caderno de atencao basica 21 - vigilancia em saude

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    CADERNOS DEATENO BSICA

    MINISTRIO DA SADE

    VIGILNCIA EM SADE

    Cadernos de Ateno Bsica - n. 21

    Braslia - DF2007

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    CADERNOS DEATENO BSICA

    MINISTRIO DA SADESecretaria de Ateno Sade

    Departamento de Ateno Bsica

    VIGILNCIA EM SADEDengue, Esquistossomose,

    Hansenase, Malria, Tracoma e Tuberculose

    Srie A. Normas e Manuais TcnicosCadernos de Ateno Bsica - n. 21

    Braslia - DF2007

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    2007 Ministrio da Sade.Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada fonte e que noseja para venda ou qualquer fim comercial.A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra de responsabilidade da rea tcnica.A coleo institucional do Ministrio da Sade pode ser acessada na ntegra na Biblioteca Virtual do Ministrio da Sade:http:// www.saude.gov.br/bvs

    Srie A. Normas e Manuais TcnicosCadernos de Ateno Bsica, n. 21

    Tiragem: 1. edio - 2007 - 3.200 exemplares

    Elaborao, distribuio e informaes:MINISTRIO DA SADESecretaria de Ateno SadeDepartamento de Ateno BsicaEsplanada dos Ministrios, bloco G, 6 andar, Sala 655CEP:70058-900 - Braslia- DFTel.:(61) 3315-2497Fax: (61) 3226-4340Homepage: http://www.saude.gov.br/dab

    Superviso Geral:Fabiano Geraldo Pimenta - Diretoria Tcnica de Gesto/SVS/MSHeloiza Machado de Souza - Gabinete da Secretaria de Vigilncia em SadeLuis Fernando Rolim Sampaio - Departamento de Ateno Bsica/SAS/MS

    Coordenao Geral:Antnio Dercy Silveira Filho - Departamento de Ateno Bsica/SAS/MSngela Cristina Pistelli - Diretoria Tcnica de Gesto/ SVS/MS

    Elaborao Tcnica:Departamento de Ateno Bsica/ SAS/MS

    Edenice Reis da SilveiraLauda Baptista Barbosa Bezerra de MeloDiretoria Tcnica de Gesto/SVS/MSngela Cristina Pistelli - Diretoria Tcnica de Gesto/ SVS/MSSamia Nadaf de Melo - Diretoria Tcnica de Gesto/ SVS/MS

    Elaborao:Ana Carolina Faria e Silva Santelli Coordenao Geral do Programa Nacional de Controle da MalriaCarlos Jos Mangabeira da Silva Coordenao Geral do Programa Nacional de Controle da MalriaCladia Maria Escarabel Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao da HansenaseCor Jess Fernandes Fontes Coordenao Geral do Programa Nacional de Controle da MalriaDanielle Bandeira Costa Sousa Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao da HansenaseDanusaFernandesBenjamin Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao da HansenaseEdmar Cabral da Silva Coordenao Geral do Programa Nacional de Controle da Malria

    Eliane Aparecida do Nascimento Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao da HansenaseElza Alves Pereira Coordenao Geral do Programa Nacional de Controle da MalriaFabio Moherdaui Coordenao Geral de Doenas Endmicas - TuberculoseGiovanini Evelim Coelho Coordenao Geral do Programa Nacional da DengueGiselle Hentzy Moraes Coordenao Geral do Programa Nacional da DengueGuilherme Abbad Silveira Coordenao Geral do Programa Nacional de Controle da MalriaHaroldo Srgio da Silva Bezerra Coordenao Geral do Programa Nacional da DengueIsabela Maria Bernardes Goulart Centro de Referncia em Hansenase da Universidade Federal de UberlndiaIvanize de Holanda Cunha Coordenao Geral de Doenas Endmicas - TuberculoseJeann Marie da Rocha Marcelino Coordenao de Doenas Transmitidas por VetoresJoo Batista Furtado Vieira Coordenao de Doenas Transmitidas por Vetores

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    Jorge Meireles Amarantes (em memria) Coordenao Geral de Doenas Endmicas - TuberculoseJos Lzaro de Brito Ladislau Coordenao Geral do Programa Nacional de Controle da MalriaJosenei Santos Coordenao Geral de Doenas Endmicas - TuberculoseKatiuscia Cardoso Rodrigues Secretaria Municipal de Sade de Governador Valadares - MG (Hansenase)Lvia Carla Vinhal Coordenao Geral do Programa Nacional da DengueMagda Levantezi dos Santos Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao da HansenaseMrcio Henrique GarciaEPISUS/ MSMarcos da Cunha Lopes Virmond Instituto Lauro de Souza Lima - ILSL (Hansenase)Maria Cndida Motta de Assis Coordenao Geral de Doenas Endmicas - TuberculoseMaria da Paz Luna Pereira Coordenao Geral do Programa Nacional de Controle da MalriaMaria de Ftima Costa Lopes Coordenao de Doenas Transmitidas por VetoresMaria Jos Rodrigues de Menezes Coordenao de Doenas Transmitidas por VetoresMaria Leide Wan-Del-Rey de Oliveira Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao da HansenaseMarleide Aurlio da Silva Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao da HansenasePedro Luiz Tauil Coordenao Geral do Programa Nacional de Controle da MalriaRonaldo Santos do Amaral Coordenao de Doenas Transmitidas por VetoresRosa Castlia Frana Ribeiro Soares Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao da HansenaseRoseli La Corte dos Santos Coordenao Geral do Programa Nacional de Controle da MalriaRui Moreira Braz Coordenao Geral do Programa Nacional de Controle da MalriaSandra de Sousa Ribeiro Petrus Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao da HansenaseSara Jany Medeiros Coordenao de Doenas Transmitidas por Vetores

    Tadiana Maria Moreira Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao da HansenaseTeresinha de Souza Paiva Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao da HansenaseThas Oliveira Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao da HansenaseTibrio Csar de Morais Dantas Coordenao de Doenas Transmitidas por VetoresVera Lcia Gomes Andrade Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao da Hansenase

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil

    Ficha Catalogrfica

    Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica.

    Vigilncia em Sade: Dengue, Esquistossomose, Hansenase, Malria, Tracoma e Tuberculose / Ministrio daSade, Secretaria de Ateno a Sade, Departamento de Ateno Bsica / - Braslia : Ministrio da Sade, 2007.

    199 p. : il. - (Srie A. Normas e Manuais Tcnicos) (Cadernos de Ateno Bsica, n. 21)

    ISBN 978-85-334-1303-0

    1. Vigilncia em Sude. 2. Epidemiologia. 3. Diagnstico. 4. Tratamento. I. Ttulo. II. Srie

    NLM W 84.6

    Catalogao na fonte - Coordenao-Geral de Documentao e Informao - Editora MS- OS2007/1121

    Ttulos para indexao:

    Em ingls:.New Health Surveilance: Dengue, Schistosomiasis, Leprosy, Blackwater fever, Trachoma, Tuberculosis

    Em espanhol: Vigilancia en Salud: Dengue, Esquistosomiasis , Lepra, Fiebre Hemoglobinrica, Tracoma, Tuberculosis

    Colaboradores:

    Crditos das fotos:

    Manual para Profissionais de Sade na Ateno Bsica - Aes de Controle da Malria pela Coordenao Geral do Programa Nacional de Eliminao

    da Hansenase

    Samuel Freire da Silva, M.D. - www.atlasdermatologico.com.br

    Acio Meireles de Souza Dantas Filho

    Eduardo Hage Carmo

    Hlio Tadashi Yamada

    Norma Helen Medina

    Sandra Costa Drummond

    SES/BA

    Instituto de Sade Coletiva (ISC)/ UFBA

    Funasa/MG

    SES/SP (Tracoma)

    SES/MG

    Colaborou com a Coordenao Geral de DoenasEndmicas Tuberculose

    Colaborou com a Coordenao Geral de DoenasEndmicas Tuberculose

    Colaborou com a Coordenao Geral de DoenasEndmicas Tuberculose

    Colaborou com a Coordenao de DoenasTransmitidas por Vetores / SVS/MS

    Colaborou com a Coordenao Geral de DoenasEndmicas Tuberculose

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    SUMRIO

    APRESENTAO ................................................................................................................................ 9

    1 VIGILNCIA EM SADE NA ATENO BSICA ................................................................ 14

    1.1 Processo de Trabalho da Ateno Bsica e da Vigilncia em Sade ............................................. 141.2 O Territrio .................................................................................................................................... 14

    1.3 Planejamento e programao ........................................................................................................ 15

    1.4 Sistema de Informao de Agravos de Notificao Sinan .......................................................... 16

    1.5 Ficha de Notificao Individual ....................................................................................................... 16

    1.6 Sinan NET ....................................................................................................................................... 19

    1.7 O Trabalho da Equipe Multiprofissional........................................................................................ 19

    1.8 Atr ibuies Especficas dos Profissionais da Ateno Bsica/Sade da Famlia........................... 22

    2 DENGUE ....................................................................................................................................25

    2.1 Vetores ........................................................................................................................................... 26

    2.2 Ciclo de vida do Aedes aegypti........................................................................................................ 272.3 Modo de Transmisso .................................................................................................................... 27

    2.4 Notificao ...................................................................................................................................... 30

    2.5 Diagnstico ..................................................................................................................................... 30

    2.6 Diagnstico diferencial ................................................................................................................... 32

    2.7 Tratamento ..................................................................................................................................... 32

    2.8 Preveno ....................................................................................................................................... 44

    2.9 Medidas de Controle ..................................................................................................................... 44

    2.10 Roteiro de Orientao Preventiva ................................................................................................ 46

    3 ESQUISTOSSOMOSE............................................................................................................... 52

    3.1 Modo de transmisso ..................................................................................................................... 523.2 Manifestao da Doena................................................................................................................. 54

    3.3 Tratamento ..................................................................................................................................... 59

    3.4 Contra-indicaes .......................................................................................................................... 60

    3.5 Vigilncia Epidemiolgica (VE) ...................................................................................................... 61

    3.6 Definio de Caso de Esquistossomose........................................................................................ 64

    4 HANSENASE ........................................................................................................................... 70

    4.1 Agente Etiolgico ........................................................................................................................... 70

    4.2 Modo de Transmisso .................................................................................................................... 70

    4.3 Aspectos Clnicos........................................................................................................................... 71

    4.4 Diagnstico ..................................................................................................................................... 745 MA LRIA ................................................................................................................................105

    5.1 Sinonmia ...................................................................................................................................... 105

    5.2 Agente Etiolgico ......................................................................................................................... 105

    5.3 Vetores ......................................................................................................................................... 106

    5.4 Modo de Transmisso .................................................................................................................. 107

    5.5 Perodo de Incubao ................................................................................................................... 107

    5.6 Perodo de Transmissibilidade .................................................................................................... 108

    5.7 Complicaes ............................................................................................................................... 108

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    5.8 Diagnstico ................................................................................................................................... 109

    5.9 Gota Espessa ................................................................................................................................ 109

    5.10 Esfregao Delgado ........................................................................................................................ 109

    5.11 Testes Rpidos para Deteco de Componentes Antignicos de Plasmdio ............................ 110

    5.12 Diagnstico Diferencial ................................................................................................................ 110

    5.13 Tratamento ................................................................................................................................... 110

    5.14 Esquemas de Tratamento para a Malria Recomendados pelo Ministr io da Sade ................ 1125.15 Esquemas de Primeira Escolha................................................................................................... 112

    5.16 Esquemas Alternativos ................................................................................................................ 115

    5.17 Tratamento da Malria Grave e Complicada............................................................................... 116

    5.18 Caractersticas Epidemiolgicas.................................................................................................. 117

    5.19 Vigilncia Epidemiolgica............................................................................................................. 118

    5.20 Notificao .................................................................................................................................... 118

    5.21 Definio de Caso Suspeito ......................................................................................................... 118

    5.22 Confirmado ................................................................................................................................... 118

    5.23 Medidas a Serem Adotadas.......................................................................................................... 119

    5.24 Atribuies Especficas das Equipes de Ateno Bsica/Sade da Famlia ................................ 120

    no Controle da Malria

    6 TRACOMA .............................................................................................................................. 125

    6.1 Agente Etiolgico ......................................................................................................................... 125

    6.2 Modos de Transmisso ................................................................................................................. 125

    6.3 Manifestao da Doena............................................................................................................... 125

    6.4 Sintomas....................................................................................................................................... 127

    6.5 Diagnstico ................................................................................................................................... 127

    6.6 Diagnstico Laboratorial .............................................................................................................. 127

    6.7 Tratamento ................................................................................................................................... 127

    6.8 Vigilncia Epidemiolgica............................................................................................................. 129

    6.9 Atr ibuies Especficas dos Profissionais de Ateno Bsica/Sade da Famlia ........................ 130no Controle do Tracoma

    7 TUBERCULOSE.......................................................................................................................134

    7.1 Modos de Transmisso ................................................................................................................. 134

    7.2 Os Pulmes e os Alvolos ........................................................................................................... 135

    7.3 Definio de Caso de Tuberculose .............................................................................................. 144

    7.4 Tratamento ................................................................................................................................... 145

    7.5 Esquemas de Tratamento e Posologia......................................................................................... 147

    8 FICHAS DE NOTIFICAO OBRIGATRIA .......................................................................175

    8.1 Dengue.......................................................................................................................................... 175

    8.2 Esquistossomose.......................................................................................................................... 1778.3 Hansenase ................................................................................................................................... 178

    8.4 Malria .......................................................................................................................................... 179

    8.5 Tracoma ........................................................................................................................................ 180

    8.6 Tuberculose .................................................................................................................................. 182

    9 OUTRAS FICHAS....................................................................................................................184

    REFERNCIAS................................................................................................................................. 195

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    APRESENTAO

    Para qualificar a ateno sade a partir do princpio daintegralidade fundamental que os processos de trabalho sejam

    organizados com vistas ao enfrentamento dos principais problemasde sade-doena das comunidades e com aes de promoo evigilncia em sade efetivamente incorporadas no cotidiano das equipesde Ateno Bsica/Sade da Famlia de todo este imenso Brasil.

    Este caderno um dos frutos do Ministrio da Sade na buscada integrao da vigilncia em sade com a Ateno Bsica. Foi elaboradopela Secretaria de Vigilncia em Sade e pela Secretaria de Ateno Sade e reflete os preceitos do Pacto pela Sade: o fortalecimento daAteno Bsica e da capacidade de respostas s doenas emergentese s endemias, reforando o compromisso em torno de aes queapresentam impacto sobre a situao de sade da populao brasileira.

    Neste primeiro volume aborda-se a integrao de aes relativass seguintes doenas: dengue, esquistossomose, hansenase, malria,tracoma e tuberculose.

    Recomendo, portanto, que este caderno seja incorporado ao

    conjunto de instrumentos e tecnologias voltados educaopermanente dos profissionais de sade, fortalecendo as aes quebuscam o controle dessas doenas e que promovam mais sade paraa nossa populao.

    Ministro da Sade

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    1 VIGILNCIA EM SADE NA ATENO BSICA

    A Ateno Bsica (AB), como primeiro nvel de ateno do Sistema nico deSade (SUS), caracteriza-se por um conjunto de aes no mbito individual e coletivo,que abrange a promoo e proteo da sade, a preveno de agravos, o diagnstico,o tratamento, a reabilitao e visa manuteno da sade. Deve ser desenvolvida porequipes multiprofissionais, de maneira a desenvolver responsabilidade sanitria sobreas diferentes comunidades adstritas aos territrios bem delimitados, deve considerarsuas caractersticas scio-culturais e dinamicidade e, de maneira programada, organizaratividades voltadas ao cuidado longitudinal das famlias da comunidade.

    A Sade da Famlia a estratgia para organizao da Ateno Bsica no SUS.Prope a reorganizao das prticas de sade que leve em conta a necessidade deadequar as aes e servios realidade da populao em cada unidade territorial, definidaem funo das caractersticas sociais, epidemiolgicas e sanitrias. Busca uma prtica desade que garanta a promoo sade, continuidade do cuidado, a integralidade daateno, a preveno e em especial, a responsabilizao pela sade da populao, comaes permanentes de vigilncia em sade.

    Na Sade da Famlia, os profissionais realizam o cadastramento domiciliar, diagnsticosituacional e aes dirigidas soluo dos problemas de sade, de maneira pactuada com acomunidade, buscando o cuidado dos indivduos e das famlias. A atuao desses profissionaisno est limitada ao dentro da Unidade Bsica de Sade (UBS), ela ocorre tambm nosdomiclios e nos demais espaos comunitrios (escolas, associaes, entre outros).

    A Vigilncia em Sade, entendida como uma forma de pensar e agir, tem comoobjetivo a anlise permanente da situao de sade da populao e a organizao eexecuo de prticas de sade adequadas ao enfrentamento dos problemas existentes. composta pelas aes de vigilncia, promoo, preveno e controle de doenas eagravos sade, devendo constituir-se em um espao de articulao de conhecimentose tcnicas vindos da epidemiologia, do planejamento e das cincias sociais, , pois,referencial para mudanas do modelo de ateno. Deve estar inserida cotidianamentena prtica das equipes de sade de Ateno Bsica. As equipes Sade da Famlia, apartir das ferramentas da vigilncia, desenvolvem habilidades de programao eplanejamento, de maneira a organizar aes programadas e de ateno a demandaespontnea, que garantam o acesso da populao em diferentes atividades e aes desade e, desta maneira, gradativamente impacta sobre os principais indicadores desade, mudando a qualidade de vida daquela comunidade.

    O conceito de Vigilncia em Sade inclui: a vigilncia e controle das doenastransmissveis; a vigilncia das doenas e agravos no transmissveis; a vigilnciada situao de sade, vigilncia ambiental em sade, vigilncia da sade dotrabalhador e a vigilncia sanitria.

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    Este conceito procura simbolizar, na prpria mudana de denominao, uma novaabordagem, mais ampla do que a tradicional prtica de vigilncia epidemiolgica, talcomo foi efetivamente constituda no pas, desde a dcada de 70.

    Em um grande nmero de doenas transmissveis, para as quais se dispe deinstrumentos eficazes de preveno e controle, o Brasil tem colecionado xitos importantes.

    Esse grupo de doenas encontra-se em franco declnio, com redues drsticas de incidncia.Entretanto, algumas dessas doenas apresentam quadro de persistncia, ou de reduo,ainda recente, configurando uma agenda inconclusa nessa rea, sendo necessrio ofortalecimento das novas estratgias, recentemente adotadas, que obrigatoriamenteimpem uma maior integrao entre as reas de preveno e controle e a rede assistencial.Um importante foco da ao de controle desses agravos est voltado para o diagnstico etratamento das pessoas doentes, visando interrupo da cadeia de transmisso, ondegrande parte das aes encontra-se no mbito da Ateno Bsica/Sade da Famlia.

    Alm da necessidade de promover aes de preveno e controle das doenas

    transmissveis que mantm importante magnitude e/ou transcendncia em nosso pas, necessrio ampliar a capacidade de atuao para novas situaes que se colocam sob aforma de surtos ou devido ao surgimento de doenas inusitadas. Para o desenvolvimento dapreveno e do controle, em face dessa complexa situao epidemiolgica, tm sidofortalecidas estratgias especficas para deteco e resposta s emergncias epidemiolgicas.

    Outro ponto importante est relacionado s profundas mudanas nos perfisepidemiolgicos das populaes ao longo das ltimas dcadas, nos quais se observadeclnio das taxas de mortalidade por doenas infecciosas e parasitrias e crescenteaumento das mortes por causas externas e pelas doenas crnico-degenerativas, levando

    a discusso da incorporao das doenas e agravos no-transmissveis ao escopo dasatividades da vigilncia epidemiolgica.

    Vigilncia Epidemiolgica um conjunto de aes que proporciona oconhecimento, a deteco ou preveno de qualquer mudana nos fatoresdeterminantes e condicionantes da sade individual ou coletiva, com a finalidade derecomendar e adotar as medidas de preveno e controle das doenas ou agravos.

    O propsito da Vigilncia Epidemiolgica fornecer orientao tcnica permanente

    para os que tm a responsabilidade de decidir sobre a execuo de aes de controlede doenas e agravos. Sua operacionalizao compreende um ciclo completo de funesespecficas e articuladas, que devem ser desenvolvidas de modo contnuo, permitindoconhecer, a cada momento, o comportamento epidemiolgico da doena ou agravoescolhido como alvo das aes, para que as intervenes pertinentes possam serdesencadeadas com oportunidade e efetividade.

    Tem como funo coleta e processamento de dados; anlise e interpretao dosdados processados; investigao epidemiolgica de casos e surtos; recomendao e

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    promoo das medidas de controle adotadas, impacto obtido, formas de preveno dedoenas, dentre outras. Corresponde vigilncia das doenas transmissveis (doenaclinicamente manifesta, do homem ou dos animais, resultante de uma infeco) e dasdoenas e agravos no transmissveis (no resultante de infeco). na Ateno Bsica

    / Sade da Famlia o local privilegiado para o desenvolvimento da vigilncia epidemiolgica.

    A Vigilncia da Situao de Sade desenvolve aes de monitoramento contnuodo pas/estado/regio/municpio/equipes, por meio de estudos e anlises que revelemo comportamento dos principais indicadores de sade, dando prioridade a questesrelevantes e contribuindo para um planejamento de sade mais abrangente.

    As aes de Vigilncia em Sade Ambiental, estruturadas a partir do SistemaNacional de Vigilncia em Sade Ambiental, esto centradas nos fatores no-biolgicosdo meio ambiente que possam promover riscos sade humana: gua para consumohumano, ar, solo, desastres naturais, substncias qumicas, acidentes com produtosperigosos, fatores fsicos e ambiente de trabalho. Nesta estrutura destaca-se:

    (1) A Vigilncia em Sade Ambiental Relacionada Qualidade da gua paraConsumo Humano (VIGIAGUA) consiste no conjunto de aes adotadas continuamentepelas autoridades de sade pblica para garantir que a gua consumida pela populaoatenda ao padro e s normas estabelecidas na legislao vigente e para avaliar osriscos que a gua consumida representa para a sade humana. Suas atividades visam,em ltima instncia, a promoo da sade e a preveno das doenas de transmissohdrica.

    (2) Vigilncia em Sade Ambiental de Populaes Potencialmente Expostas aSolo Contaminado (VIGISOLO) compete recomendar e adotar medidas de promoo sade ambiental, preveno e controle dos fatores de risco relacionados s doenas eoutros agravos sade decorrentes da contaminao por substncias qumicas no solo.

    (3) A Vigilncia em Sade Ambiental Relacionada Qualidade do Ar (VIGIAR) tempor objetivo promover a sade da populao exposta aos fatores ambientais relacionadosaos poluentes atmosfricos - provenientes de fontes fixas, de fontes mveis, de atividadesrelativas extrao mineral, da queima de biomassa ou de incndios florestais -contemplando estratgias de aes intersetoriais.

    Outra rea que se incorpora nas aes de vigilncia em sade a sade do

    trabalhador que entende-se como sendo um conjunto de atividades que se destina,atravs das aes de vigilncia epidemiolgica e vigilncia sanitria, promoo e proteoda sade dos trabalhadores, assim como visa recuperao e reabilitao da sade dostrabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condies de trabalho,abrangendo entre outros: (1) assistncia ao trabalhador vtima de acidentes de trabalhoou portador de doena profissional e do trabalho; (2) participao em estudos, pesquisas,avaliao e controle dos riscos e agravos potenciais sade existentes no processo detrabalho; (3) informao ao trabalhador e sua respectiva entidade sindical e s empresassobre os riscos de acidentes de trabalho, doena profissional e do trabalho, bem como

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    os resultados de fiscalizaes, avaliaes ambientais e exames de sade, de admisso,peridicos e de demisso, respeitados os preceitos da tica profissional.

    Outro aspecto fundamental da vigilncia em sade o cuidado integral sadedas pessoas por meio da Promoo da Sade.

    A Promoo da Sade compreendida como estratgia de articulaotransversal, qual incorpora outros fatores que colocam a sade da populaoem risco trazendo tona as diferenas entre necessidades, territrios e culturaspresentes no pas. Visa criar mecanismos que reduzam as situaes devulnerabilidade, defendam a eqidade e incorporem a participao e o controlesocial na gesto das polticas pblicas.

    Nesse sentido, a Poltica Nacional de Promoo da Sade prev que a organizaoda ateno e do cuidado deve envolver aes e servios que operem sobre os

    determinantes do adoecer e que vo alm dos muros das unidades de sade e doprprio sistema de sade. O objetivo dessa poltica promover a qualidade de vida ereduzir a vulnerabilidade e riscos sade relacionados aos seus determinantes econdicionantes modos de viver, condies de trabalho, habitao, ambiente, educao,lazer, cultura e acesso a bens e servios essenciais. Tem como aes especficas:alimentao saudvel, prtica corporal/atividade fsica, preveno e controle do tabagismo,reduo da morbimortalidade em decorrncia do uso de lcool e outras drogas, reduoda morbimortalidade por acidentes de trnsito, preveno da violncia e estmulo cultura da paz, alm da promoo do desenvolvimento sustentvel.

    Pensar em Vigilncia em Sade pressupe a no dissociao com a Vigilncia Sanitria.

    A Vigilncia Sanitria entendida como um conjunto de aes capazes deeliminar, diminuir ou prevenir riscos sade e de intervir nos problemassanitrios decorrentes do meio ambiente, da produo e circulao de bens eda prestao de servios de interesse da sade. (BRASIL, 1990)

    Abrange:

    (1)o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem coma sade, compreendidas todas as etapas e processos, da produo ao consumo;

    (2)o controle da prestao de servios que se relacionam direta ou indiretamentecom a sade.

    Neste primeiro caderno, elegeu-se como prioridade o fortalecimento da prevenoe controle de algumas doenas de maior prevalncia, assim como a concentrao deesforos para a eliminao de outras, que embora de menor impacto epidemiolgico,atinge reas e pessoas submetidas s desigualdades e excluso.

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    O Caderno de Ateno Bsica Vigilncia em Sade Volume1, visa contribuir paraa compreenso da importncia da integrao entre as aes de Vigilncia em Sade edemais aes de sade, universo do processo de trabalho das equipes de AtenoBsica/Sade da Famlia, visando a garantia da integralidade do cuidado. So enfocadasaes de vigilncia em sade na Ateno Bsica, no tocante aos agravos: dengue,

    esquistossomose, hansenase, malria, tracoma e tuberculose.

    1.1 PROCESSO DE TRABALHO DA ATENO BSICA E DAVIGILNCIA EM SADE

    Apesar dos inegveis avanos na organizao da Ateno Bsica ocorrida no Brasilna ltima dcada e a descentralizao das aes de Vigilncia em Sade, sabe-se queainda persistem vrios problemas referentes gesto e organizao dos servios desade que dificultam a efetiva integrao da Ateno Bsica e a Vigilncia em Sade,comprometendo a integralidade do cuidado.

    Para qualificar a ateno sade a partir do princpio da integralidade fundamentalque os processos de trabalho sejam organizados com vistas ao enfrentamento dos principaisproblemas de sade-doena da comunidade, onde as aes de vigilncia em sade devemestar incorporadas no cotidiano das equipes de Ateno Bsica/Sade da Famlia.

    Um dos sentidos atribudos ao princpio da Integralidade na construo doSUS refere ao cuidado de pessoas, grupos e coletividades, percebendo-os comosujeitos histricos, sociais e polticos, articulados aos seus contextos familiares, aomeio-ambiente e a sociedade no qual se inserem. (NIETSCHE EA, 2000)

    Para a qualidade da ateno, fundamental que as equipes busquem a integralidadenos seus vrios sentidos e dimenses, como: propiciar a integrao de aes programticase demanda espontnea; articular aes de promoo sade, preveno de agravos, vigilncia sade, tratamento, reabilitao e manuteno da sade; trabalhar de forma interdisciplinare em equipe; coordenar o cuidado aos indivduos-famlia-comunidade; integrar uma rede deservios de maior complexidade e, quando necessrio, coordenar o acesso a esta rede.

    Para a integralidade do cuidado, fazem-se necessrias mudanas na organizaodo processo de trabalho em sade, passando a Ateno Bsica/Sade da Famlia a ser olcusprincipal de desenvolvimento dessas aes.

    1.2 O TERRITRIO

    Os sistemas de sade devem se organizar sobre uma base territorial, onde adistribuio dos servios segue uma lgica de delimitao de reas de abrangncia.

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    O territrio em sade no apenas um espao delimitado geograficamente, massim um espao onde as pessoas vivem, estabelecem suas relaes sociais, trabalham ecultivam suas crenas e cultura.

    A territorializao base do trabalho das Equipes de Sade da Famlia (ESF) paraa prtica da Vigilncia em Sade. O fundamental propsito deste processo permitir

    eleger prioridades para o enfrentamento dos problemas identificados nos territrios deatuao, o que refletir na definio das aes mais adequadas, contribuindo para oplanejamento e programao local. Para tal, necessrio o reconhecimento emapeamento do territrio: segundo a lgica das relaes e entre condies de vida,sade e acesso s aes e servios de sade. Isso implica um processo de coleta esistematizao de dados demogrficos, socioeconmicos, poltico-culturais,epidemiolgicos e sanitrios que, posteriormente, devem ser interpretados e atualizadosperiodicamente pela equipe de sade.

    Integrar implica discutir aes a partir da realidade local; aprender a olhar oterritrio e identificar prioridades assumindo o compromisso efetivo com a sadeda populao. Para isso, o ponto de partida o processo de planejamento eprogramao conjunto, definindo prioridades, competncias e atribuies apartir de uma situao atual reconhecida como inadequada tanto pelos tcnicosquanto pela populao, sob a tica da qualidade de vida.

    1.3 PLANEJAMENTO E PROGRAMAO

    Planejar e programar em um territrio especfico exige um conhecimento das formasde organizao e de atuao dos rgos governamentais e no-governamentais para se terclareza do que necessrio e possvel ser feito. importante o dilogo permanente com osrepresentantes desses rgos, com os grupos sociais e moradores, na busca dodesenvolvimento de aes intersetoriais oportunizando a participao de todos. Isso adotara intersetorialidade como estratgia fundamental na busca da integralidade da ateno.

    Faz-se necessrio o fortalecimento das estruturas gerenciais dos municpios eestados com vistas no s ao planejamento e programao, mas tambm da superviso,seja ela das equipes, dos municpios ou regionais.

    Instrumentos de gesto como processos de acompanhamento, monitoramento eavaliao devem ser institucionalizados no cotidiano como reorientador das prticas de sade.

    Os Sistemas de Informaes de Sade desempenham papel relevante para aorganizao dos servios, pois os estados e os municpios de posse das informaes emsade tm condies de adotar de forma gil, medidas de controle de doenas, bemcomo planejar aes de promoo, proteo e recuperao da sade, subsidiando atomada de decises.

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    fundamental o uso de protocolos assistenciais que prevejam aes de promoo,preveno, recuperao e reabilitao, que so dirigidos aos problemas mais freqentes dapopulao. Tais protocolos devem incluir a indicao da continuidade da ateno, sob a lgicada regionalizao, flexveis em funo dos contextos estaduais, municipais e locais. Alia-se aimportncia de adotar o processo de Educao Permanente em Sade na formao e qualificao

    das equipes, cuja misso ter capacidade para resolver os problemas que lhe so apresentados,ainda que a soluo extrapole aquele nvel de ateno (da resolubilidade, da viso das redesde ateno) e a necessidade de criar mecanismos de valorizao do trabalho na ateno bsicaseja pelos incentivos formais, seja pela co-gesto (participao no processo decisrio).

    Finalmente, como forma de democratizar a gesto e atender as reais necessidadesda populao essencial a constituio de canais e espaos que garantam a efetivaparticipao da populao e o controle social.

    1.4 SISTEMA DE INFORMAO DE AGRAVOSDE NOTIFICAO SinanA informao instrumento essencial para a tomada de decises, ferramenta

    imprescindvel Vigilncia em Sade, por ser o fator desencadeador do processoinformao-deciso-ao.

    O Sistema de Informao de Agravos de Notificao (Sinan) foi desenvolvido noincio da dcada de 90, com objetivo de padronizar a coleta e processamento dos dadossobre agravos de notificao obrigatria em todo o territrio nacional. Construdo demaneira hierarquizada, mantendo coerncia com a organizao do SUS, pretende ser

    suficientemente gil na viabilizao de anlises de situaes de sade em curto espaode tempo. O Sinan fornece dados para a anlise do perfil da morbidade e contribui paraa tomada de decises nos nveis municipal, estadual e federal. Seu uso foi regulamentadopor meio da Portaria GM/MS n. 1.882, de 18 de dezembro de 1997, quando se tornouobrigatria a alimentao regular da base de dados nacional pelos municpios, estados eDistrito Federal, e o Ministrio da Sade foi designado como gestor nacional do sistema.

    O Sinan atualmente alimentado, principalmente, pela notificao e investigaode casos de doenas e agravos que constam da Lista Nacional de Doenas de NotificaoCompulsria em todo Territrio Nacional - LDNC, conforme Portaria SVS/MS n. 05, de

    21/02/2006, podendo os estados e municpios incluir outros problemas de sade pblica,que considerem importantes para a sua regio.

    1.5 FICHA DE NOTIFICAO INDIVIDUAL

    o documento bsico de coleta de dados, que inclui dados sobre a identificaoe localizao do estabelecimento notificante, identificao, caractersticas socioeconmicas,local da residncia do paciente e identificao do agravo notificado.

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    Essa ficha utilizada para notificar um caso a partir da suspeio do agravo,devendo ser encaminhada para digitao aps o seu preenchimento, independentementeda confirmao do diagnstico, por exemplo: notificar um caso de dengue a partir dasuspeita de um caso que atenda os critrios estabelecidos na definio de caso.

    A ficha de investigao contm, alm dos dados da notificao, dados referentes

    aos antecedentes epidemiolgicos, dados clnicos e laboratoriais especficos de cadaagravo e dados da concluso da investigao.

    A impresso, controle da pr-numerao e distribuio das fichas de notificao ede investigao para os municpios so de responsabilidade da Secretaria Estadual deSade, podendo ser delegada Secretaria Municipal de Sade.

    Os instrumentos de coleta padronizados pelo Ministrio da Sade so especficospara cada agravo de notificao compulsria, e devem ser utilizados em todas as unidadesfederadas.

    Para os agravos hansenase e tuberculose so coletados ainda dados deacompanhamento dos casos.

    As notificaes de malria e esquistossomose registradas no Sinan correspondemquelas identificadas fora das respectivas regies endmicas. Esses agravos quandonotificados em local onde so endmicos devem ser registrados em sistemas especficos.

    Dados dos Inquritos de Tracoma, embora no seja doena de notificaocompulsria no pas devem ser registrados no Sinan - verso NET, por ser consideradade interesse nacional.

    A populao sob vigilncia corresponde a toda populao residente no pas.Cada municpio deve notificar casos detectados em sua rea de abrangncia,sejam eles residentes ou no nesse municpio.

    As unidades notificantes so, geralmente, aquelas que prestam atendimento aoSistema nico de Sade, incluindo as Unidades Bsicas de Sade/Unidades de Sadeda Famlia. Os profissionais de sade no exerccio da profisso, bem como os responsveispor organizaes e estabelecimentos pblicos e particulares de sade e ensino, tm aobrigao de comunicar aos gestores do Sistema nico de Sade a ocorrncia de casos

    suspeito/confirmados dos agravos listados na LNDC.O Sinan permite a coleta, processamento, armazenamento e anlise dos dados

    desde a unidade notificante, sendo adequado descentralizao de aes, servios egesto de sistemas de sade. Se a Secretaria Municipal de Sade for informatizada,todos os casos notificados pelo municpio devem ser digitados, independente do localde residncia. Contudo, caso as unidades de sade no disponham demicrocomputadores, o sistema informatizado pode ser operacionalizado a partir dassecretarias municipais, das regionais e da secretaria de estado de sade.

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    As unidades notificantes enviam semanalmente as fichas de notificao/investigao ou, se for informatizada, o arquivo de transferncia de dados pormeio eletrnico para as secretarias municipais de sade, que enviam os arquivosde transferncia de dados, pelo menos uma vez por semana, regional desade ou Secretaria de Estado da Sade. Os municpios que no tm

    implantado o processamento eletrnico de dados pelo Sinan encaminham asfichas de notificao/investigao e seguem o mesmo fluxo descritoanteriormente. A SES envia os dados para o Ministrio da Sade, por meioeletrnico, pelo menos uma vez por semana.

    Dentre as atribuies de cada nvel do sistema cabe a todos efetuar anlise daqualidade dos dados, como verificar a duplicidade de registros, completitude dos campose consistncia dos dados, anlises epidemiolgicas e divulgao das informaes. Noentanto, cabe somente ao primeiro nvel informatizado a complementao de dados,

    correo de inconsistncias e vinculao/excluso de duplicidades e excluso de registros.As bases de dados geradas pelo Sinan so armazenadas pelo gerenciador de banco

    de dados PostgreSQL ou Interbase. Para analis-las utilizando programas informatizadostais como o SPSS, o Tabwin e o Epi Info, necessrio export-las para o formato DBF. Esseprocedimento efetuado em todos os nveis, utilizando rotina prpria do sistema.

    Com o objetivo de divulgar dados, propiciar a anlise da sua qualidade e o clculode indicadores por todos os usurios do sistema e outros interessados, a Secretaria deVigilncia em Sade SVS do Ministrio da Sade criou um site do Sinan que pode seracessado pelo endereo www.saude.gov.br/svs - sistemas de informaes ou

    www.saude.gov.br/sinanweb. Nessa pgina esto disponveis: Relatrios gerenciais;

    Relatrios epidemiolgicos por agravo;

    Documentao do sistema (Dicionrios de dados - descrio dos campos dasfichas e das caractersticas da varivel correspondente nas bases de dados);

    Fichas de notificao e de investigao de cada agravo;

    Instrucionais para preenchimento das Fichas;

    Manuais de uso do sistema; Cadernos de anlise para anlise da qualidade das bases de dados e clculo

    de indicadores epidemiolgicos e operacionais;

    Produo - acompanhamento do recebimento pelo Ministrio da Sade dosarquivos de transferncia de cada UF;

    Base de dados - uso da ferramenta TabNet para tabulao de dados de casosconfirmados notificados no Sinan a partir de 2001.

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    1.6 Sinan NET

    Novo aplicativo desenvolvido pela SVS/MS em conjunto ao DATASUS, objetivamodificar a lgica de produo de informao para a de anlise em nveis cada vezmais descentralizados do sistema de sade. Subsidia a construo de sistemas devigilncia epidemiolgica de base territorial, que esteja atento ao que ocorre em todasua rea de atuao. Possibilita ao municpio que estiver interligada internet, atransmisso dos dados das fichas de notificao diariamente s demais esferas degoverno, fazendo com que esses dados estejam disponveis em tempo oportuno, strs esferas de governo.

    J os dados das fichas de investigao somente sero transmitidos quando forencerrado o processo de investigao, conseguindo dessa forma, separar essas duasetapas.

    Outras rotinas, como o fluxo de retorno, sero implementadas, permitindo que o

    municpio de residncia tenha na sua base de dados todos os casos, independentementedo local onde foram notificados. A base de dados foi preparada para georeferenciar oscasos notificados naqueles municpios que desejem trabalhar com geoprocessamentode dados.

    A utilizao efetiva do Sinan possibilita a realizao do diagnstico dinmico daocorrncia de um evento na populao; podendo fornecer subsdios para explicaescausais dos agravos de notificao compulsria, alm de vir a indicar riscos aos quais aspessoas esto sujeitas, contribuindo assim, para a identificao da realidade epidemiolgicade determinada rea geogrfica.

    O desafio no s para o Sinan, mas para todos os demais sistemas de informaode sade no Brasil, criar uma interface de comunicao entre si descaracterizando-oscomo um sistema cartorial de registro, para se transformar em sistemas geis que permitamdesencadear aes imediatas e realizar anlises em tempo oportuno.

    O uso sistemtico dos dados gerados pelo Sistema, de forma descentralizada,contribui para a democratizao da informao, permitindo que todos os profissionaisde sade tenham acesso informao e a disponibilize para a comunidade. , portanto,um instrumento relevante para auxiliar o planejamento da sade, definir prioridades deinterveno, alm de possibilitar que sejam avaliados os impactos das intervenes.

    1.7 O TRABALHO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

    Os diferentes profissionais das equipes de sade da Ateno Bsica/Sade daFamlia tm importante papel e contribuio nas aes de Vigilncia em Sade. Asatribuies especficas dos profissionais da Ateno Bsica, j esto definidas na PolticaNacional de Ateno Bsica (PNAB).

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    Como atribuio comum a todos os profissionais das equipes, descreve-se:

    Garantir ateno integral e humanizada populao adscrita;

    Realizar tratamento supervisionado, quando necessrio;

    Orientar o usurio/famlia quanto necessidade de concluir o tratamento;

    Acompanhar os usurios em tratamento; Prestar ateno contnua, articulada com os demais nveis de ateno, visando

    o cuidado longitudinal (ao longo do tempo);

    Realizar o cuidado em sade da populao adscrita, no mbito da unidade de

    sade, no domiclio e nos demais espaos comunitrios (escolas, associaes,

    entre outros), quando necessrio;

    Construir estratgias de atendimento e priorizao de populaes mais

    vulnerveis, como exemplo: populao de rua, ciganos, quilombolas e outras;

    Realizar visita domiciliar a populao adscrita, conforme planejamento assistencial;

    Realizar busca ativa de novos casos e convocao dos faltosos;

    Notificar casos suspeitos e confirmados, conforme fichas anexas;

    Preencher relatrios/livros/fichas especficos de registro e acompanhamento

    dos agravos/doenas, de acordo com a rotina da UBS;

    Alimentar e analisar dados dos Sistemas de Informao em Sade Sistema

    de Informao da Ateno Bsica (SIAB), Sistema de Informao de Mortalidade

    (SIM), Sistema de Informao de Nascidos Vivos (SINASC), Sistema de

    Informao de Agravos de Notificao (Sinan) e outros para planejar, programar

    e avaliar as aes de vigilncia em sade;

    Desenvolver aes educativas e de mobilizao da comunidade relativas ao

    controle das doenas/agravos em sua rea de abrangncia;

    Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de proteo individual e

    familiar para a preveno de doenas/agravos;

    Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de manejo

    ambiental para o controle de vetores;

    Articular e viabilizar as medidas de controle vetorial e outras aes de proteo coletiva;

    Identificar possveis problemas e surtos relacionados qualidade da gua, em

    nvel local como a situao das fontes de abastecimento e de armazenamento

    da gua e a variao na incidncia de determinadas doenas que podem estar

    associadas qualidade da gua;

    Identificar a disposio inadequada de resduos, industriais ou domiciliares,

    em reas habitadas; a armazenagem inadequada de produtos qumicos txicos

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    (inclusive em postos de gasolina); e a variao na incidncia de doenaspotencialmente relacionadas a intoxicao;

    Identificar a poluio do ar derivada de indstrias, automveis, queimadas,inclusive nas situaes intra-domiciliares (fumaa e poeira); e as variaes naincidncia de doenas, principalmente as morbidades respiratrias e cardio-

    vasculares, que podem estar associadas poluio do ar.Na organizao da ateno, o Agente Comunitrio de Sade (ACS) e o Agente de

    Controle de Endemias (ACE) desempenham papis fundamentais, pois se constituem comoelos entre a comunidade e os servios de sade. Assim como os demais membros daequipe, tais agentes devem ter co-responsabilizao com a sade da populao de sua reade abrangncia. Por isso, devem desenvolver aes de promoo, preveno e controledos agravos, sejam nos domiclios ou nos demais espaos da comunidade, e embora realizemaes comuns, h um ncleo de atividades que especfico a cada um deles.

    No processo de trabalho, estes dois atores, ACS e ACE, devem ser co-

    responsveis pelo controle das endemias, integrando suas atividades de maneira apotencializar o trabalho e evitar a duplicidade das aes que, embora distintas, secomplementam.

    Os gestores e as equipes de sade devem definir claramente os papis,competncias e responsabilidades de cada um destes agentes, e de acordo com arealidade local, definir os fluxos de trabalho. Cada ACE dever ficar como refernciapara as aes de vigilncia de um nmero de ACS. Esta relao entre o nmero de ACEe de ACS ser varivel, pois, se basear no perfil epidemiolgico e nas demaiscaractersticas locais (como geografia, densidade demogrfica e outras).

    Na diviso do trabalho entre os diferentes agentes, o ACS, aps as visitasdomiciliares e identificao dos problemas que no podero ser resolvidos por ele,dever transmiti-las ao ACE, seu parceiro, que planejar conjuntamente as aes desade caso a caso como, por exemplo, quando o ACS identificar uma caixa dgua dedifcil acesso ou um criadouro que necessite da utilizao de larvicida.

    O ACE deve ser incorporado nas atividades das equipes da Ateno Bsica/Sadeda Famlia, tomando como ponto de partida sua participao no processo de planejamentoe programao. importante que o ACE esteja vinculado a uma Unidade Bsica deSade, pois a efetiva integrao das aes de controle est no processo de trabalho

    realizado cotidianamente.

    Um dos fatores fundamentais para o xito do trabalho a integrao dasbases territoriais de atuao dos Agentes Comunitrios de Sade (ACS) eAgentes de Controle de Endemias (ACE). O gestor municipal, junto s equipesde sade, deve organizar seus servios de sade, e definir suas bases territoriais,de acordo com sua realidade, perfil epidemiolgico, aspectos geogrficos,culturais e sociais, entre outros.

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    1.8 ATRIBUIES ESPECFICAS DOS PROFISSIONAIS DA ATENOBSICA/SADE DA FAMLIA

    1.8.1 Agente Comunitrio de Sade ACS

    Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenas e encaminhar os casossuspeitos para a Unidade de Sade;

    Acompanhar os usurios em tratamento e orient-lo quanto necessidade desua concluso;

    Desenvolver aes educativas e de mobilizao da comunidade relativas aocontrole das doenas/agravos, em sua rea de abrangncia;

    Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de proteo individual efamiliar para a preveno de doena;

    Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de manejoambiental para o controle de vetores;

    Planejar/programar as aes de controle das doenas/agravos em conjunto aoACE e equipe da Ateno Bsica/Sade da Famlia.

    1.8.2 Agente de Controle de Endemias ACE

    Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenas e encaminhar os casossuspeitos para a Unidade de Sade;

    Acompanhar os usurios em tratamento e orient-los quanto necessidadede sua concluso;

    Desenvolver aes educativas e de mobilizao da comunidade relativas aocontrole das doenas/agravos, em sua rea de abrangncia;

    Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de proteo individual efamiliar para a preveno de doenas;

    Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de manejoambiental para o controle de vetores;

    Realizar, quando indicado a aplicao de larvicidas/moluscocidas qumicos ebiolgicos; a borrifao intradomiciliar de efeito residual; e a aplicao espacialde inseticidas por meio de nebulizaes trmicas e ultra-baixo-volume;

    Realizar atividades de identificao e mapeamento de colees hdricas deimportncia epidemiolgica;

    Planejar/programar as aes de controle das doenas/agravos em conjuntoao ACS e equipe da Ateno Bsica/Sade da Famlia.

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    1.8.3 Mdico

    Diagnosticar e tratar precocemente os agravos/doenas, conforme orientaes,contidas neste caderno;

    Solicitar exames complementares, quando necessrio;

    Realizar tratamento imediato e adequado, de acordo com esquema teraputicodefinido neste caderno;

    Encaminhar, quando necessrio, os casos graves para a unidade de referncia,respeitando os fluxos locais e mantendo-se responsvel peloacompanhamento;

    Realizar assistncia domiciliar, quando necessrio;

    Orientar os Auxiliares e tcnicos de enfermagem, ACS e ACE para oacompanhamento dos casos em tratamento e/ou tratamento supervisionado;

    Contribuir e participar das atividades de educao permanente dos membrosda equipe quanto preveno, manejo do tratamento, aes de vigilnciaepidemiolgica e controle das doenas;

    Enviar mensalmente ao setor competente as informaes epidemiolgicasreferentes s doenas/agravo na rea de atuao da UBS, analisar os dadospara propor possveis intervenes.

    1.8.4 Enfermeir o

    Realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares eprescrever medicaes, conforme protocolos ou outras normativas tcnicasestabelecidas pelo gestor municipal, observadas as disposies legais daprofisso;

    Planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as aes desenvolvidas pelos ACS;

    Realizar assistncia domiciliar, quando necessrio;

    Enviar mensalmente ao setor competente as informaes epidemiolgicasreferentes s doenas/agravo na rea de atuao da UBS e analisar os dadospara possveis intervenes;

    Orientar os auxiliares/tcnicos de enfermagem, ACS e ACE para oacompanhamento dos casos em tratamento e/ou tratamentosupervisionado;

    Contribuir e participar das atividades de educao permanente dos membrosda equipe quanto preveno, manejo do tratamento, aes de vigilnciaepidemiolgica e controle das doenas.

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    1.8.5 Auxiliar/Tcnico de Enfermagem

    Participar das atividades de assistncia bsica, realizando procedimentosregulamentados para o exerccio de sua profisso;

    Realizar assistncia domiciliar, quando necessria;

    Realizar tratamento supervisionado, quando necessrio, conforme orientaodo enfermeiro e/ou mdico.

    1.8.6 Cirurgio Dent ista, Tcnico em Higiene Dental THD eAuxiliar de Consultrio Dentrio - ACD

    Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenas e encaminhar os casos

    suspeitos para consulta;

    Desenvolver aes educativas e de mobilizao da comunidade relativas ao

    controle das doenas/agravos em sua rea de abrangncia; Participar da capacitao dos membros da equipe quanto preveno, manejo

    do tratamento, aes de vigilncia epidemiolgica e controle das doenas;

    Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de proteo individual e

    familiar para a preveno de doenas.

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    2 DENGUE

    Doena infecciosa febril aguda, que pode ser de curso benigno ou grave, adepender de sua forma de apresentao: formas inaparentes, dengue clssico (DC),febre hemorrgica da dengue (FHD) ou sndrome do choque da dengue (SCD), podendo

    evoluir para o bito. Considera-se a dengue um dos maiores problemas de sadepblica do mundo, especialmente nos pases tropicais, cujas condies scio-ambientaisfavorecem o desenvolvimento e a proliferao de seu principal vetor o Aedes aegypti.

    A dengue , hoje, uma das doenas mais freqentes no Brasil, atingindo apopulao em todos os estados, independente da classe social. No foi registrada at omomento transmisso autctone em somente uma unidade federada Santa Catarina.

    Apesar da proporo relativamente baixa de casos graves (FHD/SCD) em termode nmeros absolutos, quando comparados aos casos de dengue clssico, esses devemser vistos de forma especial, considerando suas altas taxas de letalidade e cuidados que

    essas formas demandam em relao aos pacientes.

    Incidncia da dengue por municpio, no Brasil, em 2002 e 2005.

    Agente Etiolgico: vrus de genoma RNA,do qual so reconhecidos quatro sorotipos(DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4).

    2002 2005

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    2.1 VETORES

    No Brasil, a principal espcie vetora o Aedes aegypti, havendo tambm o Aedesalbopictus, o qual no se tem at o momento comprovao de sua importncia comotransmissor dessa doena no Brasil. A transmisso ocorre pela picada da fmea do

    mosquito vetor. O Aedes aegypti originrio da frica, possui a cor escura, rajado debranco nas patas e corpo, em tamanho um pouco menor que um pernilongo comum.

    No seu ciclo de vida, o Aedesapresenta quatro fases: ovo, larva, pupa eadulto. O mosquito adulto vive, em mdia,de 30 a 35 dias. A sua fmea pe ovos de

    4 a 6 vezes durante sua vida e, em cadavez, cerca de 100 ovos, em locais com gualimpa e parada.

    Um ovo do Aedes aegypti podesobreviver por at 450 dias(aproximadamente 1 ano e 2 meses), mesmoque o local onde ele foi depositado fique seco. Se esse recipiente receber gua novamente,o ovo volta a ficar ativo, podendo se transformar em larva, posteriormente em pupa e atingira fase adulta depois de, aproximadamente, dois ou trs dias. Quando no encontra recipientes

    apropriados (criadouros), a fmea do Aedes aegypti, em casos excepcionais, pode voar agrandes distncias em busca de outros locais para depositar seus ovos.

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    2.2 CICLO DE VIDA DO AEDES AEGYPTI

    Nas habitaes, o adulto do Aedes aegypti encontrado, normalmente, emparedes, mveis, peas de roupas penduradas e mosquiteiros.

    A fmea do Aedes aegypti costuma picar as pessoas durante o dia, paraviabilizar a maturao dos ovos.

    No h transmisso pelo contato de um doente ou suas secrees comuma pessoa sadia, nem em fontes de gua ou alimento.

    2.3 MODO DE TRANSMISSO

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    2.3.1 Perodo de incubao

    Varia de 3 a 15 dias, sendo em mdia de 5 a 6 dias.

    2.3.2 Perodo de t ransmissibilidade

    O perodo de transmissibilidade da doena compreende dois ciclos: um intrnseco,que ocorre no ser humano, e outro extrnseco, que ocorre no vetor.

    A transmisso do ser humano para o mosquito ocorre enquanto houver presenade vrus no sangue do ser humano, chamado perodo de viremia.

    O homem est apto a infectar o mosquito a partir de 1 dia antes do aparecimentodos sintomas at o 6 dia da doena.

    a) Manifestaes da doena:

    Dengue clssico (DC): a febre o primeiro sintoma, sendo geralmente alta(39 a 40C), com incio abrupto, associada cefalia, prostao, mialgia, artralgia, dorretroorbitria, exantema maculo papular e acompanhado ou no de prurido. Tambmpode haver quadros diarricos, vmitos, nuseas e anorexia. A doena tem duraomdia de 5 a 7 dias; o perodo de convalescena pode se estender de poucos dias avrias semanas, dependendo do grau de debilidade fsica causada pela doena.

    Febre hemorrgica da dengue (FHD): os sintomas iniciais da FHD sosemelhantes aos do DC, at o momento em que ocorre a defervescncia da febre, oque ocorre geralmente entre o 3e o 7dias de evoluo da doena, com posterior

    agravamento do quadro, aparecimento de manifestaes hemorrgicas espontneasou provocadas, trombocitopenia (plaquetas < 100.000/mm3) e perda de plasma.

    Sndrome do choque da dengue (SCD): nos casos graves de FHD, o choqueocorre geralmente entre o 3e o 7dias de doena, freqentemente precedido pordor abdominal. O choque ocorre devido ao aumento da permeabilidade vascular,seguida de hemoconcentrao e falncia circulatria. A sua durao curta e podelevar a bito em 12 a 24 horas ou recuperao rpida frente terapia antichoqueoportuna e apropriada. Caracteriza-se essa sndrome por pulso rpido e fraco, comdiminuio da presso de pulso e arterial, extremidades frias, pele pegajosa e

    agitao.Os casos que no se enquadram nos critrios de FHD e quando a classificao

    de dengue clssica insatisfatria, dado gravidade do quadro apresentado, devemser considerados para fins de vigilncia, como dengue com complicaes. Nessasituao, a presena de um dos itens a seguir caracteriza o quadro: alteraesneurolgicas; disfuno cardiorespiratrias; insuficincia heptica; plaquetopenia igualou inferior a 50.000/mm3; hemorragia digestiva; derrames cavitrios; leucometria< 1.000/mm3e/ou bito.

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    Manifestaes clnicas menos freqentes incluem as neurolgicas e psquicas,isto tanto para adultos, como em crianas, caracterizadas por delrio, sonolncia, coma,depresso, irritabilidade, psicose manaca, demncia, amnsia e outros sinais menngeos,paresias, paralisias (polineuropatias, sndrome de Reye, sndrome de Guillain-Barr) eencefalite. Surgem no perodo febril ou, mais tardiamente, na convalescena.

    2.3.3 Aspectos clnicos na criana

    A dengue na criana, na maioria das vezes, apresenta-se como uma sndromefebril com sinais e sintomas inespecficos: apatia ou sonolncia, recusa da alimentao,vmitos, diarria ou fezes amolecidas. Nos menores de dois anos de idade, os sintomascefalia, mialgia e artralgia, podem manifestar-se por choro persistente, adinamia eirritabilidade, geralmente com ausncia de manifestaes respiratrias.

    As formas graves sobrevm geralmente aps o terceiro dia de doena, quando afebre comea a ceder. Na criana, o incio da doena pode passar despercebido e oquadro grave ser identificado como a primeira manifestao clnica. Observa-se inclusivea recusa de lquidos, podendo agravar seu estado clnico subitamente, diferente doadulto no qual a piora gradual.

    O exantema, quando presente, maculo-papular, podendo apresentar-se sobtodas as formas (pleomorfismo), com ou sem prurido, precoce ou tardiamente.

    2.3.4 Caso suspeito da doena

    Todo paciente que apresente doena febril aguda com durao mxima de at 7

    dias, acompanhada de, pelo menos, dois dos seguintes sintomas: cefalia, dor retroorbitria,mialgia, artralgia, prostao ou exantema, associados ou no presena de hemorragias.Alm desses sintomas, o paciente deve ter estado, nos ltimos 15 dias, em rea ondeesteja ocorrendo transmisso de dengue ou tenha a presena do Aedes aegypti.

    2.3.5 Sinais de alarme

    A presena dos sinais de alarme, relacionados a seguir, indica a possibilidade degravidade do quadro clinico:

    dor abdominal intensa e continua; vmito persistente;

    hipotenso postural ou hipotmia;

    presso diferenciada < 20mmHg (PA convergente);

    hepatomegalia dolorosa;

    hemorragia importantes (hematmese e/ou melena);

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    agitao e/ou letargia;

    diminuio da diurese;

    diminuio repentina da temperatura corprea ou hipotermia;

    aumento repentino do hematcrito;

    desconforto respiratrio.

    2.3.6 Sinais de choque

    hipotenso arterial;

    presso arterial convergente (PA diferencial < 20 mmhg);

    extremidades frias, cianose;

    pulso rpido e fino;

    enchimento capilar lento ( < 2 segundos).

    2.4 NOTIFICAO

    A dengue uma das doenas de notificao compulsria, devendo todocaso suspeito ou confirmado ser notificado ao Servio de VigilnciaEpidemiolgica, por meio do Sinan (Sistema de Informao de Agravos deNotificao) nas fichas de notificao e investigao.

    2.5 DIAGNSTICO

    importante que as pessoas com suspeita da doena sejam atendidas nas UnidadesBsica de Sade (UBS). A confirmao da suspeita de DC pode ser realizada atravs de critrioslaboratoriais (sorologia ou isolamento viral) ou clnico-epidemiolgico, em perodos de epidemia.

    A dengue possui um amplo espectro clnico, sendo importante considerar no seu diagnsticodiferencial, algumas doenas principais: gripe, rubola, sarampo e outras infeces virais, bacterianas

    e exantemticas. Alm dessas doenas, deve-se observar o perfil epidemiolgico local.A histria clnica deve ser o mais detalhada possvel, sendo imprescindvel os itens a seguir:

    Cronologia dos sinais e sintomas, caracterizao da curva febril e pesquisa desinais de alarme;

    Presena de outros casos semelhantes no local de moradia ou de trabalho ehistrico de deslocamento nos ltimos 15 dias;

    Doenas crnicas associadas hipertenso arterial; diabetes melito; doena pulmonar

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    obstrutiva crnica (DPOC); doenas hematologias crnicas; doena renal crnica;doena severa do sistema cardiovascular; doena acidopptica e doenas auto-imunes;

    Uso de medicamentos, principalmente antiagregantes plaquetrios,anticoagulantes, antiinflamatrios e imunossupressores;

    Na criana, alm das doenas de base j citadas, valorizar as manifestaesalrgicas (asma, demartite atpica, etc.).

    Um exame fsico detalhado tambm se faz necessrio com vista conduo emanejo adequado dos pacientes, assim sendo alguns procedimentos so de extremaimportncia, tais como:

    Ectoscopia;

    PA em duas posies para adultos e crianas maiores (sentado/deitado e emp) e pulso. Em crianas, usar manguito apropriado para a idade (Refernciade normalidade para PA em crianas) (Murahovschi, J., 2003): RN at 92 horas

    sistlica= 60 a 90 mmHg e diastlica: 20 a 60 mmHg; Lactentes < 1 ano:sistlica= 87 a 105 mmHg e diastlica= 53 a 66 mmHg; Presso sistlica(percentil 50) para crianas > de 1 ano= idade em anos x 2 + 90)

    Segmento abdominal pesquisa de hepatomegalia, dor e ascite;

    Freqncia respiratria;

    Exame neurolgico orientado pela histria clnica, nvel de conscincia, sinaisde irritao menngea;

    Verificao do estado de hidratao;

    Aferio do peso. (Quando no for possvel aferir o peso, utilizar a frmula:Lactentes de 3 a 12 meses: P= idade em meses x 0,5 + 4,5 e Crianas de 1a 8 anos: P= idade em anos x 2 + 8,5).

    A prova do lao deve ser realizada obrigatoriamente em todos os casos suspeitosde dengue, durante o exame fsico. Ela de vital importncia para triagem de pacientessuspeitos de dengue, pois pode ser a nica manifestao hemorrgica de casoscomplicados ou FHD, podendo representar a presena de plaquetopenia ou defragilidade capilar. A sua realizao se d da seguinte forma:

    desenhar um quadrado de 2,5cm de lado (ou uma rea ao redor do polegar)

    no antebrao da pessoa e verificar a presso arterial (deitada ou sentada); calcular o valor mdio (PAS+ PAD/2);

    insuflar novamente o manguito at o valor mdio e manter por cinco minutos(em crianas, 3 minutos) ou at o aparecimento de petquias;

    contar o nmero de petquias no quadrado;

    a prova ser positiva se houver mais de 20 petquias em adultos e mais de 10petquias em crianas.

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    2.6 DIAGNSTICO DIFERENCIAL

    Considerando que a dengue tem um amplo espectro clnico, as principais doenasque fazem diagnstico diferencial so: influenza, enteroviroses, sarampo, rubola,parvovirose, eritema infeccioso, mononucleose infecciosa, exantema sbito e outrasdoenas exantemticas, hepatite infecciosa, hantavirose, febre amarela, escarlatina,sepse, meningococcemia, leptospirose, malria, riquetsioses, sndromes purpricas(sndrome de Henoch-Schonlein, doena de Kawasaki, prpura autoimune),farmacodermias e alergias cutneas, abdome agudo na criana. Outros agravos podemser considerados conforme a situao epidemiolgica da regio.

    2.7 TRATAMENTO

    Os dados da anamnese e do exame fsico servem para orientar as medidas

    teraputicas cabveis e estadiar os casos. A dengue uma doena dinmica, que permitea evoluo do paciente de um estgio a outro, rapidamente. O manejo adequado dospacientes depende do reconhecimento precoce dos sinais de alarme, do contnuomonitoramento e reestadiamento dos casos e da pronta reposio hdrica. Com isso torna-se necessria a reviso da histria clnica, acompanhada do exame fsico completo, a cadareavaliao do paciente, com o devido registro em instrumentos pertinentes (pronturios,ficha de atendimento e carto de acompanhamento). No h tratamento especifico para adengue, o que o torna eminentemente sintomtico ou preventivo das possveiscomplicaes. As medicaes utilizadas so analgsicos e antitrmicos, que controlam os

    sintomas, como a dor e a febre. As drogas antivirais, o interferon alfa e a gamaglobulina,testada at o momento, no apresentaram resultados satisfatrios que subsidiem suaindicao teraputica. At o momento, no h uma vacina eficaz contra a dengue.

    O doente no pode tomar remdios base de cido acetil saliclico, umavez que essa substncia aumenta o risco de hemorragia.

    Por ser uma doena de evoluo dinmica, pode ser caracterizada em grupos

    com condutas distintas:

    2.7.1 Grupo A

    Caracterizao

    Febre por at sete dias, acompanhada de pelo menos dois sinais e sintomasinespecficos (cefalia, prostrao, dor retroorbitria, exantema, mialgia eartralgia) e histria epidemiolgica compatvel;

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    Ausncia de manifestaes hemorrgicas (espontneas e prova do lao negativa);

    Ausncia de sinais de alarme.

    Conduta

    1. Conduta diagnstica

    a) Exames especficos:

    A confirmao laboratorial orientada de acordo com a situao epidemiolgica:

    Em perodos no epidmicos: solicitar o exame de todos os casos suspeitos;

    Em perodos epidmicos: solicitar o exame conforme a orientao da vigilnciaepidemiolgica;

    Solicitar sempre nas seguintes situaes:

    Gestantes (diagnstico diferencial com rubola);

    Crianas, idosos (hipertensos, diabticos e outras co-morbidades)

    b) Exames inespecficos:

    Hemograma Completo: Recomendado para todos os pacientes com dengueem especial aqueles que se enquadrem nas seguintes situaes: lactentes (menores de2 anos), gestantes, maior de 65 anos, hipertenso arterial, diabetes, DPOC, doenashematolgicas, outras crnicas (principalmente anemia falciforme), doena renal crnica,

    doena grave do sistema cardiovascular, doena cido-pptica e doenas auto-imunes.Coleta no mesmo dia e resultado em at 24 horas.

    2. Conduta teraput ica

    a) Hidratao oral

    Adulto:Calcular o volume de lquidos de 60 a 80 ml/kg/dia, sendo um tero com soluosalina e iniciando com volume maior. Para os dois teros restantes, orientar a ingesto de lquidoscaseiros (gua, sucos de frutas, soro caseiro, chs, gua de coco, etc.), utilizando-se os meios mais

    adequados idade e aos hbitos do paciente. Especificar o volume a ser ingerido por dia.Por exemplo, para um adulto de 70kg, orientar:

    1 dia: 80 ml/kg/dia (aprox. 6,0 L)

    Perodo da manh: 1 L de SRO e 2 L de lquidos caseiros;

    Perodo da tarde: 0,5 L de SRO, 1,5 L de lquidos caseiros;

    Perodo da noite: 0,5 L de SRO e 0,5 L de lquidos caseiros;

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    2 dia: 60 ml/kg/dia (aprox. 4,0 L), distribudos ao longo do dia, de formasemelhante.

    A alimentao no deve ser interrompida durante a hidratao, mas administradade acordo com a aceitao do paciente;

    Crianas: orientar a hidratao oral no domiclio, de forma precoce eabundante com lquidos e soro de reidratao oral, oferecendo com freqnciade acordo com a aceitao da criana.

    Orientar sobre sinais de alarme e desidratao.

    No existe contra-indicao formal para o aleitamento materno.

    b) Drogas em Sintomticos o uso destas drogas em sintomticos recomendado para os pacientes com febre elevada ou dor. Deve ser evitada a

    via intramuscular. Antitrmicos e analgsicos

    1. Dipirona

    Crianas 1 gota/kg at de 6/6 horas (respeitar dose mxima para peso eidade);

    Adultos 20 a 40 gotas ou 1 comprimido (500 mg) at de 6/6 horas;

    2. Paracetamol

    Crianas uma gota/kg at de 6/6 horas (respeitar dose mxima para pesoe idade);

    Adultos 20 a 40 gotas ou um comprimido (500 mg a 750 mg) at de 6/6horas;

    Em situaes excepcionais, para pacientes com dor intensa, pode-se utilizar, nosadultos, a associao de paracetamol e fosfato de codena (7,5 a 30 mg) at de 6/6horas;

    Os salicilatos no devem ser administrados, pois podem causar sangramento.

    Os antiinflamatrios no hormonais e drogas com potencial hemorrgico nodevem se utilizados.

    Antiemticos

    1. Metoclopramida

    Adultos: 1 comprimido de 10mg at de 8/8 horas;

    Crianas: < 6 anos: 0,1 mg/kg/dose at 3 doses dirias.

    Uso hospitalar.

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    2. Bromoprida

    Adultos: 1 comprimido de 10 mg at de 8/8 horas;

    Crianas: 0,5 a 1 mg/kg/dia em 3 a 4 doses dirias.

    Parenteral: 0,03 mg/kg/dose, IV.

    3. Alizaprida Adultos: 1 comprimido de 50 mg at de 8/8 horas;

    4. Dimenidrinato

    Crianas (via oral): 5 mg/kg/dose, at 4 vezes ao dia.

    Antipruriginosos

    O prurido na dengue pode ser extremamente incmodo, mas autolimitado,durando em torno de 36 a 48 horas. A resposta teraputica antipruriginosa usual nem

    sempre satisfatria, mas podem ser utilizadas as medidas a seguir:Medidas tpicas: banhos frios, compressas com gelo, pasta dgua, etc;

    Drogas de uso sistmico

    1. Dexclorfeniramina

    Adultos: 2 mg at de 6/6 horas;

    Crianas: 0,15 mg/kg/dia at de 6/6 horas;

    2. Cetirizina

    Adultos: 10 mg 1 vez ao dia; Crianas (6 a 12 anos): 5 ml (5 mg) pela manh e 5 ml a noite;

    3. Loratadina

    Adultos: 10 mg 1 vez ao dia;

    Crianas: 5 mg 1 vez ao dia para paciente com peso < 30kg;

    4. Hidroxizine

    Adultos (> 12 anos): 25 a 100 mg, via oral, 3 a 4 vezes ao dia

    Crianas de 0-2 anos: 0,5 mg/kg/dose, at 4 vezes ao dia; Crianas de 2-6 anos: 25-50 mg/dia, em 2 a 4 vezes ao dia;

    Crianas de 6-12 anos: 50-100 mg/dia.

    Orientaes aos pacientes e familiares

    Todos os pacientes (adultos e crianas) devem retornar IMEDIATAMENTE emcaso de aparecimento de sinais de alarme.

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    O desaparecimento da febre (entre o segundo e sexto dia de doena) marcao incio da fase crtica, razo pela qual o paciente dever retornar para novaavaliao, no primeiro dia desse perodo.

    Crianas: retornar ao servio 48 horas aps a primeira consulta.

    2.7.2 Grupo B

    Caracterizao

    1 Febre por at sete dias, acompanhada de pelo menos dois sinais e sintomasinespecficos (cefalia, prostrao, dor retroorbitria, exantema, mialgia eartralgia) e histria epidemiolgica compatvel;

    2 Manifestaes hemorrgicas (espontneas e com prova do lao positiva) semrepercusso hemodinmica;

    3 Ausncia de sinais de alarme.

    Conduta

    Esses pacientes devem ser atendidos inicialmente nas Unidades de Ateno Bsica,podendo necessitar de leito de observao, na dependncia da evoluo.

    1. Conduta diagnstica

    a) Hemograma completo: obrigatrio

    A coleta deve ser imediata, com resultado no mesmo perodo.b) Exames especficos (sorologia/isolamento viral): obrigatrio.

    2. Conduta teraput ica

    a) Hidratao oral - conforme recomendado para o grupo A, at o resultado doexame.

    b) Sintomticos uso de analgsicos e antitrmicos.

    Seguir conduta conforme resultados dos exames inespecficos.

    Paciente com hemograma normal Tratamento em regime ambulatorial, como Grupo A.

    Paciente com hematcrito aumentado em at 10% acima do valor basalou, na ausncia deste, as seguintes faixas de valores: crianas: > 38% e < 42%;mulheres: > 40% e < 44%; homens: > 45% e < 50%; e/ou plaquetopeniaentre 50 e 100.000 cls/mm3 e/ou leucopenia < 1.000 cls/mm3:

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    Tratamento ambulatorial;

    Hidratao oral (80 ml/kg/dia), conforme orientado no grupo A;

    Sintomticos;

    Orientar sobre sinais de alarme;

    Retorno para reavaliao clnico laboratorial em 24 horas e reestadiamento.Paciente com hematcrito aumentado em mais de 10% acima do valor basal ou,

    na ausncia deste, os seguintes valores: crianas: > 42%; mulheres: > 44%; homens:> 50%; e/ou plaquetopenia < 50.000 cls/mm3:

    Leito de observao em unidade de emergncia, unidade hospitalar ou unidadeambulatorial com capacidade de realizar hidratao venosa sob supervisomdica por perodo mnimo de seis horas;

    Hidratao oral supervisionada ou parenteral: 80 ml/kg/dia, sendo 1/3 do volume

    infundido nas primeiras quatro a seis horas e na forma de soluo salina isotnica. Sintomticos;

    Reavaliao clnica e de hematcrito aps a etapa de hidratao;

    Se normal, tratamento ambulatorial com hidratao rigorosa e retorno parareavaliao clnico-laboratorial em 24 horas;

    Se a resposta for inadequada, repetir a conduta caso a unidade tenha condies.Se no, manter hidratao parenteral at transferncia para unidade de referncia.

    CrianasHt normal e plaquetas > 100.000 mm3: hidratao oral em casa. Ver quadro denecessidades hdricas dirias.

    Ht > 10% do basal, ou > 42%: hidratao oral em observao (ver quadro) ouse necessrio parenteral. Fazer expanso com 20 ml/kg de SF ou Ringer lactatoem 2 horas. Reavaliao clnica e da diurese (observando volume e densidadeurinria). Se normal: retorno conduta do grupo A. Refazer Ht com 4 horas. Seno melhorar, conduta inicial do grupo C e D.

    Considerar os seguintes valores normais de hematcrito:< 1 ms Ht: 51%2 meses a 6 meses Ht: 35%6 meses a 2 anos Ht: 36%2 anos a 6 anos Ht: 37%6 anos a 12 anos Ht: 38%

    * * Adaptado de Nelson e Dalman PR. In: Rudolph Pediat ri cs, New York, Appleton, 1997

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    c) Hidratao Parenteral Adulto

    Calcular o volume de lquidos em 80 ml/kg/dia, sendo um tero na forma desoluo salina e dois com soluo glicosada a 5%.

    Por exemplo, para um adulto de 55 kg, prescrever:

    Volume: 80 ml x 55 kg = 4.400 ml. Volume a ser prescrito: 4.500 ml em 24horas, sendo 1.500 ml de Soro Fisiolgico e 3.000 de Soro Glicosado a 5%.

    1. Primeira fase (4 horas):

    a. Soro Fisiolgico 500 ml;

    b. Soro Glicosado a 5% 1.000 ml.

    2. Segunda fase (8 horas):

    a. Soro Fisiolgico 500 ml;

    b. Soro Glicosado a 5% 1.000 ml.3. Terceira fase (12 horas):

    a. Soro Fisiolgico 500 ml;

    b. Soro Glicosado a 5% 1.000 ml.

    Outra forma de calcular o volume de hidratao, utilizar a frmula 25 ml/kg paracada fase a ser administrada. Por exemplo, para o mesmo paciente:

    1. Primeira fase: 25 ml x 55 kg= 1.375 ml. Volume prescrito: 1.500 ml em 4horas:

    a. Soro Fisiolgico 500 ml;

    b. Soro Glicosado a 5% 1.000 ml.

    2. Segunda fase: 25 ml x 55 kg = 1.375 ml. Volume prescrito: 1.500 ml em 8horas:

    a. Soro Fisiolgico 500 ml;

    b. Soro Glicosado a 5% 1.000 ml.

    3. Terceira fase: 25ml x 55kg = 1.375 ml. Volume prescrito: 1.500 ml em 12horas:

    a. Soro Fisiolgico 500 ml;

    b. Soro Glicosado a 5% 1.000 ml.

    d) A reposio de potssio deve ser iniciada, uma vez observada o incio dediurese acima de 500 ml ou 30 ml/hora.

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    2.7.3 Grupo C e D

    Caracterizao

    Febre por at sete dias, acompanhada de pelo menos dois sinais e sintomasinespecficos (cefalia, prostrao, dor retroorbitria, exantema, mialgia e

    artralgia) e histria epidemiolgica compatvel; Presena de algum sinal de alarme e/ou;

    Choque;

    Manifestaes hemorrgicas presentes ou ausentes.

    Conduta

    Esses pacientes devem ser atendidos inicialmente em qualquer nvel decomplexidade, sendo obrigatria hidratao venosa imediata, inclusive durante eventual

    transferncia para unidade de referncia.1. Conduta diagnstica

    a) Exames especficos - Obrigatrio

    b) Exames inespecficos:

    Hematcrito, hemoglobina, plaquetometria, leucograma e outros, conformea necessidade (gasometria, eletrlitos, transaminases, albumina, raio x detrax perfil e decbito lateral com raios horizontalizados - Laurell, ultra-sonografia de abdome);

    Outros, orientados pela histria e evoluo clnica: uria, creatinina, glicose,eletrlitos, provas de funo heptica, lquor, urina, etc.

    2. Conduta teraput ica

    2.1 Grupo C paciente sem hipotenso

    Leito de observao em unidade com capacidade para realizar hidrataovenosa sob superviso mdica por perodo mnimo de 24 horas;

    Hidratao EV imediata: 25 ml/kg em quatro horas, com soro fisiolgico ouringer lactato, de preferncia em bomba de infuso contnua. Repetir esta faseat 3 vezes se no houver melhora do hematcrito ou de sinais hemodinmicos.

    Reavaliao clnica e de hematcrito aps quatro horas e de plaquetas aps 12 horas;

    Se houver melhora clnica e laboratorial, iniciar etapa de manuteno com25 ml/kg em cada uma das etapas seguintes (8 e 12 horas); se a resposta forinadequada, repetir a conduta anterior, reavaliando ao fim da etapa. A prescriopode ser repetida por at trs vezes;

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    Se houver melhora, passar para etapa de manuteno com 25 ml/kg em cadauma das etapas seguintes (8 e 12 horas);

    Se a resposta for inadequada, tratar como paciente com hipotenso (verabaixo).

    2.2 Grupo D paciente com hipotenso ou choque. Iniciar a hidratao parenteral com soluo salina isotnica (20 ml/kg/hora)

    imediatamente, independente do local de atendimento. Se necessrio, repetirpor at trs vezes;

    Leito de observao em unidade, com capacidade de realizar hidratao venosasob superviso mdica, por um perodo mnimo de 24 horas;

    Sintomticos;

    Reavaliao clnica (cada 15-30 minutos) e hematcrito aps duas horas;

    Se houver melhora do choque (normalizao da PA, dbito urinrio, pulso erespirao), tratar como paciente sem hipotenso;

    Se a resposta for inadequada, avaliar a hemoconcentrao;

    Hematcrito em ascenso:

    Utilizar expansores plasmticos (colides sintticos -10 ml/kg/hora, na faltadeste, fazer albumina - 3 ml/kg/hora).

    Hematcrito em queda

    investigar hemorragias e transfundir concentrado de hemcias senecessrio;

    investigar coagulopatias de consumo e discutir conduta com especialista, senecessrio;

    investigar hiperidratao (sinais de insuficincia cardaca congestiva) e tratarcom:

    diurticos, se necessrio;

    Em ambos os casos, se a resposta for inadequada, encaminhar para a unidade

    de cuidados intensivos.2 Monitoramento laborator ial:

    Hematcrito a cada duas horas, durante o perodo de instabilidadehemodinmica, e a cada quatro a seis horas nas primeiras 12 horas apsestabilizao do quadro;

    Plaquetas a cada 12 horas.

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    Outros distrbios eletrolticos e metablicos que podem exigir correoespecfica

    Em pacientes com choque, devero ser realizadas gasometria arterial, dosagemde eletrlitos, uria, creatinina e outros