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Page 1: c tecnico62 - CORE · Mini-garfagem: Um Novo Método para a Enxertia do Mogno Sul-americano (Swietenia macrophylla King) 3 Procedimentos da mini-garfagem do mogno Figura 1. Secção

Mini-garfagem: Um NovoMétodo para a Enxertia doMogno Sul-americano(Swietenia macrophyllaKing)

Antonio Nascim Kalil Filho1

Harry Albino Hoffmann2

Fernando Rodrigues Tavares3

1Engenheiro-agrônomo, Doutor, Pesquisador da Embrapa Florestas. [email protected] de Operações, Embrapa Florestas3Engenheiro-agrônomo, Bacharel, Pesquisador da Embrapa Florestas

62ISSN 1517-5030Colombo, PRNovembro, 2001

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A enxertia é um dos meios de clonagem dentro dapropagação vegetativa das espécies florestais efrutíferas, principalmente em espécies de difícilenraizamento, ou mesmo quando se visa à redução doporte da árvore para facilitar a colheita de frutos, comono caso da macieira e do nim indiano, indução deresistência a pragas e doenças, no caso da tolerância àHipsipylla grandella do mogno e apressar a produção defrutos (ouriços) e no caso da castanha-do-brasil(Bertholletia excelsa).

Dentre os vários métodos convencionais para a enxertiade espécies florestais, destacam-se a garfagem em suasmodalidades no meio do topo, sob casca no topo, sobcasca lateral. Destaca-se, ainda, a borbulhia convencionalem T invertido ou T normal.

Os diversos tipos de enxertia têm sido praticados nomogno sul-americano (Swietenia macrophylla) naEmbrapa Florestas (Kalil Filho & Hoffmann, 2000),destacando-se a garfagem no meio do topo. Entretanto,durante a operação de enxertia, um dos problemasencontrados é o pequeno número de garfos ou enxertos

disponíveis (um garfo por muda). Por outro lado, muitosporta-enxertos (cavalos) já aproveitados em enxertiasmal-sucedidas tornavam-se inaproveitáveis (câmbioprejudicado no processo de enxertia), embora vivos.

Pensou-se no aproveitamento destes porta-enxertosatravés do uso de enxertia não-convencional por mini-garfagem, um processo inédito no mogno (Swieteniamacrophylla), pela introdução de material propagativo(mini-garfo) em segmento de tamanho pequeno (aproxi-madamente 3 cm) com gemas vivas, apenas diferindoem tamanho em relação ao garfo normal. O mini-garfoapresenta ou não ponteira, mas deve apresentar gemasapicais ou laterais. No caso do mogno, é grande aquantidade de gemas, das quais podem surgir brotaçõescom muita facilidade, seguindo-se a regeneração da novacombinação (planta) em si, a partir de uma ou duasgemas do mini-garfo.

O método de mini-garfagem de fenda no meio do topo –GFMT e sob casca no topo - GSCT é descrito da seguin-te forma:

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2 Mini-garfagem: Um Novo Método para a Enxertia do Mogno Sul-americano (Swietenia macrophylla King)

1. As mudas porta-enxerto (cavalo) deverão estaraptas a receber o propágulo (enxerto ou cavaleiro).O enxerto deverá conter o máximo de gemaslaterais e 5 cm de comprimento mínimo,possibilitando a obtenção de mini-garfo com 3 cmpara brotação das gemas (extemidade superior) e 2cm abrangidos pelo corte em bisel, em forma decunha dos dois lados, no caso da garfagem comfenda no meio do topo – GFMT, ou em forma decunha apenas de um lado, no caso da garfagemsob casca no topo - GSCT.

2. Faz-se o corte transversal do porta-enxerto e, emseguida, com o auxílio do canivete de enxertia, éfeita a abertura da fenda no meio do topo ou sobcasca lateral no topo. Esta fenda deve ser igual ousuperior ao comprimento do bisel, o qual devereceber tratamento para assepsia, em solução debenomil a 1%, por alguns minutos.

3. Em seguida, cortar a fita de enxertia no tamanhoadequado, introduzir o mini-garfo, envolvendo-se oconjunto mini-garfo/porta-enxerto com o fitilho paramelhor junção dos tecidos cambiais, de modo aproteger totalmente o porta-enxerto, deixando-seuns 3 cm da extremidade superior do enxerto nu(sem a fita de enxertia), de modo a facilitar acicatrização enxerto/porta-enxerto, comconcentração de carbohidratos no ponto da junção,forçando-se, assim, a brotação das gemas apicaisou laterais.

4. Envolver o conjunto em saco plástico, fixado naextremidade inferior do ponto de enxertia. Após asprimeiras brotações, retirar o envoltório,eliminando-se as rebrotas do porta-enxerto.Quando o enxerto atingir um comprimento de 10 a20 cm, retirar a fita de enxertia, para evitar oestrangulamento do caule. Após a aclimatação damuda enxertada, transferi-la ao local definitivo.

O aproveitamento de mini-garfos de porta-enxertosdescartados implica no aumento do rendimento daoperação de enxertia, com redução de custos. Por ex., agarfagem do mogno permite o aproveitamento de apenas

uma muda por enxerto, enquanto que a mini-garfagempermite o seccionamento do ramo a ser enxertado emdiversos mini-garfos, cada qual contendo uma ou duasgemas, implicando em multiplicação dos propágulos(gemas) que originarão novos clones. Assim, a mini-garfagem pode ser entendida como um processointermediário entre a garfagem convencional e a borbulhia;esta última, quando aplicada, possibilita o máximorendimento em gemas (uma por enxertia). Entretanto, aoperação de inserção da borbulha com tecido tenro noporta-enxerto pode inviabilizar o sucesso da enxertia emdeterminadas espécies florestais, como o mogno.

Foi conduzido experimento na Embrapa Florestascomparando-se a garfagem de fenda no meio do topo(GFMT) – 60 enxertos, garfagem sob casca no topo(GSCT) – 60 enxertos, mini-garfagem de fenda no meiodo topo (MGFMT) – 107 enxertos e mini-garfagem sobcasca no topo (MGSCT) – 83 enxertos, sempreutilizando-se o mogno enxertado sobre mogno. Verificou-se sucesso de, respectivamente, 98,3%, 100%, 64,4%e 55,0%.

Ao comparar-se a garfagem convencional com a mini-garfagem, observamos que o pegamento na primeira éaproximadamente o dobro da segunda. Entretanto,enquanto na garfagem, é aproveitada uma muda porenxertia, na mini-garfagem podem ser aproveitados de 3a 6 mini-garfos por muda, número este dependente donúmero de gemas existentes em cada muda. Depreende-se, daí, que este método é tanto mais viável quantomaior o número de gemas viáveis na muda de mogno.Além disso, porta-enxertos de mogno inviabilizados porgarfagem convencional puderam ser reaproveitados,destacando-se no cavalo a porção enxertada, eenxertando-se o mini-garfo no mesmo. Recomenda-se aaplicação desta prática em outras espécies florestais efrutíferas boas produtoras de gemas viáveis.

Os procedimentos da mini-garfagem (Figuras 1 a 12) sãosemelhantes aos da garfagem convencional: aplicação doenxerto, proteção, manutenção, avaliação eacompanhamento, diferindo apenas pelo tamanho domini-garfo.

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3Mini-garfagem: Um Novo Método para a Enxertia do Mogno Sul-americano (Swietenia macrophylla King)

Procedimentos da mini-garfagem do mogno

Figura 1. Secção transversalpara retirada do mini-garfo

Figura 2. Corte em bisel paraa formação do mini-garfo.

Figura 3. Mini-garfo cortadoem bisel pronto para aenxertia

Figura 4. Corte no porta-enxerto para a inserção domini-garfo.

Figura 5. Porta-enxerto apto areceber o mini-garfo.

Figura 7. Saco plástico paraa formação de câmara úmidano conjunto enxerto / porta-enxerto.

Figura 9. Brotração emitidado mini-garfo.

Figura 11. Detalhe da regiãoenxertada.

Figura 6. Armárrio domini-garfo enxertado.

Figura 8. Tecidos enxerto(mini-garfo) e porta-enxertoconsolidados.

Figura 10. Mudas com e sembrotos.

Figura 12. Mudas com folhase brotos.

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4 Mini-garfagem: Um Novo Método para a Enxertia do Mogno Sul-americano (Swietenia macrophylla King)

Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:Embrapa FlorestasEndereço: Estrada da Ribeira km 111 - CP 319Fone: (0**41) 666-1313Fax: (0**41) 666-1276E-mail: [email protected] edição1a impressão (2001): 300 exemplares

Presidente: Moacir José Sales MedradoSecretário-Executivo: Guiomar M. BraguiniaMembros: Antônio Carlos de S. Medeiros, EdilsonB. de Oliveira, Erich G. Schaitza, HonorinoR.Rodigheri, Jarbas Y.Shimizu, José A. Sturion,Patricia P. de Mattos, Sérgio Ahrens, Susete doRocio C. Penteado

Supervisor editorial: Moacir José Sales MedradoRevisão de texto: Elly Claire Jansson LopesTratamento das ilustrações: Cleide FernandesEditoração eletrônica: Cleide Fernandes

Comitê depublicações

Expediente

ComunicadoTécnico, 62

KALIL FILHO, A.N.; HOFFMANN, H.A. Enxertia de mogno em Toona para a indução de resistência à Hypsipyla grandella(Zeller, 1948) no mogno sul-americano (Swietenia macrophylla). Boletim de Pesquisa Florestal, n.41, p.74-78, jul./dez.2000.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA