caderno ex - proteção não acendível - edição 125 da revista potência

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POTÊNCIA 70 CADERNO Ex medida proteção sob desde que aplicados corretamente, os equipamentos com proteção do tipo não acendível (ex-n) podem garantir economias significativas, tanto na aquisição quanto nas etapas de instalação e manutenção. reportagem: paulo martins C onforme abordado diversas vezes, nas matérias pu- blicadas no Caderno Atmosferas Explosivas, é muito comum que empresas que fabricam, armazenam, distribuem ou manipulam substâncias inflamáveis cometam exageros no momento de especificar os equipamen- tos elétricos utilizados em suas plantas. Um equívoco frequente é a instalação indiscriminada de produtos à prova de explosão, gerando custos além do neces- sário. Entretanto, a simples observação dos critérios técnicos corretos pode ser suficiente para que qualquer empresa tenha instalações seguras, sem desperdiçar dinheiro nem tempo. Em continuidade à série de reportagens sobre proteção aplicada aos equipamentos elétricos Ex, nesta edição abordaremos o método de proteção Não Acendível (Ex-n). O tipo de proteção Ex-n se aplica a equipamentos elétricos que, sob condições normais de operação, e sob certas condi- ções anormais - a queima da lâmpada de uma luminária, por exemplo -, não são capazes de provocar a ignição da atmosfe- ra explosiva que o circunda. Essas condições de operação são estabelecidas pelo fabricante como parte do projeto elétrico. Normalmente estão especificadas no manual de operação e certificados e precisam ser observadas pelo usuário. Os equipamentos Ex-n são adequados e certificados para uso em Zona 2 - as áreas em que há presença de gases infla- máveis, vapores de líquidos inflamáveis e névoas de líquidos combustíveis nas quais uma mistura dessas substâncias com o ar, em concentrações favoráveis a uma explosão, não é pro- vável ocorrer em operação normal, e, se ocorrer, será somente de forma ocasional e durante curtos períodos de tempo. “Esse tipo de equipamento consiste em uma solução eco- nômica e segura, desde que aplicado corretamente somente em Zona 2. Eles nunca devem ser aplicados em Áreas Classificadas como Zona 1 ou Zona 0, onde as atmosferas explosivas podem ocorrer de forma normal ou permanente durante a operação da planta”, reforça o engenheiro eletricista Ivo Rausch, Dire- tor Técnico da Excede, empresa especializada em consultoria, exame, diagnóstico e engenharia em prevenção de explosões. Aqui, vale fazer um adendo a esse assunto para retomar a discussão em torno de um problema recorrente no mercado brasileiro: por falta de conhecimento, acredita-se que a simples existência de produtos inflamáveis e combustíveis automati- camente faz com que um determinado local seja considerado como Área Classificada. Como consequência dessa condição, obrigatoriamente seria necessário montar uma instalação à prova de explosão. Na verdade, não é bem assim. Inicialmente, precisamos lembrar do conceito de Áreas Classificadas: são locais sujeitos à existência ou formação de atmosferas explosivas, o que exige que os mais diversos equi- pamentos eletroeletrônicos, bem como os métodos de insta- lação, sejam adequados e construídos com alguma forma de controle de suas fontes de ignição. motores fusíveis luminárias equipamentos de baixo consumo de energia instrumentos transformadores de corrente caixas de ligação caixas de junção, etc. equipamentos que podem apresentar proteção tipo ex-n • caderno atmosferas explosivas • caderno atmosferas explosivas • caderno atmosfe PROTEÇÃO NÃO ACENDÍVEL (EX-n) FACEBOOK.COM/REVISTAPOTÊNCIA LINKEDIN.COM/COMPANY/REVISTAPOTENCIA

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ex

Proteção não acendível (ex-n)

medidaproteção sobdesde que aplicados corretamente, os equipamentos com

proteção do tipo não acendível (ex-n) podem garantir

economias significativas, tanto na aquisição quanto nas

etapas de instalação e manutenção.

reportagem: paulo martins

Conforme abordado diversas vezes, nas matérias pu-blicadas no caderno atmosferas Explosivas, é muito comum que empresas que fabricam, armazenam, distribuem ou manipulam substâncias inflamáveis

cometam exageros no momento de especificar os equipamen-tos elétricos utilizados em suas plantas.

Um equívoco frequente é a instalação indiscriminada de produtos à prova de explosão, gerando custos além do neces-sário. Entretanto, a simples observação dos critérios técnicos corretos pode ser suficiente para que qualquer empresa tenha instalações seguras, sem desperdiçar dinheiro nem tempo. Em continuidade à série de reportagens sobre proteção aplicada aos equipamentos elétricos Ex, nesta edição abordaremos o método de proteção não acendível (Ex-n).

o tipo de proteção Ex-n se aplica a equipamentos elétricos que, sob condições normais de operação, e sob certas condi-ções anormais - a queima da lâmpada de uma luminária, por exemplo -, não são capazes de provocar a ignição da atmosfe-ra explosiva que o circunda. Essas condições de operação são estabelecidas pelo fabricante como parte do projeto elétrico. normalmente estão especificadas no manual de operação e certificados e precisam ser observadas pelo usuário.

os equipamentos Ex-n são adequados e certificados para uso em Zona 2 - as áreas em que há presença de gases infla-máveis, vapores de líquidos inflamáveis e névoas de líquidos combustíveis nas quais uma mistura dessas substâncias com o ar, em concentrações favoráveis a uma explosão, não é pro-vável ocorrer em operação normal, e, se ocorrer, será somente de forma ocasional e durante curtos períodos de tempo.

“Esse tipo de equipamento consiste em uma solução eco-nômica e segura, desde que aplicado corretamente somente em

Zona 2. Eles nunca devem ser aplicados em Áreas classificadas como Zona 1 ou Zona 0, onde as atmosferas explosivas podem ocorrer de forma normal ou permanente durante a operação da planta”, reforça o engenheiro eletricista ivo Rausch, Dire-tor técnico da Excede, empresa especializada em consultoria, exame, diagnóstico e engenharia em prevenção de explosões.

aqui, vale fazer um adendo a esse assunto para retomar a discussão em torno de um problema recorrente no mercado brasileiro: por falta de conhecimento, acredita-se que a simples existência de produtos inflamáveis e combustíveis automati-camente faz com que um determinado local seja considerado como Área classificada. como consequência dessa condição, obrigatoriamente seria necessário montar uma instalação à prova de explosão. na verdade, não é bem assim.

inicialmente, precisamos lembrar do conceito de Áreas classificadas: são locais sujeitos à existência ou formação de atmosferas explosivas, o que exige que os mais diversos equi-pamentos eletroeletrônicos, bem como os métodos de insta-lação, sejam adequados e construídos com alguma forma de controle de suas fontes de ignição.

✦ motores

✦ fusíveis

✦ luminárias

✦ equipamentos de baixo consumo de energia

✦ instrumentos

✦ transformadores de corrente

✦ caixas de ligação

✦ caixas de junção, etc.

equipamentos que podem apresentar proteção tipo ex-n

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potência

Explosive Atmospheres (Ex)news, products, standards and other information on ex electrical installations.

Atmósferas explosivas (Ex)noticias, productos, normas y demás informaciones sobre las instalaciones eléctricas ex.

Caderno Exnotícias, produtos, normas e informações sobre instalações elétricas em áreas classificadas.

ensure the safety of a building which stores dangerous products always requires a lot of attention. to make the correct sizing of the installations, it is necessary to comply with a series of equipment criteria. continuing the series of reports on the protection applied to electrical equipment, we are going to discuss the non sparking method (ex-n) in this edition.

garantizar la seguridad en un edificio que almacena productos peligrosos siempre requiere mucha atención. para hacer el correcto dimensionamiento de las instalaciones, es necesario cumplir una serie de criterios para los equipos. continuando con la serie de informes sobre la protección aplicada a los aparatos eléctricos, en esta edición se discute el método no chispeante (ex-n)

ramos de atividade onde podem ser aplicados produtos com proteção tipo ex-n

✦ instalações farmacêuticas

✦ instalações de tintas e vernizes

✦ instalações de armazenagem de materiais inflamáveis, etc.

✦ indústrias químicas

✦ instalações petroquímicas

✦ instalações de produção de etanol

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Ano XII Edição 125

Maio’16

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Proteção não acendível (ex-n)

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Esses locais devem ser classificados de acordo com o seu grau de risco em Zonas, Grupos e classe de temperatu-ra. Quanto maior o risco, maior é a exi-gência quanto ao nível de proteção do equipamento elétrico a ser instalado.

De acordo com Rausch, o correto, ao se especificar equipamentos e sua adequada instalação, é estar de posse do Desenho de classificação de Áreas. o documento, que deve ser usado como guia, deve estar atualizado e completo, contendo informações de Zona, Grupo e classe de temperatura.

“Em uma unidade bem projetada, bem mantida e bem operada, a tendência é de que a liberação de inflamáveis esteja bem contida. consequentemente, grande parte dessas áreas será classificada como Zona 2. Desta forma, será possível especi-ficar equipamentos do tipo não acendível, como opção aos mais conhecidos equipa-mentos Ex-d, que são à prova de explosão. os equipamentos Ex-n representam eco-nomias significativas, não só no momento de sua aquisição, mas também nas fases de instalação e manutenção”, observa o diretor da consultoria Excede.

esse tipo de equipamento (ex-n) consiste em uma solução econômica e segura, desde que aplicado corretamente somente em Zona 2.IVO RAUSCH | EXCEDE

Métodos de proteção dos equipamentoso tipo de proteção Ex-n dos equipa-

mentos subdivide-se em quatro técnicas: Ex-na (não acendível), Ex-nR (Respiração Restrita), Ex-nc (contatos protegidos) e Ex-nL (Energia Restrita).

o tipo de proteção Ex-na visa minimi-zar o risco de ocorrência de arco ou cen-telha capaz de causar ignição perigosa

durante a condição de uso (o uso normal exclui a retirada ou a inserção de compo-nentes com o circuito energizado).

Dependendo do tipo de equipamen-to (motores de indução, luminárias, etc.), nenhuma fonte potencial de ignição pode ocorrer durante a operação normal. Des-ta forma, nenhuma medida adicional sig-nificativa é necessária para utilização em atmosfera explosiva.

“testes devem ser realizados, de acor-do com a norma, para comprovar que o equipamento não é capaz de provocar a ignição de atmosfera potencialmente ex-plosiva. as condições de teste cobrem as condições normais e algumas condições anormais estipuladas na norma. Envolvem, por exemplo, testes do grau de proteção ip e de elevação de temperatura”, espe-cifica ivo Rausch.

a proteção Ex-nR envolve a efetiva vedação do invólucro, minimizando a pe-netração de atmosfera explosiva. o equi-pamento com proteção tipo Respiração Restrita não é capaz de provocar uma ig-nição externa ao seu invólucro em condi-ções normais de operação e é construído com medidas adicionais de tal modo que a ocorrência de misturas explosivas de gás ou vapor com o ar no interior do invólucro é evitada durante certo tempo limitado.

“comparativamente à técnica Ex-na, onde os testes de elevação de temperatu-

ra devem considerar tanto a parte externa quanto a interna do invólucro, na técnica Ex-nR deve-se considerar somente a tem-peratura externa e, portanto, esta última pode ser aplicada em locais com classes de temperatura mais restritivas, tais como t4, t5 e t6”, diz Rausch. ainda em rela-ção à proteção Ex-nR, precisam ser levadas em consideração as diferenças de pressão entre o interior e o exterior do invólucro.

a proteção Ex-nc pode ser aplicada em equipamentos que possam gerar fon-te de ignição em condições normais de operação, como botoeiras, interruptores, fusíveis, relés ou resistores, entre outros. no caso de equipamento que, em princí-pio, possua fontes potenciais de ignição, é necessário tomar medidas de proteção adicionais para permitir sua operação se-gura em componentes que emitam arcos ou faíscas ou superfícies quentes durante a operação normal.

Este é construído de tal forma que o componente não seja capaz de causar a ignição de uma atmosfera de gás especí-fica, através de um dos métodos a seguir: 1. Dispositivo de interrupção blindado -

Medidas adicionais de proteção envol-vem a isolação segura da fonte potencial de ignição da atmosfera explosiva por meio de construção técnica, geralmen-te um invólucro especial ou projeto do equipamento de modo que a transmis-

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4. Dispositivo encapsulado - os equipa-mentos encapsulados são baseados no fato de que a atmosfera explosiva e a fonte potencial de ignição perma-necem seguramente isoladas uma da outra, através de uma camada isolan-te de resina. Este método de proteção foi substituído pelo tipo de proteção encapsulado, Ex-mc, simplificado para uso em Zona 2, de acordo com a nor-ma nBR iEc 600.79-18.por fim, na proteção Ex-nL as cor-

rentes e tensões permissíveis no equi-pamento não podem exceder aquelas

em que sua energia resultante seja ca-paz de provocar a ignição da atmosfe-ra explosiva circundante. as exigências a serem atendidas pelo circuito e car-gas nos componentes são menores que aquelas exigidas para o tipo de proteção Ex-i, Segurança intrínseca. também com relação a falhas, aplicam-se menores exigências. a 5ª edição da norma iEc 60079-11 de 2006 indicou a proteção Ex-ic como alternativa à proteção Ex-nL, que permaneceu até a 4ª edição da iEc 60079-15:2010, sendo que após isto esta última foi descontinuada.

legislação aplicável aos equipamentos ex-na fabricação de produtos com tipo de proteção não acendível é regulada

pela norma aBnt nBr iec 60079-15 - equipamentos elétricos para atmosferas explosivas - parte 15: construção, ensaio e marcação de equipamentos elétricos com tipo de proteção “n”. além disso, o item 10.9.2 da nr-10 determina que todos os equipamentos eletroeletrônicos e acessórios para instalação utiliza-dos em áreas classificadas devem possuir certificados emitidos por entidades certificadoras oficiais credenciadas pelo inmetro.

os certificados devem possuir a marcação correspondente para o tipo de pro-teção, o grupo e a classe de temperatura, conforme exigido no rac ex (regula-mento de avaliação de conformidade de equipamentos elétricos para atmosferas potencialmente explosivas). o sinmetro regulamenta esta exigência de acordo com a portaria nº 176, de 17/7/2000, quando esta certificação se tornou compul-sória, e portarias subsequentes (a portaria atualmente em vigor é a de nº 179/10).

a certificação garante ao usuário que o equipamento passou por avalia-ção e ensaios por organismos de certificação de produtos e atende aos re-quisitos normativos.

são da chama através do invólucro seja evitada. Estes equipamentos são proje-tados de forma similar ao tipo de prote-ção Ex-d, à prova de explosão. por este motivo, este método de proteção está sendo substituído pelo tipo de proteção à prova de explosão, Ex-dc, simplificado para uso em Zona 2, de acordo com a recente edição da norma iEc 600.79-1;

2. Dispositivo selado - não pode ser aber-to em serviço;

3. Dispositivo hermeticamente selado (sol-dagem, brasagem ou por fusão vidro- metal) - os equipamentos hermetica-mente selados são baseados no fato de que a atmosfera explosiva e a fonte potencial de ignição permanecem segu-ramente isoladas uma da outra;

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