino.

Viúva em 1918, voltou a habitar na casa paterna. Através do irmão, padre José Carlos Simões, director do colégio Senhora da Conceição (Guimarães), viria a conhecer Manuel Pedrosa, um professor que ali ensinava, viúvo como ela e com o qual viria a casar-se em segundas núpcias a 27 de Outubro de 1926.

Foi uma senhora distinta e que, culturalmente, esteve muito acima do nível médio do seu tempo. A sua poesia, publicada em jornais da Póvoa de Lanhoso, de Guimarães e até de Lisboa, teve apreciadores e mereceu rasgados elogios. Recolhida na Casa do Ribeiro, fez da ausência do filho António Celestino, que em Abril de 1939 partira para o Brasil e dela herdou a veia poética, o tema central dos seus versos. “Eu tenho um filho querido / Que tão longe de mim está. / Toda a saudade que sinto / Em linha chegava lá. / Linha enorme de saudades / Atravessando o espaço, / Um extremo no Brasil / O outro no meu regaço (…)”. É terna e, ao mesmo tempo, portadora de uma profunda saudade, quase toda a sua poesia. Mas, entre os seus versos, encontra-se também um género em que era exímia: a quadra popular. “Não ponhas a tua mão / Sobre o meu peito, meu bem. / Pois ficas com ela em brasa / Do calor que ele tem”.

D. Virgínia Simões Pedrosa viria a falecer no dia 17 de Dezembro de 1977 depois de, por mais de uma vez, ter visitado o filho, nora e netas no Brasil e de os ter recebido na Casa do Ribeiro. Contava 88 anos de idade.

Em vida, foi organizando um livro de poemas, que intitulou “Horas de Penumbra”, que pretendia publicar, mas que apenas viu luz no ano de 2009, com a chancela da Editorial Ave Rara e em jeito de homenagem prestada de seu filho e netas.

Page 12: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Bibliografia

• Vasta e importante foi a sua colaboração no Semanário Maria da Fonte

• Jornal Maria da Fonte /Dir. Armindo Alberto A. Veloso- Póvoa de

Lanhoso: Armando Eurico de Carvalho, Lda, |S.D.|

• Poesia / Virgínia Simões Pedrosa. - Póvoa de Lanhoso: Biblioteca

Municipal, 2009. - Cadernos BMPL, 24

• Horas de penumbra/ Virgínia Simões Pedrosa.- Póvoa de Lanhoso: Ave

Rara, 2009.-

Page 13: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

AUTOR DO MÊS

Março 2010

António Adelino de Barros “Gravia

Page 14: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Texto do autor

Um Natal da minha infância Os natais da minha infância eram, como acontecia com os natais de todas as crianças desse tempo, um tempo em que os ricos eram mais raros que agulhas em palheiro, uma festa pobre, mas que assim mesmo nos alegrava.

Nasci numa casa que existia onde agora é o edifício da câmara. Minha avó tinha ali uma tasca, a “Tasca das Barras”, onde vivíamos a minha avó, minhas tias, minha mãe e eu. Como eu dizia, a vida era de pobres, mas no Natal não faltava nada. Aliás, sobrava de tudo um pouco dada a solidariedade que existia.

Eu estava a trabalhar na tipografia do jornal “Póvoa de Lanhoso”, era aprendiz de tipógrafo e nos dias em que o jornal saía, era ardina, distribuía os jornais do Horto a Pomarelho, de Mirão aos Moinhos novos. Lembro-me que pelo Natal, imprimíamos lá na tipografia um cartão que eu levava aos assinantes, com uns versos que diziam: “A correr, sempre a correr / de risonho semblante / p’ra não faltar o jornal / ao prezado assinante”. Como, nesse tempo, quase só havia moedas, no ano seguinte, um pouco a brincar com os assinantes que alertados pelo cartãozinho me davam de “consoada” uma ou outra moedita, fizemos uma segunda quadra que dizia: “já sei que ides, amigos / dar-me dinheiro a granel / mas p’rá carga não ser grande / dai-mo antes em papel…” Mas as notas, que era o que a quadra sugeria, eram coisa rara e os amigos assinantes, alguns que não todos, lá me davam uma moedita…

Lembro-me que o Adolfo João Figueiredo, que tinha uma padaria, nos dava sempre um cacete de pão pelo Natal, para fazermos as rabanadas. Relembro-o, porque o Figueiredo era um bom homem que dava um cacete a todos os pobres da vila no Natal. Relembro também o José Cândido Sampaio Rebelo, da família Rebelo, que era dono do chalé da avenida, da quinta das Lourenças, e fazia sempre uma pipa de água-pé boa, quase como vinho…

Quanto ao resto, ainda não havia luz eléctrica na vila, ficava tudo às escuras. E também não havia essa coisa do Pai Natal. Havia sim o menino Jesus que punha presentes nos sapatinhos de parte dos meus amigos. A minha mãe não ia lá nessas coisas e desde pequeno dizia-me que não vinha menino Jesus nenhum. Coitada, não tinha o que me pôr no sapato, ou na chanca… Os meus amigos, no dia de Natal, pela manhã, vinham mostrar. Um trazia uma camisa nova : ”Foi o menino Jesus!” Outro umas calças novas: “Foi o menino Jesus!” Numa noite de Natal, inocente, não acreditei na minha mãe e às escondidas, vim ao quintal e pus a minha botinha em cima de um muro, logo à entrada. Então, acreditava eu, se o menino Jesus vinha pôr prendas aos outros, também me poria a mim. No dia seguinte, encontrei a bota cheia de água, pois tinha chovido a noite toda… Esta imagem marcou-me para toda a vida de tal forma que, aos meus filhos, deixei-os sempre viver o sonho de que nessa noite o menino Jesus vinha mesmo para deixar uma prenda nos seus sapatinhos.

Gravia

Page 15: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Biografia

Nasceu no dia 8 de Maio de 1928, na Vila da Póvoa de Lanhoso, numa casa que existia onde hoje está implantado o edifício da Câmara Municipal. Seus avós eram ali proprietários de uma tasca, que mais tarde pertenceu a sua mãe. O rapazinho foi logo baptizado com o nome de António — António Adelino de Barros, de seu nome completo.

Porquê, então, o apelido de «Gravia», como toda a Póvoa de Lanhoso agracia esta figura típica? É o próprio quem o explica: «Foi na escola… Sabes que naquela época éramos todos Antónios, e Manéis, e Quins, e Joões. Ainda não tinha chegado a inspiração das telenovelas… para os pais escolherem os nomes p’rás crianças. De forma que, só na minha sala de aulas, Antónios éramos p’raí oito. Passámos então a tratar-nos pelos apelidos dos pais: o Fernando Vilelas, por exemplo, herdou o «Vilelas» do pai. A mim, porque diziam que o meu pai, que não conheci, era o Gabriel começaram a chamar-me «Gabriel», «Gabrie», «Gabria»… Acabei por ficar o «Gravia».

«Ainda antes de entrar para a escola primária, que funcionava onde hoje se situa a residência paroquial, numas casinhas pequeninas que ali existiam, já andava pela tipografia do ‘Póvoa de Lanhoso’. De modo que, quando entrei para a escola, já sabia soletrar, já sabia juntar um ‘b’ e um ‘a’, já sabia o «bê-á-bá», o que me foi útil e até serviu para depois ensinar um bocado aos meus colegas…»

Foi ficando pela tipografia e aos sete anos, para além de ardina do jornal «O Século», iniciou-se como aprendiz de tipógrafo, profissão que viria a ter até aos 56 anos, quando o «Póvoa de Lanhoso» mudou de mãos. Foi correspondente do «Correio do Minho» e do «Diário Ilustrado» e também redactor do «Póvoa de Lanhoso». Jogou no Sport Clube Maria da Fonte mas foi como actor amador de teatro que veio a destacar-se na sociedade povoense. A Associação de Teatro Amador do Minho elegeu-o «Melhor Actor de 1997». Outra das facetas carismáticas de Lino Gravia é a de contador de anedotas. À sua beira ninguém está livre de ser obrigado a uma sessão de gargalhadas. Felizmente. Pode dizer-se, ainda há gente assim…

In Terras de Lanhoso, 29 de Maio 2002

Page 16: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Bibliografia

• Cadernos da Biblioteca .- Póvoa de Lanhoso: Biblioteca Municipal, 2010.- nº 28

Correspondente/colaborador dos jornais:

• Correio do Minho / Dir. Paulo Monteiro Braga: Ed. Arcada Nova - Comunicação,

Marketing e Publicidade, SA, 2010.- 44 cm.- Descrição baseada em A.LXXV, Série VI,

nº 7769 .- Diário

CDU 070 COR

• Jornal da Póvoa : semanário regionalista da Póvoa de Lanhoso / propr. Maria

Arminda Gaspar da Rocha ; dir. António Bernardino de Sousa e Silva. - Póvoa de

Lanhoso : [s.n.,, 1981?]-. - 44 cm. – Descrição baseada em: A. 1, no 4 (12 Fev. 1981).

– Semanal

CDU 070 JOR

• Diário ilustrado / dir. e ed. Carlos Branco por Empresa Diário Ilustrado, ed. com.;

Branco, Carlos, dir. A. 1, n. 1 (2 Dez. 1956)- Lisboa : C. Branco, 1956-42 cm. - Diário

.- A publicação foi suspensa em Março de 1963. A partir de Março de 1964 foi saindo

apenas um número por ano.-

CDU 070 DIA

• Terras de Lanhoso / propr. e dir. José Abílio Pereira Coelho. - Póvoa de Lanhoso

: J.A. Coelho,, 1996-. - 40 cm. - Descrição baseada em: a. 2, n. 11 (4 Ago. 1997). –

Mensal (Actualmente, quinzenal)

CDU 070 TER

Page 17: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

AUTOR DO MÊS

Abril 2010

Lígia Bastos

Page 18: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Texto do autor

Mar, meu doce fascínio! Estás cheio de encantos e mistérios… Olhando bem de frente, vendo o vai-vém incessante das suas ondas, ora fortes ora fracas, fico presa a ti e sinto uma vontade irresistível de em ti penetrar, de mergulhar até às tuas profundezas, para te compreender e desvendar, Que mistérios tão grandes encerras tu! Ainda nos hás-de contar, ainda nos hás-de confiar. Quanta vida brota de ti, quanta vida de ti depende, a quantos e quantos lares dás tu pão. Desde o modesto pescador aos que, galhardamente, ostentam a tua farda, desde a peixeira com o grande estabelecimento, À esfarrapada varina, que debaixo de sol ardente ou frio gélido, de porta em porta vai levando o que tu nos dás, desde a pobre sargaceira aos que procuram repouso nas tuas marés, tantos, tantos de ti dependem… São as tuas águas, são os teus ares milagrosos e benfazejos, que dão cura, quer à inocente criancinha quer ao adulto sofredor de qualquer moléstia, que só tu conheces. És tu o mundo de tantos seres que tão felizes vivem, mas mesmo estes são vitimas da mão e da boca do famigerado homem mesmo tendo-te a ti a protegê-los… e, é nessa missão, nessa missão de proteger o que te pertence, que às vezes te revoltas, vingando a vida dos que te pertencem, dos que te querem tirar. Maléfica é a mão humana á qual nada escapa. Chamam-te mau, que falsa calúnia! Mau é o homem que nem sempre mata pela necessidade de comer. Muitas vezes mata, sim, pelo prazer de matar. Sente-se vaidoso quando consegue roubar-te algum peixito que desesperadamente luta com a morte, e que pena me dá vê-lo sofrer… Como eu gostava de ser peixe também, para ignorar toda essa miséria humana! Como eu gostava de ser peixe, para poder penetrar-te de lés-a-lés, conhecer-te as profundezas, a tua vida e o teu mistério… Sabes mar, que a noite mais feliz da minha vida foi passada junto de ti? Adormeci embalada por uma lânguida canção que tu me cantavas ainda a mesma terna canção… Ao pisar a fulva areia sinto ciúmes, queria ser areia também, pois ela vê-te, ouve-te e sente-te quando quer, e eu apenas te vejo e sinto quando posso. Ainda há quem diga que tu és mau… Mas quem? Não sei, não interessa, interessa sim, que é mentira, pois a alma sensível e esfarrapada dos que sofrem, conhece-te bem e sabe quando tu és bom… Que culpa tens tu seres o refúgio dos que sofrem. Se eles te procuram, porque será? A resposta, sabe-la bem… se fogem dum mundo para outro, não será que fartos de sofrer, vão procurar remédio para males que consideram incuráveis? Males causados pela mão humana e que ela não cura, mas sim ataca profundamente, mais, cada vez mais… E tu, oh mar! Bom, sempre bom, alivias os que sofrem e para isso te procuram… Lígia Bastos Notícias de Imprensa

Page 19: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Biografia

Desde muito nova sempre viveu rodeada de uma família que,

constantemente, a incentivou à leitura, nomeadamente o seu pai, famoso

escritor, Dário Bastos. Também a sua mãe contribuiu muito para sua paixão

pelas histórias, que todas as noites lhe contava, tradicionais ou inventadas.

Enquanto professora, realizava diversas peças de teatro com os alunos e

chegou a fundar o grupo dramático “Às três pancadas” e também colaborou

com crónicas e notícias para jornais e revistas.

A sua primeira grande obra foi “Mar”, que foi elogiada por Jorge Amado.

Como estreia literária nos livros infantis escreveu “Albertinho e sua avó”.

Este livro tem mais texto que legenda para assim incentivar à leitura e para

as crianças que não sabem ler, ao ouvir a história, não só desenvolverem a

sua capacidade de atenção como aprenderem a construção das frases.

O seu autor de referência é o famoso escritor de Fábulas, Jean de La

Fontaine, que inspirou a sua obra.

Uma pessoa muito sensível, Lígia Bastos, retira do seu livro esta frase: “Amo

as crianças, amo os animais e amo a Natureza.”

Para o futuro tem em vista, dois novos projectos, um romance e “Albertinho

na Escola”.

In: http://www.avert.pt/viraapagina/#lígia

Page 20: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Bibliografia

• Mar/ Lígia Bastos.- Porto: Ed. Do Autor, 1969.- 245 p.; 19

cm..- 821.134.3-1BAS

• Grito/ Lígia Bastos.- Porto: Papiro Ed., 2008.- 203

p. 821.134.3 BAS

• Albertinho e sua avó/ Lígia Bastos; Il. de Joana Macedo.-

Porto: Papiro, 2007.- Il.; 103 p. ; 23 cm.- 821.134.3-93

BAS

• Mais Albertinho/ Lígia Bastos; il. de Adelaide Sousa.-

Porto: Papiro, 2009.- Il.; 124 p. ; 23 cm.- 821.134.3-93

BAS

• Sarapicos de Natal: Antologia – Lisboa: Papiro Edições,

2008.- 210 p. il.; 23 cm..- Pai Natal ou S. Nicolau de Lígia

Bastos

Page 21: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

AUTOR DO MÊS

Maio 2010

Albino Bastos

Page 22: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Texto do autor

Já foram estrellas d’ouro Os olhos da minha amada, Agora não são estrellas Não são olhos não são nada.

Os teus olhos são meus olhos Tu és a minha doudice; Roubaram-me os teus affectos, Quero-te bem já to disse.

Os meus olhos coitadinhos Namorados são dos teus, Se é crime ter amores, Criminosos são os meus. Albino Bastos

Page 23: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Biografia

Albino Bastos

“Embora sejam hoje peças raras, mesmo nas bibliotecas melhor sortidas, não são poucos os livros publicados sobre as Terras de Lanhoso, ou, o que nos importa, neste caso, saídos da pena de autores nascidos ou residentes na Póvoa de Lanhoso.

Um desses é (não digo foi, porque todo o autor se perpetua na sua obra) Albino de Carvalho Bastos.

Nascido na parte da Vila pertencente a Fontarcada, no último quartel do século XIX, Albino Bastos foi um bom jornalista da imprensa povoense, tendo chegado a dirigir a segunda série do semanário “O Castelo de Lanhoso” e a ocupar o cargo de Director –Adjunto do “Maria da Fonte”.

Era irmão de José da Paixão Bastos, um outro autor local (…), e pai do poeta Dário Bastos.

Albino Bastos viria a emigrar para o Brasil, onde alcançou fama como solicitador.

Em 1093, com chancela da Tipografia Espozendense, na Colecção Silva Vieira, Albino Bastos publicou um pequeno livro intitulado “Folk-Lore Lanhozense”. Pequeno no formato (11,5x17,5), pequeno no número de páginas (88), não é assim tão pequeno nos fins, já que reúne um total de 318 quadras mais ou menos populares, salvaguardadas, desta forma, do esquecimento.

Muitas destas quadras são, ainda hoje, usadas pelos contadores do nosso folclore.

O livro é dedicado pelo autor ao Dr. Teotónio Rebelo Teixeira de Andrade, ao editor Silva Vieira e ao médico povoense, Dr. Adriano Martins”

In: “Terras de Lanhoso”, 4 de Agosto 1997

Page 24: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Bibliografia

Folk-Lore Lanhozense/ Albino Bastos.- Espozende: Tipografia Espozendense, 1903.- 88 p.-821.134.3-1 BAS Referenciado em: - Amor Português: ! o namoro - o casamento - a família / Luís Chaves - Lisboa: Livraria Clássica Editora de A. M. Teixeira, 1922 - O linho nos cantares e na etnografia regional/ Guilherme Figueiras .- Viana do Castelo, |S.l.|, |S.D|

Aqui tem meu coração, Eu fui ao teu coração; e a chave para o abrir; bem podéra lá ir! não tenho mais que lhe dar, a chave correu, deu volta, nem você que me pedir. não pude de lá sair. (Povoa de Lanhoso) (*) (^) Albino Bastos, *Folk-lore lanhozense * , Esposende, ed. de 1903, pg. 87. IN: Amor Português! o namoro — o casamento — A família /luís chaves .-LISBOA: LIVRARIA CLÁSSICA EDITORA DE A. M. TEIXEIRA, 1922

IN:

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AUTOR DO MÊS

Junho 2010

Azevedo Coutinho

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Texto do autor

O sol da liberdade, rasgando novos horizontes nessa data memorável de 1789, despontou enfim para Portugal na aurora fulgentíssima de 1820.

Mas sendo a implantação duma nova ideia atrozmente combatida pelos aferrados e antigos privilégios, o sol da liberdade, ao inundar de luz este solo lusitano, viu-se eclipsado por borrascosas nuvens, que pretendiam ocultar-nos o seu luminoso disco.

Arrostando, porém, corajosamente todos os revezes, saiu enfim triunfante dessa luta ingente para vir iluminar com a sua brilhante luz as gerações futuras.

Mas assim como quando se consegue dominar um pavoroso incêndio, que ameaçava destruir totalmente um edifício, irrompem do brazido, oculto nos escombros, novas labaredas, que a não serem prontamente extintas, completariam a sua obra destruidora; assim também, terminada em 1834 essa guerra civil, que ameaçou desmoronar o edifício da liberdade, surgiram de todos os pontos repetidas insurreições, colocando em grande risco o trono e o novo sistema governativo.

Quando se esperava que, para o nosso velho Portugal raiassem dias mais felizes, iluminados pelo sol vivificador da liberdade, novas revoltas vieram ensombrar o sistema novamente implantado.

Por uma parte as guerrilhas miguelistas no Alentejo e Algarve, comandadas pelo célebre Remechido e outros caudilhos.

Por outra, as revoltas que os partidos, ambiciosos de poder, preparavam adrede para fazer baquear o ministério, que queriam substituir por criaturas da sua parcialidade. Azevedo Coutinho

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Biografia

Azevedo Coutinho Não se conhece a sua data de nascimento, nem o lugar onde nasceu. Foi redactor principal do semanário “A Maria da Fonte” e grande obreiro da sua afirmação. Escrevia artigos de fundo, fazia a maior parte das pequenas notícias e escrevia poesia. Publicou, no referido jornal, em forma de folhetim, a história da Revolução da Maria da Fonte e História do Castelo de Lanhoso. Publicou também vários livros, destacando-se Sanctu´+ario e Romaria de N.S. do Porto D’Ave , Bom Jesus do Monte e Guia do viajante em Braga. In: Rascunhos da história de Abílio Coelho

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Bibliografia

História da revolução da Maria da Fonte : relato dos primeiros acontecimentos da Primavera de 1846, escritos quarenta anos depois, sob orientação de um contemporâneo da Revolução / Azevedo Coutinho ; pref. Paulo A. Ribeiro Freitas. - Póvoa de Lanhoso : Ave-Rara,, 1997

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Descrição do santuario e romaria de nossa senhora de Porto D'ave / João António Rodrigues de Azevedo Coutinho. - 2ª ED.. - Braga : Typ. a vapor,,, 1988

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A Maria da Fonte : semanario noticioso, litterario e agricola / resp. Martins d'Oliveira ; red. Azevedo Coutinho. - A. 1, n. 1 (3 Jan. 1886)-. - Povoa de Lanhoso : [s.n.],, 1886-. - 52 cm. - Publica-se ao domingo. - Continuação de: :O :Castelo de Lanhoso : jornal hebdomadario, politico, litterario e noticioso / propr. Narciso Antonio Rebello da Silva

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AUTOR DO MÊS

Julho 2010

Luísa Sousa Dias

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Texto do autor

(…) É isso que aqui deixo, em homenagem a todos quantos, abdicando do seu tempo de lazer e dedicando-se, de corpo e alma, a uma nova arte de ensinar e aprender, fazendo, antecederam a Reforma do Ensino do nosso país, como testemunho de quanto valemos. (…) Que esta amostragem do nosso trabalho sirva de incentivo a todos quantos defendem que a história se aprende melhor, vivendo-a, do que dentro de quatro paredes duma sala de aula. Tentámos dar uma visão, genérica e estruturada, de como viabilizámos o nosso projecto e do modo como conseguimos dinamizar culturalmente todo o Concelho, o nosso, o da Póvoa de Lanhoso. Luísa Sousa Dias

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Biografia

Nasceu na Póvoa de Lanhoso, em 27 de Setembro de 1954.Licenciou-se em Filologia Românica, enveredando pela carreira do ensino. Professora do ensino Preparatório e Secundário, desde Outubro de 75, iniciou a carreira na Escola professor Gonçalo Sampaio, da Póvoa de Lanhoso, tendo depois leccionado em S. Torcato, Braga e Vila do Conde, regressando à Póvoa de Lanhoso e ao já referido estabelecimento de ensino, onde se mantém actualmente e exerce as funções de Presidente do Concelho Directivo. Colaboradora do jornal Tribuna de Lanhoso, ali assinou textos sobre o ensino e a sua problemática, sendo igualmente autora do livro História ao vivo, de carácter histórico-didáctico, publicado pela associação de pais e encarregados de educação das escolas Professor Gonçalo Sampaio e Secundária da Póvoa de Lanhoso. Foi Presidente da Assembleia Municipal da Póvoa de Lanhoso, cargo para que foi eleita em 12 de Dezembro de 1993. In Rascunhos de História de Abílio Coelho

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Bibliografia

História ao vivo / Luisa Maria Monteiro Rodrigues Sousa Dias : 700 Anos da atribuição do Foral às terras de lanhoso por El-Rei D.Dinis. - Braga : Escola C+S Prof. Gonçalo Sampaio,, 1992

Page 33: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

AUTOR DO MÊS

Setembro 2010

João Antunes Pardelho

Page 34: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Texto do autor

Marta tinha dormido mal. Já Haia muitas noites que isso acontecia… Andava adoentada, com olheiras fundas, olhos chorosos e tristes. Levantou-se cedo e, sentindo que respirava com dificuldades, foi até à varanda da sua casa em camisa de dormir e abriu as portas de par em par. Sentiu de imediato a brisa vinda do mar, que estava logo ali à sua frente. Conservou-se, então, longos minutos, imóvel. Encostada a uma ombreira da porta, com o olhar fixo na imensidão do oceano. Mas, de repente, ergueu as mãos para o céu e gritou em desespero: “porquê, Senhor? Porquê esta vida inútil e sem sentido? Só tenho vinte e três anos, Senhor! Será justo que tão nova esteja a passar por tanto sofrimento? O que fiz de mal , Senhor?” João Antunes Pardelho

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Biografia

João Antunes Pardelho nasceu na Vila da Póvoa de Lanhoso, a 15 de Janeiro de 1935. Estreia-se na literatura portuguesa com o comovente romance “Marta”. Excelente pela sua técnica narrativa, esta obra oferece, ao leitor, o fruto de um trabalho intenso que transparece o ritmo vigoroso da escrita associada a uma imaginação sugestiva.

In: “Marta”

Page 36: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Bibliografia

Marta/ João Antunes Pardelho .- Ermesinde: Ecopy, 2009

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AUTOR DO MÊS

Outubro 2010

Carlos Filipe Barros Fernandes

Page 38: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Texto do autor

Um estudo como este, abrangendo parte da história de uma comunidade, embora pequena, não é trabalho fácil. Primeiro, porque a investigação exige muito tempo, bastantes meios económicos e elevados conhecimentos técnico-científicos. Depois, porque a freguesia de S. Cosme e S. Damião de Garfe, apesar de toda a riqueza que possui, estava praticamente a zero no que toca a recolhas de material sobre o seu passado. Assim, ao longo de mais de dois anos, fomos vasculhando tudo quanto havia para vasculhar, folheando velhos alfarrábios, retirando das teias do esquecimento pequenas notas que outros foram elaborando. De entre estes, é justo destacar-se o sábio arqueólogo Francisco Martins Sarmento, o Coronel Mário Cardozo, o Cónego Arlindo Ribeiro da Cunha e o Padre Manuel Magalhães dos Santos, todos devidamente identificados em notas de pé-de-página, sempre que são citados ao longo deste trabalho. Mas não ficamos pelas notas escritas: tivemos também o cuidado de escutar várias pessoas da freguesia, não fossem elas os olhos, a boca e os ouvidos da comunidade em que se inserem. Podemos mesmo afirmar que estas páginas são, em vez de um trabalho científico, uma espécie de Grande Reportagem, sobre um povo e a sua terra. Nelas encontrará o leitor uma grande dose de admiração por todos quantos, ao longo dos séculos, fizeram de São Cosme e S. Damião de Garfe uma das maiores freguesias do Concelho da Póvoa de Lanhoso. Dedicámo-lo a três figuras destacadas de Garfe: Fernando Rodrigues de Sá, Padre Manuel da Cunha e Amândio de Oliveira. No nosso entender, foram três dos homens que, cada um à sua maneira, mais lutaram pelo desenvolvimento da Terra. Outros haveria, certamente, merecedores de distinção. Personalizámos nesses três a homenagem a todo o povo de Garfe. Chegamos ao fim daquilo a que nos propusemos. E, se outra reparação não tivéssemos, ficava-nos pelo menos a certeza de que, trabalhando, aprendemos. Só por isso valeu a pena. Garfe, 3 de Novembro de 1994 José Abílio Coelho/ Carlos Filipe Fernandes Prefácio de: S. Cosme e S. Damião de Garfe de J.A.Coelho e Carlos Filipe Fernandes, 1995

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Biografia

Carlos Filipe Fernandes

Natural de Garfe, nasceu a 1 de Dezembro de 1973.

Desde pequeno sempre teve um interesse muito grande pela História de Portugal e, especialmente, pela história do seu Concelho. Embrenhar-se em bibliotecas poeirentas e ser-lhe permitido manusear livros antigos, é um dos seus maiores prazeres.

Assim sendo, quando, por ser natural de Garfe e ter esse gosto especial pela história, lhe propuseram parceria num livro que lhe permitiria aprofundar os seus conhecimentos sobre a sua terra, não hesitou.

Durante dois anos, dedicou-lhe grande parte do seu tempo em pesquisas e entrevistas, retirando sempre desse tempo dedicado grande satisfação pessoal.

Hoje é cidadão luso-canadiano, porque a sua vida profissional assim lho pediu, mas não esquece nunca o seu país e, todos os anos regressa à sua terra a partir da qual enceta uma jornada de reconhecimento do território partindo à descoberta dos recantos portugueses que ainda não conhece. Já pouco do território nacional lhe é desconhecido e faz questão de se documentar (com monografias locais e milhares de fotografias digitais).

F. Barros

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Bibliografia

• S. Cosme e S. Damião de Garfe/ J.A.Coelho e Carlos Filipe Fernandes, 1995

Page 41: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

AUTOR DO MÊS

Novembro 2010

Sandra Gonçalves

Page 42: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Texto do autor

Page 43: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Biografia

Page 44: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Bibliografia

Page 45: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Autor do Mês

Dezembro 2010

Armando Freitas Ferreira

Page 46: Caderno n. 42 Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso

Texto do Autor

Amor

A chuva cai, Eterna corrente. Como a chuva É o amor. É água calmante, O amor. Grande é a dor, Nos hiatos do amor. Tortura intensa, No coração amante. A paz regressa. Que gozo, que sossego! Renova-se o amor Adormecido, apenas adormecido. Quem ama, não desarma. Aguarda, paciente, o regresso Da felicidade. Bendito o amor, Fonte de inspiração Harmonia e cadinho De santas causas. Bendito seja o amor!

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Biografia

UM HOMEM LUMINOSO NA MINHA VIDA Há figuras queridas que nos marcam profundamente, desde o luminoso encontro inicial que com elas tivemos. Uma delas é, sem dúvida, o professor Armando Freitas Ferreira, homem que estimo imensamente e a quem me ligam laços profundos de amizade desde há mais de quatro décadas. Concretamente, ia eu iniciar a terceira classe do antigo ensino primário, na escola do Toural, em Serafão (Fafe), aí pelos idos de 1965, quando encontro pela primeira vez o “professor Ferreira”, como lhe chamávamos, um muito jovem docente, pleno de vida e sobretudo introdutor de um outro modo de ver as coisas, para uma situação como a da época, em que tudo se queria arrumado, ordeiro, identificado com a “paz dos cemitérios”. Não é que este jovem professor se atrevia a jogar à bola com os alunos no recreio, como se fosse da sua igualha, desrespeitando o estatuto de “superioridade” que um “mestre” deve ter perante os seus pupilos?!... Onde é que já se vira uma coisa dessas? Qualquer coisa não regulava bem, neste universo desordenado!... O professor Armando Ferreira entendia, como escreveria mais tarde e consta de uma obra minha, que, para lá da educação e instrução, a distracção é um “elemento que contribui, em grande escala, para estudarmos a maneira

de ser do aluno. As crianças necessitam de distracção, mas vigiadas e, até,

acompanhadas pelo professor, nas suas brincadeiras”. Como gostava de crianças e como entendia ser seu dever, integrava de corpo e alma os jogos e as brincadeiras que os seus alunos empreendiam no recreio, atitude que foi, de começo, mal vista pelos encarregados de educação da freguesia, o que se compreendia, de alguma forma, mas que acabou por ser entendida e até aplaudida mais tarde pela população. Volto a citar o texto do professor Ferreira, justificando essa atitude inovadora, de que sou testemunha viva: “o professor, brincando com os

alunos, não perde a autoridade mas mais a consolida, ao mesmo tempo que

contribui para a formação integral do aluno”. Armando Freitas Ferreira foi, assim, meu professor na terceira e na quarta classes, período que me marcou profundamente na minha aprendizagem e que constituiu forte alicerce e enriquecimento para o homem que eu seria no futuro. Lembro-me da exigência que punha no que ensinava, nas várias áreas e até da “canada” que um dia levei por demorar a indicar com precisão os afluentes de um determinado rio do norte do país. Seria a única, para bem dos meus pobres miolos…

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Ao findar o ensino básico, saí do sistema por dois anos, durante os quais trabalhei e fui explorado numa pensão em Guimarães (tinha escassos e desgraçados 11 anos, nunca mais esqueci…), regressando à escola quando abriu o posto da Telescola de Garfe, julgo que em 1969/70. O professor Ferreira voltaria a ser meu professor por dois anos e foi seguramente o responsável por eu ter enveredado por um percurso que me levou a mais altos voos académicos. Por isso lhe estou muitíssimo grato, e ele sabe que tenho razão. Como continuava a dar aulas em Serafão, foram muitas as vezes que me deu boleia, no seu automóvel, entre aquela freguesia e Garfe. A mim e a outros jovens de Serafão que faziam parte da mesma turma e que assim, de vez em quando, poupavam uma caminhada de quatro quilómetros bem medidos. Não é aqui o tempo nem o lugar para rememorar a vivência da Telescola em Garfe, mas apenas para evidenciar o quão fundamental foi esse período na minha formação intelectual, cognitiva e humana. Devo muito aos docentes que acompanharam o meu crescimento aos diferentes níveis, sobretudo nos anos iniciais da minha formação. Em lugar de destaque está, soberanamente, sem dúvida, o professor Ferreira. É dos poucos docentes de quem mantenho a mais doce recordação e de quem continuo muito próximo!... Saído da Telescola, frequentei outros estabelecimentos de ensino, do secundário ao superior, em diferentes localidades. Todavia, para minha imensa felicidade, tive (e tenho) o professor Ferreira como amigo permanente, generoso e desinteressado ao longo destes anos. Não há uma vinda a Fafe sem que o professor Ferreira me venha visitar à Casa Municipal de Cultura: para me dar um abraço, com aquele calor que só ele consegue; para levar o meu último livro; para observar uma exposição; para dar duas de treta, enfim. Nesta oportunidade, não poderia deixar de manifestar a minha mais lídima admiração, o meu preito de homenagem, o meu maior respeito, a minha incontida gratidão por ter sido aluno e ser amigo de longa data do professor Armando Freitas Ferreira, um homem que honra a Póvoa de Lanhoso e que engrandece os seus amigos. De lá e de cá. Porque ele é um fafense emigrado em Garfe, mas que carrega a sua terra natal no grande coração que tem. Estamos em presença de um homem bom, um homem de bem, um homem que teima em não deixar de ser jovem! E aí, e em tudo o que fez, e em tudo o que deu aos seus alunos e semeou pelos seus amigos, reside a sua grandeza! Bem-haja por tudo o que de bom tem sido a sua vida! Artur Ferreira Coimbra

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Bibliografia

Sentimentos e afectos/ Armando Freitas Ferreira.- Garfe: Ed. do autor, 2010

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