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Programa de Pós-Graduação em Filosofia – Unesp/Marília
Departamento de Filosofia da Unesp
Conselho de Curso de Filosofia
Caderno de Resumos 4º Encontro da Pós-Graduação em Filosofia da UNESP
Marília – 01/12 a 03/12
2010
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PROGRAMAÇÃO
01 de Novembro de 2010 (quarta-feira)
9h30 – 12h00
Mesa-Redonda 1 - Teoria Crítica
Coordenador: Emerson Filipini de Lima
Local: Anfiteatro I
Educação pela dureza na primeira infância e o enfraquecimento do eu
LIMA, Emerson Filipini de (UNESP – Marília)
Os cenários sócio-histórico e filosófico da obra hegeliana sob a ótica de
Marcuse
SILVA, Thiago Evandro Vieira da (UNESP – Marília)
Racionalidade comunicativa e mundo da vida: reflexões acerca da teoria
evolutiva de Habermas
GRADSKI, Anatoli Konstantin (UNESP – Marília)
A tecnicização do homem e a tolerância religiosa na obra habermasiana:
problemas éticos.
FERREIRA, Luis Marcos (UNESP – Marília)
14h00 – 17h00
Mesa-Redonda 2 - de Filosofia Medieval e Renascentista
Coordenador: Estevam Roosevelt Franco
Local: Anfiteatro I
Natureza humana e teoria do conhecimento em Tomás de Aquino: a relação
entre o corpo e a alma e o processo intelectivo
BERGER, André de Deus (UFSCar)
A descrição do homem em Montaigne
SILVA, Nelson Maria Brechó da (UNESP – Marília)
O Problema do conhecimento em Espinosa
SILVA, Adriano Pereira da (UNESP – Marília)
Voltaire e o problema do reconhecimento do mal
FRANCO, Estevam Roosevelt Rodrigues (UNESP – Marília)
Montaigne: ceticismo e etnocentrismo
PETEAN, Antonio Carlos Lopes (UNESP- Araraquara)
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20h00 -22h00
Mesa-Redonda de Abertura: Do “método filosófico” ou do “fazer filosofia”
Expositores: Antonio Trajano Menezes Arruda (UNESP – Marília)
Lúcio Lourenço Prado (UNESP – Marília)
João de Fernandes Teixeira (UFSCar)
Mediador: João Antonio de Moraes (Pós-graduando do PPGFil-Unesp)
Local: Anfiteatro I
02 de Dezembro de 2010 (quinta-feira)
10h00 – 12h00
Mesa-Redonda 3 - Filosofia da Arte
Coordenador: Débora Barbam Mendonça
Local: Anfiteatro I
Orientações filosóficas de Sandro Botticelli no contexto do século XV
MENDONÇA, Débora Barbam (UNESP – Marília)
Crítica de Rousseau ao teatro e a sociedade à luz da ópera “O Adivinho da
Aldeia”
BUGANO, Tercio Reanto Nanni (UNESP – Marília)
Dissolução e aleatoriedade: reflexões sobre o romance contemporâneo
ENCINAS, Luis Fernando Catelan (UNESP – Marília)
10h00 – 12h00
Mesa-Redonda 4 - Filosofia da Mente e da Psicanálise
Coordenador: Fernando César Pilan
Local: Sala 64
A inteligência incorporada presente no conhecimento comum: as críticas de
Gilbert Ryle à tradição filosófica
PILAN, Fernando César (UNESP – Marília)
Articulação do conceito “eu” (ich) em duas obras freudianas
GUIDI, Giovanni José Signorelli (UNESP – Marília)
Instinto e Inteligência na epistemologia de Henri Bergson: uma
compreensão do método intuitivo como procedimento orientador da evolução
humana
RIO, Sinomar Ferreira do (FINAN)
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14h30 – 17h00
Mesa-Redonda 5 - Filosofia Moderna
Coordenador: Márcio Tadeu Girotti
Local: Anfiteatro I
Leibniz e a ordem das verdades
VAGNA, Rogério (UFSCar)
Kant e o comércio psico-físico: o influxo entre corpo e alma
GIROTTI, Márcio Tadeu (UNESP – Marília)
A efetivação e autodeterminação do Espírito na filosofia hegeliana: Um
estudo da introdução do terceiro livro da Enciclopédia das Ciências
Filosóficas em Compêndio
MENK, Tomás Farcic (UNESP – Marília)
Volkgeist: Tempo e o Espírito de um novo povo em Hegel
SILVA, Danilo Ramos Meira da (UNESP – Marília)
20h00 – 22h00
Mesa-Redonda 6 - Filosofia da Mente
Coordenador: Rodrigo Canal
Local: Anfiteatro I
O Novo Modelo para o Estudo da Mente segundo Daniel Dennett
PAULO, Gustavo Vargas de (UNESP – Marília)
Observação científica: Fodor versus Churchland
LAZARIN, Tales Carnelossi (UFSCar)
A obra de Descartes por Merleau-Ponty: sobre a união corpo e alma
ANDRADE, Eloísa Benvenutti de (UNESP – Marília)
As noções de atribuição de função, função de status, intencionalidade
coletiva e regras constitutivas como base da ontologia da realidade social
de John Searle
CANAL, Rodrigo (UFOPA)
03 de Dezembro de 2010 (sexta-feira)
9h30 – 12h00
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Mesa-Redonda 7 - Filosofia da Informação e da Neurociência
Coordenador: João Antonio Moraes
Local: Anfiteatro I
Da “virada Naturalista” à “virada Informacional” na Filosofia
MORAES, João Antonio de (UNESP – Marília)
Uma abordagem monista-naturalista de Espinosa sobre o conceito de saúde
mental LIMA, Orion Ferreira (UNESP – Botucatu)
A hipótese de Crick e o problema da consciência
MASSMANN, Diogo Fernando (UNESP – Marília)
Implicações éticas da computação ubíqua: uma análise a partir da ética da
informação
MORONI, Juliana (UNESP – Marília)
10h – 12h00
Mesa-Redonda 8 - Ética e Filosofia Política
Coordenador: Hélio Alexandre da Silva
Local: Sala 64
Bauman e a tensão entre moralidade e legalidade
SILVA, Paulo Fernando da (UNESP – Marília)
Rousseau: soberania popular e origens da esfera pública
SILVA, Helio Alexandre da (UNICAMP)
A virtude moral como condição necessária à consecução da eudaimonia na Ética Nicomaquéia SILVESTRINI, Renata Christina Ceroni (UNICAMP)
14h30 – 17h00
Mesa Redonda 9 - Estética
Coordenador: Guilherme Kaiala G. Ferreira
Local: Anfiteatro
O marginal e o pós-moderno: considerações sobre a estética do“Espaço
vazio” da 28a Bienal de Artes de São Paulo (2009)
FERREIRA, Guilherme Kaiala Goulart (UNESP – Marília)
O lugar do gênio na Crítica da Faculdade do Juízo
CITRO, Danilo (UFOP)
A música como arte romântica em Hegel
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SILVA, André S. (USP)
20h00 – 22h00
Mesa-Redonda 10 - Filosofia Contemporânea
Coordenador: Cláudia Simone Galassi
Local: Anfiteatro
Deleuze, a imagem do pensamento e a literatura: considerações sobre
Proust e os signos
SOUTO, Caio Augusto Teixeira (UFSCar)
A reificação e a proposta formativa em História e Consciência de Classe,
de Georg Lukács
MENDES, Bruno Moretti Falcão (UFSCar)
Nietzsche: razão e Linguagem
GALASSI, Cláudia Simone (UNESP – Marília)
Deus e o ser em si na dinâmica da imagem simbólica
EMÍLIO, Guilherme Estevan (UNIFESP)
22h30 - Encerramento
Local: Anfiteatro I
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RESUMOS
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RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS
A OBRA DE DESCARTES POR MERLEAU-PONTY: SOBRE A UNIÃO
CORPO E ALMA.
ANDRADE, Eloisa Benvenutti de. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus
de Marília. Bolsista CAPES. Email: [email protected].
Nesta conferência trataremos da leitura de Merleau-Ponty sobre a união corpo e alma
em Descartes partindo do que foi exposto na segunda lição do curso ministrado por
Merleau-Ponty na École Normale Supérieure entre os anos de 1947 e 1948. Em tal
lição, publicada no livro intitulado L'union de l'âme et du corps chez Malebranche,
Biran e Bergson em 1978, Merleau-Ponty analisa a questão da união da alma e do corpo
em Descartes. Apontaremos que os pilares desta lição se apresentam como pontos chave
para a forma como Merleau-Ponty realiza sua leitura sobre Descartes e fundamenta sua
proposta fenomenológica. Buscaremos mostrar através disso como Merleau-Ponty
sustenta que a união da alma com o corpo na obra de Descartes não é apenas uma mera
dificuldade especulativa, como frequentemente se pode supor, mas traz com ela o
problema da existência do corpo humano. Veremos que ao longo desta lição, intitulada
“L'union de l'âme et du corps chez Descartes”, Merleau-Ponty retoma vários escritos de
Descartes, tais como a Carta à Elizabeth de 28 de junho de 1643 e a Carta à Arnauld de
29 de julho de 1648, na tentativa de analisar profundamente a legitimidade da mistura
íntima da alma com o corpo, exposta na sexta meditação cartesiana, à luz do confronto
com a primeira meditação cartesiana, ocasião onde são descartadas as experiências
empíricas pela adoção metodológica da dúvida metódica voluntária, radical e
hiperbólica.
Palavras-chave: Merleau-Ponty. Descartes. Ontologia. União corpo e alma
NATUREZA HUMANA E TEORIA DO CONHECIMENTO EM TOMÁS DE
AQUINO: A RELAÇÃO ENTRE CORPO E A ALMA E O PROCESSO
INTELECTIVO.
BERGER, André de Deus. Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Bolsista
CAPES. Email: [email protected].
A questão 75 da primeira parte da Suma de Teologia de Tomás de Aquino abre o tratado
do autor sobre a natureza humana, e apresenta os elementos principais que serão alvo
de sua análise até a questão 89 da primeira parte da Suma, que fecha este tratado.
Relacionaremos aqui o quarto e quinto artigos desta questão, que trata da essência da
alma em si mesma. O artigo quatro se deterá sobre a questão de a alma ser o homem, e o
cinco sobre a questão de ser a alma composta de matéria e forma. No quarto artigo, o
autor terá como horizonte afirmar que a alma é o homem se se entende o homem como
um composto de alma e corpo. O corpo aqui ocupa posição determinante para tal
afirmação por conta das operações sensitivas, que ocorrem no conjunto formado de
alma e corpo. Sendo parte do conjunto que forma o homem, não se pode afirmar que
apenas a alma seja o homem. No artigo quinto, o objetivo tomasiano será o de afirmar
que a alma é composta de ato e potência, mas não de matéria e forma. Neste caso, ocupa
posição determinante aqui o fato de alma ser afirmada como substância intelectiva, que
tem por razão ser a forma de um corpo. Como intelectiva, a alma conhece as coisas de
maneira absoluta, pois recebe as naturezas das coisas de maneira absoluta, através de
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sua forma. Se fosse composta de matéria, receberia as coisas materialmente e
individualmente, e não absolutamente, como ocorre com as faculdades sensitivas que
operam pelo corpo.
CRÍTICA DE ROUSSEAU AO TEATRO E A SOCIEDADE À LUZ DA ÓPERA
“O ADIVINHO DA ALDEIA”.
BUGANO, Tércio Renato Nanni. Universidade Estadul Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Email: [email protected]
O Adivinho da Aldeia é uma ópera composta por J. J. Rousseau em 1752, quando o
filósofo e também músico contava com 40 anos. Essa obra é uma referência das
propostas de Rousseau, pois apresenta uma temática simples, uma acentuada
valorização do cotidiano popular, juntamente com uma representação do homem
comum e seus problemas. Sendo assim, e por ser tratar de uma ópera que se passa na
natureza, podemos então perceber sua crítica à racionalidade do iluminismo. Para
Rousseau, os costumes de seu povo estavam corrompidos pela vaidade dos grandes
discursos e pelo ócio de uma vida que valorizava demais o homem letrado, em
detrimento ao rude camponês. É fato que essa corrupção se estendia através da ciência e
da arte que fomentavam a desigualdade entre as pessoas e que gerava a superioridade
justamente ao homem ocioso, que só produzia palavrórios, que por fim, dilaceravam os
costumes. O que fazer, então, se a corrupção atingiu o coração dos que amam as
ciências e as artes? Rousseau propõe que usemos a arte para curar a ferida que ela
própria abriu, fazendo do espetáculo uma célula que regulamenta os vícios eclodidos.
Assim, o mesmo distrai os homens corrompidos, evitando que pratiquem o mal. Temos
dessa forma o remédio, o soro extraído do próprio veneno, a fórmula que mantém os
homens na retidão, mesmo estando na mais profunda corrupção. E sempre que for
necessário, será usado esse artifício para a manutenção dos costumes. Então, utilizando
a sua própria criatura (O Adivinho da Aldeia) analisaremos a filosofia de Rousseau, que
exalta a singeleza da criação e destaca a imagem do “bom selvagem”, homem puro e
inocente de caráter intuitivo da alma, que por sua vez deveria ser maior que os preceitos
da civilização, logo servindo de modelo para o homem corrompido pela sociedade.
Palavras-chave: Teatro. Moral. Arte.
AS NOÇÕES DE ATRIBUIÇÃO DE FUNÇÃO, FUNÇÃO DE STATUS,
INTENCIONALIDADE COLETIVA E REGRAS CONSTITUTIVAS COMO
BASE DA ONTOLOGIA DA REALIDADE DE JOHN SEARLE.
CANAL, Rodrigo. Professor da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA.
Email: [email protected].
Nesta conferência descrevo breve e sucintamente, a abordagem de John Searle (1932 - )
que recentemente tem enfrentado o problema da natureza ontológica da realidade social.
O problema é formulado por ele de vários modos, entre eles citamos: “Como
construímos uma realidade social objetiva? Qual é a ontologia da realidade social?
como é possível que possa existir uma realidade social objetiva que apenas existe
porque acreditamos que exista? Como é possível que os seres humanos, através de suas
interações, seja por acordo ou por uma crença coletiva, possam criar uma realidade que
somente existe graças a esses acordos e crenças coletivas?” A ontologia da realidade
social elaborada por Searle sugere que para começarmos a compreender e chegar a ter
uma solução intuitiva desses problemas temos que explicar as noções de atribuição de
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função, intencionalidade coletiva – capacidade que as pessoas têm de agir
cooperativamente –, regras constitutivas e regras regulativas e a noção de função de
status – algo pode desempenhar uma função somente em virtude do fato de ser
reconhecido como tendo certo status. O objetivo central deste trabalho é descrever essas
noções tentando mostrar como é que elas juntas constituem a base do que Searle chama
de realidade social, lembrando mais uma vez que são os seres humanos que constroem,
ao ver de Searle, uma realidade social que apenas existe porque nós próprios
acreditamos, aceitamos, que ela existe.
O LUGAR DO GÊNIO NA CRÍTICA DA FACULDADE DO JUÍZO.
CITRO, Danilo. Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. Email:
Nossa conferência pretende analisar a relação do conceito de gênio com os conceitos de
beleza, de gosto e de arte em geral na Crítica da Faculdade do Juízo de Immanuel Kant.
Levantamos um problema quanto ao lugar do gênio nesta obra, pois ela pode ser
confundida com o mero conceito de arte, ou até de arte bela em determinadas partes da
terceira crítica, dando a entender certa desvalorização do gênio por parte de Kant. Tal
desvalorização não está tão claro assim, se fizermos um exame mais atento do texto do
filósofo de Konigsberg. Para o exame desse problema, nos referimos à análise do juízo
de gosto puro, e a algumas partes da terceira crítica em que Kant fala da relação entre
algumas formas de beleza com conceitos e com a moralidade, enquadrando o gênio
como produtor dessa classe de objetos. Nos referimos também à parte em que Kant fala
de um interesse inferior pelo belo, um interesse empírico de satisfação de determinada
espécie de inclinação, em que Kant menciona a arte como fornecedora de tal satisfação.
Sugerimos então, que a arte do gênio é distinta dessa espécie de objetos que merece o
rebaixamento, segundo o modelo Kantiano de análise dos fenômenos estéticos, assim
como o próprio gênio, conceito totalmente distinto do gosto e da arte em geral.
DEUS E O SER-EM-SI NA DINÂMICA DA LINGUAGEM SIMBÓLICA.
EMÍLIO, Guilherme Estevan. Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. Email:
A conferência estuda a maneira com que Paul Tillich articulou a questão de Deus em
seus escritos sobre ontologia comparando isto ao conceito filosófico de ser-em-si.
Tillich retoma da filosofia clássica e medieval a comparação do termo ser-em-si com
Deus, porém, observando o aspecto metafórico do termo ser-em-si e o aspecto
simbólico da noção de Deus. A ontologia de Tillich não limita o ser a pressupostos
metafísicos e, ao mesmo tempo, submete a linguagem objetiva e a lógica à análise de
conceitos ônticos e ontológicos, isto é, impede que a linguagem técnica-objetiva tente
explicar ou fundamentar a existência, o ser e a vida. Para Tillich, o ser é uma
composição infinitamente complicada de ser explicada. Entretanto, é possível
identificar uma estrutura de conceitos ontológicos que pode ser descrita e, ao mesmo
tempo, aponta metaforicamente para um fundamento, denominado como ser-em-si.
Em termos lógicos, pouco se pode falar sobre ele. O ser precede a atitude cognitiva e,
por isto, não pode ser descrito. Todavia, a questão do fundamento do ser deve ser
discutida e não pode ser abandonada, já que a maioria das filosofias utiliza conceitos
ontológicos que apontam para um fundamento. O símbolo teológico Deus possui
grande semelhança com a noção filosófica clássica do ser-em-si. Tanto o símbolo
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Deus como a metáfora do ser-em-si devem ser observados a partir de uma linguagem
simbólica, que penetra o inconsciente coletivo, expõe dimensões profundas do ser
humano, traz à tona preocupações últimas e tenta responder à pergunta pelo sentido do
ser, da vida e da história. A hipótese fundamental desta pesquisa é que a linguagem
simbólica pode trazer novos significados à relação entre Deus e o ser-em-si sob o
prisma das filosofias contemporâneas.
DISSOLUÇÃO E ALEATORIEDADE: REFLEXÕES SOBRE O ROMANCE
CONTEMPORÂNEO.
ENCINAS, Luis Fernando Catelan. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus
de Marília. Bolsista CAPES. Email: [email protected].
A presente conferência tem por objetivo analisar o estatuto do romance contemporâneo,
cujo problema de fundo é a falência das chamadas narrativas históricas ou tradicionais,
isto é, a perda de sentido se transforma no problema central do romance contemporâneo,
convertido em reflexão sobre o Nada (a exemplo de Burroughs, Pynchon e Bolaño). Na
verdade, este tipo de problemática pode ser remetido à obra de Flaubert, especialmente
ao seu romance “Educação Sentimental” (1869). Mas a perda de sentido aqui está
associada à ideia de desilusão (descrença), e muito longe de aboli-las, a narrativa
flaubertiana conserva ainda a unidade estética e o sentido monológico do texto. Em todo
o caso, o romance contemporâneo parece ter solapado os fundamentos do romance
tradicional, tais como enredo, linearidade e, sobretudo, a unidade formal; esta última foi
definitivamente abolida, dissolvida em favor de vários registros narrativos. E neste
sentido, somente a categoria de pluralidade é capaz de explicar esse grande composto
formado por vários registros em que foi convertido o romance contemporâneo;
pluralidade pura, ou seja, afirmação irredutível a qualquer unidade configuradora. Pois
diferentemente da totalidade hegeliana, a totalidade produzida aqui é produzida como
uma parte ao lado das partes, que ela não unifica nem totaliza – uma unidade entre
registros narrativos que conservam toda a sua diferença nas suas próprias dimensões,
enquanto conjunto de partes heterogêneas, como uma colcha de retalhos infinita. Assim,
nossa conferência pretende analisar todas essas características no intuito de apontar para
as transformações e radicalizações composicionais do romance contemporâneo (em
especial, o romance americano do pós-guerra).
O MARGINAL E O PÓS-MODERNO: CONSIDERAÇÕES SOBRE A
ESTÉTICA DO “ESPAÇO VAZIO” DA 28a
BIENAL DAS ARTES DE SÃO
PAULO (2009).
FERREIRA, Guilherme Kaiala Goulart. Universidade Estadual Paulista – UNESP –
Campus da Marília. Bolsista CAPES. Email: [email protected].
Nesta conferência, propomo-nos a discorrer em torno de um fato isolado na história das
Bienais de arte de São Paulo como pano de fundo para tratarmos alguns pontos de
contato entre arte marginal e a arte contemporânea, aliás, tratarmos a arte marginal
como parte da pluralidade de linguagens da arte contemporânea. Temos o filósofo
Arthur C. Danto como referência teórica nas discussões sobre os limites da arte
contemporânea na intersecção das narrativas oficiais e complexos institucionais do
mundo da arte. Para tal, escolhemos um fato real do cenário das artes visuais no Brasil.
A 28a Bienal de Arte de São Paulo (2009) foi alvo de bastante polêmica, suscita uma
interessante discussão em torno da legitimidade dos atos estéticos e os espaços
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institucionais da arte. Ao contrário das Bienais anteriores, nesta edição os curadores –
Ivo Mesquita e Ana Paula Cohen – apresentam uma proposta bastante provocadora: dos
três andares do prédio onde são realizadas as Bienais – Pavilhão Ciccillo Matarazzo,
Parque Ibirapuera na cidade de São Paulo – curiosamente, o segundo andar do prédio é
reservado para uma proposta estética: permanece inteiramente livre (12 mil m2) não
abrigando nenhum tipo de obra de arte. Segundo a proposta da curadoria, o que está em
jogo é o conceito de planta livre criado por Le Corbusier. O tema desta edição
carregava o título: “Em Vivo Contato”, entretanto, ficou conhecida enquanto “Bienal do
vazio”, que ironicamente, não passou em branco.
A TECNICIZAÇÃO DO HOMEM E A TOLERÂNCIA RELIGIOSA NA OBRA
HABBERMASIANA: PROBLEMAS ÉTICOS.
FERREIRA, Luis Marcos. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Email: [email protected].
O nosso objetivo é a análise do posicionamento de Jürgen Habermas sobre o papel da
religião no interior debate público, com a análise de dois textos sobre o tema: o primeiro
Entre naturalismo e religião (2007) e O futuro da natureza humana (2004). No primeiro
texto ele disserta sobre a “tolerância religiosa” “como precursora dos d ireitos
culturais”; no segundo, sobre Fé e Saber; num discurso que apresentou em 14 de
outubro de 2001, após os acontecimentos de 11 de setembro de 2001, e no qual
desenvolveu um argumento que poderia ser pensado da seguinte maneira: o que a
“secularização”, tão presente nas sociedades pós-seculares, pretende dos cidadãos de um
estado democrático constitucional, tanto de crentes como dos que não creêm?
Tentaremos entender acompreensão habermasiana do tema em textos anteriores e
possíveis mudanças na sua descrição sobre o papel da religião na esfera pública e em
seu conceito de sociedade secular para sociedade pós-secular visando a construção de
um mundo mais justo e tolerante. Trata-se de parte de um capítulo no qual o tema da
tolerância religiosa será crucial na medida mesmo em que estará presente na nossa
abordagem da religião diante das questões ligadas à tecnicização do homem e
problemas éticos daí decorrentes, como p.ex. mutações genéticas, clonagem e eugenia.
VOLTAIRE E O PROBLEMA DO RECONHECIMENTO DO MAL.
FRANCO, Estevam Roosevelt Rodrigues. Universidade Estadual Paulista – UNESP –
Campus de Marília. Email: [email protected].
Reconhecidamente, a crítica de Voltaire a Leibniz se estende até as noções conceituais
de „bem‟ e „mal‟, onde o „melhor dos mundos possíveis‟, presente na monadologia e
nos ensaios de teodicéia, é tido por Voltaire como, no mínimo, escandaloso. Há dois
textos principais onde estão estruturados a crítica: no verbete tudo esta bem do
dicionário filosófico e no conto Candido. A conferência pretende demonstrar que
Voltaire não dirige suas criticas diretamente a Leibniz, mas ao seu legado: pensadores
como Shaftesbury e Pope que tentaram dar respostas ao problema do mal no mundo,
mas sempre de maneira contraditória segundo o autor.
NIETZSCHE: RAZÃO E LINGUAGEM.
GALASSI, Claudia Simone. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Email: [email protected]
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A presente conferência trata-se de um estudo em torno da crítica feita por Nietzsche à
ideia de verdade. Em torno disso, linguagem e razão são temas que encontram-se
totalmente imbricados nas reflexões de Nietzsche quando se trata deste tema.
Conforme se pode verificar no texto Acerca da Verdade e da mentira no sentido
extra-moral, a propósito de uma contribuição para a gênese do intelecto, foi a partir da
necessidade de conservação que se iniciou um processo de desenvolvimento do
intelecto humano, tendo suas repercussões no pensamento grego, que por sua vez
culminou no pensamento ocidental. O homem desenvolveu o intelecto, com o intuito
de acordos entre os iguais e dominação da natureza. O pacto entre os humanos foi
possível através da linguagem, que convencionou signos e nomes para as coisas que
eram úteis e válidas para a sociedade. Assim, a linguagem foi criando um mundo
próprio e moldando nosso pensamento. O desenvolvimento da razão, segundo
Nietzsche, se deu conforme a crença de que com a linguagem e através dela, o homem
possuía um saber efetivo sobre as coisas. A linguagem enquanto instrumento de
cristalização da ideia de verdade, aliada aos processos psicológicos e sociais
(esquecimento, sentimento moral e o hábito) instauraram no homem uma segunda
natureza, marcando toda uma história de pensamento. Desde então, o pensamento
trágico e juntamente a ele, a linguagem poética e criadora, foram submetidos ao
pensamento do Ser e à linguagem do discurso pré-determinado. É este tipo de
pensamento, nada autêntico, nada genuíno, que é detectado e bombardeado por
Nietzsche.
KANT E O COMÉRCIO PSICO-FÍSICO: O INFLUXO ENTRE CORPO E
ALMA.
GIROTTI, Márcio Tadeu. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Bolsista CAPES. Email: [email protected]
Diante da crítica kantiana lançada às concepções metafísicas sobre a doutrina da alma,
buscaremos abordar a questão do comércio psico-físico (troca de informações), entre o
mundo sensível e suprassensível, ou, entre a alma, o corpo e o espírito. A problemática
do comércio psico-físico é tratada por Kant na obra Sonhos de um visionário explicados
por sonhos da metafísica (1766), por conta da figura de Swedenborg, um entusiasta do
mundo suprassensível, um visionário sueco, que afirma ter contato com o mundo dos
espíritos. Com isso, Kant aborda a definição do conceito de espírito, bem como o
problema da relação alma e corpo, dentro da questão da impenetrabilidade: como pode
um ser imaterial ocupar um ser material? Na Dissertação de 1770, Kant retoma a
questão acerca das relações que se estabelecem entre corpos físicos e entre tais corpos e
uma possível unidade do Mundo encontrada em um ser fora do mundo, ou uma causa
comum (única): Deus. Essas relações, em certo sentido, fazem referência ao comércio
psico-físico estabelecido nos Sonhos de um visionário. Já na Crítica da razão pura
(1787), a questão é retomada com referência à crítica de Kant às teorias tradicionais da
doutrina pura da alma, que não são senão “paralogismos da doutrina transcendental da
alma, a qual é tomada falsamente como ciência da razão pura sobre a natureza do ente
pensante” (KrV, B 403). Nesse sentido, trataremos a questão entre as três obras citadas,
buscando, ao menos, levantar a questão da possibilidade da comunicação entre um
mundo e outro e, talvez, entre um ser e o outro.
REFLEXÕES ACERCA DA TEORIA EVOLUTIVA DE HABERMAS.
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GRADSKI, Anatoli Konstantin. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Email: [email protected]
Com o conceito de intersubjetividade lingüística, Habermas busca compreender como a
interação entre os vários sujeitos num discurso os fazem pertencer a um espaço de
vivência e de experiências compartilhadas, o que para ele constitui o mundo da vida não
apreendido pelas ciências positivas e nem colonizado pelo sistema. Paralelo à sua crítica
à apreensão positivista do conceito de mundo da vida, ele apresenta uma reconstrução
evolutiva da racionalidade, cuja base está na epistemologia genética de Piaget e na
teoria do desenvolvimento do juízo moral de Kohlberg, e que concebe o entendimento
intersubjetivo como resultado da aprendizagem no processo cognitivo de aquisição de
competências operatórias, no qual se dá o desenvolvimento das relações interativas.
Tanto numa interpretação filogenética quanto na análise da evolução ontogenética da
consciência moral, Habermas constata o mesmo processo que, passo a passo, segue em
direção ao estabelecimento de princípios universalistas para a regulamentação de
conflitos que obstam o entendimento intersubjetivo das comunidades lingüísticas – e
isso tanto no âmbito do mundo da vida cotidiano quanto no âmbito da produção formal
do conhecimento. Ora, metodologicamente, aqui estamos diante de uma perspectiva
evolucionista da própria razão. O que cabe é questionar se tal perspectiva não pode
servir de pano de fundo a uma filosofia da história. Se sim, como então compreender
essa nova racionalidade diante da história visto que, segundo a própria crítica de
Habermas, a filosofia da história é aliada secreta do positivismo, e, em decorrência, por
ceder ao objetivismo cientificista anula o sujeito cognoscente da própria constituição
das estruturas sociais?
ARTICULAÇÃO DO CONCEITO “EU” (ICH) EM DUAS OBRAS
FREUDIANAS.
GUIDI, Giovanni José Signorelli. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus
de Marília. Bolsista CAPES. Email: [email protected]
O “Projeto para uma Psicologia Científica” é um texto escrito por Freud em 1895 e
publicado postumamente em 1950. Essa obra é bastante interessante por ter sido o
primeiro momento no qual Freud tentou construir uma explicação do aparelho psíquico
buscando esclarecer os fenômenos mentais, como os presentes nas patologias e nos
sonhos. Para inúmeros pesquisadores, a definição dos conceitos presentes nesse texto
pode ser conferida nos escritos subseqüentes de Freud, fazendo com que o Projeto,
mesmo sendo uma obra abandonada pelo autor, seja comumente evocada, pairando
sobre a teoria psicanalítica freudiana como um fantasma, pois as elaborações posteriores
estariam presentes desde então. Nesse sentido, a presente conferência tem por objetivo
apresentar o conceito “Eu” (Ich) presente na primeira parte do Projeto, articulando-o
com a definição do mesmo conceito apresentada por Freud na obra de 1920, “O Eu e o
Isso”. Para tanto, serão analisados os dois momentos em que o autor construiu a sua
definição de “Eu” (Ich), para depois pensarmos se realmente existem semelhanças entre
o conceito apresentado em 1895 e o mesmo conceito definido no contexto da segunda
tópica.
Palavras-chave: Eu. Projeto para uma Psicologia Científica. O Eu e o Isso. Segunda
Tópica.
OBSERVAÇÃO CIENTÍFICA: FODOR VERSUS CHURCHLAND.
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LAZARIN, Tales Carnelossi. Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Email:
Nesta conferência pretende-se revisitar um confronto breve, porém significativo, sobre o
assunto das observações científicas. O pano de fundo do debate são as controversas
teses de autores construtivistas como Kuhn e Hanson de que as observações científicas
seriam essencialmente impregnadas pelas teorias esposadas pelos cientistas, e também
que não haveria um referencial externo às próprias teorias científicas que torne possível
uma comparação entre teorias rivais em um mesmo domínio (i.e. teorias distintas seriam
incomensuráveis). Fodor, sendo um realista, tenta confrontar essas teses buscando
resguardar a possibilidade de estabelecer o conhecimento científico objetivo. O autor
propõe, partindo da tese empírica da modularidade mental defendida previamente por
ele, que a percepção é uma faculdade modular e que, por isso, a informação ali
processada seria encapsulada, sofrendo influência muito restrita de processos cognitivos
superiores; desse modo haveria, sim, neutralidade perceptiva com relação às teorias
científicas - ao contrário do que afirmam os construtivistas. Churchland, também um
realista, objeta porém que, mesmo concedendo o ponto a Fodor, obter-se-ia com isso no
máximo um consenso perceptivo limitado, mas não a garantia de conhecimento
objetivo, dado que o processamento cognitivo, mesmo modular, poderia operar a partir
de um conjunto de suposições enviesadas ou falsas sobre o mundo. A isso Fodor replica
que, mesmo havendo um viés universal, basta que seja possível o consenso perceptivo
dos cientistas para se estabelecer uma base observacional neutra com relação às teorias
científicas, que poderia então ser empregada para decidir entre teorias científicas rivais,
afastando a tese de incomensurabilidade.
EDUCAÇÃO PELA DUREZA NA PRIMEIRA INFÂNCIA E O
ENFRAQUECIMENTO DO EU.
LIMA, Emerson Filipini de. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Bolsista FAPESP. Email: [email protected]
Nos baseando principalmente no livro Educação e Emancipação de Adorno,
discutiremos como a “educação pela dureza” nos leva a uma relação de frieza e rancor
tanto em relação aos homens quanto em relação à cultura. Isto ocorre porque este tipo
de educação desumaniza o indivíduo. Na educação pela dureza o indivíduo é levado a
ter uma postura rígida, seguindo normas sem questioná-las, porém, esta postura
contribui para o enfraquecimento do eu. O enquadramento em regras sem reflexão e
questionamento indica uma situação de heteronomia e consciência reificada. Ao se
imporem normas de forma violenta, esta violência acaba sendo interiorizada como
sendo uma forma normal de comportamento, ela passa a fazer parte da personalidade do
indivíduo. Como resultado disso vemos o tipo de personalidade denominado por
Adorno como personalidade autoritária. É durante a primeira infância que a estrutura
psíquica é formada (ego e superego), nesta fase a educação pela dureza pode deixar
marcas na estrutura psíquica do individuo que influenciarão, de forma negativa, seu
comportamento por toda a vida, isto se o adulto tiver uma postura autoritária em sua
relação com a criança. Em um ambiente violento a criança pode decorar normas e
regras, porém não poderá ter uma relação viva com a cultura, mas sim uma relação de
ressentimento e desconfiança.
Palavras-chave: Teoria Crítica. Adorno. Primeira infância. Formação. Autoridade.
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UMA ABORDAGEM MONISTA-NATURALISTA DE ESPINOSA SOBRE O
CONCEITO DE SAÚDE MENTAL.
LIMA, Orion Ferreira de. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Botucatu. Email: [email protected]
Nessa conferência iremos abordar o conceito de loucura como sinônimo de erro, ou
seja, de tudo aquilo que se constitui deturpação da realidade. Nessa perspectiva, o louco
tornou-se um alienado, alheio a si mesmo e ao mundo, em suma, um não-sujeito.
Entendida nesse sentido, a doença mental assume o caráter de desajuste biológico, mais
especificamente falando na esfera cerebral. É nesse universo de isolamento que a
loucura torna o indivíduo o sujeito da desrazão, em outras palavras, o sujeito, que por
conta de sua alienação, deixa de ser protagonista de sua própria história, dando lugar ao
objeto de alienação. Construímos nossas teorias e práticas a partir de uma série
coordenadas de sintomas que caracterizam o estabelecimento de um “desajuste” na
esfera dita mental; com isso diagnosticamos e traçamos um plano comum de
terapêutica. Nesse sentido, os aspectos histórico-social e individual não foram
valorizados. Sendo assim, temos a pretensão de valorizar essas dimensões,
considerando-as imprescindíveis à construção do conceito de saúde. Acreditamos que a
filosofia monista-naturalista de Espinosa nos garante subsídios imprescindíveis para se
entender como é possível alcançar uma vida satisfatória. Ao postular sua teoria do
conatus, Espinosa afirma que os afetos constituem elementos determinadores de uma
vida saudável ou não.
A HIPÓTESE DE CRICK E O PROBLEMA DA CONSCIÊNCIA.
MASSMANN, Diogo Fernando. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Bolsista CAPES. Email: [email protected].
The Astonishing Hypothesis de F. Crick é uma tentativa notável de apresentar os
conhecimentos atuais sobre a natureza do cérebro em relação com um grande número de
domínios conexos, como as ciências cognitivas e a psicologia. Apesar de Crick
apresentar detalhes sobre a anatomia e a fisiologia da visão, deixa de lado certos
detalhes relativos aos canais iônicos, aos receptores químicos e aos diferentes tipos de
neurotransmissores. Crick estaria próximo do materialismo reducionista ao pensar que
toda a nossa „vida mental‟, todas nossas experiências conscientes se „explicariam‟ pelo
comportamento dos neurônios e nada mais seriam que propriedades que „emergiriam‟
do sistema de neurônios. Mas como que é possível que alguns sinais de neurônios de
natureza física, objetiva e quantificável possam causar experiências internas, subjetivas
e qualitativas? Crick e Koch haviam sugerido a hipótese que uma atividade sincronizada
de neurônios ao nível de 40Hz poderia ser o correlato neural da consciência visual.
Estes neurônios, que se situariam no sistema tálamo-cortical, poderiam ser a chave para
o problema da consciência, porque responderiam a todas as características de um objeto
percebido no espaço permitindo uma percepção unificada.
A REIFICAÇÃO E A PROPOSTA FORMATIVA EM HISTÓRIA E
CONSCIÊNCIA DE CLASSE, DE GEORGY LUKÁCS.
MENDES, Bruno Moretti Falcão. Universidade Federal de São Carlos – UFSCar.
Email: [email protected].
Esta conferência abordará a perspectiva formativa em História e Consciência de Classe,
procurando analisar como Lukács apreende o conceito de reificação de modo dinâmico
17
e dialético, como processo de formação do ser social na medida em que é compreendido
como manifestação totalizante da realidade, em suas dimensões objetivas e subjetivas,
ao mesmo tempo em que procuramos destacar como o autor húngaro introduz a
possibilidade de uma formação subjetiva da consciência, recuperada a partir do trajeto
da filosofia clássica alemã, em consonância com a análise e apreensão das formas de
objetivação social reificadas, lançando mão do conceito de fetichismo da mercadoria.
Em termos gerais, reportamos nossa atenção ao modo como o autor busca reconciliar as
formas sociais objetivas afetadas pela mercantilização com a formação subjetiva. Nesta
medida, buscamos situar a discussão que o autor desenvolve, sobretudo na parte central
da obra, A Reificação e a Consciência do Proletariado, destacando a problemática das
antinomias, na medida em que a “originalidade do racionalismo burguês moderno”, que
permitira acessar a uma universalidade no plano da consciência, aparece na exposição
do trajeto da filosofia clássica alemã, no sentido de identificar modelos de pensamento
que já expressavam a fecundidade formativa do ser, como formas universais do ser
reificado e indicaria os caminhos para a sua superação. Dentro dessa proposta, seria
possível pensar no que seria a “gênese do marxismo”.
Palavras-chave: Lukács. Reificação. Antinomias. Totalidade. Filosofia clássica alemã.
ORIENTAÇÕES FILOSÓFICAS DE SANDRO BOTTICELLI NO CONTEXTO
DO SÉCULO XV.
MENDONÇA, Débora Barbam. Univesidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Bolsista FAPESP. Email: [email protected]
A conferência a ser apresentada tem por objetivo investigar a pintura de Sandro
Botticelli como o resultado de um intenso debate histórico-filosófico no Quattrocento
italiano (Renascimento no século XV). O período em questão contou com propostas
filosóficas que envolviam o universo das produções artísticas, bem como, com teorias
que realizavam reflexões sobre uma questão comum: o belo artístico. De um lado,
destacamos as teorias pautadas no cientificismo humanista representada pelo teórico
Leon Batista Alberti, que indicava aos artistas como deveria ser a composição de suas
obras, de maneira que fosse possível localizar a beleza dada pela natureza; de outro, a
vertente filosófica neoplatônica elaborada por Marsilio Ficino, que no final do século
teorizava a beleza como algo eterno e imutável. O desenvolvimento de nosso estudo
consiste na constatação de um conceito importante para o entendimento do belo no
século XV, seja pela via de Alberti ou de Ficino: o conceito de graça. Entendemos que
conceito de graça seja o elemento responsável pela relação inédita entre a reflexão
teórica e a prática artística, responsável por realizar uma intersecção do fazer artístico
com as propostas teóricas existentes no século XV. Pretendemos encontrar na pintura de
Sandro Botticelli os elementos que os italianos entendiam como graciosos, bem como
identificar os exemplares que indicam a inserção do pintor neste diálogo prático-teórico,
frizando sempre a importância de uma reflexão filosófica para o universo artístico, já
em Florença do século XV.
A EFETIVAÇÃO E AUTODETERMINAÇÃO DO ESPÍRITO NA FILOSOFIA
HEGELIANA: UM ESTUDO DA INTRODUÇÃO DO TERCEIRO LIVRO DA
ENCICLOPÉDIA DAS CIENCIAS FILOSÓFICAS EM COMPÊNDIO.
MENK, Tomás Farcic. Univesidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de Marília.
Bolsista CAPES. Email: [email protected].
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O conceito de Espírito possui na filosofia hegeliana uma função central. No contexto da
Enciclopédia das Ciências Filosóficas de 1830, o Espírito é o momento em que a Idéia
Lógica retorna e volta-se para seu ser outro, na figura da Natureza, e assim, surge à
unidade do Espírito. Ele é o todo, mas antes de ser todo, ou a verdade do todo, é uma
verdade parcial que necessita ser completada, determinada. O Espírito é o objeto e o
sujeito da consciência, mas não é algo particular, nem uma substância particular, pois
muito antes, o Espírito é o universal que desenrola a si próprio. A Fenomenologia é a
história deste desenrolar do Espírito, rumo ao conhecimento total. Ao longo desta
história estão os objetos que por meio deles, e contra eles, o Espírito se realiza. No
último estágio de seu desenvolvimento o Espírito reconhece-se como verdade, mas só
porque absorveu o erro, a negatividade, e a parcialidade. Este último estágio culmina no
regresso da natureza de si próprio no reino da razão. O Espírito é, portanto, o absoluto
no movimento de se autodeterminar. Nossa pretensão nesta conferência é estudar o
conceito de Espírito, mas como este é um tema muito amplo, nos propomos a analisá-lo
em dois momentos principais: Na primeira tentaremos demonstrar o Espírito como a
efetivação da suprassunção da Lógica e da Natureza; no segundo, tentaremos analisar o
movimento próprio do Espírito, como a autodeterminação de si mesmo.
DA “VIRADA NATURALISTA” À “VIRADA INFORMACIONAL” NA
FILOSOFIA.
MORAES, João Antonio de. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Bolsista CAPES. Email: [email protected]
Buscaremos, nesta conferência, apresentar nossa hipótese segundo a qual a “virada
naturalista” na Filosofia teria propiciado a emergência de uma segunda virada, agora
informacional, na Filosofia. O eixo central que focalizaremos para defender nossa
hipótese é a análise do processo de desconstrução da metafísica da subjetividade, que,
supostamente, teria ocorrido com a “virada naturalista na Filosofia”. O tema da
subjetividade, mesmo já tendo sido expressa anteriormente na Filosofia, ele se destaca,
como explicitaremos, no pensamento de Descartes (1973a, 1973b), a partir do
pressuposto de que o homem é o único possuidor de alma e a medida de todas as coisas.
Esse pressuposto começa a ser superado com a “virada naturalista na Filosofia”, cujo
marco tem por representantes centrais, segundo nosso entendimento, La Mettrie (1748)
e Dewey (1909). Esses filósofos iniciaram um processo de desconstrução da
subjetividade, segundo o qual o homem perde seu papel central na compreensão do
mundo e é entendido como um organismo complexo dentre os outros existentes. A alma
não é mais entendida como um elemento superior, mas é situada no mesmo contexto do
corpo. Entendemos que o processo de desconstrução da subjetividade se consolida com
a ocorrência da “virada informacional na Filosofia”, dando origem a novas disciplinas
no estudo da mente tais como a Filosofia da Mente e a Ciência Cognitiva.
Principalmente nesta última ciência, se assume que “conhecer é fazer” via modelagem,
o que possibilita o entendimento de que sistemas artificiais também poderiam possuir
processos mentais. Enfim, buscaremos destacar que é neste contexto que àquele homem,
dotado de alma segundo a concepção da modernidade, se dissolveria.
Palavras-chave: Virada Naturalista. Virada Informacional. Desconstrução da
subjetividade. Mente.
IMPLICAÇÕES ÉTICAS DA COMPUTAÇÃO UBÍQUA: UMA ANÁLISE A
19
PARTIR DA ÉTICA DA INFORMAÇÃO.
MORONI, Juliana. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de Marília.
Bolsista FAPESP. [email protected]
Estudos acerca da natureza da informação têm contribuído para pesquisas de questões
recorrentes na Filosofia como a relação mente-corpo, o processo de aquisição do
conhecimento e os aspectos éticos da relação entre mentes e máquinas. Nesse contexto,
o objetivo desta conferência é investigar a relevância da aplicação do conceito de
informação nos estudos sobre o desenvolvimento de sistemas artificiais tais como
máquinas inteligentes, bem como implicações éticas da tecnologia informacional no
estudo da ação. Para isso, realizamos uma breve abordagem histórica da virada
informacional na Filosofia e discutimos aspectos éticos ligados a utilização de
tecnologias informacionais no direcionamento da ação. No contexto da ética
informacional procuramos problematizar os efeitos da inserção da tecnologia
informacional no cotidiano das ações dos organismos nos seus respectivos ambientes.
Aspectos positivos e negativos de tais efeitos são discutidos com o propósito de
contribuir para o desenvolvimento de uma ética não antropocêntrica que esteja voltada
ao estudo da diversidade das ações de agentes situados e incorporados no ambiente.
O NOVO MODELO PARA O ESTUDO DA MENTE SEGUNDO DANIEL
DANNETT.
PAULO, Gustavo Vargas de. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Bolsista FAPESP. Email: [email protected]
O objetivo desta conferência é apresentar o novo e contra-intuitivo modelo para o
estudo da mente do filósofo Daniel Dennett, ressaltando as implicações de sua visão do
funcionamento do cérebro para o estudo da consciência. O novo modelo proposto por
Dennett encontra coerência teórica no encontro das noções da máquina Joyceana e da
mente como um pandemônio. Buscaremos abordar os motivos pelos quais o filósofo
almeja rever o que entendemos por “consciência” com base neste modelo. Dennett tenta
explanar o conceito de consciência de forma que ela não se apresente como algo
misterioso na mente, mas como algo que certamente é produto da evolução biológica e
que está em íntima conexão com os tipos de processamento de informação mais simples
que a precederam na cadeia evolutiva e que estão em grande parte ainda presentes em
nossos cérebros. O seu modelo de estudo da mente considerando-a sob a perspectiva de
terceira pessoa aparentemente nega a consciência porque considera os qualia das
experiências conscientes como parte de uma ficção filosófica que não teria espaço em
um estudo sério amparado pelas disciplinas das ciências cognitivas. Neste trabalho
defenderemos que as propostas de Dennett seriam melhor encaradas como uma
reformulação da noção de consciência, de maneira que uma negação categorial desta
atribuída ao filósofo seria forte demais, com vistas a que os próprios termos do debate
podem necessitar um maior esclarecimento em relação a cada teoria que os utiliza.
Dennett acredita explanar os fenômenos diários que dizem respeito à consciência dentro
de seu escopo teórico, mas acaba por rejeitar grande parte dos conceitos comuns que
carregam nossas concepções normais destes fenômenos.
MONTAGNE: CETICISMO E ETNOCENTRISMO.
PETEAN, Antonio Carlos Lopes. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus
de Araraquara. Email: [email protected]
20
O pensador francês Michel de Montaigne se preocupou em retratar a diversidade de
costumes e hábitos que os homens são capazes de criar. Em pleno século XVI sua obra
“Ensaios” abordou, no texto “Dos Canibais”, os hábitos e costumes dos Tupinambás.
Enquanto no texto “Dos Coches”, que também faz parte dos seus “Ensaios”, as
reflexões se concentram na crueldade e incompreensão dos espanhóis ao se defrontarem
com povos nativos da América. Suas reflexões nestes textos buscarão relativizar o
conceito de “povos bárbaros”. Conceito muito presente na literatura ocidental, desde os
primórdios da civilização grega. Montaigne vai nos dizer que somos escravos de
costumes, hábitos e opiniões que circulam entre nós e aos quais aderimos através da
educação, dos ensinamentos dados por nossos pais ou através do grupo social com o
qual partilhamos nossa vida. Para Montaigne a tirania dos costumes e hábitos nos
impede o livre exercício da razão e de construirmos um juízo sobre o outro que leve em
conta a própria diversidade humana. Podemos dizer que Montaigne antecipou, com suas
especulações filosóficas, as teses que condenam os olhares etnocêntricos nas ciências
humanas e, ao mesmo tempo, podemos ver nos “Ensaios”, um ceticismo quanto ao livre
discernimento do qual a razão seria capaz, segundo os racionalistas da sua época.
AS CRÍTICAS DE GILBERT RYLE À TRADIÇÃO FILOSOFIA: A
INTELIGÊNCIA INCORPORADA PRESENTE NO CONHECIMENTO
COMUM.
PILAN, Fernando César. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Bolsista CAPES. Email: [email protected]
O objetivo da presente conferência é apresentar os argumentos de Gilbert Ryle (1949,
2000), a respeito da inteligência incorporada presente no conhecimento comum (know
how). Segundo Ryle, dentre as várias abordagens que procuraram explicar a natureza da
mente, predomina a dualista substancial. Esta abordagem estabeleceu dois âmbitos
ontológicos distintos: um material, correspondente ao corpo, e outro, imaterial,
responsável pela produção do conhecimento, correspondente à mente. O autor critica
esta interpretação da tradição afirmando que ao invés de resolver o problema da mente,
este legado complica-se, gerando pseudoproblemas como, por exemplo, a espinhosa
explicação da interação entre mente e corpo. Destaca ainda que tal dificuldade presente
na tradição filosófica trate-se de um erro categorial: tal equívoco consistiria em entender
a mente como um tipo ou categoria diferente da categoria física, mas que interagiria
causalmente sobre o substrato físico/corpóreo. Em seu contraponto à tradição, Ryle
afirma que a ação realizada inteligentemente não necessitaria de antecedentes
intelectuais que ajam causalmente sobre o corpo. O plano do know how ou
“conhecimento comum” teria uma inteligência inerente que muitas vezes é realizada nas
ações sem a necessidade do amparo do raciocínio. É preciso desfazer este equívoco,
para que a investigação filosófica acerca da natureza da mente considere a relevância
cognitiva do plano da ação. Em suma, Ryle nos propõe um conceito de mente mais
amplo, segundo o qual os eventos mentais seriam um conjunto de relações
disposicionais que não se limitariam à inteligência teórico-intelectual.
INSTINTO E INTELIGêNCIA NA EPISTEMOLOGIA DE HENRI BERGSON:
UMA COMPREENSÃO DO MÉTODO INTUITIVO COMO PROCEDIMENTO
ORIENTADOR DA EVOLUÇÃO HUMANA.
RIO, Sinomar Ferreira do. Professor das Faculdades Integradas de Nova Andradina/MS.
Email: [email protected]
21
Henri Bergson apresenta em sua filosofia duas maneiras distintas e complementares que
a vida efetivou como método de organização da realidade, a instintiva e a inteligente.
Dessas duas formas de organização, a inteligente apreende a realidade pela
exterioridade ao fixar pontos no espaço, constituindo um ambiente apropriado para um
agir interessado. Já o instinto se efetiva como uma organização interior da vida. O ser
vivo, firmando sua existência pelo método instintivo, não constitui uma realidade
exterior: ele se efetiva em um contínuo com o real. Esses dois métodos de organização
vital são constitutivos de toda ordem vida. A diferença entre os seres vivos se manifesta
pela preponderância de um ou de outro método de organização. Na espécie humana, a
inteligência se efetivou como o método de organização por excelência. Essa espécie, por
exigência existencial, elevou ao máximo essa tendência vital e se fez capaz de dominar
toda a realidade material. No exercício dessa capacidade, ela se fez prisioneira da
exterioridade que produziu para si como modo de viver. Não vê que a exterioridade é
uma produção cujo fim é libertar o ser vivo da necessidade imediata e da inconsciência
do existir instintivo. A vida, nessa perspectiva, ampliou suas potencialidades ao firmar a
inteligência como método de organização humana, mas se determinou nas próprias
necessidades que inventou para si. Não obstante esse impasse, a vida é concebida por
Bergson como uma expressão de liberdade. À luz dessas considerações, focaremos a
hipótese de que a intuição deve ser um retorno do ser inteligente para sua origem, de
maneira a fazer consciência de si no tempo como ser capaz produzir seu próprio destino
e, assim, ampliar sua humanidade como exercício de liberdade.
O PROBLEMA DO CONHECIMENTO EM ESPINOSA.
SILVA, Adriano Pereira da. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Email: [email protected].
A filosofia de Espinosa pode ser considerada como uma verdadeira síntese do
pensamento do século XVII, no que tange à busca de uma explicação acerca da natureza
e da vida. Sua investigação busca uma concepção ética da vida humana, conduzida em
função do ser: “Deus sive natura”. Por isso, sua teoria do conhecimento parte da plena
convicção de que existe o Ser e a verdade, e somos capazes de conhecê-los. Segundo
ele, a verdade existe e não é produzida por nós, ou seja, é preciso somente buscar um
caminho seguro para descobri-la, e o critério que permite esta segurança é distinguir as
ideias verdadeiras (adequadas) das falsas (inadequadas) voltando-se para si mesmo e
fazendo uma reflexão sobre as próprias ideias. Assim, para Espinosa, há somente três
tipos de ideias: 1) as ideias afecções (affectio); 2) as ideias noções e 3) as ideias
essências. Cada uma correspondendo aos três gêneros de conhecimento: primeiro,
segundo e terceiro gêneros na obra Ética e aos quatro modos de percepção presentes no
Tratado da reforma da Inteligência. O conhecimento do primeiro gênero na Ética
corresponde ao primeiro e segundo modos de percepção no Tratado; o do segundo na
Ética ao terceiro modo no Tratado e, por fim, o do terceiro na Ética corresponde ao
quarto modo no Tratado. O método espinosano consiste em buscar ordenadamente a
verdade, isto é, a essência objetiva das coisas, para assim, chegarmos ao conhecimento
reflexivo e intuitivo da realidade.
A MÚSICA COMO ARTE ROMANTICA EM HEGEL.
SILVA, André S. Universidade do Estado de São Paulo – USP. Bolsista CAPES. Email:
22
G.W.F.Hegel elabora sua filosofia da música no quadro teórico dos Cursos de Estética,
tendo em vista neles há uma teoria que visa compreender o status da arte como um todo
e seu papel no mundo e a teoria sobre a música se insere nesta direção. O filósofo
concebe a música como uma arte na qual o Espírito alcançou uma grande compreensão
de si e liberdade em sua atividade, na medida em que , na música , o conteúdo humano
se expressa em toda sua extensão ( o amor, a dor, a alegria, a morte...). A música , de
acordo com o Ideal, coloca-se como arte principal no seu desenrolar histórico-conceitual
na humanidade, quando a sujeito humano quer que todo seu interior se aprofunde, que a
subjetividade se expanda cada vez mais, fazendo com que o sentimento possa cada vez
mais alcançar sua expressão. Este aprofundamento da interioridade, da espiritualidade
começa com o advento da pintura como arte central- tendo nas pinturas alemã e
holandesa seu exemplo efetivo- que surge quando a escultura clássica grega não pode
elevar a interioridade e subjetividade humanas a um maior aprofundamento. Este
despertar da interioridade e subjetividade na arte é representada conceitualmente pelas
artes chamadas por Hegel de românticas (a pintura, a música e a poesia) colocadas sob o
conceito de Arte romântica. A música eleva a interioridade a um maior
aprofundamento,tendo em vista que , o som,seu material, é um meio muito mais
adequado para o interior ( e consequentemente para o sentimento) que todos os outros
(como a pedra, o mármore, as cores), fazendo com que tudo que pertença à interioridade
se eleve a um alto nível de desenvolvimento, tendo na música luterana sua realização
histórica.
VOLKSGEIST: TEMPO E O ESPÍRITO DE UM POVO EM HEGEL.
SILVA, Danilo Ramos Meira da. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus
de Marília. Email: [email protected];
A noção de Volksgeist encontra-se, por certo, intimamente relacionada a várias
passagens do sistema filosófico hegeliano. Justifica-se então a reflexão do sentido que a
noção de Volksgeist carrega dentro da filosofia de Hegel. Assim, atento para o papel que
este possui na noção hegeliana de Tempo e História e, por conseguinte, seu vínculo com
algumas noções básicas do pensamento hegeliano, tais como, Absoluto, Espírito, Razão
e História Universal. Podemos dizer que o princípio fundamental da filosofia hegeliana
é a relação entre finito e infinito como uma identidade entre o real e o racional. A
dialética desta relação e identidade se faz presente também em sua noção de História e
desenvolvimento histórico. Assim, um estudo do contexto ocidental moderno e de sua
peculiar representação do tempo, associado ao estudo da perspectiva histórica dos
trabalhos de Hegel nos conduz para um aprofundamento do sentido da noção de
Espírito de um povo (Volksgeist) e ao problema do desenvolvimento histórico, bem
como a organização das idéias hegelianas na intuição de vida orgânica de um povo e sua
relação com a história do Espírito do mundo. Percebemos que para Hegel, o indivíduo
reduzido a si mesmo é uma abstração. É, portanto o Povo, a unidade orgânica
verdadeira, o universal concreto, a expressão do absoluto. O povo constitui um Estado,
uma nação, e a particularidade desta é o Espírito de um Povo. Aqui, o tempo e o
movimento dialético/histórico são justamente as noções de base de tal constituição. Para
Hegel, a Liberdade é universal e só tem sua objetividade no Estado, e o indivíduo não
poderia realizar-se em sua plenitude senão participando do que o ultrapassa e o exprime
ao mesmo tempo, de uma família, de uma cultura, de um povo, compreendidos dentro
de um movimento temporal.
ROUSSEAU: SOBERANIA POPULAR E ORIGENS DA ESFERA PÚBLICA.
23
SILVA, Hélio Alexandre da. Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Email:
A presente conferência pretende investigar no pensamento de Jean Jacques Rousseau
indícios que permitem apontar para presença de elementos capazes de influenciar e
delimitar a construção teórica do que contemporaneamente tomamos como esfera
pública. Para tanto serão centrais três categorias que compõem a natureza humana
segundo Rousseau, são elas: a perfectibilidade natural (capacidade que todo homem
possui de aprender e se aperfeiçoar seja enquanto individuo ou enquanto espécie),
amor-de-si (espécie de reconhecimento mútuo que se manifesta principalmente no
padecer individual diante do sofrimento de seu semelhante) e liberdade natural (que
permite ao homem resistir aos instintos naturais e que por isso os distingue dos animais
que não possuem tal capacidade). Rousseau pode apostar na capacidade de cada homem
tornar-se um cidadão em grande medida graças ao campo de possibilidades aberto por
essas categorias, pois é também da articulação entre elas que surge a possibilidade de
pensar um espaço político público capaz de ampliar o papel dos cidadãos no contexto de
legitimação da soberania política. Em outras palavras, poderia dizer que a antropologia
de Rousseau possui um papel fundamental no processo que articula natureza e política
pensado na chave da soberania popular. Nesse sentido, penso ser possível investigar a
categoria de soberania popular como um primeiro passo no sentido de construir a noção
de esfera pública.
A DESCRIÇÃO DO HOMEM EM MONTAIGNE.
SILVA, Nelson Maria Brechó da. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus
de Marília. Email: [email protected]
Esta conferência aborda o homem e sua descrição em Montaigne. Trata-se do livro
terceiro dos Ensaios, pertencente ao capítulo segundo, cujo título Do arrependimento. O
autor parte do pressuposto de que ele descreve o homem ao ensaiar. Haja vista que tal
descrição é assegurada pela escrita. Por essa razão, cada vez que ele escreve, mais se
amplia o seu retrato. Este, por sua vez, possui variação e diversidade, que indicam a
instabilidade do homem e a ausculta de registrar no escrito suas vivências. A descrição
se move à luz de uma embriaguez natural, ou seja, num movimento cético e
humanizador. Em cada ato de ensaiar ou pintar, o pensador o faz tal como aparece em
dado instante. A alma humana não para e se agita sempre à procura do caminho certo. A
felicidade do homem compreende em bem viver, pois não se lamenta com o passado e
tampouco teme o futuro. Os pensamentos dele sempre se acordaram com os seus atos.
Nesse sentido, o autor não se arrepende das suas ações, porque a consciência precisa se
corrigir por si mesma, por intermédio do fortalecimento da razão. À medida que o
tempo passa, a velhice se infiltra no homem como uma doença terrível. Faz-se mister
uma preparação cuidadosa para evitar a decadência. Assim, Montaigne luta com suas
forças contra a velhice. Aliás, a descrição que ele faz do homem se refere a ele mesmo.
Realiza tal proeza para garantir vivo no tempo as experiências vividas.
BAUMAN E A TENSÃO ENTRE MORALIDADE E LEGALIDADE.
SILVA, Paulo Fernando da. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Email: [email protected].
Segundo Bauman, a teoria ética moderna teve como base dois pontos principais: a ética
estabelecida por leis e a moralidade como construção social. O primeiro ponto deriva da
24
rejeição dos filósofos modernos de aceitar qualquer ética fundamentada
metafisicamente e apoiar sua teoria no conjunto de leis criadas pelo agente racional
autônomo. O segundo ponto advém da concepção de moral como criação da sociedade
e, portanto, do sujeito moral moldado a partir de sua inserção no meio social. Todavia,
conforme afirma Bauman, as Leis do Estado Moderno são criadas por Legisladores
agregados ao Poder e a conformação do sujeito aos padrões sociais está intimamente
ligada à obediência legal por meio da coerção. Desta forma, existe na teoria de Bauman
uma tensão entre Lei e Moralidade, pois a Moralidade é, então, nem um questão da
compulsão social, nem da formulação racional das leis universais, mas uma questão de
sentimentos, ou seja, um pré-social instinto irracional, que é ativado no encontro com o
Outro enquanto “Face”.
OS CENÁRIOS SÓCIO-HISTÓRICOS E FILOSÓFICO DA OBRA
HEGELIANA SOB A ÓTICA DE MARCUSE.
SILVA, Thiago Evandro Vieira. Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de
Marília. Email: [email protected].
Na presente conferência pretende-se analisar a importância da filosofia de Hegel para o
pensamento dialético do teórico Herbert Marcuse a partir do tema da Filosofia da
história de modo a identificar, problematizar e definir os conceitos de dialética e de
negatividade. Para tal, será utilizado o livro Razão e Revolução, no qual Marcuse faz
uma investigação minuciosa da filosofia de Hegel ao interpretá-lo sob a luz da história
da filosofia ocidental utilizando o método da contextualização sócio-histórica e
filosófica. Tentar-se-á identificar o legado do pensamento dialético de Hegel de acordo
com a teoria de Marcuse de modo a buscar responder a seguinte questão: qual é a
importância da negatividade hegeliana para a teoria crítica de Marcuse?
A VIRTUDE MORAL COMO CONDIÇÃO NECESSÁRIA À CONSECUÇÃO
DA EUDAIMONIA NA ÉTICA NICOMAQUÉIA.
SILVESTRINI, Renata Christina Ceroni. Universidade Estadual de Campinas -
UNICAMP. Bolsista FAPESP. Email: [email protected].
Apresentaremos o modo pelo qual entendemos ser a virtude moral condição necessária,
apesar de não isoladamente suficiente, à consecução da eudaimonia. Em I.7, Aristóteles
define a eudaimonia como “atividade da alma racional na virtude (e, havendo mais de
uma, na melhor e na mais completa)”, no entanto, que tese estaria ele defendendo? Uma
tese dominante, na qual ela seria exclusivamente identificada com a sabedoria teorética,
ou uma tese inclusiva, na qual ela seria um bem não contável com os demais e que os
incluiria e os concatenaria. Se admitirmos a tese dominante, colocaríamos a virtude
moral num lugar secundário, o que acreditamos não ser razoável. Preferimos admitir
uma tese inclusiva na qual os bens da alma, tanto os desiderativa capaz obedecer à
calculativa, quanto os da calculativa e os da teorética, seriam condições necessárias,
apesar de não isoladamente suficientes. Deste modo, a virtude moral seria condição
necessária, visto que, conforme define Aristóteles, em II.6, esta é uma “disposição para
a escolha da mediedade relativa a nós, mediedade esta que é determinada pela
prescrição racional e do modo como aquele que possui sabedoria prática determina-a.”,
existindo, portanto, uma relação necessária entre virtude moral e sabedoria prática,
reafirmada em VI.12, quando ele defende que, além da sabedoria teorética, a
eudaimonia também possui como condições necessárias a virtude moral, que faz com
que o fim da ação seja correto, e a sabedoria prática, que faz com que seja correto aquilo
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que melhor realiza pela ação tal fim, aquilo que a virtude moral escolhe. Sendo assim,
pela relação existente entre virtude moral e sabedoria prática acreditamos ser possível
incluir a virtude moral como condição necessária à consecução da eudaimonia.
DELEUZE, A IMAGEM DO PENSAMENTO E A LITERATURA:
CONSIDERAÇÕES SOBRE PROUST E OS SIGNOS.
SOUTO, Caio Augusto Teixeira. Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Email:
Esta conferência abordará a importância da literatura na filosofia de Gilles Deleuze
tendo como ponto de partida a crítica elaborada pelo autor a uma certa imagem do
pensamento filosófica da qual a literatura constituiria uma subversão. Para tanto,
traremos à análise o capítulo terceiro de Diferença e repetição, tencionando esclarecer
quais os principais elementos dessa crítica. Após isso, pretendemos mostrar que a
literatura desempenha um papel primordial na obra de Deleuze porque seria, segundo
ele, a mais apta a romper com essa imagem do pensamento e com o chamado modelo da
recognição que a embasa, abrindo o pensamento a experimentações que o libertam da
clausura implicada por tal modelo. Faremos isso a partir da análise deleuziana sobre a
obra de Proust em Proust e os signos.
Palavras-chave: Deleuze. Imagem do pensamento. Literatura. Proust.
LEIBNIZ E A ORDEM DAS VERDADES.
VAGNA, Rogério. Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Email:
É comumente aceita a ideia de que Leibniz teria escrito várias de suas obras motivado
pelas circunstâncias. Não é diferente quando compõe sua Teodiceia: ela se propõe
rebater as objeções feitas por Pierre Bayle à justificação racional das verdades da fé.
Com o intuito de defender a conciliação entre fé e razão, ou seja, entre a teologia e a
filosofia, Leibniz conduzirá a discussão nestes termos: pode-se realmente refutar a tese
de que a razão deve ser utilizada para fundamentar as verdades da fé? Para que seus
opositores consigam responder afirmativamente a essa questão será necessário provar
que as verdades reveladas e as demonstradas pela razão são contraditórias. Assim,
pretendemos apresentar, a partir da primeira parte da Teodiceia, intitulada “Discurso
sobre a conformidade da fé com a razão”, como Leibniz dissolve a crítica de seus
opositores recorrendo à distinção entre verdades eternas ou de razão e verdades
positivas ou de fato.
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.:: Comissão Organizadora::.
Ricardo Pereira Tassinari (Coordenador do Programa de Pós-Graduação em
Filosofia da UNESP);
Reinaldo Pereira Sampaio (Vice-Coordenador do Programa de Pós-Graduação em
Filosofia da UNESP)
João Antonio de Moraes (Aluno da Graduação – Unesp/Marília);
Débora Barbam Mendonça (Aluna da Pós-Graduação – Unesp/Marília);
Marcio Tadeu Girotti (Aluno da Pós-Graduação – Unesp/Marília);
Fernando César Pilan (Aluno da Pós-Graduação – Unesp/Marília).
.:: Secretaria Geral::.
Edna Bonini de Souza
.:: Comissão Científica ::.
Alfredo Pereira Junior (Unesp/Botucatu)
Antonio Trajano Menezes Arruda (Unesp/Marília)
Clélia Aparecida Martins (Unesp/Marília)
Lucio Lourenço Prado (Unesp/Marília)
Marcio Benchimol Barros (Unesp/Marília)
Maria Eunice Quilici Gonzalez (Unesp/Marília)
Mariana Cláudia Broens (Unesp/Marília)
Reinaldo Sampaio Pereira (Unesp/Marília)
Ricardo Monteagudo (Unesp/Marília)
Ricardo Pereira Tassinari (Unesp/Marília)
Ubirajara Rancan de Azevedo Marques (Unesp/Marília)
.:: Elaboração dos Anais ::.
João Antonio de Moraes
APOIO:
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