cachorro não lambe botas livro virtual

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Cachorro não lambe botas! Autores: Carol e seu pai Janeiro de 2011

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Page 1: Cachorro não lambe botas livro virtual

Cachorro não lambe botas!

Autores: Carol e seu paiJaneiro de 2011

Page 2: Cachorro não lambe botas livro virtual

Texto II: Cachorro não lambe botas - Introdução

Naquele dia, meu pai não pode me levar na escola de carro. Ele estava viajando. Fui com a D. Sandra. Naquela hora da manhã, vários cachorros e cadelas, com seus donos, estavam passeando. A hora do xixi e do coco. Algumas pessoas recolhiam a sujeira dos cães, mas, em geral, o rastro da cachorrada ficava no meio da rua, mesmo.

Num canto, perto da padaria, um cachorro chamava a atenção. Ela dava um pouco de medo. Estava todo sujo. Parecia que tinha machucados no corpo. Sua aparência era triste. Aparentemente, mal conseguia se mexer, talvez, estivesse doente. Mesmo assim, ele se esforçava para sorrir com o rabo para o vigia e o flanelinha, querendo alguma coisa em troca.

- Vamos cara, se mexe. Se você quer ganhar um pedaço de pão tem que trabalhar!- Tu não ajuda a vigiar, tu mal consegue latir ou correr atrás de um gato! Vem cá, rapaz, vem lamber as minhas botas pra tirar a sujeira.

E só dava pra ver, até passar o sinal, o cachorro correr, balançar o rabo, e até pular, talvez com as últimas forças que tinha, pra conseguir pegar o pedaço de pão que um jogava para o outro, e se recolher no seu cantinho, resguardando as energias.

Texto II: Cachorro não lambe botas - Introdução

Naquele dia, meu pai não pode me levar na escola de carro. Ele estava viajando. Fui com a D. Sandra. Naquela hora da manhã, vários cachorros e cadelas, com seus donos, estavam passeando. A hora do xixi e do coco. Algumas pessoas recolhiam a sujeira dos cães, mas, em geral, o rastro da cachorrada ficava no meio da rua, mesmo.

Num canto, perto da padaria, um cachorro chamava a atenção. Ela dava um pouco de medo. Estava todo sujo. Parecia que tinha machucados no corpo. Sua aparência era triste. Aparentemente, mal conseguia se mexer, talvez, estivesse doente. Mesmo assim, ele se esforçava para sorrir com o rabo para o vigia e o flanelinha, querendo alguma coisa em troca.

- Vamos cara, se mexe. Se você quer ganhar um pedaço de pão tem que trabalhar!- Tu não ajuda a vigiar, tu mal consegue latir ou correr atrás de um gato! Vem cá, rapaz, vem lamber as minhas botas pra tirar a sujeira.

E só dava pra ver, até passar o sinal, o cachorro correr, balançar o rabo, e até pular, talvez com as últimas forças que tinha, pra conseguir pegar o pedaço de pão que um jogava para o outro, e se recolher no seu cantinho, resguardando as energias.

Page 3: Cachorro não lambe botas livro virtual

Texto II: Cachorro não lambe botas – 2ª Parte

No retorno da escola, no sol quente do meio-dia, o cachorro não estava lá. Pensei em chamá-lo de “lambe botas”, pra ficar de acordo com o que o vigia falou pela manhã.No prédio havia muitos cachorros, a maioria pequenos, alguns eram grandes. Não sei como alguém quer um cachorro grande num apartamento. Acho que o cachorro deve se sentir triste, preso num apartamento, que para o tamanho dele é pequeno. Não dá para correr ou brincar porque pode quebrar as coisas da casa.

-Sai daqui cachorro, sai! Dona Marlene, o cachorro quebrou o vaso de porcelana da senhora!

Lembrando do “lambe botas”, os cachorros do prédio também são lambe botas, de certa forma. Eles são bem tratados, é claro, mas também têm que fazer alguma gracinha, se mostrar espertos, oferecer carinho, não dá pra ser simplesmente cachorro, tem que seguir algumas regras.Já de noite, pela janela do quarto do meu pai é possível ver o movimento na rua, perto da padaria. Em breve, os carrinhos dos catadores de lixo vão chegar à espera do caminhão de lixo. O “lambe botas” certamente vai aproveitar esta chance pra puxar amizade com alguns dos catadores e conseguir algum resto de comida.Será que ele vai ter que lamber botas também?  

Texto II: Cachorro não lambe botas – 2ª Parte

No retorno da escola, no sol quente do meio-dia, o cachorro não estava lá. Pensei em chamá-lo de “lambe botas”, pra ficar de acordo com o que o vigia falou pela manhã.No prédio havia muitos cachorros, a maioria pequenos, alguns eram grandes. Não sei como alguém quer um cachorro grande num apartamento. Acho que o cachorro deve se sentir triste, preso num apartamento, que para o tamanho dele é pequeno. Não dá para correr ou brincar porque pode quebrar as coisas da casa.

-Sai daqui cachorro, sai! Dona Marlene, o cachorro quebrou o vaso de porcelana da senhora!

Lembrando do “lambe botas”, os cachorros do prédio também são lambe botas, de certa forma. Eles são bem tratados, é claro, mas também têm que fazer alguma gracinha, se mostrar espertos, oferecer carinho, não dá pra ser simplesmente cachorro, tem que seguir algumas regras.Já de noite, pela janela do quarto do meu pai é possível ver o movimento na rua, perto da padaria. Em breve, os carrinhos dos catadores de lixo vão chegar à espera do caminhão de lixo. O “lambe botas” certamente vai aproveitar esta chance pra puxar amizade com alguns dos catadores e conseguir algum resto de comida.Será que ele vai ter que lamber botas também?  

Page 4: Cachorro não lambe botas livro virtual

Texto II: Cachorro não lambe botas – 3ª Parte

Os catadores de lixo chegavam, estacionavam seus carrinhos e deitavam na calçada da loja de material de construção à espera do caminhão de lixo. Da janela do quarto do meu pai se ouvia tudo que eles comentavam. Meu pai reclamava muito que ele quase não conseguia dormir, ouvindo o bater das latas e as conversas sofridas do longo dia de trabalho dos catadores. - Poxa, como é que pode? A gente no 8º andar e ainda se ouve até o arrastar de uma pá no asfalto! O “lambe botas” logo conseguiu amizade. O tratamento não foi o mesmo dado pelo vigia e pelo flanelinha. Parece que os catadores, imediatamente, construíram certa relação com o “lambe botas”.  - Vem cá amigão, você é como a gente, né. Vamos ver se sobra alguma coisa pra gente, hoje!  

 

Texto II: Cachorro não lambe botas – 3ª Parte

Os catadores de lixo chegavam, estacionavam seus carrinhos e deitavam na calçada da loja de material de construção à espera do caminhão de lixo. Da janela do quarto do meu pai se ouvia tudo que eles comentavam. Meu pai reclamava muito que ele quase não conseguia dormir, ouvindo o bater das latas e as conversas sofridas do longo dia de trabalho dos catadores. - Poxa, como é que pode? A gente no 8º andar e ainda se ouve até o arrastar de uma pá no asfalto! O “lambe botas” logo conseguiu amizade. O tratamento não foi o mesmo dado pelo vigia e pelo flanelinha. Parece que os catadores, imediatamente, construíram certa relação com o “lambe botas”.  - Vem cá amigão, você é como a gente, né. Vamos ver se sobra alguma coisa pra gente, hoje!  

 

Page 5: Cachorro não lambe botas livro virtual

Texto II: Cachorro não lambe botas – Final

Não foi preciso fazer gracinhas, correr, pular e demonstrar amizade que não se tinha. Foi simplesmente uma aproximação e uma troca de olhares, e já bastou para que os catadores entendessem o que o animal queria. - Você tá com fome? Nós também, mas sempre cabe mais um na nossa “mesa”, onde comem quatro, comem cinco! O “lambe botas”, apesar de todos os seus problemas, parece que entendeu o que os catadores sentiam por ele naquele momento, e mesmo sem precisar, demonstrou toda a sua alegria, percebendo que ali, com aqueles, seria diferente. Em seu latido se percebia que ele dizia: -Obrigado por eu não precisar lamber botas!  

Fim

 

Texto II: Cachorro não lambe botas – Final

Não foi preciso fazer gracinhas, correr, pular e demonstrar amizade que não se tinha. Foi simplesmente uma aproximação e uma troca de olhares, e já bastou para que os catadores entendessem o que o animal queria. - Você tá com fome? Nós também, mas sempre cabe mais um na nossa “mesa”, onde comem quatro, comem cinco! O “lambe botas”, apesar de todos os seus problemas, parece que entendeu o que os catadores sentiam por ele naquele momento, e mesmo sem precisar, demonstrou toda a sua alegria, percebendo que ali, com aqueles, seria diferente. Em seu latido se percebia que ele dizia: -Obrigado por eu não precisar lamber botas!  

Fim