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Faculdade de Ciências e Filosofia Faculdade de Ciências e Filosofia – Campus de Marília Campus de Marília Programa de Pós Programa de Pós Graduação em Filosofia Graduação em Filosofia Departamento de Filosofia Departamento de Filosofia Conselho de Curso de Filosofia Conselho de Curso de Filosofia Caderno de Caderno de Resumos Resumos V Encontro V Encontro da Pós da Pós- Graduação em Filosofia da Graduação em Filosofia da UNESP UNESP 15 Anos PPGFil 15 Anos PPGFil - - UN UN ESP ESP “Homenagem ao Prof. Antonio Trajano Menezes “Homenagem ao Prof. Antonio Trajano Menezes Arruda” Arruda”

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Faculdade  de  Ciências  e  Filosofia  Faculdade  de  Ciências  e  Filosofia   ––     Campus  de  Maríl iaCampus  de  Maríl ia      

P r o g r ama   d e   P ó sP r o g r ama   d e   P ó s -­‐-­‐ G r a d u a ç ã o   em   F i l o s o f i aG r a d u a ç ã o   em   F i l o s o f i a    D e p a r t amen t o   d e   F i l o s o f i aD e p a r t amen t o   d e   F i l o s o f i a    

C o n s e l h o   d e   C u r s o   d e   F i l o s o f i aC o n s e l h o   d e   C u r s o   d e   F i l o s o f i a  

Caderno de Caderno de

ResumosResumos

V Encontro V Encontro da Pósda Pós--Graduação em Filosofia da Graduação em Filosofia da UNESPUNESP

““ 1 5 A n o s P P G F i l1 5 A n o s P P G F i l -- U NU N E S PE S P ”” “ H o m e n a g e m a o P r o f . A n t o n i o T r a j a n o M e n e z e s “ H o m e n a g e m a o P r o f . A n t o n i o T r a j a n o M e n e z e s

A r r u d a ”A r r u d a ”

 

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M a r í l i aM a r í l i a –– 33 00 / 1/ 1 11 a 0a 0 2 / 1 22 / 1 2

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Programação

30 de Novembro de 2011 (quarta-feira)

10h-12h - Sessão de Trabalhos I 14h-18h30 - Sessão de Trabalhos II 19h30 – Abertura Local: Anfiteatro I Prof. Dr. Ricardo Pereira Tassinari (Coordenador do Conselho da PPGFil-UNESP) João Antonio de Moraes (comissão organizadora) 20h-22h Mesa-Redonda de abertura: Origens da PPGFil-UNESP Expositores: Lauro Frederico Barbosa da Silveira Maria Eunice Quilici Gonzalez Carmen Beatriz Milidoni Moderador: João Antonio de Moraes (Aluno do PPGFil-UNESP) Local: Anfiteatro I

01 de Dezembro de 2011 (quinta-feira)

10h-12h30 - Sessão de Trabalhos III 14h-18h - Sessão de Trabalhos IV 20h-22h Mesa-Redonda: Alunos egressos Expositores: Eloisa Benvenutti Marcio Tadeu Girotti Luis Felipe de Oliveira Marcos Antonio Alves Moderador: Débora Barbam Mendonça (Mestre em Filosofia pelo PPGFil-UNESP) Local: Anfiteatro I

02 de Dezembro de 2011 (sexta-feira)

10h-12h - Sessão de Trabalhos V 14h-18h - Sessão de Trabalhos VI

PPGFil

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20h-22h Mesa-Redonda: A PPGFil-UNESP hoje Expositores: Reinaldo Sampaio Pereira Ricardo Pereira Tassinari Mariana Claudia Broens Moderador: Danilo Ramos Meira da Silva (Aluno do PPGFil-UNESP) Local: Anfiteatro I 22h - Encerramento

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S E S S Õ E S D E S E S S Õ E S D E T R A B A L H O ST R A B A L H O S

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30  de  novembro  de  2011  (Quarta-­‐Feira)  Sessão  de  trabalhos  I  

 

Teoria  Crítica  I  

Mediador:  Thiago  Evandro  Vieira  da  Silva  

Local:  Anfiteatro  I  

Hora:  10h-­‐12h  

 Identidade  do  eu  desde  a  perspectiva  do  primeiro  Habermas  Luís  César  Alves  Moreira  Filho  (UNESP/Marília)    A  recepção  estética  e  perceptiva  do  cinema,  a  produção  de  bens  culturais,  a  obra  de  arte  e  a  mercadoria  do  início  do  século  XX  Angélica  Antonechen  Colombo  (UNESP/Marília)    Mundo  da  vida  e  intersubjetividade  linguística  à  luz  da  teoria  evolutiva  de  Habermas  Anatoli  Gradiski  (UNESP/Marília)    A  apropriação  de  Hegel  pelo  pensamento  politico  de  Marcuse  Thiago  Evandro  Vieira  da  Silva  (UNESP/Marília)    

Teoria  Crítica  II  

Mediador:  Felipe  Resende  da  Silva  

Local:  Sala  64  (mini-­‐auditório)  

Hora:  10h-­‐12h  

 Eros  e  o  Esclarecimento  Maria  Érbia  Carnaúba  (UNICAMP)    A  televisão  analisada  sob  a  ótica  da  indústria  cultural:  algumas  considerações  Barbara  dos  Santos  (UNESP/Bauru)    Uma  breve  introdução  ao  problema  do  tédio  em  Theodor  W.  Adorno  Felipe  Resende  da  Silva  (UNESP/Marília)  

   

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Sessão  de  trabalhos  II    

Filosofia  Política  e  do  Direito  

Mediador:  Luana  Turbay    

Local:  Anfiteatro  I  

Hora:  14h-­‐16h30  

 Relações   entre   poder   e   direito   na   visão   de   Carl   Schmitt,   Michel   Foucault   e  Pachukanis  Cristiane  Moreira  Lima  (UNESP/Marília)    Ser  e  dever-­‐ser:  proposta  de  uma  interpretação  acerca  da  dignidade  da  pessoa  Alan  Ibn  Chahrur  (UNIVEM)    Hospitalidade,  justiça  e  direito  numa  democracia  por  vir  Marcelo  José  Derzi  Moraes  (UFRJ)    Entre  o  abuso  e  a  legitimidade?  A  representação  política,  poder  intermediário  André  Queiroz  de  Lucena  (UNIFESP)    A  dignidade  da  política  e  a  dignidade  humana:  a  crítica  arendtiana  a  filosofia  política  “tradicional”  Luana  Turbay  (UNESP/Marília)  

 

Estética  e  Filosofia  da  Arte  

Mediador:  Débora  Barbam  Mendonça  

Local:  Anfiteatro  I  

Hora:  16h30-­‐18h30  

 Os  opostos  esclarecidos:  Rousseau  e  Diderot  nas  representações  Diego  Rodriguez  Perin  (UNESP/Marília)    Arte  e  realidade,  cultura  e  política:  um  diagnóstico  para  o  cinema  latino-­‐americano  presente  no  manifesto  “uma  eztétyka  da  fome”,  de  Glauber  Rocha  Héder  Junior  dos  Santos  (UNESP/Assis)    A  analítica  do  espaço  na  arqueologia  de  Michel  Foucault    Caio  Augusto  T.  Souto  (UFSCar)  

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 Aspectos   iconográficos   e   filosóficos   da   obra   A   Virgem   do   Magnificat   de   Sandro  Botticelli  Débora  Barbam  Mendonça  (UNESP/Marília)    

01  de  dezembro  de  2011  (Quinta-­‐Feira)  Sessão  de  trabalhos  III  

 

Filosofia  Moderna  I  

Mediador:  Ana  Paula  de  Oliveira  

Local:  Anfiteatro  I  

Hora:  10h-­‐12h30  

 

A   república   platônica   como   ideia   prática   para   a   república   de   Kant:   elementos   de  filosofia  política  na  dialética  transcendental  da  Crítica  da  Razão  Pura  Alberto  Paulo  Neto  (USP)    Sobre  a  pedagogia:  o  lugar  da  educação  na  filosofia  prática  de  Kant  Renata  Cristina  Lopes  Andrade  (UNESP/Marília)    O  conceito  de  consciência  transcendental  em  Fichte  e  o  pensamento  romântico  Ricardo  Farias  Martins  Lopes  (UNESP/Marília)    Ciência  nas  concepções  de  vida  e  morte  em  Schopenhauer    Juliana  Fernandes  Breda  (UNESP/  Marília)    Kant,  entre  Hume  e  Wolff  Ana  Paula  de  Oliveira  (UNESP/Marília)      

 Epistemologia  e  Filosofia  da  Ciência  

Mediador:  Danilo  Ramos  Meira  da  Silva  

Local:  Sala  64  (mini-­‐auditório)  

Hora:  10h-­‐12h  

 

O  conceito  de  operação  em  Piaget  Alexandre  Augusto  Ferraz  (UNESP/Marília)  

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 Autoridade  científica  e  racionalidade:  é  racional  acreditar  na  ciência?  Delvair  Custódio  Moreira  (UFSC)    O   sistema   das   ciências   segundo   a   Epistemologia  Genética:   contribuições   para   uma  Teoria  do  conhecimento  Kátia  Batista  Camelo  Pessoa  (UNESP/Marília)    Considerações  sobre  Psicogênese  e  Sociogênese  do  tempo  segundo  a  Epistemologia  Genética  Danilo  Ramos  Meira  da  Silva  (UNESP/Marília)    

 Sessão  de  trabalhos  IV  

   

Filosofia  Contemporânea  I  

Mediador:  João  Antonio  de  Moraes  

Local:  Anfiteatro  I  

Hora:  14h-­‐16h30  

 A  ciência  como  cognição  distribuída  e  o  problema  da  agência  epistêmica  Tales  Carnelossi  Lazarin  (UFSCar)    Contraste  das  teorias  da  consciência  de  Baars  e  Dennett  Samuel  de  Castro  Bellini  Leite  (UNESP/Marília)    Os  relacionamentos  líquidos  segundo  Bauman  Nelson  Maria  Brechó  (PUC-­‐SP)    A   técnica   e   o   lugar   do   homem   em   Martin   Heidegger   em   breves   passagens   pela  literatura  brasileira    Fabio  Marchon  (UFRJ)  Luiz  Fernando  Medeiros  de  Carvalho  (UFF)    O  problema  da  privacidade  no  contexto  informacional  João  Antonio  de  Moraes  (UNESP/Marília)    

 

Filosofia  Contemporânea  II  

Mediador:  Rodrigo  Canal  

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Local:  Sala  64  (mini-­‐auditório)  

Hora:  14h-­‐16h    

 Zé  Ninguém  entre  quatro  paredes:  uma  releitura  da  destruição  da  subjetividade  Clayton  Alexandre  Zocarato  (Faculdade  Dom  Bosco)      Uma  análise  da  filosofia  econômica  e  política  da  Igreja  de  Jesus  Cristo  dos  Santos  dos  Últimos  dias  Zane  Halruth  (UNESP/Marília)    O  Raciocínio  Abdutivo  como  aspecto  da  Lógica  Peirceana  Luciane  Rodrigues  (UNESP/Marília)  &  Michelle  Tavares  Verginassi  (UNESP/Marília)    Notas  sobre  a  noção  de  pensamento  crítico  e  sua  relação  com  a  Filosofia  Rodrigo  Canal  (UFOPA)    

 

Filosofia  Política  II  

Mediador:  Raphael  Guazzelli  Valerio    

Local:  Sala  64  (mini-­‐auditório)  

Hora:  16h-­‐18h  

 Reflexões  acerca  da  categoria  trabalho  na  ontologia  do  ser  social  de  György  Lukács  Claudio  Duarte  (PUC-­‐SP)    Perdão  e  promessa:  os  limites  da  ação  em  Hannah  Arendt  Ana  Paula  Pedroza  Moura  (UERJ)    Aparelhos  privados  de  hegemonia  possível  e  impossível:  sociedade  civil  e  estado  em  Gramsci  Joaquim  Pacheco  de  Lima  (UEL)  &  Beatriz  Batista  da  Silva  (UEL)    A  Pedagogia  Anarquista:  uma  introdução  Raphael  Guazzelli  Valerio  (UNESP/Marília)    

02  de  dezembro  de  2011  (Sexta-­‐Feira)  Sessão  de  trabalhos  V  

 

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Filosofia  da  Mente  e  Pragmatismo  

Mediador:  Fernando  César  Pilan  

Local:  Anfiteatro  I  

Hora:  10h-­‐12h  

 Uma  análise  da  noção  de  liberdade  à  luz  do  conceito  de  hábito  em  John  Dewey  Nicholas  Gabriel  Minotti  Lopes  (UNESP/Marília)    Daniel  Dennett  e  o  Modelo  dos  Esboços  Múltiplos  Gustavo  Vargas  de  Paulo  (UNESP/Marília)    O  Problema  da  consciência  e  a  Hipótese  Crick-­‐Koch:  A  Teoria  das  Oscilações  40  Hz  e  a  Teoria  das  Coalizões  Diogo  Fernando  Massmann  (UNESP/Marília)    Uma  defesa  do  senso  comum:  breves  considerações  sobre  a  filosofia  de  Thomas  Reid  Fernando  César  Pilan  (UNESP/Marília)  

Filosofia  Moderna  II  

Mediador:  Tomás  Farcic  Menk  

Local:  Sala  64  (mini-­‐auditório)  

Hora:  10h-­‐12h  

 A   Lei   divina   e   a   Família:   considerações   a   partir   do   §   456   da   Fenomenologia   do  Espírito  de  Hegel  Claudeni  Rodrigues  Oliveira  (UNESP/Marília)    Conhecimento  e  afetividade  em  Espinosa  Adriano  Pereira  da  Silva  (UNESP/Marília)    Espinosa:  da  servidão  à  liberdade  Orion  Ferreira  de  Lima  (UNESP/Botucatu)    A  formação  científica  do  conceito  de  consciência  em  Hegel  Tomás  Farcic  Menk  (UNESP/Marília)    

Sessão  de  trabalhos  VI    

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Filosofia  Antiga  e  Medieval  

Mediador:  André  de  Deus  Berger  

Local:  Anfiteatro  I  

Hora:  14h-­‐16h  

 O  conceito  literário  de  Pessoa  como  princípio  normativo  do  agir  e  fazer  humano  Marivelto  Leite  Xavier  (UNISINOS/UNED-­‐MT)    O   problema   da   autoria   do   mal   no   livro   I   do  De   Libero   Arbitrio,   de   Agostinho   de  Hipona  Giovanna  Usai  (USP)    Considerações  a  respeito  da  Percepção  no  Teeteto  Daniel  Reis  Lima  Mendes  da  Silva  (UFSCar)    Teoria   do   conhecimento   em   Tomás   de   Aquino:   o   papel   das   noções   de   recepção   e  semelhança  André  de  Deus  Berger  (UFSCar)    

Filosofia  Contemporânea  III  

Mediador:  Eloísa  Benvenutti  de  Andrade  

Local:  Anfiteatro  I  

Hora:  16h-­‐18h00  

 Ética  e  práxis  no  segundo  Wittgenstein  Ricardo  Peraça  Cavassane  (UNESP/Marília)    A  mudança  de  ideia  de  Wittgenstein  sobre  a  teoria  da  linguagem  Karina  Oliveira  da  Silva  (UNESP/Marília)    Ciência  e   tecnologização  na  obra  de   Jürgen  Habermas:  a  objetividade  científica  e  o  debate  sobre  a  bioética  Luis  Marcos  Ferreira  (UNESP/Marília)    A  proposta  fenomenológica  de  Merleau-­‐Ponty  Eloísa  Benvenutti  de  Andrade  (USP)  

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R E S U M O S D A S R E S U M O S D A S C O M U N I C A Ç Õ E SC O M U N I C A Ç Õ E S

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A PROPOSTA FENOMENOLÓGICA DE MERLEAU-PONTY ANDRADE, Eloísa Benvenutti de. Doutorando em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Bolsa: CAPES. [email protected] Merleau-Ponty (1908-1961) acredita que buscar o sentido próprio das coisas, aquilo que poderíamos chamar de “experiência real”, é diferente de explicar, como no modelo cartesiano, a “ação das coisas sobre o espírito”. Para Merleau-Ponty, a única possibilidade que existe de uma coisa agir sobre o espírito é se ofereço a este espírito um sentido e manifesto nele as estruturas inteligíveis. A análise do ato de conhecer requer “[...] a ideia de um pensamento constituinte ou naturante que funda interiormente a estrutura característica dos objetos”. Então, para que seja possível indicar ao mesmo tempo a intimidade dos objetos no sujeito e a presença neles de estruturas sólidas, que os distinguem de “aparências”, Merleau-Ponty propõe chamar ambas as situações de fenômenos. Disto segue-se a fenomenologia, que deverá ser compreendida como “um inventário da consciência como meio do universo”. Nossa comunicação apresentará algumas questões fundamentais para a compreensão desta proposta fenomenológica de Merleau-Ponty. Apontaremos alguns pontos importantes para a forma como o autor realiza sua leitura crítica sobre a ontologia tradicional e como fundamenta sua proposta de conciliação entre psicológico e fisiológico. Pela análise feita por Merleau-Ponty em sua fase inicial sobre a percepção, veremos que os indivíduos captam diversas formas de acordo com sua “situação” no mundo. Daqui o filósofo dirá que não é possível reduzir consciência a coisa e introduzirá sua noção de ser no mundo. Veremos os pressupostos que originaram conceitos como os de situação, percepção e instituição. Analisaremos, para tanto, alguns trechos da obra Fenomenologia da percepção junto com “as relações entre a alma e corpo” interpretadas em Estrutura do comportamento, tendo em vista, contudo, a última ontologia do autor. Palavras-chave: Merleau-Ponty; Fenomenologia; ontologia; percepção. SOBRE A PEDAGOGIA: O LUGAR DA EDUCAÇÃO NA FILOSOFIA PRÁTICA DE KANT ANDRADE, R. C. L.; CARVALHO, A. B. Doutorando em Educação pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. Bolsa: CAPES. [email protected] No presente trabalho buscaremos localizar o lugar próprio da Educação na Filosofia Prática de Kant. A educação, segundo a perspectiva de Kant, compõe umas das partes de sua filosofia prática, isto é, a parte empírica (ou a segunda parte da moral) do seu pensamento prático, o qual tratará, especificamente, da moralidade aplicada ao Homem. Noutras palavras, a educação é indicada pelo filósofo enquanto um dos caminhos para o alcance (efetivação) da moralidade, como um dos mecanismos capaz de efetivação do princípio prático fundamental, a saber, a lei moral, a qual, segundo Kant, confere o genuíno valor moral às ações humanas. Pensamos que a formação moral (ou formação do caráter, efetivação moral), mediante a educação, pode ser evidenciada quando localizamos o lugar singular que a educação ocupa no interior da filosofia moral kantiana. Eis o que pretendemos expor e justificar. A razão da investigação centra-se na pesquisa, em andamento, intitulada: Formação moral, Educação e Amizade: um estudo a partir da filosofia prática de Kant, que, ademais, coloca a questão: a ética pode ser ensinada?

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Palavras-chave: Kant; Filosofia Prática; Moralidade; Pedagogia; Educação. ASPECTOS ICONOGRAFICOS E FILOSOFICOS DA OBRA A VIRGEM DO MAGNIFICAT DE SANDRO BOTTICELLI MENDONÇA, Débora Barbam. Mestre em Filosofia em pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] A obra de A Virgem do Magnificat de Sandro Botticelli narra o ato da Virgem Maria na companhia do Menino Jesus e de cinco anjos de escrever o Magnificat, o canto de glória ao Senhor. Julgamos que esta obra ilustra o universo teórico de Botticelli, situando-o como um autêntico artista e intelectual do Renascimento. Este quadro foi encomendado pela família Médici, pois era comum entre as famílias ricas investir na decoração religiosa para que a figuração da vida dos santos aproximasse a vida cotidiana às famílias. Não apenas por meio da narração do “motivo” religioso, mas também pelo uso de elementos iconográficos carregados de conceitos, Botticelli foi capaz de atender as necessidades dos mecenas, uma vez que o concetto desenvolvido para a obra vai ao encontro dos anseios da corte florentina. Assim, no presente trabalho, analisaremos esta pintura de modo a destacar os elementos capazes de figurar o decoro da época, bem como, pretendemos indicar que, assim como nas obras O Nascimento de Vênus e A Primavera, o pintor se valia de conceitos pictóricos capazes de apreender a graça tão almejada entre os artistas. CONTRASTE DAS TEORIAS DA CONSCIÊNCIA DE BAARS E DENNETT BELLINI-LEITE, Samuel de Castro. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. Bolsa: CAPES. [email protected]

A Filosofia da mente e as Ciências Cognitivas desde o fim da década de 40 têm desenvolvido formas de compreensão dos fenômenos mentais, os quais foram excluídos da área científica por bastante tempo. Durante os anos 70, os estudos da consciência foram retomados. Duas importantes teorias sobre a consciência são a de esboços múltiplos desenvolvido por Daniel Dennett em seu livro “Consciousness Explained” e o modelo do espaço de trabalho global construído por Bernard Baars em seu livro “A Cognitive Theory of Consciousness”. Ambas as teorias seguem a perspectiva funcionalista e cognitivista, mas apesar de semelhanças, parecem apresentar afirmações distintas. A teoria de esboços múltiplos de Daniel Dennett (1991) tem como proposta principal mudar a visão da consciência como um “lugar” aonde toda informação consciente é recebida e reunida, formando uma corrente consciente. Ele propõe que todas as variedades da percepção e de atividades mentais são realizadas no cérebro por meio de processamento paralelo de interpretação e elaboração de inputs sensoriais. A informação que entra no sistema nervoso sofre contínua “revisão editorial”. A teoria do espaço de trabalho global de Baars (1988) utiliza de uma metáfora teórica central, da consciência como publicidade, sugerindo que há um sistema chamado “espaço de trabalho global” subjacente a experiência consciente. Este sistema é como um órgão de publicidade do sistema nervoso. Diversos especialistas inconscientes podem competir ou cooperar para obter acesso ao espaço de trabalho global. Após obtenção de tal acesso, podem transmitir suas informações para todos os outros sistemas. O objetivo do trabalho será de realizar um contraste entre as duas teorias, destacando semelhanças e diferenças.

Palavras-chave: Consciência; Esboços Múltiplos; Espaço de Trabalho Global.

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TEORIA DO CONHECIMENTO EM TOMÁS DE AQUINO: O PAPEL DAS NOÇÕES DE RECEPÇÃO E SEMELHANÇA BERGER, André de Deus. Universidade Federal de São Carlos. Bolsa: CAPES. [email protected] Nosso objetivo é investigar a utilização feita por Tomás de Aquino das noções de semelhança e recepção na formulação de sua tese sobre o modo pelo qual o homem estabelece cognição intelectual das coisas sensíveis naturais, uma vez que é tendo em vista o estabelecimento da ciência da natureza que nosso autor apresentará esta tese. A noção de semelhança aparece no axioma de que todo conhecimento ocorre quando há semelhança entre o conhecido e aquele que conhece, e a noção de recepção no axioma de que o conhecer é o receber a forma da coisa conhecida naquele que conhece. A nuance afirmada por nosso autor em sua formulação é a de que é o recipiente quem determina o modo do recebido, o que define o conhecimento a partir daquele que intelige, e não a partir do inteligido. Esta nuance diferencia a tese tomasiana das teses atribuídas por ele aos filósofos da Grécia antiga, com os quais Tomás estabelece contraponto em sua exposição. Palavras-chave: Tomás de Aquino; teoria do conhecimento; ciência da natureza; recepção; semelhança. OS RELACIONAMENTOS LÍQUIDOS SEGUNDO BAUMAN BRECHÓ, Nelson Maria. Mestre em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista e Mestrando em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica – SP. [email protected] Esta comunicação pretende examinar o pensamento de Bauman, sociólogo polonês, acerca do conceito “modernidade líquida” vinculado aos “relacionamentos virtuais”. Para analisar tais conceitos, recorre-se a algumas obras do autor, Modernidade líquida, Amor líquido e Vidas desperdiçadas. Por isso, pergunta-se: Como tecer amizades numa sociedade líquida? Para Bauman, em Modernidade líquida, destaca que a modernidade principia à medida que o espaço e o tempo são separados da prática da vida e entre si. Assim, o tempo tem história e passa rapidamente. Vivencia-se, hoje, a era do espaço virtual, no qual a informação corre veloz, independente de um espaço físico e sim virtual. Segundo Bauman, no seu livro Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos, aponta a “rede” como ponto de conexão e, também, de desconexão virtual e esta é sua diferença específica com as “relações”, “parentescos” e “parecerias”. Ele frisa, inclusive, a facilidade de formar “relacionamentos virtuais”, porque em comparação com a “coisa autêntica”, pesada, lenta e confusa, eles parecem fáceis de usar, inteligentes e limpos. De acordo com Bauman, na sua obra Vidas desperdiçadas, a solidariedade se encontra ausente nos relacionamentos cada vez mais “frios”, preconizados pelo “namoro veloz”. As principais características destes namoros implicam a fragilidade e superficialidade. Faltam-se as “teias de segurança” que as autênticas redes de parentesco, amizade e irmandade de destino costumavam prover de modo concreto, com ou sem novos esforços. A partir dos dados apresentados, percebe-se que as relações se apresentam diluídas pela “modernidade líquida”. Contudo, torna-se salutar o desenvolvimento de amizades para resgatar os encontros, tão importantes à edificação da autêntica amizade. A Internet pode ser uma possibilidade de encontrar e

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formar uma amizade. Porém, o fato de marcar um encontro pessoal possibilita o contato humano, indispensável para o crescimento afetivo. Palavras-chave: Modernidade líquida; Relacionamentos virtuais; Namoro veloz. CIÊNCIA NAS CONCEPÇÕES DE VIDA E MORTE EM SCHOPENHAUER BREDA, Juliana Fernandes. Mestranda em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] É o próprio Schopenhauer quem afirma que …a morte é propriamente o gênio inspirador, ou a musa da filosofia... Dificilmente se teria filosofado sem a morte.. Pensar o problema da morte, porém, implica pensar o da vida, pois ambos estão ligados no vir-a-ser da existência humana. Estamos, portanto, diante não de dois problemas independentes, mas de um único problema, o qual nos apresenta dois lados. Serão também duas as perspectivas sob as quais o autor abordará este problema: de um, lado uma perspectiva científico/naturalista e de outro uma ético/metafísica. Neste trabalho, iremos nos concentrar na primeira destas perspectivas, fazendo uma análise dos capítulos 27 e 28 de O Mundo como Vontade e Representação, nos quais ele, apoiando-se na literatura científica da época, empenha-se em dar uma imagem naturalística do fenômeno da morte, em seu entrelaçamento com o da vida. NOTAS SOBRE A NOÇÃO DE PENSAMENTO CRÍTICO E SUA RELAÇÃO COM A FILOSOFIA CANAL, Rodrigo. Professor Adjunto da Universidade Federal do Oeste do Pará. [email protected] O tema central deste trabalho é de denominado de “pensamento critico”. Nosso trabalho não procura dar uma caracterização própria e nova do que seja pensar criticamente (ou o que seja pensamento critico). A noção de pensamento critico é entendida como análoga à noção de argumentação critica ou mesmo de redação argumentativa critica. O objetivo aqui será listar e descrever algumas visões de alguns filósofos atuais que foram consultados sobre o problema de se saber como argumentar bem e solidamente. Para efeitos apenas didáticos, oferecemos esclarecimentos sobre algumas perguntas, entre elas as seguintes: O que é, ou como podemos definir, o pensamento critico? Qual o papel da argumentação filosófica no aperfeiçoamento do pensar critico? Por que estudar filosofia auxiliaria o aperfeiçoamento o pensar critico? qual a natureza e o papel da filosofia? O que é, ou como podemos definir a argumentação em filosofia? Por que argumentar? Compreender a natureza e o papel da argumentação em filosofia pode nos ajudar a entendermos melhor como é que podemos proceder na tarefa de termos pontos de vistas (próprios) coerentes e se estamos diante de bons e sólidos argumentos numa discussão. Palavras-chave: pensamento critico; lógica da argumentação critica; redação argumentativa; lógica informal; persuasão. EROS E O ESCLARECIMENTO CARNAÚBA, Maria Erbia. Mestranda em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas. [email protected]

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O propósito dessa comunicação é apresentar algumas aproximações e distanciamentos entre Eros e Civilização e a Dialética do Esclarecimento a fim de identificar o diagnóstico de época de ambos. No atual estagio da sociedade, os bens da abastança convertem-se em elementos de miséria. No passado, o a falta de um sujeito social resultava numa superprodução desses bens em meio a crises da economia externa. Hoje ela produz com os grupos que detêm o poder no lugar desses grupos, a ameaça internacional do fascismo. Esse é um ponto em comum entre os autores, mas Marcuse se distanciará em relação à tendência. Para Adorno e Horkheimer, o progresso se converte em regressão. Entretanto, para Marcuse, essa pode ser uma possibilidade, mas baseado no estudo da psicanálise, ele esboçará um sentido oposto que considera a utopia. Para ele, a eliminação das potencialidades humanas do mundo do trabalho (alienado) cria pré-condições para a eliminação para a eliminação do trabalho do mundo das potencialidades humanas. Sobre essas características é que pretendemos discutir. Além disso, é sabida a história de que Marcuse seria o parceiro de Horkheimer na empreitada desse livro, uma vez que a discussão sobre a psicanálise era um elo muito forte entre eles. Entretanto, Adorno ficou com essa tarefa não por acaso. Palavras-chave: Eros, Esclarecimento, diagnóstico, teoria critica. ÉTICA E PRÁXIS NO SEGUNDO WITTGENSTEIN CAVASSANE, Ricardo Peraça. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. Bolsa: CAPES. [email protected]

Do Tractatus às Investigações, toda a filosofia da linguagem de Wittgenstein tem como fim não a linguagem e seus problemas, mas a filosofia e seus problemas, fim para o qual a linguagem é apenas meio. Dentre estes problemas podemos encontrar as questões da ética, tema tratado por Wittgenstein em diversos textos, inclusive no Tractatus Logico-Philosophicus, mas que não é objeto de estudo nas Investigações Filosóficas. Neste trabalho pretendemos responder à seguinte questão: como se colocariam as questões da ética no contexto das Investigações? Para que tal investigação seja possível, nos apoiaremos tanto em outros textos de Wittgenstein pertencentes ao segundo período de sua filosofia, nos quais é abordado o tema da ética, quanto da comparação entre o primeiro e o segundo Wittgenstein no que se refere ao tratamento das questões éticas. Iniciaremos então nossa investigação com uma breve análise da concepção de linguagem desenvolvida nas Investigações (em contraste com aquela desenvolvida no Tractatus), com ênfase na determinação dos limites do sentido, a fim de que possamos compreender, posteriormente, por que tanto o primeiro quanto o segundo Wittgenstein entendem que as questões da ética (assim como as questões dos demais domínios da filosofia, como a estética e a metafísica) pertencem ao domínio do indizível. Por fim concluímos que o papel central que a práxis assume no segundo Wittgenstein produz mudanças significativas não somente em sua filosofia da linguagem, como também em sua ética. SER E DEVER-SER: PROPOSTA DE UMA INTERPRETAÇÃO ACERCA DA DIGNIDADE DA PESSOA CHAHRUR, Alan Ibn. Mestrando em Direito pela UNIVEM – Centro Universitário Eurípedes de Marília. Bolsa: CAPES. [email protected]

O presente artigo visa propor, a partir da filosofia realista do jurista espanhol Javier Hervada, uma perspectiva de interpretação da dignidade da pessoa humana que pretende

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superar a distinção radical entre o Direito e as ciências naturais formulada por Hans Kelsen em sua Teoria Pura do Direito. Tal distinção, em última análise, corresponde à problemática acerca das relações entre o ser e o dever-ser, o que coloca a questão sobre o pano de fundo da dialética entre natureza e cultura. Doravante, busca-se em um primeiro momento explicitar brevemente o posicionamento específico de Kelsen para que, posteriormente, torne-se possível questionar os limites da Teoria Pura do Direito cotejando o positivismo normativista com uma interpretação calcada no realismo jurídico clássico, que reconhece o direito primeiramente como a res iusta, ou seja, aquele objeto atribuído a alguém como algo justo. Portanto, ciente da relevância e da complexidade do problema proposto por Kelsen, esta perspectiva pretende em verdade expor os limites deste ideário tão presente na contemporaneidade e propor-lhe uma solução que vai repercutir na Teoria do Direito em geral e no conceito de dignidade humana em particular. Quanto a esta última, pretende-se apresentar por fim de que maneira a concepção proposta vem se adequar à estrutura jurídico-positiva da atual Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 1988. Palavras-chave: Ser; Dever-ser; Dignidade. A RECEPÇÃO ESTÉTICA E PERCEPTIVA DO CINEMA, A PRODUÇÃO DE BENS CULTURAIS, A OBRA DE ARTE E A MERCADORIA DO INÍCIO DO SÉCULO XX COLOMBO, Angélica Antonechen. Mestranda em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] No início do século XX, o cinema estava em desenvolvimento, e foi sofrendo grandes transformações até ser reconhecido como Sétima Arte. Durante seu desenvolvimento o cinema mostrava modificações nas suas formas de produção, exibição, montagem, adquirindo convenções de linguagem especificamente cinematográficas. Dessa forma, provocava transformações na sociedade, quando esta se via diante de um novo meio de propagação de imagens com uma linguagem própria e que se definia como arte. Com o cinema a percepção dos espectadores sofreu alterações, diante do filme, e após o filme os mesmos entravam em contato com uma nova forma de percepção que contribuía para a transformação do indivíduo na sociedade. A partir desse contexto, visamos determinar as causas sociais da transformação de nosso sistema receptivo e a transformação na nossa linguagem perante a arte, após o nascimento do cinema, principalmente considerando o cinema como a arte das massas. A arte burguesa para Benjamin e o retorno à práxis estética; isto é a visão primeiramente otimista de Benjamin em relação às reproduções técnicas da obra de arte e a ligação inerente da arte burguesa com a mercadoria. Palavras-chaves: Cinema; Percepção; Sociedade; Mercadoria. REFLEXÕES ACERCA DA CATEGORIA TRABALHO NA ONTOLOGIA DO SER SOCIAL DE GYÖRGY LUKÁCS DUARTE, Cláudio. Mestrando em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica – SP. [email protected] O objeto do presente estudo se insere em uma reflexão acerca da categoria trabalho na ontologia de György Lukács. Assim, como se situaria a categoria trabalho em nível da concepção materialista da história? Tal é a situação problema que se abordará nesse

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estudo. Pois, para o pensamento lukacsiano a categoria do trabalho teria nessa concepção a gênese do ser social, assim como todas as demais categorias. Destarte, é também fundamento das teleologias primárias oriundas da relação direta do homem com a natureza à medida que ele produziria as condições concretas de sua existência assim como as teleologias secundárias, ou seja, sua consciência, ou aquilo que sua consciência viria a produzir. Ao se estudar o complexo do trabalho, ainda em Lukács, duas importantes categorias se fazem presentes, ou seja, a alienação (Entäussaerung) e estranhamento (Entfremdung). Alienação (Entäussaerung) enquanto exteriorização/objetivação, muito embora a objetivação seja distinta da exteriorização ambos os conceitos seriam indissociáveis. Quanto ao estranhamento (Entfremdung) em seu processo sócio-histórico diria respeito ao modo de ser do gênero humano num momento específico do desenvolvimento das forças produtivas. Assim sendo, o trabalho seria o eixo estruturador da obra marxiana o que, fica evidente quando Lukács toma contato com os manuscritos econômico-filosóficos e tal contato viria a transformar radicalmente seus estudos. Destarte, o pensamento de Karl Marx estaria fundamentado, sobretudo em uma dimensão necessariamente ontológica, ou seja, a partir da própria coisa, ou seja, da essência ontológica da matéria tratada. Palavras-chave: trabalho; ser social; teleologia; alienação; estranhamento. O CONCEITO DE OPERAÇÃO EM PIAGET FERRAZ, Alexandre Augusto. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. Bolsa: CAPES. [email protected] O presente trabalho pretende um olhar mais profundo com relação ao conceito de operação encontrado na Epistemologia Genética. Conforme pode ser visto em Logique et equilibre (1975), Piaget diz que as operações são “ações interiorizadas ou interiorizáveis, reversíveis e coordenadas em estruturas totais.” No entanto, ao exemplificar o conceito de operação, Piaget fala da capacidade de seriação e classificação (incluindo, nesta, a união, a interseção e a subtração de conjuntos) do sujeito epistêmico, isto é, o sujeito do conhecimento. Porém, entendemos que esses exemplos não são completamente explicados pela definição de operação como ação interiorizada e reversível. Dessa forma, parece que Piaget deixa uma lacuna, em sua obra, entre a ideia de simplesmente agir internamente e as coordenações que as capacidades de classificação e seriação implicam. Essa concepção está de acordo com a crítica do epistemólogo Gilles-Gaston Granger, que também é apresentada por Tassinari (1998) em sua dissertação de mestrado Da Experiência Sensível à Estruturação Lógica do Real: Um Estudo da Forma da Construção do ‘Agrupamento’ em Piaget, bem como em Ferreira (2011), Sobre o uso da Função Proposicional e sua gênese segundo a Epistemologia Genética, de que há uma ruptura na obra de Piaget na explicação da passagem da ação sobre a experiência sensível até o aparecimento das estruturas lógico-matemáticas. Porém, Tassinari, em sua dissertação, também apresenta a interpretação feita por Ramozzi-Chiarottino que mostra o papel da imagem mental na construção do sistema de operações do sujeito epistêmico, interpretação da qual Tassinari parte para explicar como se dá a passagem da ação sobre a experiência sensível até o aparecimento das estruturas lógico-matemáticas. Pretendemos com esse trabalho esclarecer como se dá essa passagem e porque tal passagem se dá somente no período operatório concreto, mostrando como a concepção de operação é a peça-chave para tal entendimento.

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Palavras-chave: Epistemologia Genética; Operações; Período Operatório Concreto; Período Operatório Formal. CIÊNCIA E TECNOLOGIZAÇÃO NA OBRA DE JÜRGEN HABERMAS: A OBJETIVIDADE CIENTÍFICA E O DEBATE SOBRE A BIOÉTICA FERREIRA, Luis Marcos. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] O que pretendemos discutir aqui é que Habermas parece temer o fato de que por intermédio de argumentos terapêuticos que visam a profilaxia de doenças ou más formações genéticas, as intervenções biotecnológicas resultem numa “instrumentalização” da espécie humana. O que, por muitos é defendido como a “força libertadora da tecnologia” parece, para Habermas, transformar-se num obstáculo a essa emancipação (Habermas, 1993). Habermas aponta, em seu livro “O futuro da natureza humana”, a necessidade de se discutir detidamente a ameaça que pode representar o avanço da biotecnologia para a superação da autocompreensão da razão moderna, como seres humanos autônomos. Habermas tenciona apresentar uma resposta à questão de saber quais são os princípios morais mais básicos que poderiam guiar uma política pública e a escolha individual em relação ao uso de intervenções genéticas numa sociedade justa e humana, em que os poderes da intervenção genética serão muito mais desenvolvidos do que hoje. A autodeterminação, o direito a ser seu próprio eu, é um tema já discutido na filosofia contemporânea: “Kierkegaard, foi o primeiro a responder à questão ética sobre êxitos e fracassos da própria vida com um conceito pós-metafísico do ‘poder ser si mesmo’. Para os filósofos seguidores de Kierkegaard, como Heidegger, Jaspers e Sartre, esse protestante atormentado pela questão luterana sobre o Deus misericordioso é certamente um osso duro de roer”. (HABERMAS, 2004a, p. 8-9). Assim, diante desse contexto a modernidade pode ser caracterizada pela complexidade das concepções, das ações e das relações. As esferas que compõem a sociedade adquiriram grande autonomia com relação ao seu funcionamento, assumindo regras, linguagem e lógica específicas, perdendo-se a força de modificação deste quadro que se apresenta a nós. As pessoas vivem como se ocorresse um processo de neutralização das possibilidades normativas das instituições nas quais estão inseridas. Palavras-chave: Ciência; Biotecnologia; Instrumentalização da espécie humana; Bioética. IDENTIDADE DO EU DESDE A PERSPECTIVA DO PRIMEIRO HABERMAS FILHO, Luis César Alves Moreira. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. Bolsa: CAPES. [email protected] O pensamento do primeiro Habermas faz da psicologia cognitiva e da psicanálise duas de suas fontes conceituais que lhe possibilitam pensar a noção de eu situado no mundo, que se constitui intersubjetivamente, e cuja perspectiva de desenvolvimento da consciência moral não se limita a ontogênese, mas está articulado à filogênese. O que integra a unidade do eu a uma identidade social é o sistema de personalidade entrelaçado as imagens do mundo. O processo de constituição das imagens do mundo é adualista, e possibilita a integração da espécie por meio da intersubjetividade social e intersubjetividade linguística, no qual o eu está inserido, e pode ser apreendido no âmbito subjetivo, objetivo e social. Por outro lado, as fases do desenvolvimento da consciência moral – a saber, pré-convencional, convencional e pós-convencional – não

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são processadas por saltos; donde a relação das imagens de mundo ser descrita enquanto consciência hermenêutica que percebe a si mesma numa auto-reflexão. Esta percepção de si mesmo, contudo, não pode ser o falso a priori freudiano, pois então remeteria ao solipsismo numa falsa auto-imagem de si. O ponto de intersecção que o primeiro Habermas estabelece entre Freud e Kohlberg está numa acepção do eu como consciência moral que se desenvolve em comunidade linguística. O texto procura analisar como Habermas consegue sustentar esse quadro argumentativo, bem como expõe as suas especificidades. Palavras-chave: Identidade do Eu; Imagens do Mundo; Consciência Moral; Habermas. MUNDO DA VIDA E INTERSUBJETIVIDADE LINGÜÍSTICA À LUZ DA TEORIA EVOLUTIVA DE HABERMAS GRADISKY, Anatoli Konstantin. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected]

Com o conceito de intersubjetividade lingüística, Habermas busca compreender como a interação entre os vários sujeitos num discurso os fazem pertencer a um espaço de vivência e de experiências compartilhadas, o que para ele constitui o mundo da vida não apreendido pelas ciências positivas e nem colonizado pelo sistema. Paralelo à sua crítica à apreensão positivista do conceito de mundo da vida, ele apresenta uma reconstrução evolutiva da racionalidade, cuja base está na epistemologia genética de Piaget e na teoria do desenvolvimento do juízo moral de Kohlberg, e que concebe o entendimento intersubjetivo como resultado da aprendizagem no processo cognitivo de aquisição de competências operatórias, no qual se dá o desenvolvimento das relações interativas. Tanto numa interpretação filogenética quanto na análise da evolução ontogenética da consciência moral, Habermas constata o mesmo processo que, passo a passo, segue em direção ao estabelecimento de princípios universalistas para a regulamentação de conflitos que obstam o entendimento intersubjetivo das comunidades lingüísticas – e isso tanto no âmbito do mundo da vida cotidiano quanto no âmbito da produção formal do conhecimento. Ora, metodologicamente, aqui estamos diante de uma perspectiva evolucionista da própria razão. O que cabe é questionar se tal perspectiva não pode servir de pano de fundo a uma filosofia da história. Se sim, como então compreender essa nova racionalidade diante da história visto que, segundo a própria crítica de Habermas, a filosofia da história é aliada secreta do positivismo, e, em decorrência, por ceder ao objetivismo cientificista anula o sujeito cognoscente da própria constituição das estruturas sociais? Palavras-chave: intersubjetividade lingüística; mundo da vida; consciência moral; teoria evolutiva; filosofia da história. UMA ANÁLISE DA FILOSOFIA ECONÔMICA E POLÍTICA DA IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS HALRUTH, Zane. Mestranda em Relações Internacionais no Programa San Tiago Dantas, UNESP-UNICAMP-PUC-SP. [email protected] Este trabalho visa examinar a doutrina, a história e a corrente instituição The Church of Jesus Christ of latter-day Saints (A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, também conhecida como Igreja Mórmon, LDS Church ou igreja SUD) e estudar como relacionam prática religiosa, atividade econômica e política, convergindo para uma

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análise de sua filosofia política. Pelo estudo de caso da origem e formação da Deseret Industries, uma unidade produtiva com aplicação direta dos princípios, doutrinas e valores por eles professados no que tange ao seu próprio programa de bem estar sistematizado no período pós-crise de 1929, pretendo desenvolver a base da perspectiva LDS (latter-day Saints) sobre economia e práticas econômicas em seu nível mais elementar acrescentando a estrutura relacional religião, economia e política; um mapeamento funcional de referência para o entendimento de suas ações no cenário americano e internacional. Max Weber destaca que o ponto de partida da ética econômica associada ao capitalismo está no protestantismo pós-luterano, nas chamadas igrejas e seitas do protestantismo contemplativo. Do calvinismo emana a célebre tese da predestinação, dogma que afirma que apenas Deus escolhe - independente dos méritos do indivíduo - quem será salvo e quem será condenado, influenciando assim todo um porque econômico no indivíduo. Proponho neste artigo, um estudo comparativo da filosofia política da LDS Church diante dessa premissa de Max Weber. A prática religiosa realizada pelo indivíduo, o trabalho e o sucesso na vida econômica surgem como compromissos do membro, do viver espiritual associado ao temporal, na perspectiva LDS. A Filosofia Política e os pensadores tratam das mais variadas questões sobre a legitimação e a justificação do Estado e do governo sendo essa relação pertinente e presente na filosofia cristã SUD ou LDS. Palavras-chave: filosofia política; A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias; The Church of Jesus Christ of latter-day Saints; Igreja Mórmon; Calvinismo; LDS perspective. A CIÊNCIA COMO COGNIÇÃO DISTRIBUÍDA E O PROBLEMA DA AGÊNCIA EPISTÊMICA LAZARIN, Tales Carnelossi. Doutorando em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos. [email protected] Cognição distribuída é uma concepção recente nas ciências cognitivas que não restringe a cognição a agentes individuais, mas a estende a sistemas em que aqueles empregam ferramentas ou colaboram em um meio social, possibilitando a realização de tarefas cognitivas (envolvendo a transmissão e o processamento de informação por meio de representações compartilhadas) que seriam impossíveis se os agentes fossem isolados. Nos estudos da ciência contemporâneos há sugestões de que a atividade científica seja apropriadamente compreendida em termos de algo como a cognição distribuída – especialmente com respeito a grandes laboratórios experimentais e observatórios (e.g. o telescópio Hubble, o colisor de partículas LHC) que envolvem a operação coordenada de aparatos instrumentais, computadores, técnicos e cientistas. Na presente comunicação discute-se a posição moderada de Ronald Giere sobre o assunto e aquilo que chamou de “problema da agência epistêmica”. Esse autor aceita a concepção da ciência como cognição distribuída, mas rejeita a sugestão de que os sistemas cognitivos científicos tomados como unidades possuam cognição completa - sendo capazes de sustentar crenças, conhecimento, intenções ou mesmo consciência. Giere concebe os sistemas cognitivos distribuídos como sistemas híbridos compostos por aparatos físicos, computadores e seres humanos, cuja operação tem como resultado representações que podem ser utilizadas pelos últimos. Assim, o autor restringe aos cientistas o papel de agentes epistêmicos uma vez que esses seriam os únicos componentes do sistema distribuído possuidores de cognição completa e, portanto, capazes de apreciar seus resultados. Questiona-se a arbitrariedade dessa delimitação e sua consequente

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fragilidade em face do provável futuro em que as fronteiras entre cientistas humanos e seus instrumentos de pesquisa se tornem cada vez mais difusas – com os desenvolvimentos tecnológicos da inteligência artificial, da robótica e das interfaces e próteses homem-máquina. Palavras-chave: cognição distribuída; conhecimento científico; pós-humanismo; RELAÇÕES ENTRE PODER E DIREITO NA VISÃO DE CARL SCHMITT, MICHEL FOUCAULT E PACHUKANIS LIMA, Cristiane Moreira. Aluna especial do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Estadual Paulista – Campus de Marí[email protected] O presente trabalho busca desenvolver as relações entre Poder e Direito na visão de Carl Schmitt, Michel Foucault e E. B. Pachukanis. A princípio trataremos de indagações dos juristas sobre a relação da norma com o poder, assunto em tela é a filosofia do direito. Sendo certo que é praticamente impossível demarcar as fronteiras entre um pensamento de juristas e um pensamento de filósofos sobre o direito. No que tange a Filosofia do Direito na contemporaneidade, temos que o século XIX se abre com o pensamento burguês já definitivamente assentado sobre o poder estatal; sendo o Estado racional para si e em si, tendo Hegel como padrão e aplicador do direito positivo, direito posto pelo Estado. Embora tenham ocorrido diversas variações o juspositivismo é a doutrina comum da filosofia do direito contemporâneo. Podemos constatar três grandes vertentes da filosofia do direito contemporâneo, tomando como base o fenômeno jurídico e a sua relação com o Estado: A primeira considerada juspositivista, se limita aos problemas concernentes ao direito estatal, possuindo como inspiradores Hegel e Kant; a segunda vertente denominada de existencialista, não restringe o fenômeno jurídico ao mero normativismo estatal, compreendendo o fenômeno jurídico de modo alargado; tendo a filosofia de Heidegger como fonte inspiradora, possuindo como um de seus grandes percussores Carl Schmitt, visando a manifestação do direito a partir da concretude dos fatos e das relações sociais.A terceira vertente critica a totalidade do fenômeno jurídico, havendo alterações essências de conceitos jurídicos fundamentais, tais como sujeito de direito, contrato, os quais se tornam reflexos da nossa economia; existindo sinais do marxismo, considerando Packukanis um dos grandes pensadores da teoria do direito marxista; mas apesar disto, um dos maiores representantes desta vertente é Michel Foucault. Palavras-chave: Carl Schmitt; Michel Foucault; E. B. Pachukanis. APARELHOS PRIVADOS DE HEGEMONIA POSSÍVEL E IMPOSSÍVEL: SOCIEDADE CIVIL E ESTADO EM GRAMSCI LIMA, Joaquim Pacheco de1; SILVA, Beatriz Batista2. 1Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Londrina. 2Graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina. [email protected] Numa abordagem contemporânea da filosofia política Gramsci trata a questão das organizações da sociedade civil e sua relação com o Estado a partir da categoria gramsciana de ‘aparelhos privados de hegemonia’. Referenciados nos conceitos de sociedade civil e Estado em F. Hegel (Princípios da filosofia do direito) e Karl Marx (Crítica da filosofia do dirieto de Hegel), e no pensamento do filósofo italiano Antonio

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Gramsci (1891-1937) que aponta luz para o entendimento do papel das organizações na trama privada do Estado na busca de hegemonia na sociedade capitalista. As organizações privadas de consenso na contemporaneidade transitam com a democracia, legitima-a e são legitimadas. Na política brasileira no contexto de globalização e capitalismo financeiro as organizações privadas são parte da trama na economia e na política, na busca de consenso, nas relações de estrutura e superestrutura, conforme a trilha do pensamento do autor de ‘Cadernos do cárcere’, Itália, 1935. A vontade coletiva se firma enquanto nova hegemonia, cujas metas devem ser concretas, racionais e planejadas levando em conta a realidade histórica objetiva. A condução da vontade coletiva, enquanto factibilidade de uma realidade nova concebível, é papel do partido político revolucionário. Assim sendo, a hegemonia possível se firma no conceito da hegemonia impossível (teoria), isto é, o agir funda-se no pensar. Palavras-chave: Sociedade civil e Estado; Hegemonia; Aparelhos privados de hegemonia; Gramsci; Possibilidade e impossibilidade. UMA ANÁLISE DA NOÇÃO DE LIBERDADE À LUZ DO CONCEITO DE HÁBITO EM JOHN DEWEY LOPES, Nicholas Gabriel Minotti. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] A proposta deste trabalho é especular em que medida uma ação pode ser considerada livre, mesmo que parcialmente. Em ordem de atingir este objetivo, será necessário abordar sucintamente, o conceito de hábito tal como o filósofo John Dewey apresenta em seu livro Human nature and conduct (1922). Pelo uso comum da palavra, entende-se por hábito uma “força” efetiva que controlaria o agente, suplantando sua vontade ou razões nas escolhas de objetivos. No entanto, através de uma observação mais minuciosa, podemos entender os hábitos como parte do self, do todo que compõe o agente. Assim, hábitos não serão classificados como sendo bom ou ruim, mas sim “condições de eficiência intelectual”(Dewey, 1922). Em outras palavras, essa eficiência estaria diretamente relacionada com o pensamento reflexivo que, segundo o filósofo é a melhor maneira de pensar, pois envolveria um exame minucioso das ações e suas consequências. No que diz respeito à liberdade, é muito comum compreendê-la como algo pronto, acabado e à espera para ser adquirida tal como um produto ou objeto exterior e estranho ao agente. Liberdade estaria vinculada ao sufrágio, direito de ir e vir, escolher objetos, percurso ou caminhos em vistas de um fim etc. Em um sentido não tão estrito, mas já aprimorado, o foco está nas barreiras que impedem uma ação, tornando liberdade negativa; se o enfoque atinge as possibilidades no curso da ação, temos a liberdade positiva. Uma dificuldade que emerge ao se adotar uma destas perspectivas (positiva e negativa), é que a ação é vista como congelada ou com poucos eventos anteriores ou subsequentes relacionados a uma ação. Nossa hipótese é trabalhar, juntamente com Dewey, a noção de liberdade como um hábito intelectual. Neste sentido, podemos afirmar que a liberdade não se associa exclusivamente às escolhas e/ou aos desejos; os caprichos ou vontades, podem até ter uma parcela de contribuição, mas se tomadas como fundamentais, o agente corre o risco de ser escravizado por elas. A ideia é trabalhar a liberdade como um fluxo, algo inerente às ações e que, associada com a reflexão, as escolhas e dificuldades apresentadas no cotidiano constroem a liberdade. Palavras-chave: Hábito; liberdade; ação.

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O CONCEITO DE CONSCIÊNCIA TRANSCENDENTAL EM FICHTE E O PENSAMENTO ROMÂNTICO LOPES, Ricardo Farias Martins. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] O objetivo deste texto é realizar uma análise sobre algumas das características ou traços distintivos do importante princípio constitutivo do mundo e da realidade exterior extramental, estabelecido pelo filósofo alemão pós-kantiano Johann Gottlieb Fichte (1762- 1814) e denominado em sua filosofia de “Eu”, bem como estabelecer sua relação com importantes aspectos inerentes ao pensamento e a ideologia dos românticos da primeira fase do romantismo germânico (os irmãos Schlegel, Novalis, Tieck, Hölderlin, entre outros). Busca-se demonstrar como o subjetivismo, o individualismo e o egocentrismo caros aos românticos alemães e que norteia a ideologia presente em suas produções artísticas e literárias, assim como sua postura face ao mundo e a realidade, encontram traços de afinidade e concordância com os princípios metafísicos do “Eu” absoluto (ou “Eu” puro, ou egoicidade) estabelecidos por Fichte em sua obra magna Princípios fundamentais da Doutrina da Ciência, de 1794, e como, por conta desta afinidade, Fichte não só influencia, como também passa a ser considerado pelos românticos alemães, como um de seus grandes “mestres”, pois julgam encontrar em seu radical idealismo uma fundamentação teórico-filosófica ao seu próprio egocentrismo subjetivista romântico. Num primeiro momento, traçaremos um panorama geral do Romantismo e de suas principais manifestações literárias e artísticas na Alemanha, indicando a principal corrente filosófica que corresponde a este período (idealismo alemão pós-kantiano), destacando o seu principal representante, na figura de Fichte, não só pela sua antecedência histórico-cronológica, mas também por ser o principal filósofo no cenário intelectual alemão que se destacou imediatamente após o advento do pensamento de Kant. Em seguida, passaremos à análise do conceito fichteano de “Eu” absoluto, presente em sua Doutrina da Ciência, destacando algumas de suas características ou traços distintivos principais e estabelecendo um paralelo com o subjetivismo e o egocentrismo românticos, buscando assim deixar claro o motivo ou razão do grande apreço dos românticos alemães pelo pensamento de Fichte, a ponto de apontarem a sua obra como a grande fundamentadora teórica dos princípios norteadores do romantismo alemão, notadamente em sua primeira fase (Sturm und Drang). Palavras-chave: Idealismo alemão; Romantismo; Eu; consciência. A TÉCNICA E O LUGAR DO HOMEM EM MARTIN HEIDEGGER EM BREVES PASSAGENS PELA LITERATURA BRASILEIRA MARCHON, Fábio1; CARVALHO, Luiz Fernando Medeiros de2. 1 Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2 Professor titular da Universidade Federal Fluminense. [email protected] Esse texto tem como objetivo elucidar a questão da técnica na obra do filósofo alemão Martin Heidegger. Primeiramente, atravessaremos essa questão a partir do texto proferido pelo filósofo na homenagem de sua cidade natal. O texto, intitulado “700 anos de Messkirch” enfatiza questões acerca do amanhã e do futuro da cidade, sem deixar de pensar em sua relação com o passado e o presente. No entanto, esse breve texto pronunciado para os moradores da pequena cidade traz uma interessante questão acerca do perigo de se deixar levar pela técnica moderna. Através dos sinais das antenas nas

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casas, capazes de levar o homem para “fora de casa”, Heidegger procura pensar no resguardo capaz de evitar que o homem se corrompa pela técnica, uma técnica que hoje estaria distante do sentido grego da techné. Para tanto, faz-se mister percorrer textos como Por que ficamos na província? e A questão da técnica para então, promover a relação do homem enquanto ação e a técnica. Encerraremos levando em consideração as trilhas do pensamento ontológico heideggeriano até a poesia de João Cabral de Melo Neto e o romance rapsódico Macunaíma de Mário de Andrade que funcionam como dínamos condutores para a elucidação da proposta de pensamento do filósofo alemão. Palavras-chave: Heidegger; homem; técnica. O PROBLEMA DA CONSCIÊNCIA E A HIPÓTESE CRICK-KOCH: A TEORIA DAS OSCILAÇÕES 40 HZ E A TEORIA DAS COALIZÕES MASSMANN, Diogo Fernando. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. Bolsa: CAPES. [email protected] O aspecto mais difícil da consciência é o “problema difícil dos qualia”. Como ninguém produziu nenhuma explicação plausível sobre como a experiência de ver um objeto vermelho surge a partir de ações no cérebro, este problema ainda permanece aberto às reformulações e/ou soluções. Para reduzir as dificuldades, Francis Crick e Christof Koch tentaram encontrar um correlato neural de consciência (CNC) na esperança de que, ao se explicar o CNC em termos causais, isso poderá tornar o problema dos qualia mais claro. O interesse principal dos autores situa-se na natureza geral da atividade neural que produz cada aspecto particular de consciência, tais como a percepção da cor, do movimento e da forma. Como estratégia principal, os autores se concentraram num dos módulos da consciência, a saber, na consciência visual. Os autores deram ênfase em suas pesquisas no sistema visual de primatas, deixando questões mais difíceis, como emoções e autoconsciência de lado. Inicialmente, enquanto trabalharam juntos, Crick e Koch sugeriram que os disparos sincronizados, preferencialmente, as oscilações 40 Hz de neurônios piramidais da IV camada cortical, seriam suficientes para explicar como emerge do cérebro a consciência visual de um objeto que afeta a retina. Depois, com o desenvolvimento de suas pesquisas, afirmaram que as oscilações 40Hz mais provavelmente dão assistência a uma coalizão nascente de neurônios em competição com outra coalizão nascente de neurônios. As coalizões de neurônios seriam assembléias de neurônios que competem entre si, sendo que, a coalizão vencedora incorpora o status de consciente. Em outras palavras, a teoria das oscilações e das coalizões seriam complementares. Palavras-chave: Filosofia da Mente; Neurociência Cognitiva; Consciência Visual; Oscilações; Coalizões. A FORMAÇÃO CIENTÍFICA DO CONCEITO DE CONSCIÊNCIA EM HEGEL MENK, Tomás Farcic. Mestre em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected]

O objeto de nossa comunicação é a consciência, tal como ela foi elaborada por Hegel na Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio de 1830. A consciência passou a ser efetivamente um objeto da filosofia com Kant, ao utilizá-la como mediadora entre o eu penso e a coisa em si, porém acabou por criar um dualismo insuperável entre estas duas instâncias. Todos os autores românticos e os filósofos idealistas pós Kant tentaram,

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ao seu modo, superar este dualismo do entendimento postulado por Kant. É nesse ambiente que nasce a filosofia hegeliana, que tenta mediar ambos os lados da relação sujeito objeto sem que haja um dualismo insuperável. Assim, no primeiro livro da Enciclopédia, Hegel estuda o ser e o pensar e como estes dois elementos estão em unidade e fundamentam tanto o Eu (sujeito pensante) quanto o objeto. No segundo livro ele estuda a lógica no seu ser-outro, ou seja, a natureza, que é pura exterioridade. E no último livro Hegel analisa o espírito, e como se dá a relação entre o sujeito pensante e o ser-outro, que é propriamente a consciência. Assim, para este estudo mostra-se necessário analisar alguns aspectos do movimento de autodeterminação do Espírito Absoluto, que possui em sua interioridade o desenvolvimento da consciência. É imprescindível para uma investigação acerca do conceito de consciência na Enciclopédia refazer o percurso de seu desenvolvimento, pois antes de ser um conceito dado ou auto-evidente, ele é uma progressiva determinação de si mesmo. Concluímos que um trabalho que possui como objeto a consciência na Enciclopédia deve, na verdade, analisar a formação cientifica do seu conceito.

Palavras chaves: Hegel; Ser; Pensar; Espírito; Consciência. O PROBLEMA DA PRIVACIDADE NO CONTEXTO INFORMACIONAL MORAES, João Antonio de. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. Bolsa: CAPES. [email protected] Este trabalho tem por objetivo discutir o conceito de privacidade no contexto informacional. Tal discussão se coloca em decorrência do desenvolvimento da denominada “virada informacional na Filosofia” (Adams, 2003) e de suas implicações tanto no âmbito de estudo filosófico-científico, como na sociedade. O primeiro âmbito se refere aos novos rumos que as pesquisas acadêmicas adotaram (Filosofia, Psicologia, Ciência Cognitiva, e em outras áreas) no tratamento de questões a partir da década de 50, tais como: qual a natureza da mente? O que é o conhecimento?; entre outras. No âmbito social, por sua vez, estaria sofrendo impactos com a inserção de tecnologias informacionais na vida cotidiana (e.g., celulares, notebooks), da qual emergem novos problemas e padrões de conduta. Neste contexto, a discussão acerca da privacidade teria sido motivada, principalmente, pelo desenvolvimento de tais tecnologias. As novas tecnológicas informacionais estariam alterando a noção de privacidade do senso comum por propiciarem uma transformação na natureza informacional do meio, dos agentes que nele estão inseridos e da relação entre eles (Capurro [2005] e Floridi [2006]). Uma situação que ilustra esta alteração é a seguinte: as pessoas parecem se expor na internet sem que esta exposição seja acompanhada de um sentimento de invasão de sua privacidade (i.e. redes sociais). A noção tradicional de privacidade, entendida como o “estado ou condição de liberdade de observação ou incômodo por outra pessoa” (Oxford Dictionary) parece não se adequar a situação indicada. Como conceber a privacidade nos dias atuais mediante crescente disseminação de tecnologias informacionais na sociedade? É acerca desta questão que o presente trabalho se desenvolve. HOSPITALIDADE, JUSTIÇA E DIREITO NUMA DEMOCRACIA POR VIR MORAES, Marcelo José Derzi. Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. [email protected] O filósofo Jacques Derrida foi uma grande questionador das democracias atuais. Sua abordagem a partir do contexto da desconstrução é de extrema relevância numa

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discussão ético-política contemporânea. Se considerarmos alguns pontos que fundamentam a democracia atual, perceberemos então, que algumas questões merecem uma outra perspectiva diante das exigências que suscitam por todo espaço que se pretende democrático. Alguns desses pontos, seriam a instituição do direito, a noção de Justiça e de Hospitalidade. Ora, se consideramos algumas indagações feitas por Derrida sobre questão do acolhimento, ou seja, o recebimento de um estrangeiro e assim, pensarmos a noção de Hospitalidade, se questionarmos o valor do conceito de Justiça que possuímos ou se problematizarmos o papel do direito enquanto instituição dentro das democracias ocidentais, veremos que o autor de Políticas da Amizade e de Espectros de Marx, em muito tem com o que contribuir para uma nova perspectiva filosófica no âmbito ético-político. E é a partir da obra de Jacques Derrida que pretendemos apresentar a sua abordagem a partir do contexto da desconstrução as democracias atuais e a sua “proposta” de uma democracia por vir. Visto que, para o filósofo, a concepção de hospitalidade, a hospitalidade tal como a conhecemos, necessita urgentemente de ser discutida. Pois, esta, implica também em uma hostilidade por parte daqueles que se dizem hospitaleiros. E no caso do direito, este que por muitas vezes acredita fazer justiça na verdade, só estaria exercendo sua função enquanto maquinal estatal. Uma máquina de fazer valer a lei. E que em muitos casos, está bem afastado da justiça. Nesse sentido, segundo Derrida, o direito não poderia ter a pretensão de falar em nome da justiça. Pois esta, é da ordem do im-possível e do por vir. Deste modo, Derrida nos apresenta uma nova forma de lidar com alguns dos conceitos e instituições principais que exercem dentro das democracias um papel fundamental e que, se fosse revisto ou reconsiderado, abriria a democracia para uma maior extensão, apontando-a para a sua realização. Abrindo dessa forma, a democracia para o seu por vir. Pois, segundo o autor, a democracia não está presente, ela não é presenteável. Ela está por vir. Palavras-chave: Desconstrução; justiça; democracia por vir; ética; política. AUTORIDADE CIENTÍFICA E RACIONALIDADE: É RACIONAL ACREDITAR NA CIÊNCIA? MOREIRA, Delvair. Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina. [email protected] O papel da autoridade científica é fundamental para nosso corpo de conhecimento sobre o mundo. Nossa visão científica do mundo se baseia em grande medida naquilo que os cientistas nos dizem. E o próprio desenvolvimento do conhecimento científico depende da autoridade de cientistas que estabeleceram as bases das pesquisas e descobertas recentes. Face disto levanta-se a questão de saber se a confiança na autoridade científica é racional. Se a resposta for positiva temos de demonstrar em que consiste esta racionalidade. Considerando que a crença de S de que p é racional quando S tem evidência de que p, o problema da autoridade surge porque quando S acredita que p com base na autoridade de E, S não têm nenhuma evidência da verdade de p. Então como esta crença pode ser racional? Podemos responder a este problema dizendo que ainda que S não tenha evidências para a verdade de p, ele tem boas razões para acreditar que E tem evidências de que p. Este é o modelo de crença racional com base em autoridade proposto por Hardwig J. (1985). Mas um leigo ou um especialista de área diferente não tem acesso aos métodos e não compreende as razões da autoridade E. Temos, então, o problema leigo/especialista. Há ainda um problema adicional do problema leigo/especialista, como o leigo não tem acesso às razões que levam a autoridade a

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defender certa tese como ele pode racionalmente decidir entre teses conflitantes de dois ou mais especialistas (problema leigo/2 especialistas)? Pretendo apresentar, de forma geral, as questões e soluções relacionadas a estes problemas oferecidas por Hardwig, J. (1985) e Goldman (2001). Palavras-chave: racionalidade; ciência; testemunho. PERDÃO E PROMESSA: OS LIMITES DA AÇÃO EM HANNAH ARENDT MOURA, Ana Paula Pedroza. Mestranda em Filosofia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. [email protected] Para Arendt a ação política tem como características o ser imprevisível, ilimitada e irreversível. Tais conseqüências do agir são tidas pela autora como intrínsecas à própria ação, posto ser esta condição da própria humanidade, visto que a ação é uma iniciativa da qual nenhum homem pode abster-se sem deixar de ser humano. Arendt defende que os referidos atributos sempre foram motivo de temor e desconfiança para a tradição de pensamento político. A imprevisibilidade, a volubilidade da ação foram problemas dos quais, desde Platão, a filosofia tentou esvaziar a política. Este breve trabalho visa focar um aspecto descrito com singular beleza e espantosa lucidez pela autora: o poder que o perdão e a promessa, não apenas despidos, mas, sobretudo, transcendendo todo caráter religioso ou moral que possam carregar, têm de limitar e solucionar o problema da irreversibilidade e da imprevisibilidade inerentes à ação. Ao introduzir na teia das relações humanas as categorias mais sólidas e confiáveis da fabricação, os homens tentaram, a partir de meios externos, limitar a ação e impedir sua inerente acidentalidade. No entanto, a própria ação traz consigo um antídoto contra a imprevisibilidade e a irrevogabilidade que permeiam todo seu curso. Este remédio é tão somente mais uma das potencialidades da própria ação. Tais potencialidades são o perdão, única solução possível para o problema da irreversibilidade, e a promessa, solução para o problema da imprevisibilidade. Por serem intrínsecas ao agir, essas faculdades dão-se também no âmbito da pluralidade, dependem da presença do outro para que se efetivem. Na solidão e no isolamento, ou seja, privados da convivência humana, a promessa e o perdão não chegam a ter realidade, são, na melhor das hipóteses, um papel que o indivíduo desempenha para si mesmo. Palavras-chave: Arendt; ação; política. A REPÚBLICA PLATÔNICA COMO IDEIA PRÁTICA PARA A REPÚBLICA DE KANT: ELEMENTOS DE FILOSOFIA POLÍTICA NA DIALÉTICA TRANSCENDENTAL DA CRÍTICA DA RAZÃO PURA NETO, Alberto Paulo. Doutorando em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Bolsa: CAPES. [email protected]

O presente trabalho acadêmico tem o objetivo de investigar os elementos de filosofia política presentes na Crítica da Razão pura. Para a realização deste trabalho e para a restrição de nossa pesquisa selecionamos a Dialética transcendental. O objetivo primordial da Dialética transcendental é o desvelamento das ilusões contidas nos juízos transcendentes e imanentes e, ao mesmo tempo, ela possui o intuito de ser uma restrição ao engano que possam causar os juízos transcendentais e imanentes O trabalho apresentará a interpretação de Kant sob o conceito de Ideia em Platão. Segundo Kant, Platão estabeleceu o termo “Ideia” como algo que não é tomado dos sentidos e que

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ultrapassa os próprios conceitos do entendimento, pois nas experiências não encontramos nada que se assemelhe a esse termo. A partir desta interpretação apresentamos o conceito platônico de Ideia como possuindo um sentido prático e necessário para a estruturação de um sistema filosófico teórico-prático adequado as ideias da Razão pura. Analisamos a ideia platônica de República em conexão com a ideia de virtude e de liberdade na filosofia moral kantiana. A ideia de liberdade se constitui no fundamento essencial para o estabelecimento da constituição política e da teoria ética de Kant. Nesse sentido, investigamos os benefícios que as teorias éticas e políticas alcançam ao se estruturarem por meio de um idealismo ou mediante arquétipos na sua estrutura metodológica, pois os arquétipos se constituem em ideias que possuem uma aplicação na práxis, em contraposição com as teorias empiristas ou contextualistas que se fundamentam a partir das experiências, costumes e tradições do grupo social. Palavras-chave: Filosofia política; Republicanismo; Kant. KANT, ENTRE HUME E WOLFF OLIVEIRA, Ana Paula. Mestranda em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] Este trabalho consiste numa analise da História da Filosofia, cujo período constata-se o diálogo de Kant com Hume e Wolff. Na filosofia transcendental, tempo <Zeit> e espaço <Raum> são formas puras da intuição. A Crítica da razão pura repousa sobre o dado irrefutável de que a origem da sensibilidade não pode ser deduzida a priori de conceitos, mas para que os fenômenos possam existir é necessária a intuição como fundamento a priori da sensibilidade. A partir dessa estrutura argumentativa, temos por objetivo compreender a presença de Hume em Kant, bem como as posições deles opostas à metafísica da representação do ser defendida pela via dogmática de Wolff. A linha de interpretação acerca da natureza e origens do nosso conhecimento, representada por Leibniz e Wolff, aos olhos de Kant errava ao considerar a distinção entre sensível e intelectual como uma distinção apenas lógica. Para Kant, essa diferença é puramente transcendental e não se refere unicamente a sua forma clara ou obscura, mas à origem e conteúdo desses conhecimentos. A sensibilidade não nos dá nem obscura e nem claramente o conhecimento da coisa em si, porque o que conhecemos, que só pode ser via sensibilidade é o fenômeno. Em Hume temos, desde a perspectiva empirista de interpretação, a relação de ideias implicando em conceitos a priori, já em Wolff a existência é simples complemento, é deduzida a priori de conceitos. Kant estabelecerá uma ponte. Para ele de fato há algo dado a priori pela sensibilidade (a intuição de espaço e de tempo) que, concomitantemente, permite sustentar o processo cognitivo que se inicia com a afecção empírica e termina com o conceito. Palavras-chave: Metafísica; Kant; Hume; Wolff. A LEI DIVINA E A FAMÍLIA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DO § 456 DA FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO DE HEGEL. OLIVEIRA, Claudeni Rodrigues. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] O trabalho analisa a presença da lei divina na Família a partir do § 456 da Fenomenologia do Espírito de Hegel. No interior da Família as relações homem e mulher, pais e filhos e irmão e irmã constituem o mundo ético familiar. Nessa esfera, as diferenças de papéis não significam oposições, ao contrário, cada um como membro

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contribui do seu modo para a totalidade ética. Na Família, a união entre o homem e a mulher se baseia no amor, reconhecimento imediato de uma consciência na outra. Pelo amor, homem e mulher se unem e a partir desse ato formam duas vontades livres. Mas, nessa união, uma vontade não exclui a presença da outra, ao contrário, é a partir da relação entre as duas vontades em constituir uma Família que a liberdade é ampliada. Além do amor, a Família também precisa de propriedade para garantir o seu sustento. No entanto, apesar de necessitar do amor e da propriedade, é essencialmente através do culto aos mortos que a Família mantém acesso o seu espírito ético. Nesse sentido, o ato de cultuar os mortos permite que a Família se torne a guardiã da lei divina. Assim, um evento natural, a morte, através do culto familiar se transforma num evento ético. Dessa forma, o trabalho aborda um importante momento do sistema hegeliano que são as relações éticas na esfera da Família. Palavras-chave: Hegel; Família; Reconhecimento. DANIEL DENNETT E O MODELO DOS ESBOÇOS MÚLTIPLOS PAULO, Gustavo Vargas de. Mestrando em filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] O objetivo deste trabalho é apresentar o novo e até certo ponto paradoxal modelo para o estudo da mente do filósofo Daniel Dennett, ressaltando principalmente as implicações de sua visão do funcionamento do cérebro para o estudo da consciência. O modelo dos esboços múltiplos proposto por Dennett encontra coerência teórica no encontro das noções da máquina Joyceana e da mente como um pandemônio. Buscaremos abordar os motivos pelos quais o filósofo almeja rever o que entendemos por “consciência” com base neste modelo, o que resultará na rejeição dos qualia como fontes de engano filosófico. Dennett tenta explanar o conceito de consciência de forma que ela não se apresente como algo misterioso na mente, mas como algo que certamente é produto da evolução biológica e que está em íntima conexão com os tipos de processamento de informação mais simples que a precederam na cadeia evolutiva que estão em grande parte ainda presentes em nossos cérebros. O seu modelo de estudo da mente considerando-a sob a perspectiva de terceira pessoa aparentemente nega a consciência porque considera os qualia das experiências conscientes como partes de uma ficção filosófica que não teria espaço em um estudo sério amparado pelas disciplinas das ciências cognitivas. Neste trabalho defenderemos que as propostas de Dennett seriam melhor encaradas como uma reformulação da noção de consciência, de maneira que uma negação categorial desta atribuída ao filósofo seria forte demais, com vistas a que os próprios termos do debate podem necessitar um maior esclarecimento em relação a cada teoria que os utiliza. Apesar de toda a controvérsia sobre o que os qualia realmente são e sua ligação com o processamento de informações interno do cérebro, poderíamos ainda ter uma teoria da consciência vista pela perspectiva da terceira pessoa. Palavras-Chave: Consciência; Dennett; filosofia; mente; cérebro. OS OPOSTOS ESCLARECIDOS: ROUSSEAU E DIDEROT NAS REPRESENTAÇÕES PERIN, Diego Rodriguez. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected]

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O trabalho a ser apresentado faz referência direta à Filosofia iluminista francesa, mais especificamente aos escritos de Rousseau e de Diderot em relação ao teatro. Tudo se inicia com o artigo Genebra escrito por D’Alembert para a Enciclopédia, onde o mesmo defende para a cidade citada a construção de um teatro de comédia. Isto vai de encontro com o pensamento iluminista geral do período, pois se acreditava ser o teatro uma forma de apuração de costumes ao mesmo tempo em que é um instrumento que corrige hábitos considerados viciosos pelo ponto de vista da intelectualidade ilustrada da época. Diderot, acreditando ser possível melhorar os cidadãos por meio dos espetáculos, os defende de maneira que atribui aos mesmos um efeito didático, chegando mesmo a construir uma nova forma de gênero dramático diferente dos já existentes até então. Acontece que nem todos os pensadores do período defendem as representações com tanta vontade. Este é o caso de Rousseau. Acredita Rousseau em efeitos inteiramente opostos causados pelo teatro e pelas representações em geral. O objetivo específico deste estudo é confrontar o pensamento dos dois filósofos no que diz respeito aos espetáculos vistos pela maioria dos pensadores como algo indubitavelmente bom para todos, mas que encontra no pensamento de Rousseau uma atribuição antididática e com efeitos nocivos ao povo, pelo qual se devem medir as desastrosas conseqüências das representações. Na explanação do trabalho serão esclarecidas as oposições entre os dois pensadores tendo em vista a crença de ambos sobre as possibilidades dos espetáculos sofrerem alterações para benefício ou detrimento do público, se os espetáculos podem causar ou não alterações nas estruturas sociais vigentes no período, e finalmente, em decorrência das outras causas, se os espetáculos são bons ou maus em si mesmos. Palavras-chave: Rousseau; Diderot; Teatro; Iluminismo; representações. O SISTEMA DAS CIÊNCIAS SEGUNDO A EPISTEMOLOGIA GENÉTICA: CONTRIBUIÇÕES PARA UMA TEORIA DO CONHECIMENTO PESSOA, Kátia Batista Camelo. Mestranda em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] A Ciência é composta por áreas interligadas, tais como a Matemática, a Física, a Química, a Biologia, as ciências do Homem em geral, as quais mantêm relações entre si. A Epistemologia Genética sustenta que essas relações não estão encadeadas de forma linear, mas essas diversas áreas formam um “círculo das ciências”, ou ainda, considerando seu caráter processual, uma “espiral das ciências”. O objetivo central de nosso trabalho é discutir como a noção de Espiral das Ciências pode trazer contribuição à Teoria do Conhecimento. Nesse sentido, vamos discutir como se dá o processo organizativo desse sistema correlacionado com a constituição das estruturas necessárias ao conhecimento do sujeito epistêmico, o sujeito do conhecimento, segundo a Epistemologia Genética. Mais especificamente vamos: (1) distinguir diversos tipos de relações recíprocas entre as diversas ciências, na Espiral das Ciências, inclusive suas dependências e filiações (segundo um processo de diferenciação e coordenação); e (2) verificar como a constituição das estruturas necessárias ao conhecimento do sujeito epistêmico está relacionada à constituição da Espiral das Ciências. Nossa hipótese central é que a Espiral das Ciências se constitui em um sistema de modelos explicativos da Realidade construídos pelos cientistas usando as estruturas necessárias ao conhecimento estabelecidas pela Epistemologia Genética. Palavras-chave: Espiral das ciências; Sistema; Teoria do Conhecimento; Epistemologia Genética; Sujeito Epistêmico.

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UMA DEFESA DO SENSO COMUM: BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A FILOSOFIA DE THOMAS REID PILAN, Fernando Cesar. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. Bolsa: FAPESP. [email protected] O objetivo de nosso trabalho é apresentar alguns elementos da defesa filosófica do senso comum levada a cabo pelo pensamento de Thomas Reid. Pertencente à escola escocesa, Reid pretende defender o que ele denomina como instintos do homem comum, ou em outras palavras, senso comum. Para o autor, há um tipo de conhecimento próprio da natureza humana que se manifesta no conhecimento ordinário do agir comum, antecedente ao conhecimento propriamente racional. Este tipo de saber que Reid denomina de instintos seria uma fonte de conhecimento no sentido de utilidade à vida cotidiana que, muito antes do pensamento intelectualmente formulado, se trata de um saber mantenedor da vida. Definindo as atividades instintivas como as atividades cognitivas mais básicas do ser humano, o autor critica a tradição por criar rupturas artificiais entre o instinto e a episteme. Para o autor, os instintos são inerentes à natureza humana e permitem a qualquer ser humano, independentemente de idade, grau de instrução ou formação tratar com competência de problemas existencialmente cruciais. Assim, para o autor não há níveis inferior e superior na esfera do conhecimento: a pretensa superioridade da razão sobre os instintos parece ser uma leitura equivocada das capacidades cognitivas humanas. O que a tradição afirmava serem meros instintos desprovidos de inteligência constituem atividades que possuem um relevante estatuto epistêmico, mesmo que independente de trâmites teórico-racionais. Em suma, Thomas Reid se contrapõe à concepção tradicional dualista que pressupõe existir um abismo entre o conhecimento racional e o conhecimento comum, na medida em que defende uma relevante manifestação cognitiva no senso comum. Palavras-chave: Thomas Reid; senso comum; instintos. O RACIOCÍNIO ABDUTIVO COMO ASPECTO DA LÓGICA PEIRCEANA RODRIGUES, Luciane1; VERGINASSI, Michelle T2. 1Mestre em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília.2Mestranda em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] O objetivo deste trabalho é discutir a importância do raciocínio abdutivo proposto por Peirce para a ciência em geral. Em diversos momentos de seu pensamento, Peirce propõe um conceito de Lógica mais amplo que o conceito clássico geralmente abordado; de Lógica como Semiótica. Nessa perspectiva, a Lógica é vista como um caminho para os princípios de todos os métodos, uma teoria sobre signos/inferências ou análises das relações entre signos/inferências. O conceito de abdução de Peirce foi discutido dentro da teoria dos tipos de inferências ou tipos de raciocínio. Desde que inferências são semioses, ou ações de signos, a Lógica explicaria a formação das relações entre signos, podendo esclarecer, descrever, minuciar seus efeitos ou significados, os tipos ou classes de signos, tipos de inferência (abdução, dedução e indução) e uma teoria sobre a investigação. Estes três tipos de inferências pertencem, assim, ao quadro desenhado por Peirce dos vários ramos relacionados à ciência da descoberta, ao nível da crítica, que, por sua vez, faz parte da lógica, um dos ramos da ciência da descoberta. O enfoque deste trabalho está sobre um destes tipos de raciocínio, a abdução. “A abdução - nos diz Peirce - é o processo de se formar uma hipótese

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explicativa. É a única operação lógica que introduz qualquer idéia nova, pois a indução não faz nada mais que determinar um valor, ao passo que a dedução meramente desenvolve as necessárias conseqüências de uma hipótese pura” (CP 5.171). Sendo todo o signo eminentementemente abdutivo, podemos afirmar, de forma recíproca, que toda a abdução é eminentemente sígnica. Diante desta relação, torna-se clara a identificação peirceana, entre semiótica do signo e lógica da abdução, ganhando novo sentido sua afirmação de que todas as ciências procuram, a partir de determinados fenômenos (signos naturais), abduzir as leis explicativas (regras gerais da interpretação) dos mesmos. Palavras-chave: Lógica; Semiótica; Abdução; Signo; Ciência. A TELEVISÃO ANALISADA SOB A ÓTICA DA INDÚSTRIA CULTURAL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SANTOS, Barbara dos. Mestranda em Linguagem, Cultura e Mídia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Bauru. [email protected] Este ensaio tem por propósito analisar a televisão como produto, que chegou ao Brasil nos anos 50 e rapidamente se espalhou por todas as regiões do território nacional. O que antes era apenas um produto somente para a classe economicamente favorecida, hoje, se tornou um poderoso veículo de propagação de ideologias consideradas, por vezes, distorcidas e muito aquém da realidade dos fatos. A televisão, como objeto midiático, e sendo ela responsável, muitas vezes, pela formação da grande maioria de cidadãos que tem pouco ou nenhum acesso à cultura letrada, oferece muito pouco do que produz. Esse oferecimento tem relação com a qualidade dos programas, bem como o nível informacional e a construção de sentido que se realiza no momento em que se coloca à frente do aparelho. A indústria cultural tem por finalidade, reiterar, firmar e reforçar mentalidades e ideologias consideradas “ideais”, sem ao menos dar a chance de reflexão desses ideais. A indústria cultural “sobrevive”, em tese, pela questão mercadológica e de agradabilidade. As pessoas não percebem, e até levará um tempo até que isso aconteça, que elas estão sendo “engolidas” pela grande oferta de produtos culturais que vem de uma indústria que não preza pela qualidade, salvo algumas raras exceções que acabam indo para a grande mídia. Esta se torna a grande responsável por fortalecer, em grande escala, a indústria cultural e o fomento de estratégias de venda e sucesso nos produtos e serviços. Palavras-chave: ideologia; sociedade; televisão. ARTE E REALIDADE, CULTURA E POLÍTICA: UM DIAGNÓSTICO PARA O CINEMA LATINO-AMERICANO PRESENTE NO MANIFESTO “UMA EZTÉTYKA DA FOME”, DE GLAUBER ROCHA SANTOS, Héder Junior dos. Mestrando em Letras pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Assis. Bolsa: CNPq. [email protected] Esse trabalho propõe uma leitura analítico-interpretativa do manifesto “Uma Eztétyka da fome”, escrito pelo cineasta baiano Glauber Rocha (1939 – 1981), e apresentado em 1965, em Gênova, Itália, quando da “Resenha do Cinema Latino-Americano”. Em linhas gerais, pode-se avaliar que em sua escritura, o artista supracitado dispõe-se a interpretar a realidade brasileira e alguns aspectos da arte nacional, em especial, da estética cinematográfica vigente até então na produção latino-americana. Rocha coloca

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em seu horizonte denunciativo temas relacionados à fome, miséria e contradições sociais, como elementos constitutivos e também degenerativos dos próprios sujeitos latino-americanos. Feitas tais observações, podemos considerar que seu manifesto procura responder a uma pergunta fundamentalmente filosófica, a saber, “O que é o Brasil?”, podendo ser, a nosso ver, justaposto aos trabalhos de interpretação do país, claro está, levando em consideração a premissa de que a arte e o artista vocalizam uma peculiar leitura do momento histórico em que estão alocados, isto é, dizem respeito à particularidade da expressão artística. Com seu texto, o cineasta quer chegar à essência do povo brasileiro e seus elementos de contradição, propondo uma visão de passado e presente como contextos homogeneamente alienadores e focos estruturais de injustiça, diante dos quais, a violência do oprimido ganha legitimidade como resposta à violência institucional, muitas vezes maquiada e imputada nos próprios discursos artísticos. Na compreensão do cineasta, imagem e som, trabalhados de maneira articulada, poderiam apresentar soluções às necessidades provenientes dos âmbitos político, econômico, religioso, social e cultural, imanentes da realidade brasileira dos anos de 1960. Importa mencionar ainda que valemo-nos de alguns pressupostos: da particularidade como valor estético dentro da obra de arte, da consciência construtivo-intelectiva cultivada pelo cineasta, da arte como mediadora da realidade histórico-social brasileira, e por fim, da arte como reflexo das condições do ser. Palavras-chave: Cinema latino-americano; Estética; Política; Glauber Rocha; manifesto “Uma Eztétyka da fome”. CONHECIMENTO E AFETIVIDADE EM ESPINOSA SILVA, Adriano Pereira. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] A História do pensamento ocidental revela que o homem, ao longo dos anos, valorizou em demasia o pensamento lógico-racional em detrimento da força dos afetos no processo epistemológico. Talvez a tradição socrático-platônica depositou, demasiadamente, a força do conhecimento verdadeiro apenas no que ele tem de lógico e racional, desconsiderando a sua carga afetiva. Investigaremos nesse trabalho a consideração de Espinosa sobre a compreensão das paixões. O filósofo entende que a origem dos afetos está em algum tipo de conhecimento e sugere que analisemos a Ética para compreendermos com maior clareza por que e em que sentido o problema dos afetos é um problema de conhecimento. Na proposição 3 da Parte III, Espinosa sugere que “as paixões dependem apenas das ideias inadequadas”. As paixões envolvem ideias do que se passa em nosso corpo. De acordo com Espinosa, a resolução do problema dos afetos é essencialmente um problema de conhecimento, já que o afeto é uma ideia do que se passa no corpo. Por isso, os elementos da teoria espinosana do conhecimento e dos afetos nos ajudam a compreender, porém, que não importa tanto se o conhecimento é verdadeiro (racional) ou se é mera crença (imaginação, paixão); o que de fato importa é o grau de afetividade com que conhecimentos certos ou crenças corretas nos afetam. O homem produz conhecimentos-afetos que podem ser passivos ou ativos. O conhecimento passivo, enquanto ideia ou percepção do que ocorre no corpo a partir de suas relações com as coisas exteriores, é uma operação cognitiva da mente que Espinosa chama de imaginação. Um conhecimento é ativo quando é produzido só pela potência do intelecto, sendo este causa adequada da ideia produzida. Com isso, a mente pode encadear, por si mesma, novas ideias e entrar, portanto, num processo de produção causal adequada de ideias, que depende de sua própria potência.

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Palavras-chave: Conhecimento; afetos; paixão; idéias; Espinosa. CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA PERCEPÇÃO NO TEETETO SILVA, Daniel Reis Lima Mendes. Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos. [email protected] A comunicação a ser apresentada terá como objeto de análise a primeira parte da obra Teeteto de Platão, texto classificado pela maior parte dos estudiosos como perfazendo em conjunto com o Parmênides, o Sofista e o Político, os chamados diálogos “metafísicos”, ou “críticos”, grupo que antecede o último dos três períodos em que se costuma dividir a filosofia de Platão: o período tardio ou da velhice, tendo, portanto, já escrito grande parte das obras que compõe os argumentos em torno dos quais se configura aquilo que os platonistas costumam se referir como Teoria das Formas. Em nossa apresentação trataremos especificamente do problema da refutação da tese segundo a qual conhecimento é aìsthesis no interior da referida obra, assim sendo, da primeira parte e mais extensa do diálogo. Num primeiro momento da apresentação pretendemos problematizar o sentido do termo tendo por base o próprio Teeteto e elencar os grupos dos comentadores divergentes no que tange a tradução do termo por sensação ou percepção, além obviamente, de nossa posição sobre a controversa questão seguida de justificativa. A seguir serão apresentados e analisados os argumentos de refutação da tese da primeira definição de conhecimento apresentada a Sócrates pelo personagem Teeteto, que tem como alvo o que chamamos de ‘tese Protagoreana’ segundo a qual não é possível estabelecer um valor de verdade qualquer que seja, dado que o que uma pessoa acredite ser o caso, é em alguma medida “verdade para ela”, pretendo mostrar como essa tese lastreada numa ontologia heracliteana do fluxo sofre uma bateria de argumentos que, segundo nossa perspectiva, ainda deixa espaço para dúvidas no que diz respeito à eficiência da refutação da tese que conhecimento é de algum modo aísthesis. Palavras-chave: Platão; Teoria do conhecimento; Teeteto; Protágoras; aìsthesis CONSIDERAÇÕES SOBRE PSICOGÊNESE E SOCIOGÊNESE DO TEMPO SEGUNDO A EPISTEMOLOGIA GENÉTICA SILVA, Danilo Ramos Meira. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. Bolsa: CAPES. [email protected] Esta pesquisa pretende apresentar, através da consideração das etapas e estágios da constituição do tempo segundo a psicologia genética, os momentos críticos e os principais elementos estruturais que contribuem para a construção da noção de tempo no sujeito epistêmico. Serão elencados e analisados os momentos específicos e os elementos que encadeiam tal construção, atentando também para os principais mecanismos psicogenéticos apontados por Piaget envolvidos e solidários ao processo de constituição da noção do tempo (causalidade, espaço e permanência do objeto), cujo estado inicial é o de um universo nem substancial nem extenso em profundidade, cuja permanência e espacialidade totalmente práticas, bem como a sensação de uma “duração pura” e ausência de causalidade permanecem ligadas a um indivíduo que se ignora a si mesmo e que só percebe o real por meio de sua atividade própria. E cujo estado final é, ao contrário, o de um mundo sólido e amplo que obedece a leis físicas de conservação (objetos) e

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cinemáticas (grupos), no qual o indivíduo se situa conscientemente como elemento. Falamos, então, de uma escalada do egocentrismo ao relativismo objetivo. Investigaremos como o tempo, em seu ponto de partida, relaciona-se com as impressões de duração psicológica inerentes às atitudes de expectativa, esforço e satisfação, ou seja, à atividade do próprio indivíduo. E em seguida, como essa duração se relaciona de maneira cada vez mais próxima aos acontecimentos do mundo exterior, até que, ao final, o tempo torna-se categoria de estrutura objetiva do universo enquanto tal. Por fim, este trabalho pretende apresentar uma breve discussão sobre a possibilidade de uma interpretação do desenvolvimento da noção de tempo na longa duração histórica ocidental segundo a proposta de sociogênese do tempo pelo viés da Epistemologia Genética, buscando possíveis explicações que justifiquem tais paralelos. Palavras-chave: Tempo; Epistemologia Genética; Psicologia Genética; Piaget. UMA BREVE INTRODUÇÃO AO PROBLEMA DO TÉDIO EM THEODOR W. ADORNO SILVA, Felipe Resende da. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] Este trabalho tem por objetivo traçar um panorama introdutório sobre a questão do tédio em Theodor W. Adorno. Como veremos, a preocupação do filósofo sobre esse fenômeno social (oriundo do período moderno) tem em vista ao menos três esferas do mundo humano: a esfera do trabalho, do tempo livre e a da cultura (Bildung). Entender a manifestação do tédio, nas esferas supracitadas, significa desvelar as configurações destas em consonância com a crise emancipatório-cultural presente na sociedade capitalista tardia. Desse modo, a crítica adorniana ao problema do tédio aponta para uma cultura do tédio instaurada na sociedade contemporânea, marcada principalmente pela crise da experiência (Erfahrung) e pela perda do significado da própria existência - mediante o trabalho estranhado e a predominância do fetichismo sobre a consciência subjetiva e os objetos da cultura. Trataremos dessa problemática basicamente a partir de escritos como Minima Moralia (1951) e “Tempo Livre” (1969), que são fundamentais para explorar essa questão.

Palavras-chave: tédio; teoria crítica; emancipação. A MUDANÇA DE IDEIA DE WITTGENSTEIN SOBRE A TEORIA DA LINGUAGEM SILVA, Karina Oliveira da. Mestranda em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista –Campus de Marília. [email protected]

O presente trabalho apresenta argumentos da filosofia de Ludwig Wittgenstein em defesa da hipótese de que as Investigações Filosóficas (1953) constituem uma substituição de uma linguagem fenomenológica por uma outra fisicalista. Destarte, o afastamento de sua filosofia inicial tenciona sobre uma mudança de paradigma em sua teoria da linguagem. Com efeito, questionamos como esta perspectiva rejeita a linguagem dos dados imediatos por uma outra linguagem comum e cotidiana. Inicialmente, analisamos como Wittgenstein tentou demonstrar com o Tractatus Logico-Philosophicus de (1929) uma teoria com base na oposição epistemológica entre mente e realidade, ao distinguir componentes teóricos: a) sobre o ser no aspecto ontológico, b) sobre as relações acerca da estrutura da linguagem na sintaxe lógica e c) sobre as

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relações entre a linguagem e a realidade na semântica epistemológica. Posteriormente, com as Investigações Filosóficas discutimos a inefabilidade da semântica no conceito de gramática como parte de uma linguagem pública necessariamente fisicalista e universal. Esboçaremos uma reflexão argumentativa acerca da gramática (teoria da linguagem) de Ludwig Wittgenstein, pois o conceito de gramática busca estabelecer o problema da natureza das relações entre a postura pragmática da linguagem (nas relações semânticas básicas) e o mundo (realidade) de sua segunda filosofia na teoria da linguagem. Palavras-chave: Linguagem Fenomenológica; Linguagem Fisicalista; Mudança de paradigma na teoria da linguagem. A APROPRIAÇÃO DE HEGEL PELO PENSAMENTO POLÍTICO DE MARCUSE SILVA, Thiago Evandro Vieira da. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] Este trabalho tem como principal objetivo explicitar a influência da filosofia de Hegel no pensamento crítico de Marcuse. A metodologia feita para o desenvolvimento deste é a chamada crítica imanente. Portanto, é a proposição de uma pesquisa qualitativa, considerando que expressa a necessidade de considerar um quadro contextual, holístico que apreende o objeto e o ultrapassa. A partir da análise da Filosofia da História de Hegel observou-se certa proximidade dos conceitos por este desenvolvido com os utilizados pela Teoria Crítica, alguns intermediados pelo materialismo histórico de Marx. Tal proximidade tornou-se mais evidente na análise do texto Razão e Revolução de Marcuse. É claro que a dialética hegeliana foi o ponto de partida de Marx, e isso se apresenta de forma clara em Razão e Revolução, aliás, neste, o autor dedica uma parte inteira a descrever os fundamentos da filosofia de Hegel, mas as outras duas partes deste livro são sobre a influência da filosofia hegeliana e sobre os desdobramentos dela. Todavia, muito além de apontar o hegelianismo como o fundamento do marxismo, nota-se uma influência direta da filosofia de Hegel na constituição do pensamento dialético da Teoria Crítica e, mais precisamente, no de Marcuse. O objetivo final é analisar a influência de Hegel no pensamento de Marcuse.

Palavras-chave: Dialética; Hegel; Negatividade; Marcuse. A ANALÍTICA DO ESPAÇO NA ARQUEOLOGIA DE MICHEL FOUCAULT SOUTO, Caio Augusto T. Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos. Bolsa: CAPES. [email protected] Esta comunicação abordará três das referências da arqueologia de Foucault visando mostrar as condições de aparecimento de sua problematização do saber como uma analítica do espaço: a historiografia inaugurada com a escola dos Annales; a epistemologia de Bachelard e seus sucessores; e o estruturalismo. São “escolas” de pensamento que Foucault conheceu bem e que possuíram todas um caráter anti-positivista em reação à mentalidade oitocentista ainda predominante na primeira metade do século XX. Por uma historiografia crítica contrária à que conferia ao fato histórico valor de objetividade e entendia o devir histórico como evolução, atribuindo ao presente valor de superioridade perante o passado; por uma epistemologia que, a mesmo título, inseria na análise das ciências a noção de ruptura, ao contrário de entendê-las como

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movimento evolutivo; por uma contraposição da espacialidade à historicidade evolutiva com a inserção da noção de estrutura em variados campos do saber. São essas referências que Foucault incorporou à sua arqueologia do saber, uma analítica espacial do saber, a despeito das sensíveis diferenças que a separam das correntes mencionadas, a saber: ao invés da preferência por longos períodos, como na escola dos Annales, Foucault preferiu analisar períodos curtos; ao invés de analisar conteúdos intrínsecos a ciências específicas, como entre os epistemólogos, Foucault entreviu uma ordem constituinte de todo e qualquer discurso (científico, artístico, filosófico, jurídico) numa dada sociedade num dado período de sua história. Já quanto ao estruturalismo, cabe um exame mais minucioso para tentarmos entender em que sentido o autor preferiu dizer não pertencer a essa corrente, apesar das semelhanças inafastáveis que permitem identificar em seu trabalho, ao menos até 1966-1967, elementos de uma análise estrutural. Em todo caso, a noção de espaço parece ser uma novidade introduzida por tais escolas precedentes à arqueologia de Foucault, imprescindíveis ao seu projeto analítico do saber nomeadamente espacial. Palavras-chave: Foucault; arqueologia; espaço. A DIGNIDADE DA POLÍTICA E A DIGNIDADE HUMANA: A CRÍTICA ARENDTIANA À FILSOFIA POLÍTICA “TRADICIONAL” TURBAY, Luana. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected] Hannah Arendt trata de uma dignidade humana efetiva, não a deduz de uma suposta superioridade intrínseca ao gênero humano, a considera como possibilidade dos homens se elevarem acima da esfera da necessidade por através da vida pública. Segundo esta perspectiva teórica seria apenas neste modo de vida que, por meio do discurso e da ação, os homens relevariam quem são, momento em que sua dignidade se efetiva como reconhecimento recíproco da humanidade entre seus concidadãos. Defende-se uma concepção de ação em que o protagonismo do agente se sobrepõe a supostas tendências históricas, consistindo a ação política justamente no nascimento do novo à revelia do que se espera que aconteça. Opõe-se esta concepção ao esforço da filosofia política “tradicional” em determinar as ações segundo finalidades que se deduzam de uma suposta natureza humana e de uma suposta finalidade para a política. Este tratamento da política, iniciado com a filosofia platônica, equaciona a política em termos de mando e obediência, e retira qualquer possibilidade de protagonismo e espontaneidade para a ação, equaliza todo tipo de atividade voltada ao mundo como mal necessário voltado às necessidades ligadas à sobrevivência humana. Nossa intenção é a de estudar condições políticas que permitam a efetivação da dignidade humana através da face do pensamento de Arendt segundo o qual a política seria um modo de vida – efetivado talvez unicamente pelos gregos e pelos romanos – em que existe a convivência propriamente humana, o compartilhamento de um mundo comum como experiência que permite a efetivação da liberdade e do “direito a ter direitos”. Temos em mente também o estudo do provável maior desastre político da humanidade: o totalitarismo. Face oposta à política, trata-se este de um modo de vida em que instaura-se entre os homens o “deserto”, o total isolamento dos homens entre si. O PROBLEMA DA AUTORIA DO MAL NO LIVRO I DO DE LIBERO ARBITRIO, DE AGOSTINHO DE HIPONA

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USAI, Giovana. Mestrando em Filosofia pela Universidade de São Paulo. [email protected] O objetivo do presente trabalho é discutir a argumentação levantada no Livro I do De Libero Arbitrio de Agostinho de Hipona, a respeito da autoria do mal, cujo desenvolvimento mostrará que o mal é efeito do livre-arbítrio da vontade (liberum arbitrium voluntatis) humana, quando não escolhe retamente os bens aos quais deve almejar. O foco do primeiro livro é retirar qualquer possível ligação do mal à Deus, seja diretamente, como quando Evódio pergunta: “Deus não é, talvez, autor do mal? (Dic mihi, quaeso te utrum deus non sit auctor mali), e até indiretamente, como acontece na passagem em que Agostinho questiona uma eventual participação divina no pecado: “Perturba-me um pensamento: se os pecados vêm dessas almas que Deus criou, e tais almas de Deus, como os pecados não são reconduzidos, depois de um pequeno intervalo, à Deus?” Assim sendo, o principal motor da obra é estabelecer onde se encontra a origem do mal (unde malum). Não pode ser em Deus, considerando a sua bondade e justiça; mas também o homem, feito à sua imagem, poderia carregar as sementes do mal? O problema torna-se de difícil solução, pois na ordem natural do mundo, onde todas as criaturas divinas são bens, o mal não teria de onde tirar a sua realidade. Porém, há uma subversão dessa ordem ocasionada pelo pecado original e é a partir dessa situação de corrupção da ordem que o problema do mal deve ser aventado. Existe, assim, no próprio autor da primeira má ação (pecado) a fonte do mal; está no homem a origem de todo o mal sofrido por ele mesmo. A dificuldade é compreender donde veio esse poder de renegar a ordem divina. Na perspectiva cristã a solução é indicada no mal como algo advindo do livre-arbítrio da vontade humana, e é justamente o que será analisado na obra. Palavras-chave: Filosofia; Patrística; Livre-Arbítrio. A PEDAGOGIA ANARQUISTA: UMA INTRODUÇÃO VALÉRIO, Raphael Guazzelli. Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. [email protected]

Faremos aqui uma breve análise da corrente educacional conhecida como pedagogia anarquista ou, pedagogia libertária. Para tanto procederemos da seguinte forma: em primeiro lugar traçaremos uma genealogia sumária da doutrina política chamada de anarquismo ou comunismo libertário da qual se nutre tal tendência pedagógica. Procuraremos, ainda que brevemente, fazer um pequeno histórico dos principais expoentes do pensamento anarquista no intuito de melhor compreender o lugar da pedagogia na ótica libertária. Terceiro, explanaremos acerca dos principais princípios geradores do anarquismo, aqui a educação assume papel importante. Em seguida analisaremos os princípios que animam a pedagogia anarquista propriamente dita e, por fim, parece-nos importante traçar um pouco da contribuição do pensamento libertário para a história da educação brasileira. O pensamento pedagógico anarquista foi negligenciado pelas correntes pedagógicas predominantes, oficiais e não oficiais. Ora, isso é bastante compreensível, já que, do ponto de vista da educação oficializada, isto é, encabeçada pelo Estado, a pedagogia libertária ocupa o lugar de inimigo por ter como uma das finalidades justamente a abolição do Estado e a construção de uma sociedade radicalmente nova, livre de qualquer tipo de poder e impedimento. Sob a ótica das pedagogias não oficiais, destacamos, sobretudo o pensamento marxista e muita de suas correntes, o anarquismo também foi rejeitado, pois, apesar de ambas correntes teóricas

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terem um fim comum, qual seja, a abolição da sociedade de classes, os métodos para tanto são distintos. Como o pensamento pedagógico marxista tornou-se, entre as pedagogias contestadoras, predominante, por conta de diversos acontecimentos históricos que não cabem aqui discutir, a pedagogia libertária também foi negligenciada no polo educacional oposto, isto é, o que visa uma transformação da sociedade. Acreditamos que as ideias pedagógicas anarquistas têm muito a contribuir para a educação na medida em que propõe valores importantes para o desenvolvimento do homem numa direção oposta àquela que é a realidade da educação contemporânea, como liberdade, autonomia e desenvolvimento integral. Prova disso é a recente recapitulação do pensamento anarquista no debate de pesquisadores brasileiros de filosofia da educação que têm relido os clássicos anarquistas sob o pano de fundo do pensamento filosófico contemporâneo, sobretudo Foucault e Deleuze. Palavras-chave: pedagogia; anarquismo; autonomia; autogestão; liberdade. O CONCEITO LITERÁRIO DE PESSOA COMO PRINCIPIO NORMATIVO DO AGIR E FAZER HUMANO XAVIER, Marivelto Leite. Mestre em Filosofia pela UNISINOSRS e Doutorando em Teologia pela EST/RS. Bolsa: CAPES. [email protected] A leitura Ético - estética do conceito de Pessoa em Lima Vaz demonstra a unidade conceitual da forma como “persona dramatis” vivido concretamente na história. Em estética dizemos “analogia entis concreta”. A Pessoa é o mundo. Não o seu mundo, mas de modo universal o Kósmos. Não obstante, da genética teológica do conceito de Pessoa, esta existe enquanto habitação do Existir. O problema fulcral está então para Lima Vaz nessa difícil passagem da ontologia da essência para a ontologia da existência. Serão nas disputas entre Santo Tomás de Aquino e Siger de Brabant acerca do conceito de Esse que tornar-se-a manifesta a disputa acerca do Principio Criador e sua inteligibilidade. Dessa disputa dependerá a unicidade do pensamento teológico – filosófico de tradição grega ou uma nova racionalidade epistemológica - a modernidade. Nesse contexto O Líber de Causi, apresenta se em Siger de Brabant como a impossibilidade de conhecermos o Principio Criador. Retirada do Esse sua inteligibilidade primeira, os homens devem conviver com o sem razão da existencia. O resgate das discussões epistemológicas acerca da gênese da modernidade objetivamente coloca nos diante da realidade ontológica concreta do Ser e subjetivamente para além da epistemologia racional em que esta foi reduzida. Trata se da percepção Ético-estética da Pessoa como Ipsum Esse. Doravante a Pessoa, assim concebida, restitui esteticamente a unicidade dialético-epistemológica do Sujeito-Objeto legítimo do agir-fazer – Kaloskagathós. Destarte, o belo como Kósmos objetivo expressa-se em seus desdobramentos como Pessoa e de seu próprio destino cosmológico – a estética literária. A literatura filosófica a partir do conceito de Pessoa mostra se relevante aos debates Éticos do contemporâneo. O agir bem da Pessoa é por antonomásia esplendor da beleza. Palavras-chave: Pessoa; Ontologia; Literatura. ZÉ NINGUÉM ENTRE QUATRO PAREDES: UMA RELEITURA DA DESTRUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE ZOCARATO, Clayton Alexandre. Aluno de especialização em Historia pela Faculdade Dom Bosco/Monte Aprazivel. [email protected]

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Jean Paul Sartre e Wilhelm Reich oscilaram por diferentes labirintos em suas análises sobre a existência humana, mas contendo simetrias concomitantes em torno da modernidade. Enquanto Sartre postulou suas afirmações sobre a aniquilação introspectiva da psique, “condenando o homem a ser livre”, Reich utilizou-se de preceitos marxistas e da psicanálise para subverter a sexualidade como um fator massificação dos indivíduos. Enfocando uma discussão sobre o teatro sartreano, focalizado em “Entre Quatro Paredes” (2007), escrito no decorrer da Segunda Guerra Mundial como sendo uma denúncia da alienação de valores sentimentais do homem perante o próprio homem, atrelado a “Escuta Zé Ninguém” (1974), colocando o extermínio de estruturas intelectuais de profícuo valor, sendo estigmatizadas por poderes econômicos e políticos, como a “coisificação” de elaboração de coeficientes mentais alardeados de saber erudito. De âmbito abrangente, ambos pensadores utilizaram derivados conceitos filosóficos e psicanalíticos, para combater a ortodoxia de correntes de pensamento que vigoravam poder traçar de forma lasciva e permissiva o destino da humanidade, de uma forma totalizante. Sartre proclama que não há necessidade do aparelho estatal repressivo conciso vinculado a uma ideologia de mérito a arregimentar o senso-comum de condicionamento mental, enquanto Reich exauriu o controle do prazer através de premissas contratuais gesticuladas por uma sociedade irracional de conservadorismo, antagonicamente a uma disparidade de sedenta busca por uma liberação sexual sem os tabus do controle de natalidade, ou das práxis religiosas, de um celibato populacional forçado pelo cristianismo, ou seja, o homem é condenado sempre a buscar o prazer, ele é escravo de suas vontades mais primitivas. Pretendemos analisar nessa comunicação as idéias de cada pensador embasadas nas duas obras aqui citadas, divergindo suas idéias acerca da liberdade do ser humano na sua busca de auto-satisfação. Palavras-chave: Existencialismo; Alienação; Filosofia.  

                                       

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.:: Comissão Organizadora::. Ricardo Pereira Tassinari (Coordenador); João Antonio de Moraes;

Danilo Ramos Meira da Silva; Débora Barbam Mendonça; Paulo Henrique Araújo Oliveira Pereira.

.:: Secretaria Geral::. Edna Bonini de Souza

.:: Comissão Científica ::.

Alfredo Pereira Junior Antonio Trajano Menezes Arruda

Clélia Aparecida Martins Lúcio Lourenço Prado

Márcio Benchimol Barros Maria Eunice Quilici Gonzalez

Mariana Cláudia Broens Pedro Geraldo Novelli

Reinaldo Sampaio Pereira Ricardo Monteagudo

Ricardo Pereira Tassinari Ubirajara Rancan de Azevedo Marques

.:: Elaboração dos Anais ::. João Antonio de Moraes

Danilo Ramos Meira da Silva

APOIO: STAEPE

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