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Lei n.º 2/94 de 14 de Janeiro

As profundas transformações que se vêm operando emAngola vão determinando cada vez mais a tomada demedidas tendentes à consolidação da democracia e doEstado de Direito.

Neste âmbito, inscreve-se a presente Lei, que deveráconstituir um instrumento necessário para a protecçãogeral dos cidadãos contra eventuais erros, excessos ouabusos dos órgãos públicos, por virtude de tomada dedecisões executórias ou deliberações administrativasvioladoras da lei.

Nestes termos, ao abrigo do disposto no artigo 43.º e naalínea b) do artigo 88.º da Lei Constitucional, aAssembleia Nacional aprova a seguinte.

LEI DA IMPUGNAÇÃO DOS ACTOSADMINISTRATIVOS

CAPÍTULO IDas disposições gerais

Artigo 1.º(Dos actos administrativos)

1. São actos administrativos os praticados, no exercício dassuas funções pelos órgãos da administração central e localdo Estado e pelos órgãos de direcção das pessoascolectivas de direito público.

2. Consideram-se, para efeitos da presente Lei, pessoascolectivas de direito público os serviços personalizados doEstado e os estabelecimentos públicos.

Artigo 2.º(Das acções administrativas)

1. São susceptíveis de apreciação contenciosa as acçõesderivadas de contratos de natureza administrativa.

2. Os factos de que resultem responsabilidadeextracontratual dos órgãos e organismos mencionados noartigo 1.º, são apreciados em processos de natureza cível.

Artigo 3.º(Dos contratos administrativos)

São contratos administrativos os celebrados pelos órgãos eorganismos referidos no artigo 1.º, no exercício das suasfunções de administração, para fins de utilidade pública.

Artigo 4.º(Das omissões administrativas)

Podem ainda ser impugnados por meio de reclamação oude recurso as omissões dos órgãos referidos no artigo 1.º,nos casos em que lhes coubesse o dever legal de agir naprotecção dos direitos gerais da comunidade, do meioambiente ou da conservação da natureza.

Artigo 5.º(Dos poderes delegados)

Consideram-se como proferidos pela autoridade queconferir o poder, os actos administrativos dimanados deautoridade hierarquicamente inferiores no uso de poderesdelegados.

Artigo 6.º(Da impugnação)

Na realização de despesas e na contratação pública queabranja simultaneamente aquisição de serviços, de bensempreitadas de obras públicas, aplica-se o regime previstopara a componente de maior expressão financeiras actosadministrativos de carácter definitivo e executório, feridosde ilegalidade ou lesivos de direitos adquiridos, podem serimpugnados por meio de reclamação ou de recursoadministrativo.

Artigo 7.º(Fundamento)

Constitui fundamento de impugnação dos actosadministrativos, a ilegalidade que se pode consubstanciarna violação da lei, incompetência, vício de forma, desviode poder e usurpação de poder.

Artigo 8.º(Das exclusões)

1. Não são passíveis de impugnação:

a) os actos administrativos que sejam a confirmação deoutros;

b) os actos administrativos proferidos em processos denatureza disciplinar, laboral, fiscal ou aduaneiro ou denatureza cível que estejam afectos à jurisdição própria;

c) os actos de natureza política.

2. Consideram-se actos de natureza política os praticadosno exercício escrito da função política do Estado,nomeadamente, os constantes dos artigos 66.º, 88.º, 110.º e114.º da Lei Constitucional.

CAPÍTULO IIDa impugnação dos actos administrativos

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Artigo 9.º(Das modalidades)

A impugnação dos actos administrativos pode ser feita pormeio de:

a) reclamação, dirigida ao órgão de que dimana o acto;

b) recurso hierárquico, dirigido ao órgão hierarquicamentesuperior ao que proferiu o acto ou de tutela;

c) recurso contencioso, interposto junto do tribunalcompetente.

Artigo 10.º(Dos limites da fundamentação)

Só os fundamentos de facto e de direito invocados para a

reclamação e para o recurso hierárquico, podem constituircausa para o recurso contencioso.

Artigo 11.º(Do objecto)

1. A impugnação dos actos administrativos por via dereclamação ou recurso hierárquico tem por objecto a suarevogação ou alteração.

2. A impugnação dos actos administrativos por recursocontencioso tem por objecto a declaração da sua invalidade

ou anulação.

Artigo 12.º(Da procedência obrigatória)

O recurso contencioso é obrigatoriamente precedido de:

a) reclamação, quanto aos actos administrativos demembros do governo, governadores provinciais eadministradores municipais;

b) recursos hierárquicos, quanto aos actos dos órgãos

hierarquicamente inferiores aos mencionados na alíneaanterior e dos órgãos directivos das pessoas colectivas einstitutos de direito público.

Artigo 13.º(Dos prazos)

1. O prazo para a impugnação por via de reclamação ou derecurso hierárquico é de 30 dias.

2. O prazo para o recurso contencioso é de 60 dias.

Artigo 14.º(Da contagem de prazos)

1. A contagem do prazo para reclamação ou recursohierárquico opera-se a partir da data da notificação do actoou da sua publicação.

2. A contagem do prazo para o recurso contencioso opera-se a partir da notificação da decisão que recair sobre a

reclamação ou o recurso hierárquico.

3. Se no prazo de 60 dias não for proferida decisão porquem tenha o dever legal de o fazer, considera-setacitamente indeferida a reclamação ou o recurso. Nestecaso, o interessado tem o direito ao recurso hierárquico oucontencioso, conforme o caso.

CAPÍTULO IIIDa função jurisdicional

Artigo 15.º(Da competência)

Compete ao Tribunal Supremo e aos Tribunais Provinciais,conhecer dos recursos e acções previstos nesta Lei.

Artigo 16.º(Do plenário)

Compete ao Plenário do Tribunal Supremo, além dasdemais espécies de recursos previstos na lei conhecer:

a) dos recursos dos acórdãos preferidos pela Câmara do

Cível e Administrativo em 1.ª instância.

b) dos actos administrativos do Presidente da República,do Presidente da Assembleia Nacional, do Governo, doChefe do Governo e do Presidente do Tribunal Supremo.

Artigo 17.º(Da Câmara do Cível e Administrativo)

Compete a Câmara do Cível e Administrativo do TribunalSupremo conhecer:

a) dos recursos dos actos administrativos dos membros dogoverno, dos governadores provinciais e das pessoascolectivas do direito público de âmbito nacional;

b) das acções derivadas de contratos de naturezaadministrativa, celebrados pelos órgãos e organismosreferidos no artigo 1.º;

c) dos outros recursos e acções que lhe sejam cometidospor lei.

Artigo 18.º

(Da Sala do Cível e Administrativo)

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Compete a Sala do Cível e Administrativo do TribunalProvincial conhecer:

a) dos recursos dos actos administrativos dos órgãos locaisdo poder do Estado, abaixo do Governador Provincial, daspessoas colectivas de direito público e das empresas

gestoras de serviços públicos de âmbito local;

b) das acções derivadas de contratos de naturezaadministrativa celebrados pelos órgãos e organismosreferidos no número anterior;

c) de outros recursos e acções que lhe sejam cometidas porlei.

Artigo 19.º(Do alargamento de jurisdição)

A título transitório, pode ser alargada a mais de umaprovíncia a jurisdição da Sala do Cível e do Administrativode um Tribunal Provincial.

CAPÍTULO IVDas disposições finais

Artigo 20.º

(Da revogação de legislação)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto na

presente lei.

Artigo 21.º

(Da interpretação)

As dúvidas e omissões que surgirem na interpretação eaplicação da presente lei são resolvidas pela AssembleiaNacional.

Artigo 22.º(Da regulamentação)

A presente lei deve ser regulamentada pelo Governo noprazo de 90 dias após a sua publicação.

Artigo 23.º

(Entrada em vigor)

A presente lei entra em vigor na data da sua publicação.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional.

Publique-se Luanda aos 14 de Janeiro de 1994.

O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando José deFrança Dias Van-Dúnem,

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOSSANTOS.

Decreto-Lei n.º 4-A/96 De 5 de Abril

Considerando que após aprovação pela AssembleiaNacional e subsequente publicação no Diário da República

n.º 2/94, de 14 de Janeiro, lei da Impugnação dos ActosAdministrativos, é visível a constatação de dificuldades deordem prática evidenciada, quer pelos órgãos

jurisdicionais, quer ainda pelos profissionais do foro;

Convindo ultrapassar tais obstáculos, mediante a produçãode normas regulamentadoras do citado diploma, para otornar aplicável e exigível;

Verificando-se algumas lacunas na lei em áreasimportantes e sensíveis, como as que se prendem com asuspensão da eficácia dos actos administrativosimpugnados, a suspensão temporária e a inexecução dasdecisões dos tribunais, transitadas em julgado e a garantia

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em tais casos, de indemnização e liquidação dos prejuízoscausados, quando aquelas decisões não são ou não podemser executadas;

Urgindo clarificar todas estas e demais questões docontencioso administrativo, no âmbito processual ou

adjectivo;

Nos termos das disposições combinadas da alínea h) doartigo 110º e do artigo 113º, ambos da Lei Constitucional,o Governo decreta o seguinte:

REGULAMENTO DO PROCESSO CONTENCIOSOADMINISTRATIVO

TÍTULO I

Princípios Gerais

CAPÍTULO I

Âmbito de Aplicação

Artigo 1º

(Âmbito e disposições subsidiárias)

1. O Processo Contencioso Administrativo é aplicável aosrecursos e acções propostas no âmbito da Lei n.º 2/94, de14 de Janeiro da Impugnação dos Actos Administrativos.

2. No que não estiver previsto neste diploma, sãoaplicáveis as disposições relativas ao funcionamento daadministração pública do Estado e supletivamente asnormas do processo civil.

Artigo 2º

(Iniciativa processual)

A iniciativa processual é restrita àqueles a quem a lei

confere legitimidade activa e deve corresponder àcompetência atribuída ao tribunal para conhecimento doobjecto do pedido.

CAPÍTULO II

Das Partes

Artigo 3º

(Legitimidade activa)

Tem legitimidade para demandar no processo decontencioso administrativo:

a) o titular do direito individual ou colectivo, que tenhasido violado ou que possa vir a ser afectado pelo acto

jurídico impugnado;

b) quem for parte no contrato administrativo;

c) qualquer cidadão ou associação cujo fim legal seja aprotecção do interesse protegido, no caso de omissão dosórgãos de administração perante o seu dever legal de agir;

d) o Ministério Público quando o acto administrativoimpugnado viole a Lei Constitucional ou formanifestamente ilegal.

Artigo 4º

(Legitimidade passiva)

1. Tem legitimidade para ser demandado:

a) o órgão da Administração do Estado de que promana oacto impugnado ou que praticou a violação do direito;

b) todo aquele que tenha sido beneficiado com o actoimpugnado ou que possa ser directamente prejudicado coma procedência do recurso;

c) a parte com quem for celebrado o contratoadministrativo;

d) o Ministério Público sempre que não for autor dademanda.

2. A falta de um interessado como demandado importa ailegitimidade dos demais.

Artigo 5º

(Coligação dos demandantes)

Podem coligar-se como demandantes aqueles que tenhamigual interesse ao provimento do recurso desde que oTribunal competente seja o mesmo em razão da hierarquiae do território.

Artigo 6º

(Coligação de demandados)

Pode ser proposta uma única demanda contra mais de umdemandado sempre que os fundamentos do recurso quer defacto quer de direito sejam os mesmos, desde que oTribunal competente para o fornecimento do recurso seja omesmo em razão de hierarquia e do território.

Artigo 7º

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(Intervenção de terceiro)

1. Pode intervir nos autos como demandante ou comodemandado quem demonstrar ter interesse idêntico à partecom a qual pretende coligar-se.

2. A intervenção de terceiro só é permitida até ao últimodia do prazo para apresentação dos articulados.

3. Requerida a intervenção serão notificadas todas aspartes para apresentarem a sua resposta.

CAPÍTULO III

Do Pedido

Artigo 8º

(Objecto)1. No recurso contencioso de impugnação de acto daadministração o pedido pode abranger a invalidade do actoou a sua anulação total ou parcial.

2. Nas acções de contratos administrativos o pedido podeabranger a resolução, caducidade, anulabilidade ouincumprimento do contrato.

Artigo 9º

(Cumulação de pedidos)

Podem cumular-se pedidos de impugnação de diferentesactos administrativos quando sejam os mesmosdemandantes e os fundamentos de recurso e desde que otribunal seja competente em razão de hierarquia e oterritório.

Artigo 10º

(Apensação)

O Tribunal pode ordenar oficiosamente a apensação de

processos em que pudesse operar-se a coligação dedemandados ou a cumulação de pedidos.

Artigo 11º

(Desistência)

1. O demandante pode desistir da instância ou do pedidoaté ser proferida a decisão.

2. O termo de desistência será lavrado na forma prevista naLei do Processo Civil.

Artigo 12º

(Não oposição)

1. A parte demandada poderá vir ao processo declarar nãopretender opor-se ao pedido.

2. Quando se trata de órgão da Administração do Estado a

declaração depende da autorização do órgão que forhierarquicamente superior.

Artigo 13º

(Inulidade do pedido)

A administração pode reconhecer a pretensão dodemandante através de um acto que revogue o acto objectode impugnação, devendo neste caso o tribunal pôr fim aoprocesso.

Artigo 14º

(Revogação parcial)

Se a revogação do acto impugnado for parcial, o recursocontencioso prossegue para apreciação do pedido semnecessidade de novo procedimento administrativo.

CAPÍTULO IV

Da causa

SECÇÃO I

Valor da causa

Artigo 15º

(Valor nos recursos contenciosos)

1. Aos recursos contenciosos é atribuído um valor certo,expresso em moeda com curso legal, correspondente àutilidade económica que directa ou indirectamente derive

de pedido.

2. Quando ao pedido não corresponder utilidadeeconómica o valor da causa é fixado em trinta e uma vezeso valor do salário mínimo da função pública.

Artigo 16º

(Valor nas acções)

Nas acções, o valor da causa é o da totalidade dos valoresdo contrato administrativo, salvo quando o pedido se

reporte a incumprimento parcial do contrato, caso em queo valor da causa corresponde ao pedido.

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Artigo 17º

(Alteração do valor)

1. O valor da causa pode ser impugnado pela outra parte,na sua defesa.

2. O valor da causa pode ser fixado por decisão do juiz atéao trânsito em julgado da decisão, de acordo com oselementos do processo ou por diligências ordenadasoficiosamente.

SECÇÃO II

Deserção

Artigo 18º

(Processo parado)1. Nos processos que estiverem parados por culpa da partepor mis de 90 dias, deve o demandante ser notificado parapromover o andamento do processo no prazo de 30 dias.

2. Decorrido este prazo sem que o demandante promova oandamento do processo é declarada a deserção da instânciae ordenado o arquivamento dos autos.

CAPÍTULO V

Competência, Poderes, Alçada do Tribunal e Efeitos dasDecisões

Artigo 19º

(Competência material)

1. A questão da competência material pode ser suscitada atodo o tempo, oficiosamente pelo tribunal ou arequerimento do Ministério Público ou das partes.

2. O facto de ser a causa inicialmente admitida e oprosseguimento do processo, não obstam a que o tribunalse pronuncie no sentido da sua não competência material.

Artigo 20º

(Competência em razão do território e da hierarquia)

1. No caso de ser declarado o tribunal incompetente emrazão do território ou da hierarquia, pode a parte virrequerer a remessa dos autos ao tribunal competente, antesdo trânsito em julgado da decisão.

2. A remessa é efectuada depois de satisfeitos os encargos judiciais.

3. Os prazos judiciais de interpretação de recurso e depropositura da acção reportam-se à data da apresentaçãodo processo no tribunal que o remete.

Artigo 21º

(Poderes de cognição)

No processo contencioso administrativo o tribunal podeconhecer oficiosamente da admissibilidade de recurso edas questões de facto e de direito que se prendam com adecisão da causa, mesmo que não tenham sido alegados,não podendo, no entanto, conhecer para além do pedido.

Artigo 22º

(Diligência de prova)

O tribunal pode ordenar oficiosamente que se proceda àsdiligências de prova que entenda necessárias à decisão dacausa.

Artigo 23º

(Alçada)

1. A alçada da Sala do Cível e Administrativo do Tribunal

Provincial é de trinta vezes o salário mínimo da funçãopública.

2. A alçada da Câmara do Cível e Administrativo doTribunal Supremo é de sessenta vezes o salário mínimo dafunção pública.

Artigo 24º

(Efeitos e limites das decisões)

1. Nos recursos de anulação de actos administrativos, adecisão tem efeitos retroactivos à data da prolação do acto.

2. O tribunal não pode proferir decisão que envolva acto decompetência e administração demandada.

CAPÍTULO VI

Representação em Juízo e Custas Judiciais

Artigo 25º

(Representação em juízo)

1. As partes devem estar obrigatoriamente representadasem juízo por advogado.

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2. As entidades referidas no artigo 1º da Lei n.º 2/94, de14de Janeiro, podem ser representadas em juízo porlicenciado em direito que lhe preste assessoria jurídica oupor advogado constituído.

3. Quando tal não for incompatível com a posição

processual assumida, pode a autoridade públicademandada ser representada pelo Ministério Público.

Artigo 26º

(Nomeação de advogados e dispensa de preparos epagamento prévio de custas)

1. Quando a parte não dispuser de recursos económicospara a constituição de advogado, deve requerer ao tribunalque lhe seja nomeado um advogado oficiosamente e pedirdispensa de preparos e pagamento prévio de custas

judiciais.

2. O requerimento é instruído com a documentaçãocomprovativa da situação económica do requerente,podendo o juiz ordenar as diligências que entendernecessárias à decisão, devendo os autos vir a ser apensadosou correr por apenso à acção principal.

3. Havendo alteração da situação económica da partedeverá esta passar ao pagamento das custas judiciais e doshonorários de advogado que forem devidos, sob as

cominações previstas na lei.

CAPÍTULO VII

Citações e Notificações

Artigo 27º

(Chamadas ao processo, primeira notificação)

1. As partes e as pessoas interessadas são chamadas pelaprimeira vez ao processo, para se oporem ou defenderem,através de citação derivadas de contratos administrativos e

mediante notificação, nos recursos de impugnação de actosadministrativos e nos processos de suspensão de eficáciade actos administrativos.

2. A primeira notificação para efeitos do número anterior éfeita na pessoa do notificado ou na do seu representantelegal.

3. Sendo a pessoa a notificar um órgão da Administraçãodo Estado, a primeira notificação é feita na pessoa do autordo acto objecto de impugnação ou do novo titular, quando

outra pessoa tiver, entretanto, sido nomeada para oexercício do cargo.

Artigo 28º

(Formas de notificação)

1. As notificações podem ser efectuadas por meio quegaranta a sua efectiva recepção pelo interessado e deve ser

sempre acompanhada da data, conteúdo do acto notificado,a identificação do tribunal que a ordenou e do número doprocesso a que se refere.

2. A notificação é depois de efectuada, incorporada noprocesso.

Artigo 29º

(Recusa de notificação)

Quando a pessoa a notificar ou o seu representante recusar

a notificação, o facto deve ser certificado por doisfuncionários judiciais e ficar a constar do processo,considerando-se efectuada a notificação na data em que setiver verificado a recusa.

Artigo 30º

(Notificação edital e pelos meios de difusão)

Quando os interessados sejam desconhecidos, ou sedesconheça o seu local de residência ou cujo último localconhecido de residência seja no estrangeiro deve usar-se a

notificação por éditos afixados à porta do tribunal e poranúncio sucinto através de qualquer meio de comunicaçãosocial.

Artigo 31º

(Notificações posteriores)

1. As notificações de natureza processual que nãoimportem a prática dum acto de natureza pessoal são feitas

na pessoa do advogado constituído do Ministério Públicoou do jurista designado para representar a pessoa jurídicademandada.

2. Os advogados que tenham residência profissional forada sede do tribunal devem nela escolher domicílio para oefeito de receberem as notificações.

CAPÍTULO VIII

Actos da Secretaria

Artigo 32º(Autuação e registo)

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1. Os papéis relativos ao recurso contencioso e às acçõesderivadas de contratos administrativos são apresentados noGabinete do Secretário ou na Câmara do Cível eAdministrativo do Tribunal Supremo ou no Cartório daSala do Cível e Administrativo do Tribunal Provincial

respectivamente.2. Os papéis correspondentes a cada processo são autuadose rubricados pelo secretário ou pelo escrivão do respectivocartório.

Artigo 33º

(Espécies de processo no plenário)

As espécies de processos no Plenário do Tribunal Supremosão as seguintes:

a) recursos ordinários das decisões proferidas em processode impugnação de acto administrativo;

b) recursos ordinários das decisões proferidas em acçõesderivadas de contratos administrativos;

c) recursos ordinários das decisões proferidas em matériade suspensão da eficácia de actos administrativos;

d) recursos extraordinários;

e) recursos de impugnação de actos administrativos em

primeira e única instância;

f) processo de suspensão de eficácia do actoadministrativo.

Artigo 34º

(Espécies de processo na Câmara do Cível eAdministrativo do Tribunal Supremo)

As espécies de processo da Câmara do Cível eadministrativo do Tribunal Supremo são as seguintes:

a) recursos de impugnação de acto administrativo;

b) acções derivadas de contratos administrativos;

c) execuções baseadas em títulos diversos de sentenças;

d) recursos ordinários das decisões das Salas do Cível eAdministrativo dos Tribunais Provinciais proferidas emrecursos de impugnação de actos administrativos;

e) recursos ordinários das decisões das Salas do Cível eAdministrativo em matéria de acções derivadas decontratos administrativos;

f) recursos das decisões proferidas em matéria desuspensão da eficácia dos actos administrativos.

Artigo 35º

(Espécies de processos nas Salas do Cível e

Administrativo dos Tribunais Provinciais)

As espécies de processos nas Salas do Cível eAdministrativo dos Tribunais Provinciais são as seguintes:

a) recursos de impugnação de actos administrativos;

b) acções derivadas de contratos administrativos;

c) execuções baseadas em títulos diversos de sentenças;

d) execução de multas administrativas;

e) processos de suspensão da eficácia dos actosadministrativos;

f) recursos em processo de contravenção ou transgressãoadministrativa.

Artigo 36º

(Distribuição)

1. Os processos na Sala do Cível e Administrativo doTribunal Provincial, são atribuídos ao juiz ou distribuídos

se houver mais de um juiz ou secção.

2. Os processos na Câmara do Cível e Administrativo doTribunal Supremo são distribuídos por sorteio na primeirasessão entre os juízes respectivos.

3. Os processos no Plenário do Tribunal Supremo sãodistribuídos por sorteio na primeira sessão, sendo que,quando se trate de recursos interpostos das decisões daCâmara do Cível e Administrativo, fica fora dadistribuição o juiz relator da decisão objecto do recurso.

Artigo 37º

(Duplicados)

Os articulados e as alegações apresentados em tribunal sãoacompanhados de tantos duplicados quantos osinteressados de parte contrária que litiguem separadamentee de uma cópia isenta de selo para o arquivo do tribunal.

Artigo 38º

(Publicação)

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Aos acórdãos do Plenário do Tribunal Supremo querecaíram sobre os recursos das decisões da Câmara doCível e Administrativo é aplicável o disposto no artigo 48ºn.º 3 da Lei n.º 20/88.

TÍTULO II

Recurso contencioso de impugnação de actoadministrativo

CAPÍTULO IX

Iniciativa Processual

Artigo 39º

(Direito de accionar)

O recurso contencioso de impugnação de actoadministrativo é iniciado pela pessoa ou pelo representantedo Ministério Público que tenha intervido no procedimentoadministrativo de reclamação ou recurso hierárquico que oantecede.

Artigo 40º

(Objecto)

O objecto do recurso abrange o acto ou a comissãoadministrativa contra a qual se recorreu ou reclamou e a

decisão que recaiu sobre o recurso hierárquico ou areclamação ou o seu indeferimento tácito quando tal tiverocorrido.

Artigo 41º

(Requerimento inicial)

1. O recurso é interposto por requerimento inicial do qualdeve constar:

a) a identidade completa do interessado ou da pessoa que orepresente e seu domicílio;

b) a menção do órgão de Administração do Estado ou dapessoa colectiva de direito público demandado, com aidentificação da pessoa que proferiu o acto ou de quemexerce o cargo ou quem a represente, respectivo domicíliolegal e bem assim a identificação completa dos demaisinteressados;

c) a identificação do acto impugnado;

d) os factos e razões em que se baseia o pedido;

e) os fundamentos de direito e a indicação das normas jurídicas violadas;

f) a formulação do pedido;

g) a indicação do valor;

h) o oferecimento dos meios de prova e a menção dosfactos sobre que dele recair;

i) a menção da constituição de mandatário forense e aindicação do local da via para receber as notificações.

j) o lugar e a data em que o recurso é interposto.

2. O requerimento deve ser instruído com cópia oucertidão do acto impugnado, indicando-se o local onde seencontra o procedimento administrativo.

Artigo 42º

(Certificado de apresentação)O demandante pode pedir que lhe seja passado recibo daapresentação do recurso ou feita num duplicado a anotaçãodo recebimento da qual conste, além do recebimento, adata em que ocorreu.

Artigo 43º

(Rectificação do requerimento inicial)

Apresentado o requerimento inicial, se o juiz ou relatorverificar a falta de qualquer dos elementos constantes doartigo 41º deve conceder ao demandante o prazo de 10 diaspara o completar.

Artigo 44º

(Arquivamento do processo)

Decorrido o prazo sem que tenha sido cumprido oordenado no artigo anterior, o juiz singular ordena oarquivamento dos autos e o relator a remessa do processo àconferência para o mesmo efeito.

Artigo 45º

(Despacho ou acórdão preliminar)

1. O juiz deve lavrar despacho ou exposição no prazo de10 dias do qual conste:

a) se o tribunal tem jurisdição ou competência paraconhecer do processo;

b) se o demandante está devidamente representado e temlegitimidade;

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c) se o acto impugnado é susceptível de impugnaçãocontenciosa nos termos do artigo 8º da Lei n.º 2/94;

d) se o recurso foi precedido dos procedimentosadministrativos previstos no artigo 12º da Lei n.º 2/94;

e) se o recurso foi interposto dentro ou fora do prazo.

2. A ordem será notificada ao funcionário responsável doexpediente administrativo do órgão do Estado ou da pessoacolectiva de direito público demandado, que deverácumpri-la no prazo de 5 dias.

3. A falta de cumprimento da ordem do tribunal serápunida nos termos da lei penal.

CAPÍTULO X

Oposição

Artigo 46º

(Procedimento administrativo)

1. Devendo o recurso prosseguir, o tribunal ordena aoórgão de Administração do Estado ou pessoa colectiva dedireito público que tenha em seu poder o procedimentoadministrativo que antecedeu o recurso, que remete aotribunal.

2. A ordem será notificada ao funcionário responsável doexpediente administrativo do órgão do Estado ou da pessoacolectiva de direito público demandado, que deverácumpri-la no prazo de 5 dias.

3. A falta de cumprimento da ordem do tribunal será nostermos da lei penal.

Artigo 47º

(Prazo de contestação)

1. A autoridade recorrida, os interessados e o MinistérioPúblico quando não seja autor de demanda serãopessoalmente notificados para contestar no prazo de 30dias.

2. O prazo concedido ao Ministério Público pode serprorrogado pelo período máximo de 60 dias quando razõesponderosas o justifiquem.

3. O prazo de contestação decorre singularmente para cadaum dos interessados a partir da data em que se efectuou ouem que deve ser dada como efectuada a notificação.

Artigo 48º

(Junção do procedimento administrativo)

1. O procedimento administrativo é notificado pelaSecretaria ou Cartório ao demandante para exame peloprazo de 5 dias, podendo ser deduzida reclamação no casode insuficiência.

Artigo 49º

(Contestação)

1. Na contestação, o demandado deve consignar, além deoutra matéria de oposição que considere pertinente:

a) os factos;

b) os fundamentos;

c) o pedido;d) o oferecimento da prova e factos sobre que ela deverecair;

e) a indicação do mandatário forense e do domicílioescolhido para efeito do recebimento das notificações.

2. A falta da contestação não importa a confissão dosfactos nem do pedido.

Artigo 50º

(Reconvenção)

Nas acções da impugnação dos actos administrativos não épermitido deduzir pedido reconvencional.

CAPÍTULO XI

Diligências de Prova e Alegações Finais

Artigo 51º

(Diligência de prova)

1. O juiz ou relator decide sobre as diligências de prova,podendo rejeitar as que entenda não terem interesse para adecisão ou que se reporte a factos que considere comoprovados e pode ordenar oficiosamente diligências deprova sobre factos que considere essenciais à decisão.

2. São aplicáveis as normas do processo civil referentes àprodução de prova.

3. A Câmara do Cível e Administrativo pode delegar noTribunal Provincial a realização de alguma ou de todas as

diligências de prova.

Artigo 52º

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(Intervenção de peritos)

1. O Tribunal pode ordenar a intervenção de peritos comconhecimentos especializados, sempre que a questão emapreciação o exigir, devendo essa intervenção sernotificada às partes.

2. Cada uma das partes pode, nos cinco dias seguintes ànotificação, indicar um perito à sua escolha.

Artigo 53º

(Alegações)

1. Decorrido o prazo para contestação ou encerrada aprodução de prova, quando ela tiver lugar, são odemandante e os demandados que tiverem contestadonotificados, no prazo de 20 dias e sucessivamente

apresentarem alegações.

2. O processo fica patente na secretaria para exame daspartes no prazo marcado para alegações.

CAPÍTULO XII

Decisão

Artigo 54º

(Vista)

O processo vai com vista ao Ministério Público por 10dias, quando não seja parte na acção, para dar parecersobre a decisão e suscitar as demais questões que julguepertinentes e expressar-se sobre o comportamento daspartes na lide.

Artigo 55º

(Prazo da sentença)

No Tribunal Provincial, a sentença deve ser proferida noprazo de 30 dias.

Artigo 56º

(Prazo de vistos e acórdão)

No Plenário e na Câmara do Cível e Administrativo, oprazo para vistos é de 15 dias e o acórdão deve serproferido no prazo de 30 dias.

Artigo 57º

(Conteúdo da decisão)

A decisão é precedida de relatório sobre o decurso dosautos e deve conter:

a) a apreciação sobre as questões que obstem ou não aoconhecimento do recurso;

b) se houver que conhecer do objecto do recurso, aapreciação dos vícios de que enferma ou não o actorecorrido e a declaração sobre a sua invalidade ouanulação.

Artigo 58º

(Publicação da decisão)

1. Quando for dado provimento ao recurso, pode odemandante requerer que, a expensas suas, a decisãotransitada em julgado seja publicada em extracto do Diário

da República, por ordem do Tribunal.

2. Do extracto deve constar a indicação do tribunal queproferiu a decisão, a data em que transitou em julgado, aidentificação das partes e o sentido da decisão.

Artigo 59º

(Devolução do procedimento administrativo)

Transitada em julgado a decisão, o procedimentoadministrativo é devolvido à parte demandada, devendo

para tal proceder-se à sua desapensação.

TÍTULO III

Suspensão da eficácia dos actos administrativos

Artigo 60º

(Requisitos gerais)

1. As pessoas com legitimidade para recorrer

contenciosamente de um acto administrativo podemrequerer ao tribunal a suspensão da sua eficácia porfundamento em que a execução desse acto é susceptível decausar prejuízo irreparável ou de difícil reparação para elasou para os interesses que ao recurso pretendem acautelar.

2. A suspensão é concedida sempre que o tribunalconsidere fundadas as razões invocadas pelo requerente edela não resulte lesão grave para a realização do interessepúblico.

3. A suspensão não é concedida em caso algum, se formanifesto que o recurso é ilegal e não deve ser admitido.

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Artigo 61º

(Pedido da suspensão)

1. A suspensão pode ser pedida em requerimentoformulado antes e em separado do recurso contencioso

dirigido ao tribunal competente para o conhecimento desteou em requerimento apresentado com a petição de recurso.

2. A suspensão só pode ser pedida em separado dainterposição do recurso contencioso, no caso de, emprocesso administrativo de reclamação, o autor do acto terindeferido o pedido de suspensão formulado por qualquerinteressado.

Artigo 62º

(Conteúdo e forma do requerimento)

1. O requerimento deve conter:

a) a identidade e residência do requerente e a de todos osinteressados a quem a suspensão da eficácia do acto possadirectamente lesar;

b) a alegação do acto e a do seu autor ou do titular dorespectivo cargo, assim como a do respectivo domicíliolegal;

c) a alegação dos factos que fundamentam o pedido e a

formulação deste;

d) a indicação do mandatário forense e do local para elereceber as notificações;

e) a menção dos documentos juntos.

2. No caso previsto no n.º 2 do artigo 61º, o requerimentodeve ser instruído com:

a) certidão ou qualquer outro comprovativo do teor e daprática do acto e da respectiva publicação ou notificação

ao requerimento;

b) prova documental da decisão do autor do acto a que serefere o n.º 2 do artigo 61º, proferida no processo dereclamação.

3. As certidões requeridas para os efeitos da alínea b)donúmero anterior, devem ser passadas no prazo de 24 horas.

4. O requerimento deve ser entregue, acompanhado detantos duplicados quantos os interessados, que vivam emeconomia separada, a que se refere a alínea a) do n.º 1 de

cópia não selada para arquivo do tribunal.

Artigo 63º

(Autuação)

1. Quando a suspensão é pedida em separado do recursocontencioso, o requerimento é distribuído e autuado comoprocesso próprio, que só será apensado ao recurso depoisde transitar em julgado a decisão proferida sobre o pedido

de suspensão.

2. Quando a suspensão é pedida em requerimento com apetição de recurso, aquele é autuado por apenso ao recurso.

Artigo 64º

(Tramitação processual)

1. Autuado o requerimento, o autor do acto ou quem tenhapassado a exercer o respectivo cargo assim como aqueles aquem a suspensão da eficácia do acto possa directamente

prejudicar, são notificados para responder ao pedidoformulado, no prazo de oito dias, entregando-se a cada umo respectivo duplicado.

2. Havendo interessados incertos ou desconhecendo-se asua residência, a notificação é feita por edital afixado àporta do Tribunal.

3. Juntas as respostas ou decorrido o prazo para esse efeitoconcedido, o processo é continuado com vista aoMinistério Público, por 3 dias, devendo o juiz decidir noscinco dias seguintes.

4. Na Câmara do Cível e Administrativo, depois de vistaao Ministério Público, o processo vai aos vistos dos juízesadjuntos, por três dias a cada um, e por cinco dias ao juizrelator para elaborar o projecto de acórdão que é discutidoe submetido a julgamento na sessão imediatamenteseguinte.

5. No caso do número anterior, o relator pode, em funçãoda urgência e da simplicidade da questão, dispensar osvistos.

Artigo 65º

(Decisão)

1. Se a decisão suspender a eficácia do acto, deve ela sernotificada, o mais depressa possível, à autoridaderequerida.

2. A suspensão subsiste até ao trânsito em julgado dadecisão que julgar recurso contencioso, salvo se de outromodo tiver sido decidido pelo tribunal ou se, sujeita a

alguma condição, esta não for cumprida.

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3. No caso de ser requerida antes do recurso contencioso,nos termos do n.º 2 do artigo 61º, a suspensão concedidacaduca, se aquele não for interposto dentro do prazoprevisto na lei para esse efeito.

Artigo 66º

(Efeitos da notificação da entidade requerida para ostermos do processo)

1. Depois de ser notificada para responder ao requerimentode suspensão da eficácia do acto, não pode a autoridadeadministrativa requerida iniciar e prosseguir com a suaexecução, competindo-lhe impedir que os seus agentes ouos interessados pratiquem, depois disso, qualquer acto deexecução.

2. São ineficazes os actos de execução praticados depoisda notificação a que se refere o número anterior.

Artigo 67º

(Responsabilidade)

Incorrem em responsabilidade criminal e civil, nos termosda lei, todos aqueles que, depois de notificados ou quedelas tenham conhecimento, não cumpram as decisões dotribunal que suspenderem a eficácia de um actoadministrativo.

Artigo 68º

(Alteração ou revogação de suspensão)

1. Em caso de alteração substancial das circunstâncias quesirvam de fundamento à decisão que ordenou a suspensãoda eficácia do acto, pode a autoridade administrativa pedirao tribunal onde pende o processo de recurso contencioso arevisão de tal decisão e a consequente alteração ourevogação da suspensão.

2. A suspensão ou revogação só é decretada, provando-se

as alterações de facto indicadas e que, em razão delas, ainexecução do acto está ou pode causar prejuízos graves àrealização do interesse público do Estado.

3. Aplicam-se ao pedido de revisão as normas do artigo64º do presente diploma, com as necessárias adaptações.

TÍTULO IV

Acções derivadas de contratos Administrativos

Artigo 69º

(Tramitação processual)

1. As acções derivadas de contratos administrativos regem-se, regra geral, pelas normas do Código do Processo Civilque regulam o processo de declaração, na sua formaordinária.

2. Seguem a forma de processo sumário regulado pelo

mesmo Código, as acções de valor compreendido naalçada dos tribunais provinciais.

3. As acções podem ser intentadas a todo o tempo.

Artigo 70º

(Reconvenção)

Só é admissível a reconvenção nas acções derivadas decontratos de natureza administrativa, quando o pedidoreconvencional tiver por fundamento factos jurídicos

emergentes do contrato de que derivou a acção.

Artigo 71º

(Arbitragem)

1. É proibida a arbitragem nas acções derivadas decontratos administrativos que revistam a natureza decontratos económicos internacionais, desde que severifiquem os requisitos exigidos pelo artigo 99º, n.ºs 2 e 5do Código de Processo Civil.

Artigo 72º

(Parecer do Ministério Público)

Não intervindo no processo em representação de nenhumadas partes, pode o Ministério Público, dar o seu parecersobre a decisão final a proferir pelo tribunal, quando oprocesso lhe for com vista depois de concluída emaudiência a discussão do aspecto jurídico da causa.

Artigo 73º

(Tramitação no Tribunal Supremo)

1. A tramitação processual das acções na Câmara do Cívele Administrativo do Tribunal Supremo é regulada pelasnormas aplicáveis nos Tribunais Provinciais, nos termosestabelecidos no artigo 69º, n.º 1, com as necessáriasadaptações e as alterações dos artigos seguintes.

2. É aplicável à tramitação processual o disposto no artigo51º n.º 3 deste diploma.

Artigo 74º

(Relator)

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O Juiz Conselheiro a quem o processo couber pordistribuição fica sendo relator, tendo na tramitação doprocesso e na condução e realização dos actos os poderesatribuídos ao juiz de direito dos tribunais provinciais ecompetindo-lhe deferir todos os termos até final.

Artigo 75º

(Julgamento)

O julgamento, tanto da matéria de facto como da matériade direito, é feito e as decisões finais proferidas pelotribunal colectivo constituído pelo relator e juízes adjuntos.

Artigo 76º

(Vistos)

Sempre que o tribunal tenha de proferir decisões finais, oprocesso vai aos vistos dos juízes adjuntos, por 15 dias acada um deles, salvo se o relator, em vista da simplicidadeda questão, decidir reduzir aquele prazo ou dispensar osvistos.

Artigo 77º

(Reclamação para a conferência)

Aplica-se aos despachos do relator, que não sejam de meroexpediente ou proferidos no exercício de poder

discricionário, o disposto no n.º 3 do artigo 700º do Códigodo Processo Civil, com as necessárias adaptações.

Artigo 78º

(Processos arquivados)

Depois de arquivado o processo, as funções do relator,sempre que seja necessário deferir, são exercidas peloPresidente da Câmara do Cível e Administrativo.

TÍTULO V

Recursos das decisões jurisdicionais

CAPÍTULO XIII

Disposições gerais

Artigo 79º (Lei aplicável)

1. Os recursos ordinários das decisões jurisdicionaisproferidas em matéria de contencioso administrativo são

regulados nos termos do presente diploma e,subsidiariamente, pelas disposições do Código do Processo

Civil aplicáveis ao recurso de agravo, com as necessáriasadaptações.

2. Os recursos interpostos para efeitos de uniformização de jurisprudência, os de revisão e de oposição de terceiroregem-se pelas disposições do Código de Processo Civil e

da Lei n.º 20/88, de 31 de Dezembro, na parte aplicável.

Artigo 80º

(Competência)

1. Das decisões jurisdicionais em matéria de contenciosoadministrativo, cabe recurso:

a) das decisões dos tribunais provinciais, para a Câmara doCível e Administrativo do Tribunal Supremo;

b) dos acórdãos proferidos pela Câmara do Cível eAdministrativo funcionando como tribunal de primeirainstância, para o Plenário do Tribunal Supremo.

2. Não admitem recurso os acórdãos proferidos peloPlenário do Tribunal Supremo, em matéria de impugnaçãodos actos administrativos do Presidente da República,Presidente da Assembleia Nacional, Chefe do Governo ePresidente do Tribunal Supremo.

Artigo 81º

(Poderes dos Tribunais de Recurso)

Os Tribunais de Recurso reapreciam as causas semrestrições, conhecendo dos factos e do direito, podendorevogar, alterar ou anular, conforme ao caso couber, asdecisões recorridas.

Artigo 82º

(Diligências de prova)

1. Havendo necessidade de proceder a alguma diligência

de prova para conhecer o recurso, procede-se do seguintemodo:

a) sendo o conhecimento do recurso da competência doPlenário, o processo baixa à Câmara do Cível eAdministrativo, para que aí as diligências sejam efectuadasou mandadas efectuar em conformidade com o disposto naalínea seguinte, com as necessárias adaptações;

b) sendo o conhecimento do recurso da competência daCâmara do Cível e Administrativo, esta pode determinarque as diligências sejam realizadas pelo relator ou que o

processo baixe ao tribunal ad-quo-ou do outro tribunalprovincial para o mesmo fim.

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2. A questão da necessidade de realizar diligências deprova pode ser levantada pelo relator antes dos vistos oupor qualquer juiz adjunto e será decidida em conferência.

3. Aplicam-se a produção de prova em instância de recursoas disposições do artigo 517º do Código de Processo Civil.

Artigo 83º

(Alegações complementares)

1. Terminadas as diligências de prova, pode o relator, seassim o entender, conceder, primeiro ao recorrente edepois ao recorrido, prazo para alegações complementares.

2. O prazo para alegações complementares é sucessivo enunca superior a oito dias para cada parte.

Artigo 84º

(Legitimidade)

Podem interpor recurso das decisões ou acórdãosproferidos nos processos de contencioso administrativo:

a) as partes ou intervenientes vencidos;

b) o Ministério Público;

c) as pessoas directa e efectivamente prejudicadas, nostermos do n.º 2 do artigo 68.º do Código do Processo Civil.

Artigo 85º

(Prazo de interposição de recurso)

1. O prazo para interposição de recurso é de oito dias, acontar da data da notificação da decisão de que se recorreou da data da sua publicação, em caso de revelia.

2. Havendo pedido de rectificação, aclaração ou reforma

da decisão proferida, o prazo conta-se da data em que fornotificada a decisão proferida sobre tal pedido.

Artigo 86º

(Forma de interposição de recurso)

1. O recurso é interposto por meio de requerimentodirigido ao juiz ou relator, fixando-se a entrada deste notribunal a data da interposição.

2. O recurso não é admitido quando a decisão é

irrecorrível, tenha sido interposta fora do prazo ou porquem não tenha legitimidade.

3. O juiz ou relator que admitir o recurso deve fixar-lhe oregime de subida e declarar-lhe o efeito.

Artigo 87º

(Reclamação)

1. Não sendo o recurso admitido, pode o recorrente, noprazo de cinco dias a contar da notificação do despacho dadecisão que não o admitir, reclamar para o Presidente doTribunal Supremo, expondo as suas razões e indicando aspeças de que pretende certidão.

2. A reclamação é autuada por apenso e este concluso ao juiz ou relatores para que mantenha o despacho ou orepare, admitindo o recurso.

3. Mantendo o juiz ou relator o despacho que não admitiu

o recurso, a reclamação com peças que o instruam édesapensado e remetido ao Presidente do TribunalSupremo, no prazo de 48 horas.

Artigo 88º

(Julgamento da reclamação)

Aplicam-se ao julgamento da reclamação o disposto noartigo 889º do Código do Processo Civil, com asnecessárias adaptações.

CAPÍTULO XIV

Recurso nas Acções Derivadas de Contratos

Administrativos

Artigo 89º

(Processamento)

Os recursos ordinários interpostos das decisões proferidasem acções derivadas de contratos administrativos sãoprocessados e julgados de harmonia com as regras doprocesso civil aplicáveis ao recurso de agravo,estabelecidas nos artigos 734º e seguintes do Código deProcesso Civil, com as necessárias adaptações e semprejuízo do disposto no presente diploma.

Artigo 90º

(Prazo de vista)

1. Os prazos de vista do Ministério Público, aos juízesadjuntos e ao juiz relator, previstos no n.º 1 do artigo 752º

do Código do Processo Civil, são alargados para o dobro.

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2. O Ministério Público só tem vista nos recursos em quenão seja recorrente ou recorrido.

CAPÍTULO XV

Recursos nos Processos de Impugnação de Actos

Administrativos

Artigo 91º

(Recursos com subida imediata)

1. Nos processos de impugnação de actos administrativos,sobem imediatamente os recursos das decisões:

a) que conheçam do mérito da causa ou que, não

conhecendo do mérito, ponham termo ao processo;b) que julguem o tribunal absolutamente incompetente;

c) através das quais um juiz se declare impedido ouindefira o impedimento oposto por alguma das partes;

d) proferidas depois da decisão que ponha termo aoprocesso.

2. Sobem também imediatamente os recursos cuja retençãoos tornaria absolutamente inúteis.

3. Os recursos nos processos de impugnação sobemsempre nos próprios autos.

Artigo 92º

(Recursos com subida diferida)

1. Os recursos das decisões interlocutórias não incluídas noartigo anterior apenas sobem com o recurso interposto dedecisão que ponha termo ao processo.

2. Não sendo interposto recurso da decisão que ponhatermo ao processo, ficam sem efeito todos os que com elehaveriam de subir.

Artigo 93º

(Efeito do recurso)

1. Têm efeito suspensivo os recursos que sobemimediatamente.

2. Têm efeito meramente devolutivo todos os outros.Artigo 94º

(Alegações nos recursos com subida imediata)

1. Subindo o recurso imediatamente, as alegações derecorrente são apresentadas no prazo de 20 dias, a contarda notificação do despacho que admitiu recurso, sob penade este ser julgado deserto.

2. O recorrido pode responder e apresentar as suasalegações em igual prazo de 20 dias, que se contam dotermo do prazo concedido ao recorrente.

Artigo 95º

(Alegações nos recursos com subida diferida)

1. Tratando-se de recursos com subida diferida, os termosposteriores à notificação do despacho que o admitem ficamsuspensos, sendo as alterações apresentadas com as do

recurso da decisão que puser termo ao processo.

2. Se no recurso da decisão que pôs termo ao processo, orecorrente for o mesmo, cada uma das partes apresentauma só alegação para todos os recursos.

3. Se o recorrente a que se refere o presente artigo forrecorrido no recurso da decisão que pôs termo ao processo,deve, na resposta a que neste último apresentar, alegar emrelação a todos, podendo a outra parte responder em igualprazo quanto a matéria dos recursos em que é recorrida.

Artigo 96º

(Junção de documentos e pareceres exame do processo)

1. Com as alegações, podem ser juntos pareceres e osdocumentos que as partes só nesse momento tenhampodido apresentar ou cuja junção se tenha tornadonecessária em virtude da decisão proferida em primeirainstância.

2. Durante os prazos para alegações é facultado às partes oexame do processo, podendo este ser confiado aos

respectivos mandatários sem necessidade de despacho do juiz relator.

Artigo 97º

(Despacho de sustentação)

1. Juntas as alegações e concluso o processo, pode o juizsustentar a decisão recorrida ou esclarecer os respectivosfundamentos, mas, em nenhum caso revogá-la ou alterá-ladevendo o processo ser sempre remetido à instânciasuperior.

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2. O disposto no número anterior não se aplica aosrecursos interpostos de acórdãos da Câmara do Cível eAdministrativo do Tribunal Supremo.

Artigo 98º

(Normas aplicáveis ao julgamento)

1. Aplicam-se ao julgamento dos recursos interpostos dasdecisões proferidas em processo de impugnação de actosadministrativos as disposições do código do Processo Civilque regulam o julgamento do agravo, com as necessáriasadaptações e sem prejuízo do que se estabelece no presentediploma.

2. Os prazos de vista ao Ministério Público, aos juízesadjuntos e ao juiz relator previstos no artigo 752º doCódigo do Processo Civil, são elevados para o dobro, nostermos do artigo 90º deste diploma.

Artigo 99º

(Âmbito do poder de cognição)

1. O tribunal de recurso conhece da globalidade da causa ereaprecia a decisão impugnada em toda a sua extensão,mesmo na parte favorável ao recorrente.

2. Nos casos em que o Tribunal recorrido não conhece, porqualquer motivo, do mérito da causa, pode o tribunal de

recurso fazê-lo, se entender que o motivo invocado nãoprocede, que nenhum outro obsta ao julgamento e que oprocesso fornece elementos suficientes para tomar umadecisão.

CAPÍTULO XVI

Recursos de Decisões Relativas a Suspensão da Eficáciados Actos Administrativos

Artigo 100º

(Efeitos do recurso e regime de subida)

1. O recurso interposto das decisões que concedem asuspensão da eficácia dos actos administrativosimpugnados tem efeito meramente devolutivo.

2. Os recursos sobem imediatamente e no apenso em que adecisão objecto de recurso foi proferida.

Artigo 101º

(Prazo de interposição e forma)

1. O recurso é interposto no prazo de 8 dias e medianterequerimento, no qual o recorrente desde logo alegue,expondo as razões de facto e de direito por que recorre.

2. O recorrido pode apresentar as suas alegações eresponder em prazo igual a contar da data em que for

notificado da admissão do recurso.

Artigo 102º

(Processamento e julgamento do recurso)

1. Juntas ao processo as alegações ou decorrido o prazoconcedido às partes para esse efeito, o processo é remetido,nas 48 horas seguintes, ao tribunal competente paraconhecer do recurso, desde que o recorrente esteja isentode custas ou garantia, nos termos do artigo 135º nº 3, opagamento, afinal, das custas por que seja responsável.

Artigo 103º

(Disposições aplicáveis subsidiariamente)

Aplicam-se subsidiariamente as disposições que regulam orecurso das decisões judiciais proferidas nos processos deimpugnação de actos administrativos, constantes destediploma que se harmonizem com o carácter urgente dorecurso previsto no presente capítulo.

TÍTULO VI

Recurso em processamento de transgressãoadministrativa

Artigo 104º

(Processamento)

1. O recurso é interposto no prazo de 15 dias a contar dadata em que o recorrente é notificado da aplicação damulta mediante requerimento dirigido ao juiz do tribunalprovincial competente ou da respectiva Sala do Cível e

Administrativo.

2. No requerimento deve o recorrente, alegando desdelogo, expor as razões e fundamentos do recurso e juntardocumentos ou requerer as demais diligências necessáriasà prova dos factos alegados.

3. O requerimento é entregue à autoridade administrativaque aplicou a multa, a qual pode, querendo responder àsalegações nos 8 dias seguintes e juntar documentos ourequerer as diligências de prova que entenderconvenientes.

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4. O requerimento e a resposta são juntos ao auto denotícia, processo ou expediente com base no qual a multafoi aplicada.

5. Aplicam-se ao recurso judicial o disposto no artigo 20ºn.º 1 e 2, da Lei n.º 10/87, de 26 de Setembro.

6. A entidade administrativa recorrida deve remeter oprocesso ao tribunal competente no prazo de 3 dias acontar do termo do prazo que lhe é concedido pararesponder ou, em caso de alterar a decisão, depois de findoo prazo a que se refere o nº. 2 do artigo 20º da lei citada nonúmero anterior.

Artigo 105º

(Julgamento)

1. Sempre que haja a produção de prova, é designada umaaudiência de discussão e julgamento.

2. Os depoimentos são orais e o juiz pode ordenar asdiligências de prova que entender necessárias à decisão dorecurso, não estando vinculado a oferecida ou requeridapelas partes.

3. Nem o recorrente nem a autoridade recorrida ou oMinistério Público são obrigados a comparecer, podendo,no entanto fazer-se assistir ou representar o primeiro poradvogado ou solicitador e a parte recorrida, pelo MinistérioPúblico, por licenciado em direito que lhe preste assessoria

jurídica ou por advogado constituído.

4. As partes podem alegar oralmente, não podendo asalegações prolongar--se para além de 30 minutos, salvo seo juiz, atendendo à complexidade da questão, autorizarmaior período de tempo.

5. Não havendo lugar a produção de prova, é notificado orecorrente para se pronunciar sobre os documentos juntospela autoridade recorrida e, em seguida vão os autos com

vista por 5 dias ao Ministério Público para dar parecersobre a decisão e suscitar as questões que entenderpertinentes.

6. A decisão deve ser proferida pelo juiz no prazo de 15dias a contar do encerramento da audiência ou daconclusão que, para esse efeito, lhe seja feita, na hipótesereferida no número anterior.

7. Só é admissível recurso para a Câmara do Cível eAdministrativo do Tribunal Supremo com fundamento emmatéria de direito.

8. O recurso tem efeito suspensivo.

CAPÍTULO XVII

TÍTULO VII

Execução do caso julgado

SECÇÃO III

Execução contra o estado

Artigo 106º

(Execução espontânea)

Transitada em julgado a decisão judicial, o órgão daAdministração do Estado ou a pessoa colectiva de direitopúblico deve executá-la no prazo de 45 dias contados darespectiva notificação.

Artigo 107º

(Requerimento do interessado ou do MinistérioPúblico)

No caso de não ser espontaneamente executada, podequalquer dos demandantes ou o Ministério Públicorequerer ao Tribunal que notifique o demandado para queexecute a decisão judicial.

Artigo 108º

(Prazo para pedir a suspensão ou inexecução)

A entidade demandada pode, em vez de a executar, pedirao Tribunal, no prazo de 15 dias a partir da notificação aque se refere o artigo anterior, a suspensão da execução dadecisão judicial ou a sua inexecução.

Artigo 109º

(Pedido de suspensão)

1. O demandado pode pedir a suspensão da execução da

decisão judicial por prazo não superior a seis meses,alegando grave prejuízo para a administração pública ofacto da sua execução imediata.

2. O demandante é notificado do pedido de suspensão,podendo pronunciar-se sobre ele nos 8 dias seguintes.

3. A decisão do tribunal é proferida no prazo de 10 dias.

4. O pedido de suspensão não tem lugar quando a decisãocondenar a entidade demandada no pagamento de umaquantia em dinheiro.

Artigo 110º

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(Inexecução de decisão)

1. A entidade demandada pode pedir ao tribunal ainexecução da decisão judicial, alegando:

a) a impossibilidade da sua execução;

b) a gravidade do prejuízo que dela deriva para o interessepúblico;

c) a verificação de circunstâncias de ordem, segurança etranquilidade públicas que obstam à execução.

2. Aplica-se ao pedido de inexecução o estabelecido nosn.ºs 1, 2 e 3 do artigo anterior, com as necessáriasadaptações.

Artigo 111º

(Comunicação ao Conselho de Ministros)

1. O Tribunal pode, antes de decidir, se o entenderconveniente e sempre que se trate de decisões proferidasem 1ª instância pela Câmara do Cível e Administrativo doTribunal Supremo, enviar ao Conselho de Ministros aresposta do demandado que tiver pedido a inexecução dadecisão judicial ou comunicar-lhe que a entidadedemandada não requereu a respectiva inexecução.

2. Entendendo o Conselho de Ministros que se verificam

alguns dos fundamentos previstos no artº 108º, devepronunciar-se no sentido da inexecução da decisão judiciale informar o tribunal da sua decisão, no prazo de 15 dias acontar daquele em que foi recebida no respectivoSecretariado a resposta da entidade demandada ou acomunicação do tribunal de que ela requereu a inexecução.

3. Se o Conselho de Ministros nada disser, deve entender-se que confirma o pedido de inexecução formulado pelaentidade demandada ou, na falta de pedido, que sepronuncia pela ausência de qualquer fundamento legítimode inexecução.

Artigo 112º

(Falta de confirmação)

1. No caso de o Conselho de Ministros se pronunciarexpressamente pela inexistência de fundamentos deinexecução, deve desde logo ordenar à entidadedemandada que cumpra a decisão judicial, usando, sendocaso disso, dos meios coercivos previstos na lei para que aordem seja cumprida.

2. No caso de o Conselho de Ministros nada disser àcomunicação que o tribunal lhe fizer nos termos da parte

final do n.º 1 do artº 109º pode o tribunal solicitar-lhe queproceda nos termos do número anterior.

Artigo 113º

(Decisão sobre o pedido de inexecução)

1. Nas hipóteses previstas no número anterior, o Tribunaldeve indeferir o pedido de inexecução formulado pelaentidade demandada ou declarar simplesmente, conformefor o caso, que não se verifica nenhuma causa legítima deinexecução.

2. Confirmado, expressa ou tacitamente, pelo Conselho deMinistros o pedido da entidade demandada ou entendendo,pelas mesmas formas, que se verifica alguns dosfundamentos de inexecução, o tribunal toma a sua decisãotendo em atenção as razões alegadas pelas partes e aposição do Conselho de Ministros.

Artigo 114º

(Prosseguimento da execução)

1. No caso de a entidade demandada não executar adecisão judicial, depois de notificada nos termos do artigo105º, pode o exequente requerer:

a) que o processo prossiga como execução para pagamentode quantia certa, de harmonia com as disposições

aplicáveis do Código de Processo Civil, quando se trata dedecisão que tenha condenado a entidade demandada apagar certa quantia;

b) que se proceda à fixação da indemnização devida pelosprejuízos derivados da falta de execução ou de inexecuçãoda decisão judicial e à conversão do pedido inicial emexecução por quantia certa e à respectiva liquidação,quando se trate de qualquer outra decisão.

2. O requerimento deve ser apresentado dentro do prazo dedois anos, a contar da notificação a que se refere o artigo105º.

3. Tendo sido requeridas a suspensão da decisão judicialou a sua inexecução, o prazo conta-se da data em que oexequente foi notificado das decisões que recaírem sobreos respectivos pedidos.

Artigo 115º

(Valor a considerar na liquidação)

1. Na liquidação do pedido devem ser considerados:

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a) os prejuízos resultantes da não execução da decisão judicial;

b) os juros devidos, desde a data da propositura da acção;

c) as custas e encargos judiciais que o exequente suportou.

2. Tratando-se de acção de impugnação de actoadministrativo, deve entender-se, salvo alegação e provaem contrário, que os prejuízos derivados da falta deexecução da decisão judicial são equivalentes ao valor daacção nos termos do artigo 15º do presente diploma.

Artigo 116º

(Oposição a liquidação, termos subsequentes)

1. A entidade demandada é pessoalmente notificada para

se opor à liquidação deduzida pelo exequente, podendofazê-lo no prazo de 15 dias.

2. O Tribunal pode requisitar ou ordenar a apresentação dedocumentos, realizar outras diligências de prova e designaraudiências para tentativas de conciliação, sempre que selhe afigure que é possível as partes chegarem a acordosobre o montante da indemnização.

3. Concluído a instrução ou findo o prazo de oposição, oprocesso vai com vista por 5 dias ao Ministério Público,quando não for o exequente, para se pronunciar sobre a

liquidação.

Artigo 117º

(Decisão sobre o pedido de liquidação)

1. O tribunal deve, no prazo de 10 dias, proferir decisão,liquidando o pedido e fixando a quantia certa a pagar pelaentidade demandada e ordenar-lhe que proceda a inscriçãono seu orçamento da verba necessária à efectivação dopagamento.

2. Da decisão é dado conhecimento ao Ministro daEconomia e Finanças.

3. No caso de a entidade demandada não proceder, noprazo de 45 dias, a inscrição no seu orçamento da verbanecessária ao pagamento e não pagar a dívida exequenda,o processo prossegue, como execução para pagamento dequantia certa, nos termos regulados no Código de ProcessoCivil.

Artigo 118º

(Tribunal da execução)

A fase de execução corre no tribunal onde a acção foidecidida em primeira instância, mas se esta for ao TribunalSupremo, pode determinar-se que a execução parapagamento de quantia certa ou que como tal tenha deprosseguir nos termos do n.º 3 do artigo anterior, baixe

para esse efeito à sala do Cível e Administrativo doTribunal Provincial, à do Tribunal Provincial do domicíliode qualquer das partes ou de outro, conforme for achadoconveniente.

SECÇÃO IV

Execução contra entidades particulares

Artigo 119º

(Forma de execução)

A execução de decisões judiciais proferidas em acçõesderivadas de contratos administrativos requeridas porórgãos do Estado ou outras pessoas colectivas públicascontra entidades particulares seguem as formas deprocesso reguladas no Código de Processo Civil, semprejuízo das disposições legais que, em especial,determinarem de forma diferente.

2. Aplica-se às execuções requeridas na Câmara do Cível eAdministrativo do Tribunal Supremo o disposto no artigoanterior, com as devidas adaptações.

CAPÍTULO XVIII

Execuções Baseadas em Outros Títulos Executivos

Artigo 120º

(Normas aplicáveis)

Regem-se pelas normas constantes do capítulo anterior,com as necessárias adaptações, as execuções fundadas em

títulos executivos diversos das sentenças, previstos nasalíneas b), c) e d) do artigo 46º do Código de ProcessoCivil, a que seja aplicável com o processo contenciosoadministrativo.

CAPÍTULO XIX

Execução das Multas Administrativas

Artigo 121º

(Normas aplicáveis e competência)

1. A execução das multas aplicadas aos agentes detransgressões administrativas que não tenham sido pagas

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voluntariamente é, na fase judicial e sem prejuízo do quese dispõe no presente capítulo, regulada pelos preceitosaplicáveis à execução por custas previstas no artigo 139º,com as necessárias adaptações e subsidiariamente, peloCódigo das Custas Judiciais.

2. É competente para a execução o tribunal provincial daárea em que a transgressão foi cometida ou a respectivaSala do Cível e Administrativo.

Artigo 122º

(Título executivo)

1. Constitui título executivo a certidão a que se refere o n.º2 do artigo 22º da Lei n.º 10/87, de 26 de Setembro.

2. A Certidão deve, além de indicar a transgressão

cometida, a multa aplicada e a parte dela ainda em dívida,identificar o transgressor responsável e sendo caso disso,os responsáveis solidários pelo respectivo pagamento.

Artigo 123º

(Conversão da multa em trabalho socialmente útil)

1. O juiz pode, a requerimento do executado, converter amulta em trabalho socialmente útil a prestar ao Estado, aqualquer instituição de direito público e a organização oupessoas de direito privado que prossigam fins não

lucrativas, de assistência ou beneficência, educativos,humanitários ou outros de solidariedade social.

Artigo 124º

(Suspensão e prosseguimento da execução)

1. A conversão da multa em prestação de trabalhosuspende a execução e põe termo à penhora, se ela já tiversido efectuada.

2. Estão isentos de pagamento de custas os órgãos da

Administração Central e Local do Estado, as pessoascolectivas de direito público e o Ministério Público.

TÍTULO VIII

Custas

Artigo 125º

(Obrigação do pagamento de custas)

1. Os demandantes e os demandados são obrigados ao

pagamento de custas.

2. Estão isentos de pagamento de custas os órgãos daAdministração Central e Local do Estado, as pessoascolectivas de direito público e o Ministério Público.

Artigo 126º

(Não condenação em custas)

Nos processos de impugnação de actos administrativos, aparte demandada que vier declarar que não pretendeintervir nos actos fica isenta do pagamento de custas.

Artigo 127º

(Taxas de imposto de justiça na 1ª instância)

1. Nos tribunais que julguem a causa em primeirainstância, as taxas correspondentes à prestação de serviço

de justiça são as constantes da tabela de taxas de justiça docontencioso administrativo, calculadas com base no valorda acção.

2. A tabela a que se refere o número anterior deve serpublicada no prazo de 30 dias, a contar da publicação dopresente diploma no Diário da República, mediantedecreto executivo conjunto dos Ministros da Justiça e dasFinanças.

Artigo 128º

(Redução para um quarto do valor das taxas)

1. As taxas são reduzidas a um quarto do valorestabelecido na tabela:

a) nas acções que findarem antes da contestação;

b) nas execuções que findarem antes do despacho que asmandar prosseguir como execução para pagamento dequantia certa.

2. Em caso de rejeição liminar, a taxa pode ser reduzida

pelo tribunal até um décimo.

3. Se, no caso previsto na parte final da alínea b) do n.º 1,for deduzida oposição à liquidação, o tribunal pode, emfunção da complexidade da questão, elevar a taxa parametade da que é devida nos termos do artigo anterior.

Artigo 129º

(Redução para metade do valor das taxas)

As taxas são reduzidas a metade do seu valor:

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a) as acções que findarem depois da contestação e antesdos vistos ou da abertura da conclusão ao juiz para eleproferir a decisão final;

b) nas execuções não compreendidas na alínea b) do n.º 1do artigo anterior.

Artigo 130º

(Taxas nos tribunais de recurso)

1. Nos recursos das decisões judiciais proferidas pelotribunal que julguem em 1ª instância, a taxa de imposto de

justiça é igual a metade do valor das estabelecidas natabela a que se refere o artigo 125º.

2. Nos termos das decisões interlocutórias, a taxa é igual aum quarto dos valores constantes da mesma tabela, salvo

se não subir por não ter sido interposto recurso da decisãofinal com que teriam de ser processados, caso em que nãohá lugar a custas.

3. Sendo recursos julgados desertos, a taxa é reduzida paraum oitavo.

Artigo 131º

(Taxa na reclamação do despacho que não admitir orecurso)

Na reclamação de despacho que não admitir o recurso, ataxa é de um oitavo dos valores afixados na tabela.

Artigo 132º

(Taxa nos processos de suspensão de eficácia e nosincidentes)

A taxa, nos processos acessórios de suspensão da eficáciado acto, nos incidentes de intervenção de terceiros e em

outros previstos na lei do processo, aplicáveis ao processodo contencioso administrativo, é determinada pelo tribunalentre um sexto e um terço do valor das constantes databela.

Artigo 133º

(Conta de custas)

1. A conta de custas compreende:

a) as taxas correspondentes ao serviço de justiça prestadopelos tribunais, calculadas nos termos dos artigosanteriores;

b) os adicionais previstos na lei;

c) o imposto de selo;

d) os encargos.

2. Os encargos são constituídos pelos reembolsos devidosao Cofre Geral da Justiça e à parte vencedora a título decustas de parte, pelas remunerações aos peritos e às demaispessoas que acidentalmente intervirem no processo e pelaprocuradoria, despesas judiciais e outras previstas noCódigo das Custas Judiciais que sejam aplicáveis aoprocesso de contencioso.

3. Os encargos com as despesas feitas pelo tribunal emcaso algum podem ser liquidadas por quantias inferiores aoseu custo efectivo.

Artigo 134º

(Procuradoria)

A parte vencedora que tenha sido representada no processopor advogado constituído tem o direito de receber a títulode procuradoria, uma quantia que o tribunal deve fixarentre um quarto e metade da taxa do imposto de justiça

devida pela parte vencida.

Artigo 135º

(Honorários do defensor oficioso)

1. Os honorários dos advogados nomeados oficiosamentenos termos o artigo 26º são fixados pelo tribunal, ematenção à complexidade da causa, entre um terço da taxaaplicável, nos termos dos artigos 125º a 130º.

2. Os honorários aos advogados nomeados oficiosamente

são pagos pelo Cofre Geral da Justiça, entram em regra decustas, mas não ficam dependentes do pagamento destas.

Artigo 136º

(Preparos)

1. As acções derivadas de contratos administrativosaplicam-se, em matéria de preparos, as disposições doCódigo das Custas Judiciais, com as adaptações devidas esem prejuízo do que de especial se dispuser no presentediploma.

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2. Nos processos de impugnação de actos administrativos,as partes não isentas de custas pagam, na acção principal,nas execuções, nos recursos, nos processos de suspensãode eficácia dos actos e nos incidentes processadosautonomamente, um preparo equivalente a 20% da taxa de

imposto de justiça devido.3. Na reclamação a que se refere o artigo 87º, não sãodevidos preparos.

4. O prazo de pagamento dos preparos é de 10 dias, acontar da distribuição inicial ou da apresentação dearticulado, contestação, oposição, resposta ou alegação derecurso ou após a notificação do despacho que o ordene,salvo para as partes que residem fora da sede do tribunal,para quem o prazo é de 20 dias.

5. As cominações legais pela falta de pagamento dospreparos são as previstas no Código das Custas Judiciais.

Artigo 137º

(Prazo de elaboração da conta)

1. Quando haja lugar ao pagamento de custas no termo doprocesso ou do incidente, a conta deve ser elaborada noprazo de 15 dias.

2. O prazo é de 8 dias quando tenha de subir em recurso ede 3 dias, sempre que se trate de recurso interposto dedecisão proferida em processo de suspensão da eficácia.

3. No caso previsto na parte final do número anterior, oprocesso sob à conta, no prazo do artigo 102º n.º 1, se orecorrente estiver isento de custas ou proceder ao depósitoda quantia provável, fixada pelo juiz, das custas, os quaispodem, querendo, deduzir reclamação no prazo de 5 dias.

Artigo 138º

(Vista e notificação da conta reclamação)

1. Elaborada a conta, é dada vista ao Ministério Público enotificado o responsável pelo pagamento das custas, osquais podem, querendo, deduzir reclamação no prazo de 5dias.

2. O prazo de reclamação é de 24 horas, no caso previstona parte final do n.º 2 do artigo anterior.

Artigo 139º

(Decisão da reclamação)

1. A reclamação da conta é decidida pelo juiz ou pelorelator no prazo de 5 dias.

2. Da decisão do juiz cabe recurso, se o valor da dividaexceder a alçada do Tribunal e da decisão do relator caberecurso para a conferência.

Artigo 140º

(Pagamento voluntário)

1. Julgada a reclamação ou não tendo esta sido deduzida, oresponsável pelas custas deve pagá-las no prazo de 20 dias,a contar da notificação de despacho que a decidiu ou danotificação da conta, conforme for o caso.

2. Quando o responsável residir fora da sede do tribunal, oprazo é acrescido com a dilação de mais 20 dias.

Artigo 141º

(Execução por custas)

Esgotado o prazo para pagamento voluntário, sem que ascustas se mostrem pagas, é dada vista ao MinistérioPúblico para requerer a execução por custas, que corre porapenso ao processo principal, considerando-se desde logodevolvido ao exequente o direito de nomeação de bens àpenhora.

Artigo 142º

(Aplicação subsidiária do código das custas)

No que não estiver neste título são de aplicarsubsidiariamente as disposições do Código das CustasJudiciais em vigor, com as adaptações que se mostraremnecessárias.

TÍTULO IX

Disposições finais e transitórias

Artigo 143º

(Aplicação transitória de taxas)

Enquanto não for publicada a tabela a que se refere oartigo 125º, aplicam-se, a título transitório as taxas doimposto de justiça do Código das Custas Judiciaisaplicáveis aos processos correspondentes, equivalentes ousemelhantes aos previstos no presente diploma.

Artigo 144º

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(Resolução de dúvidas)

Compete ao Conselho de Ministros resolver, mediantedecreto, as dúvidas que se levantarem na interpretação dopresente diploma.

Artigo 145º

(Entrada em vigor)

Este diploma entra em vigor 30 dias depois da suapublicação no Diário da República.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros Publique-seLuanda, aos 2 de Agosto de 1995.

O Primeiro Ministro, Marcolino José Carlos Moco.

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

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Lei n.º 12/11 de 16 de Fevereiro

A nova dinâmica da actividade governativa do Executivoreclama, ao nível da administração local, novosinstrumentos para operacionalizar medidas que visamtransformar as zonas rurais e urbanas mais aprazíveis ao

convívio humano, através da sensibilização, mas sobretudoatravés das sanções por atitudes incorrectas.

A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nostermos da alínea t) do n.° 1 do artigo 165.°, conjugado coma alínea d) do n.° 2 do artigo 166.°, todos da Constituiçãoda República de Angola, a seguinte:

LEI DAS TRANSGRESSÕES ADMINISTRATIVAS

CAPÍTULO I

Objecto, Âmbito e Noção

ARTIGO 1.º

(Objecto)

A presente lei estabelece as bases gerais aplicáveis àstransgressões administrativas.

ARTIGO 2.º

(Âmbito)

Apresente lei é aplicável às transgressões administrativascometidas de forma individual ou colectiva por cidadãosou entidades colectivas públicas ou privadas.

ARTIGO 3.º

(Noção de transgressões administrativas)

1. São transgressões administrativas qualquer acção ouomissão, dolosa ou negligente, punível com multa, cujoresultado perturba ou venha a perturbar o ambiente, osossego, a ordem e a tranquilidade pública, a segurança depessoas e bens, a higiene e saúde pública, a ornamentaçãoe embelezamento de lugares públicos e privados, bemcomo a actividade administrativa das entidades públicas,não cumprindo as regras com esse fim estabelecidas.

2. Configura igualmente uma transgressão administrativa aacção ou omissão que perturba, de forma directa ouindirecta, a actividade administrativa das entidadespúblicas, o ordenamento da vida em sociedade, através dasregras previstas em leis ou regulamentos.

ARTIGO 4.º

(Princípio da legalidade)

Só é considerada e punida como transgressão o factodescrito e declarado passível de multa por acto normativoanterior ao momento da sua prática.

CAPÍTULO II

Modalidades de Transgressões Administrativas

ARTIGO 5.º

(Modalidades de transgressões administrativas)

1. As transgressões administrativas abrangem os actos eomissões:

a) que perturbem o sossego, a paz e a tranquilidade das

pessoas;b) que ponham em perigo, de forma directa ou indirecta, asaúde pública;

c) que atentem contra o meio ambiente e o ordenamento doterritório;

d) que ponham em perigo, de forma directa ou indirecta,presente ou futura, a segurança das pessoas, bens eactividade económica lícita;

e) que afectem a ornamentação e o embelezamento delugares públicos ou privados;

f) que por qualquer acto ou omissão perturbem acirculação rodoviária;

g) que perturbem a actividade administrativa do Estado edemais entidades no exercício de funções públicas.

2. Incumbe à Administração Central e Local do Estado e àAdministração Autárquica a regulamentação das condutaspor acção ou omissão que, atendendo a especificidade decada região ou localidade ou sector de actividade, sãoconsideradas como tal, nos termos e no espírito da presentelei.

3. A competência referida no número anterior nãoprejudica a delegação de poderes, nem o poderregulamentar da Administração Local do Estado e daAdministração Autárquica, exercidos pelos respectivosórgãos colegiais competentes.

4. Em qualquer dos casos de aprovação de regulamentosreferidos na presente lei, a Administração Central do

Estado conserva sempre a competência para, directamenteou através da homologação, fixar o valor das multas.

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ARTIGO 6.°

(Transgressões contra o sossego, a ordem e atranquilidade pública)

Perturba o sossego, a ordem e a tranquilidade pública e

comete uma transgressão aquele que, nomeadamente:

a) alterar a ordem nos espectáculos públicos, nosestabelecimentos hospitalares, educacionais ou comerciais,nos serviços e transportes públicos ou em outros locais deconcentração de pessoas;

b) realizar espectáculos sem devida autorização;

c) perturbar, com diferendos familiares ou sociais ou comruídos evitáveis o descanso, o sossego e a tranquilidadedas pessoas em geral e dos vizinhos em particular;

d) realizar festas, para além dos horários permitidos ou dascondições regulamentares ou expressamente autorizadaspelas autoridades competentes, ou que, por qualquerforma, provoquem ruído que pertube o descanso dosvizinhos;

e) proceder à venda de bens fora dos locais autorizados.

ARTIGO 7.°

(Transgressões contra a segurança de pessoas e bens)

Põe em perigo a segurança das pessoas e bens e cometeuma transgressão aquele que, nomeadamente:

a) tendo o encargo da vigilância de quaisquer animais ouos utilizar no seu próprio interesse, os deixar circular pelavia pública sem os adequados meios de protecção ou emdesrespeito de disposições legais regulamentares;

b) obstruir os locais de passagem ou a via pública epasseios com objectos que impeçam ou dificultem otrânsito das pessoas e veículos;

c) realizar trabalhos ou obras nas áreas comuns dosedifícios, sem a necessária autorização;

d) obstruir total ou parcialmente, com quaisquer objectos,as escadas, os corredores e as outras áreas comuns dosedifícios;

e) operar com equipamentos, instalações eléctricas,bombas de água, elevadores e bocas de incêndio dosprédios sem estar devidamente autorizado.

ARTIGO 8.°

(Transgressões contra a ornamentação e oembelezamento dos lugares públicos)

Põe em perigo a ornamentação e o embelezamento doslugares públicos e comete uma transgressão aquele que,nomeadamente:

a) cortar, arrancar, destruir ou danificar árvores, arbustos,flores ou plantas ornamentais de parques, jardins epasseios de interesse público ou uso colectivo;

b) não cumprir as regras estabelecidas sobre a conservaçãoexterior dos prédios;

c) construir ou modificar prédios urbanos, assim comoalterar significativamente a sua estrutura externa ou adisposição interna das respectivas divisões, semautorização das entidades competentes;

d) dar aos prédios ou casas, uso negligente e poucocuidadoso que importe a sua degradação;

e) executar obras em locais urbanizados, sem a devidaautorização, comprometendo a estética e o traçadoarquitectónico das cidades, vilas e povoações;

f) executar obras na via pública, nos passeios e exterioressem a devida autorização;

g) construir muros em desrespeito das regras estabelecidas

pelos regulamentos das edificações;

h) sujar estátuas, esculturas ou muros e colar nas paredes,cartazes e quaisquer outros impressos sem a devidaautorização ou em desrespeito aos regulamentos;

i) deteriorar, inutilizar ou sujar bancos ou quaisquer outrasinstalações existentes nas ruas, parques, passeios, jardins eoutros locais públicos ou de interesse colectivo.

ARTIGO 9.°

(Transgressões contra o ambiente e ordenamento doterritório)

Põe em perigo o meio ambiente e o ordenamento doterritório e comete transgressão administrativa todo aqueleque:

a) poluir o ambiente;

b) usar indevidamente os recursos naturais;

c) contribuir para emissão de poluentes e prejuízos à

qualidade de vida;

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d) atentar contra a biodiversidade ou a conservação,reprodução, qualidade e quantidade dos recursosbiológicos de actual ou potencial uso ou valor,especialmente os ameaçados de extinção;

e) proceder ao desmatamento de áreas não autorizadas;

f) utilização indevida da licença concedida para efeitos deexploração florestal;

g) colocar resíduos nos leitos dos rios, mar, lagos oulagoas;

h) proceder à ocupação de terrenos, sem a préviaautorização da autoridade competente.

ARTIGO 10.°

(Transgressões contra a higiene e a saúde pública)

Põe em perigo a higiene e a saúde pública e comete umatransgressão aquele que, nomeadamente:

a) depositar lixo ou outros resíduos fora dos locais ouhorários determinados para esse efeito;

b) despejar, guardar ou amontoar entulhos, lixo, águassujas, produtos poluentes ou outros resíduos, da mesma ousemelhante natureza, na via pública, pátios, jardinsinteriores, rios, praias, águas territoriais ou qualquer outro

lugar não apropriado;

c) mantiver, dentro de casas habitadas ou destinadas àhabitação, aves de capoeira, gado suíno, caprino ou outrosanimais que ponham em perigo as condições sanitárias dosrespectivos prédios;

d) mantiver em quintais ou instalações anexas a moradias,os animais referidos na alínea anterior sem as necessáriascondições de higiene e em violação dos regulamentos emvigor;

e) possuir, na casa de moradia, gatos ou cães sem asnecessárias condições de higiene;

f) tiver sob sua responsabilidade, dentro das cidades, vilasou povoações, locais em más condições de higiene;

g) não cumprir as regras de higiene relativas à habitação,às vias públicas e outros locais de interesse público oucolectivo;

h) não cumprir ou, por qualquer forma, levantar obstáculosao cumprimento das medidas sanitárias previstas para a

erradicação dos vectores de doença;

i) proceder à venda de bens alimentares sem as necessáriascondições de higiene;

j) proceder à fabricação, transporte e comercialização debebidas espirituosas, em locais não autorizados pelasentidades competentes;

k) proceder a enterramentos fora dos locais destinados aesse fim e a funerais, inumações, exumações outransladações em violação das normas regulamentares.

CAPÍTULO III

Responsabilidade dos Transgressores

ARTIGO 11.°

(Princípios gerais)

1. As pessoas singulares ou colectivas que, por acção ouomissão, cometam transgressões administrativas, ficamsujeitas ao pagamento de multas administrativas.

2. A responsabilidade por transgressões administrativas éindependente do processo-crime a que a acção ou omissãopossa dar lugar.

3. No caso das pessoas singulares, a responsabilidade pelopagamento da multa administrativa é solidária entre oscônjuges, sempre que se trate de transgressões

relacionadas, directa ou indirectamente, com a residênciade família.

4. Em caso de transgressões cometidas por menores ououtros incapazes que por qualquer anomalia careçam dedever de cuidado e de guarda dos pais ou representanteslegais, estes respondem pelo pagamento da respectivamulta.

5. As pessoas colectivas são solidariamente responsáveispelo pagamento das multas correspondentes àstransgressões administrativas cometidas pelos seus

trabalhadores, representantes ou comissários, sempre queestes agirem no interesse ou em nome daqueles, ainda quena falta de ordens e instruções expressas, sem prejuízo dodireito de regresso que o houver, nos termos gerais.

CAPÍTULO IV

Multas

ARTIGO 12.°

(Tipos de multas)

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Sem prejuízo de outros critérios decorrentes da natureza daactividade e definidos em regulamentos, as multas devemser fixadas por regulamentos, obedecem a seguintetipologia:

a) critério do sujeito que comete a transgressão:

i. multas aplicáveis a pessoas singulares;

ii. multas aplicáveis a pessoas colectivas.

b) critério da modalidade de transgressão:

i. multas por danos ambientais directos ou por meraviolação de regras sobre protecção do ambiente;

ii. multas por danos à saúde pública ou mera violação deregras sobre higiene e saúde pública;

iii. multas por violação de regras sobre ordenamento doterritório;

iv. multas por atentar, de forma directa ou indirecta, naforma consumada ou tentada, contra a segurança depessoas e bens;

v. multas por perturbação do sossego, paz e tranquilidadedas pessoas, por atentar contra o embelezamento e higienedas vias, bem como perturbação das actividadeseconómicas.

ARTIGO 13.°

(Valor das multas administrativas)

1. Os regulamentos devem proceder a uma graduação dasmultas, atendendo ao critério do sujeito e da modalidadeda transgressão, bem como aos respectivos tipos ousubtipos.

2. Salvo nos casos de multas especiais por sectores deactividade, os valores das multas a ser aprovado por

regulamentos da Administração Central do Estado devemser fixados com base nos seguintes limites mínimos emáximos do salário nacional:

a) para as transgressões cometidas por pessoas colectivas,a multa varia entre dois salários mínimos, como valor maisbaixo e trezentos salários mínimos, como valor mais alto;

b) para as transgressões cometidas por pessoas singulares,a multa varia entre 1/4 do salário mínimo como valor maisbaixo e 50 salários mínimos como valor mais alto.

ARTIGO 14.°

(Determinação da medida da multa)

1. Sem prejuízo de deixar margem de graduação para oaplicador da multa, os regulamentos que aprovam osvalores das multas devem fixar uma graduação dosmínimos e máximos atendendo a gravidade da

transgressão, da culpa, da capacidade económica do agentee do benefício económico que este retirou da prática datransgressão, bem como da natureza do bem violado, aforma consumada ou tentada.

2. Se o agente retirou da infracção um benefícioeconómico calculável superior ao limite máximo da multa,e não existirem outros meios de o eliminar, pode esteelevar-se até ao montante do benefício, não devendotodavia, a elevação exceder um terço do limite máximolegalmente estabelecido.

ARTIGO 15.°

(Multas especiais por sectores de actividade)

1. O disposto na presente lei não exclui a possibilidade deserem aprovados regulamentos específicos sobretransgressões administrativas e respectivas multas, combase no critério do sector de actividade, devendo osvalores oscilarem de acordo com actividade profissional,económica ou comercial desenvolvida, quer sobre a formade obras de construção civil, quer de trabalhos de

reparação em vias públicas ou edifícios privados.

2. Os valores das multas especiais por sectores deactividade devem ser calculados com base em factoresalternativos de ponderação que atendam o capital social dainstituição infractora, a média de lucros dos últimos cincoanos, o valor da empreitada objecto da sanção entre outroscritérios definidos em regulamentos com base nacapacidade económica da pessoa singular ou na pessoacolectiva que aconteceu a transgressão.

CAPÍTULO V

Aplicação e Execução das Multas por TransgressõesAdministrativas

ARTIGO 16.°

(Auto de notícia)

1. As autoridades policiais, de inspecção, de fiscalização eoutras autoridades públicas, logo que tomem conhecimentode qualquer prática que configure uma transgressãoadministrativa, devem lavrar auto de notícia.

2. O auto de notícia lavrado por autoridade pública é títulosuficiente para execução administrativa depois de esgotado

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o prazo para pagamento voluntário da dívida, sem prejuízodas garantias graciosas ou contenciosas que assistem aoautuado.

ARTIGO 17.°

(Competência para aplicar as multas)

As multas previstas na presente lei e desenvolvidas porregulamentos da administração, são aplicadas pelasautoridades administrativas centrais ou locais, com base nadistribuição de competências dos respectivos estatutos eregulamentos.

ARTIGO 18.°

(Prazo e forma de pagamento voluntário das multas)

1. O prazo para pagamento voluntário da multa é de trintadias, contados da data de notificação.

2. O agente pode mediante requerimento, dentro do prazode pagamento voluntário, solicitar a entidade competente opagamento da multa em prestações que são mensais e emnúmero nunca superior a seis.

ARTIGO 19.°

(Prescrição das transgressões)

1. As transgressões administrativas prescrevem no prazode 2 anos a contar da sua prática.

2. É imprescritível a transgressão administrativa sempreque se mantiverem os resultados ilícitos ou desconformesda actuação ilícita.

ARTIGO 20.°

(Tramitação e recursos gracioso e contencioso)

1. A tramitação iniciada com a notificação por transgressãoé o previsto nas Normas de Procedimento e da ActividadeAdministrativa.

2. Os recursos graciosos e contenciosos ficam sujeitos aostermos gerais do Direito Administrativo e do Direito doContencioso Administrativo.

ARTIGO 21.°

(Execução por dívidas de multas por transgressões)

Para efeitos da aplicação do previsto no presente artigo, éaplicado o regime de execução das multas administrativasestabelecidas pelo contencioso administrativo.

ARTIGO 22.°

(Apreensão de bens e venda em hasta pública)

1. Os órgãos, serviços, agentes públicos e demaisautoridades podem ordenar e proceder à apreensão de bens

de pessoas singulares ou colectivas com dívidas por multasresultante de transgressões administrativas.

2. Os bens apreendidos são mantidos à guarda pública ouprivada, no prazo de trinta dias, prorrogável uma vez emmetade daquele tempo, findo o qual é o processo remetidoà execução.

3. A execução é promovida pelo representante doMinistério Público junto do tribunal competente.

4. Quando a execução tiver por base uma decisão da

autoridade administrativa, esta remete os autos aorepresentante do Ministério Público competente parapromover a execução.

5. O disposto neste artigo aplica-se, com as necessáriasadaptações, às demais sanções, salvo quanto aos termos daexecução, aos quais é aplicável o disposto sobre aexecução de penas acessórias em processo criminal oucontravencional.

ARTIGO 23.°

(Regime subsidiário)

São aplicáveis subsidiariamente, com as necessáriasadaptações, os seguintes diplomas:

a) Lei n.° 2/94, de 14 de Janeiro;

b) Decreto-Lei n.° 4-A/96, de 5 de Abril;

c) Normas do Procedimento e da ActividadeAdministrativa contidas no Decreto-Lei n.° 16-A/95, de 15de Dezembro;

d) Código do Processo Penal.

ARTIGO 24.°

(Revogação)

É revogada a Lei n.° 10/87, de 26 de Setembro e toda alegislação que contraria o disposto na presente lei.

ARTIGO 25.°

(Dúvidas e omissões)

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As dúvidas e omissões resultantes da interpretação eaplicação da presente lei são resolvidas pela AssembleiaNacional.

ARTIGO 26.°

(Entrada em vigor)

A presente lei entra em vigor 90 dias após a suapublicação.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,aos 19 de Janeiro de 2011.

O Presidente da Assembleia Nacional, António PauloKassoma.

Promulgada aos 10 de Fevereiro de 2011.

Publique-se.

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOSSANTOS.

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Lei n.º 8/96 de 19 de Abril

A Lei n.º 2/94, de 14 de Janeiro veio permitir aimpugnação contenciosa dos actos administrativos feridosde ilegalidade.

Há entretanto, necessidade de, no âmbito do contenciosoadministrativo, acautelar interesses legítimos, quer doscidadãos e outras entidade privadas, quer do Estado, queaquela lei não chegou a tutelar.

É o caso da suspensão de eficácia dos actosadministrativos impugnados contenciosamente, medida

justa e justificável sempre que da execução possamresultar prejuízos de difícil reparação e a suspensão nãodeterminar a lesão grave para o interesse do Estado.

O mesmo se diga das situações em que a execuçãoimediata das decisões judiciais transitadas em julgadoacarreta prejuízos consideráveis à Administração Pública ea execução tem de ser suspensa e sobretudo, daquelas emque o Estado não pode mesmo executá-las ou por aexecução material ser impossível ou por outras razõesespeciais, igualmente ponderosas e atendíveis.

Mas não dando, em tais casos, o Estado execução àsdecisões do tribunal, é justo que indemnize os interessadospelos prejuízos que a inexecução de tais decisões venha acausar-lhes.

Assim, considerando as razões descritas.

Nestes termos e ao abrigo da alínea b) do artigo 88.º da LeiConstitucional, a Assembleia Nacional aprova a seguintelei:

LEI DA SUSPENSÃO DA EFICÁCIA DOS ACTOSADMINISTRATIVOS

Artigo 1.º

(Suspensão da eficácia dos actos administrativos)

1. A eficácia dos actos administrativos impugnáveis porvia contenciosa pode ser suspensa a requerimento dosinteressados, como acto prévio à interposição de recursocontencioso ou juntamente com a interposição desserecurso.

2. A suspensão requerida só pode ser concedida quando:

a. Existir séria probabilidade de a execução do acto causar prejuízo irreparável ou de difícil reparação ao interessado;

b. Não resultar da suspensão grave lesão de interessepúblico.

Artigo 2.º(Suspensão da execução da decisão judicial)

1. Quando a imediata execução de uma decisão judicialtransitada em julgado, proferida em matéria de contenciosoadministrativo, for susceptível de causar prejuízo grave

para o Estado, pode o órgão da administração ou a pessoacolectiva de direito público a quem caiba executá-larequerer ao tribunal a suspensão da sua execução, por umperíodo máximo de seis meses.

2. Na disposição do número anterior não se incluem asdecisões judiciais que condenem no pagamento de umaquantia em dinheiro.

Artigo 3.º

(Inexecução da decisão judicial)

1. A inexecução da decisão judicial transitada em julgadoproferida em matéria de contencioso administrativo, podeser pedida ao tribunal que a proferiu, sempre que severificar qualquer um dos seguintes fundamentos; a. Ser

impossível a execução; b. Existir grave prejuízo para o

interesse público; c. Existirem circunstâncias de ordem,

segurança e tranquilidade pública que obstem à execução;

2. Aplica-se ao pedido de inexecução o disposto no n.º 2do artigo anterior.

Artigo 4.º(Indemnização em caso de inexecução)

1. Quando, tratando-se de decisão judicial que nãocondene no pagamento de uma quantia em dinheiro, oórgão do Estado ou a pessoa colectiva de direito público,para tanto rectificada pelo tribunal, não executar a decisão

judicial, o Estado constitui-se na obrigação de indemnizaro interessado pelos prejuízos que lhes causar.

2. O disposto no número anterior é igualmente aplicável

nos casos em que o tribunal declarar a inexecuçãorequerida nos termos do n.º 1 do artigo 3.º.

3. O pedido de indemnização contra o Estado deve serformulado, sob pena de caducidade no prazo de dois anos acontar da notificação do tribunal a ordenar a execução dadecisão judicial, transitada em julgado.

Artigo 5.º

(Liquidação da Indemnização)

Na liquidação da indemnização devem ser considerados,além dos prejuízos resultantes da inexecução da decisão judicial, os juros devidos e as custas e encargos judiciais.

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Artigo 6.º

(Dúvidas e Omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação eaplicação da presente lei, são resolvidas pela Assembleia

Nacional.

Artigo 7.º

(Regulamentação)

A presente lei deve ser regulamentada pelo Governo noprazo de 90 dias após a sua publicação.

Artigo 8.º

(Entrada em vigor)

A presente lei entra em vigor à data da sua publicação.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional.

Publique-se.

Luanda, aos 6 de Dezembro de 1995.

O Presidente da Assembleia Nacional em exercício,Lázaro Manuel Dias.

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOSSANTOS.