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O Batismo na teologia CatólicaPosted ByProf. Paulo Cristiano da SilvaOn 31 de agosto de 2012 @ 17:14 InCatolicismo,Destaques,HotNews,Outras Doutrinas,Seitas | 1 Comment
O argumento católico de que o batismo é necessário
para a salvação é muito semelhante ao dos opositores
de Paulo na Galácia que afirmavam que a circuncisão
era necessária para salvação. A resposta de Paulo é
que os que exigem a circuncisão estão pregando um
outro evangelho (Gal. 1:6). Ele diz que «todos os que
confiam nas obras da lei estão sob maldição (3.10) e
fala com muita severidade aos que procuramacrescentar qualquer forma de obediência como
exigência para a justificação (31 5.4). Portanto precisamos concluir que nenhuma obra é
necessária para a salvação. E, portanto, o batismo não é necessário para a salvação.
Mas o que dizer de João 3.5? O versículo diz: “Se alguém não nascer da água e do Espírito
não pode entrar no reino de Deus”. Embora alguns entendam que essa é uma referência ao
batismo, é melhor entender o texto com base no ambiente da promessa da nova aliança
em Ezequiel 36:25,27.
“Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias,
e de todos os vossos ídolos, vos purificarei. Também vos darei um coração novo, e porei
dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um
coração de carne. Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus
estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis.”
Ezequiel fala aqui de um lavar “espiritual” que acontecerá nos dias da nova aliança, quando
Deus colocar seu Espírito em seu povo. Á luz disso, nascer da água e do Espírito é um lavarespiritual tal quando ocorre quando nascemos de novo, assim como também quando
recebemos um coração” espiritual, e não físico.
De modo semelhante Tito 3.5 não especifica batismo de água mas “o lavar regenerador
declarando explicitamente que se trata da doação espiritual de uma nova vida. O batismo
nas águas simplesmente não é mencionado nessa passagem. Um lavar espiritual e não
literal esta em vista em Efésios 5.26, onde Paulo afirma que Cristo entregou-se a si mesmo
pela igreja «para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da palavra”. É a Palavra de
Deus que efetua o lavar aqui, não a água. Quanto a posição da igreja católica de que o
batismo confere graça separadamente da posição subjetiva do batizado ou do ministro
(posição coerente com as crianças batizadas que não exercem fé por si mesmas),
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precisamos reconhecer que não existe nenhum exemplo no Novo Testamento que comprove
esse ponto de vista, nem há nenhum testemunho neotestamentario que indique isso. Pelo
contrário, as narrativas que falam dos que foram batizados indicam que eles primeiro
chegaram à fé salvadora. E quando há declarações doutrinárias sobre o batismo, essas
também indicam a necessidade de fé salvadora para o batismo. Quando Paulo afirma
«tendo sido sepultados, juntamente no qual fostes ressuscitados”, imediatamente ele
especifica mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos» (Cl 2.12).
Finalmente que dizer de lPedro 3.21, onde Pedro escreve: “batismo […] agora também voz
salvará”? Será que o texto não apóia claramente a posição católica de que o batismo, por si
só pode conceder graça salvadora ao batizado? Não, porque ao usar essa frase, Pedro pros-
segue no mesmo período para explicar o que ele quer dizer com isso.
Ele afirma que o batismo salva “não sendo a remoção da imundícia da carne” (isto é, não
como ato físico, externo, que lava a sujeira do corpo — essa não é a parte que salva), “mas
a indagação de uma boa consciência para com Deus” (isto é, Como uma transaçãoespiritual, interna, entre Deus e o individuo, transação simbolizada pela cerimônia externa
do batismo). Poderíamos parafrasear a declaração de Pedro, dizendo: «o batismo, agora
também vos salva — não a cerimônia física externa do batismo, mas a realidade espiritual
interna que o batismo representa». Desse modo, Pedro preserva-se de qualquer posição
sobre o batismo que atribuísse poder salvífico automático à. cerimônia física em si.
A frase de Pedro «a indagação de uma boa consciência para com Deus e outra maneira de
dizer “um pedido de perdão de pecados e um novo coração”. Quando Deus dá a umpecador uma “consciência clara», tal pessoa tem a segurança de que todo pecado foi
perdoado e que ela está em um relacionamento correto com Deus Em Hb 9.14 e 10.22,
falam desse modo sobre a purificação da consciência através de Cristo. Ser batizado
corretamente é fazer tal “indagação» para com Deus, Na verdade, equivale a dizer: “Por
favor, ó Deus, enquanto entro nesse batismo que limpará o meu corpo externamente,
peço-te que limpes o meu coração internamente, perdoes os meus pecados e me tornes
justo diante de ti”. Entendido dessa forma, o batismo é um símbolo adequado do início da
vida cristã.’
Assim, lPedro 3.21 por certo não ensina que o batismo salva automaticamente ou confere
graça ex opere operato. O texto não ensina nem sequer que o ato do batismo em si tem
poder salvífico, mas sim que a salvação ocorre através do exercício de fé interior
representado pelo batismo (cf. Cl 2.12). De fato, os protestantes que defendem o batismo
de convertidos podem bem achar em lPedro 3.21 algum apoio para a sua posição: o
batismo, pode ser argumentado, é corretamente ministrado a quem tem suficiente idade
para fazer “uma indagação de uma boa consciência para com Deus”.”
Concluindo, os ensinos católicos de que o batismo é necessário para a salvação, de que o
ato do batismo em si confere graça salvadora e de que o batismo é, portanto, corretamente
ministrado a crianças não são convincentes segundo os ensinos do Novo Testamento.
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Segunda alternativa: a posição protestante pedobatista. Em contraste com a posição
católica que acaba de ser discutida, outro ponto de vista importante é que o batismo é
corretamente ministrado a todas as crianças que sejam filhos de pais cristãos. Essa posição
é muito comum em muitas igrejas protestantes (especialmente luteranas, episcopais,
metodistas, presbiterianas e reformadas). Essa posição é às vezes conhecida como o
argumento da aliança em favor do pedobatismo. É chamada argumento da “aliança” porque
depende de interpretar que os filhos dos cristãos fazem parte da «comunidade da aliança” do povo de Deus. O termo “pedobatismo” significa que o Costume de batizar crianças (o
prefixo paido expressa a idéia de “criança” e é derivado da palavra grega pais, “criança”).’”
Estarei interagindo principalmente com os argumentos de Louis Berkhof, que explica com
clareza e defende bem a posição pedobatista.
O argumento de que crianças nascidas de cristãos devem ser batizadas depende
principalmente destas três colocações:
a- As crianças eram circuncidadas na antiga aliança. No Antigo Testamento. a circuncisãoera o sinal externo de ingresso na comunidade da aliança ou na comunidade do povo de
Deus. A circuncisão era ministrada a todas as crianças israelitas (do sexo masculino)
quando completavam oito dias de vida.b- O batismo é paralelo à circuncisão. No Novo
Testamento, o sinal externo de ingresso na “comunidade da aliança” é o batismo. Portanto,
o batismo é o equivalente neotestamentario da circuncisão. Segue-se que o batismo deve
ser ministrado a todas as crianças nascidas de pais cristãos. Negar-lhes tal benefício é
privá-las de um privilégio e de um benefício que lhes pertence por direito — o sinal de
pertencer à comunidade do povo de Deus, a «comunidade da aliança». O paralelo entre acircuncisão e o batismo é visto claramente em Colossenses 2:
Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento da
carne, que é a circuncisão de Cristo, tendo sido sepultados, juntamente com ele, no
batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o
ressuscitou dentre os mortos” (Cl 212).
Aqui se diz que Paulo faz uma nítida relação entre a circuncisão e o batismo.
c. O batismo de famílias. Outro apoio para a prática do batismo infantil é encon trado nos
“batismos de famílias” relatados em Atos e nas epístolas, particularmente no batismo da
casa de Lídia (At 16.15), da família do carcereiro de Filipos (At 16.33) e da casa de
Estéfanas (lCo 1.16). Também se alega que Atos 2.39, que declara que a bênção
prometida do evangelho é “para vós outros e para vossos filhos”, serve de base para tal
prática.
Em resposta a esses argumentos em favor do pedobatismo, as seguintes considerações
podem ser feitas:
(1) Não há dúvida de que o batismo e a circuncisão são semelhantes em vários aspectos,
mas não podemos esquecer que o que simbolizam também é diferente em alguns aspectos
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importantes. A antiga aliança tinha um sinal externo, físico, do ingresso na “comunidade da
aliança». Alguém se tornava judeu quando nascia de pais judeus. Portanto todos os judeus
do sexo masculino eram circuncidados. A circuncisão não se restringia aos que tinham uma
verdadeira vida espiritual interior, mas era feita a todos as que viviam entre o povo de
Israel Deus disse:
Todo macho entre vós será circuncidado […] O que tem oito dias será circuncidado entrevós, todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa como o comprado a
qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe. Com efeito, será circuncidado o nascido
em tua casa e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será
aliança perpétua (Gn 17 10-13).
Não eram apenas os de descendência física do povo de Israel que eram circuncidados, mas
também os escravos por eles comprados, que viviam entre eles. A presença ou a ausência
de vida espiritual interior não fazia nenhuma diferença para alguém ser circuncidado.
Assim «tomou, pois, Abraão a seu filho Ismael, e a todos os nascidos escravos em sua casa,e a todos os comprados por seu dinheiro, todo macho dentre os de sua casa, e lhes
circuncidou a carne do prepúcio de cada um, naquele mesmo dia, como Deus lhe ordenara»
(Gn 1223; conf Js 5.4).
Devemos reconhecer que a circuncisão foi dada a cada homem (ou menino) que vivia no
meio do povo de Israel embora a verdadeira circuncisão seja algo interior e espiritual:
“Circuncisão é a que é do coração, no espírito, não segundo a letra» (Pan 2.29). Além disso,
Paulo declara explicitamente que “nem todos os de Israel são, de fato, israelitas” (Rm 9.6).
Todavia, embora houvesse no tempo do Antigo Testamento (e mais plenamente no Novo
Testamento) um reconhecimento da realidade espiritual interior que a circun cisão
pretendia representar, não houve nenhuma tentativa de restringir a circuncisão apenas
àqueles cujo coração era de fato espiritualmente circuncidado e que tinham genuína fé
salvadora. Mesmo entre os homens adultos, a circuncisão era aplicada a todos, não apenas
aos que davam prova de fé interior.
(2) No entanto, sob a nova aliança a situação é muito diferente. O Novo Testamento nãofala de uma “comunidade da aliança” constituída de convertidos e seus filhos, parentes e
servos descrentes que estejam vivendo entre eles. (De fato, na discussão do batismo, a
frase “comunidade da aliança” usada pelos pedobatistas tende com freqüência a funcionar
como um termo genérico e vago que obscurece as diferenças entre o Antigo e o Novo
Testamento nessa questão.) Na igreja do Novo Testamento, a única questão que importa é
ter fé salvadora e ser incluído no corpo de Cristo, a verdadeira igreja. A única “comunidade
da aliança” discutida é a igreja, a sociedade dos redimidos.
Mas como alguém se torna membro da igreja? O meio de ingresso na igreja é voluntário,
espiritual e interior. Alguém tornar-se membro da verdadeira igreja através do novo
nascimento e da fé salvadora, e não de um nascimento físico. Isso ocorre não por um ato
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externo, mas pela fé interior do coração. Com certeza é verdade que o batismo é o sinal de
ingresso na igreja, mas isso significa que este deve ser ministrado aos que dão prova de
serem membros da igreja, somente os que professam fé em Cristo.
Não devemos ficar surpresos com o fato de ter havido uma mudança do modo de ingressar
na comunidade da aliança no Antigo Testamento (nascimento físico) para o modo de
ingressar na igreja no Novo Testamento (nascimento espiritual). Há muitas mudançasanálogas entre a antiga e a nova aliança também em outros casos. Enquanto os israelitas
alimentavam-se do maná físico no deserto, os crentes do Novo Testamento alimentavam-se
de Jesus Cristo, o verdadeiro pão que desce do céu (Jo 6.48-51). Os israelitas beberam
água que jorrou da rocha no deserto, mas os que crêem em Cristo bebem da água viva da
vida eterna que ele dá (Jo 4.10-14). A antiga aliança tinha um templo material ao qual
Israel se dirigia para cultuar, mas na nova aliança os cristãos são edificados para serem um
templo espiritual (lPe 2.5). Os crentes da antiga aliança ofereciam sacrifícios de animais e
de colheitas num altar, mas os do Novo Testamento oferecem “sacrifícios espirituais
aceitáveis a Deus por meio de Jesus Cristo» (lPe 2.5; cL Hb 13.15- 16). Os crentes da
antiga aliança receberam de Deus a terra física de Israel que ele lhes tinha prometido, mas
os crentes do Novo Testamento receberam “uma pátria superior, isto é, celestial” (Hb
11.16). Do mesmo modo, na antiga aliança aqueles que eram semente física ou
descendentes de Abraão eram membros do povo de Israel, mas no Novo Testamento os
que são “semente” ou descendentes espirituais de Abraão pela fé são membros da igreja
(Gl 3.29; cf. Rm 4.11-12).
Em todos esses contrastes vemos a verdade da distinção que Paulo enfatiza entre a antigae a nova aliança. Os elementos e as atividades materiais da antiga aliança eram apenas
sombra das coisas que haviam de vir”, mas a verdadeira realidade, a “substância”, é
encontrada no relacionamento da nova aliança que temos em Cristo (Cl 2.17). Portanto, é
coerente com tal mudança de sistema que os meninos fossem automaticamente
circuncidados na antiga aliança, visto que a descendência e a presença físicas deles na
comunidade do povo judeu mostrava que eles eram membros daquela comunidade, na
qual a fé não era um requisito de ingresso. Todavia, na nova aliança é apropriado que as
crianças não sejam batizadas e que o batismo seja ministrado apenas aos que dão prova defé salvadora genuína, porque ser membro da igreja está baseado em uma realidade
espiritual interna e não na descendência física.(3) Os casos de batismo de famílias no Novo
Testamento não são realmente decisivos em favor de uma ou de outra posição. Quando
olhamos para os casos mais de perto, vemos que em alguns deles há indicações de fé
salvadora por parte de todos os batizados. Por exemplo, é verdade que a família do
carcereiro de Filipos foi batizada (At 16.33), mas também é verdade que Paulo e Silas «lhe
pregaram a palavra de Deus e a todos os de sua casa” (At 16.32). Se a Palavra do Senhor
foi pregada a todos os da casa, há uma pressu posição de que todos tinham idade suficientepara entender a palavra e crer nela. Além disso, depois que a família foi batizada, lemos
que o carcereiro de Filipos, “com todos os seus,demonstrava grande alegria, por terem
crido em Deus” (At 16.3 4). Portanto, temos não apenas o batismo da família, mas
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também a aceitação da Palavra de Deus por parte da família e uma grande alegria na fé em
Deus igualmente por parte da família. Esses fatos indicam com muita clareza que toda a
família demonstrara fé em Cristo individualmente.
Com respeito ao fato de que Paulo batizou «a casa de Estéfanas” (lCo 1.16), preci samos
também notar que Paulo diz no final de lCoríntios que “a casa de Estéfanas eram as
primícias da Acaia e que se consagraram ao serviço dos santos” (lCo 16.15). Logo, eles nãoforam apenas batizados; foram também convertidos e tinham trabalhado servindo outros
cristãos. Uma vez mais o exemplo de batismo de famílias indica fé de famílias.
Na verdade, há outros exemplos em que o batismo não é mencionado, nos quais vemos
testemunho explícito do fato de que uma família inteira demonstrou fé. Depois que Jesus
curou o filho de um oficial, lemos que o próprio pai “creu e toda a sua casa” (Jo 4.53).
Semelhantemente, quando Paulo pregou em Corinto, «Crispo, o principal da sinagoga, creu
no Senhor, com toda a sua casa” (At 18.8).
Isso significa que de todos os exemplos de “batismos de famílias” no Novo Testamen to, o
único que não mostra alguma indicação de fé também da família é Atos 16.14-15, que fala
de Lídia: “O Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia. Depois de
ser batizada, ela e toda a sua casa…”. O texto simplesmente não contém informação
alguma sobre se havia crianças na casa de Lídia ou não. O texto é ambíguo e não há
evidência clara em favor do batismo infantil. A passagem por si só deve ser considerada
inconcludente.
Com respeito à declaração de Pedro no Pentecostes, “a promessa é para vós outros e para
vossos filhos”, devemos observar que a proposição prossegue: “Pois para vós outros é a
promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o
Senhor, nosso Deus, chamar (At 2.3 9). Além disso, o mesmo parágrafo especifica não que
os filhos de cristãos e de descrentes eram batizados, mas sim que “os que lhe aceitaram
apalavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas”
(At 2.4 1).
(4) Outro argumento que faz objeção à posição pedobatista pode ser apresentado quandofazemos uma simples pergunta: “Que benefício traz o .batismo?” Em outras palavras,
podemos perguntar: “Que o batismo de fato efetua?
Os católicos romanos têm uma resposta clara para essa pergunta: o batismo produz
regeneração. E os batistas têm também uma resposta clara: o batismo simboliza o fato de
que ocorreu regeneração interna. Os pedobatistas, porém, não podem adotar nenhuma
dessas respostas. Eles não querem afirmar que o batismo produz regeneração, nem podem
dizer (com respeito às crianças) que simboliza uma regeneração já ocorrida. A única
alternativa parece ser dizer que simboliza uma regeneração que ocorrerá no futuro, quando
a criança já tiver idade suficiente para exercer fé salvífica. Mas até mesmo isso não resolve
inteiramente a questão, porque não se pode ter certeza de que a criança será regenerada
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no futuro
— algumas crianças batizadas nunca chegam a fé salvífica mais tarde. Assim, a melhor
explicação pedobatista do simbolismo do batismo é que ele simboliza uma provável
regenera ção/fútura. O batismo não produz regeneração, nem simboliza regeneração real;
portanto, deve ser entendido como símbolo de uma regeneração provável em algum tempo
no futuro.
Mas nesse ponto parece claro que a compreensão pedobatista do batismo é bem diferente
da concepção do Novo Testamento, que nunca vê o batismo como algo que simboliza uma
provável regeneração futura. Os autores do Novo Testamento não dizem:
“Pode alguém negar a água do batismo aos que provavelmente serão salvos um dia?” (cl.
At 10.47), ou ainda: “Todos quantos fostes batizado. em Cristo algum dia de Cristo vos
revestireis” (cf. Gl 3.27), ou também: «Porventura ignorais que todos nós que fomos
batizados em Cristo Jesus algum dia provavelmente seremos batizados na sua morte?” (Rm6.3). Simplesmente esse não é o modo usado pelo Novo Testamento para falar do batismo.
Batismo no Novo Testamento é um sinal do novo nascimento, da purificação do pecado e
do início da vida cristã. Parece adequado reservar esse sinal para os que dão prova de que
isso é de fato verdadeiro em suas vidas.
Outra perspectiva do simbolismo do batismo é apresentada por Michael Green. Ele diz: “O
batismo infantil enfatiza a objetividade do evangelho. Aponta para a obra consu mada do
Cristo crucificado e ressurreto, quer respondamos a ela, quer não [.1 Não que venhamos a
receber algo dela sem arrependimento e fé. Mas é a firme demonstração de que a nossa
salvação não depende de nossa própria fé falível; depende do que Deus fez por nós (p.
76).” Ele prossegue, afirmando: “O batismo infantil afirma a iniciativa de Deus na salvação
[…1 Deve ser ele relacionado primordialmente à resposta humana ou à iniciativa divina?
Esse é ponto central da questão [.11 Para um batista, o batismo dá testemunho
primordialmente do que fazemos em resposta à graça de Deus. Para um pedobatista, o
batismo dá testemunho primordialmente do que Deus fez para torná-la inteiramente
possível” (p. 76-77, ênfase de Green).
Todavia vários pontos podem ser observados em resposta a Green. (a) Sua análise
negligencia o fato de que o batismo não somente simboliza a morte e a ressurreição de
Cristo, como vimos na análise dos textos do Novo Testamento já apresentada, mas
também simboliza a aplicação da redenção a nós, como resultado de nossa resposta de fé.
O batismo representa o fato de que fomos unidos com Cristo em sua morte e ressurreição,
e o lavar da água simboliza que fomos purificados de nossos pecados. Ao dizer que os
pedobatistas enfatizam a iniciativa de Deus e que os batistas enfatizam a resposta
humana, Green apresenta ao leitor duas alternativas incorretas como opção, porque obatismo representa os dois aspectos e outros mais. O batismo representa (1) a obra
redentora de Cristo, (2) minha resposta de fé (quando venho para ser batizado) e (3) a
aplicação de Deus dos benefícios da redenção para a minha vida. O batismo de convertidos
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representa todos os três aspectos (não apenas a minha fé, como Green dá a entender),
mas segundo o ponto de vista de Green o pedobatismo representa apenas o primeiro
aspecto. Não é uma questão de qual aspecto é «primordial”; a questão é qual ponto de
vista sobre o batismo engloba tudo o que o batismo significa.
(b) Quando Green afirma que nossa salvação não depende de nossa fé mas da obra de
Deus, a expressão “depende de” é passível de várias interpretações. Se «depende de” significa “em que confiamos”, naturalmente ambas as posições concordariam que confiamos
na obra de Cristo e não em nossa fé. Se “depende de” significa que não faz diferença para a
nossa salvação se cremos ou não, nenhuma das posições concordaria: O próprio Green diz
na frase anterior que o batismo em nada nos beneficia se não nos arrepen dermos e
crermos, Portanto, se o batismo de alguma forma representa a aplicação da redenção à
vida do cristão, então não é suficiente praticar uma forma de batismo que somente retrate
a morte e a ressurreição de Cristo; devemos retratar também nossa resposta em fé e a
posterior aplicação de redenção para conosco. Em contraste com isso, do ponto de vista de
Green, há um perigo real de retratar uma posição (da qual Green discordaria) de que é
possível ter salvação de Deus independente de crer.
(5) Finalmente, os que defendem o batismo de convertidos com freqüência expressam
preocupação diante das conseqüências práticas do pedobatismo. Eles argumentam que a
prática do pedobatismo na igreja de hoje muitas vezes leva pessoas batizadas na infância a
presumir que foram regeneradas, e assim não sentem a urgência da necessidade que têm
de virem a ter fé pessoal em Cristo. Em alguns anos, essa tendência provavelmente
resultará em número crescente de membros não convertidos na “comunidade da aliança”,os quais não são verdadeiramente membros da igreja de Cristo. Naturalmente, isso não
fará de uma igreja pedobatista uma falsa igreja, mas a tornará uma igreja menos pura,
que com freqüência estará enfrentando tendências doutrinárias liberais ou outros sinais de
incredulidade trazidos para a igreja pelos membros não regenerados.
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