caderno de libras animais
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Copyright Editora GRUPO UNIASSELVI 2008
Elaborao:
Prof. Ktia Solange Coelho Rafaeli
Prof. Maria Dalma Duarte Silveira
Reviso, Diagramao e Produo:
Centro Universitrio Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Ficha catalogrfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
Grupo UNIASSELVI Indaial.
419 R136c Rafaeli, Ktia Solange Coelho. Caderno de estudos : libras / Ktia Solange Coelho Rafaeli [e] Maria Dalma Duarte Silveira, Centro Univer- sitrio Leonardo da Vinci. Indaial : ASSELVI, 2009. x ; 170 p. : il.
Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-138-1
1. Linguagem de sinais - Surdos. 2. Educao especial LIBRAS. 3. Lngua brasileira de sinais. I. Silveira, Maria Dalma Duarte. II. Centro Universitrio Leonardo da Vinci. Ncleo de Ensino a Distncia. III. Ttulo.
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LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
APRESENTAO
Prezado(a) acadmico(a)!
com alegria que estamos chegando at voc! Seja bem-vindo(a) disciplina de Lngua
Brasileira de Sinais-LIBRAS.
iii
Para que voc alcance um nvel razovel em seu desempenho comunicativo, precisar
ter o desejo e oportunidade de se comunicar em LIBRAS. Por isso, as orientaes metodolgicas
deste Caderno de Estudos serviro para nortear o processo de ensino/aprendizagem desta
lngua.
A construo deste Caderno de Estudos foi um grande desafio. Exigiu de ns um
esforo no sentido de sistematizar os aspectos terico e metodolgico dessa disciplina, que
extremamente visual.
Possui como um dos seus principais objetivos oportunizar condies de igualdade ao
educando surdo no ensino regular e ter acesso ao conhecimento mundialmente disseminado
na sua prpria lngua materna, inclusive quele que no teve a oportunidade de adquirir a
lngua de sinais no seu convvio familiar.
Cabe salientar que estudar LIBRAS vai alm da leitura deste Caderno de Estudos, pois
a Lngua Brasileira de Sinais no um conjunto de gestos soltos e isolados, mas uma lngua
que possui suas caractersticas prprias como qualquer outra lngua oral. Sabemos que no
esgotaremos o assunto a ser estudado aqui, mas esperamos poder contribuir na construo,
divulgao e compreenso desta lngua enquanto alicerce para o desenvolvimento integral do
educando surdo.
Vamos ao estudo...
Prof.a Ktia Solange Coelho Rafaeli
Prof.a Maria Dalma Duarte Silveira
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UNI
Oi!! Eu sou o UNI, voc j me conhece das outras disciplinas. Estarei com voc ao longo deste caderno. Acompanharei os seus estudos e, sempre que precisar, farei algumas observaes. Desejo a voc excelentes estudos!
UNI
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LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
SUMRIO
PLANO DE ESTUDO DA DISCIPLINA .............................................................................ix
UNIDADE 1: LIBRAS: ASPECTOS LEGAIS, HISTRICOS E CULTURAIS .................. 1
TPICO 1: AQUISIO DA LNGUA ............................................................................... 31 INTRODUO ............................................................................................................... 32 SURDEZ ........................................................................................................................ 33 AQUISIO DA PRIMEIRA LNGUA (L1) .................................................................... 74 AQUISIO DA SEGUNDA LNGUA (L2) .................................................................... 9RESUMO DO TPICO 1 ..................................................................................................11AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 12
TPICO 2: A EDUCAO DE SURDOS E A LEGISLAO ........................................ 131 INTRODUO ............................................................................................................. 132 RETROSPECTO HISTRICO ..................................................................................... 132.1 RETROSPECTO MUNDIAL ...................................................................................... 132.2 EDUCAO DE SURDOS NO BRASIL .................................................................... 163 LEGISLAO .............................................................................................................. 184 RGOS ...................................................................................................................... 304.1 INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAO DE SURDOS INES .............................. 304.2 FEDERAO NACIONAL DE EDUCAO E INTEGRAO DOS SURDOS FENEIS ..................................................................................................................... 32RESUMO DO TPICO 2 ................................................................................................. 34AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 35
TPICO 3: CULTURA, IDENTIDADE, TECNOLOGIA E A COMUNIDADE SURDA .... 371 INTRODUO ............................................................................................................. 372 CULTURA .................................................................................................................... 373 CONSTRUO DE IDENTIDADE ............................................................................... 394 COMUNIDADES SURDAS .......................................................................................... 405 COMPORTAMENTO E TECNOLOGIA ........................................................................ 415.1 TELEFONE PARA SURDOS ..................................................................................... 415.2 CELULAR PARA SURDOS ...................................................................................... 42RESUMO DO TPICO 3 ................................................................................................. 44AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 45AVALIAO ..................................................................................................................... 46
UNIDADE 2: LIBRAS E SUAS ESTRUTURAS .............................................................. 47
TPICO 1: A LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS LIBRAS ........................................ 491 INTRODUO ............................................................................................................. 49
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2 PARMETROS ............................................................................................................ 492.1 CONFIGURAO DE MOS (CM) ........................................................................... 502.2 PONTO DE ARTICULAO (PA) .............................................................................. 512.3 MOVIMENTO (M) ...................................................................................................... 512.3.1 Expresso facial/corporal ....................................................................................... 532.3.2 Orientao/direo ................................................................................................. 543 SINAIS .......................................................................................................................... 55RESUMO DO TPICO 1 ................................................................................................. 57AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 58
TPICO 2: DATILOLOGIA E NUMERAO ................................................................. 591 INTRODUO ............................................................................................................. 592 O QUE A DATILOLOGIA .......................................................................................... 593 ALFABETO MANUAL .................................................................................................. 594 NUMERAIS .................................................................................................................. 624.1 EXPRESSO PARA O ANO SIDERAL ..................................................................... 634.2 VALORES MONETRIOS, PESOS E MEDIDAS ..................................................... 66RESUMO DO TPICO 2 ................................................................................................. 67AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 68
TPICO 3: ESTRUTURAO DE SENTENAS EM LIBRAS ..................................... 711 INTRODUO ............................................................................................................. 712 SISTEMA DE TRANSCRIO PARA LIBRAS ........................................................... 713 VERBOS ...................................................................................................................... 744 CLASSIFICADOR ........................................................................................................ 755 ADVRBIOS DE TEMPO ............................................................................................ 756 ADJETIVOS ................................................................................................................. 767 PRONOMES ................................................................................................................. 777.1 PRONOMES PESSOAIS .......................................................................................... 777.2 PRONOMES DEMONSTRATIVOS E ADVRBIOS DE LUGAR .............................. 817.3 PRONOMES POSSESSIVOS ................................................................................... 827.4 PRONOMES INTERROGATIVOS ............................................................................. 837.4.1 Que, quem, onde .................................................................................................... 837.4.2 Qual, como, para-que e por-que ........................................................................... 837.4.3 Quando, dia, que-hora, quantas-horas .................................................................. 857.5 PRONOMES INDEFINIDOS ..................................................................................... 86LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 87RESUMO DO TPICO 3 ................................................................................................. 92AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 93AVALIAO .................................................................................................................... 94
UNIDADE 3: ATIVIDADES EDUCATIVAS: POSSIBILIDADES DE AO DOCENTE NO ENSINO DOS SURDOS ..................................................................... 95
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TPICO 1: ATIVIDADES EDUCATIVAS ........................................................................ 971 INTRODUO ............................................................................................................. 972 AES NO TRABALHO COM O SURDO .................................................................. 97RESUMO DO TPICO 1 ............................................................................................... 100AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 101
TPICO 2: ATIVIDADES EDUCATIVAS MATEMTICA E LNGUA PORTUGUESA ......................................................................................... 1031 INTRODUO ........................................................................................................... 1032 ATIVIDADES DIVERSAS ........................................................................................... 1032.1 ALFABETO MVEL ................................................................................................ 109
TPICO 3: JOGOS ........................................................................................................1111 INTRODUO ............................................................................................................1112 JOGOS ........................................................................................................................1112.1 A PULGA SURDA .....................................................................................................1112.2 O JOGO DAS MOS ................................................................................................1122.3 TESTE DA CAIXINHA ..............................................................................................1122.4 COLEO DE AUTGRAFOS ................................................................................1132.5 TELEFONE SEM FIO ...............................................................................................1132.6 SINAIS ......................................................................................................................1142.6.1 Cores .....................................................................................................................1142.6.2 Frutas ....................................................................................................................1182.6.3 Animais ................................................................................................................. 1242.6.4 Brinquedos ........................................................................................................... 1302.6.5 Vesturio ............................................................................................................... 1342.6.6 Datas comemorativas ........................................................................................... 1402.6.7 Famlia .................................................................................................................. 1462.6.8 Escola ................................................................................................................... 1522.6.9 Semana ................................................................................................................ 1572.6.10 Meses do ano ..................................................................................................... 1592.6.11 Boas maneiras .................................................................................................... 163AVALIAO .................................................................................................................. 167REFERNCIAS ............................................................................................................. 169
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PLANO DE ESTUDO DA DISCIPLINA
EMENTA
Cultura surda e cidadania brasileira. Educao dos surdos: aspectos histricos e institucionais. Caractersticas da linguagem de sinais. Situaes de aprendizagem dos surdos. Aquisio de uma segunda lngua.
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Esta disciplina tem os seguintes objetivos:
apresentar o conceito e a importncia da lngua de sinais;
propiciar a compreenso sobre a cultura e a tecnologia surda;
fornecer elementos terico-metodolgicos para a compreenso da Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS);
apresentar legislao que fundamenta essa disciplina;
pontuar os aspectos de construo de identidade surda;
identificar os parmetros dos sinais;
conhecer os principais sinais utilizados na Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS) pelos surdos;
reconhecer a importncia da aquisio da Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS);
demonstrar situaes de aprendizagem;
apresentar as contribuies da sociedade educao de surdos.
PROGRAMA DA DISCIPLINA
UNIDADE 1 LIBRAS: ASPECTOS LEGAIS, HISTRICOS E CULTURAISTPICO 1 AQUISIO DA LNGUATPICO 2 A EDUCAO DE SURDOS E A LEGISLAOTPICO 3 CULTURA, IDENTIDADE, TECNOLOGIA E A COMUNIDADE SURDA
UNIDADE 2 LIBRAS E SUAS ESTRUTURASTPICO 1 A LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS LIBRASTPICO 2 DATILOLOGIA E NUMERAOTPICO 3 ESTRUTURAO DE SENTENAS EM LIBRAS
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UNIDADE 3 ATIVIDADES EDUCATIVAS: POSSIBILIDADES DE AO DOCENTE NO ENSINO DOS SURDOSTPICO 1 ATIVIDADES EDUCATIVASTPICO 2 ATIVIDADES EDUCATIVAS MATEMTICA E LNGUA TPICO 3 JOGOS
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UNIDADE 1
LIBRAS: ASPECTOS LEGAIS, HISTRICOS E CULTURAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade voc ser capaz de:
compreender a aquisio da segunda lngua;
identificar a legislao pertinente Lngua Brasileira de Sinais;
conceituar o que surdez;
compreender a construo da cultura e da identidade do surdo;
verificar a evoluo da educao dos surdos;
identificar as tecnologias voltadas ao atendimento dos surdos;
identificar e compreender os rgos criados para o atendimento da comunidade surda.
TPICO 1 AQUISIO DA LNGUA
TPICO 2 A EDUCAO DE SURDOS E A LEGISLAO
TPICO 3 CULTURA, IDENTIDADE, TECNOLOGIA E A COMUNIDADE SURDA
PLANO DE ESTUDOS
Esta primeira unidade est dividida em trs tpicos. Voc
encontrar, no final de cada um deles, atividades que contribuiro
para a compreenso dos contedos explorados.
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AQUISIO DA LNGUA
1 INTRODUO
TPICO 1
UNIDADE 1
Iniciamos esta unidade lembrando que, no Caderno de Educao Especial, voc estudou
a histria da educao especial, os fundamentos da educao inclusiva, o que deficincia etc.,
por isso no iremos retomar esses conceitos que so fundamentais para a compreenso da
importncia da educao inclusiva. Estamos partindo do princpio de que j foram trabalhados
e so por voc compreendidos. Na Unidade 3, tpico 2, do Caderno de Estudos de Educao
Especial, j se trabalhou sobre deficincia auditiva. Vamos agora, ao incio desse Caderno de
Estudos relembrar, o conceito sobre surdez.
IMPOR
TANTE!
Volte ao Caderno de Educao Especial escrito pela Prof. Luciana Monteiro e releia com ateno o que foi trabalhado.
2 SURDEZ
Quando se fala em deficincia auditiva, faz-se necessria a compreenso do que
surdez, para que possamos compreender as implicaes desta deficincia.
Iniciamos as nossas reflexes acerca deste tema destacando o que pontua Rodrigues
(2008):
[...] segundo a FENEIS (Federao Nacional dos Surdos), o surdo-mudo a mais antiga e incorreta denominao atribuda ao surdo, e infelizmente ainda utilizada em certas reas e divulgada nos meios de comunicao. Para eles o fato de uma pessoa ser surda no significa que ela seja muda. A mudez outra deficincia. [...] O surdo o indivduo em que a audio no funcional para
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todos os sons e rudos ambientais da vida; que apresenta altos graus de perda auditiva, prejudicando a aquisio da linguagem e impedindo a compreenso da fala atravs do ouvido.
Com esta reflexo surge o nosso primeiro alerta em relao surdez: nem todo surdo
mudo e nem todo mudo surdo. Precisamos conhecer a deficincia para que possamos
compreend-la.
Segundo Fernandes (2003), surdez a privao parcial ou total do sentido de ouvir.
Essa incapacidade pode ser de origem congnita, causada por viroses maternas, doenas
txicas desenvolvidas durante a gravidez, predisposio gentica etc., ou adquirida, isto ,
a pessoa pode nascer surda ou adquirir posteriormente atravs de uma doena ou acidente.
A intensidade de perda auditiva medida conforme a intensidade necessria para
amplificao do som, essa medida se d comumente atravs de decibis.
As leis nmeros 10.048, de 8 de novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de
2000, estabelecem normas gerais e critrios bsicos para a promoo da acessibilidade das
pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida, definem a deficincia auditiva
como [...] perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibis (dB) ou mais, aferida por
audiograma nas frequncias de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.
Decibel (dB) a unidade de amplificao utilizada para medir a potncia do som. Essa
classificao se d atravs da correspondncia da potncia do som que pode ser distinguida
do silncio. Veja a seguir um exemplo da classificao por decibis:
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ATEN
O!
FIGURA 01 - CLASSIFICAO POR DECIBISFONTE: Disponvel em: . Acesso em: 20 nov. 2008.
Hertz (Hz) a unidade que determina o comprimento da onda sonora e envolve a frequncia do som, ou seja, a capacidade de perceber sons graves e agudos. Assim, a audio normal aquela que se situa entre 0 a 20 dB e entre 250 a 4.000 Hertz. Para determinar a perda em um teste audiomtrico, geralmente so usadas as frequncias 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz e 4000 Hz.FONTE: Disponvel em: . Acesso em: 20 nov. 2008.
Conforme o INES Instituto Nacional de Educao de Surdos , no livro Educao
Especial: deficincia auditiva, do ponto de vista educacional e com base na classificao
do Bureau Internacional dAudiophonologie - BIAP, e na Portaria Interministerial n 186, de
10/03/78, considera-se:
Parcialmente Surdo
a) Portador de Surdez Leve - aluno que apresenta perda auditiva de at quarenta decibis.
Essa perda impede que o aluno perceba igualmente todos os fonemas da palavra. Alm
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disso, a voz fraca ou distante no ouvida. Em geral, esse aluno considerado como
desatento, solicitando, frequentemente, a repetio daquilo que lhe falam. Essa perda
auditiva no impede a aquisio normal da linguagem, mas poder ser a causa de algum
problema articulatrio ou dificuldade na leitura e/ou escrita.
b) Portador de Surdez Moderada - aluno que apresenta perda auditiva entre quarenta e
setenta decibis. Esses limites se encontram no nvel da percepo da palavra, sendo
necessria uma voz de certa intensidade para que seja convenientemente percebida. So
frequentes o atraso de linguagem e as alteraes articulatrias, havendo, em alguns casos,
maiores problemas lingusticos. Esse aluno tem maior dificuldade de discriminao auditiva
em ambientes ruidosos. Em geral, ele identifica as palavras mais significativas, tendo
dificuldade em compreender certos termos de relao e/ou frases gramaticais complexas.
Sua compreenso verbal est intimamente ligada sua aptido para a percepo visual.
Surdo
a) Portador de Surdez Severa - aluno que apresenta perda auditiva entre setenta e noventa
decibis. Este tipo de perda vai permitir que ele identifique alguns rudos familiares e poder
perceber apenas a voz forte, podendo chegar at quatro ou cinco anos sem aprender a
falar. Se a famlia estiver bem orientada pela rea educacional, a criana poder chegar a
adquirir linguagem. A compreenso verbal vai depender, em grande parte, de aptido para
utilizar a percepo visual e para observar o contexto das situaes.
b) Portador de Surdez Profunda - aluno que apresenta perda auditiva superior a noventa
decibis. A gravidade dessa perda tal que o priva das informaes auditivas necessrias
para perceber e identificar a voz humana, impedindo-o de adquirir naturalmente a linguagem
oral. As perturbaes da funo auditiva esto ligadas tanto estrutura acstica, quanto
identificao simblica da linguagem. Um beb que nasce surdo balbucia como um de
audio normal, mas suas emisses comeam a desaparecer medida que no tem acesso
estimulao auditiva externa, fator de mxima importncia para a aquisio da linguagem
oral. Assim, tambm no adquire a fala como instrumento de comunicao, uma vez que,
no a percebendo, no se interessa por ela, e no tendo "feedback" auditivo, no possui
modelo para dirigir suas emisses.
DICAS!
Voc pode acessar os livros digitais disponibilizados pelo INES atravs do site http://www.ines.gov.br/ines_livros
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Com o objetivo de identificar e possibilitar uma maior acessibilidade a servios,
identificao de espaos, equipamentos etc., foi institucionalizado o smbolo internacional de
acesso. Essa sinalizao deve estar fixada de forma visvel em locais pblicos, principalmente
entre entradas, reas e vagas de estacionamento de veculos, embarque/desembarque,
equipamentos exclusivos para o uso de pessoas portadoras de deficincia. No Brasil, a Lei
n 8.160, de 08 de janeiro de 1991, dispe sobre a caracterizao de smbolo que permita a
identificao de pessoas portadoras de deficincia auditiva.
Esse o smbolo internacional de surdez.
FIGURA 02 - SMBOLO INTERNACIONAL DE SURDEZFONTE: Disponvel em: . Acesso em: 20 nov. 2008.
3 AQUISIO DA PRIMEIRA LNGUA (L1)
NOTA!
A primeira lngua ser representada pela sigla (L1) e a segunda lngua atravs de (L2). Essa representao adotada pelos livros que serviram de referncia para a construo deste Caderno de Estudos.
Como voc aprendeu sua lngua nativa?
Geralmente essa aquisio acontece ouvindo os pais, irmos, enfim toda a famlia.
Adquirimos a linguagem atravs da comunicao oral. O questionamento : e o surdo, como
vai adquirir sua linguagem, se nasce em uma famlia que no sabe a lngua nativa do surdo? As
crianas surdas, filhas de pais surdos, geralmente fazem a aquisio da linguagem atravs da
Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Esse processo se d como primeira lngua (L1), porm
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UNIDADE 1TPICO 18
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algumas pesquisas mostram que as crianas surdas, filhas de pais ouvintes, devido ao fato de
no serem expostas Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS), desenvolvem sistemas de sinais
naturais para se comunicar com a famlia, ocasionando uma falta de identificao. Ou seja, se
no participarem da comunidade de surdos adultos ou da prpria cultura surda, podero ficar
sem linguagem, no adquirindo a linguagem nem dos surdos e nem a dos ouvintes.
Alguns estudos mostram que a aquisio da lngua de sinais se processa igualmente
aquisio da lngua oral-auditiva, obedecendo maturao da criana, que vai internalizando
a lngua a partir do meio histrico sociocultural em que vive. Essa construo da aquisio
da lngua se constitui das seguintes fases:
Primeira fase: a criana surda produz sequncias de gestos que fonologicamente se
assemelham aos sinais, como o balbucio da criana ouvinte.
Segunda fase: a criana surda comea a relacionar o objeto com o sinal, produzindo
assim suas primeiras palavras, produzindo sinais com erros nos parmetros da configurao das
mos ou ponto de articulao, como a criana ouvinte que ainda no pronuncia corretamente
as palavras nesta fase.
Terceira fase: a sintaxe da lngua de sinais pela criana surda comea a partir de 2
anos e meio de idade, mas as palavras so usadas sem concordncia, ento, a ordem das
palavras constituir sua primeira sintaxe.
A partir dessa terceira fase, a criana surda comea a adquirir a morfologia de uma
lngua de sinais, a aquisio de subsistemas morfolgicos mais complexos, que se d at
aproximadamente os 5 anos de idade.
Observa-se, a partir de alguns aspectos, que o processo de construo da aprendizagem
de uma lngua de sinais semelhante aquisio de qualquer outra lngua. Como destaca
Lima (2006, p.3), deve ser
[...] concebida como uma atividade constitutiva com a qual se pode tecer sentidos; vista como uma atividade cognitiva pela qual se pode expressar sentimentos, ideias, aes e representar o mundo; visualizada como uma atividade social atravs da qual se pode interagir com outros seres sociais e que apresenta caractersticas essencialmente dialgicas.
Destacamos um ponto fundamental: quanto mais cedo uma criana surda inicia este
processo de aquisio da lngua, mais natural ele ser.
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UNIDADE 1 TPICO 1 9
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4 AQUISIO DA SEGUNDA LNGUA (L2)
Para Vygotsky (2001), os instrumentos de escrita so dirigidos ao mundo externo, com
isto passam a conduzir o homem para o objeto de sua atividade. Neste momento, a natureza
transformada como signo, assim, alm de construir a relao entre os seres humanos, ainda
influi psicologicamente na conduta do prprio sujeito, capaz de alter-la e configur-la como
meio de atividade interna dirigida. Ao transpormos estas afirmaes para a alfabetizao
de crianas surdas, Silva (2001, p. 53) nos remete que [...] a lngua que o surdo tem como
legtima e usa, no a mesma que serve como base ao sistema escrito, por ser um sistema
visuomanual, portanto muito diferente do oral.
Os ouvintes se alfabetizam pelo som, porm as crianas surdas se alfabetizam pelo
visual; elas precisam representar pela escrita sua fala, que a lngua de sinais, que possui
caractersticas visuo-espaciais, processa seus pensamentos atravs de sinais, passando a
escrita para outra lngua, em nosso caso, o portugus.
A compreenso da leitura no uma tarefa fcil para o educando surdo. Embora no
apresente dificuldade para codificar os smbolos grficos, a dificuldade se apresenta quando
no consegue atribuir sentido ao que l, por falta de significado ao signo. No exerccio de
produzir a leitura, como se o surdo lesse um pargrafo e aparecessem vrias palavras em
outra lngua, ficando o texto sem sentido e compreenso.
O domnio insuficiente de vocabulrio, tanto da primeira como da segunda lngua, se
configura a maior dificuldade da escrita e da leitura do educando surdo.
A prtica pedaggica do professor se apresenta como fundamental para a compreenso
textual do aluno, assim como no trabalho com os ouvintes. muito importante que os vocbulos
no sejam trabalhados de forma solta, descontextualizada, fragmentada, pois necessria
uma ao docente integrada e contextualizada para auxiliar o educando a ter a compreenso
do contexto.
Outro fator importante que os educadores devem levar em considerao o eixo
norteador para o processo da aquisio da alfabetizao, independente se a criana surda
ou ouvinte. O que diferencia esse processo que, em relao ao aluno surdo, ele deve ser
alfabetizado na sua lngua materna (LIBRAS). Magda Soares (2003, p. 37), uma das grandes
pesquisadoras brasileiras sobre alfabetizao, pontua que: [...] os diferentes usos da escrita
dependem das crenas, dos valores e das prticas culturais, e da histria de cada grupo,
reforando assim a alfabetizao na lngua materna, bem como o respeito s caractersticas
especficas de cada grupo.
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UNIDADE 1TPICO 110
LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
A alfabetizao do surdo pode seguir trs eixos, como descreveremos a seguir:
1 oralidade: para o educando surdo, a oralidade tambm pode e deve ser exercitada, atravs
de momentos em que o aluno possa se expressar na sua prpria lngua, relatando fatos do
seu dia a dia.
2 leitura: fazer uma prtica constante em vrios tipos de textos, entre eles, textos literrios,
cientficos, informativos, jornal, revista, folheto de propagandas etc.
3 escrita: a maneira mais eficaz de demonstrar a sua sequncia lgica de pensamentos.
Para o educando surdo, o movimento de escrever o maior desafio e onde se apresenta a
maior dificuldade, pois ele pensa em uma lngua e tem que se expressar graficamente em outra.
Esses eixos tm que ser constantes em todas as situaes que envolvam o processo de
ensino e aprendizagem, pois devem estar impregnados de interesse, sentido e significado do
educando. O professor um mediador desse processo, e pode estar proporcionando situaes-
problema e de constantes questionamentos, como: O que ? Para que serve? Como feito?
Que lugar? diferente de qu? parecido com qu? Com essas indagaes, deve-se levar
o educando a construir suas prprias ideias e desenvolver seu senso crtico.
Discusses dessas ltimas dcadas vm redefinir o conceito de alfabetizao, assim
como habilidades que as crianas devem desenvolver por meio dela. No se pode esquecer
que a alfabetizao e todas as discusses relacionadas a ela devem ser tambm consideradas
quando se trabalha com a alfabetizao da criana surda. Ou seja, o processo no pode e
no deve ser puramente mecnico, ele deve ser compreendido como um processo complexo,
que envolve um indivduo que pensa e necessita desenvolver ferramentas de integrao e
convivncia na sociedade. Queremos, com essa discusso, alertar para que a alfabetizao do
surdo no seja reduzida a poucos vocbulos, empobrecendo seu processo de aprendizagem.
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UNIDADE 1 TPICO 1 11
LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
RESUMO DO TPICO 1
Nesse tpico voc viu que:
Surdez a privao parcial ou total do sentido de ouvir, podendo ser congnita ou
adquirida.
Conforme o INES Instituto Nacional de Educao de Surdos, sob o ponto de vista
educacional, considera-se parcialmente surdo o portador de surdez leve e moderada; e surdo
o portador de surdez severa e profunda.
O Smbolo Internacional de Surdez tem por objetivo identificar e possibilitar uma maior
acessibilidade a servios, identificao de espaos, equipamentos etc.
A aquisio da linguagem pelo surdo atravs de LIBRAS se d como primeira lngua (L1).
Os ouvintes se alfabetizam pelo som, porm as crianas surdas se alfabetizam pelo visual,
elas precisam representar pela escrita sua fala, que a lngua de sinais, que possui
caractersticas visuo-espaciais.
A alfabetizao do surdo no pode ser reduzida a poucos vocbulos, empobrecendo seu
processo de aprendizagem.
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UNIDADE 1TPICO 112
LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
Aps reler o Tpico 1 deste Caderno, faa um exerccio de escrita e redija um
breve texto, sintetizando os principais aspectos levantados neste Tpico.
AUTO
ATIVID
ADE
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A EDUCAO DE SURDOS E A LEGISLAO
1 INTRODUO
TPICO 2
UNIDADE 1
Neste tpico buscamos dar a voc, acadmico(a), uma viso geral de como se
configurou o processo de construo da Lngua de Sinais e educao dos surdos no Brasil e
no mundo. Neste processo de construo, dois aspectos apresentam-se como fundamentais na
consolidao desta proposta. O primeiro foi o surgimento de rgos e entidades que auxiliam
no fortalecimento da comunidade surda, o segundo aspecto a legislao que vem garantir
os direitos adquiridos pelos surdos no decorrer dos tempos.
2 RETROSPECTO HISTRICO
2.1 RETROSPECTO MUNDIAL
Fazer um retrospecto histrico da Educao de Surdos se faz necessrio para
compreendermos o percurso dessa caminhada e at a configurao que possui hoje.
Os surdos j foram adorados no Egito, pois eram considerados como interlocutores
entre os deuses e os faras, porm eram lanados ao mar na antiguidade pelos chineses; na
Grcia eram vistos como seres incompetentes, sendo assim marginalizados. Os romanos
no reconheciam o direito do surdo de pertencer sociedade, pois eram imperfeitos. Em
Constantinopla, eles at podiam fazer algumas atividades, tais como: pajens das mulheres,
servio de corte ou bobos de entretenimento.
At o final da Idade Mdia, sob o prisma religioso, os pais que possuam um filho surdo
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estariam pagando por pecados anteriormente cometidos. As crianas surdas eram consideradas
diferentes das crianas ouvintes; sob essa perspectiva da Igreja, elas possuam alma mortal,
pois no podiam pronunciar os sagrados sacramentos.
Vrias so as pessoas que, de alguma forma e em determinados momentos histricos,
com maior ou menor intensidade, contriburam para a construo da histria do surdo e da Lngua
de Sinais. Algumas personalidades se destacaram na construo dessa histria e buscamos,
atravs do quadro a seguir, exemplificar brevemente quem foram e suas contribuies.
poca Personalidade Fatos
Idade Moderna Pedro Ponce de Lon Fundou uma escola para surdos em Madri, ensinava os filhos surdos de pessoas nobres da sociedade da poca. Desenvolveu um alfabeto manual que auxiliava na soletrao das palavras.
Juan Pablo Bonet Utilizava o mtodo oral, estudando e escrevendo sobre as metodologias para ensinar o surdo a ler e a escrever.
John Bulwer Adepto da lngua gestual, produziu um mtodo para comunicar-se com os surdos.
John Wallis Estudioso sobre a surdez, dedicou-se mais ao ensino da escrita.
George Dalgarno Foi o idealizador do sistema de datilologia.
Konrah Amman Defensor da leitura labial.
Charles Michel de Lpe Muitos o consideram o criador da lngua gestual, apesar de se saber que a lngua j existia anteriormente. Criou o Instituto Nacional de Surdos-Mudos em Paris (primeira escola de surdos do mundo), reconheceu o surdo como ser humano, assumiu o mtodo como uma educao coletiva, pontuou que ensinar o surdo a falar antes de aprender a lngua gestual seria uma perda de tempo.
Jacob Rodrigues Pereira Usava os gestos, mas defendia o mtodo oral.
Thomas Braidwood Fundou uma escola de surdos na Europa (Edimburgo).
Samuel Heinicke Ensinou vrios surdos a falar e criou o mtodo oral, conhecido atualmente.
Idade
Contemporana
Roch Ambroise Cucurron Sicard
Criador de vrios institutos de surdos na Frana.
Pierre Desloges Foi defensor da lngua gestual e publicou o primeiro livro escrito por um surdo.
Jean Itard Mdico, dedicou-se ao estudo da deficincia auditiva, usava em suas pesquisas mtodos tais como: descarga eltrica, perfurao de tmpanos, entre outros.
Jean Massieu Primeiro professor de surdos.
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IMPOR
TANTE!
Thomas Hopkins Gallaudet
Abriu a escola de Hartdford, usava a lngua gestual e o alfabeto manual.
Edward Miner Gallaudet Criador da Universidade Gallaudet.
Alexander Graham Bell Defensor do oralismo, era contra o casamento entre os surdos.
Helen Keller Ficou cega e surda aos 7 anos de idade, criou mais de 60 sinais para se comunicar com seus familiares. Tornou-se uma grande escritora e falava vrias lnguas.
QUADRO 01 HISTRIA DOS SURDOSFONTE: Disponvel em: adaptado de . Acesso em 24 nov. 2008.
Existe uma luta entre os estudiosos e educadores de surdos que se iniciou desde os primeiros registros sobre os surdos, luta esta que possui, de um lado, os que defendem o mtodo do oralismo, ou seja, que o trabalho com os surdos deve seguir o caminho do ensino da fala, e veem a surdez como algo possvel de correo. De outro lado, existe quem defende o mtodo gestual, em que o surdo deve comunicar-se atravs dos gestos. Essa discusso ainda se encontra presente nos dias atuais.
Na histria dos surdos existe um marco importante, que foi a realizao de dois
congressos realizados em Milo para discutir e deliberar sobre a educao dos surdos:
O primeiro foi realizado em 1872 e definiu que o meio para a comunicao do pensamento
humano a lngua oral; se os surdos fossem devidamente orientados, poderiam ler os lbios
e, consequentemente, falar, e que a lngua oral traria um maior desenvolvimento intelectual,
moral e lingustico.
O segundo, em 1880, provocou uma grande transformao na histria dos surdos, pois
foi conduzido por um grupo de ouvintes que tomou a deciso de excluir definitivamente da
educao dos surdos a lngua gestual. O oralismo tornou-se o mtodo oficial de educao
dos surdos. Deliberaram tambm que os governos deveriam tomar providncias para que
todos os surdos tivessem educao; o mtodo mais oportuno para os surdos se apropriarem
da fala o mtodo intuitivo (primeiro a fala, depois a escrita); a idade para admitir uma
criana surda na escola entre os 8-10 anos; nenhum educador de surdos deve ter mais
de 10 alunos; deviam ser reunidas as crianas surdas recm-admitidas nas escolas, onde
deveriam ser educadas atravs da fala; essas mesmas crianas deveriam ser separadas das
crianas que j haviam recebido educao gestual, a fim de que no fossem contaminadas;
os alunos antigos tambm deveriam ser ensinados segundo este novo sistema oral.
O objetivo dos congressos era definir o melhor mtodo de aquisio da linguagem pelo
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surdo, conforme Soares (2005, p.35): [...] nenhum deles demonstrou a preocupao em fazer
com que o surdo pudesse adquirir a instruo, tal como era compreendido para os normais.
NOTA!
Gerolamo Cardano (1501-1576), matemtico, mdico e astrlogo italiano, apontado como um dos primeiros educadores de surdos. Seus estudos iniciais referiam-se mais s questes de fisiologia, porm foi a partir de seus estudos que teria afirmado que a escrita poderia representar os sons da fala ou representar ideias do pensamento e, por isso, a mudez no se constitua em impedimento para que o surdo adquirisse conhecimento.Foi o primeiro a afirmar que a surdez no afetava a inteligncia.
2.2 EDUCAO DE SURDOS NO BRASIL
A educao dos surdos no Brasil seguiu os passos que mundialmente se apresentavam
para esta questo. Inicialmente a preocupao se dava em trabalhar com os aspectos da fala,
os esforos surgiam no sentido de possibilitar ao surdo falar. No se percebe um movimento e
nem uma preocupao com a aquisio do saber desses indivduos. Soares (2005) pontua que
no relatrio apresentado ao ento Instituto Nacional de Surdos-Mudos, na defesa da oralizao
dos surdos, Dr. Menezes Vieira dizia: [...] em relao educao do surdo, era a adoo do
mtodo oral puro, pois, para ele, o aprender a falar era mais importante que o aprender a ler
e escrever, j que o Brasil era um pas de analfabetos (p. 44).
Essa caminhada em torno da educao no Brasil durou longos anos e ainda acontece
nos dias atuais , vrios foram os pareceres emitidos propondo melhores metodologias para o
ensino dos surdos, fomentando discusses sobre que nveis de escolarizao o surdo deveria
ter, e qual a capacidade deles.
O francs Eduard Huet foi um dos grandes personagens na histria brasileira em relao
educao dos surdos. Emigrou para o Brasil em 1855, fundando, com o apoio de D. Pedro
II, o Imperial Instituto de Surdos e Mudos, atual INES; comeou alfabetizando crianas de sete
anos, utilizando como metodologia de ensino a lngua de sinais.
Dr. Armando Lacerda assume o Instituto Nacional do Surdo-Mudo em 1930 e, em 1934,
publica a Pedagogia Emendativa do Surdo-Mudo, documento este que, segundo Soares (2005),
tinha como contedo principal aqueles que serviriam para a comunicao diria/cotidiana do
surdo, obtendo um certo volume lingustico. No ano de 1950 assume a presidncia do Instituto a
professora Ana Rmoli, que implanta o primeiro Curso Normal de Formao de Professores para
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Surdos no Brasil, como medida de incentivo ao Ensino Mdio. A importncia da implantao do
curso se deu, segundo Soares (2005), no sentido de fundamentar modificaes e ampliaes
dentro do prprio Instituto, sendo nesta poca oficializado o uso do mtodo oral pelo mesmo.
Em 1957 acontece a Campanha de Educao de Surdos Brasileiros, que, conforme
Soares (2005, p.92), [...] pretendia fazer o surdo falar, e com isso torn-lo til e produtivo.
A campanha mostrou-se inadequada, porm contribuiu para o crescimento no atendimento
de servios ao surdo. Nesta poca, a escola (Instituto) no apresentava preocupao com
as questes relacionadas ao contedo e aquisio do saber, ainda estava baseada no
assistencialismo.
A histria da educao dos surdos percorreu um longo caminho, com vrios impasses
educacionais, discusses ideolgicas, condicionantes histricos que acabaram por determinar
as aes educativas adotadas. Assim como no mundo, a educao de surdos, aqui no pas,
passou por fases distintas.
No quadro a seguir apresentaremos trs abordagens que, conforme Lima (2006),
influenciaram significativamente a educao dos surdos. A primeira fase apresentava uma
abordagem oralista, a segunda apresentava uma abordagem de comunicao total e a terceira,
que se encontra em processo de construo, a abordagem bilngue.
Abordagem oralista o processo pelo qual se pretende capacitar o surdo na compreenso e na produo de linguagem oral e que parte do princpio de que o indivduo surdo, mesmo no possuindo o nvel de audio para receber os sons da fala, pode se constituir em interlocutor por meio da linguagem oral. Essa abordagem ainda continua sendo usada em alguns educandrios no mundo todo. Ela tem por objetivo fazer com que o aluno surdo assimile a linguagem oral, tornando o surdo um falante, buscando superar as diferenas que separam os ouvintes dos no ouvintes. Nesta abordagem o espao escolar torna-se um laboratrio de fontica, na qual so utilizadas tcnicas de terapia de fala para que o aluno supere seu dficit (surdez). O professor atua mais como um terapeuta do que como um educador.
Abordagem da comunicao total
Nesta abordagem admite-se a utilizao de uma lngua gestual, porm vista somente como um passo de transio para a lngua oral.
Abordagem bilngue A abordagem bilngue surge como uma metodologia de ensino que tem sido utilizada por escolas que se propem tornar acessveis ao surdo duas lnguas, no espao escolar: a lngua de sinais (L1) e a lngua portuguesa (L2), em sua modalidade oral e/escrita.
QUADRO 02 ABORDAGENS NA EDUCAO DE SURDOSFONTE: Adaptado de Lima ( 2006)
Aps muitos anos de discusso, estudos e reformulaes, os aspectos educacionais
foram se reformulando, modificando-se no sentido de compreender que o desenvolvimento
pleno do educando surdo passa, necessariamente, pelo domnio do saber mundialmente
construdo.
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DICAS!
Prepare a pipoca e confira em qual abordagem o filme se enquadra.
Filhos do Silncio Um dos filmes mais aclamados pela crtica na dcada de 80, Filhos do Silncio recebeu quatro indicaes para o Oscar da Academia e ganhou o de Melhor Atriz para Marlee Matlin. Baseado no sucesso da Broadway, conta a histria de amor de John Leeds (William Hurt), um professor de deficientes idealista e uma decidida moa surda, chamada Sarah (Marlee Matlin). No incio, Leeds v Sarah como um desafio sua didtica. Mas logo o relacionamento dos dois transforma-se num romance to passional, que rompe a barreira do silncio que os separa.
3 LEGISLAO
Na busca da garantia dos direitos dos surdos, e na luta pelo reconhecimento dos
diferentes aspectos culturais e sociais da comunidade surda, a legislao foi uma aliada na
repercusso e legitimidade destes direitos. A comunidade surda tem se organizado no sentido
de garantir legalmente estes direitos como espao de construo e solidificao de sua
identidade.
Vrios foram os decretos e leis importantes que, em determinadas pocas histricas,
regulamentaram esses direitos. Neste Caderno de Estudos abordaremos o Decreto 5.626, de
22 de dezembro de 2005, que regulamentou a Lei 10.436/02, que definiu formas institucionais
para o uso e a difuso da Lngua Brasileira de Sinais (L1) e da Lngua Portuguesa (L2),
visando o acesso das pessoas surdas educao, bem como reconhece como meio legal de
comunicao e expresso a Lngua Brasileira de Sinais LIBRAS.
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DICAS!
IMPOR
TANTE!
A Lei 10.436/02, no seu Art. 1, Pargrafo nico, define a Lngua Brasileira de Sinais LIBRAS, como a forma de comunicao e expresso em que o sistema lingustico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical prpria, constitui um sistema lingustico de transmisso de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
O Decreto n 5.626, de 22/12/05, trata da incluso da LIBRAS como disciplina curricular
nos cursos de formao de professores e nos cursos de Fonoaudiologia, da formao do
professor de LIBRAS e do instrutor de LIBRAS, da formao do tradutor e intrprete de LIBRAS/
Lngua Portuguesa, da garantia do direito educao e sade das pessoas surdas ou com
deficincia auditiva e do papel do poder pblico e das empresas no apoio ao uso e difuso da
LIBRAS.
Para a certificao dos docentes, tradutores e intrpretes da LIBRAS, e cumprimento da Lei 10.436/2002, o Ministrio da Educao MEC instituiu o Prolibras, Programa de Certificao Nacional, que tem por objetivo realizar, por 10 anos, os exames anuais para a certificao de proficincia em LIBRAS, bem como a certificao de proficincia em traduo e interpretao da LIBRAS.
Pela sua importncia comunidade surda, segue na ntegra o Decreto n 5.626, de
22/12/05.
DECRETO N 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005
Regulamenta a Lei n 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispe sobre a Lngua Brasileira
de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei n 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
O PRESIDENTE DA REPBLICA, no uso das atribuies que lhe confere o art. 84,
inciso IV, da Constituio, e tendo em vista o disposto na Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002,
e no art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000,
DECRETA:
CAPTULO I
DAS DISPOSIES PRELIMINARES
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Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18
da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter
perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experincias visuais,
manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Lngua Brasileira de Sinais - Libras.
Pargrafo nico. Considera-se deficincia auditiva a perda bilateral, parcial ou total,
de quarenta e um decibis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequncias de 500Hz,
1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.
CAPTULO II
DA INCLUSO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR
Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatria nos cursos de
formao de professores para o exerccio do magistrio, em nvel mdio e superior, e nos
cursos de Fonoaudiologia, de instituies de ensino, pblicas e privadas, do sistema federal
de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.
1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes reas do conhecimento, o curso
normal de nvel mdio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educao
Especial so considerados cursos de formao de professores e profissionais da educao
para o exerccio do magistrio.
2o A Libras constituir-se- em disciplina curricular optativa nos demais cursos
de educao superior e na educao profissional, a partir de um ano da publicao deste
Decreto.
CAPTULO III
DA FORMAO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO INSTRUTOR DE LIBRAS
Art. 4o A formao de docentes para o ensino de Libras nas sries finais do ensino
fundamental, no ensino mdio e na educao superior deve ser realizada em nvel superior,
em curso de graduao de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Lngua
Portuguesa como segunda lngua.
Pargrafo nico. As pessoas surdas tero prioridade nos cursos de formao previstos
no caput.
Art. 5o A formao de docentes para o ensino de Libras na educao infantil e nos anos
iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal
superior, em que Libras e Lngua Portuguesa escrita tenham constitudo lnguas de instruo,
viabilizando a formao bilngue.
1o Admite-se como formao mnima de docentes para o ensino de Libras na educao
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infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formao ofertada em nvel mdio na
modalidade normal, que viabilizar a formao bilngue, referida no caput.
2o As pessoas surdas tero prioridade nos cursos de formao previstos no caput.
Art. 6o A formao de instrutor de Libras, em nvel mdio, deve ser realizada por meio
de:
I - cursos de educao profissional;
II - cursos de formao continuada promovidos por instituies de ensino superior; e
III - cursos de formao continuada promovidos por instituies credenciadas por
secretarias de educao.
1o A formao do instrutor de Libras pode ser realizada tambm por organizaes da
sociedade civil representativa da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado
por pelo menos uma das instituies referidas nos incisos II e III.
2o As pessoas surdas tero prioridade nos cursos de formao previstos no caput.
Art. 7o Nos prximos dez anos, a partir da publicao deste Decreto, caso no haja
docente com ttulo de ps-graduao ou de graduao em Libras para o ensino dessa disciplina
em cursos de educao superior, ela poder ser ministrada por profissionais que apresentem
pelo menos um dos seguintes perfis:
I - professor de Libras, usurio dessa lngua com curso de ps-graduao ou com
formao superior e certificado de proficincia em Libras, obtido por meio de exame promovido
pelo Ministrio da Educao;
II - instrutor de Libras, usurio dessa lngua com formao de nvel mdio e com
certificado obtido por meio de exame de proficincia em Libras, promovido pelo Ministrio da
Educao;
III - professor ouvinte bilngue: Libras - Lngua Portuguesa, com ps-graduao ou
formao superior e com certificado obtido por meio de exame de proficincia em Libras,
promovido pelo Ministrio da Educao.
1o Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdas tero prioridade para
ministrar a disciplina de Libras.
2o A partir de um ano da publicao deste Decreto, os sistemas e as instituies de
ensino da educao bsica e as de educao superior devem incluir o professor de Libras em
seu quadro do magistrio.
Art. 8o O exame de proficincia em Libras, referido no art. 7o, deve avaliar a fluncia
no uso, o conhecimento e a competncia para o ensino dessa lngua.
1o O exame de proficincia em Libras deve ser promovido, anualmente, pelo Ministrio
da Educao e instituies de educao superior por ele credenciadas para essa finalidade.
2o A certificao de proficincia em Libras habilitar o instrutor ou o professor para
a funo docente.
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LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
3o O exame de proficincia em Libras deve ser realizado por banca examinadora de
amplo conhecimento em Libras, constituda por docentes surdos e linguistas de instituies
de educao superior.
Art. 9o A partir da publicao deste Decreto, as instituies de ensino mdio que oferecem
cursos de formao para o magistrio na modalidade normal e as instituies de educao
superior que oferecem cursos de Fonoaudiologia ou de formao de professores devem incluir
Libras como disciplina curricular, nos seguintes prazos e percentuais mnimos:
I - at trs anos, em vinte por cento dos cursos da instituio;
II - at cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da instituio;
III - at sete anos, em oitenta por cento dos cursos da instituio; e
IV - dez anos, em cem por cento dos cursos da instituio.
Pargrafo nico. O processo de incluso da Libras como disciplina curricular deve
iniciar-se nos cursos de Educao Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, ampliando-
se progressivamente para as demais licenciaturas.
Art. 10. As instituies de educao superior devem incluir a Libras como objeto de
ensino, pesquisa e extenso nos cursos de formao de professores para a educao bsica,
nos cursos de Fonoaudiologia e nos cursos de Traduo e Interpretao de Libras - Lngua
Portuguesa.
Art. 11. O Ministrio da Educao promover, a partir da publicao deste Decreto,
programas especficos para a criao de cursos de graduao:
I - para formao de professores surdos e ouvintes, para a educao infantil e anos
iniciais do ensino fundamental, que viabilize a educao bilngue: Libras - Lngua Portuguesa
como segunda lngua;
II - de licenciatura em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Lngua Portuguesa, como
segunda lngua para surdos;
III - de formao em Traduo e Interpretao de Libras - Lngua Portuguesa.
Art. 12. As instituies de educao superior, principalmente as que ofertam cursos
de Educao Especial, Pedagogia e Letras, devem viabilizar cursos de ps-graduao para
a formao de professores para o ensino de Libras e sua interpretao, a partir de um ano da
publicao deste Decreto.
Art. 13. O ensino da modalidade escrita da Lngua Portuguesa, como segunda lngua
para pessoas surdas, deve ser includo como disciplina curricular nos cursos de formao de
professores para a educao infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental, de nvel
mdio e superior, bem como nos cursos de licenciatura em Letras com habilitao em Lngua
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LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
Portuguesa.
Pargrafo nico. O tema sobre a modalidade escrita da lngua portuguesa para surdos
deve ser includo como contedo nos cursos de Fonoaudiologia.
CAPTULO IV
DO USO E DA DIFUSO DA LIBRAS E DA LNGUA PORTUGUESA PARA O
ACESSO DAS PESSOAS SURDAS EDUCAO
Art. 14. As instituies federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, s pessoas
surdas, acesso comunicao, informao e educao nos processos seletivos, nas
atividades e nos contedos curriculares desenvolvidos em todos os nveis, etapas e modalidades
de educao, desde a educao infantil at a superior.
1o Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto no
caput, as instituies federais de ensino devem:
I - promover cursos de formao de professores para:
a) o ensino e uso da Libras;
b) a traduo e interpretao de Libras - Lngua Portuguesa; e
c) o ensino da Lngua Portuguesa, como segunda lngua para pessoas surdas;
II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educao infantil, o ensino da Libras e tambm
da Lngua Portuguesa, como segunda lngua para alunos surdos;
III - prover as escolas com:
a) professor de Libras ou instrutor de Libras;
b) tradutor e intrprete de Libras - Lngua Portuguesa;
c) professor para o ensino de Lngua Portuguesa como segunda lngua para pessoas surdas;
e
d) professor regente de classe com conhecimento acerca da singularidade lingustica
manifestada pelos alunos surdos;
IV - garantir o atendimento s necessidades educacionais especiais de alunos surdos,
desde a educao infantil, nas salas de aula e, tambm, em salas de recursos, em turno
contrrio ao da escolarizao;
V - apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difuso de Libras entre professores, alunos,
funcionrios, direo da escola e familiares, inclusive por meio da oferta de cursos;
VI - adotar mecanismos de avaliao coerentes com aprendizado de segunda lngua, na
correo das provas escritas, valorizando o aspecto semntico e reconhecendo a singularidade
lingustica manifestada no aspecto formal da Lngua Portuguesa;
VII - desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliao de conhecimentos
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UNIDADE 1TPICO 224
LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
expressos em Libras, desde que devidamente registrados em vdeo ou em outros meios
eletrnicos e tecnolgicos;
VIII - disponibilizar equipamentos, acesso s novas tecnologias de informao e
comunicao, bem como recursos didticos para apoiar a educao de alunos surdos ou com
deficincia auditiva.
2o O professor da educao bsica, bilngue, aprovado em exame de proficincia em
traduo e interpretao de Libras - Lngua Portuguesa, pode exercer a funo de tradutor e
intrprete de Libras - Lngua Portuguesa, cuja funo distinta da funo de professor docente.
3o As instituies privadas e as pblicas dos sistemas de ensino federal, estadual,
municipal e do Distrito Federal buscaro implementar as medidas referidas neste artigo como
meio de assegurar atendimento educacional especializado aos alunos surdos ou com deficincia
auditiva.
Art. 15. Para complementar o currculo da base nacional comum, o ensino de Libras e o
ensino da modalidade escrita da Lngua Portuguesa, como segunda lngua para alunos surdos,
devem ser ministrados em uma perspectiva dialgica, funcional e instrumental, como:
I - atividades ou complementao curricular especfica na educao infantil e anos
iniciais do ensino fundamental; e
II - reas de conhecimento, como disciplinas curriculares, nos anos finais do ensino
fundamental, no ensino mdio e na educao superior.
Art. 16. A modalidade oral da Lngua Portuguesa, na educao bsica, deve ser
ofertada aos alunos surdos ou com deficincia auditiva, preferencialmente em turno distinto
ao da escolarizao, por meio de aes integradas entre as reas da sade e da educao,
resguardado o direito de opo da famlia ou do prprio aluno por essa modalidade.
Pargrafo nico. A definio de espao para o desenvolvimento da modalidade oral
da Lngua Portuguesa e a definio dos profissionais de Fonoaudiologia para atuao com
alunos da educao bsica so de competncia dos rgos que possuam estas atribuies
nas unidades federadas.
CAPTULO V
DA FORMAO DO TRADUTOR E INTRPRETE DE LIBRAS - LNGUA PORTUGUESA
Art. 17. A formao do tradutor e intrprete de Libras - Lngua Portuguesa deve efetivar-
se por meio de curso superior de Traduo e Interpretao, com habilitao em Libras - Lngua
Portuguesa.
Art. 18. Nos prximos dez anos, a partir da publicao deste Decreto, a formao de
tradutor e intrprete de Libras - Lngua Portuguesa, em nvel mdio, deve ser realizada por
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UNIDADE 1 TPICO 2 25
LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
meio de:
I - cursos de educao profissional;
II - cursos de extenso universitria; e
III - cursos de formao continuada promovidos por instituies de ensino superior e
instituies credenciadas por secretarias de educao.
Pargrafo nico. A formao de tradutor e intrprete de Libras pode ser realizada por
organizaes da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado
seja convalidado por uma das instituies referidas no inciso III.
Art. 19. Nos prximos dez anos, a partir da publicao deste Decreto, caso no haja
pessoas com a titulao exigida para o exerccio da traduo e interpretao de Libras - Lngua
Portuguesa, as instituies federais de ensino devem incluir, em seus quadros, profissionais
com o seguinte perfil:
I - profissional ouvinte, de nvel superior, com competncia e fluncia em Libras para
realizar a interpretao das duas lnguas, de maneira simultnea e consecutiva, e com aprovao
em exame de proficincia, promovido pelo Ministrio da Educao, para atuao em instituies
de ensino mdio e de educao superior;
II - profissional ouvinte, de nvel mdio, com competncia e fluncia em Libras para
realizar a interpretao das duas lnguas, de maneira simultnea e consecutiva, e com aprovao
em exame de proficincia, promovido pelo Ministrio da Educao, para atuao no ensino
fundamental;
III - profissional surdo, com competncia para realizar a interpretao de lnguas de
sinais de outros pases para a Libras, para atuao em cursos e eventos.
Pargrafo nico. As instituies privadas e as pblicas dos sistemas de ensino federal,
estadual, municipal e do Distrito Federal buscaro implementar as medidas referidas neste
artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficincia auditiva o acesso
comunicao, informao e educao.
Art. 20. Nos prximos dez anos, a partir da publicao deste Decreto, o Ministrio
da Educao ou instituies de ensino superior por ele credenciadas para essa finalidade
promovero, anualmente, exame nacional de proficincia em traduo e interpretao de
Libras - Lngua Portuguesa.
Pargrafo nico. O exame de proficincia em traduo e interpretao de Libras - Lngua
Portuguesa deve ser realizado por banca examinadora de amplo conhecimento dessa funo,
constituda por docentes surdos, linguistas e tradutores e intrpretes de Libras de instituies
de educao superior.
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LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
Art. 21. A partir de um ano da publicao deste Decreto, as instituies federais de
ensino da educao bsica e da educao superior devem incluir, em seus quadros, em todos
os nveis, etapas e modalidades, o tradutor e intrprete de Libras - Lngua Portuguesa, para
viabilizar o acesso comunicao, informao e educao de alunos surdos.
1o O profissional a que se refere o caput atuar:
I - nos processos seletivos para cursos na instituio de ensino;
II - nas salas de aula para viabilizar o acesso dos alunos aos conhecimentos e contedos
curriculares, em todas as atividades didtico-pedaggicas; e
III - no apoio acessibilidade aos servios e s atividades-fim da instituio de
ensino.
2o As instituies privadas e as pblicas dos sistemas de ensino federal, estadual,
municipal e do Distrito Federal buscaro implementar as medidas referidas neste artigo como
meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficincia auditiva o acesso comunicao,
informao e educao.
CAPTULO VI
DA GARANTIA DO DIREITO EDUCAO DAS PESSOAS SURDAS OU
COM DEFICINCIA AUDITIVA
Art. 22. As instituies federais de ensino responsveis pela educao bsica devem
garantir a incluso de alunos surdos ou com deficincia auditiva, por meio da organizao
de:
I - escolas e classes de educao bilngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com
professores bilngues, na educao infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental;
II - escolas bilngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos
surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino mdio ou educao
profissional, com docentes das diferentes reas do conhecimento, cientes da singularidade
lingustica dos alunos surdos, bem como com a presena de tradutores e intrpretes de Libras
- Lngua Portuguesa.
1o So denominadas escolas ou classes de educao bilngue aquelas em que a
Libras e a modalidade escrita da Lngua Portuguesa sejam lnguas de instruo utilizadas no
desenvolvimento de todo o processo educativo.
2o Os alunos tm o direito escolarizao em um turno diferenciado ao do atendimento
educacional especializado para o desenvolvimento de complementao curricular, com utilizao
de equipamentos e tecnologias de informao.
3o As mudanas decorrentes da implementao dos incisos I e II implicam a
formalizao, pelos pais e pelos prprios alunos, de sua opo ou preferncia pela educao
sem o uso de Libras.
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UNIDADE 1 TPICO 2 27
LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
4o O disposto no 2o deste artigo deve ser garantido tambm para os alunos no
usurios da Libras.
Art. 23. As instituies federais de ensino, de educao bsica e superior devem
proporcionar aos alunos surdos os servios de tradutor e intrprete de Libras - Lngua Portuguesa
em sala de aula e em outros espaos educacionais, bem como equipamentos e tecnologias
que viabilizem o acesso comunicao, informao e educao.
1o Deve ser proporcionado aos professores acesso literatura e informaes sobre
a especificidade lingustica do aluno surdo.
2o As instituies privadas e as pblicas dos sistemas de ensino federal, estadual,
municipal e do Distrito Federal buscaro implementar as medidas referidas neste artigo como
meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficincia auditiva o acesso comunicao,
informao e educao.
Art. 24. A programao visual dos cursos de nvel mdio e superior, preferencialmente os
de formao de professores, na modalidade de educao a distncia, deve dispor de sistemas
de acesso informao como janela com tradutor e intrprete de Libras - Lngua Portuguesa
e subtitulao por meio do sistema de legenda oculta, de modo a reproduzir as mensagens
veiculadas s pessoas surdas, conforme prev o Decreto no 5.296, de 2 de dezembro de
2004.
CAPTULO VII
DA GARANTIA DO DIREITO SADE DAS PESSOAS SURDAS OU
COM DEFICINCIA AUDITIVA
Art. 25. A partir de um ano da publicao deste Decreto, o Sistema nico de Sade - SUS
e as empresas que detm concesso ou permisso de servios pblicos de assistncia
sade, na perspectiva da incluso plena das pessoas surdas ou com deficincia auditiva em
todas as esferas da vida social, devem garantir, prioritariamente aos alunos matriculados nas
redes de ensino da educao bsica, a ateno integral sua sade, nos diversos nveis de
complexidade e especialidades mdicas, efetivando:
I - aes de preveno e desenvolvimento de programas de sade auditiva;
II - tratamento clnico e atendimento especializado, respeitando as especificidades de
cada caso;
III - realizao de diagnstico, atendimento precoce e do encaminhamento para a rea
de educao;
IV - seleo, adaptao e fornecimento de prtese auditiva ou aparelho de amplificao
sonora, quando indicado;
V - acompanhamento mdico e fonoaudiolgico e terapia fonoaudiolgica;
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UNIDADE 1TPICO 228
LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
VI - atendimento em reabilitao por equipe multiprofissional;
VII - atendimento fonoaudiolgico s crianas, adolescentes e jovens matriculados na
educao bsica, por meio de aes integradas com a rea da educao, de acordo com as
necessidades teraputicas do aluno;
VIII - orientaes famlia sobre as implicaes da surdez e sobre a importncia
para a criana com perda auditiva ter, desde seu nascimento, acesso Libras e Lngua
Portuguesa;
IX - atendimento s pessoas surdas ou com deficincia auditiva na rede de servios do
SUS e das empresas que detm concesso ou permisso de servios pblicos de assistncia
sade, por profissionais capacitados para o uso de Libras ou para sua traduo e interpretao;
e
X - apoio capacitao e formao de profissionais da rede de servios do SUS para
o uso de Libras e sua traduo e interpretao.
1o O disposto neste artigo deve ser garantido tambm para os alunos surdos ou com
deficincia auditiva no usurios da Libras.
2o O Poder Pblico, os rgos da administrao pblica estadual, municipal, do
Distrito Federal e as empresas privadas que detm autorizao, concesso ou permisso de
servios pblicos de assistncia sade buscaro implementar as medidas referidas no art.
3o da Lei no 10.436, de 2002, como meio de assegurar, prioritariamente, aos alunos surdos
ou com deficincia auditiva matriculados nas redes de ensino da educao bsica, a ateno
integral sua sade, nos diversos nveis de complexidade e especialidades mdicas.
CAPTULO VIII
DO PAPEL DO PODER PBLICO E DAS EMPRESAS QUE DETM CONCESSO OU
PERMISSO DE SERVIOS PBLICOS, NO APOIO AO USO E DIFUSO DA LIBRAS
Art. 26. A partir de um ano da publicao deste Decreto, o Poder Pblico, as empresas
concessionrias de servios pblicos e os rgos da administrao pblica federal, direta
e indireta devem garantir s pessoas surdas o tratamento diferenciado, por meio do uso e
difuso de Libras e da traduo e interpretao de Libras - Lngua Portuguesa, realizados por
servidores e empregados capacitados para essa funo, bem como o acesso s tecnologias
de informao, conforme prev o Decreto no 5.296, de 2004.
1o As instituies de que trata o caput devem dispor de, pelo menos, cinco por cento
de servidores, funcionrios e empregados capacitados para o uso e interpretao da Libras.
2o O Poder Pblico, os rgos da administrao pblica estadual, municipal e do
Distrito Federal, e as empresas privadas que detm concesso ou permisso de servios
pblicos buscaro implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar s
pessoas surdas ou com deficincia auditiva o tratamento diferenciado, previsto no caput.
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LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
Art. 27. No mbito da administrao pblica federal, direta e indireta, bem como
das empresas que detm concesso e permisso de servios pblicos federais, os servios
prestados por servidores e empregados capacitados para utilizar a Libras e realizar a traduo e
interpretao de Libras - Lngua Portuguesa esto sujeitos a padres de controle de atendimento
e a avaliao da satisfao do usurio dos servios pblicos, sob a coordenao da Secretaria
de Gesto do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto, em conformidade com o
Decreto no 3.507, de 13 de junho de 2000.
Pargrafo nico. Caber administrao pblica no mbito estadual, municipal e do
Distrito Federal disciplinar, em regulamento prprio, os padres de controle do atendimento e
avaliao da satisfao do usurio dos servios pblicos, referido no caput.
CAPTULO IX
DAS DISPOSIES FINAIS
Art. 28. Os rgos da administrao pblica federal, direta e indireta, devem incluir em
seus oramentos anuais e plurianuais dotaes destinadas a viabilizar aes previstas neste
Decreto, prioritariamente as relativas formao, capacitao e qualificao de professores,
servidores e empregados para o uso e difuso da Libras e realizao da traduo e interpretao
de Libras - Lngua Portuguesa, a partir de um ano da publicao deste Decreto.
Art. 29. O Distrito Federal, os Estados e os Municpios, no mbito de suas competncias,
definiro os instrumentos para a efetiva implantao e o controle do uso e difuso de Libras e
de sua traduo e interpretao, referidos nos dispositivos deste Decreto.
Art. 30. Os rgos da administrao pblica estadual, municipal e do Distrito Federal,
direta e indireta, viabilizaro as aes previstas neste Decreto com dotaes especficas em
seus oramentos anuais e plurianuais, prioritariamente as relativas formao, capacitao
e qualificao de professores, servidores e empregados para o uso e difuso da Libras e
realizao da traduo e interpretao de Libras - Lngua Portuguesa, a partir de um ano da
publicao deste Decreto.
Art. 31. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicao.
Braslia, 22 de dezembro de 2005; 184o da Independncia e 117o da Repblica.
LUIZ INCIO LULA DA SILVA
Fernando Haddad
Este texto no substitui o publicado no DOU de 23.12.2005.
FONTE: Disponvel em: Acesso em: 30 nov. 2008.
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4 RGOS
A comunidade surda vem, ao longo dos anos, conseguindo vrias conquistas, e o papel
das organizaes governamentais e no governamentais nesse contexto tornou-se fundamental,
pois elas do apoio, estrutura e organizam as comunidades surdas. Apresentaremos a seguir
duas destas instituies, reconhecidas nacionalmente.
4.1 INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAO DE SURDOS INES
FIGURA O3 SINAL DO INESFONTE: Capovilla (2001, p.755)
O Instituto Nacional de Educao de Surdos INES o rgo do Ministrio da Educao
que possui, conforme seus documentos informam,
[...] a misso institucional de produo, o desenvolvimento e a divulgao de conhecimentos cientficos e tecnolgicos na rea da surdez em todo o territrio nacional, bem como subsidiar a Poltica Nacional de Educao, na perspectiva de promover e assegurar o desenvolvimento global da pessoa surda, sua plena socializao e o respeito s suas diferenas.
Este instituto tambm um Centro de Referncia Nacional na rea da surdez, presta
assessoria tcnica nas reas que envolvam questes tais como: preveno surdez, audiologia,
fonoaudiologia, orientao familiar, orientao para o trabalho e qualificao profissional, artes
plsticas, dana, biblioteca infantil, Lngua de Sinais, informtica educativa etc. No Centro de
Referncia encontra-se o colgio de aplicao, onde so atendidos alunos surdos, desde a
Educao Infantil at o Ensino Mdio.
Agora voc conhecer cronologicamente um pouco da histria do INES.
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LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
1857: toda esta histria comeou em 26 de setembro de 1857, durante o Imprio de
D. Pedro II, quando o professor francs Eduard Huet fundou, com o apoio do imperador, o
Imperial Instituto de Surdos-Mudos. Huet era surdo. Na poca, o Instituto era um asilo, onde
s eram aceitos surdos do sexo masculino. Eles vinham de todos os pontos do pas e muitos
eram abandonados pelas famlias.
1931: foi criado o externato feminino, com oficinas de costura e bordado. Com isso, o
INES consolida o seu carter de estabelecimento profissionalizante, institudo em 1925.
1951: os anos 50 foram marcados por uma srie de aes importantes, como a criao
do primeiro curso normal para professores na rea da surdez (1951). Neste ano, o INES
recebeu a visita de Helen Keller, cidad americana, surda e cega, cuja trajetria de vida um
exemplo at os dias de hoje. Em 1952 foi fundado o Jardim de Infncia do Instituto e nos anos
seguintes criou-se o curso de Artes Plsticas, com o acompanhamento da Escola Nacional
de Belas Artes. Em 06 de junho de 1957, o Instituto passou a denominar-se Instituto Nacional
de Educao de Surdos. Neste mesmo ano foi criado o Centro de Logopedia do Instituto, o
primeiro do Brasil.
Anos 70 e 80: na dcada de 70 foi criado o Servio de Estimulao Precoce para
atendimento de bebs de zero a trs anos de idade. No incio dos anos 80, com a criao do
Curso de Especializao para professores na rea da surdez, o INES investe na capacitao de
recursos humanos, com a finalidade no s de capacitar, como de gerar agentes multiplicadores
nesta rea, uma vez que o curso, atualmente chamado de Curso de Estudos Adicionais, recebe
professores de todo o pas que, ao retornarem s origens, disseminam os conhecimentos
adquiridos no INES.
1985: atravs do convnio UNESCO/CENESP, em 1985 foi criado no INES o Centro
de Diagnstico e Adaptao de Prtese Otofnica e um laboratrio de Fontica (atual Diviso
de Audiologia).
1990: criado o informativo tcnico-cientfico Espao, cujos artigos so voltados
para a educao do aluno surdo. A partir de 1993, o INES adquiriu nova personalidade com
a mudana de seu Regimento Interno, atravs de ato ministerial. O Instituto passa a ser um
centro nacional de referncia na rea da surdez. Com esta nova atribuio so realizadas
aes que subsidiam todo o pas.
FONTE: Disponvel em: . Acesso em: 30 nov. 2008.
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UNIDADE 1TPICO 232
LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
4.2 FEDERAO NACIONAL DE EDUCAO E INTEGRAO DOS SURDOS FENEIS
FIGURA 04 FENEISFONTE: Capovilla e Raphael (2001, p. 660)
Outra instituio que tem grande influncia na comunidade surda e na sociedade de
forma geral a Federao Nacional de Educao e Integrao dos Surdos FENEIS, que est
ligada Federao Mundial de Surdos. A entidade possui como objetivo a defesa e a luta pelos
direitos culturais, sociais e lingusticos da comunidade surda. uma instituio filantrpica e
sem fins lucrativos, e apresenta um trabalho de cunho social, assistencial e educacional.
Seu incio acontece com a unio de vrias entidades que trabalhavam com surdos. Desta
unio surge a FENEIDA (Federao Nacional de Educao dos Deficientes Auditivos). Em 16
de maio de 1987, em Assemblia Geral, a nova diretoria reestruturou o estatuto da instituio,
que passou a se chamar Federao Nacional de Educao e Integrao dos Surdos FENEIS,
que atualmente possui escritrios regionais e filiados em todo territrio brasileiro.
Segundo o seu Estatuto, no Art. 5, a FENEIS tem como principal finalidade:
I- promover e assessorar a educao e a cultura das pessoas portadoras de surdez/deficincia
auditiva;
UNI
Mais informaes sobre o instituto, consulte a pgina http://www.ines.gov.br/
Esse o smbolo do INES.
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UNIDADE 1 TPICO 2 33
LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
II- incentivar o uso dos meios de comunicao social apropriados pessoa surda, especialmente
em LIBRAS - Lngua Brasileira de Sinais;
III- apoiar e colaborar com as filiadas, as Associaes de Surdos, de Pais e Amigos de Surdos,
escolas e clnicas especializadas, objetivando uma ao conjunta no sentido de melhorar os
recursos educativos e de integrao dos surdos;
IV- incentivar a criao e o desenvolvimento de novas instituies, nos moldes das modernas
tcnicas de atendimento, visando ao diagnstico, preveno, estimulao precoce,
educao, profissionalizao e integrao da pessoa portadora de surdez;
V- estender o seu mbito de ao s organizaes nacionais e internacionais, para maior troca
de experincias e ampliaes de recursos tcnicos e materiais;
VI- apresentar sugestes aos rgos oficiais e poderes pblicos, visando ao aperfeioamento
do atendimento da pessoa portadora de surdez, servindo, inclusive, como rgo de
assessoramento;
VII- organizar e participar de congressos, seminrios, cursos ou correlatos, em nvel internacional,
nacional, regional, estadual ou municipal, com fins de promover o intercmbio e aprimoramento
dos assuntos que envolvem a problemtica da pessoa portadora da surdez;
VIII- estimular a realizao de pesquisas, estudos e estatsticas referentes surdez, favorecendo
a formao e o aperfeioamento de recursos humanos especializados;
IX- realizar convnios com entidades pblicas e/ou privadas, escolas tcnicas, artsticas e
artesanais e outras instituies no sentido de promover a profissionalizao da pessoa surda
dentro dos padres (modernos e atuantes) de eficincia;
X- promover a defesa e postulao pela substituio processual de interesses difusos e
coletivos pertinentes deficincia.
FONTE: Disponvel em: . Acesso em 30 nov. 2008.
UNI
Vale a pena visitar o site da FENEIS www.feneis.com.br. L voc encontrar vrias informaes sobre congressos, cursos, material para aquisio, tais como jornal e revistas da FENEIS, legislao, biblioteca virtual, eventos etc.
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UNIDADE 1TPICO 234
LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
RESUMO DO TPICO 2
Nesse tpico voc viu que:
Vrios fatores e personalidades auxiliaram na construo da histria e na educao dos
surdos.
A educao dos surdos no Brasil seguiu os passos mundiais que, no incio, tinham somente
a preocupao de trabalhar com os aspectos da fala.
1934 Dr. Armando Lacerda publica a Pedagogia Emendativa do Surdo.
1957 Acontece a Campanha de Educao dos Surdos Brasileiros.
Educao de Surdos apresentou trs abordagens: a oralista, comunicao total e bilngue.
Decreto n 5626, de 22/12/05, regulamentou a Lei n 10.436/02, definindo formas institucionais
para o uso e difuso da Lngua Brasileira de Sinais.
As duas principais instituies de apoio ao surdo no Brasil so: INES Instituto Nacional
de Educao de Surdos e a FENEIS Federao Nacional de Educao e Integrao dos
Surdos.
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UNIDADE 1 TPICO 2 35
LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
1 Qual a funo da FENEIS e do INES?
2 Complete o quadro com um resumo das abordagens pelas quais passou a educao
de surdos.
AUTO
ATIVID
ADE
Oralista Comunicao Total Bilngue
3 Faa um breve resumo da retrospectiva mundial e do Brasil sobre a educao de
surdos.
Mundial:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Brasil:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4 Leia o Decreto n 5.626, de 22/12/05, e destaque os cinco principais aspectos dessa
lei:
1)___________________________________________________________
2)___________________________________________________________
3)___________________________________________________________
4)___________________________________________________________
5)___________________________________________________________
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UNIDADE 1TPICO 236
LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS-LIBRAS
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CULTURA, IDENTIDADE, TECNOLOGIA E A COMUNIDADE SURDA
1 INTRODUO
TPICO 3
UNIDADE 1
Neste tpico trataremos da cultura surda, da construo da identidade do surdo e da
comunidade surda, dos aspectos tecnolgicos e da construo e importncia da comunidade
surda. Esses aspectos so importantes aos surdos de forma geral, pois fornecem sustentao
vida coletiva desses indivduos, possibilitando a eles viver de forma mais digna e igualitria
na sociedade.
NOTA!
Voc deve retomar a leitura dos seguintes cadernos de estudos: Fundamentos da Educao: Temas Transversais e tica, Sociologia Geral e da Educao, Didtica e Avaliao. Esses cadernos trataram do que cultura e do multiculturalismo de forma geral e serviro como base para a reflexo deste tpico.
2 CULTURA
O sociolgo e antroplogo DaMatta (1986) pontua que cultura o que nos faz humanos,
com ela nos criamos em comunidade de lngua, costumes, valores, moral, nossa adaptao
ecolgica ao ambiente em que vivemos, enfim, ganhamos nossa identificao tnica.
A cultura surda se constitui da mesma forma que a cultura dos ouvintes, ela necessria
para estabelecer a convivncia entre os surdos. O surdo, atravs da sua cultura, se expressa