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Curso Gratuito Hídricos Recursos

Carga horária: 60hs

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Conteúdo:

Gestão Ambiental ................................................................................................. Pág. 8

O que é gestão ambiental? .................................................................................. Pág. 8

Visão Geral .......................................................................................................... Pág. 11

Políticas ambientais ............................................................................................. Pág. 13

Setores e estratégias ........................................................................................... Pág. 17

Recursos Hídricos ................................................................................................ Pág. 26

O que são recursos hídricos? .............................................................................. Pág. 27

Situação Atual ...................................................................................................... Pág. 33

Monitoramento das águas brasileiras .................................................................. Pág. 34

A água .................................................................................................................. Pág. 50

Educação Ambiental ............................................................................................ Pág. 69

Educação e o meio ambiente ............................................................................... Pág. 70

Políticas de Meio Ambiente .................................................................................. Pág. 71

O que são aqüíferos? ........................................................................................... Pág. 79

Bibliografia........................................................................................................... Pág. 88

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Unidade 1 – Gestão Ambiental

1.1 - O que é gestão ambiental? A Comissão Mundial do Ambiente e Desenvolvimento iniciou uma

"campanha" de importância da proteção do meio ambiente, em 1987. A sustentabilidade começou a ter atenção a partir desse momento.

Para ter essa responsabilidade como algo a ser seguido, foi criada a

Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. É composta de 16 princípios relativos à gestão do ambiente, ressaltando os aspectos de importância vital para a sustentabilidade e gestão do meio-ambiente.

A divulgação dessa Carta foi em 1991 por ocasião da Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre a Gestão do Ambiente. De acordo com a Carta Empresarial, as organizações precisam distinguir claramente o que é a necessidade de um objetivo comum. Como resultado imediato fica o entendimento de que proteção ambiental não é obstáculo e nem representa antagonismo com o desenvolvimento econômico.

No livro Gestão Ambiental: enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável está explícito como funciona o esquema de gestão ambiental.

Fazer atuar as forças de mercado para proteger e melhorar a qualidade do ambiente, com a ajuda de padrões com base no desempenho e no uso judicial de instrumentos econômicos, em um contexto harmonioso de regulamentação é um dos maiores desafios que o mundo enfrentará na próxima década.

O relatório publicado em 1987, expressa o mesmo desafio e apela para a cooperação das organizações para enfrentá-lo.

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Prioridade na organização

A prioridade na organização é reconhecer a gestão do ambiente como uma das principais prioridades na organização e como fator determinante do desenvolvimento sustentável; estabelecer políticas, programas e procedimentos para conduzir as atividades de modo ambientalmente seguro. Gestão integrada

A gestão ambiental visa integrar plenamente, em cada empresa, essas políticas, programas e procedimentos como elemento essencial de gestão, em todos os seus domínios. Processo de aperfeiçoamento

Este processo objetiva aperfeiçoar continuamente as políticas, os programas e o desempenho ambiental das empresas, levando em conta o desenvolvimento técnico, o conhecimento científico, os requisitos dos consumidores e as expectativas da comunidade, tendo como ponto de partida a regulamentação em vigor; e aplicar os mesmos critérios ambientais no plano internacional. Formação de pessoal

A formação de pessoal tem por finalidade formar, treinar e motivar os recursos humanos para desempenhar suas atividades de maneira responsável diante do ambiente. Avaliação prévia

Esta avaliação analisa os impactos ambientais antes de iniciar nova atividade ou projeto e antes de desativar uma instalação ou abandonar um local. Produtos e serviços

Este tópico estabelece procedimentos para desenvolver e fornecer produtos ou serviços que não produzam impacto sobre o ambiente e que sejam seguros em sua utilização prevista, que apresentem o melhor rendimento em termos de consumo de energia e recursos naturais, que possam ser reciclados, reutilizados ou cuja disposição (deposição) final não seja perigosa.

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Conselho de consumidores

Tais instituições visam aconselhar e, em casos relevantes, propiciar a necessária formação aos consumidores, aos distribuidores e ao público quanto aos aspectos de segurança a considerar na utilização, no transporte, na armazenagem e na disposição (eliminação) dos produtos fornecidos; e aplicar considerações análogas à prestação de serviços. Instalações e atividades

Este tópico determina procedimentos para desenvolver, projetar e operar instalações tendo em vista a eficiência no consumo de energia e materiais, a utilização sustentável dos recursos renováveis, a minimização dos impactos ambientais adversos e da produção de rejeitos (resíduos), assim como o tratamento ou disposição (deposição) final desses resíduos de forma segura e responsável. Investigações (pesquisas)

Este processo visa realizar ou patrocinar investigações (pesquisas) sobre os impactos ambientais das matérias-primas, dos produtos, dos processos, das emissões e dos resíduos associados às atividades da empresa e sobre os meios de minimizar tais impactos adversos. Medidas preventivas

As medidas preventivas procuram adequar a fabricação, a comercialização, a utilização de produtos ou serviços ou a condução de atividades em harmonia com os conhecimentos científicos e técnicos, a fim de evitar a degradação grave ou irreversível do ambiente. Empreiteiros e fornecedores

Este tópico determina a forma para promover a adoção desses princípios pelos empreiteiros contratados pela empresa, encorajando e, em casos apropriados, exigindo a melhoria de seus procedimentos de modo compatível com aqueles em vigor na empresa; e encorajar a mais ampla adição desses princípios pelos fornecedores. Planos de emergência

Planos de emergência procuram estabelecer procedimentos para desenvolver e manter, nos casos em que haja risco significativo, planos de ação para situações de emergência, em coordenação com os serviços

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especializados, as principais autoridades e a comunidade local, tendo em conta os possíveis impactos significativos. Transferência de tecnologia

Este tópico estabelece formas para contribuir para a transparência de tecnologia e métodos de gestão que respeitem o ambiente, tanto nos setores industriais como nos de administração pública. Contribuição para o esforço comum

A contribuição para o esforço comum procura estabelecer procedimentos para o desenvolvimento de políticas, de programas empresariais, governamentais e intergovernamentais, assim como de iniciativas educacionais que valorizem a consciência e a proteção ambiental. Abertura ao diálogo

Este tópico procura definir a forma de promover a abertura ao diálogo com o pessoal da empresa e com o público, em antecipação e respostas às respectivas preocupações quanto ao risco e aos impactos potenciais das atividades, de produtos de rejeitos (resíduos) e serviços, incluindo aqueles de significado relevante ou global. Cumprimento de regulamentos e informações

Neste item procura-se definir procedimentos para aferir o desempenho das ações sobre o ambiente, proceder regularmente a auditorias ambientais e avaliar o cumprimento das exigências internas da empresa, dos requisitos legais e desses princípios; e periodicamente fornecer as informações pertinentes ao conselho de administração, aos acionistas, ao pessoal, às autoridades e ao público.

1.2 – Visão geral

A visão geral que se tem da gestão ambiental é de que uma

organização comercial é um organismo vivo. Ou seja, um agrupamento humano em interação, que tem o poder de fazer uma construção social da realidade.

Isso propicia a sobrevivência como unidade. O ambiente em que o indivíduo se desenvolve, podendo se extinguir, caso não se adeque, ou

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mantiver sua sobrevivência, se conseguir compreender o ambiente, é um dos fatores primordiais para o desenvolvimento do indivíduo.

Para Rui Otávio Bernardes de Andrade, especialista em gestão ambiental, quando um grupo social e, por analogia uma organização empresarial, atinge esse nível de criação de uma interpretação própria de sua relação com o meio ambiente externo, que é introjetada com uma estruturação interna correspondente, passa a usufruir de uma identidade empresarial.

Essa identidade própria como empresa tem como principal elemento de influência, portanto, o ambiente externo, inclusive o conhecido mercado, que atua de forma contingente às atividades de uma organização.

Segundo Hall, um dos mais conceituados especialistas em gestão ambiental, uma organização é uma coletividade com fronteira relativamente identificável, uma ordem normativa, escalas de autoridade, sistemas de comunicações e sistemas de coordenação de afiliação: essa coletividade existe em uma base relativamente contínua em um ambiente e se engaja em atividades que estão relacionadas, usualmente, com um conjunto de objetivos.

Ainda consoante, as organizações reivindicaram um domínio ou mercado, que se constitui em uma dimensão relativa ao grau em que essas reivindicações são reconhecidas ou questionadas por terceiros, como órgãos governamentais.

Quando todas as partes interessadas concordam em que determinada organização tenha o direito e a obrigação de operar de uma dada maneira em uma área específica, há um consenso de domínio.

Essa é a dimensão que indica as fronteiras ou o território

organizacional.

É evidente que a própria natureza da empresa privada envolve a divergência de opiniões ou de interesses quanto ao domínio. É patente, ainda, que muitas empresas buscam chegar ao consenso fazendo com que uma legislação ou regulamentação protetora seja aprovada em seu benefício. As cotas e as tarifas de importação são exemplos disso.

Nas organizações do setor público há atritos por domínios à medida que novas entidades são criadas, tanto governamentais como privadas, resultado da desestatização, ameaçando a existência dos participantes mais antigos em determinado setor estatal.

Explicitando de outra maneira, pode-se dizer que nenhuma organização existe no vácuo ou que seja uma ilha em si mesma. O ambiente externo é composto por forças e agentes controláveis e não controláveis que têm impacto nos mercados e na estratégia empresarial da organização.

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Esse contexto externo pode ser distinguido em termos de microambiente e macroambiente da empresa. O microambiente consiste nos agentes do ambiente imediato da empresa que afetam sua capacidade de atender seus mercados.

Ou seja, é o conjunto de agentes, entidades e relações que estão

próximos, mas fora do âmbito interno da organização, cuja atuação influencia o meio ambiente, assim como é fortemente influenciada por ele, quais sejam: os fornecedores de recursos (humanos, financeiros, materiais e tecnológicos); os intermediários de mercado; os clientes; os concorrentes; e o público em geral.

Conceitualmente, pode-se dizer que a empresa na busca do alcance de sua missão procura juntar-se a um conjunto de fornecedores e de intermediários a fim de alcançar seus mercados-alvo.

Por mercado entende-se o conjunto de agentes com demanda por um grupo de produtos que são substitutos próximos entre si.

A cadeia fornecedores/empresa/intermediários de mercado/clientes finais compõe a essência do ciclo de processos de agregação de valores na formação do(s) produto(s) da organização.

A sobrevivência da empresa será afetada, ainda, por dois grupos adicionais, de concorrentes e de públicos. O microambiente constitui em essência o setor econômico ou indústria, que serve de base para a estruturação dos conceitos e conclusões.

1.3 – Políticas ambientais Assim que uma empresa se empenha para iniciar políticas

ambientais, é preciso que as intenções e o planejamento com relação a isso sejam bastante claros.

Takeshy Tachizawa, atualmente contribui para a Escola Superior de Sustentabilidade, afirma que se não houver uma clara definição do negócio em que a empresa se insere, com certeza não se poderá gerenciar efetivamente a organização, sob a observância dos princípios de gestão ambiental em seus diferentes níveis decisórios.

Sem a orientação de uma estratégia empresarial clara e por decorrência de uma estratégia ambiental específica, não se pode ter certeza da adequada alocação de recursos, de gerenciamento dos processos críticos de negócios e de recompensa do desempenho esperado.

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Dados recentes evidenciam que a tendência de preservação ambiental e ecológica por parte das organizações deve continuar de forma permanente e definitiva e os resultados econômicos passam a depender cada vez mais de decisões empresariais que levem em conta que:

- Não há conflitos entre a lucratividade e a questão ambiental; - O movimento ambientalista cresce em escala mundial; - Clientes e comunidade em geral passam a valorizar cada vez mais a

proteção do meio ambiente; - A demanda e, portanto, o faturamento das empresas passam a

sofrer cada vez mais pressões e a depender diretamente do comportamento de consumidores que enfatizarão suas preferências por produtos e organizações ecologicamente corretas.

No núcleo do desenvolvimento da estratégia empresarial, encontram-se quatro elementos:

1. Produtos a seres ofertados - "o quê"; 2. Clientes e mercados - "para quem"; 3. Vantagens sobre a concorrência - "por que" 4. Prioridades de produtos e mercados - "onde"

Como elemento de implementação da estratégia corporativa, tem-se o

conjunto integrado de estrutura, sistemas e recursos humanos.

Quando se trata de empresa, sempre se pensa em uma organização social com objetivos próprios e motivação econômica deliberada. Isso significa que na maioria das empresas pode ser identificado um conjunto de objetivos ou propósitos, seja de forma explícita, como parte do plano de negócios da empresa, seja de forma implícita, por meio da análise de sua história e das motivações individuais das principais pessoas que nela trabalham.

Tradicionalmente, a medida de sucesso em uma empresa tem sido o lucro; entretanto, qualquer que seja o modo de mensuração e por mais variável que ele seja, pode-se atribuir um conjunto de objetivos a cada empresa e esse é o principal marco de referência para o processo decisório.

A segunda característica importante e essencial para a compreensão da tomada de decisões é a de que a empresa procura atingir seus objetivos por meio do lucro e, mais especificamente, por meio de conversão de seus recursos em produtos, daí obtendo um retorno sobre esses recursos com a sua venda aos clientes.

Há três tipos básicos de recursos: físicos, monetários e humanos. Tais recursos são consumidos no processo de conversão, no qual a sobrevivência da empresa depende do lucro, que, obtido e reaplicado para a geração de lucros futuros, assegura a reposição desses insumos produtivos.

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É justamente no sentido de assegurar a sobrevivência da empresa que se define a estratégia interna de planejamento organizacional, alinhado às estratégias empresariais e ambientais, que é "quem" e "como" as decisões serão implementadas para a consecução da finalidade maior da empresa.

Para esse efeito, a estratégia de planejamento organizacional deve contemplar a questão de gestão dos assuntos ambientais com a criação de órgãos próprios ou de programas que envolvam todas as áreas funcionais da organização e estar voltada para:

- Estabelecer a configuração organizacional no sentido de identificar as tarefas que precisam ser desempenhadas, de agrupar as tarefas em funções que possam ser adequadamente desempenhadas e atribuir sua responsabilidade a pessoas/grupos;

- Proporcionar informações para efeito de tomada de decisões, bem como medidas de desempenho que sejam compatíveis com objetivos e metas de qualidade;

- Proporcionar os recursos humanos necessários ao desempenho e

alcance dos objetivos corporativos e das metas de qualidade; - Implementar as tecnologias de gestão administrativa; - Definir os processos na dimensão horizontal da estrutura. A estratégia competitiva, na visão dos autores, se compõe de:

elementos estratégicos genéricos e elementos estratégicos específicos a cada organização.

Nesse sentido, o modelo de formação de estratégia competitiva

separa os elementos estratégicos genéricos, possíveis de serem aplicados a todas as empresas de determinado setor econômico, daqueles elementos estratégicos específicos e singulares a cada organização.

Elementos estratégicos genéricos (empresariais + ambientais) +

Elementos estratégicos específicos = Estratégia singular a cada organização De fato, existem estratégias que são comuns a todas as empresas de

determinado bloco ou conjunto de organizações pertencentes a um mesmo setor econômico.

Por exemplo, o setor da economia composto pelo conjunto de

empresas dos tipos: química e petroquímica; papel e celulose; telecomunicações; e cimento.

É esse um setor que abrange poucas organizações e em que o

comportamento e o desempenho de uma tem reflexo direto sobre as demais.

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Dessa forma, há elementos estratégicos genéricos, normalmente identificáveis em todas as organizações desse mesmo setor, os quais são:

- Produtos normalmente homogêneos cuja diferenciação se dá no

nível da qualidade e das especificações técnicas; - Elevado grau de concentração, com poucas empresas responsáveis

por grande parcela do mercado; - Altíssima exigência de capital e recursos financeiros para entrada no

setor; - Empresas já instaladas detêm certo controle sobre a tecnologia

empregada no setor e têm acesso direto às fontes de matérias-primas; - Competição via preços não é comum, pois certas empresas líderes

do setor induzem as demais à fixação de preços. No entanto, há elementos estratégicos específicos, particulares /

singulares, que variam em função de crenças, valores e estilo de gestão que são singulares a cada organização.

A presente obra, portanto, procurou abordar apenas os elementos

estratégicos genéricos e aquilo que diz às estratégias ambientais genéricas passíveis de serem adotadas pelas organizações em função do setor econômico que pertençam.

As estratégias ambientais/ecológicas a serem adotadas pelas

organizações devem estar voltadas ao desempenho empresarial em relação ao meio ambiente.

A variável ambiental, gerada pelas transformações culturais ocorridas

no passado, adquiriu extrema importância em direção à proteção e preservação ambiental como valor fundamental do novo ser humano e da organização dos novos tempos.

As questões de desenvolvimento sustentável deixaram de ser um

mero controle da poluição, passando a ser controle ambiental integrado às práticas e aos processos produtivos das organizações.

No futuro, as questões relativas à preservação do meio ambiente

deixarão de ser uma preocupação meramente legal, para evoluir para uma situação empresarial em que as decorrências ambientais e ecológicas passem a significar posições competitivas que ditarão a própria sobrevivência da organização em seu mercado de atuação.

Quanto à análise das características do negócio da empresa, segundo

Tachizawa e Scaico, que resultam nos elementos estratégicos genéricos, entre eles os ambientais e ecológicos e que se inserem na própria estratégia empresarial da organização.

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1.4 – Setores e estratégias A essência da formulação de uma estratégia empresarial é relacionar

uma empresa a seu meio ambiente, identificando assim, seus elementos estratégicos genéricos.

Embora o meio ambiente relevante seja muito amplo, abrangendo

tanto forças sociais como econômicas e ambientais, o aspecto principal do meio ambiente da empresa é a indústria ou as indústrias com que ela compete.

A estrutura industrial tem uma forte influência potencialmente

disponível para a empresa. Forças externas à indústria são significativas principalmente em

sentido relativo, uma vez que tais forças, em geral, afetam todas as empresas na indústria, cujo ponto básico se encontra nas diferentes habilidades das empresas em lidar com elas.

Por exemplo, o rápido desenvolvimento tecnológico, que tornou

inviável modernizar a organização em todos os elos da cadeia produtiva, o requisito qualidade e a necessidade cada vez maior de certificação por meio das normas favoreceram enormemente a terceirização.

A estratégia competitiva sinaliza o desenvolvimento da configuração

organizacional, dos sistemas de informação e dos recursos humanos necessários para atingir os objetivos empresariais.

Sinaliza, ainda, o tipo de estratégia ambiental a ser adotada pela

organização. A estratégia competitiva de cada empresa se compõe de: - Elementos estratégicos genéricos; - Elementos estratégicos contingenciais, que são função direta da

conjuntura particular de cada empresa. Os elementos estratégicos genéricos, na forma proposta nesta obra,

constituem o fator fundamental para a identificação dos processos-chave de uma organização.

Tais elementos estratégicos genéricos, entre eles os relativos a

impactos ambientais (classificados em extremo, forte, regular e fraco impacto), poder ser delineados de acordo com o agrupamento das empresas por setor econômico ou ramo de negócios.

Estratégias empresariais; ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor econômico concentrado

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No setor econômico relativo à indústria altamente concentrada são encontradas empresas (cimento, química/petroquímica, ferroviário, construção pesada, papel e celulose, fertilizantes, hidrelétricas entre outras) que, em face de características inerentes a seu processo produtivo, estão sujeitas a produzir impactos ambientais de extrema intensidade.

Essas organizações, de acordo com a estrutura de mercado no qual

se inserem, podem se posicionar em função dos seguintes elementos estratégicos intrínsecos (e não contingenciais):

- Integração vertical com os fornecedores, em busca de posse de

fontes de matérias-primas ou integração com o cliente, via canais de comercialização próprios, com significativa otimização de seus custos, viável de se obter em ambos os processos;

- Ampliação da capacidade produtiva, aumentando sua base instalada

e antecipando potenciais crescimentos de mercado (capacidade ociosa pré-planejada que oferece obstáculos à entrada de potenciais concorrentes);

- Melhoria da qualidade do produto, pesquisas e desenvolvimento de

produtos, assim como aperfeiçoamento dos processos produtivos e de sua base tecnológica instalada;

- Aperfeiçoamento de seu processo produtivo de modo a torná-lo

ambientalmente favorável; - Concessão de prazos e condições propícias de vendas,

financiamentos diretos ou por meio de instituições específicas; - Acordos sobre encomendas com outras empresas congêneres da

indústria podem significar volumes financeiros expressivos, evitando a degradação dos preços, coordenados e induzidos pela empresa-líder e consensualmente fixados no setor;

- Ênfase na redução dos custos de produção, cujos elementos fixos

representam parcela significativa na estrutura dos custos totais da organização;

- Automação industrial compatível com a exigência ambiental interna

de eliminação de atividades insalubres e de alta periculosidade a ser empregados.

As organizações pertencentes a esse setor econômico devem

estabelecer suas estratégias ambientais visando à: - Minimização de impactos danosos ao meio ambiente, tanto presente

como futuros;

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- Eliminação de questões legais com o governo em suas diferentes esferas, adotando estratégia ambiental, portanto, de estrita observância à legislação vigente;

- Redução de dispêndios com insumos produtivos (matérias-primas,

consumo de energia, serviços contratados) por meio da racionalização de seus métodos operacionais aplicados às fontes de suprimento;

- Eliminação de efeitos ambientais indesejáveis provocados pela

geração de resíduos e sucatas, por meio de adoção de instalações e equipamentos de tratamento e eliminação desses elementos no ambiente;

- Maior interação com a comunidade, visando preservar a imagem da

organização em bom conceito, em face das crescentes preocupações preservacionistas por parte dos membros da sociedade.

Estratégias Empresariais / Ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor econômico semiconcentrado

O setor de baixo grau de concentração ou de indústria

semiconcentrada de empresas com produtos relativamente homogêneos, na forma de bens de consumo não duráveis (alimentos, têxtil, confecções, metalurgia, plásticos e borracha, madeira e móveis), se caracteriza pela existência de impactos ao meio ambiente em caráter elevado.

Pode induzir um posicionamento estratégico genérico, efetivado por

meio de estratégias empresariais como um todo e estratégias ambientais em particular como:

- Modernização dos canais de distribuição, incluindo rede de

revendedores próprios ou exclusivos; - Implementação de sistemas de franquias, estabelecendo parcerias

com clientes intermediários; - Integração vertical com clientes intermediários e clientes finais; - Ênfase na competição via preços, que nestes ramos de negócios

assumem maior importância comparativamente a outras estruturas de mercado;

- Automação industrial compatível com a exigência ambiental interna

de eliminação de atividades insalubres e de alta periculosidade a seus empregados.

As organizações pertencentes a esse setor econômico devem

estabelecer suas estratégias ambientais visando à:

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- Eliminação de questões legais com o governo em suas diferentes

esferas, adotando estratégia ambiental, portanto, de estrita observância à legislação vigente;

- Redução de dispêndios com insumos produtivos (matérias-primas,

consumo de energia, serviços contratados) mediante racionalização por meio de seus métodos operacionais aplicados às fontes de suprimentos;

- Criação e aprimoramento de seus processos produtivos, com a

eliminação/redução de perdas e geração de resíduos ao longo da cadeia de agregação de valores;

- Eliminação, criação e/ou aperfeiçoamento de produtos a serem

ofertados ao mercado, dentro do contexto das questões ambientais e ecológicas, que criam uma demanda cada vez mais exigente;

- Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano

intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com acidentes e doenças profissionais das mais diferentes situações.

Estratégias empresariais / ambientais relativas às organizações

pertencentes ao setor econômico misto Já no setor de bens de consumo duráveis ou da indústria de

empresas mistas (do tipo automobilístico, eletroeletrônico), podem ser delineados determinados elementos estratégicos a serem adotados no posicionamento das organizações do setor, conforme discriminados a seguir:

- Diferenciação de produtos por meio de grande número de modelos,

bem como adoção de constantes modificações nos desenhos e características físicas dos modelos;

- Alteração no mix de produtos a ser ofertado a seus clientes, visando

apresentá-los à comunidade como produtos / serviços ambientalmente/ecologicamente favoráveis;

- Segmentação de mercado, com adoção de modelos diferenciados

por classes econômicas; - Financiamento aos clientes por meio de estrutura própria ou de

entidades financeiras especiais; - Ênfase na prestação de serviços aos clientes, que implica controle

direto ou indireto sobre a rede de distribuição, revenda e assistência técnica;

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- Inovação tecnológica constante com expressivos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, amortizando-os em amplos mercados.

As organizações pertencentes a esse setor econômico devem

estabelecer suas estratégias ambientais visando à: - Eliminação de questões legais com o governo em suas diferentes

esferas adotando estratégia ambiental, portanto, de estrita observância à legislação vigente;

- Redução de dispêndios com insumos produtivos (matérias-primas,

consumo de energia, serviços contratados) por meio da racionalização de seus métodos operacionais aplicados às fontes de suprimentos;

- Criação e aprimoramento de seus processos produtivos, com a

eliminação/redução de perdas e gerações de resíduos ao longo da cadeia de agregação de valores;

- Eliminação, criação e/ou aperfeiçoamento de produtos a serem

ofertados ao mercado, dentro do contexto das questões ambientais e ecológicas, que criam uma demanda cada vez mais exigente;

- Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano

intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com tais eventos.

Estratégias empresariais / ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor econômico de empresas diferenciadas O setor econômico de empresas diferenciadas tem para suas

organizações (do gênero farmacêutico, de bebidas e fumo, de higiene e limpeza), as quais se caracterizam por gerar impactos ambientais moderados, certos elementos estratégicos que podem ser adotados em sua postura diante do mercado, os quais são:

- Investimentos em publicidade e propaganda, em face da

necessidade de prolongar o ciclo de vida relativamente curto de seus produtos; de preservar a lealdade que é devida à diferenciação não sustentada por base objetiva e apoiada em maciça publicidade, promoção e propaganda;

- Lançamento de novos produtos, obtidos por meio de investimentos

em pesquisa e desenvolvimento, tendo em vista fazer frente à concorrência, inclusive para a preparação de novos produtos a serem lançados quando a conjuntura assim o permitir ou em função de mudanças ocorridas no mercado;

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- Introdução de várias marcas, que competem dentro do próprio

composto de produtos da empresa; - Aceleração do lançamento de novos produtos quando a capacidade

de produção instalada ou potencial for maior que a demanda, assim como redução dos gastos com pesquisa e desenvolvimento, e de lançamento de produtos quando a demanda for maior que a capacidade de produção;

- Alteração no composto de produtos a serem ofertados a seus

clientes, que visa apresentá-los à comunidade como produtos/serviços ambientalmente/ecologicamente favoráveis;

- Segmentação do mercado com faixas diferenciadas, bem como

ajustes entre oferta e demanda, por meio da administração dos estoques e dos prazos dos pedidos em carteira;

- Permanente monitoramento do mercado em face da possibilidade de

novos ingressantes em potencial, assim como tentativa de evitar eventuais motivações de novos concorrentes por meio de políticas de preços.

As organizações pertencentes a esse setor econômico devem

estabelecer suas estratégias ambientais visando à: - Eliminação, criação e/ou aperfeiçoamento de produtos a serem

ofertados ao mercado, dentro do contexto das questões ambientais e ecológicas, que criam uma demanda cada vez mais exigente;

- Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano

intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com tais eventos;

- Criação e aprimoramento de seus produtos, com a

eliminação/redução de perdas e geração de resíduos ao longo da cadeia de agregação de valores;

- Preservação de sua planta fabril, para minimização de dispêndios

com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações e equipamentos, que variam em função direta da maior ou menor exposição a riscos ambientais;

- Redução no uso de insumos e materiais aplicados em suas

atividades produtivas (redução no consumo de embalagens, por exemplo).

Estratégias empresariais/ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor econômico de empresas competitivas

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O setor econômico de empresas competitivas é composto por

organizações que produzem baixos impactos ambientais. Por isso, a questão de definir estratégias ambientais/ecológicas é de moderada importância nessa área.

Esse setor possibilita que as empresas com maior produtividade

ganhem participação em detrimento daquelas menos eficazes. As empresas pertencentes à categoria de indústria competitiva e que se caracterizam por alguns segmentos de alta densidade de conhecimento e de capital, como a indústria de autopeças têm a possibilidade de adoção de medidas estratégicas, como:

- Competição básica, via preços, com certeza de ampliação de sua

participação no market share; - Associação com capitais de entidades nacional e do exterior e

abertura de capital em direção à efetivação de saltos tecnológicos; - Aquisição de tecnologias como meio de obtenção de posicionamento

competitivo. As organizações pertencentes a esse setor econômico devem

estabelecer suas estratégias ambientais visando à:

- Eliminação, criação e/ou aperfeiçoamento de produtos a serem ofertados ao mercado, dentro do contexto das questões ambientais e ecológicas que criam uma demanda cada vez mais exigente;

- Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano

intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com tais eventos;

- Criação e aprimoramento de sues processos produtivos, com a

eliminação/redução de perdas e gerações de resíduos ao longo da cadeia de agregação de valores;

- Preservação de sua planta fabril, para a minimização de dispêndios

com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações e equipamentos, os quais variam em função direta da maior ou menor exposição a riscos ambientais;

- Redução no uso de insumos e materiais aplicados em suas

atividades produtivas (redução no consumo de embalagens, por exemplo); - Identificação e exploração de novos nichos de mercado, composto

de clientes verdes, ecologicamente preocupados em adquirir produtos/serviços ambientalmente corretos, atendendo-os de forma

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diferenciada dos concorrentes (por exemplo, mediante gerenciamento e descarte de resíduos, implementação de reciclagem de produtos e programas ambientais afins).

Estratégias empresariais/ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor de serviços financeiros

O setor econômico de empresas de serviços financeiros é formado

por organizações que produzem baixos impactos ambientais. Por isso, definir estratégias ambientais/ecológicas representa moderada importância.

No setor de instituições financeiras, que congrega empresas como

bancos e seguradoras têm-se a possibilidade de adoção de estratégias voltadas:

- Ao deslocamento da prestação de serviços do ambiente

intraorganizacional para o ambiente externo, em direção ao aceleramento da massificação dos serviços eletrônicos para esvaziar as agências bancárias;

- À diversificação se serviços financeiros prestados aos clientes atuais

e em potencial como diferencial competitivo; - À maior eficiência no armazenamento e recuperação de grande

volume de documentos operacionais, como elemento de racionalização e agilização na prestação de serviços aos clientes.

As organizações pertencentes a esse setor econômico devem

estabelecer suas estratégias ambientais visando à: - Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano

intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com tais eventos;

- Redução no uso de insumos e materiais aplicados em suas

atividades produtivas (redução no consumo de papéis, relatórios e materiais de expediente burocrático, por meio de sua substituição pela mídia digital);

- Dotar seus escritórios de equipamentos de segurança em larga

escala; - Preservação de sua área de escritórios, para minimização de

dispêndios com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações e equipamentos, que variam em função direta da maior ou menor exposição a riscos ambientais (incêndios e sinistros correlatos).

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Estratégias empresariais/ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor de serviços especializados

Sendo composto por organizações que produzem baixos impactos

ambientais, o setor econômico de empresas de serviços especializados encara a questão de definir estratégias ambientais/ecológicas como de moderada importância.

O setor de serviços especializados, constituído por empresas como

agências de publicidade e propaganda, firmas de consultoria e auditoria independentes, e escritórios de engenharia consultiva e de projetos, induz à intensa ênfase estratégica na formação e especialização de sua mão de obra.

Seu produto, de altíssimo conteúdo tecnológico e de elevado grau de

agregação de conhecimentos especializados, sinaliza a adoção de verdadeiro banco de talentos.

Organizacionalmente, acompanha sua estratégia corporativa, que

exige uma postura pró-ativa e de gerenciamento interno por projetos ou de configuração matricial.

- Como estratégia ambiental tem-se a redução no uso de insumos e

materiais aplicados em suas atividades produtivas (redução no consumo de papéis, relatórios e materiais de expediente burocrático por meio de sua substituição pela mídia digital).

Além disso, as organizações pertencentes a esse setor econômico

devem estabelecer outras estratégias ambientais visando à: - Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano

intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com tais eventos;

- Preservação de sua área de escritórios, para minimização de

dispêndios com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações.

Estratégias empresariais/ambientais relativas às organizações pertencentes ao setor de serviços públicos

Já o setor econômico de empresas de serviço público é composto por

organizações que produzem baixos impactos ambientais. Por isso, a questão de definir estratégias ambientais/ecológicas é de moderada importância nessa área.

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O setor de serviços públicos, dado seu extraordinário crescimento,

influenciou a estagnação da capacidade do Estado em fazer frente a suas tradicionais atividades-fim, como saúde, segurança, saneamento básico, educação, transporte entre outras.

O crescimento das estatais ocorreu de forma pouco articulada e

planejada, o que limitou as possibilidades de realizações de estratégias conjuntas, não só entre as diferentes esferas federal, estadual e municipal como entre órgãos da administração direta e indireta, reduzindo, com isso, a eficácia das políticas macroeconômicas.

Tal constatação sinaliza que qualquer intervenção voltada à

modernização do Estado, como, por exemplo, a informatização, deve ser precedida da implementação de uma reconfiguração institucional na forma de reestruturação direta e indireta.

Como estratégia ambiental tem-se a redução no uso de insumos e

materiais aplicados em suas atividades produtivas (redução no consumo de papéis, relatórios e materiais de expediente burocrático por meio de sua substituição pela mídia digital).

As organizações pertencentes a esse setor econômico devem

estabelecer outras estratégias ambientais visando à: - Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano

intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais com tais eventos;

- Preservação de sua área de escritórios, para minimização de

dispêndios com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações e equipamentos.

A caracterização da empresa por tipo de atividade ou setor econômico

pode propiciar elementos para a formulação das estratégias, dos sistemas de informações e do planejamento dos recursos humanos no contexto da organização.

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Unidade 2 – Recursos Hídricos

2.1 – O que são recursos hídricos? Recursos hídricos são as águas que se encontram na superfície

terrestre ou no subterrâneo e que podem ser usadas para diversas ações. O objetivo principal desses recursos é usar a água com responsabilidade, de maneira que essa riqueza não desapareça e que todos possam usufruir de seus benefícios.

Confira agora como os recursos hídricos são compreendidos pela

Associação Brasileira de Engenharia de Produção.

Recursos Hídricos: a importância de sua preservação

A água é um recurso fundamental para a sobrevivência do homem e

demais seres que habitam o planeta. “A água doce é elemento essencial ao abastecimento do consumo humano, ao desenvolvimento de suas atividades industriais e agrícolas, e de importância vital aos ecossistemas – tanto vegetal como animal – das terras emersas.” (Rebouças, 1999, p. 01)

Observa-se, então, que por ser um recurso de grande importância

para a sobrevivência de todos os seres vivos, o homem sempre demonstrou interesse em manter o domínio sobre a água.

Para isso, basta observar as origens de poder sobre seu uso. Desde

os primórdios das civilizações antigas, a posse da água representava um instrumento político de poder, por exemplo, o controle dos rios, como forma de dominação dos povos foi praticado pelas civilizações da Mesopotâmia, aproximadamente quatro mil anos antes de Cristo. (op. cit., p. 17).

No entanto, o homem vem utilizando as reservas hídricas de forma

desordenada poluindo com práticas agrícolas perniciosas com o uso de

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insumos químicos que alteram a composição da água, como os “neurotóxicos, carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos,” os projetos de irrigação, atividades extrativistas agressivas, desmatamentos, queimadas, lançamentos de esgotos e outros resíduos industriais e domésticos que, se não forem tomadas medidas para atuações de uso da água de forma harmônica com a natureza, a qualidade deste recurso poderá ficar cada vez mais escassa, podendo afetar a saúde do próprio ser humano. (op. cit., p. 26)

Entre as ações que podem melhorar a qualidade e a quantidade dos

recursos hídricos e também observá-lo como um fator limitante, segundo Salati et al. (1999, p. 40-41), destacam-se:

- Estudos científicos e tecnológicos; - Amplo programa de educação ambiental; aprimoramento contínuo e

constante da legislação (gestão da demanda e da oferta); - Aprimorar a estrutura institucional no manejo, utilização e

fiscalização dos recursos hídricos; - Projetos que envolvam o manejo de recursos hídricos, como:

construção de represas, saneamento básico, fornecimento de água e navegação fluvial, devem levar em conta as influências e interações com o meio ambiente e sociedade;

- Evitar a contaminação das águas; - Formar recursos humanos; - Aumentar a cooperação internacional.

Ainda, segundo Tundisi et al. (1999, p. 208) para haver a exploração dos recursos hídricos deve “haver articulação entre a base de pesquisa e conhecimento científico acumulado”, bem como, também, as ações de gerenciamento, levando em conta além dos recursos hídricos a “unidade-bacia-hidrigráfica-rio-lago ou reservatório.” Pois segundo o autor somente assim poderá haver um gerenciamento efetivo sobre a questão dos recursos hídricos.

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A educação ambiental para os recursos hídricos

A consciência ambiental é fundamentalmente importante para todo e

qualquer tipo de desenvolvimento que se queira alcançar, pois ela poderá

significar um mundo melhor por ser uma das formas mais amplas da relação

harmônica do homem com o seu meio.

Neste sentido, a educação ambiental pode ser vista como um

compromisso com todas as esferas da sociedade de forma geral. Poderá

significar a construção de um futuro mais humano, mais igualitário pelas

decisões tomadas no presente, dada a sua importância na transformação

das questões mundiais.

Por meio da educação ambiental, pode acontecer a legitimação dos

valores éticos, bem como a mudança dos padrões de comportamento na

sociedade, pois acredita-se que, somente com a mudança de mentalidade

surgirá a transformação da consciência, (Dias, 1994).

Dessa forma, a relação ética do homem com o ambiente é realizada

por meio da interação e harmonia, proporcionando, assim, o seu próprio

bem-estar.

Nesse sentido, diante da necessidade de ensinar, na busca por um

futuro melhor, lembra-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) onde foram destacadas várias

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recomendações para a Educação Ambiental, eis algumas questões que

necessitam ser mais exploradas, (op. cit., p. XV):

- Reorientar a educação para o desenvolvimento sustentável;

- Aumentar/incrementar a conscientização popular;

- Considerar o analfabetismo ambiental;

- Promover treinamento.

Dias (1994) chama a atenção para a importância do treinamento

sobre a questão ambiental e argumenta que em todos os encontros

promovidos em prol da Educação ambiental, este assunto deve ser sempre

enfocado nas discussões em busca de melhorias.

Ainda, sobre as formulações feitas no Fórum Global, o tratado de

“Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade

Global.”. Segundo o autor (op. cit.), destaque-se que a Educação Ambiental

deve:

- Ser direito de todos;

- Ter como base o pensamento crítico, fomentando a

transformação e a construção da sociedade;

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- Ter o propósito de formar cidadãos com consciência local e

planetária;

- Ser considerada como um ato político, baseado em valores para

a transformação social;

- Envolver uma perspectiva holística;

- Desenvolver a solidariedade com estratégias democráticas;

- Abordar as questões globais críticas, como: população, saúde,

paz, direitos humanos, democracia, fome, e degradação da

flora e fauna, numa perspectiva sistêmica;

- Facilitar a cooperação mútua e equitativa nos processos de

decisão;

- Capacitar as pessoas a trabalharem conflitos de maneira justa e

humana;

- Promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e

instituições;

- Ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas as

formas de vida.

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Por outro lado, Morim (2000) chama a atenção na questão do

desenvolvimento, pois este entra em conflito com as complexidades

existentes no mundo de hoje, já que os atores que compõem a sociedade

são “biológicos, psíquicos, sociais, afetivos e racionais.”

Expõe ainda que, “(...) a educação deve promover a “inteligência

geral” apta a referir-se ao complexo, ao contexto, de modo multidimensional

e dentro da concepção global.”

O conhecimento não deve permear somente uma esfera do

conhecimento isolado, mas deve atingir as diversas partes que compõem a

sociedade dentro da estrutura global. A educação do futuro deve propor o

conhecimento de cada estrutura, suas partes, mas deve sempre procurar

observar o todo.

Deve reconhecer de forma consciente a importância da condição

humana situada no universo, (op. cit.). Deve proporcionar o desenvolvimento

da compreensão para que realmente seja manifestada a mudança de

consciência em todas as sociedades.

Dessa forma, é necessário concordar que, através da educação

ambiental pode-se desenvolver, por meio da compreensão, mudança de atividades, valores e mentalidades em prol de soluções sustentáveis em todas os níveis, locais e globais.

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Acredita-se que, através da disseminação da educação ambiental,

o enfoque de planejamento participativo e ações que sejam adaptadas à

contextos socioculturais e ambientais específicos, podem levar uma

gestão ambiental adequada que tenha como meta atingir os problemas

ambientais numa busca de soluções sustentáveis.

Ainda, para Vieira (1995, p. 72) um dos desafios mais importantes que

devem ser abordados pelas comunidades científicas é a “criação de sistemas de planejamento melhor articulados ao mundo acadêmico”, bem como promover a criação de meios adequados às mudanças comportamentais.

São questões de “regulação política que possam introduzir mudanças de

percepção, atitudes e comportamento” de acordo com a compreensão dos fatores que levam o ser humano a degradação ambiental e através de atitudes que os levem a uma vida harmônica com o meio ambiente.

Com isso, surge o aprendizado de uma nova relação com o meio

ambiente. Neste aprendizado, por meio de atitudes concretas, os atores podem, com hábitos, políticas e comportamentos, proporcionarem uma melhor qualidade de vida para todos.

2.2 - Situação Atual

O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, uma das maiores unidades

de conservação do sul do Brasil, e de grande importância para a manutenção da biodiversidade.

Foi criado em novembro de 1975, com 87.405 hectares de área, representando quase 1% da área total do Estado de Santa Catarina. E abrange nove municípios: Águas Mornas, Florianópolis, Garopaba, Imaruí, Palhoça, Paulo Lopes, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio e São Martinho.

Fazendo parte desta Unidade de Conservação, a bacia hidrográfica do rio Vargem do Braço (a qual é objeto de estudo) encontra-se localizada na comunidade de mesmo nome no município de Santo Amaro da Imperatriz, na região da Grande Florianópolis.

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A região é um ponto estratégico pela riqueza de fontes de água potável que formam a bacia.

Conforme estudo de caso realizado em 2000, na região de Vargem do Braço onde está localizada a bacia hidrográfica, constatou-se que existe a prática agrícola e, assim, vários tipos de proprietários, como pode ser observados na tabela abaixo.

Ainda, segundo dados fornecidos pelo IBGE todo o vale, do qual a comunidade faz parte consta de 220 domicílios com uma população de 839 pessoas.

Tabela 1 – Caracterização dos proprietários de terras na região de Vargem do Braço

Tipificação dos proprietários

Agricultores que trabalham com o modelo orgânico de produção

Agricultores que trabalham com o uso de agrotóxicos e residem na comunidade

Agricultores que trabalham com o uso de agrotóxicos e não residem

na comunidade

Sitiantes de finais de semana

2.3 – Monitoramento das águas brasileiras De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos

Naturais e Renováveis, o IBAMA, um dos responsáveis pelos recursos hídricos do país, o monitoramento das águas brasileiras precisa ser cauteloso, principalmente quando falamos das bacias e dos rios.

O Brasil é um dos poucos países que tem em abundância água,

apesar da contradição sobre o nordeste ser extremamente seco, e, por isso, precisa de uma regulamentação de como essas águas são cuidadas e utilizadas.

Observe com atenção as seguintes páginas, pois contêm como é feito

esse monitoramento.

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Ações no monitoramento da qualidade da água no país

Em 1998, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e a Secretaria de Recursos Hídricos - SRH/MMA celebraram o Convênio 477/98 com o objetivo inicial de instrumentalizar técnica e operacionalidade ao Instituto para exercer as ações de controle, de fiscalização e de monitoramento da qualidade ambiental das águas de domínio da União, bem como apoiar a SRH/MMA na implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH.

Dentre as ações propostas, no Plano de Trabalho do Convênio,

figurava o apoio à implantação do Sistema Nacional de Informações de Recursos Hídricos - SNIRH.

Para cumprir esta tarefa o IBAMA vem realizando um levantamento,

junto a todas as instituições do país, que possuem rede de monitoramento de qualidade de água e junto aos laboratórios de análise ambiental.

Esse levantamento está sendo feito por meio do Formulário - FC02- Cadastramento da Rede de Monitoramento da Qualidade da Água, desenvolvido por técnicos da Coordenação de Recursos Hídricos do IBAMA e aplicado pelos técnicos das representações estaduais do IBAMA, previamente orientados para este fim.

Como as análises laboratoriais são um dos suportes à eficiência das redes de monitoramento, foram levantados os laboratórios que realizam análises ambientais, com ênfase em qualidade de água. Essa ação, também foi executada pelos técnicos das representações do IBAMA treinados, aplicando o Formulário FC01 - Cadastro dos Laboratórios de Análises Ambientais.

As instituições que tiverem interesse de estar nos cadastros do

IBAMA poderão enviar os formulários, acima preenchidos, para os endereços: SAIN L4 norte Edifício Sede do IBAMA Bloco C CEP. 70.800-200 Brasília - DF Resultados:

Sistema de Monitoramento da Qualidade da Água - SISAGUA: sistema desenvolvido em Delphi, que acessa banco de dados Oracle, elaborado com a finalidade de armazenar as informações obtidas no levantamento.

Esse sistema constitui-se de três cadastros:

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- Cadastro de Corpo d'água: abrange informações sobre os corpos d´água federais e estaduais, incluindo o código e nome do curso d´água, outros códigos e nomes que se referem ao mesmo curso d'água, bacia e sub-bacia a que ele pertence, enquadramento, descrição dos trechos enquadrados, dominialidade e listagem das estações de monitoramento localizadas no corpo d'água.

- Cadastro de Estações de Monitoramento: contém informações

sobre cada estação de amostragem, sua localização, o órgão e a unidade responsável pela estação, o órgão responsável pela coleta e pela análise das amostras de água, o órgão responsável pela disponibilização das informações e quem são os usuários da informação, bem como a data de início e fim da operação da estação.

As estações são classificadas de acordo com os parâmetros

coletados, a saber, estações que medem descarga líquida, estações telemétricas, estações para observação do nível d'água, estações com linígrafo, estações que medem descarga sólida e as de qualidade de água.

- Cadastro de Laboratórios: este cadastro contém as mais diversas informações acerca de laboratórios públicos e privados existentes no país, destacando entre elas, a identificação com nome, endereço e material que o laboratório analisa, a formação do corpo técnico, bem como informações sobre o controle de qualidade analítica, as metodologias de coleta, os equipamentos e os parâmetros analisados. Recursos do Sistema:

O sistema permite realizar consultas, cruzando todas as informações, como por exemplo: o usuário poderá selecionar um curso d'água e determinar uma consulta sobre quais e quantas são as estações localizadas neste curso d´água, quais analisam parâmetros de qualidade, assim como consultar a frequência em que são realizadas as coletas etc.

De um modo geral o usuário poderá fazer consultas diversas, em

relação a todas as informações contidas no cadastro, de acordo com a necessidade de informação que pretende obter. Situação Atual:

No momento, o banco possui 3100 rios e 7539 estações cadastradas, das quais, 1985 são estações que realizam monitoramento de qualidade de água. Consultando a data de início e fim de operação das estações, constatou-se que das 1985 estações de qualidade de água, 1241 estações continuam operando, isto é, são estações ativas, neste caso, levando em conta a rede básica da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL.

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As estações de qualidade de água ativas, cadastradas no banco de dados, estão distribuídas entre as bacias hidrográficas da seguinte maneira:

Bacia Estações

Rio Amazonas 69

Rio Tocantins 17

Atlântico Sul - trecho Norte/ Nordeste 95

Rio São Francisco 179

Atlântico Sul - trecho Leste 277

Rio Paraná 432

Rio Uruguai 42

Atlântico Sul - trecho Sudeste 130

O cadastro de laboratórios de análises ambientais, até o presente momento, contém 147 laboratórios, distribuídos em 23 estados (Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe), conforme tabela.

Cadastro de laboratórios de análises ambientais

Unidade da Federação - UF

Laboratórios por UF

Realiza Controle de qualidade

Realiza Coleta de amostra

Laboratórios com ensaios credenciados pelo INMETRO

Acre 1

Alagoas 6 3 6

Amazonas 8 3 6

Bahia 5 2 4 2

Ceará 4 1 4

Distrito Federal 7 5 5

Espírito Santo 10 7 9

Goiás 3 3 3

Mato Grosso 5 3 5

Mato Grosso do Sul 3 1 2

Minas Gerais 5 4 5

Pará 8 7 8

Paraná 3 3 3

Pernambuco 6 2 5

Piauí 4 4 4

Rio de Janeiro 6 6 5

Rio Grande do Norte

4 3 4

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Rio Grande do Sul 6 6 4

Rondônia 1 1 1

Roraima 3 2

Santa Catarina 27 17 17 1

São Paulo 20 12 12 2

Sergipe 3 2 3

Total de laboratórios cadastrados

147 94 117

Diagnóstico:

As informações contidas no banco de dados, até o presente momento, permitem fazer um diagnóstico preliminar do monitoramento de qualidade e quantidade de água, realizado em 22 (vinte e dois) estados do país:

- Acre - Alagoas - Amazonas - Bahia - Ceará - Distrito Federal - Espírito Santo - Goiás - Mato Grosso - Mato Grosso do Sul - Minas Gerais - Pará - Paraná - Pernambuco - Piauí - Rio de Janeiro - Rio Grande do Norte - Rio Grande do Sul - Roraima - Santa Catarina - São Paulo - Sergipe O levantamento, até o momento, mostrou que o monitoramento, em

sua grande parte está sob a gerência da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL auxiliada por instituições estaduais que também executam esse monitoramento

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Bacia do Rio Amazonas Gráfico 3 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

Bacia do Rio Tocantins Gráfico 4 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

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Bacia do Atlântico Sul - trecho Norte/ Nordeste Gráfico 5 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

Bacia do Rio São Francisco. Gráfico 6 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

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Bacia do Atlântico Sul - trecho Leste. Gráfico 7 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

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Bacia do Rio Paraná. Gráfico 8 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

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Bacia do Rio Uruguai. Gráfico 9 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

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Bacia do Atlântico Sul - trecho Sudeste. Gráfico 10 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

Hoje, no Brasil existem esforços por parte de alguns Estados para manterem uma rede de monitoramento, contudo esses esforços são independentes, não havendo integração entre as várias redes de qualidade e nem com a rede que mede a quantidade.

Este fato faz com que haja problemas na distribuição espacial das

estações de coleta, proporcionando o adensamento e superposição de estações em algumas regiões e em outros espaços vazios

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Mapa 1 Estações de Monitoramento de Qualidade de Água.

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Mapa 2 - Estações de Monitoramento da Quantidade de Água.

A aplicação, por várias instituições, de diferentes metodologias de análise e de coleta dificulta a comparação dos resultados.

Dados gerados sem comprometimento com a frequência de coleta,

com a qualidade analítica, bem como a falta de hábito dos órgãos responsáveis pelo controle, dos órgãos gestores e da sociedade em geral, de utilizarem os dados levantados pelo monitoramento em suas ações,

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levam à necessidade da elaboração de programas de integração, padronização, capacitação e divulgação dessas informações.

Uma vez que este é um subsídio importante para a detecção da

poluição e de seus efeitos, para proposição de ações de controle e para a definição dos métodos de contenção, como, por exemplo, o enquadramento do corpo hídrico, a outorga e a cobrança do direito de uso dos recursos hídricos, instrumentos fundamentais para o planejamento e gestão dos recursos hídricos, bem como para a gestão ambiental.

Com as informações, obtidas dos laboratórios de análises ambientais

cadastrados, podemos diagnosticar que os que realizam análise de água, na sua maioria, não utilizam os mesmos métodos analíticos, dificultando como já foi dito, a comparação dos dados, bem como poucos têm seus ensaios credenciados no INMETRO e ainda não existe um controle interlaboratorial que permita estabelecer a confiabilidade dos resultados analíticos.

Com essa exposição, procuramos demonstrar a importância e a

necessidade de se estruturar e implantar uma rede integrada de monitoramento da qualidade da água, para a efetiva gestão dos recursos hídricos e consequentemente dos recursos ambientais do país.

NOME DA BACIA NOME DA SUB-BACIA

BACIA DO AMAZONAS

Rio Solimões, Javari e outros

Rio Solimões, Jandiatuba e Içá

Rio Solimões, Jurua,Japura, Baia

Rio Solimões, Coari, Purus

Rio Amazonas, Negro, Branco

Rio Amazonas, Madeira, Jamari

Rio Amazonas, Trombetas, e outros

Rio Amazonas, Tapajós, Jurema

Rio Amazonas, Xingu, Iriri, Paru

Rio Amazonas, Jari, Para, outros

BACIA DO RIO TOCANTINS

Rio Tocantins, Maranhão, Almas

Rio Tocantins, Paraná, Palmas

Rio Tocantins, M. Alves, Sono

Rio Tocantins, Manuel Alves Grande

Rio Araguaia, Caiapó, Claro

Rio Araguaia, Crixas - Açú, Peixe

Rio Araguaia, Mortes, Javaés

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Rio Araguaia, Coco, Pau d'arco

Rio Araguaia, Muricizal, Lontra

Rio Araguaia, Tocantins, Itacarunas

BACIA DO ATLÂNTICO SUL,TRECHOS NORTE E NORDESTE

Rio Oiapoque

Rio Surubim

Rio Gurupi, Itingá

Rios Mearim, Itapecuru e outros

Rio Paranaiba

Rio Acarau, Pirangi e outros

Rio Jaguaribe

Rios Apoti, Piranhas e outros

Rio Paraiba, Potengi e outros

Rio Capibaribe, Mundau e outros

BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO

Rio São Francisco e Paraopeba

Rio São Francisco, das Velhas

Rio São Francisco, Paracatu

Rio São Francisco, Urucuia

Rio São Francisco, Verde Grande

Rio São Francisco, Carinhanha

Rio São Francisco, Grande

Rio São Francisco, Jacaré

Rio São Francisco, Pajeú

Rio São Francisco, Moxotó

BACIA DO ATLÂNTICO SUL, TRECHO LESTE

Rio Vaza-Barris, Itapicuru e outros

Rio Paraguaçu, Jequirica e outros

Rio das Contas

Rio Pardo, Cachoeira e outros

Rio Jequitinhonha, Jequitinhonha

Rio Mucuri, São Mateus

Rio Doce

Rio Itapemirim, Itabapoana

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Rio Paraíba do Sul

Rio Macaé, São João e outros

BACIA DO RIO PARANÁ

Rio Paranaíba

Rio Grande

Rio Paraná, Tiete e outros

Rio Paraná e Pardo

Rio Paraná e Parapanema

Rio Paraná, Iguaçu e outros

Rio Paraguai, São Lourenço e outros

Rio Paraguai, Apa e outros

Rio Paraná e Corrientes

Rio Paraná, Tercero e outros

BACIA DO RIO URUGUAI

Rio Pelotas

Rio Canoas

Rio Uruguai, do Peixe e outros

Rio Uruguai, Chapecó e outros

Rio Uruguai, da Várzea e outros

Rio Uruguai, Ijuí e outros

Rio Uruguai, Ibicuí e outros

Rio Uruguai, Quaraí e outros

Rio Uruguai e outros

Rio Uruguai, Negro e outros

BACIA DO ATLÂNTICO SUL, TRECHO SUDESTE

Rio Itapanhau, Itanhaem e outros

Rio Ribeira do Iguape

Rio Nhundiacoara, Itapocu e outros

Rio Itajaí-Açú

Rio Tubarão, Araranguá e outros

Rio Jacuí

Rio Taquari

Lagoa dos Patos

Lagoa Mirim

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2.4 – A água

O Portal Ambiente Brasil discorre sobre a água e como é seu comportamento em território brasileiro. A água pura (H2O) é um líquido formado por moléculas de hidrogênio e oxigênio.

Na natureza, ela é composta por gases como oxigênio, dióxido de

carbono e nitrogênio, dissolvidos entre as moléculas de água. Também fazem parte desta solução líquida sais, como nitratos,

cloretos e carbonatos; elementos sólidos, poeira e areia podem ser carregados em suspensão.

Outras substâncias químicas dão cor e gosto a água. Íons podem

causar uma reação quimicamente alcalina ou ácida. As temperaturas apresentam variação de acordo com a profundidade e com o local onde a água é encontrada, constituindo-se em fatores que influenciam no comportamento químico.

Subentende-se água como sendo um elemento da natureza, recurso

renovável, encontrado em três estados físicos: sólido (gelo), gasoso (vapor) e líquido.

As águas utilizadas para consumo humano e para as atividades sócio-

econômicas são retiradas de rios, lagos, represas e aquíferos, também conhecidos como águas interiores.

Classificação Mundial das Águas

Água doce

Apresenta o teor de sólidos totais dissolvidos (STD) inferior a 1.000 mg/L

Salobras Apresenta o teor de sólidos totais dissolvidos (STD) entre 1.000 e 10.000 mg/L

Salgadas Apresenta o teor de sólidos totais dissolvidos (STD) superior a 10.000 mg/L

Origem geológica e biológica

A vida surgiu no planeta há mais ou menos 3,5 bilhões de anos.

Desde então, a biosfera modifica o ambiente para uma melhor adaptação. Em função das condições de temperatura e pressão que passaram a ocorrer na Terra, houve um acúmulo de água em sua superfície, nos estados líquido e sólido, formando-se assim o ciclo hidrológico.

Os continentes representam a litosfera; a água existente na Terra

forma a hidrosfera; cada um dos pólos (Ártico e Antártico) e os cumes das montanhas mais altas apresentam uma cobertura de gelo e neve

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denominada criosfera; a massa de ar que cobre a Terra é chamada de atmosfera, e a vida existente no planeta forma a biosfera.

O oxigênio tem por propriedade ser reativo, ou seja, unir-se a quase

todos os outros tipos de átomos: o hidrogênio, o carbono e um grande número de metais e metalóides.

Em consequência a este fato, quando a Terra se formou, não havia

oxigênio livre na atmosfera primitiva, mas somente óxidos voláteis, como gás carbônico, água e outros compostos de hidrogênio, como metano e amoníaco. Volume de água A quantidade total de água na Terra é distribuída da seguinte maneira:

97,5% de oceanos e mares; 2,5 de água doce; 68,9% (da quantidade geral de água doce) formam as calotas polares,

geleiras e neves eternas que cobrem os cumes das montanhas altas da Terra;

29,9% restantes de água doce constituem as águas subterrâneas 0,9% respondem pela umidade do solo e pela água dos pântanos

Características da água

A caracterização da água começa a se compor ainda em seu trajeto atmosférico. As partículas sólidas e os gases atmosféricos de várias origens são dissolvidos pelas águas que caem sobre a superfície da Terra em forma de chuva, neblina ou neve.

Contudo, muitas destas características são alteradas mesmo que

inconscientemente pelo homem. O uso intensivo de insumos químicos na agricultura, a poluição

gerada pelas indústrias e pelos grandes centros urbanos concentram alguns gases na água das chuvas, resultando na chamada chuva ácida, causadora de danos ao ambiente natural e antrópico. Isso ocasiona também a escassez de água para consumo, fazendo com que os aspectos qualitativos da água sejam cada vez mais preocupantes nas regiões muito povoadas.

As fontes hídricas são abundantes, porém mal distribuídas na superfície do planeta. Em algumas áreas, as retiradas são bem maiores que a oferta, causando um desequilíbrio nos recursos hídricos disponíveis.

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Essa situação tem acarretado uma limitação em termos de desenvolvimento para algumas regiões, restringindo o atendimento às necessidades humanas e degradando ecossistemas aquáticos.

Os recursos hídricos são de fundamental importância no

desenvolvimento de diversas atividades econômicas. A água pode representar até 90% da composição física das plantas; a falta de água pode destruir lavouras; na indústria as quantidades de água necessárias são superiores ao volume produzido.

Na indústria, as quantidades de água necessárias são superiores ao

volume produzido. A utilização de métodos para o tratamento da água é viável; porém, podem produzir problemas cujas soluções são difíceis, pois que afetam a qualidade do meio ambiente, a saúde pública e outros serviços.

Por sua vez, as águas das bacias hidrográficas não são confiáveis e

recomendáveis para o consumo da população por não possuírem as características padrões de qualidade ambiental.

Já a revista Multiciência, especializada nos centros e nos núcleos de

estudo da Universidade de Campinas, diz que a água é essencial à vida e todos os organismos vivos no planeta Terra dependem dela para sua sobrevivência.

O planeta Terra é o único planeta do sistema solar que tem água nos

três estados (sólido, líquido e gasoso), e as mudanças de estado físico da água no ciclo hidrológico são fundamentais e influenciam os processos biogeoquímicos nos ecossistemas terrestres e aquáticos.

Somente 3% da água do planeta está disponível como água doce.

Destes 3%, cerca de 75% estão congelados nas calotas polares, em estado sólido, 10% estão confinados nos aquíferos e, portanto, a disponibilidade dos recursos hídricos no estado líquido é de aproximadamente 15% destes 3%.

A água, portanto, é um recurso extremamente reduzido. O suprimento

de água doce de boa qualidade é essencial para o desenvolvimento econômico, para a qualidade de vida das populações humanas e para a sustentabilidade dos ciclos no planeta.

A água nutre as florestas, mantêm a produção agrícola, mantêm a biodiversidade nos sistemas terrestres e aquáticos. Portanto, os recursos hídricos superficiais e os recursos hídricos subterrâneos são recursos estratégicos para o homem e todas as plantas e animais.

O ciclo hidrológico é o princípio unificador fundamental referente à água no planeta, sua disponibilidade e distribuição. O ciclo hidrológico opera em função da energia solar que produz evaporação dos oceanos

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e dos efeitos dos ventos, que transportam vapor d’água acumulado para os continentes.

A velocidade do ciclo hidrológico variou de uma era geológica a outra,

bem como a proporção de águas doces e águas marinhas. As características do ciclo hidrológico não são homogêneas, daí a distribuição desigual da água no planeta.

Há 26 países com escassez de água e pelo menos quatro países

(Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Ilhas Bahamas, Faixa de Gaza – território palestino) com extrema escassez de água (entre 10 e 66 m3/habitante).

A Tabela I mostra os balanços hídricos por continente e a Tabela II o

balanço hídrico das principais bacias hidrográficas do Brasil. Tabela I – Balanço Hídrico de águas superficiais por continente [1]

Continente Precipitação (Km3/ano)

Evaporação (Km3/ano)

Drenagem (Km3/ano)

Europa 8,290 5,320 2,970

Ásia 32,200 18,100 14,100

África 22,300 17,700 4,600

América do Norte 18,300 10,100 8,180

América do Sul 28,400 16,200 12,200

Austrália/Oceania 7,080 4,570 2,510

Antártica 2,310 0 2,310

Total 118,880 71,990 46,870

Tabela II - Balanço hídrico das principais bacias hidrográficas do Brasil [2]

Bacia Hidrográfica

Área (Km2) Média da Precipitação (m3/s)

Média de descarga (m3/s)

Evapotransp (m3/s)

Descarga/ Precipitação (%)

Amazônica 6.112.000 493.191 202.000 291.491 41

Tocantins 57.000 42.387 11.300 31.087 27

Atlântico Norte

242.000 16.388 6.000 10.388 37

Atlântico Nordeste

787.000 27.981 3.130 24.851 11

São Francisco

634.000 19.829 3.040 16.789 15

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Atlântico Leste Norte

242.000 7.78 670 7.114 9

Atlântico Leste Sul

303.000 11.79 3.710 8.081 31

Paraná 877.000 39.935 11.200 28.735 28

Paraguai 368.000 16.326 1.340 14.986 8

Uruguai 178.000 9.589 4.040 5.549 42

Atlântico Sul

224.000 10.515 4.570 5.949 43

Brasil incluindo Bacia Amazônica

10.724.000 696.020 251.000 445.020 36

O Brasil tem aproximadamente 16% das águas doces do planeta, distribuídas desigualmente. A Figura 1 mostra a distribuição dos recursos hídricos superficiais do Brasil em relação à distribuição da população.

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Figura 1 – Regiões hidrográficas do Brasil

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br

Água – desenvolvimento econômico e estimativas do uso dos recursos hídricos

Sempre houve grande dependência dos recursos hídricos para o

desenvolvimento econômico. A água funciona como fator de desenvolvimento, pois ela é utilizada para inúmeros usos diretamente relacionados com a economia (regional, nacional e internacional).

Os usos mais comuns e frequentes dos recursos hídricos são:

água para uso doméstico, irrigação, uso industrial e hidroeletricidade. De 1900 a 2000, o uso total da água no planeta aumentou dez vezes (de 500 km3/ano para aproximadamente 5.000 Km3/ano) (Figura 2).

Os usos múltiplos da água aceleram-se em todas as regiões,

continentes e países. Estes usos múltiplos aumentam à medida que as atividades econômicas se diversificam e as necessidades de água

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aumentam para atingir níveis de sustentação compatíveis com as pressões da sociedade de consumo, a produção industrial e agrícola. Figura 2 – Tendências no consumo global de água, 1900-2000 [4]

A Tabela III mostra a retirada de água “per capita” para diferentes continentes por atividade (para o ano 2000). Região Doméstico

m3/ano Industrial m3/ano

Agricultura m3/ano

Perdas em reservatórios m3/ano

Europa 150 400 185 10

União Soviética 120 500 1.310 70

Ásia 75 150 5.585 25

África 50 100 400 85

América do Norte 260 2.000 1.050 110

América do Sul 20 200 190 35

Oceania 110 700 750 150

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A Tabela IV mostra as projeções para os usos múltiplos da água retirada para usos diversos até 2015.

Setor 2015 (sem reuso industrial) km3/ano

2015 (com reuso industrial) km3/ano

Doméstico 890 890

Industrial 4,100 1,145

Agricultura 5,850 5,850

Total 10,884 7,885

A urbanização acelerada em todo o planeta produz inúmeras alterações no ciclo hidrológico e aumenta enormemente as demandas para grandes volumes de água, aumentando também os custos do tratamento, a necessidade de mais energia para distribuição de água e a pressão sobre os mananciais.

À medida que aumenta o desenvolvimento econômico e a renda

per capita, aumenta a pressão sobre os recursos hídricos superficiais e subterrâneos. As estimativas e projeções sobre os usos futuros dos recursos hídricos variam bastante, em função de análises de tendências diversificadas, algumas baseadas em projeções dos usos atuais, outras em função de re-avaliações dos usos atuais e introdução de medidas de economia da água, tais como, re-uso e medidas legais para diminuir os usos e o consumo e evitar desperdício, ou a cobrança pelo uso da água e o princípio do poluidor-pagador.

A Tabela V mostra algumas das estimativas dos usos da água para o futuro até o ano de 2025.

Autor / ano Ano para o qual o cenário foi avaliado

Uso global da água (Km3/ano)

L’Vovich (uso convencional, 1974) [7]

2.000 12.270

De Mare (1976) [5] 2.000 5.605

Shiklomanov (1998) [8] 2.025 4.089

Shiklomanov (1998) [8] 2.025 4.867

Gleick (visão sustentável, 1997) [9]

2.025 4.270

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Raskin et al. (com reformas legislativas e políticas no uso) (1997) [10]

2.050 3.899

Os impactos nos recursos hídricos Os impactos quantitativos nos recursos hídricos são crescentes e produzem grandes alterações nos estoques de águas superficiais e subterrâneas.

Há casos muito evidentes de uso excessivo de recursos hídricos superficiais que resultaram na redução quantitativa acentuada e em desastres de grandes proporções.

Além dos impactos quantitativos, há muitos outros impactos na

qualidade da águas superficiais e subterrâneas que comprometem os usos múltiplos e aumentam as pressões econômicas regionais e locais sobre os recursos hídricos.

Estes impactos estão descritos na Tabela VI.

Tabela VI – Impactos das atividades humanas nos ecossistemas aquáticos e valores/serviços dos recursos hídricos em risco.

Atividade Humana Impacto nos

ecossistemas aquáticos Valores/serviços em

risco

Construção de represas

Altera o fluxo dos rios e o transporte de nutrientes e sedimento e interfere na

migração e reprodução de peixes

- Altera habitats e a pesca

comercial e esportiva - Altera os deltas e suas

economias

Construção de diques e canais

- Destrói a conexão do rio com as áreas inundáveis - Danifica ecologicamente

os rios - Modifica os fluxos dos

rios

- Afeta a fertilidade natural das várzeas e os controles

das enchentes - Alteração do canal natural

dos rios - Afeta os habitats e a pesca

comercial e esportiva - Afeta a produção de

hidroeletricidade e transporte

Drenagem de áreas alagadas

Elimina um componente-chave dos ecossistemas

aquáticos

- Perda de biodiversidade - Perda de funções naturais

de filtragem e reciclagem de nutrientes

- Perda de habitats para peixes e aves aquáticas

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Desmatamento do solo

Altera padrões de drenagem, inibe a recarga

natural dos aquíferos, aumenta a sedimentação

- Altera a qualidade e a

quantidade da água, pesca comercial, biodiversidade e

controle de enchentes

Poluição não controlada Diminui a qualidade da

água

- Altera o suprimento de

água - Aumenta os custos de

tratamento - Altera a pesca comercial - Diminui a biodiversidade - Afeta a saúde humana

Remoção excessiva de biomassa

Diminui os recursos vivos e a biodiversidade. Altera

a pesca comercial e esportiva

- Diminui a biodiversidade - Altera os ciclos naturais

dos organismos

Introdução de espécies exóticas

Elimina espécies nativas

- Altera ciclos de nutrientes

e ciclos biológicos - Perda de habitats e alteração da pesca

comercial - Perda da biodiversidade

natural e estoques genéticos

Poluentes do ar (chuva ácida) e metais pesados

Altera a composição química de rios e lagos. Altera a pesca comercial

- Afeta a biota aquática

- Afeta a recreação - Afeta a saúde humana

-Afeta a agricultura

Mudanças globais no clima.

Afeta drasticamente o volume dos recursos

hídricos. Altera padrões de distribuição de

precipitação e evaporação

- Afeta o suprimento de

água, transporte, produção de energia elétrica,

produção agrícola e pesca e aumenta enchentes e fluxo

de água em rios

Crescimento da população e padrões gerais do consumo

humano

Aumenta a pressão para construção de

hidroelétricas e aumenta a poluição da água e a acidificação de lagos e

rios

- Altera os ciclos hidrológicos

- Afeta praticamente todas as atividades econômicas

que dependem dos serviços dos ecossistemas aquáticos

O aumento e a diversificação dos usos múltiplos, o extenso grau de urbanização e o aumento populacional resultaram em uma multiplicidade de impactos que exigem evidentemente diferentes tipos de avaliação, novas tecnologias de monitoramento e avanços tecnológicos no tratamento e gestão das águas.

Este último tópico tem fundamental importância no futuro dos

recursos hídricos, pois como já descrito anteriormente, os cenários de

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uso em crescimento constante estão relacionados com uma continuidade das políticas no uso e gestão pouco evoluídas conceitualmente e tecnologicamente.

Os resultados de todos estes impactos são muito severos para as populações humanas, afetando todos os aspectos da vida diária das pessoas, à economia regional e nacional e à saúde humana. Estas consequências podem ser resumidas em:

● Degradação da qualidade da água superficial e subterrânea. ● Aumento das doenças de veiculação hídrica e impactos na saúde humana. ● Diminuição da água disponível per capita. ● Aumento no custo da produção de alimentos. ● Impedimento ao desenvolvimento industrial e agrícola e comprometimento dos usos múltiplos. ● Aumento dos custos de tratamento de água. Além destes impactos produzidos pelas atividades humanas,

deve-se também considerar que as mudanças globais em curso poderão afetar drasticamente os recursos hídricos do planeta.

Estas mudanças globais, em parte resultantes da aceleração

dos ciclos biogeoquímicos e contribuição de gases de efeito estufa para a atmosfera, também poderão interferir nas características do ciclo hidrológico, afetar a temperatura das águas superficiais de lagos, rios e represas, alterar a evapotranspiração e produzir impactos diversos na biodiversidade.

Estas mudanças globais poderão ter efeitos na agricultura, na

distribuição da vegetação e consequentemente poderão alterar a quantidade e qualidade dos recursos hídricos.

Um dos importantes problemas relativos aos impactos dos usos

múltiplos e a sua quantificação está na distribuição compartilhada dos recursos hídricos nas bacias internacionais.

Há 19 bacias hidrográficas internacionais cujos recursos

hídricos são compartilhados por 5 ou mais países. A bacia do Rio Danúbio, por exemplo, hoje é usada por 17 países (eram 12 em 1978).

Estas bacias internacionais geram grande número de problemas

políticos complexos, resultantes da disputa pelos recursos hídricos e usos múltiplos por diferentes países.

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Conflitos internacionais com disputa pelos recursos hídricos são

resultados de animosidades religiosas, disputas ideológicas, problemas fronteiriços e competição econômica.

À medida que ocorre uma percepção cada vez mais acentuada

sobre os recursos hídricos e seu valor econômico e social, mais acirrada se torna a disputa por recursos hídricos internacionais (Tabela VII).

Tabela VII - Número de bacias internacionais por Continente

Continente Nações Unidas [15] Wolf et al. [16]

África 57 60

América do Norte e Central 33 39

América do Sul 36 38

Ásia 40 53

Europa 48 71

Total 214 261

Problemas especiais referentes aos usos de recursos hídricos Para melhor entendimento, separamos os problemas que dizem respeito ao uso de recursos hídricos por regiões e alimentos. Água e produção de alimentos

O desenvolvimento socialmente justo de todo o planeta deve promover a distribuição e o suprimento adequado de alimento para todos os habitantes do planeta.

A avaliação adequada dos recursos hídricos necessários para

duplicar a produção de alimentos ainda não foi feita. Quais as fontes principais de água disponíveis para produzir alimento, por região ou continente?

Ainda não há uma definição muito clara sobre este problema,

especialmente em continentes como a América do Sul e África. Grande parte da expansão na produção de alimentos foi

conseguida, principalmente, pelo aumento da área irrigada, especialmente na Ásia e particularmente na Índia.

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A produção agrícola depende da irrigação, da precipitação natural e da água produzida por aquíferos subterrâneos utilizados para irrigação. A utilização de água para irrigação era de 2.500 Km3 em 1999.

Sem essa água utilizada para irrigação, a produção agrícola

mundial estaria muito abaixo da produção atual. É fundamental o investimento em novas técnicas de irrigação para melhorar o uso da água e economizar recursos hídricos de forma adequada, nos diferentes continentes.

Evidentemente, estes usos de água dependem do tipo de solo e

do clima, do tipo de cultura e das características do ciclo hidrológico local ou regional.

A água requerida para produzir dietas básicas com base em

necessidades regionais varia de um mínimo de 640m3/pessoa/ano para a África sub-sahariana, até um máximo de 1.830 m3/pessoa/ano para o continente norte-americano.

Na América Latina estes números são da ordem de

1.000m3/pessoa/ano.

Estes dados incluem água de irrigação e águas de precipitação natural. Os requerimentos de água para produção de várias culturas e tipos de alimento variam enormemente.

Por exemplo, para produção de 1Kg de trigo são necessários

900 a 2000 Kg de água e para produção de 1Kg de carne bovina são necessários 15.000 a 70.000 Kg de água.

Custos do alimento estão relacionados com os custos da

irrigação e o volume de água utilizado na produção.

Água para as regiões urbanas

O crescimento exponencial da população humana promoveu

uma enorme demanda sobre os recursos hídricos, aumentando significativamente a necessidade de grandes volumes de água para suprir as populações urbanas adequadamente sem causar danos à saúde pública.

A urbanização avançou sobre os mananciais e deteriorou as

fontes de suprimentos superficiais e subterrâneas. Os custos do tratamento de água para produção de água potável atingem altos valores especialmente se os mananciais estão desprotegidos de florestas riparias e cobertura vegetal suficiente nas bacias hidrográficas e se as águas subterrâneas estão contaminadas.

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Estes custos variam de R$ 0,50 a R$ 80,00 ou R$ 100,00

dependendo da região, época do ano e da fonte. De grande preocupação é a toxicidade dos mananciais, o que pode aumentar os riscos à saúde humana e agravar problemas principalmente de toxicidade crônica.

Regiões urbanas produzem grandes volumes de águas

residuárias de origem doméstica, esgotos não tratados que degradam rios e lagos próximos e elevam os custos do tratamento.

No Brasil somente 20% dos esgotos municipais são tratados,

produzindo um vasto processo de eutrofização de rios, represas e lagos naturais e águas costeiras.

Água e Saúde Humana

Existem muitas informações sobre os efeitos dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos deteriorados sobre a saúde humana. Há diversas doenças de veiculação hídrica que são consequências de organismos que tem um ciclo de vida de alguma forma relacionado com águas estagnadas, rios, represas, estuários ou lagos.

Estas doenças, em Continentes como América Latina, África e

no Sudoeste da Ásia, matam mais pessoas que todas as outras doenças em conjunto.

As doenças que atingem os seres humanos a partir da água

poluída podem resultar de contaminação em águas não tratadas (esgotos domésticos) por contribuição de pessoas e animais infectados, animais em regiões de intensa atividade pecuária (gado, aves, suínos) ou por animais silvestres.

As doenças de veiculação hídrica aumentam de intensidade e

distribuição em regiões com alta concentração populacional, por exemplo, em zonas periurbanas metropolitanas, e com o aumento de despejos de atividades industriais, especialmente aqueles provenientes das indústrias de processamento da matéria orgânica (carne, laticínios, cana de açúcar).

Fatores adicionais de contaminação são os rios urbanos de

pequeno porte, com águas contaminadas e não tratadas que podem funcionar como pólo de dispersão de doenças de veiculação hídrica direta ou indiretamente.

A eutrofização, ou seja, o excesso de nutrientes na água

causado principalmente por atividades industriais, domésticas e

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agrícolas, nos sistemas continentais e costeiros também é causa de contaminação e aumento de doenças. Inabilidade e mortes prematuras produzidas por doenças de veiculação hídrica têm como consequência muitas perdas econômicas, efeitos de curto e longo prazo.

Valoração dos Recursos Hídricos

Os ecossistemas apresentam funções que podem ser qualificadas de “serviços” e benefícios à população humana e a outras espécies. Por exemplo, a produção de alimentos, a reciclagem de nitrogênio e fósforo pelos ecossistemas aquáticos, a produção de alimento e o suprimento de água para abastecimento público, podem ser considerados “serviços” proporcionados pelos recursos hídricos.

Esta valorização pode ser feita em função do “capital natural”

que pode ser a biodiversidade ou funcionamento de uma área alagada como promotor do saneamento.

Os estoques de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos

podem ser considerados um capital que é crítico ao funcionamento do planeta, contribuindo para o bem estar e a melhor qualidade de vida da população.

O conjunto de serviços proporcionados pelos recursos hídricos

é de aproximadamente U$ 1700 x109 por ano (para uma área de 200x106 hectares de rios e lagos).

Esta valoração está ainda nos estágios iniciais, uma vez que a dimensão completa de todos os “serviços” é difícil e complexa e há enormes diferenças regionais e locais nesses valores.

Valores recreacionais, estéticos e custos do tratamento natural variam bastante. Esforços precisam ser definidos para avaliações locais, de diferentes ecossistemas aquáticos, de águas superficiais e recursos hídricos subterrâneos.

Entretanto, esta valoração é fundamental para definir inclusive

os custos de preservação e da recuperação e como compreensão para antecipar impactos.

É fundamental avaliar os custos dos impactos sobre o capital

natural e os “serviços” proporcionados por este capital.

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O futuro dos recursos hídricos

Recursos Hídricos representam um estoque de recursos fundamental para a manutenção da vida no planeta Terra e também para o funcionamento dos ciclos e funções naturais.

Recursos Hídricos beneficiam direta ou indiretamente a

população humana, principalmente se levarmos em conta os vários benefícios promovidos para o bem estar da população humana e para a sobrevivência de organismos.

Uma nova ética é necessária para enfrentar a escassez de recursos hídricos no futuro e para tratar este recurso como um componente fundamental dos ciclos do planeta Terra.

Além desta nova ética que compreende uma visão mais ampla

do recurso, que inclui valores estéticos e culturais, é necessário um conjunto de alterações conceituais na gestão, como a descentralização da gestão, implantando os comitês de bacias hidrográficas, desenvolvendo mecanismos de integração institucional e ampliando a capacidade preditiva do sistema.

A gestão ambiental e especialmente a gestão dos recursos

hídricos no século 20 foi dirigida essencialmente para uma ação setorial (pesca, hidroeletricidade, navegação), em nível local (rio, lago, represa, água subterrânea) e de resposta a crises.

No século 21 esta gestão deverá sofrer uma transição para uma

gestão integrada (usos múltiplos), em nível de ecossistema (bacia hidrográfica) e preditiva (ou seja, capacidade de antecipação de problemas, desastres e impactos).

Isto implica também em avanços tecnológicos essenciais:

monitoramento avançado em tempo real, treinamento de gerentes de recursos hídricos com visão integrada e integradora, capacidade de análise ecológica e modelagem matemática e construção de cenários adequados com avaliação de tendências, impactos e análises de risco.

Acima de tudo, o futuro dos recursos hídricos depende de uma integração entre o conhecimento (diagnóstico, banco de dados, sistemas de informação), ou seja, dados biogeofísicos e a sócia-economia regional, incluindo-se as tendências e a construção de cenários.

Para evitar desperdícios, economizar água, melhorar os custos do tratamento e desenvolver arcabouços legais e institucionais é necessário considerar o conjunto de recursos hídricos – águas continentais superficiais, águas subterrâneas, águas costeiras e sua

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sustentabilidade no espaço e tempo incluindo valores estéticos, segurança coletiva, oportunidades culturais, segurança ambiental, oportunidades recreacionais, oportunidades educacionais, liberdade e segurança individual.

As perspectivas de escassez e degradação da qualidade dos recursos

hídricos do planeta colocaram no cerne das discussões globais as necessidades de adoção do planejamento e do manejo integrado dos recursos hídricos.

As estimativas do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas

apontam que até o ano de 2025 o número de pessoas que vivem em países submetidos a grande pressão sobre os recursos hídricos passará dos cerca de 700 milhões atuais para mais de 3 bilhões. No Brasil, a situação é de maior tranquilidade do que em outras partes do planeta.

Apesar de ocupar quase metade da área da América do Sul e de ter em torno de 60% da Bacia Amazônica, que escoa um quinto do volume de água doce do mundo, há áreas críticas, onde a escassez deixou de ser apenas uma ameaça.

Com três bacias hidrográficas que contêm o maior volume de água

doce do mundo – Amazonas, São Francisco e Paraná –, o Brasil busca servir de exemplo na eficácia da gestão de seus recursos hídricos.

Nas duas últimas décadas, foram desenvolvidos mecanismos e ações voltadas para tornar a água de boa qualidade disponível para as gerações atuais e futuras, diminuir os conflitos do uso da água e ampliar a percepção da conservação da água como um valor social e ambiental de alta relevância.

A partir dos anos 1980, a gestão dos recursos hídricos no Brasil passou a abordar três fatores: a sustentabilidade ambiental, social e econômica; a busca de leis mais adequadas e de espaços institucionais compatíveis; a formulação de políticas públicas que integrassem toda a sociedade.

Singreh foi criado para garantir água de boa qualidade à população

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Em 1997, foi sancionada a Lei das Águas, que estabeleceu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh).

A lei tem como fundamentos a compreensão de que a água é um bem

público (não pode ser privatizada), sendo sua gestão baseada em usos múltiplos (abastecimento, energia, irrigação, indústria etc.) e descentralizada, com intensa participação de usuários, da sociedade civil e do governo. Pela lei, o consumo humano e de animais é prioritário em situações de escassez.

A Lei das Águas estabelece também instrumentos para implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos. Entre eles, destacam-se:

• Planos de recursos hídricos: os planos nacional e estaduais são estratégicos, pois estabelecem diretrizes gerais sobre os recursos hídricos do País ou do estado.

É o instrumento de planejamento nacional ou local, pelo qual se define

como conservar, recuperar e utilizar a água em suas referidas bacias. O Plano Nacional está em vigor desde janeiro de 2006, tendo sido aprovado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos e estando em revisão após esses primeiros quatro anos. Estados estão na fase de desenvolvimento de seus próprios planos.

• Cobrança pelo uso da água: mecanismo educador que reconhece a

água como bem econômico e dá ao usuário uma indicação de seu real valor, incentivando a racionalização do uso da água e obtendo recursos para o financiamento de programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.

Outro ponto prioritário para o Brasil no campo dos recursos hídricos são as águas subterrâneas. A reserva estimada para o País é de 112 mil km³ e a maior parte deste volume se encontra no Aquífero Guarani, localizado na região centro-leste da América do Sul, o maior manancial de água doce transfronteiriça do mundo (segundo informações disponíveis até o momento), com uma área de 1,2 milhão de km2, estendendo-se pelo Brasil (840 mil km2), Paraguai (58,5 mil km2), Uruguai (58,5 km2) e Argentina (255 mil km2).

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Ubirajara Machado

Volume de água por pessoa no Brasil é 19 vezes superior ao mínimo estabelecido pela ONU.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), 16% dos municípios brasileiros utilizam exclusivamente a água subterrânea para o abastecimento.

A superexplotação, ou seja, a extração de água subterrânea em

volumes que ultrapassam os limites de produção das reservas reguladoras do aquífero, pode iniciar um processo de rebaixamento do nível potencial de fornecimento de água.

Outro risco para os mananciais subterrâneos é a contaminação

provocada por fossas, esgotos domésticos e industriais, lixões e agroquímicos. Água no Brasil

O Brasil ocupa uma posição privilegiada em relação à disponibilidade de recursos hídricos. No mundo, 1,2 bilhão de pessoas não têm acesso a água potável e cerca de 5 milhões morrem a cada ano por doenças simples relacionadas à falta de abastecimento.

Já o Brasil conta com 12% dos recursos hídricos do planeta. Por isso, o volume distribuído por pessoa é 19 vezes superior ao mínimo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) – de 1.700 m3/s por habitante por ano.

No entanto, esse recurso vital não chega para todos os brasileiros na

mesma quantidade e regularidade.

As características geográficas de cada região e mudanças de vazão dos rios, que ocorrem devido às variações climáticas ao longo do tempo, acabam afetando a distribuição de água no território nacional.

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Mesmo assim, o volume de recursos hídricos é suficiente para atender 57 vezes a demanda atual do país.

O consumo humano, na média nacional, equivale a cerca de 1/3 do

total de água utilizada no Brasil. Já a irrigação consome 46% dos recursos e as atividades industriais, 18%. Unidade 3 – Educação Ambiental

3.1 – Educação e o meio ambiente

Myriam Ruth Lagos Bustos, em sua tese A educação ambiental sob a ótica da gestão de recursos hídricos, expõe a importância que a educação ambiental tem nas sociedades contemporâneas.

Há tempos, o planeta vem sofrendo constantes e cada vez piores,

ações humanas que o desrespeitam e degradam sua beleza natural. É preciso parar com essas ações, mas primeiro tem-se que compreender os motivos de atitudes nocivas para a vida na Terra.

Sistema institucional: educação ambiental na proteção ao meio ambiente

Observa-se que a preocupação com a natureza começa a fazer eco no Brasil quando é entendida como via de proteção. Primeiro, a Constituição Brasileira de 1946 e o Código Florestal deram uma orientação protecionista direcionada para as áreas florestais e os recursos naturais renováveis.

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No entanto, depois, a Constituição Brasileira de 1965 outorgava essa responsabilidade para o governo ao especificar em seu artigo 10, item III, que “Compete à União e aos Estados proteger as belezas naturais (...)”.

Ao mesmo tempo, o artigo 5º do Código Florestal de 1965 concedia a mesma definição para os objetivos dos Parques Nacionais, além de acrescentar sua utilização para objetivos educacionais, recreativos e científicos.

A criação, no âmbito federal, da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) em 1973, ligada ao Ministério do Interior, teve um papel importante na época em que se incorporava oficialmente a educação ambiental em seus programas, como resposta às exigências internacionais emergentes na área ambiental.

Assim, a SEMA desenvolveu processos de capacitação em recursos humanos que conduziram as tarefas públicas no campo ambiental, bem como definiu junto com os estados as diretrizes e prioridades da educação ambiental.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) – órgão federal executor – e a Secretaria do Meio Ambiente, em articulação conjunta de esforços, destacam-se na coordenação de trabalhos em diferentes instituições e órgãos.

O resultado disto é que em conjunto, organizaram cursos de

especialização em educação ambiental e de caráter interdisciplinar, realizaram Seminários Nacionais sobre Universidade e Meio Ambiente e Encontros Nacionais sobre a Educação Ambiental no Ensino Formal; criaram no interior do IBAMA os Núcleos Estaduais de Educação Ambiental (NEAs), desenvolvendo assim atividades na educação formal e não formal dentro dos estados; e, ultimamente, elaboraram o Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) para atuar junto com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), visando à construção de uma nova cultura no relacionamento institucional para contribuir na busca da solução aos problemas de interesse comum.

3.2 - Políticas de Meio Ambiente

A Lei nº 6.938/81 criou a Política Nacional de Meio Ambiente, que

definiu os princípios, objetivos e instrumentos de controle do meio ambiente. Ao mesmo tempo, estabeleceu órgãos de apoio como o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), o qual compartilha sua responsabilidade nesta política com o governo – a União, os Estados e os Municípios. Este sistema nacional encontra-se estruturado pelas seguintes entidades: Conselho governamental, representado pelo Ministério do Meio

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Ambiente e dos Recursos Hídricos; Conselho Consultivo, que congrega os Estados, Municípios e especialistas do Ministério; os membros do IBAMA, das agências estaduais, municipais e organizações não governamentais. A característica fundamental do sistema, apesar de ter funções limitadas – por não ser nominativa – em relação à questão jurídica, é atuar como articulador na comunicação entre Estado, municípios e instituições que integram, tendo como órgão superior o Conselho Nacional do Meio Ambiente. Esta mesma Lei foi a que criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Formado por representantes dos Ministérios, dos Estados e das entidades não governamentais, impõe-se à representação dos Estados, com funções normativas, já que suas resoluções têm força legal para instituir normas técnicas e administrativas no cumprimento da lei que o criou. O CONAMA, mediante Resolução nº 5/88, determinou o licenciamento ambiental para obras de saneamento básico; atividades de abastecimento de água; sistema de esgoto sanitário; sistemas de drenagem e de limpeza urbana (obras de tratamento e disposição final do lixo doméstico, industrial e hospitalar). Encarregou-se, com a Resolução CONAMA/20, de regulamentar padrões e classificações de qualidade para o ar, solo e água. Além disso, foi atribuída pela Resolução CONAMA nº 237/97 o licenciamento ambiental em todo o território nacional, bem como estipularam-se as penalidades aos infratores da legislação ambiental. O artigo 7 desta resolução dá atribuições aos órgãos municipais ambientais para coordenar os interesses locais no licenciamento de atividades ambientais. Observa-se a descentralização do Estado, quando este autoriza à Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo a celebrar convênios com os municípios paulistas, a outorgar licenciamentos ambientais e a reforçar a fiscalização de atividades afins para que não provoquem impacto ambiental no município. Nesta resolução faz-se uma abordagem das competências, no artigo 7, referente aos interesses locais no licenciamento de atividades ambientais, as quais os órgãos municipais ambientais seriam responsáveis de coordenar. Certamente a valorização dos municípios com atribuições específicas na gestão ambiental foi consignada, o que obrigou os municípios a criarem o Conselho de Meio Ambiente, com profissionais qualificados para responder às novas exigências do CONAMA.

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Espera-se que os municípios, como forma de descentralização e participação e por encontrarem-se próximos à realidade das comunidades, consigam objetivar a gestão ambiental na região. Ao mesmo tempo, devem contribuir com informações pontuais mais claras e precisas dos locais de atuação para o Estado e a União e, deste modo, permitir que estes tenham uma visão ampla na busca do desenvolvimento sustentável dos recursos naturais. A Política Nacional do Meio Ambiente pretende assegurar no país as condições requeridas para o desenvolvimento socioeconômico. Assim, definiu os interesses de segurança nacional, atendendo entre seus princípios prioritários à ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como patrimônio a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o seu uso coletivo. Assinala a Política Nacional do Meio Ambiente que a educação ambiental deve facilitar a inserção do educando e do educador, como cidadãos, no processo socioeconômico da sociedade por meio da aquisição de novos conhecimentos, bem como da formação de valores e atitudes sociais e coletivas. Nota-se que as diretrizes das Conferências Internacionais na área socioeconômica contribuíram na elaboração da lei no tocante à educação ambiental. A política nacional de educação ambiental utiliza os temas transversais para serem desenvolvidos nos currículos escolares, buscando discutir estes temas sob a ótica multidisciplinar em todos os níveis de ensino de forma contínua, com a finalidade de sensibilizar os estudantes em virtude dos cuidados ambientais a serem tomados. O objetivo da Política Nacional do Meio Ambiente tem como finalidade a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícia à vida do homem. Desta forma, se estes fossem alcançados criariam as condições de desenvolvimento socioeconômico, os interesses da segurança e a salvaguardariam a dignidade da vida humana, como assinala a Política Nacional do Meio Ambiente. No Princípio X propõe-se a implantação da educação ambiental em todos os níveis de ensino das comunidades, com o objetivo de capacitá-las para a participação ativa na defesa do meio ambiente. Para atingir a questão ambiental, o governo estabeleceu o Ministério de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, criado pelo Decreto 91.145/85, o qual, preocupado com o comportamento da população em relação ao ambiente, em 1996 elaborou um Programa de Educação Ambiental para a Amazônia.

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Mais tarde, em 1997, criou internamente a Comissão de Educação Ambiental, de caráter inter e intra ministerial no âmbito da Secretaria de Desenvolvimento Integrado e, recentemente, em 1999, formou a Diretoria de Educação Ambiental, que planejou e executou o Programa Nacional de Educação Ambiental (PNEA). Este programa foi reforçado como Lei 9.795/99, que estabeleceu a obrigatoriedade de se criar a Política Nacional de Educação Ambiental. O Programa Nacional de Educação Ambiental é um projeto de cooperação internacional com o Ministério do Meio Ambiente e de atuação nacional. Promove a sensibilização, mobilização e capacitação da sociedade para enfrentar os problemas ambientais, visando ao desenvolvimento sustentável. Este programa criou os núcleos de educação ambiental municipais brasileiros, os quais são espaços onde se realizam as atividades ambientais do município. Além disso, implantou os polos estaduais que concentram as informações dos núcleos, com o intuito de conformar a rede nacional de formadores de multiplicadores em educação ambiental, constituindo, assim, a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental, encarregada da divulgação de experiências locais de práticas sustentáveis. A Constituição Federal de 1988 é a primeira a tratar a questão ambiental de maneira mais específica, destinando um capítulo à legislação do Meio Ambiente, no qual diz: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (Capítulo VI do Meio Ambiente da Constituição Federal, artigo 225). Os legisladores desta Constituição, compreendendo a importância da formação do cidadão na sociedade, incorporaram em seu inciso VI a Educação Ambiental como instrumento socioambiental para a preservação do meio ambiente. Portanto, tornou-se necessário “Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. Além disso, o artigo 24 outorgou competência à União, aos Estados e ao Distrito Federal para legislar também sobre “Conservação da Natureza, dos Recursos Naturais e da Proteção ao Meio Ambiente”, dando ao Poder Público, à coletividade e Fundações o dever de defender e preservar o meio ambiente. Entendendo-se que a educação ambiental de atuação isolada seria insuficiente, a Portaria nº 678/91 do Ministério da Educação e do Desporto

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estabeleceu que a educação escolar deve incorporar em todos os currículos dos diversos estágios de ensino conteúdos da educação ambiental. Em 1996, o Ministério da Educação e a Secretaria de Ensino Fundamental (SEF) definiram as diretrizes que orientaram os processos de aprendizagem no ensino fundamental, incluindo temas de interesse social como: meio ambiente, saúde, saneamento, ética, pluralidade cultural, orientação sexual e temas locais. Por sua vez, estes temas são considerados transversais no conteúdo escolar – temas inclusos nas disciplinas existentes. Segundo opinião dos estudiosos e autoridades sobre o assunto, observa-se que na comunidade escolar essas diretrizes ainda não conseguem representar uma constante de diálogo entre educando e educador, pois apenas algumas disciplinas abordam a questão ambiental como um tema específico do conteúdo curricular. Fica, então, uma questão desvinculada das outras disciplinas e sem continuidade ao longo do ano letivo e sobretudo, persistindo a figura do transmissor ativo e do receptor passivo na relação professor-aluno. No ano de 1997, realizou-se a primeira Conferência Nacional de Educação Ambiental em Brasília. Mas antes houve um amplo processo de articulação e participação em conjunto com a sociedade civil, ONGs e organizações governamentais, mediante os Encontros da Rede Brasileira de Educação Ambiental e pré-fóruns regionais; tais eventos refletiram sobre as práticas, estratégias (aplicadas e futuras), perspectivas e tendências da educação ambiental. Finalmente, daí resultou a Declaração de Brasília para Educação Ambiental, a qual foi apresentada na Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Conscientização Pública para a Sustentabilidade em Thessaloniki (Grécia), em dezembro de 1997.

Política Nacional de Educação Ambiental A relevância das Conferências Internacionais em educação ambiental possibilitou, no Brasil, a valorização da relação do ser humano com a natureza; no entanto, esta relação foi só inserida na Lei nº 9.795/99 da Política Nacional de Educação Ambiental, que definiu no âmbito nacional a obrigatoriedade da matéria nas escolas públicas e propiciou a política ambientalista abrangendo a sociedade civil, empresas, comércio e governo. A lei estabeleceu como princípio da educação ambiental “o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo”, tendo como objetivo fundamental o “desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações”, envolvendo os futuros

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atores sociais nos aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos e éticos. Portanto, atualmente sabe-se que é fundamental a mudança social apoiada na política de educação ambiental que estrutura a problemática dos recursos naturais da sociedade, efetivando as transformações internas dos seres humanos em busca da realização pessoal. Plano Nacional de Educação Os membros do Congresso Nacional, preocupados com os problemas ambientais e a falta de profissionais na área, elaboraram o decreto Lei 10.172/01 habilitando o Plano Nacional de Educação, com duração prevista de dez anos. Tomando-se por base a Conferência de Jomtien, realizada na Tailândia, especificamente a Declaração Mundial de Educação Para Todos, visou-se a capacitar educadores no ensino fundamental, médio e superior para garantir o desenvolvimento do educador enquanto cidadão crítico, co-responsável e profissional. O Plano Nacional de Educação sustenta-se em três vertentes: “1 – A educação como direito, que deve ser garantida desde o nascimento à idade adulta, porque sem ela a pessoa não se completa, não se realiza e não contribui com o desenvolvimento social do grupo; 2 – A educação como motor do desenvolvimento econômico e social, onde está ressaltada a necessidade de formação de quadros universitários e investimento em ciência e tecnologia; 3 – A educação como meio de combate à pobreza e à miséria, onde mais do que nunca, reverter o quadro de exclusão social, desemprego, pobreza e miséria, é imperativo para um país que tem cerca de 60 milhões de pessoas nesta deplorável situação, às portas do século XXI, com 37% da população vivendo abaixo da linha da pobreza” nas palavras de MEDINA. O aspecto relevante que encontramos nesta lei, por um lado, é a sistematização e o resgate da educação como instrumento de inclusão social, pensada como processo contínuo na aprendizagem social; por outro lado, é a procura de alternativas aos modelos de desenvolvimento socioambiental e à iniquidade social, mediante a interação entre a sociedade e seu meio – objetivo da educação ambiental. Destaca-se, neste contexto, a educação superior que incorporou em suas diretrizes curriculares curso de formação de docentes com temas transversais de interesse social, recorrentes em educação ambiental.

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Percebe-se a coerência desta questão na formação de docentes para o ensino fundamental, médio e superior; assim como enaltece-se a educação de jovens e adultos desenvolvendo atividades de educação ambiental para promover uma educação cidadã, como fica explicitado de acordo com a seguinte diretriz: “Não basta ensinar a ler e a escrever; para inserir a população no exercício pleno da cidadania, melhorar sua qualidade de vida e de fruição do tampo livre e ampliar suas oportunidades no mercado de trabalho” afirma Medina. Política de Educação Ambiental em São Paulo Diante do panorama mundial e coerente com os compromissos internacionais e nacionais assumidos pelo Brasil, o Estado de São Paulo, mediante o Decreto 30.555/89, criou a Coordenadoria de Educação Ambiental (CEAM), vinculada à Secretaria do Meio Ambiente (SMA), com o intuito de planejar, desenvolver e promover a educação ambiental; estimular a participação da população na política do desenvolvimento ecologicamente sustentado; preservar e recuperar o meio ambiente com a difusão de atividades que visem à melhoria do meio ambiente. O CEAM tem uma atividade consultiva junto ao programa de núcleos regionais de educação ambiental em São Paulo. Para efetivar seu trabalho, desenvolveu diretrizes como: promover e apoiar ações integradas entre os órgãos da SMA, entre entidades públicas e ONGs, na execução dos programas de educação ambiental; realizar ações educativas voltadas para o exercício da cidadania visando ao fortalecimento da consciência social na busca do desenvolvimento sustentável. A CEAM criou em 1996 o programa Núcleos de Educação Ambiental, como forma de atuação mais direcionada em apoio às atividades regionais e locais. Isto é, fez capacitação de lideranças locais, desenvolveu metodologias para projetos de educação ambiental nas áreas, efetivou campanhas de conscientização públicas, elaborou material didático – livros, cartilhas, boletins informativos - organizou seminários e fóruns, promoveu encontros para professores e líderes da comunidade que participam dos problemas ambientais, reuniu técnicos de organismos municipais e representantes da sociedade civil. Exemplificando uma de suas atividades, encontra-se o programa de coleta seletiva executado nas áreas de mananciais de Diadema e Embu. Priorizou o trabalho de educação ambiental, especialmente nas unidades de ensino de acordo com as necessidades de cada escola e, ao mesmo tempo, apoiou ações integradas para os catadores de lixo na busca do desenvolvimento autossustentável.

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Esta foi uma alternativa para permitir a sustentação econômica dos catadores após a retirada do lixo municipal. Além disso, em 2002, a CEAM desenvolveu um curso de capacitação para membros de ONGs e pessoas que participam na elaboração de projetos de educação ambiental. Em relação às tecnologias de capacitação e gestão ambiental, o que foi apresentado serviu para aprimorar metodologias e recursos didáticos, elaborar projetos, otimizar e atualizar procedimentos administrativos. Em relação à sustentabilidade, tentou-se melhorar a participação e ampliar as parcerias com a comunidade e ampliar as perspectivas de financiamento aos projetos. Esta mesma coordenadoria vem realizando ações de articulação e integração, envolvendo programas de capacitação de educadores do sistema formal de ensino, objetivando a difusão de conceitos, metodologias e a prática da educação ambiental, fortalecendo o intercâmbio de informações entre as Secretarias de Educação Ambiental do Estado e os municípios e incentivando a integração da temática ambiental no projeto pedagógico das escolas e a participação de educadores, alunos e comunidade na gestão das políticas públicas ambientais. Destaca-se a competência da CEAM na bacia hidrográfica do Alto Tietê, que é formada por vários municípios, com características socioeconômicas e educacionais diferentes de São Paulo. Por isso, cada município ao elaborar o seu plano de educação ambiental para a bacia procura a CEAM a fim de estabelecer as diretrizes apropriadas ao município, na elaboração dos programas educacionais que envolvam o problema ambiental da bacia. Além disso, a Coordenadoria avalia os projetos de educação ambiental do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO). A Lei 11.426/93 criou a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) com o objetivo de planejar, ordenar e coordenar as atividades de defesa do meio ambiente. O Departamento de Educação Ambiental, proporcionando apoio técnico aos programas de educação ambiental nas escolas de 1º e 2º graus (atualmente, Ensino Fundamental e Ensino Médio), coordenou e executou programas e ações educativas visando à participação da sociedade na melhoria da qualidade ambiental. Foram programas como os que se realizou na área da Represa Billings, em 1998, na zona Sul de São Paulo, junto com o Instituto Brasil de Educação Ambiental e em parcerias com outras entidades, como da organização do “Curso de Formação de Educadores Ambientais”.

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Anos depois, o Decreto nº 42.798/98 instituiu o programa “Núcleos Regionais de Educação Ambiental” no Estado de São Paulo. Por tudo isso, ressalta-se a importância da institucionalização das políticas federais e estaduais de educação ambiental e meio ambiente, bem como a utilidade da legislação sobre crimes ambientais, o que atende à formação de cidadania mais ativa e atuante, em benefício dos atores sociais. Santos e Pivello (1997) identificam três tipos de atores sociais:

1. Os técnicos-científicos, constituídos por especialistas de diferentes áreas ou grupos técnicos, que priorizam e identificam as áreas que foram prejudicadas ou conflitos a serem alvos de análise e estudo.

E, como responsáveis pelo processo de gestão, atuam como grupo de consenso para a tomada de decisões dos outros atores;

2. Os institucionais, formados pelo poder público/governo que, diante da sociedade, respondem pelos programas políticos governamentais para a proteção e conservação do meio ambiente;

3. Os comunitários, representados pelos usuários dos recursos naturais e hídricos, assim como pelas entidades e associações.

Considera-se essencial um modelo de planejamento estratégico

de ação social de apoio ao desenvolvimento do ensino, defesa dos direitos e promoção social da população, com base na educação e capacitação dos diferentes atores sociais, em especial a comunidade e instituições do governo.

No que diz respeito à comunidade, a educação é fundamental

para propiciar a participação. Para isso, deve-se impulsionar e articular a educação, como indica a Conferência de Jomtien e as afirmações de Medina.

As instituições governamentais devem capacitar seus membros

técnicos de nível superior, da mesma maneira que os integrantes dos órgãos federais, estaduais e municipais, do meio ambiente, da saúde e entidades representativas da sociedade civil.

Outra prioridade é facilitar a mobilização de recursos humanos,

técnicos e financeiros na procura da integração que viabilize a melhoria da qualidade de vida e a defesa do meio ambiente.

Portanto, a participação de todos os setores sociais articulados e

vinculados à administração federal, estadual e municipal tornaria mais eficientes as políticas socioambientais.

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3.3 – O que são aquíferos? Um dos portais mais conceituados sobre recursos hídricos, o Portal

São Francisco, reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente, descreve as características de um aquífero e sua importância.

Aquífero livre ou freático é aquele constituído por uma formação

geológica permeável e superficial, totalmente aflorante em toda a sua extensão, e limitado na base por uma camada impermeável.

A superfície superior da zona saturada está em equilíbrio com a

pressão atmosférica, com a qual se comunica livremente. Os aquíferos livres têm a chamada recarga direta.

Em aquíferos livres o nível da água varia segundo a quantidade de

chuva. São os aquíferos mais comuns e mais explorados pela população. São também os que apresentam maiores problemas de contaminação.

Já o aquífero confinado ou artesiano é aquele constituído por uma

formação geológica permeável, confinada entre duas camadas impermeáveis ou semipermeáveis.

A pressão da água no topo da zona saturada é maior do que a

pressão atmosférica naquele ponto, o que faz com que a água ascenda no poço para além da zona aquífera.

O seu reabastecimento ou recarga, através das chuvas, dá-se

preferencialmente nos locais onde a formação aflora à superfície. Neles, o nível da água encontra-se sob pressão, podendo causar artesianismo nos poços que captam suas águas.

Os aquíferos confinados têm a chamada recarga indireta e quase

sempre estão em locais onde ocorrem rochas sedimentares profundas (bacias sedimentares).

O aquífero semi-confinado é aquele que se encontra limitado na base,

no topo, ou em ambos, por camadas cuja permeabilidade é menor do que a do aquífero em si.

O fluxo preferencial da água se dá ao longo da camada aquífera.

Secundariamente, esse fluxo se dá através das camadas semi-confinantes, à medida que haja uma diferença de pressão hidrostática entre a camada aquífera e as camadas subjacentes ou sobrejacentes.

Em certas circunstâncias, um aquífero livre poderá ser abastecido por

água oriunda de camadas semiconfinadas subjacentes, ou vice-versa. Zonas

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de fraturas ou falhas geológicas poderão, também, constituir-se em pontos de fuga ou recarga da água da camada confinada.

Em uma perfuração de um aquífero confinado, a água subirá acima

do teto do aquífero, devido à pressão exercida pelo peso das camadas confinantes sobrejacentes.

A altura a que a água sobe chama-se nível potenciométrico e o furo é

artesiano. Numa perfuração de um aquífero livre, o nível da água não varia porque corresponde ao nível da água no aquífero, isto é, a água está à mesma pressão que a pressão atmosférica.

O nível da água é designado então de nível freático.

Representação esquemática do nível de pressão nos aquíferos

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br

Áreas de Reabastecimento e Descarga do Aquífero

Um aquífero apresenta uma reserva permanente de água e uma reserva ativa ou reguladora que são continuamente abastecidas através da infiltração da chuva e de outras fontes subterrâneas.

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As reservas reguladoras ou ativas correspondem ao escoamento de base dos rios.

A área por onde ocorre o abastecimento do aquífero é chamada zona de recarga, que pode ser direta ou indireta. O escoamento de parte da água do aquífero ocorre na zona de descarga (ANA, 2001).

Zona de recarga direta

É aquela onde as águas da chuva se infiltram diretamente no aquífero, através de suas áreas de afloramento e fissuras de rochas sobrejacentes. Sendo assim, a recarga sempre é direta nos aquíferos livres, ocorrendo em toda a superfície acima do lençol freático.

Nos aquíferos confinados, o reabastecimento ocorre

preferencialmente nos locais onde a formação portadora de água aflora à superfície. Zona de recarga indireta

São aquelas onde o reabastecimento do aquífero se dá a partir da drenagem (filtração vertical) superficial das águas e do fluxo subterrâneo indireto, ao longo do pacote confinante sobrejacente, nas áreas onde a carga potenciométrica favorece os fluxos descendentes. Zona de descarga

É aquela por onde as águas emergem do sistema, alimentando rios e jorrando com pressão por poços artesianos.

As maiores taxas de recarga ocorrem nas regiões planas, bem arborizadas, e nos aquíferos livres. Nas regiões de relevo acidentado, sem cobertura vegetal, sujeitas a práticas de uso e ocupação que favorecem as enxurradas, a recarga ocorre mais lentamente e de maneira limitada (REBOUÇAS et al., 2002).

Sob condições naturais, apenas uma parcela dessas reservas reguladoras é passível de exploração, constituindo o potencial ou reserva explotável Em geral, esta parcela é calculada entre 25% e 50% das reservas reguladoras (REBOUÇAS, 1992 citado em ANA, 2001).

Esse volume de explotação pode aumentar em função das condições

de ocorrência e recarga, bem como dos meios técnicos e financeiros

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disponíveis, considerando que a soma das extrações com as descargas naturais do aquífero para rios e oceano, não pode ser superior à recarga natural do aquífero.

Funções dos Aquíferos

Além de suprir água suficiente para manter os cursos de águas superficiais estáveis (função de produção), os aquíferos também ajudam a evitar seu transbordamento, absorvendo o excesso da água da chuva intensa (função de regularização).

Na Ásia tropical, onde a estação quente pode durar até 9 meses e

onde as chuvas de monção podem ser bastante intensas, esse duplo serviço hidrológico é crucial (SAMPAT,2001).

Segundo o mesmo autor, os aquíferos também proporcionam uma forma de armazenar água doce sem muita perda pela evaporação - outro serviço particularmente valioso em regiões quentes, propensas à seca, onde essas perdas podem ser extremamente altas.

Na África, por exemplo, em média, um terço da água extraída de

reservatórios todo ano perde-se pela evaporação. Os pântanos, habitats importantes para as aves, peixes e outras formas de vida silvestre, nutrem-se, normalmente, de água subterrânea, onde o lençol freático aflora à superfície em ritmo constante.

Onde há muita exaustão de água subterrânea, o resultado é,

frequentemente, leitos secos de rios e pântanos ressecados.

Portanto, os aquíferos podem cumprir as seguintes funções (REBOUÇAS et al., 2002):

1. Função de produção Corresponde à sua função mais tradicional de produção de água para

o consumo humano, industrial ou irrigação. 2. Função de estocagem e regularização

Utilização do aquífero para estocar excedentes de água que ocorrem

durante as enchentes dos rios, correspondentes à capacidade máxima das estações de tratamento durante os períodos de demanda baixa, ou referentes ao reuso de efluentes domésticos e/ ou industriais.

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3. Função de filtro

Corresponde à utilização da capacidade filtrante e de depuração bio-geoquímica do maciço natural permeável. Para isso, são implantados poços a distâncias adequadas de rios perenes, lagoas, lagos ou reservatórios, para extrair água naturalmente clarificada e purificada, reduzindo substancialmente os custos dos processos convencionais de tratamento.

4. Função ambiental

A hidrogeologia evoluiu de enfoque naturalista tradicional (década de 40) para hidráulico quantitativo até a década de 60. A partir daí, desenvolveu-se a hidroquímica, em razão da utilização intensa de insumos químicos nas áreas urbanas, indústrias e nas atividades agrícolas.

Na década de 1980 surgiu a necessidade de uma abordagem multidisciplinar integrada da geohidrologia ambiental.

5. Função transporte O aquífero é utilizado como um sistema de transporte de água entre

zonas de recarga artificial ou natural e áreas de extração intensiva.

6. Função estratégica

A água contida em um aquífero foi acumulada durante muitos anos ou até séculos e é uma reserva estratégica para épocas de pouca ou nenhuma chuva.

O gerenciamento integrado das águas superficiais e subterrâneas de

áreas metropolitanas, inclusive mediante práticas de recarga artificial com excedentes da capacidade das estações de tratamento, os quais ocorrem durante os períodos de menor consumo, com infiltração de águas pluviais e esgotos tratados, originam grandes volumes hídricos.

Esses poderão ser bombeados para atender o consumo essencial nos

picos sazonais de demanda, nos períodos de escassez relativa e em situações de emergência resultantes de acidentes naturais, como avalanches, enchentes e outros tipos de acidentes que reduzem a capacidade do sistema básico de água da metrópole em questão.

7. Função energética

Utilização de água subterrânea aquecida pelo gradiente geotermal como fonte de energia elétrica ou termal.

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8. Função mantenedora Mantém o fluxo de base dos rios (WREGE,1997).

Ocorrências no Brasil

A combinação das estruturas geológicas com fatores geomorfológicos e climáticos do Brasil resultou na configuração de 10 províncias hidrogeológicas, que são regiões com sistemas aquíferos com condições semelhantes de armazenamento, circulação e qualidade de água (MMA, 2003). Essas províncias podem estar divididas em subprovíncias.

Sendo assim, as águas subterrâneas no Brasil ocupam diferentes tipos de reservatórios, desde as zonas fraturadas do embasamento cristalino (escudo) até os depósitos sedimentares cenozóicos (bacias sedimentares), reunindo-se em três sistemas aquíferos: porosos, fissurados e cársticos de acordo com a tabela 2.1 (LEAL, 1999).

Os escudos são formados por rochas magmáticas e metamórficas e

correspondem aos primeiros núcleos de rochas emersas que afloraram desde o início da formação da crosta terrestre.

As bacias sedimentares são depressões preenchidas, ao longo do

tempo, por detritos ou sedimentos provenientes de áreas próximas ou distantes que normalmente estão dispostas de forma horizontal (COELHO, 1996).

Representação esquemática das províncias hidrogeológicas do Brasil

Província Hidrogeológica

Domínio Aquífero

Sistema Aquífero Principal

Área (km²)

Volume de

água (km²)

Total

(%)

Escudo Oriental

Substrato aflorante

Zonas iraturadas 600.000 80 0,07

Escudos Setentrional,

Central e Meridional

Substrato aflorante

Manto rochas alteradas e/ou

fraturas 4.000.000 10.000 8,90

Amazonas Bacia

sedimentar Amazonas

Arenitos Barreiras e Alter do Chão

1.300.000 32.500 28,94

Parnaíba

Bacia sedimentar São Luís –

Barreirinhas

Arenitos São Luís e Itapecuru

50.000 250 0,22

Parnaíba Bacia

sedimentar Arenitos Itapecuru,

Cordas-Grajaú. 700.000 17.500 15,58

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Maranhão Motuca, Poti-Piauí, Cabeças, Serra

Grande

Costeira

Bacia sedimentar Potiguar –

Recife

Arenitos Barreiras e Açu-Beberibe,

Calcário Jandaíra 23.000 230 0,20

Costeira

Bacia sedimentar Alagoas-Sergipe

Arenitos Barreiras e Marituba

10.000 100 0,09

Costeira

Bacia sedimentar

Jatobá-Tucano-

Recôncavo

Arenitos Marizal, Tacaratu, São

Sebastião 56.000 840 0,75

Paraná Bacia

sedimentar Paraná

Arenitos Bauru-caiuá,

Furnas/Aquidauana, Guaran, Rio Branco

e Basaltos Serra geral

1.000.000 50.400 44,88

Depósitos diversos

Aluviões,dunas 773.000 411 0,37

TOTAL 8.512.000 112.311 100 Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br

Os sistemas aquíferos brasileiros armazenam os importantes

excedentes hídricos, que alimentam uma das mais extensas redes de rios perenes do mundo, com exceção dos rios temporários, que nascem nos domínios das rochas do embasamento geológico subaflorante do semi-árido da região Nordeste (REBOUÇAS et al., 2002), e desempenham, ainda, importante papel socioeconômico, devido à sua potencialidade hídrica (MMA,2003).

Sistemas porosos: formados por rochas sedimentares que ocupam 42% (3,6 milhões de km²) da área total do país e compreendem cinco províncias hidrogeológicas (bacias sedimentares): Amazonas, Paraná, Parnaíba-Maranhão, Centro-Oeste e Costeira.

A estruturação geológica, com alternância de camadas permeáveis e

impermeáveis, assegura lhes condição de artesianismo. As Bacias do Paraná, Amazonas, Parnaíba e a Subprovíncia Potiguar-Recife destacam-se pela extensão e potencialidade (ABAS, 2003).

Representação esquemática dos principais aquíferos brasileiros

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Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br

As Províncias Amazonas e Parnaíba posicionam-se como a segunda e terceira do Brasil, respectivamente, em volume de água armazenado. A pouca evaporação da Província Amazonas, motivada pela elevada umidade do ar e a cobertura florestal, contribui também para uma maior absorção das águas superficiais pelas suas rochas.

A Província Centro-Oeste compreende as Subprovíncias Ilha do Bananal, Alto Xingu, Chapada dos Parecis e Alto Paraguai, localizadas na região Centro-Oeste do país, cujos principais aquíferos são o Aquidauana, Parecis e Botucatu.

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A Província Costeira abrange praticamente toda zona costeira do Brasil, excetuando-se as porções dos Estados do Paraná, São Paulo, sul do Rio de Janeiro, norte do Pará, Ilha de Marajó e sudeste do Amapá.

Essa província apresenta-se bastante diversificada, por abranger

várias bacias sedimentares costeiras, de diferentes constituições e idades geológicas. suas subprovíncias são: Alagoas/Sergipe; Amapá; Barreirinhas; Ceará/Piauí; Pernambuco; Potiguar; Recôncavo; Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Os aquíferos mais importantes são os arenitos cretáceos e terciários

nas Bacias Potiguar, Alagoas e Sergipe. Os sistemas aquíferos Dunas e Barreiras são utilizados para abastecimento humano nos Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte.

O Aquífero Açu é intensamente explorado para atender ao

abastecimento público, industrial e em projetos de irrigação (fruticultura), na região de Mossoró (RN).

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Bibliografia Ambiente Brasil. Recursos hídricos. Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/recursos_hidricos/agua_-_recursos_hidricos.html>. Acesso em 22 ago 2011. ANDRADE, R.O. Gestão ambiental: enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. São Paulo: Makron Books, 2006. Associação Brasileira de Engenharia de Produção. Gestão ambiental: uma estratégia para a preservação dos recursos hídricos. Disponível em: < http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2001_TR101_0639.pdf >. Acesso em 25 ago 2011. Associação Brasileira de Recursos Hídricos. Disponível em: <http://www.abrh.org.br/novo/>. Acesso em 23 ago 2011. Recursos hídricos. Meio ambiente. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/recursos-hidricos> Acesso em 22 ago 2011.