caderno - elida reinaldo

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apresentação

Este trabalho adota como partido a proposição de que não é preciso demolir para que haja intervenção em arquiteturas residuais da malha urbana. Por arquitetura residual entende-se àquela que, devido alterações, sobretudo do capital produtivo, não serve mais às suas finalidades primeiras e, hoje, se encontra sem uso ou com uso abaixo do seu potencial, seja ele construtivo [técnico e funcional] ou arquitetônico [formal].

Partindo desta primeira proposição, trabalharíamos estas arquiteturas reinserindo-as no contexto da cidade, conferindo um uso adequado e contemporâneo, sem deixar de lado sua memória construtiva e temporal.

Assim, coloca-se como base de trabalho o que chamo de reciclagem de infraestrutura: não parte do simples pressuposto que se deve preservar uma arquitetura, por conter em sua imagem uma história, deve-se preservar pelo simples fato de que não se deve destruir, não só o patrimônio histórico, mas, sobretudo, o patrimônio técnico e infraestrutural contido na construção consolidada, que claramente serve a novos usos.

Ou seja, não trata a memória daquela arquitetura de maneira nostálgica, na tentativa de um sobreviver de sua história e utilizando disto como único ponto que justificaria sua preservação. Não se preserva somente por ser patrimônio, mas por caber, àquela estrutura, uma nova atuação no cenário contemporâneo, conferida com a reciclagem de seu uso, com uma nova função que esteja de acordo com aspirações do presente e com o respeito da memória existente em sua estrutura e vedações.

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“Arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção. E nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se ela se revela igualmente arte plástica, porquanto nos inumeráveis problemas com que se defronta o arquiteto desde a germinação do projeto até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso específico, certa margem final de opção entre os limites - máximo e mínimo - determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio, reclamados pela função ou impostos pelo programa, - cabendo então ao sentimento individual do arquiteto, no que ele tem de artista, portanto, escolher na escala dos valores contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada.” [COSTA, 1995]

Como prever uma arquitetura a um edifício que já possuiu função definida, programa voltado àquela função e esta, por sua vez, também definiu sua forma?

Repensar a arquitetura, redefini-la, fora do tempo e espaço em que inicialmente foi concebida, quando se elevou um edifício que continha características intrínsecas ao seu objetivo primeiro. Contornar o espaço a qual pertence, totalmente modificado pela ação de novas dinâmicas de uso dos lugares, sobretudo os lugares de uso público, que agora acomodam nova realidade, totalmente diferente daquela referida no primeiro projeto. E, partindo dessas premissas, arquitetar novas características, necessárias para

aquele espaço, retomando sua inserção no urbano.

E qual seria este novo uso? Como prever nova função, utilizando apenas a sua estrutura e paredes concretas, já que seu uso foi deturpado pelo tempo e pela ação dos seus usuários?

Em outros projetos já tivemos este tipo de intervenção, o de transformar um espaço e inserir nova lógica de uso nele, a partir de novos conceitos arquitetônicos. Como é o caso da intervenção, no antigo edifício do Liceu de Artes e Ofícios, projeto de Ramos de Azevedo de 1905, para servir de uso para a Pinacoteca do Estado, intervenção esta confiada ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que altera condições relacionadas às lógicas hierárquicas da arquitetura classicista, quando muda seu acesso principal para sua lateral, bem como, redireciona a ordem e simetria desta arquitetura para uma outra, a da arquitetura moderna, quando seu espaço interno é condicionado à disposição livre de meias paredes, de inspiração miesiana , organizando-o diferentemente daquele que ali existia, e garantindo aos ambientes predominância menor sobre a apreciação das exposições ali abrigadas.

Ou seja, pela alteração da dinâmica de uso do seu espaço urbano, o arquiteto altera a relação primeira da existência do edifício, que é a ordem hierárquica que colocava sua entrada principal voltada à avenida de maior importância do seu entorno e que, agora, passa a funcionar como acesso ao edifício uma entrada lateral, voltada ao Parque da Luz. E, de maneira mais sutil, mas não de segunda ordem, interfere na relação da arquitetura (do edifício) com sua função, quando cede a importância de seus espaços para o que nele é exposto, “sem que eles predominem excessivamente

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sobre a apreciação das exposições ali abrigadas” [zein, s.d.].

E, outro exemplo, o caso do SESC Pompéia, da arquiteta Lina Bo Bardi. A antiga Fábrica de Tambores da Pompéia, desativada e, naquele momento, anterior à intervenção, contava com duas características que colaboraram para a escolha de partido pela arquiteta. Uma delas, era o patrimônio técnico contido na estrutura, importado pelos ingleses e estampado na plasticidade do edifício e a outra, e talvez a mais importante, é que a área do galpão, estava sendo utilizada como espaço informal, apropriado pelos moradores da região próxima, para atividades de lazer.

Destes pontos, surge uma nova proposta de ocupação edificante do espaço, interno e externo, bem como, proporciona qualidade e reafirma o motivo da apropriação do espaço, conferindo infraestrutura para as atividades de lazer que já eram uma espécie de solicitação subjetiva pelos que utilizavam o local de maneira informal.

Assim, nesta intervenção, a arquiteta, toma partido da construção existente, notando força na dimensão dos espaços, na sua implantação e volumetria, colocando estes dados a favor de seu projeto, bem como, ao inserir novos edifícios no conjunto, o faz com a arquitetura que cabe ao tempo presente, não copia o que está dado, intervém com arquitetura contemporânea. E, sobretudo, o que ela pretende que permaneça é a rica experiência comunitária, que ocorre de maneira espontânea e que carrega o mote principal do projeto para o SESC Pompéia.

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CIDADE

“o projeto nasce da confrontação deste entorno com a intenção projetual” [nota de aula]

A relação mais óbvia entre o antigo e o novo, não só destes, mas de outros projetos que trataram de preexistências urbanas, é a do tempo e espaço ao qual pertence esta nova intervenção pretendida, assim sendo, para tratar de novas estruturas e equipamentos urbanos não podemos deixar de levar em consideração esta cidade que é estranha a àquela primeira arquitetura, assim como, tão pouco podemos deixar de lado as causas que levaram determinadas áreas àquela situação – quais os desdobramentos vividos na cidade que atuaram na conformação desta nova realidade – e de que maneira este conjunto de características atuam na área e atuarão na futura arquitetura.

Assim, é retomado o questionamento de: como intervir com uma arquitetura suficientemente forte para qualificar o urbano? Até que ponto o urbanismo deve ser modificado para que haja atuação equilibrada entre este e a nova obra sem causar impactos negativos à cidade?

Levando estes questionamentos em consideração, o que se pretende desenvolver é: como se trabalhar arquitetura em edifícios existentes, em áreas de entorno consolidado, sem romper por completo com sua arquitetura primeira, mas alterá-la substancialmente, no sentido de conferir características positivas, que consigam abraçar os anseios de determinada região, diretamente próxima e indiretamente relacionada.

É como comenta Paulo Mendes da Rocha, sobre o projeto na Praça do Patriarca:

Segundo o memorial do autor, “a revalorização do centro da cidade terá que conter afirmações interessantes sobre a dependência entre as idéias e as formas, um reviver da arquitetura urbana. Não simplesmente restaurar, (mas) também criar novos desenhos que abriguem, amparem e expressem hábitos urbanos contemporâneos, do tempo que vivemos.” [ZEIN, s.d.]

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EDIFICIO

A lógica primeira de um edifício é realizada a partir das condições do entorno e da função que irá abrigar. Assim, além do seu programa interno, direcionado para os objetivos de seu uso, também é influenciado pelas interferências externas, e que por vezes não são somente referenciadas pelo entorno físico – que levaria em consideração altura de edifícios e tipos de arquitetura –, mas também dependem de condições do tipo de uso do lugar, de características intimamente ligadas à dinâmica de funcionamento daquela região que receberá a intervenção – neste caso falamos principalmente da relação usuário e cidade, ou seja, de que maneira o usuário interfere nas características daquela região.

Porém, em muitos projetos somente foi utilizada, para concepção da arquitetura, a função que o edifício iria abrigar, como exemplo: os galpões de industriais, de volumetria simples com a ausência de ornamentos e características plásticas, já que estas não conferem valor para um edifício que tem a função única de abrigar sua linha de produção. Assim como, a partir deste parâmetro funcional, é definido seu programa. Neste caso, as condições do entorno são praticamente ignoradas.

O resultado deste tipo de projeto, despreocupado com as interferências que possivelmente irá causar na cidade são inúmeros, mas podemos destacar, em primeiro lugar, a alteração de boa parte das características primeiras, existentes entre os usuários e o local da intervenção, isso gerado principalmente pela proporção do projeto, que insere um novo contingente de pessoas na região, afetando vários setores primários dali e estes, por

sua vez, se apropriam da lógica de funcionamento do empreendimento em questão. E, em segundo lugar, com o provável encerramento ou mudança das atividades daquela indústria, freqüentemente, sua região mais próxima passa por um processo de esvaziamento, por não mais abrigar aquele contingente funcional que garantia, mesmo que sazonalmente, considerável numero de pessoas transitando no local.

E não só neste tipo de edifício existe a ausência de relações entre função, arquitetura e cidade, muitas outras obras foram erguidas e estas não levaram em consideração o entorno – tanto o físico quanto o dinâmico [ambiental] existente.

Muitos projetos, bastante contemporâneos, são realizados e não carregam nenhuma relação com a cidade, mas se impõem de maneira tão agressiva que as relações originais do local de implantação são quase que completamente alteradas.

Um exemplo atual deste tipo de projeto são os erguidos para as Instituições de Ensino Superior Privado. Estudadas na pesquisa: “Arquitetura, Urbanismo e Educação: Universidades Particulares e Transformações Urbanas” , tivemos clara a conseqüência que grandes empreendimentos causam em áreas urbanas.

Citando brevemente uma das conclusões, extraídas da análise dos locais de implantação deste tipo de empreendimento, é que, ao se levar em consideração somente a característica plástica e funcional do edifício, visando quase que exclusivamente o ganho de mercado – ou seja, utilizando da propriedade plástica, conferida pela arquitetura ao empreendimento, para o merchandising da marca da Universidade, pretendendo a garantia de que seu produto seja exposto e comprado –

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e, ignorando questões do entorno (a maioria dos locais de implantação destes empreendimentos eram áreas com predominância de uso residencial, que são muito frágeis frente a intervenções de grande escala), temos que as características originais da região são quase que completamente alteradas.

Na maioria dos casos a maior, e mais freqüente

conseqüência, é a expulsão da população que inicialmente residia no local, para dar espaço a estabelecimentos comerciais (que usufruem no novo contingente de usuários) e estes, por sua vez, passam a afirmaram o funcionamento sazonal do entorno próximo, ou seja, ele passa a abrigar um enorme fluxo de pessoas nos horários de entrada e saída de alunos da Universidade e, nos outros momentos, a região é praticamente desabitada, o que cria diversos problemas, como transito caótico nos horários de entrada e saída dos usuários do empreendimento e aumento de violência gerada pela ausência de pessoas transitando pelo local nos horários em que a escola não está em funcionamento.

Então, como encontrar o equilíbrio? Como inserir (ou, neste caso, RE-inserir) um edifício no cotidiano dos sujeitos mais diretamente dependentes daquela intervenção, sem subtraí-los, permitindo que eles se apropriem da intervenção no sentido de conferir a ela o sucesso do seu programa e, ao mesmo tempo, tê-la como objeto qualificador de seu cotidiano, ou seja, como chegar a uma arquitetura com qualidade suficiente para atrair seus usuários e, conseqüentemente, coloque seu uso em pleno funcionamento?

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TÉCNICA

“Por outro lado, a arquitetura depende ainda, necessariamente, da época da sua ocorrência, do meio físico e social a que pertence, da técnica decorrente dos materiais empregados e, finalmente, dos objetivos e dos recursos financeiros disponíveis para a realização da obra, ou seja, do programa proposto.” [costa, 1995]

Como prever, para uma intervenção, programa atual, utilizando de técnicas construtivas atuais, sem agredir àquela primeira ordem arquitetônica? Como interferir naquela lacuna, deixada pelo tempo na cidade, sem inferir regras que despenquem para um modo de utilização do espaço não equivalente ao funcionamento da cidade?

Quando é levantado o questionamento sobre a técnica, principalmente por este trabalho não ansiar o tratamento da preservação de patrimônio histórico [ restauração ], no sentido de preservá-lo, a ponto de impedir a realização de qualquer coisa, e sim considerar, como já mencionado, que não se faz arquitetura utilizando de técnicas e preceitos ideológicos de outras épocas. Sobretudo porque, para se trabalhar arquiteturas têm que levar em consideração a nova dinâmica urbana ali existente, não podendo somente utilizar de imitação do entorno para atingir a área de intervenção e, tudo isto, objetivando o encontro do equilíbrio entre passado e presente, verificando as relações possíveis entre a arquitetura de hoje e a de ontem, principalmente do ponto de vista da prática do projeto arquitetônico e urbano.

Assim, não é ignorada a manutenção de características formais e técnicas essenciais, para que a memória

pertencente ao edifício e a seu uso no passado não sejam encobertos e ignorados, mas não se coloca isto como base primordial da intervenção – da forma como são tratadas as arquiteturas reconhecidas por instituições como Patrimônios da humanidade -, utiliza-se destas estruturas erguidas como bens que nos servem como possibilidade de suprir o presente, a partir de sua construção, de sua infraestrutura - utiliza-a como benefício, como adição, e não somente como parte de outra história, que deveria ser resguardada por este único motivo.

A intenção não é desvendar o passado e sim incluir o que existe no presente com o benefício da utilização de elementos contemporâneos, técnicos e formais, que visam à requalificação e inserção do edifício à nova lógica urbana.

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PROGRAMA

“É preciso se liberar das ‘amarras’, não jogar fora simplesmente o passado e toda a sua história; o que é preciso é considerar o passado como presente histórico. O passado, visto como presente histórico, é ainda vivo, é um presente que ajuda a evitar as arapucas... Frente ao presente histórico, nossa tarefa é forjar outro presente, ‘verdadeiro’, e para isso é necessário não um conhecimento profundo de especialista, mas uma capacidade de entender historicamente o passado, saber distinguir o que irá servir para novas situações de hoje que se apresentam a vocês e tudo isso não se aprende somente nos livros. (...) Na prática , não existe o passado, o que existe é o presente histórico.” [bardi, 1992]

Outro ponto que se considera como parte do desenvolvimento da técnica, enquanto aliada à realização de um projeto contemporâneo, está relacionado com o programa que será aplicado na intervenção.

Ou seja, não considera a técnica construtiva e de conhecimento dos materiais empregados, como exclusiva ferramenta para um projeto contemporâneo, mas sim adiciona a função do programa como suporte para o sucesso do projeto, principalmente pelo programa estar intrinsecamente ligado às questões: qual a característica da região receptora da intervenção, quais suas particularidades, qual o papel que esta desempenha num cenário mais amplo e, somando-se todas estas informações, qual a função que deverá abrigar este novo equipamento?

Em outras palavras, considera-se que o programa é parte da técnica utilizada, em arquitetura, na atividade

de apropriação e desenvolvimento positivo de espaços, e que a análise para a escolha do que melhor se enquadra na intervenção é derivante do estudo do edifício e da cidade:

“trabalhar o lugar e tentar descobrir o que aquela prearquitetura pode proporcionar, não somente descobrir o que precisa ser feito, mas também o que pode ser oferecido” [nota de aula]

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OBJETIVOSobjeto e áreaaproximaçãosituação base

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OBJETO DE TRABALhO:

Centro de Convenções e Exposições Comendador Oscar Ferreira [São Carlos ExpoShow]

OBJETIVOS DO TRABALhO:

Trabalhar a infraestrutura existente [ considerada subutilizada ], implantando “atrativos” de uso público e comum – atividades concretizadas a partir de ações de intervenção no objeto arquitetônico.

Encontrar o equilíbrio entre o VERNACULAR [preexistência ] e o CONTEMPORÂNEO [ tecnologia ], no intuito de garantir a inclusão, daquela arquitetura, no estado atual de crescimento da cidade, ao mesmo tempo em que a valoriza, considerando que ela possui vestígios de uma história, que não deve ser encoberta ou esquecida.

Garantir que a intervenção não se torne somente um aparato institucional, mas sim um modelo de arquitetura com qualidade [ embutida tanto em sua plasticidade quanto na função de seus equipamemtos ] objetivando sua efetiva apropriação por parte de seus usuários diretos e / ou indiretos.

Expandir a intervenção, que ‘invade’ e inclui o bairro naquela ação, utilizando dos seguintes pressupostos: reintegrar vazios, reestruturar o tecido, costurar interstícios. Visando, sobretudo, a diminuição do impacto existente pela presença de nichos industriais e da ferrovia

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O Centro de Convenções e Exposições Comendador Oscar Ferreira [São Carlos ExpoShow], foi escolhido para o desenvolvimento dos eixos de intervenção, aqui já mencionados, devido suas características estarem intimamente ligadas ao partido adotado.

Localizado na área oeste da cidade de São Carlos, o Pavilhão, que servia a rede de abastecimento CEAGESP, é caracterizado por uma arquitetura industrial, provavelmente de construção datada do início do século XXi , em ótimo estado de conservação.

Possui ampla dimensão, marcada por uma modulação de pilares de 10,0 x 4,0 m. Suas paredes, erguidas em tijolo de barro maciço, chamam a atenção para a qualidade técnica de sua construção, pelo posicionamento perfeito os tijolos, que formam uma fachada com materialidade homogênea, desenhada, simetricamente, por suas aberturas e pilares.

hoje é utilizado na realização de feiras e eventos de grande porte, porém, estes eventos ocorrem de maneira muito efêmera, contribuindo para que na maior parte do tempo o edifício, e seu terreno, permaneçam sem uso.

O que demonstra certo desperdício para uma região, de uso predominantemente residencial, próximas a duas das áreas mais carentes da cidade, o Jardim Cidade Aracy e Jardim Gonzaga, que não contam com espaços livres de lazer e de equipamentos públicos que ofereçam uma melhora no cotidiano dos moradores dali.

Somado a isto, o que chama atenção na área é uma segregação espacial demarcada pela presença da FEPASA

i Referenciasexatassobreadatadeconstruçãodoedifícioaindanãoforamencontradas.Aredita-se que seja esta a data, devido a construção da estaco principal da cidade ter sido inauguradanoanode1884.

[Ferrovia Paulista SA] que margeia o galpão e o coloca no centro de dois usos adversos da malha urbana: no lado norte, o mesmo onde da área pretendida para o projeto, concentra-se um uso industrial, impactado pela presença da Tecunseh Ltda e da Eletrolux, que ocupa uma grande área, gerando uma espécie de muro para o centro da cidade, dificultando até mesmo o acesso à área; e, no lado sul, concentra-se um uso residencial, com habitações de padrão médio e popular.

Esta característica torna mais clara a demarcação do vazio provocado pela deficiência de uso efetivo do terreno, onde está implantado o galpão, e que o fortalece no sentido de que se apresenta como ponto estratégico para ações projetuais de revalorização da área residencial, enfraquecida pela presença destes nichos industriais.

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Com a escolha do programa, do que chamo de Estação-Escola - equipamento de suporte, a projetos de extensão promovidos pelo Governo do Estado de São Paulo, em São Carlos, e pela Prefeitura Municipal, como, por exemplo, o Projeto Gurii e os Programas Arte Cultura nas Escolasii e Educação Patrimonialiii -, proponho incentivar o interesse pela cultura e educação tanto para os cidadãos de São Carlos como para, principalmente, para o publico alvo desta intervenção: crianças do ensino fundamental da rede pública escolar.

E, para além desta justificativa de fomento à cultura e educação, proposta pelo novo estabelecimento, a intervenção se afirma pela escolha da área, carente de equipamentos de lazer e voltados à educação.

Se forem analisados dados do Plano Diretor da cidade temos claro que, a partir de 2000, acentua-se consideravelmente a segregação sócio-econômica no

i OProjetoGuri,principaliniciativadaAAPG[AssociaçãoAmigosdoProjetoGuri],existedesde1995.OGuriéumprojetosocioeducativoqueoferececontinuamente,nosperíodosdecontraturnoescolar,cursosdeiniciaçãoeteoriamusical,coraleinstrumentosdecordas,madeiras,soproepercussão.AtualmenteoProjetoGuriatendecercade40milalunosem301municípiosdoEstadodeSãoPaulo.AlémdoGovernodoEstado–seuprincipalparceiromantenedor–aAAPGconta comoapoiodeprefeituras,organizações sociais,empresasepessoasfísicas.Fonte:http://www.projetoguri.com.brii OProgramaArteCulturanasEscolasvisaodesenvolvimentointegraldeprofes-sores/aseeducandos/as,visandooestímulo,valorizaçãoerealizaçãodeaçõeseprojetosdirecionadosàArte,EducaçãoeCulturadentroeforadasunidadesescolares.Fonte:http://www.saocarlos.sp.gov.briii O Programa de Educação Patrimonial, desenvolvido pela Secretaria Municipalde Educação, visa o planejamento, execução e avaliação de ações educativas direcionadasao reconhecimento, valorização e preservação do patrimônio material (bens móveis,imóveis ou naturais) que possuem significado artístico, religioso, arquitetônico, cultural equesãoconstituintesdahistóriadomunicípiodeSãoCarlos.Visaainda,oreconhecimentoe valorizaçãodos saberesepráticas tradicionaisque contribueme/ou contribuíramparaaformaçãodascomunidadessão-carlenses taiscomocelebrações,culinária, línguas, saberestransmitidos oralmente,manifestações artísticas tipicamente locais (danças, ritmos), entreoutrasdiretamente relacionadasàhistóriadegrupossociaispertencentesaomunicípiodeSãoCarlos.Fonte:http://www.saocarlos.sp.gov.br

território urbano, que colabora com um processo de expansão e concentração da população carente, que aos poucos foi sendo expulsa para a periferia, longe da maior parte dos equipamentos voltados à educação, que quando existem no local, não conseguem atender a demanda. Segundo o Plano Diretor da cidade “a maior concentração e diversidade de equipamentos de educação se encontra na região central, assim como os maiores índices de escolaridade”.

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equipamentos de educação. Fonte: Plano Diretor

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É interessante notar o contraste destas regiões, no que tange a densidade demográfica e anos de escolaridade. Dados que afirmam a necessidade de aplicação de equipamentos voltados a educação na periferia da cidade de São Carlos. Fonte: Plano Diretor

E, também, o programa aqui proposto, procura abarcar as condições naturais do edifício dado, bem como, inclui no ambiente uma nova característica plástica, contemporânea, feita com sutis escolhas de componentes que incluem uma nova materialidade, que procuram combinar com a materialidade existente, sem agredir ou perturbar-la.

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“trabalhar o lugar e tentar descobrir o que aquelas prearquitetura pode proporcionar, nã o somente descobrir o que precisa ser feito mas também o que pode fer o f e r e c i d o ”

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Inicialmente, o programa compreendido pelo projeto continha somente a implementação de uma midiateca, no espaço do São Carlos – Exposhow, que objetivava mais um espaço voltado à pratica da leitura, provocado pelo uso de novas mídias [por isto a denominação MIDIATECA] mas também com espaços de “estar” qualificados, que favorecessem à permanência dos usuários. Mas, com o estudo e levantamento destes programas promovidos pela iniciativa publica, nota-se a possibilidade do aumento de funções na intervenção a ser trabalhada, até mesmo porque a área requeria uma intervenção mais ampla, que provocasse o uso do espaço de maneira mais ativa, levando-se principalmente em consideração que o espaço é dono de grande potencial, tanto por sua dimensão, como por sua localização, em área de uso predominantemente residencial e pela proximidade que tem com relação às regiões mais carentes da cidade (Cidade Aracy e Jardim Gonzaga).

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Assim, o programa cresce e passa a conter, alem da midiateca, anfiteatro para 450 pessoas, salas multiuso, oficina de maquetes e modelos, oficina de música, oficina de dança, oficina de artes, laboratório de culinária.

Com o acréscimo de funções o que ocorre é que o programa não caberia somente no edifício dado, seria necessário também aumentar a área construída do equipamento, primeiramente para que não se abrisse mão da característica principal do edifício, que é a planta aberta e também pelo módulo de seus pilares [4,0 x 10,0 m] dificultar a implantação de salas de dimensões consideráveis, como a oficina de dança, que necessita de espaço amplo, para a execução das aulas.

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É iniciado o trabalho de “inclusão” de áreas. Primeiramente, estes equipamentos quase que ficavam num anexo, sem ligações físicas com o edifício existente, porém, com o desencadear de idéias e desenhos, ele acaba conectando-se de maneira afirmativa ao edifício, e as funções do programa passam a ser ligadas por uma grande rampa, dispostas no interior do edifício.

Somente o volume do anfiteatro e da oficina de maquetes e modelos é que estão “para fora” do pavilhão. Porém anfiteatro tem seu acesso pela área interna, junto a um hall de acesso, que também funciona como pátio para refeições, que por vez serve de auxilio à lanchonete – que é disposta na mesma área do laboratório de culinária. Já a oficina de maquetes e modelos, conta com acesso externo, devido à escolha de sua implantação ser no nível do solo e contribuinte à volumetria criada com o anfiteatro.

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MIDIATECANesta área procura-se trabalhar com um layout que

não se sobressaia com a organização modular dos pilares que sustentam a cobertura, assim, busca-se uma equivalência de organização espacial, daquele para esta arquitetura.

Isto, sobretudo, nas áreas de acervo físico, digital e de estudos, pois, a área de acervo infantil, ao centro das funções da midiateca, intenciona uma “brincadeira” para os momentos de fomento à leitura das crianças. Busca-se, nesta área, uma aproximação, concretizada pelo mobiliário criado para este acervo, da criança com a leitura, provocando o interesse pelo livro a partir do mobiliário.

Nas outras áreas, como elas são pretendidas, sobretudo para um público de jovens do ensino fundamental, faz-se uso dos meios digitais para provocar o usuário e assim aproximá-lo da prática da leitura. Assim, o acervo digital, coloca-se como atrativo para os usuários.

Com a disponibilização de várias obras da literatura, entre outras, em bibliotecas nacionais virtuais nota-se que é possível tornar a prática da leitura mais interessante aos olhos de usuários nunca tiveram o livro em seu cotidiano. Coloca então isto como ponto de partida que instigaria o usuário pelo conhecimento e que o levaria ao acervo digital e, conseqüentemente aos espaços de leitura criados na área da midiateca, bem como nos espaços dentro e fora do edifício, que são tratados como áreas de estar.

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MULTIUSOEstas cinco salas, por mais que aparentem ser

semelhantes, principalmente por terem as mesmas dimensões, divergem em sua organização a partir da diversidade de cada uso, nelas contido.

Por exemplo, a música deve estar em um espaço trabalhado com tratamento acústico; a dança deve ser incluída em espaço amplo, próximo a vestiários; as artes necessitam de mobiliário e equipamento suporte diferenciado; assim como a modelos, que além de necessitar de uma estrutura mais rígida de suporte, devido aos equipamentos que nela serão instalados serem de considerável peso, também provoca muito ruído, então ela é deslocada, afastada das outras salas, para que nenhuma atividade seja perturbada por outra; e a multiuso já necessita de equipamento de mídia, de mobiliário para aulas mais convencionais, como de línguas, e etc.

CULINÁRIAA culinária sobressai pela sua diversidade de

atividades. Pois, além de atender como lanchonete, também serve de suporte a aulas, tanto para os usuários alvo do programas – crianças do ensino fundamental da rede pública de ensino – também é pretendida para a realização de cursos de culinária para a comunidade.

AUDITÓRIOCom capacidade para 450 pessoas, o auditório, além de

servir para a realização de eventos e palestras, também é projetado para a exibição de filmes, ou seja, também trabalha como sala de cinema, objetivando aproximar este tipo de equipamento para com aquela comunidade, principalmente devido a carência de salas de cinema na cidade de São Carlos.

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corte aa

corte BB

elevação sudeste

midiateca

musica

artes

dança multiuso

auditorio

modelos

area cobertaculinaria

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estação escola

Além do aspecto funcional do programa, é proposto neste projeto intervenção que vai para além das paredes do Pavilhão.

Como já foi mencionado, a presença de nichos industriais, bem como da ferrovia, provoca o enfraquecimento do uso residencial da região, por mais que este esteja em maior quantidade. É possível afirmar isto a partir da visita feita aos bairros adjacentes ao Pavilhão [Jardim Cruzeiro do Sul e Vila Morumbi], que mesmo sendo caracterizado for relevante adensamento populacional, o fator “vida nas ruas” é quase inexistente. Não há crianças brincando, não há pessoas sentadas nas calçadas, como seria de praxe uma situação a ser encontrada em bairros periféricos de cidades de médio porte.

O que parece faltar são espaços de encontros nesses bairros, áreas qualificadas voltadas para o lazer, prática de esportes, para descanso, enfim, espaços que criem um ambiente agradável, que propiciem um maior aproveitamento dos espaços públicos pelos que moram no bairro.

Neste sentido, a partir de leituras feitas nas áreas, são encontrados pontos de “clareira” na região, vazios entre os lotes das casas, em sua maioria de grandes dimensões, sempre em contraste com um adensamento vizinho de residências.

Assim, são pretendidas para estas áreas a implantação de equipamentos para criação de áreas de lazer e estar e um trajeto para pedestres e ciclistas que “costura” estes interstícios da região, configurando-os como pertencentes a mesma intervenção, atribuído com qualidade e identidade, trajetos que ora tem seu fim na Estação e ora seu início.

Estes trajetos também estão relacionados com outro fator que veio com a confirmação a respeito de um projeto da prefeitura municipal, que irá implantar na cidade o “Trem Turistico – projeto que visa restaurar uma antiga locomotiva da cidade e terá seu percurso definido a partir de atrativos turísticos, pelos quais passa a linha férrea da cidade, no caso, irá da antiga Estação Ferroviária de São Carlos, atual Estação Cultura, até a Fazenda Pinhal, passando então pela área do Pavilhão do São Carlos Exposhow.

Assim, uma parte deste trajeto é incluída em área tangente à ferrovia, no caso na parte que margeia os muros do CDhU e é ponto de conexão do lado norte com o lado sul da ferrovia, buscando favorecimento mutuo, tanto para este projeto como para o trajeto do “Trem Turistico”.

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ACESSO

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ÁREA COBERTA / EVENTOS E

APRESENTAÇÕESACESSO AO PAVILHÃO

AREA INFANTIL

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ÁREA DE ESTAR

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