caderno de conflito e negociação

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5/26/2018 CadernodeConflitoeNegociao-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/caderno-de-conflito-e-negociacao 1/59  Técnico em Recursos Humanos Cristiane Costa 2013 Conflito e Negociação

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  • Tcnico em Recursos Humanos

    Cristiane Costa

    2013

    Conflito e Negociao

  • Presidenta da Repblica Dilma Vana Rousseff Vice-presidente da Repblica Michel Temer Ministro da Educao Aloizio Mercadante Oliva Secretrio de Educao Profissional e Tecnolgica Marco Antnio de Oliveira Diretor de Integrao das Redes Marcelo Machado Feres Coordenao Geral de Fortalecimento Carlos Artur de Carvalho Aras

    Governador do Estado de Pernambuco Eduardo Henrique Accioly Campos

    Vice-governador do Estado de Pernambuco

    Joo Soares Lyra Neto

    Secretrio de Educao Jos Ricardo Wanderley Dantas de Oliveira

    Secretrio Executivo de Educao Profissional

    Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

    Gerente Geral de Educao Profissional Luciane Alves Santos Pula

    Gestor de Educao a Distncia

    George Bento Catunda

    Coordenao do Curso Carlo Pacheco

    Coordenao de Design Instrucional

    Diogo Galvo

    Reviso de Lngua Portuguesa Carlos Cunha

    Diagramao

    Ccera Zeferino dos Santos

  • INTRODUO ....................................................................................................................... 3

    1. COMPETNCIA 01 | CONCEITO: CONFLITO E NEGOCIAO .............................................. 4

    1.1. A origem dos conflitos ....................................................................................... 5

    1.2. Quais so as partes de um conflito?................................................................... 6

    1.3. A natureza dos conflitos .................................................................................... 7

    1.4. O conflito nas organizaes ............................................................................... 8

    Resumo .................................................................................................................. 11

    2. COMPETNCIA 02 | NEGOCIAO NAS RELAES DE TRABALHO .................................. 12

    2.1. O que negociao e qual a importncia dos ganhos recprocos? ................... 12

    2.2. A Teoria dos Jogos ........................................................................................... 13

    2.3. O dilema dos prisioneiros ................................................................................ 14

    2.4. Caractersticas de um negociador .................................................................... 16

    2.5. As habilidades que um negociador deve desenvolver para o sucesso .............. 21

    3. COMPETNCIA 03 | COMO ENTENDER SEMELHANAS E DIFERENAS ENTRE TIPOS DE

    NEGOCIAO ..................................................................................................................... 25

    3.1. Etapas da negociao ...................................................................................... 26

    3.2. As Estratgias de Negociao .......................................................................... 29

    Resumo .................................................................................................................. 31

    4. COMPETNCIA 04 | GESTO DO CLIMA OPERACIONAL E CONFLITOS ............................. 32

    4.1. Diagnosticando o conflito ................................................................................ 32

    4.2. Mapeamento do conflito ................................................................................. 32

    4.3. O Planejamento da Negociao e dicas para sanar problemas quando a

    Negociao conflituosa ....................................................................................... 35

    Resumo .................................................................................................................. 38

    Concluso .......................................................................................................................... 50

    Referncias ........................................................................................................................ 53

    Currculo do Professor-Pesquisador ................................................................................... 55

    Sumrio

  • 3

    Conflito e Negociao

    INTRODUO

    Prezado aluno, daremos incio disciplina Negociao e Conflitos. Certamente

    voc j ouviu falar nesses termos e at vivenciou alguns conflitos em seu

    cotidiano, sendo responsvel por minimiz-los ou resolv-los. Iniciaremos os

    nossos estudos atravs da anlise de quatro competncias, a saber: na

    primeira competncia, estudaremos os conceitos de conflito sua finalidade,

    bem como a dinmica do processo de negociao. Na segunda competncia

    veremos as negociaes no ambiente de trabalho, bem como a figura do

    negociador. Na terceira competncia estudaremos as semelhanas e

    diferenas no processo de negociao e, por ltimo, na quarta competncia

    estudaremos a gesto do clima operacional, os conflitos e suas resolues.

    No intuito de demonstrar um pouco as variveis necessrias a uma boa

    negociao que essa disciplina aparece, objetivando auxili-lo em sua

    formao profissional.

    O presente material uma compilao de literatura diversa, conforme

    apresentado nas referncias, bem como apostila utilizada pela Universidade

    do Sul de Santa Catarina de disciplina de mesmo nome da Educao

    Distncia.

    Sucesso e bons estudos!

    Professora Cristiane Costa

  • 4

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 01

    1. COMPETNCIA 01 | CONCEITO: CONFLITO E NEGOCIAO

    O homem um ser conflitivo por natureza. As relaes interpessoais, por sua

    vez tambm caracterizam a existncia de conflitos.

    Com o intuito de facilitar o reconhecimento de um conflito e partir para a

    negociao, voc ver como surge um conflito e quais as partes envolvidas no

    mesmo.

    Na grande maioria das vezes, as negociaes surgem para buscar a resoluo

    de conflitos existentes. Mas o que vem a ser um conflito?

    Um conflito consiste em um embate, uma discusso, uma luta; pode ainda

    simbolizar elementos de oposio em um jogo de foras, mas ele , antes de

    tudo, uma relao interpessoal, consistindo em uma forma de interao

    social.

    Para ficar um pouco mais claro, o conflito geralmente surge de questes de

    discordncia de objetivos, de opinies ou mesmo por oposio e

    incompatibilidade entre as partes envolvidas no conflito.

    Entretanto, h que se ressaltar que um conflito considerado como tal, a

    partir do momento em que a parte A desenvolve uma ao efetiva sobre a

    parte B, tornando-se necessria a sua reao, ou seja, o conflito s existe a

    partir de um movimento de ao e reao. (SILVA, 2006. p.16)

    Ainda para especificar o que um conflito, vale destacar Hamptom (1991,

    p.126) que diz que conflito o processo que comea quando uma parte

    percebe que a outra parte frustrou ou vai frustrar seus interesses.

  • 5

    Conflito e Negociao

    Competncia 01

    1.1. A origem dos conflitos

    Inicialmente, ao se falar em negociao, logo se imagina que a maioria delas

    trata efetivamente da soluo de conflitos. Para alguns, h ainda que se

    destacar que a origem das negociaes se d atravs do estabelecimento de

    conflitos. Considera-se para isso que se no houver nenhum tipo de conflito,

    no haveria nenhum tipo de negociao. Mas, uma forte caracterstica da

    origem dos conflitos a existncia de grupos ou mesmo de partes oponentes.

    Observe:

    ... As organizaes constituem-se em verdadeiras arenas para conflitos

    individuais ou grupais, nos quais os participantes lutam por recursos limitados,

    possibilidades de progresso na carreira, privilgios e outras recompensas que

    possam ser proporcionadas pela empresa. Os conflitos entre grupos so muito

    comuns, tanto dentro quanto fora das organizaes. Segundo Hampton,

    (1991,p.297) o conflito pode surgir da experincia de frustrao de uma ou

    ambas as partes, de sua incapacidade de atingir uma ou mais metas. A seguir,

    a parte frustrada interpreta a situao projetando suas conseqncias,

    passando a comportar-se luz da situao imaginada. A outra parte envolvida

    reage a este comportamento, com base em suas prprias percepes e

    conceituaes da situao, que podem ser bem diferentes daquelas

    imaginadas pela outra parte. Tem-se ento, os resultados do conflito, que

    podem ser de natureza completamente diversa para cada um dos

    negociadores, ou seja, um ciclo de frustraes ocorre em virtude da m

    interpretao ou incompreenso dos interesses ou necessidades das partes,

    fazendo com que cada um interprete a situao a se modo. (MARTINELLI E

    ALMEIDA, p.47).

    Assim, pode-se dizer que um conflito surge das divergncias e/ou metas

    entre grupos ou partes diferentes, havendo a necessidade de uma ao e

    reao, ou seja, se a parte A possui um objetivo diferente da parte B, mas a

    parte B no se sentiu afetada, ento no h um conflito entre eles.

  • 6

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 01

    Assim, as causas das origens dos conflitos podem ser:

    Competio por recursos limitados;

    Choque de valores e culturas diferentes;

    Definir responsabilidades indesejveis a quem ir execut-las;

    Mudanas que geram medo e desconfiana.

    1.2. Quais so as partes de um conflito?

    Para se reconhecer a melhor forma de resoluo, o objeto central do conflito

    e planejar a negociao, importante caracterizar as partes envolvidas no

    mesmo.

    Segundo Silva (2005, p.21), as partes de um conflito so:

    Primeira parte: aquela que inicia um conflito e o institui em termos

    legais.

    Segunda parte: a oponente da primeira. Consiste na parte afetada.

    a segunda parte que estabelece a existncia de um conflito, ao assumir

    suas implicaes, considerando as aes da primeira parte.

    Terceira parte: so aqueles que esto fora do processo de formao do

    conflito entre a primeira e a segunda parte, mas que de alguma forma

    estaro envolvidos em algum momento no processo de resoluo de

    conflitos. Geralmente consistem em gestores, ou rbitros e

    mediadores.

    Parte intermediria direta: faz parte do conflito e muitas vezes

    constituem a equipe tcnica, ou seja, composta por aqueles que

    buscam e geram as informaes para constituir a resoluo dos

    conflitos.

    Parte intermediria indireta: no faz parte do conflito, mas afetada

    indiretamente atravs dos resultados da negociao.

  • 7

    Conflito e Negociao

    Competncia 01

    Observe o exemplo:

    Sua empresa produziu um sofisticado software destinado ao gerenciamento

    de grandes eventos e congressos. Aps efetuada a venda a seu cliente, o

    mesmo reclamou de mau funcionamento do produto. Entretanto, sua empresa

    antes de colocar o produto a venda, constatou que o mesmo no possua as

    falhas que o cliente estava alegando ter. O gerente de desenvolvimento do

    produto ir test-lo novamente e entrar em contato com o cliente para

    resolverem o assunto.

    Objeto do conflito: Falha no software para eventos.

    Primeira Parte: Empresa que desenvolveu o software.

    Segunda Parte: Cliente que adquiriu o produto.

    Parte Intermediria Direta: O gerente do produto que ir buscar a causa e a

    soluo do conflito.

    Parte Intermediria Indireta: Os funcionrios da empresa que desenvolveram

    o software e os participantes do evento no qual o produto deveria estar

    funcionando.

    1.3. A natureza dos conflitos

    Sabe-se que as organizaes, de forma geral, so fontes inevitveis de

    conflitos. Desta forma, para compreend-los melhor, importante destacar a

    natureza dos conflitos. Inicialmente importante destacar que a natureza dos

    conflitos diferente de sua origem, isso porque um conflito se origina da

    contraposio de objetivos, ideais ou metas. A natureza consiste em definir

    quais seriam esses objetivos ou metas, que geraram o conflito.

    Assim, a natureza dos conflitos pode ser definida:

  • 8

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 01

    1. Quanto aos comportamentos: observe que h influncia direta do

    comportamento das partes que geram um conflito, podendo se

    estabelecer atravs do comportamento os conflitos de interesse, os

    conflitos de opinio e at mesmo falhas comportamentais conflitantes

    (como quando algum extremamente agitado fica irritado com o calmo

    comportamento de seu oponente);

    2. Quanto aos contrrios: os contrrios simbolizam diretamente os

    conflitos individuais, hierrquicos, raciais; entre instituies e

    organizaes, estabelecendo por vezes uma relao de fora e poder

    entre as partes;

    3. Quanto aos momentos de ao: os momentos de ao so gerados

    diretamente sobre os fatos, as causas, os meios e os valores que

    predominam como objetivos entre as partes.

    Verifica-se que o conflito o resultado das diferenas de aes, atitudes,

    crenas, pensamentos e ainda da diversidade de sistemas e estruturas sociais.

    Com isso, na grande maioria das vezes, o conflito conexo a ocorrncias

    negativas. Entretanto, vale ressaltar que eles podem servir como

    oportunidades de mudana, de crescimento mtuo, bem como para aquisio

    de habilidade de negociaes construtivas o ganha-ganha.

    1.4. O conflito nas organizaes

    A existncia de conflitos, no mbito de uma empresa ou organizao e como

    lidar com eles, abrange principalmente a questo de evit-los ou tentar uma

    negociao.

    Um conflito ser positivo em uma organizao se a partir dele houver um

    relativo aumento de produtividade ou mesmo se ele funcionar como um meio

    para se alcanarem objetivos e metas.

  • 9

    Conflito e Negociao

    Competncia 01

    Alm disso, observe o que Carlos Aquiles Junqueira (2006,p.4) fala sobre o

    ponto positivo de um conflito:

    Podem ser os conflitos comparados s dores no organismo humano, se

    proveniente das mais diversas enfermidades. Haja vista que o ndice de

    mortalidade agravar-se-ia, acentuadamente, j que as pessoas no

    disporiam de sinal de alerta quanto s disfunes orgnicas. Do mesmo

    modo que a dor pode ser aliviada por ao de adequada teraputica, o

    conflito se for pronta e eficazmente tratado - poder tambm ser reduzido

    ou eliminado. Caso contrrio, tal como ocorre com a dor, passvel de

    apresentar agravamento ou, talvez, exigir procedimento mais radical, a

    exemplo de cirurgia mdica.

    Desta forma, constata-se que o conflito pode ter um papel de sensor do que

    est errado em uma organizao, motivando as pessoas e grupos envolvidos a

    resolver os problemas apresentados e descobertos atravs da existncia de

    um conflito. Com isso a mobilidade na busca de solues acaba por influenciar

    diretamente na conduo da busca de novas informaes, alm de trazer um

    equilbrio de poder entre grupos diferentes. Por outro lado, um conflito pode

    ser negativo se fizer com que haja perda de motivao para o trabalho e se

    tornar uma situao com desperdcio de esforos.

    O conflito pode criar um ambiente improdutivo e desmotivado, causando

    tenso e influenciando diretamente no comportamento e na inter-relao

    pessoal.

    Dessa forma, o sucesso na resoluo de conflitos acaba acontecendo quando

    as partes envolvidas tm uma atitude colaborativa, se dispondo a negociar na

    busca de objetivos comuns para solucionar o problema.

    O conflito no solucionado, enfatizando seus pontos negativos. A partir do

    momento em que as partes foram o acordo, colocam panos quentes para

  • 10

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 01

    disfarar os problemas, buscando apenas seus objetivos individuais ou ainda

    podem proceder a uma retirada estratgica.

    Observe a correlao existente entre colaborao, negociao e fora na

    resoluo de conflitos, estabelecida por Carlos Aquiles Junqueira (2006, p.5): a

    colaborao uma consistente tcnica de soluo de conflito, exceo do

    mtodo da fora, que pode sobrepuj-la. A fora por seu turno, revela-se

    numa decidida tcnica, afora os casos em que a outra parte a ela recorre. O

    meio-termo (negociao) cede ao solucionador de problemas (colaborador);

    ou aquele que fora. Mas chega a um acordo com outro meio termo, com o

    de panos quentes; ou com que se retira.

    O de panos quentes, por sua vez, prevalece sobre o que se retira, mas se

    submete ao confronto a fora a negociao. A retirada cede a todas as outras

    formas de soluo de conflito, exceto prpria retirada. Parte do trabalho do

    gerente e dos principais integrantes de uma equipe de trabalho consiste em

    administrar o conflito.

    Para os gestores, extremamente importante conhecer e detectar um

    conflito, principalmente em suas fases iniciais. Isto porque cabe aos

    administradores e gestores a tarefa de identificar as diferenas, o objeto e a

    natureza do conflito, a fim de verificar a melhor forma de solucion-lo.

    O bom gestor aplica as modalidades de resoluo de conflito mais adequadas.

    Entretanto, deve se planejar e observar os conflitos, para sempre tirar o

    mximo proveito da situao conflitante em benefcio dos objetivos da

    empresa, sem influenciar negativamente nos objetivos do seu oponente.

    Se voc ficou interessado em conhecer mais

    detalhes sobre o contedo desta competncia, e

    outros pontos de vista, sugerimos a

    leitura de: MARTINELLI,

    Dante P.; ALMEIDA, Ana

    Paula de. Negociao e

    soluo de conflitos: do

    impasse ao ganha-ganha atravs do

    melhor estilo. Captulo 2:

    Conflito. So Paulo: Atlas,1998.

    159p.

  • 11

    Conflito e Negociao

    Competncia 01

    Resumo

    A competncia que voc acabou de estudar, englobou diretamente a

    constituio de conflitos existentes. Vale ressaltar que a origem de um

    conflito se d por meio de uma ao e reao que envolve as partes que

    interagem diretamente nele. Assim, destacar as partes de um conflito,

    observando a parte que o inicia, passando por seu oponente, seu negociador

    e chegando s partes que acabam indiretamente afetadas por eles, de

    extrema importncia para que um bom administrador se torne tambm um

    bom mediador de conflitos.

    No se pode deixar de destacar, entretanto, que a natureza dos conflitos se

    d no s pelas diferenas entre as pessoas e as instituies, mas tambm

    atravs de atitudes comportamentais das partes nele envolvidas.

    Constata-se, portanto, que os conflitos so gerados em relaes interpessoais

    e que o bom dirigente busca constantemente conhec-los e ainda administr-

    los de forma positiva, tanto para sua empresa, quanto para o seu oponente.

    Na prxima competncia falaremos sobre Negociao. At l!

  • 12

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 02

    2. COMPETNCIA 02 | NEGOCIAO NAS RELAES DE TRABALHO

    Vivemos em um mundo de constante mutao. As relaes interpessoais

    devem ser cada vez mais estudadas, a fim de sempre buscarmos resultados

    positivos em nosso cotidiano. Com isso, voc pode observar que as

    negociaes esto constantemente em nossas vidas, principalmente na

    profissional.

    Para obtermos sempre um sucesso condizente com a nossa atuao

    profissional como gestores necessrio conhecermos um pouco mais sobre

    tcnicas e estratgias necessrias na conduo de uma viso positiva de

    nossas atitudes.

    Dessa forma, voc iniciar os estudos desta competncia de Negociao e

    Conflitos, verificando o que vem a ser uma negociao e o que a envolve.

    Pronto para mais um desafio?

    2.1. O que negociao e qual a importncia dos ganhos recprocos?

    Inicialmente importante definir e compreender o que uma negociao.

    Esta palavra vem sendo amplamente utilizada no mundo dos negcios, na

    poltica e tambm em nossos relacionamentos dirios com famlia e amigos.

    Pode-se dizer que o mundo em que vivemos est em constante negociao.

    H que se ressaltar que a negociao multidisciplinar, ou seja, ela abrange

    diversas reas de estudo, desde comportamentais, at reas mais especficas

    como administrao, marketing, sociologia, psicologia.

    Entretanto, o que no se pode deixar de observar que a negociao deve ser

    desenvolvida a fim de que a mesma tenha um resultado de sucesso.

  • 13

    Conflito e Negociao

    Competncia 02

    Observe que a obteno de um resultado de sucesso, no significa sempre

    obter um sim, nem mesmo consiste na habilidade de usar o poder de uma

    informao para se tomar uma deciso a negociao vai alm, pois busca

    principalmente a otimizao de interesses mtuos.

    A negociao considerada como um processo envolve alm de meios de

    comunicao, uma preparao do negociador e o desenvolvimento de um

    planejamento adequado. O incremento de habilidades aparece juntamente

    com a organizao do negociador atravs de um foco bem definido no alcance

    do objetivo proposto.

    Por ser concebida ento, como um processo, necessrio ter a definio do

    objeto da negociao e, principalmente, saber de onde extrair as informaes

    para seu adequado planejamento e conduo.

    Quando se fala que uma negociao um processo, a caracterstica intrnseca

    que ela acontece em partes bem definidas. Observe que a negociao no

    busca apenas o resultado positivo para uma das partes, mas sim para todas as

    envolvidas. Isto porque, se acredita que uma negociao s acontece com a

    idia do ganha-ganha e no do ganha-perde.

    2.2. A Teoria dos Jogos

    Para melhor compreender o que ganha-ganha e ganha-perde em uma

    negociao, necessrio compreender a Teoria dos Jogos.

    A Teoria dos Jogos uma anlise matemtica de situaes que abrangem

    interesses em conflito, com o objetivo de apontar as melhores opes para se

    alcanar o objetivo. Ela foi criada na dcada de 40, pelo matemtico

    americano John Von Neumann e pelo austraco Oskar Morgenstern (The

    Theory of Games and Economic Behavior) que misturaram a economia e a

    organizao social aos jogos de estratgia.

    Negociao um processo,

    que utiliza estudos

    especficos e planejamento, com o objetivo de alcanar um acordo mtuo

    na resoluo de um conflito entre partes envolvidas.

  • 14

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 02

    Ela diz que as pessoas, de forma geral, possuem uma forte tendncia a

    satisfazer seu interesse individual, sobrepondo-se ao interesse de um grupo,

    um interesse coletivo.

    Voc vai ao supermercado e no estacionamento voc bate seu carro, em um

    carro importado, com o valor de mercado 5 vezes maior que o seu. O que

    voc faz? H uma forte tendncia a deixar o local, pois ningum viu voc bater

    no carro. Alm disso, para voc, o pagamento dos prejuzos do carro

    importado bastante alto. Sendo que, para o proprietrio daquele automvel

    provavelmente no o seria. Mas, em funo de atitudes como essa que

    muitas vezes, os custos dos seguros acabam aumentando.

    Em uma negociao todos os conflitos de interesses devem ser medidos. Os

    jogos so ligados diretamente vida em sociedade e, com o advento da

    globalizao e dos meios de comunicao, possuem maior importncia na

    vida das pessoas. A Teoria dos Jogos auxilia no entendimento de casos

    conflitantes que fazem parte do dia-a-dia. Desta forma, constata-se que o

    comportamento das pessoas est ligado ao resultado, e a Teoria dos Jogos

    defende que a base para se obter um resultado satisfatrio a colaborao.

    2.3. O dilema dos prisioneiros

    A Teoria dos Jogos possui vrios temas, mas o dilema dos prisioneiros que

    melhor a identifica. Esse jogo foi formulado e estudado na dcada de 50 por

    matemticos da Universidade americana de Princeton.

    A histria fictcia consiste no seguinte:

    Dois criminosos so presos e interrogados separadamente. A polcia no

    possui provas concretas contra eles. A nica maneira de conden-los seria

    fazer com que um acusasse o outro. A polcia d aos criminosos a vantagem

    de escolher uma opo que mais lhes favorea:

    A Teoria dos

    Jogos constata que conflitos de

    interesse acontecem por

    que a regra geral

    maximizar, prioritariament

    e, o ganho individual.

    A Teoria dos Jogos um arcabouo

    matemtico que trata das

    estratgias que se usa quando h algum em

    conflito de interesses com

    outro algum. No tem nada a

    ver com moralidade, com bem ou mal, ou

    com certo e errado. Tem a

    ver s com matemtica. Ela

    trata, simplesmente, de

    jogadores fazendo de tudo

    para maximizar as chances de um certo resultado.

  • 15

    Conflito e Negociao

    Competncia 02

    Se os dois permanecerem calados, ambos tero a liberdade.

    O prisioneiro que denunciar o outro, ganha a liberdade e ainda uma

    soma em dinheiro. Com isso, o outro prisioneiro pegar priso perptua

    e pagar a soma em dinheiro ao seu delator.

    Mas, se os dois se acusarem, os dois sero condenados.

    Qual seria ento, o dilema dos prisioneiros? Qual a escolha lgica?

    A melhor opo, obviamente seria a de ambos permanecerem calados, pois

    assim eles teriam a liberdade. Todavia, o prisioneiro A sabe que B est

    pensando a mesma coisa, e sabendo que no poderia confiar nele, constata

    que a melhor sada seria denunciar B. Isto porque se esse se calar, A

    continuaria livre.

    Mas se B tambm denunci-lo, A seria condenado de qualquer forma, mas

    pelo menos no ficaria sozinho. Por outro lado, B pensa exatamente da

    mesma forma que A.

    Concluso: ambos acabam pensando logicamente da pior maneira, usando da

    traio mtua e sendo condenados. A deciso racional de cada um, leva a um

    resultado irracional (negativo) para ambos.

    Analisando o dilema dos prisioneiros, assim como se pode especificar em

    diversas situaes, por vezes a melhor deciso individual pode prejudicar o

    grupo em sua totalidade. Alm disso, se a situao alcana muitas pessoas e

    todos se esforam para conseguir o melhor para todo o grupo, comum que

    um se esforce menos e outros mais, chegando ao final com o mesmo

    benefcio comum a todos.

    Mas qual o interesse em se conhecer a Teoria dos Jogos para uma

    negociao? justamente observar que na grande maioria das vezes,

    principalmente nos relacionamentos dirios estabelecidos nas organizaes,

    nos confrontamos com situaes em que decidir nem sempre tarefa fcil.

  • 16

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 02

    Compreendendo melhor a teoria dos jogos, destacamos que ela ainda trata

    dos chamados jogos de soma zero, em que nenhum negociador ganha, pois

    no h possibilidade de colaborao. Quer dizer que a vitria de um, significa

    necessariamente a derrota do outro. No h colaborao, como no exemplo

    do dilema dos prisioneiros.

    Com isso, a inteno justamente provar que o mais racional colaborar. No

    jogo de soma zero, a relao se d atravs do ganha-perde. Ao final, acaba se

    concluindo que nenhuma das partes sai ganhando, mas as duas acabam

    perdendo, transformando-se num jogo com o resultado perde-perde.

    Exemplo:

    Imagine um final de campeonato de futebol em que a partida ser resolvida

    atravs de um pnalti. O batedor quer que o goleiro pense que ele vai chutar

    num certo canto, e ento, chuta no outro. O goleiro, por sua vez, quer fazer

    com que o batedor acredite que ele se lanar para um certo lado, e ele se

    lana para outro. Em jogos de soma zero, jogadores (um ganha e outro perde)

    racionais tm que blefar.

    Desta forma, conclumos inicialmente que no mundo dos negcios e da gesto

    de organizaes, a melhor sada justamente entender o posicionamento dos

    jogadores, de forma a proporcionar uma negociao com resultados mtuos

    satisfatrios e colaborativos. Os jogos de soma zero, explanados aqui atravs

    do dilema dos prisioneiros, esclarece que a busca por resultados individuais,

    muitas vezes levam ao fracasso da soluo dos conflitos existentes.

    2.4. Caractersticas de um negociador

    As caractersticas de um negociador perpassam por peculiaridades tcnicas e

    comportamentais. Ao se tratar das questes comportamentais muitas so as

    dificuldades: egos sobrepostos, emoes negativas, posies rgidas e

    extremamente competitivas, falta de simetria e poder e falta de preparo.

    John Nash foi um

    matemtico interpretado por Russel Crowe no

    filme Uma Mente Brilhante.

    Ele ganhou o prmio Nobel de economia, por ter

    ajudado a desvendar parte

    da dinmica desse tipo de

    situao, usando um ramo da matemtica

    aplicada Teoria dos Jogos.todos

    ganhassem o jogo no final.

  • 17

    Conflito e Negociao

    Competncia 02

    Para trabalhar com situaes de conflito, no se pode deixar de considerar

    que as mesmas causam reaes que envolvem o racional e o emocional do

    indivduo. Muitos so os autores que, ao longo do tempo, buscam

    compreender e descrever o perfil dos negociadores. Entretanto, para fins

    deste estudo, acompanhe a seleo de perfis de negociados enquadrados por

    CASSE (1995, p.60), citado por Martinelli (p.28-29):

    O efetivo

    Conhece detalhadamente os fatos e os explora;

    Utiliza-se de um planejamento rigoroso e documenta todas as

    declaraes feitas durante a negociao;

    Responde aos questionamentos para esclarecer pontos duvidosos e

    ainda fornece informaes complementares;

    preciso nas informaes cedidas.

    Observa-se que os negociadores efetivos mantm seu enfoque na pesquisa e

    na comunicao eficaz. Mas, por vezes podem parecer insensveis s reaes

    emocionais e aos sentimentos da outra parte. Com isso, a probabilidade de

    perda de detalhes preciosos em uma negociao, mesmo com toda a

    informao que possui, podem ser deixados de lado. s vezes os negociadores

    efetivos podem ainda argumentar contra os prprios membros de seu grupo

    (em uma negociao conjunta), enfraquecendo-o e fazendo com que ele fique

    susceptvel ao jogo de negociaes.

    Alm disso, o efetivo pode ser considerado o duro da negociao, isto

    porque geralmente ele se apresenta firme e determinado, com uma meta

    clara a alcanar. Ele no se intimida com as presses e mostra-se muito

    crtico.

  • 18

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 02

    O analtico

    o mais lgico e racional. Apega-se aos acontecimentos, muitas vezes

    mostrando-se frio e pouco comunicativo. Procura ter sempre certeza de que a

    estratgia planejada est sendo implementada corretamente. Sua estratgia

    pode ser adaptada, se for necessrio, mas o analtico geralmente negocia a

    agenda da reunio estabelecendo as regras da mesma. questionador e faz

    perguntas outra parte com o intuito de deixar clara a racionalidade da sua

    posio.

    O lado negativo do negociador analtico que ele busca demasiadamente

    argumentos e contra argumentos, fazendo com que ele perca o foco inicial da

    negociao, isto porque a lgica no a nica resposta das negociaes.

    O relativo

    Facilita as relaes entre os membros dos grupos de negociao;

    Estabelece boas relaes com as partes;

    sensvel s reaes dos negociadores;

    Examina as fraquezas do oponente.

    Os relativos so os tipos mais calorosos de negociadores. Sempre simpticos,

    pacientes e otimistas. Entretanto, no estabelece claramente seus objetivos e

    acabam perdendo o foco da negociao por se envolverem demasiadamente

    com o lado humano. Perdem a viso da estratgia traada podendo inclusive,

    revelar informaes vitais.

    Ao explorar ainda mais o perfil de um negociador, em matria

    comportamental, pode-se ainda destacar algumas caractersticas que se deve

    possuir, as quais so:

  • 19

    Conflito e Negociao

    Competncia 02

    tica constitui o conjunto de valores, na maioria construtivos, que a

    pessoa possui desde a sua formao como o respeito ao oponente e ao

    objeto da negociao, a integridade e o senso de justia e

    responsabilidade.

    Empatia essa uma caracterstica que alm de ser nata em muitas

    pessoas, pode-se desenvolver ao longo do tempo, pois abrange a

    pacincia, a flexibilidade, e a capacidade de lidar com as diferenas.

    Inteligncia racional a educao formal, a capacidade de preparao

    e de busca contnua por aperfeioamento resulta na inteligncia

    racional, adquirida pelo negociador.

    sabido que um bom negociador deve ter as caractersticas positivas, tanto

    do perfil, quanto dos aspectos comportamentais. Em consonncia com essa

    afirmao, observe as caractersticas estabelecidas por Enilda Carvalho (2006,

    p.2), do que vem a ser um bom negociador. Aproveite para estabelecer tais

    caractersticas como dicas para seu aperfeioamento pessoal.

    Um excelente negociador deve possuir:

    1. Bom relacionamento interpessoal - simpatia e bom humor.

    2. Boa habilidade de comunicao usar linguagem simples, correta e

    atualizada, sem exageros nem exibicionismos. importante valorizar o

    ouvir mais e falar menos. Cuidar com o excesso de franqueza que

    muitas vezes est relacionada agressividade, ao falar sem pensar.

    3. Boa postura e apresentao respeitar as diferenas culturais e estar

    adequado ao ambiente de negociao.

    4. Ser proativo procurar mudar e buscar solues para os conflitos, no

    aceitar as coisas como elas so e no ser acomodado.

    5. Ser criativo viabilizar novas idias, novas alternativas e solues.

    6. Saber planejar ter o hbito de estabelecer objetivos, metas e traar

    estratgias para alcan-los.

  • 20

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 02

    Por outro lado, observe o contraponto, ou seja, o que um bom negociador

    no deve possuir como caracterstica. O SEBRAE estabeleceu o

    comportamento negativo dos negociadores brasileiros, observe:

    Os Pecados do Negociador Brasileiro:

    Prende-se a detalhes e esquece o todo;

    Provoca ressentimentos explorando as fraquezas da outra parte;

    Evita o conflito, em vez de administr-lo;

    Confia demais em suas habilidades e queima etapas importantes de

    negociao;

    Improvisa muito, abusando do jogo de cintura e desprezando o

    planejamento;

    No cumpre prazos ou promessas e com isso, perde credibilidade;

    Preocupa-se apenas com o seu lado;

    Ignora as diferenas e desrespeita a lgica do outro negociador;

    Trabalha com uma margem estreita;

    No explora convenientemente o fator tempo, tornando-se impaciente;

    Assume com freqncia uma postura defensiva;

    Est mais preocupado em falar do que em ouvir;

    Possui baixa flexibilidade e no costuma colocar-se no lugar do outro;

    Utiliza termos tcnicos ou linguagem inacessvel outra parte;

    No d importncia devida aos resultados da negociao.

    Ao observar todos os fatores citados at o momento, voc pode verificar que

    o perfil do negociador pode ser infinitamente discutido. O gestor ou

    administrador de uma empresa deve sempre buscar a melhor alternativa para

    suas negociaes e principalmente, aprimorar suas habilidade e

    comportamentos. Alm disso, no esquecer tambm que as pessoas com

    quem se negocia, so seres humanos e que algumas caractersticas que voc

    possui ao negociar podem ser iguais as de seus oponentes.

  • 21

    Conflito e Negociao

    Competncia 02

    Outra questo extremamente importante no mundo da negociao o fator

    cultural. Ao negociar em um meio cultural diferente, no esquea de sempre

    respeitar os aspectos de seu oponente, procurando conhecer melhor o meio

    em que ele vive. Quando do seu planejamento, antes de estabelecer as

    estratgias, busque conhecimentos a cerca da cultura dos demais

    negociadores, pois isso pode influenciar no resultado de todo o processo.

    2.5. As habilidades que um negociador deve desenvolver para o sucesso

    O sucesso de uma negociao depende principalmente, da maneira como os

    negociadores a conduzem. Por isso, a necessidade de se compreender o

    comportamento e a forma de agir desses profissionais. Vale ressaltar ainda

    que quanto maior for prtica em negociao, melhor uma pessoa

    desenvolve suas habilidades de negociar. Em nossa disciplina objetivamos

    auxili-lo teoricamente nas questes relativas negociao, a fim de que voc

    possa aplic-las na prtica. Assim, so descritas a seguir, algumas

    caractersticas que consideramos estritamente necessrias ao bom

    negociador. Observe-as e procure pratic-las.

    Lute por seu objetivo - nunca desista de buscar seus objetivos, por mais

    simples que eles possam parecer. A calma e a pacincia so virtudes que

    devem ser desenvolvidas. Assim, no desista diante das dificuldades.

    Identifique oportunidades - sob circunstncias conflituosas, no encare os

    problemas como ameaas, mas tente sempre procurar as oportunidades que

    podem surgir. H uma histria que conta que dois vendedores de calados

    foram pesquisar o mercado de um pas. Ao chegarem l, viram que nenhuma

    pessoa usava sapatos. Um dos vendedores encarou o mercado como uma

    ameaa, ou seja, se ningum usa sapatos, como vou vend-los? Entretanto, o

    segundo encarou o problema como uma oportunidade de crescimento de

    suas vendas, pois o mercado era promissor, pois ningum usava sapatos.

  • 22

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 02

    Aprenda com seus erros - os erros muitas vezes no apresentam apenas o

    lado negativo, mas observe que eles acabam sendo sinalizadores de futuras

    mudanas. Certamente que aprender com os erros pode ser uma virtude que

    deve ser desenvolvida, principalmente a questo de aprender tambm com os

    erros dos outros. Mantenha-se antenado ao que acontece a sua volta, mas

    no julgue aprenda! Quando as pessoas erram, por vezes pensamos que isso

    nunca ir acontecer conosco, ou mesmo que os outros so incompetentes.

    Por outro lado, quando erramos, buscamos justificativas e culpados. Tenha

    conscincia e coragem de assumir suas prprias responsabilidades, pois quem

    faz isso demonstra ter o comando da prpria vida.

    Saiba ouvir e questionar - A comunicao eficaz essencial em um processo

    de negociao. Dessa forma, importante saber ouvir as pessoas com que se

    negocia. Alm disso, perguntas relevantes sobre o assunto, acabam

    demonstrando o interesse do negociador no processo como um todo. Mas

    no se esquea de sempre ficar atento s respostas, isto porque seus

    questionamentos devem sem embasados no objeto de negociao, no

    devendo, portanto perguntar por perguntar.

    Seja flexvel - Em um processo de negociao voc deve sempre buscar seu

    objetivo e lutar para consegui-lo, entretanto, voc deve tambm saber

    quando deve abrir mo de uma vantagem. No esquea que voc deve

    separar as pessoas do problema, ou seja, se voc tiver problema de

    relacionamento com algum de seus oponentes, voc deve super-los na busca

    por uma negociao eficaz.

    Cada caso um caso - Analise cada processo de negociao como se ele fosse

    nico. Isto porque, alm de modificar o objeto, as partes envolvidas tambm

    se modificam, relembrando que voc ir negociar com pessoas. Assim, faa

    um planejamento para cada negociao, observando os fatores tcnicos e

    comportamentais envolvidos. Um caso de sucesso em uma negociao

    anterior que voc teve, nem sempre pode simbolizar que voc ir sempre ter

  • 23

    Conflito e Negociao

    Competncia 02

    sucesso. H vrias formas de se alcanar um objetivo, analise todas e procure

    descobrir a melhor alternativa.

    Seja comunicativo - Muitas vezes a chave do sucesso em uma negociao est

    na forma como voc expe suas idias e propostas. Procure inicialmente,

    sempre demonstrar suas idias de forma que elas estejam de acordo com as

    necessidades de seu oponente para isso, faa seu planejamento. O primeiro

    passo para uma comunicao eficiente saber sobre o que est falando. Alm

    disso, verifique que equipamentos tcnicos voc precisar e se for necessrio,

    busque cursos de como falar e se apresentar melhor. No esquea que ser

    comunicativo no sinnimo de falar muito.

    Prepare-se - Assim como j foi salientada a necessidade de planejamento, de

    busca de informaes e de preparao pessoal para uma boa comunicao,

    no esquea de que, se for negociar em equipe, que esta deve estar bem

    preparada. Assim, tanto individualmente quanto em grupo, defina os papis

    de cada um e ao terminar a negociao faa um feedback: aprenda com os

    erros e acertos a fim de continuar desenvolvendo suas habilidades de

    negociador.

    Em suma, o bom negociador deve ter o Controle da Situao, ou seja,

    consegue negociar e ainda controlar o conflito, analisando os aspectos

    envolvidos no processo e mantendo o foco em seu objetivo, sem deixar de

    considerar os interesses e os resultados almejados por todos.

    Se voc ficou interessado em conhecer mais

    detalhes sobre o dilema do

    prisioneiro, sugere-se a leitura

    de: PROUDSTONE,

    William. Prisoners Dilemma: John Von Neumann,

    Game Theory and the Puzzle of the

    Bomb. Anchor Books,1992.

  • 24

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 02

    Responda a questo abaixo de acordo com o que estudamos no

    texto.

    Em que consiste a negociao?

    Por que se consideram extremamente relevantes para o sucesso de uma negociao a pesquisa e o planejamento antecipados?

    Qual o procedimento correto para uma negociao difcil?

  • 25

    Conflito e Negociao

    Competncia 03

    3. COMPETNCIA 03 | COMO ENTENDER SEMELHANAS E

    DIFERENAS ENTRE TIPOS DE NEGOCIAO

    No captulo anterior voc pde observar que por meio do estudo dos jogos

    que envolvem as negociaes e, principalmente atravs do comportamento

    das pessoas envolvidas que uma negociao ter sucesso ou no. Mas

    trabalhando efetivamente com a negociao, como sendo nosso ponto alto de

    estudo, no se pode deixar de lado que os fatores de conquista, de persuaso

    da outra parte esto intimamente ligados ao resultado satisfatrio.

    Na prtica, a negociao tem o processo como uma caracterstica intrnseca,

    entretanto este deve envolver diretamente a flexibilidade, a comunicao, o

    poder e a informao.

    Dessa forma extremamente importante considerarmos em um processo de

    negociao:

    A identificao dos aspectos em comum para as partes envolvidas;

    Verificar os interesses em questo;

    Buscar a manuteno do foco voltado para as solues, e no para os

    conflitos ou problemas;

    Focar na cooperao e nos benefcios para as partes;

    Observar e avaliar as variveis envolvidas no processo de negociao;

    Analisar o melhor momento para a tomada de deciso;

    Registrar o acordo feito pelas partes.

    Assim, um processo de negociao sempre deve ter objetivos tangveis, a fim

    de que os resultados desejados tenham o impacto almejado pelas partes. Para

    isso, a orientao e busca dos fatos extremamente importante.

  • 26

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 03

    3.1. Etapas da negociao

    Segundo ACUFF (2004, p.31), as negociaes devem cumprir as seguintes

    etapas: orientao e pesquisa; resistncia; reformulao das estratgias;

    discusses difceis e tomada de decises; acordo; seguimento.

    A seguir, acompanhe cada etapa em detalhe para compreend-las melhor:

    Orientao e pesquisa

    a fase inicial que muitos dos negociadores deixam de lado. A busca de

    informaes extremamente importante para se conhecer o objeto de

    negociao, bem como seu ambiente e as questes envolvidas.

    Esta etapa consiste principalmente na busca por conhecimento, como por

    exemplo: o estudo da organizao envolvida, o histrico das negociaes

    semelhantes anteriores, a verificao do poder que seu parceiro de

    negociao possui em sua organizao ou mesmo no meio em que est

    inserido.

    Esta fase inicial tambm compreende o Planejamento. O xito de uma

    negociao depende de um planejamento bem elaborado. Para tanto, h a

    necessidade de examinar interesses e definir metas, bem como identificar

    quais sero os interesses e objetivos do outro, atravs da coleta de

    informaes necessrias, com o intuito de se prever possveis impasses e

    buscar a maneira de evit-los e super-los.

    Efetivamente devem se programar as apresentaes na mesa de negociao.

    Atravs do planejamento ainda, pode-se ter uma viso geral da situao para

    ento definir os assuntos a serem abordados, no intuito de estabelecer as

    prioridades. No se deve, entretanto, deixar de lado a criao de um

    ambiente favorvel negociao, a fim de reduzir eventuais tenses, para

    facilitar a busca pelo consenso e pela cooperao.

  • 27

    Conflito e Negociao

    Competncia 03

    Resistncia

    H que se considerar que em uma negociao pode haver resistncia por

    parte do outro negociador. A resistncia existe at mesmo para caracterizar a

    importncia relativa da negociao. Se o seu oponente no apresentar certa

    resistncia, voc deve verificar qual a real importncia do objeto que est

    sendo negociado. De qualquer forma, importante se preparar para

    enfrentar a resistncia, buscando formas de quebr-la. Isto alcanado ao

    assumir posies, buscando sempre ter um ponto de vista lgico, debatendo e

    argumentando seus motivos. importante tambm ser compreensivo com o

    outro negociador, e isso se d atravs do conhecimento profundo do mesmo

    e do objeto da negociao.

    Reformulao das estratgias

    Voc sempre deve elaborar estratgias de negociao, antes mesmo de partir

    para o processo em si. Entretanto, novos fatores podem surgir durante o

    processo e voc deve estar preparado para enfrent-los, inclusive reavaliando

    as estratgicas previamente estabelecidas.

    possvel trabalhar a reformulao de estratgias a partir da introduo de

    dados novos, da redefinio de algumas questes, mas principalmente,

    atravs da efetiva reavaliao das estratgias originais.

    Discusses difceis e tomada de decises

    Todo o negociador deve concentrar seus esforos nas reais necessidades das

    partes envolvidas no processo. Quando uma discusso est difcil, o objetivo

    maior buscar o real motivo do que se est negociando. Este o momento

    exato para se tomar decises com base efetiva na busca por resultados

    recprocos: ganha-ganha, ou seja, deve-se criar alternativas de ganho mtuo

    perguntando-se o que a outra parte pode ganhar com a negociao.

    extremamente importante tanto nas discusses, quanto na tomada de

  • 28

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 03

    decises, explorar e compreender todas as variveis envolvidas, a fim de

    clarificar pontos obscuros na inteno de superar impasses existentes.

    Acordo

    Aqui o momento de traar todos os detalhes da negociao e garantir a

    compreenso dos mesmos por todos os envolvidos. Os negociadores ratificam

    o acordo com suas organizaes. Dessa forma, so fatores que envolvem o

    acordo: busca de reas de entendimento; reviso de todo o processo de

    negociao, a fim de garantir a compreenso mtua do que foi acordado;

    revisar e redigir o acordo; recapitular os benefcios mtuos alcanados com a

    negociao.

    Seguimento

    Esta etapa primordial para o alcance do sucesso de uma prxima negociao

    e muitas vezes ela esquecida. Logo aps o acordo firmado, necessrio

    manter um bom relacionamento com seu oponente, enfatizando que a sua

    tomada de deciso foi acertada e que ambos fizeram bons negcios. Enfatizar

    um relacionamento tambm uma chave para o sucesso de uma negociao.

    Desta forma, o seguimento consiste em supervisionar a implementao do

    acordo negociado e destacar realmente que voc acaba de fazer um bom

    negcio.

    Exemplo:

    Certa vez um ministro da Fazenda brasileiro foi negociar a dvida externa com

    James Baker III, ento Secretrio do Tesouro americano. Foi mal preparado e,

    o que pior de tudo, o pouco que foi preparado vazou. Quando comeou a

    falar o Secretrio americano que, em virtude do vazamento, j conhecia a

    proposta, interrompeu: Com esta proposio no d nem para comear. O

    ministro brasileiro que no tinha nem um plano contingencial ficou sem ao e

    no pode fazer nada alm de se retirar, submetendo o Brasil a um tremendo

  • 29

    Conflito e Negociao

    Competncia 03

    vexame. Agora vem a ironia da histria. O ministro brasileiro tinha algumas

    proposies interessantes, que mais tarde, com outro nome foram adotadas.

    Assim, de nada adianta ter boas idias e propostas se voc no fizer bem o

    dever de casa, que a preparao. Voc no encontrar as formas de fazer

    suas idias serem aceitas. (JOS AUGUSTO WANDERLEY, J.A. Negociao: o

    Caminho do Sucesso. http://www.institutomvc.com.br/)

    3.2. As Estratgias de Negociao

    Atravs do conhecimento adquirido nos assuntos anteriores sobre o processo

    de negociao, chegou o momento de voc conhecer as principais estratgias

    para se obter o almejado sucesso.

    Voc observou que, desde o incio da disciplina e, por meio do estudo da

    Teoria dos Jogos, considerado como melhor meio de sucesso negocial,

    objetivar o relacionamento ganha-ganha. muito importante voc entender

    inicialmente o que vem a ser uma Estratgia.

    Muitos autores destacam as estratgias de negociao de formas diferentes.

    Para fins deste estudo, considere importantes as seguintes:

    a) Planejamento

    O Planejamento aparece como uma estratgia de negociao, pois, quanto

    mais enftico e detalhado ele for, melhor. Sabe-se ainda que muitos

    negociadores nem fazem seu planejamento antes de iniciar uma negociao.

    Dessa forma, o planejamento deve envolver o maior nmero de

    questionamentos possveis, que vo desde questes pessoais especficas

    sobre o outro negociador (como seu estado civil, seu lazer, sua personalidade,

    sua cultura) at o conhecimento sobre o negcio e o objeto de negociao em

    si (como o produto, o servio, os preos, a forma de organizao e

    administrao de uma empresa). No se pode deixar de observar justamente

    Estratgia um recurso a fim de

    assegurar predeterminados posicionamentos da negociao,

    exigindo simultaneamente

    o engajamento por parte dos elementos da

    organizao para que os objetivos definidos sejam

    alcanados.

  • 30

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 03

    negociaes anteriores (sucesso ou fracasso das negociaes anteriores) e o

    estudo efetivo de seus resultados.

    b) Mtodo Ganha-ganha

    No tarefa fcil buscar o entendimento entre duas partes com objetivos

    distintos. relevante o estudo e o planejamento anterior, a fim de que a

    busca de um objetivo comum seja alcanado. Mas os objetivos nem sempre

    sero os mesmos, e por isso, h que se encontrar meios de ampliar os

    objetivos, gerando a interseo do que almejado pelas partes envolvidas,

    com o intuito de que todos saiam ganhando em uma negociao (assunto

    explorado na explicao sobre a Teoria dos Jogos). Foi matematicamente

    comprovado que, em um relacionamento onde apenas um componente sai

    ganhando, aparece, na realidade o resultado final em que todos perdem, de

    uma forma ou de outra.

    c) Linguagem simples e acessvel

    extremamente importante observar a linguagem de seu interlocutor e

    adapt-la a sua prpria realidade. Isto porque, para se ter clareza no final da

    negociao importante desenvolver aptides de comunicao. Quando

    falamos em linguagem simples e acessvel, no estamos apenas citando a fala,

    isso envolve tambm os possveis documentos, a apresentao (que pode ser

    atravs de maquetes, projees, mostra de projetos, entre outros).

    d) Perguntas e ateno s respostas

    Considera-se primordial, envolvendo ainda a questo estabelecida com a

    comunicao, que no fiquem dvidas remanescentes no processo de

    negociao. Assim, o velho ditado que diz perguntar no ofende,

    verdadeiro quando se trata de negociao: pergunte e fique sempre muito

    atento s respostas de seus interlocutores, nelas por vezes, encontra-se a

    chave para o acordo satisfatrio.

  • 31

    Conflito e Negociao

    Competncia 03

    e) Separe as pessoas do problema e identifique claramente o objeto de

    negociao

    Muitas vezes os negociadores so pessoas que esto representando algum,

    uma organizao, que por sua vez, possuem objetivos internos comuns.

    fundamental no confundir a relao interpessoal com o problema, com o

    objeto a ser negociado. Lidar diretamente com o objeto, mantm uma boa

    relao de trabalho. Com isso, o negociador deve fundamentar seu

    relacionamento com o outro em percepes exatas, com uma comunicao

    clara e principalmente, com uma viso voltada para o futuro. Com isso, o foco

    da negociao firma-se no enfrentamento do problema, e no das pessoas.

    Resumo

    Neste captulo, voc pde conhecer o processo de negociao e tambm as

    estratgias a serem adotadas pelo negociador para buscar o sucesso no

    resultado final de seu processo de negociao.

    A questo proposta sobre a Teoria dos Jogos e a importncia de seu

    entendimento coincide com a busca constante e moderna de se alcanar

    objetivos mtuos, mas nem sempre comuns entre as partes, enfatizando a

    cooperao e no simplesmente as vontades imperativas.

    Muitos so os exemplos em nosso cotidiano, pois constantemente estamos

    em negociao. A aplicabilidade de estratgias bem posicionadas e

    principalmente, a nfase no planejamento fazem com que os negociadores

    tenham maior segurana na busca por alcanar os desafios dirios.

  • 32

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 04

    4. COMPETNCIA 04 | GESTO DO CLIMA OPERACIONAL E

    CONFLITOS

    Convivemos a todo o momento com situaes conflituosas. Dessa forma,

    administrar conflitos hoje em dia natural. As modificaes na sociedade,

    bem como aquelas que ocorrem diariamente nas organizaes, Voc verificou

    Nos captulos anteriores que o conflito, mesmo tendo uma conotao

    negativa, caracterstica de estados de tenso, acaba viabilizando mudanas a

    fim de que os resultados obtidos sejam satisfatrios para as partes envolvidas.

    Mas como obter resultados positivos de conflitos? Isso depende justamente

    da forma como negociamos o problema. Agora voc j sabe o que um

    conflito e tambm em que consiste um processo de negociao. Chegou o

    momento de unir os conhecimentos adquiridos nos captulos anteriores e

    verificar como se d efetivamente o processo de negociao de conflitos, sem

    esquecer de um fator extremamente importante que o desenvolvimento

    das habilidades de um negociador.

    4.1. Diagnosticando o conflito

    Antes de partir para a negociao do conflito, voc deve analisar os fatos. Isto

    porque, acredita-se que essencial, ao se verificar a existncia do conflito,

    que o gestor e as partes envolvidas assumam a necessidade de busca de uma

    soluo.

    4.2. Mapeamento do conflito

    Para facilitar o que se chama de mapeamento do conflito, conforme Martinelli

    (1998, p.12) observe, a seguir, as fases a serem cumpridas:

    Recusar o conflito

    acarreta diretamente na

    recusa da negociao,

    gerando tenso e desconforto.

    Declarar guerra tambm no o melhor caminho, porque algum nesse jogo sair perdendo. Voc

    recorda da Teoria dos Jogos? Ento justamente isso que se deve ter

    em mente inicialmente ao diagnosticar o conflito: qual o

    melhor caminho? Sempre ser

    aquele em que as partes ganhem e no qual o dilogo

    prevalea.

  • 33

    Conflito e Negociao

    Competncia 04

    Fase Inicial

    Verifique se as partes envolvidas conhecem o problema que gerou o conflito e

    principalmente, se elas esto dispostas a buscar uma soluo. Nem sempre h

    uma conscincia plena dos problemas e em funo disso, execute as seguintes

    tarefas:

    Faa o levantamento dos indcios, dados e fatos pertinentes e discuta

    com as partes envolvidas;

    Mostre s pessoas envolvidas os benefcios potenciais do tratamento

    do problema;

    Oua atentamente, encoraje-as, desfaa as defesas e as resistncias.

    Atitudes que no devem ser executadas ao mapear um conflito ou mesmo

    no processo de negociao:

    Sabotagem - Aberta ou mascarada.

    Deslealdade - Com a organizao, com os chefes e os colegas. Tentativa de

    destruir os outros.

    Auto-preservao - No aceitao de responsabilidades. Omisso ou

    anonimato.

    Acomodao - Renncia altrusta em nome do interesse comum.

    Alienao - Desligamento, busca de outros interesses fora do trabalho.

    Presena de esprito ausente. Criana submissa.

    Segregao adaptativa - Deixa disso, evite sempre o contato direto.

    Polarizao melodramtica - Tudo culpa deles. Criana rebelde.

  • 34

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 04

    Fase Decisiva

    Nesta fase, o negociador deve fazer com que apaream as queixas, os

    problemas, os termos do conflito. Cuide para evitar avaliaes precipitadas,

    solicitando os dados e os fatos envolvidos. Assim:

    Verifique quais as prioridades, divergncias, riscos e pretenses das

    partes, diante do problema;

    Diagnostique o problema, observando suas causas, fontes e alternativas

    de ao. Entretanto, ao fazer o levantamento dos problemas, todo o

    cuidado deve ser tomado, a fim de que se possa driblar informaes

    divergentes, enfoques e percepes diferentes do problema, valores e

    interesses conflitantes (o que bom para um no o para o outro) e,

    sobretudo, destacando que se negocia com pessoas, cuidar dos estados

    emocionais alterados.

    Na fase decisiva, portanto, voc dever buscar o conhecimento pleno acerca

    do problema, para ento planejar aes necessrias ao processo de

    negociao, verificando alm de questes tcnicas, as situaes emocionais e

    de envolvimento das partes em todo o conflito.

    Fase de Manuteno

    Aps a negociao, faa o controle do acordo, verificando diretamente os

    resultados alcanados. Alm disso, extremamente importante observar os

    erros ou mesmo incorrees e agir no sentido de promover sua redefinio.

    Com isso, envolva diretamente as partes na manuteno do acordo do

    conflito.

    Agora voc pode concluir que diagnosticar um conflito, perpassa diretamente

    pelo processo de negociao, ou seja, ao perceber o problema, o negociador

    automaticamente busca uma soluo vivel.

  • 35

    Conflito e Negociao

    Competncia 04

    Complementando a ideia inicial de estabelecimento de fases de mapeamento,

    conforme Martinelli (2002), que cita Kirchof e Adams, a soluo de problemas

    nem sempre utilizada em todas as situaes de conflitos. Isto porque so

    necessrias as seguintes circunstncias especiais para se aplicar a abordagem

    de confronto:

    1. Todas as partes devem querer uma soluo que, plenamente aceitvel,

    considere a totalidade de seus objetivos;

    2. Todas as partes tm a responsabilidade de se mostrarem abertas e

    honestas a respeito dos fatos, opinies e sentimentos; e,

    3. Todas as partes devem concordar em controlar o processo, para se

    chegar a um acordo, mas no em impor seu contexto final.

    4.3. O Planejamento da Negociao e dicas para sanar problemas quando a

    Negociao conflituosa

    Importante compreender a negociao como sendo um processo, que leva a

    um acordo entre as partes envolvidas.

    Ao planejar uma negociao, voc deve estar constantemente atento ao

    conflito, o problema que gerou o conflito e principalmente, buscar uma

    soluo para que as partes tenham resultados satisfatrios.

    Vale ressaltar que determinados valores e princpios bsicos do ser humano e

    de seu desenvolvimento em sociedade, como a tica e a honestidade so

    fatores importantes no processo de consolidao de uma negociao de

    sucesso.

    A busca pelo aprimoramento das habilidades de negociao essencial. O

    planejamento a pedra fundamental tanto para o desenvolvimento de

    habilidades como para um acordo satisfatrio na resoluo de conflitos.

  • 36

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 04

    Como devo planejar?

    1) Pesquisa / Busca de informaes

    Procure conhecer o negcio, o objeto de sua negociao.

    Conhea o negcio de seu oponente. Alm disso, procure conhecer o

    ambiente de negcios, ou seja, a realidade de cada um e onde ser feito o

    acordo. Tudo isso far com que o seu oponente veja que voc est bem

    preparado, transmitindo segurana e confiabilidade na busca pela soluo de

    problemas.

    2) Faa clculos

    Calcule o que voc acharia razovel, bom e timo obter na negociao. Ou

    seja, defina quais questes estariam em prioridades na negociao, a fim de

    que voc saiba, ao negociar, o momento de ceder em questes de baixa

    mdia prioridades.

    3) Trace objetivos

    Defina os objetivos da negociao, aps elaborar a pesquisa e estabelecer as

    questes prioritrias. Para isso, reveja todas as informaes que voc coletou

    sobre o objeto de conflito e verifique se voc est com tudo o que necessita

    para iniciar a negociao.

    4) Estabelea as concesses

    Agora o momento de traar as concesses. Aps verificar quais so os

    pontos prioritrios e estabelecer seus objetivos, voc deve estipular as

    concesses que poder fazer durante a negociao. No dever esquecer de

    estabelecer o que voc poder obter em troca do seu oponente, ao

    estabelecer suas concesses. No esquea que a negociao uma via de

    mo dupla onde as partes devem chegar a um acordo satisfatrio para ambas.

  • 37

    Conflito e Negociao

    Competncia 04

    5) E se voc fosse seu oponente?

    Imagine se voc fosse seu oponente, ou seja, tente estabelecer

    antecipadamente o que seria interessante para o outro, se ele estivesse

    negociando com voc. Essa probabilidade um bom exerccio na busca do

    acordo mtuo.

    6) O Plano B

    Estabelea um Plano B. Tenha uma alternativa que lhe d segurana na

    negociao, ou seja, ao tentar resolver o conflito, se as possibilidades iniciais

    no forem suficientes para se chegar a um acordo, apresente uma ltima

    sada.

    7) O Acordo

    Prepare-se tambm para o fechamento do acordo. Isto porque, uma boa

    resoluo de conflitos, faz com que novos negcios surjam futuramente.

    8) Mantenha a postura

    Alm de tudo que foi explanado, no esquea de sempre manter uma postura

    corporal adequada: corpo ereto, sorriso nos lbios, bom aperto de mo, fale

    com voz confiante e segura e olhos nos olhos! Relembre-se: a primeira

    impresso a que fica.

    Sem planejamento prvio, englobando ento o mapeamento do conflito e as

    estratgias de negociao a serem adotadas, o resultado positivo na resoluo

    de conflitos no ir aparecer. Aps buscar todo o conhecimento tcnico e

    fundamental para o negcio em questo, grave as dicas abaixo para auxili-lo

    quando estiver em uma situao cujo acordo est em risco.

  • 38

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 04

    So dicas para uma situao cujo o acordo est em risco:

    a. Separe a pessoa do problema.

    b. Faa uma pausa e faa silncio por alguns minutos. Recupere o

    raciocnio e foco no objetivo.

    c. Se for o caso, no tome a deciso na mesa de negociao. Marque um

    novo encontro, uma nova negociao. Assim voc poder consultar a

    opinio de outras pessoas sobre o conflito.

    d. Escutar a outra parte pode ser a conduta mais efetiva e tambm a mais

    simples em uma negociao. Tente compreender seu oponente,

    reconhecendo seu ponto de vista e fazendo com que ele tambm

    reconhea o seu.

    e. Quando ficamos zangados ou nos envolvemos emocionalmente no

    conflito, nossos instintos naturais tendem a dominar; por isso, fica

    muito difcil usar eficazmente nossas habilidades de comunicao e

    resoluo de problemas. Da a necessidade de entender melhor suas

    reaes emocionais perante o conflito.

    Resumo

    Neste captulo voc teve a oportunidade de reconhecer as fases de um

    conflito e observar que essas fases esto intimamente ligadas s etapas de

    negociao vistas em unidades anteriores. Assim, a importncia de se

    ressaltar o planejamento na resoluo dos conflitos. Atravs do planejamento

    voc consegue mapear e ao mesmo tempo programar sua negociao visando

    busca do acordo e resoluo entre as partes.

    De qualquer forma, algumas dicas de como agir quando a negociao no est

    obtendo sucesso foram sugeridas, a fim de que voc, gestor negociador

    possua as tcnicas necessrias para seu aprimoramento profissional.

    A seguir acompanhe trechos deste artigo:

    Para aprofundar

    os temas abordados nas

    unidades, sugere-se fazer a leitura

    da entrevista feita pela revista HSM

    Management com o

    especialista em negociao de

    Harvard, Sr. William Ury, com o ttulo Negociar

    na Era da Informao.

  • 39

    Conflito e Negociao

    Competncia 04

    O processo de negociao est sendo transformado pela Era da Informao?

    Sim, eu diria que h uma revoluo silenciosa acontecendo hoje no mundo,

    tanto nos negcios como na poltica e na famlia. uma revoluo na maneira

    de as pessoas tomarem decises. medida que as organizaes piramidais se

    achatam em redes, a forma bsica da tomada de deciso se desloca da

    vertical -pessoas de cima dando ordens para as de baixo- para a horizontal. O

    que a tomada de decises horizontal seno negociao? Na verdade,

    estamos vivendo na Era da Revoluo da Negociao.

    Quais so os grandes desafios dos negociadores de hoje e amanh?

    Esto relacionados com o novo mundo empresarial, onde cada vez mais se

    realizam trabalhos em equipe e com foras-tarefas, empreendem-se negcios

    por meio de joint ventures e alianas estratgicas (veja o Dossi desta edio,

    na pgina 57) e faz-se empresas crescer com fuses e aquisies.

    Cada uma dessas formas organizacionais exige negociao contnua e

    renegociao, medida que o ambiente dos negcios muda. Temos pouca

    escolha seno aprender a tomar nossas decises em conjunto. No uma

    tarefa fcil; trata-se de um grande desafio. Mal sabemos fazer isso em grupos

    de seis pessoas, imagine em grupos de 600, 6 mil ou 6 milhes. Alm disso,

    com o fenmeno da globalizao, os negociadores das empresas enfrentam o

    desafio de fazer com que pessoas de diferentes culturas cheguem a um

    mesmo sim. Os antroplogos nos dizem que h mais de 6 mil culturas na

    face da Terra atualmente. Em resumo, talvez o desafio central dos

    negociadores do sculo XXI se traduza na seguinte questo: como nos

    comunicarmos eficazmente e aprendermos a trabalhar juntos.

    Diante disso, muda a tcnica de negociar?

    Esto ocorrendo mudanas no s no que eu chamo de quantidade de

    negociao, mas tambm no estilo de negociar. Por tradio, a negociao

  • 40

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 04

    tinha uma caracterstica intrnseca de ganha-perde: era considerada como

    apenas outra forma de guerra. No entanto, as pessoas esto cada vez mais

    buscando mtodos para chegar a solues de benefcio mtuo, o ganha-

    ganha.

    Mesmo as maiores companhias do mundo esto descobrindo que precisam

    negociar de modo cooperativo.

    A General Motors formou uma aliana estratgica com sua concorrente

    Toyota; a IBM, com a Fujitsu. Os funcionrios e a alta gerncia esto

    aprendendo que, se no trabalharem juntos, nenhum dos dois consegue

    trabalhar. Para competir no mercado de hoje, voc precisa cooperar, ou

    melhor, negociar de maneira cooperativa.

    Em meu trabalho, tive muitas oportunidades de presenciar lderes sindicais

    inflexveis e executivos cticos, por exemplo, gradualmente chegarem

    compreenso de que a negociao de benefcio mtuo pode levar a

    resultados sensivelmente melhores do que gritar uns com os outros e

    procurar derrotar o outro. Em vez de tentarem dividir um bolo econmico que

    est diminuindo com a intensificao da competio mundial, a alta gerncia

    e os funcionrios buscam aumentar o bolo com maneiras inovadoras de

    incrementar a produtividade e compartilhar os lucros. O bom

    relacionamento - essa a nossa vantagem competitiva, disse-me um lder

    sindical anteriormente ctico.

    Como a revoluo digital est mudando os diferentes estgios do processo

    de negociao?

    Se a negociao tradicional era 80% barganha, o novo tipo de negociao

    80% aprendizado. As melhores solues surgem de um processo de

    aprendizado conjunto entre os parceiros que compartilham informaes

    sobre o problema, sobre seus respectivos interesses e sobre solues

  • 41

    Conflito e Negociao

    Competncia 04

    potencialmente criativas. O resultado final normalmente algo que nenhuma

    das partes imaginara antes de entrar no processo de negociao.

    Isso significa passar a primeira metade do tempo de negociao simplesmente

    construindo o relacionamento e explorando o problema, aprendendo um com

    o outro. Em vez de comear com um preo ou uma posio, deixe para

    discutir isso na segunda parte do processo de negociao.

    Fonte: Ury, William. Negociar na Era da Informao. HSM Management, So

    Paulo, n. 3, 01 jul. 1999. Bimestral.

    1) Quer exercitar a sua capacidade de negociao? Observe o caso abaixo e a seguir descreva sua escolha e justificativa:

    O aluno dever ler o caso abaixo e escolher uma situao e justificar sua alternativa. Na verdade no existem respostas certas e sim, diferentes argumentos.

    Um oficial do governo indonsio deixou-lhe claro que a venda de

    equipamentos de construo em Jacarta tem grandes possibilidade, se voc

    puder ajudar o seu filho a entrar em uma faculdade dos EUA, e se voc tiver a

    bondade de construir uma piscina para a sua famlia. ACCUF (2002, p.23) Qual

    a melhor soluo?

  • 42

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 04

    a. Informar-lhe polidamente que voc gostaria de ajudar, mas que,

    infelizmente, essas solicitaes esto fora da sua esfera de

    competncia. Depois enfatizar o quanto o negcio beneficiar as partes

    envolvidas.

    b. Entrar em contato imediatamente com faculdades norte-americanas,

    colocar disposio o equipamento de construo para a piscina e

    preparar-se para assinar o contrato.

    c. Ajudar com o pedido sobre a faculdade, mas verificar com a rea

    jurdica de sua empresa a possibilidade de construo da piscina.

    OS CONFLITOS NAS ORGANIZAES CONTEMPORNEAS Roberto Rodney Ferreira Junior

    Faculdades Unidas do Norte de Minas FUNORTE

    As Organizaes diante da Cultura

    A abordagem sobre organizaes pela sua prpria estrutura, um ambiente de

    relao de pessoas, no poderia ter convenincia, se afastada do

    entendimento do aspecto cultural que lhe parte integrante.

    Tratar de cultura e organizao referir-se tipicamente ao padro de

    desenvolvimento refletido nos sistemas sociais de conhecimento, ideologia,

    valores, leis e rituais cotidianos (MORGAN, 1996).

    A organizao se distingue, porm, dos demais sistemas sociais pelo seu alto

    nvel de planejamento. Em funo disso, ela utiliza tambm um alto nvel de

    controle, que inclui presses ambientais e valores, assim como, expectativas

    compartilhadas, mas especialmente a aplicao de regras, cuja violao,

    muitas vezes, implica em penalidades.

    Um dos pontos importantes da perspectiva sistmica da organizao a boa

    compreenso dos conceitos de papis, normas e valores, principais

    componentes de um sistema social.

    No intuito de

    criarmos um link com o que

    aprendemos nos captulos

    anteriores, vamos ler este

    interessante artigo?

  • 43

    Conflito e Negociao

    Competncia 04

    Quanto a papis, acrescenta-se serem aqueles que descrevem formas

    especficas de comportamento associadas com dadas tarefas. So, portanto,

    padres de comportamento exigidos de todas as pessoas que participam de

    um dado relacionamento funcional. As normas, por sua vez, so expectativas

    gerais de carter reivindicativo para todos aqueles que desempenham papis

    em um sistema. Os valores, finalmente, so justificaes e aspiraes

    ideolgicas mais generalizadas. Ento, papis, normas e valores,

    consubstanciados compem as bases da integrao do sistema e, portanto, da

    empresa (MOTTA, 2000).

    Nesse aspecto, o entendimento cultural na organizao passa a ser as

    expectativas sociais mais amplas trazidas pelos insumos humanos que

    desempenham papis no subsistema tcnico. (CHIAVENATO, 1983).

    Segundo os estudos que abordam o contedo comportamental nas

    organizaes, o comportamento pode ser por instinto, habitual e por

    particularidades (organizao) (FIORELLI, 2003).

    Para argumentao do texto em estudo, esse ltimo a centralidade. Pois,

    inicia-se nas questes culturais e organizacionais, no se podendo deixar

    margem das consideraes as inferncias conceituais significativas como:

    "organizao", "instinto" e personalidade, para a orientao, melhor

    esclarecimento e entendimento do que se busca na idia do texto.

    Mesmo porque, a organizao o local ambiente dos valores pelos quais os

    atores empresariais esto inseridos.

    A esse respeito, esclarece-se por "organizao": os ambientes empresariais,

    dentro dos quais os indivduos colaboradores trabalham e vive a maior parte

    do seu tempo, ou mesmo de suas vidas. Nesse contexto, as pessoas do algo

    de si mesmas e esperam algo em troca, seja a curto ou em longo prazo

    (CHIAVENATO, 2005).

  • 44

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 04

    No que se refere ao instinto, entende-se como estmulo ou impulso natural,

    involuntrio, pelas quais homens e animais executam certos atos sem

    conhecer o fim ou o porqu desses atos, aptido inata. Por fim,

    personalidade entendida como o conjunto de padres comportamentais

    (FIORELLI, 2003).

    Em consolidao s conceituaes acima, conclui-se que o instinto pouco se

    manifesta, pois o social, o cultural e a aprendizagem que moldam o

    comportamento humano. A personalidade encontra-se diretamente

    relacionada condio estvel e duradoura dos comportamentos das

    pessoas, contudo, sua manifestao possibilita quele que se relaciona com o

    indivduo, constituir, inconscientemente, uma imagem mental do

    comportamento provvel dessa pessoa em cada tipo de circunstncia. E por

    fim o mais importante de toda a particularidade o meio pelo qual cada

    profissional leva organizao um conjunto de elementos de sua vida

    anterior, aos quais se somam outros ligados cultura, s normas e aos fatores

    ambientais. No obstante, reportando-se a um passado histrico e, ao mesmo

    tempo, comparando-o com a atualidade de se perceber que, outrora, o

    smbolo da civilizao era o Estado, hoje a empresa. Nesta, mais do que

    naquela, concentram-se os fatores que pem os homens em contato direto

    uns com os outros, nas diferentes formas de competio, conflito e

    cooperao que assinalam sua luta pela subsistncia e, por conseqncia no

    desenvolvimento evolutivo da empresa.

    Os Conflitos e a Empresa Contempornea

    No mundo contemporneo, muitas so as variveis que, se trabalhadas

    garantem diferenciao empresa. Duas delas a capacidade empresarial de

    mudanas e a capacidade lgica e racional de planejamentos estratgicos,

    onde se inclui atividade, produtos, servios e pessoas, evidentemente.

    Com o advento da Revoluo Industrial, com a recente exploso tecnolgica e

    a globalizao, atualmente todas as empresas que geram empregos, esto

  • 45

    Conflito e Negociao

    Competncia 04

    passveis de conflitos internos, principalmente, por serem essas empresas um

    ambiente de relao de pessoas, de subjetividades aliadas ao objetivo da

    empresa, mas pelo fato de ser tambm um ambiente em que cada indivduo

    tem sua prpria subjetividade (DINEY1, 2005).

    Hoje, cada vez mais, as empresas impem - se em complexidades, em

    necessidades de serem competitivas, para, no mnimo, manterem-se vivas,

    tornando-se dinmicas e inteligentes.

    A relao empresas e mercado, produo e demanda qualidade e satisfao,

    vo se somando evoluo de um quadro complexo de mutaes na

    sociedade ps-industrial. Conseqentemente, a cada momento novos

    conflitos internos vo se manifestando, s vezes de forma positiva, outras

    vezes negativamente. Mas, em todos os casos, requerem que os conflitos

    sejam administrados, para ento, serem conhecidas as suas causas, da mesma

    forma que os efeitos, que podem servir de reflexes e norteamentos para

    novos caminhos e planos. Atualmente, um dos grandes focos de Recursos

    Humanos nas empresas a reteno de talentos, pois no h dvidas de que

    as pessoas e seus talentos incrementam as estratgias, agregam valores e

    fazem as coisas acontecerem. Da as empresas acabarem disputando sempre

    o mesmo perfil de profissional.

    Segundo Pereira (2001) citado por Franco (2001, p 155), "A satisfao do

    funcionrio um dos itens mais importantes dentro da estratgia de

    expanso de um negcio. No existe empresa nota 10, se os seus

    colaboradores tambm no forem notas dez". Entretanto, no to simples

    satisfazer a todos, quando cada homem, conforme foi dito, tem sua prpria

    natureza, seu desejo, sua necessidade e, seu nvel de satisfao a ser atingido.

    So muitas as histrias de empresas, em todos os cantos do mundo, que tm

    feito enormes investimentos de tempo e de recursos na introduo de

    modernas tcnicas de gesto, mas sem resultados animadores. So muitos os

    fracassos. Mas h tambm muitos sucessos, devendo ser observados, que as

    empresas que obtm esse sucesso, geralmente so empresas, que tm

  • 46

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 04

    conceitos mais humanizados sobre os seus trabalhadores, entendendo-os e

    administrando-os de forma racional.

    Mas, o que determina o sucesso? Para muitos autores, a obteno do sucesso

    depende do uso inteligente dos talentos, boa formao profissional, esforo

    individual, dedicao e foco em resultados. Alm disso, o sucesso tambm

    resulta do modo de relacionamento entre as pessoas, como lidamos com os

    eventos e como construmos nossa rede de relacionamentos pessoais e

    profissionais (DINEY, 2005).

    A partir da dcada de 90 o ambiente corporativo tem enfrentado, como

    principal desafio, a emergncia de novos atores socioambientais no processo

    de formao de estratgias empresariais. Numerosos estudos tratam da

    formao das estratgias socioambientais sob uma perspectiva voluntarista

    em que a escolha racional maximizadora visualizada como elemento

    responsvel pelo desencadeamento desse processo. (ANDRADE et al., 2001).

    Nenhuma empresa deve ser percebida com fim em si mesma, ou dependente

    exclusivamente do seu objetivo. Ao contrrio, uma empresa para fluir deve

    ser vista como um organismo em que as partes do seu contexto so

    constitudas por vrias as dimenses componentes, so representadas, como

    disse o autor supracitado, pelos mltiplos stakeholders, que so os indivduos,

    as entidades ou os grupos de interesse que exercem presso sobre os rumos

    estratgicos da organizao, posto que, os influenciam e/ou so por eles

    influenciados. Neste contexto, a legitimidade da empresa passa a ser vista

    como a sua capacidade de construir estratgias socioambientais que

    contemplem as demandas dos mltiplos atores.

    Desta forma, a estratgia caracteriza-se menos como um plano deliberado e

    mais como um processo socialmente construdo a partir da mediao de

    conflitos e articulao de compromissos entre a organizao e diversos outros

    atores.

  • 47

    Conflito e Negociao

    Competncia 04

    Nas organizaes, as pessoas costumam agruparem-se em funo de algum

    interesse comum ou em razo da coincidncia de valores e modos de pensar.

    Mesmo quando ocorre essa identidade, no h como evitar conflitos, pela

    simples razo de que a competio est no cerne da condio humana,

    notadamente em uma sociedade onde a diferenciao entre as pessoas

    naturalmente cultivada e estimulada.

    A Gesto do Conflito Organizacional

    Para que melhor se compreenda a gesto do conflito, razovel que no se

    esquea a existncias das diferenas individuais que, como j foi dito, implica

    valores, percepes e consideraes morais diferentes, e que nem todos tm

    acesso s mesmas informaes, nem possuem o mesmo vivencia mento.

    A posio das pessoas no grupo pressiona-as a assumirem certo papel, que

    nem sempre est de acordo com seus valores, isto , as pessoas so impelidas

    a assumirem uma posio, que enfatiza a dissonncia cognitiva (FESTINGER,

    1975).

    Os conflitos so derivados de vrios fenmenos, mas todos inerentes vida

    em grupo e, um dos principais fatores que tm sido observados a esse

    respeito a escassez de recursos para satisfazer todas as necessidades e os

    desejos individuais, principalmente de poder e afetividade, o que gera

    conflitos interminveis entre os membros do grupo. Conforme explica Faria

    (2006, p. 03) o conflito pode ter origem em uma de trs dimenses, a saber:

    Percepo: quando voc percebe que suas necessidades, desejos ou

    interesses tornam-se incompatveis pela presena ou atitude de uma outra

    pessoa;

    Sensao: quando voc tem uma reao emocional frente a uma situao ou

    interao que aponta para um sentimento de medo, tristeza, amargura, raiva,

    etc.

  • 48

    Tcnico em Recursos Humanos

    Competncia 04

    Ao: quando voc torna explcito para a outra parte, ou outras partes, as

    suas percepes, os seus sentimentos ou age no sentido de ter uma sua

    necessidade satisfeita, mas essa sua ao interfere na satisfao de

    necessidades de outras pessoas.

    Da, compreender que difcil um conflito ter uma nica dimenso e um nico

    modo de resoluo. Ele freqentemente tem as trs dimenses, e a

    intensidade de cada dimenso pode variar durante o processo de conflito. O

    conflito quando se torna conhecido pelas pessoas envolvidas, pode ser

    destrutivo e violento, conciliatrio ou amistoso; pode ser um exerccio de

    poder ou pode ser construtivo. No importa qual a origem do conflito, nem o

    caminho que se toma para a soluo, ou no, do conflito, a pessoa em conflito

    sempre tem a inteno de expor as suas razes dentro do conflito e ter suas

    necessidades atendidas (FARIA, 2006).

    Por isso mesmo, a conduta do grupo tem sido entendida como uma contnua

    sucesso de conflitos. Nota-se, contudo, uma tendncia a atribuir conotaes

    negativas ao conflito, relacionando-o ao combate, briga, violncia,

    guerra e destruio. Todavia, o conflito em si, no prejudicial de todo nem

    patolgico. constncia da dinmica interpessoal, que revela o nvel da

    capacidade sistmica. Seus efeitos certamente podero ser positivos ou

    negativos, construtivos ou destrutivos, em decorrncia do grau de

    aprofundamento e intensidade, de durao, do contexto, da oportunidade e

    do modo como ele enfrentado e administrado.

    Como funo positiva, o conflito rompe o equilbrio da rotina, mobiliza

    energia latente do sistema, desafia acomodao de idias e posies,

    desvenda problemas escondidos, agua a percepo e o raciocnio, excita a

    imaginao, estimula a criatividade. Como funo negativa ele apenas destri

    (DINEY, 2005).

    Para a organizao, no entanto, o importante perceber o conflito e

    administr-lo. Tanto so diversos os tipos de conflitos existentes na empresa,

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    Conflito e Negociao

    Competncia 04

    como so vrias as maneiras de se lidar com eles, desde a simples negao at

    o seu diagnstico, enfrentamento e proposta de soluo adequada.

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    Tcnico em Recursos Humanos

    Concluso

    Dentre as mudanas que atualmente se aceleram no mundo e, nas

    organizaes especialmente, esto os desafios de repensar e refazer a

    Administrao. A cultura tem sido to impregnada de Administrao que no

    por demais complexo compreender a sua linguagem e reconhecer o seu

    papel. Afinal, todos tm algo a administrar. De fato, muitos lhe associam um

    papel poderoso no sentido de coloc-la como uma cooperadora estratgica

    na empreitada de ajudar a corrigir o rumo tomado pela sociedade moderna.

    Esta perspectiva sustentada no aumento de ser cada vez mais evidente a

    impossibilidade de satisfazer as atuais necessidades do mercado global com a

    utilizao das prticas administrativas das ltimas dcadas.

    Atualmente, a administrao avana para a capacitao dos indivduos que

    possam reagir criativamente a situaes mutveis e imprevisveis.

    As novas prticas administrativas institudas pelos mais arrojados lderes

    empresariais englobam o respeito pelo ser humano, prtica da

    responsabilidade social, o respeito cidadania e a construo de uma

    sociedade global mais qualificada e humanizada.

    Tais prticas nos chegam como conseqncia de um processo de mudana

    necessria nos pressupostos que ainda esto por trs da Administrao

    tradicional recaindo sempre na justificativa econmica como pretexto para

    adoo de aes de outro modo indesejveis.

    Entre os enigmas da organizao, os conflitos ocupam papel de destaque.

    Todo o interesse pelo assunto tem sua razo de ser. Afinal, o que dizer dos

    motivos que levam um indivduo a contrapor ao outro e vice-versa, seno por