buzz # 27 setembro

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A revista numero do Vale do Paraiba

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A revista Buzz é uma publicação mensal da Voz Ativa Comunicações - Diretor Geral: Mauro San Martín - Diretora Comercial: Silvia Regina Evaristo Teixeira - Editor-chefe: Mauro San Martín - DRT 24.180/SP - Repórter: Mauro San Martín. Foto capa: Arquivo Pessoal Antonio Nunes Moraes Neto / Edição: Kiko Sanches - Revisão: Renata Melo - Tiragem: 5 mil exemplares - Impressão: Jac Gráfi ca e Editora - Email: [email protected] - Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam necessariamente a opi-nião da revista ou da editora. Não é permitida a reprodução de anúncio publicitário deste número como também das edições anteriores, exceto com autorização por escrito. POR FAVOR, RECICLE ESTA REVISTA!

BUZZ PÁGINA 2

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carTa ao LeITor

Edição 27|Ano III|Setembro de 2012

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A agonia do Rio Comprido - A integrante do Comitê das Águas de Jacareí (CAJ), Dinamara Osses, denuncia o descarte clandestino de esgoto no Rio Comprido

Eleições e projetos

Foto: Kiko Sanches

2 Buzz - Setembro de 2012

Esta edição da revista é impressa a pouco menos de 30 dias da elei-ção municipal. O quadro político

em Jacareí carece de pesquisas confi áveis e debate dos principais problemas da cidade, como saúde e trânsito. O eleitor fi ca per-dido no meio de acusações e as propostas para a cidade fi cam em segundo plano.

Soluções mirabolantes para sanar o ca-ótico trânsito jacareiense são apresentadas sem o devido estudo. Construir uma ponte ligando a Rua Carlos Werneck Lacerda, na Cidade Jardim, ao Jardim Liberdade é uma delas.

A gestão atual anunciou a construção de um pronto-socorro. Será que desta vez teremos um hospital para desafogar a San-ta Casa? Em eleição passada, a construção de um hospital foi registrada em cartório e mesmo assim fi cou na promessa eleitoral.

Candidatos da oposição falam de cons-truir um novo hospital e várias UBS pela cidade, mas tudo sem embasamento. Em quem acreditar?

Se, em São José dos Campos, há um debate eleitoral em torno da liberação dos espigões na cidade, não dá para encontrar a mesma preocupação na discussão política em Jacareí. O que observamos é um mar de cavaletes espalhados pelos logradouros públicos, atrapalhando o pedestre.

O eleitor jacareiense terá apenas dois debates pela televisão para conhecer me-lhor os candidatos.

Se levarmos em conta o cenário atual, a população decidirá pelo candidato que é amigo desse ou daquele fi gurão político. Os candidatos apelam para o lado emocio-nal do eleitor. Infelizmente, fi gurões que apadrinham campanhas locais não podem fazer por Jacareí o que fi zeram sobressair em seus currículos.

A revista Buzz acredita que ideias e propostas são fundamentais para transfor-mar a realidade. Afi nal, toda mudança co-meçou com uma boa ideia na cabeça.

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RADAR O mês em revista

4 Buzz - Setembro de 2012

Prefeitura construirá P.S.

A Prefeitura de Jacareí abriu licitação para construir o Pronto-Socorro Municipal, cujo prédio será na rua dos Ferroviários. O cus-to do futuro P.S. é de R$11 milhões, sendo que R$ 2,6 milhões serão repassados pelo governo federal. As empresas interessadas têm até 18 de setembro para apresentar suas propostas. A intenção da prefeitura é ter a Santa Casa como retaguarda após a inauguração do Pronto-Socorro.

Plano Diretor passa por alterações

A Prefeitura e a Câmara Municipal de Jaca-reí realizaram audiências públicas para al-terar o Plano Diretor da cidade. No dia 12 de setembro, a Câmara realizou audiência para receber sugestões da população. Con-forme a Buzz apurou, não se trata de uma revisão obrigatória de 10 anos, mas somen-te alterações no plano. A audiência atende ao Ato da Mesa Nº 006/2003, que discipli-na a realização das audiências públicas de competência do Poder Legislativo. O Plano Diretor é o principal processo de planeja-mento municipal no desenvolvimento das funções sociais da cidade. A dinâmica de crescimento de Jacareí in-dica que o planejamento do município e o ordenamento de seu território precisam ser adequados a essa nova realidade para ga-rantir que o desenvolvimento seja sustentá-vel e ordenado.

Greve na Santa Casa

A greve na Santa Casa de Jacareí foi en-cerrada por determinação do Tribunal Re-gional do Trabalho de São Paulo. O TRT considerou legítimo o movimento, mas or-denou a volta ao trabalho por se tratar de um serviço essencial à população. A San-ta Casa de Jacareí tem 470 funcionários. A categoria reivindicava reajuste de 15% e acréscimo de R$ 150 na cesta básica. A proposta patronal era de apenas 4,8% .

Aterraram a Bica do Boi

O vereador Edgard Sasaki (DEM) denun-ciou na tribuna durante a sessão da terça-feira, 27 de agosto, o aterramento ilegal de nascente feito próximo à rotatória da avenida Davi Monteiro Lino com a aveni-da Adhemar de Barros, na Bica do Boi. De acordo com o vereador, o serviço foi feito sobre uma nascente, caracterizando crime ambiental.

Redução da criminalidade

De acordo com informações da Secretaria Estadual de Segurança Pública, Jacareí conseguiu reduzir a criminalidade no pri-meiro semestre de 2012. A cidade começou o ano com 613 ocorrências policiais e esse número caiu nos meses seguintes para 520. No mesmo período, Jacareí teve 25 assas-sinatos contra 33 de Taubaté e 28 de São

José dos Campos. A onda de violência na região motivou a criação da Rota do Vale do Paraíba pelo governo estadual.

Jacareí terá dois debates pela TV

Os quatro candidatos a prefeito de Jaca-reí, Hamilton Mota (PT), Izaias Santana (PSDB), Adriano da Ótica (PPS) e Suzete Chaffi n (PSOL), participarão de dois de-bates pela televisão. A Band Vale realiza o encontro dos prefeituráveis no dia 27 de setembro e a TV Vanguarda, no dia 29.

Gratifi cação aos Policiais Militares

O tenente coronel da Polícia Militar Cus-tódio Alves Barreto Neto, comandante do 41º Batalhão da PM Interior/ SP, utilizou a Tribuna Livre para falar sobre a implemen-tação da atividade remunerada para os poli-ciais militares em Jacareí. “Há quase cinco anos trabalho na cidade e tenho visto um grande esforço da Prefeitura e Câmara, que juntas se empenham para colaborar com a segurança de Jacareí através de ações e políticas públicas. Agradecemos aos vere-adores pela propositura, é mais uma ferra-menta que permite à população contar com a PM”, disse Barreto.

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Muito mais informações

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mORADORA DENUNCIAdespejo de esgoto no Rio Comprido

Setembro de 2012 - Buzz 5

O Rio Comprido está morrendo. Com extensão de 20 quilômetros ao longo da di-visa entre Jacareí e São José dos Campos, o outrora piscoso e volumoso rio desapare-ce gradativamente para ceder espaço a um leito que recebe esgoto doméstico e perde terreno para construções irregulares. O pe-dido de socorro para o problema é da jor-nalista e integrante do Comitê da Águas de Jacareí (CAJ), Dinamara Osses, moradora da região e com raízes familiares no local.

Por volta de 50 moradores do bairro ja-careiense Jardim Colônia da Boa Vista, re-gião norte, despejam diariamente esgoto no

Por volta de 50 moradores do bairro Jardim Colônia da Boa Vista despejam esgoto clandestinamente no Rio Comprido

que sobrou do Rio Comprido. Segundo Di-namara, o descarte ocorre clandestinamen-te através de canos de PVC nas margens. A reportagem da revista Buzz constatou um desses canos na cabeceira da ponte que liga os bairros Jardim Nova República, de São José, e Colônia da Boa Vista. Dinamara alerta que essa imprudência, em particular, poderá derrubar a ponte em breve, por cau-sa da erosão na cabeceira.

Ela explica ainda que os moradores do Jardim Colônia da Boa Vista possuem “poço caipira” para coleta de água e jogam o esgoto sem tratamento no rio. Como é

uma zona rural, muitos não têm condições de tratar o esgoto. O rio recebia esgoto também dos bairros da zona sul joseense, mas Dinamara conseguiu que a Comissão de Saneamento Básico de São José acabas-se com essa situação. Hoje, apenas os mo-radores de Jacareí poluem o Rio Comprido.

Família - A família de Dinamara sem-pre esteve ligada ao Rio Comprido. Segun-do ela, seu avô Mariano Osses, e o bisavô, Carmelo Osses, foram morar naquela re-gião no início do século XIX. Eles sempre utilizaram o rio como meio de sobrevivên-cia, afirma a integrante do CAJ. Com o pas-

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Dinamara: é necessário despoluir o rio, congelar a área e tratar o esgoto da região

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sar dos anos, seus parentes venderam suas propriedades e a especulação imobiliária tomou conta do local. A conurbação entre as duas cidades é a grande responsável pela morte do rio.

Dinamara escreveu um TCC (Traba-lho de Conclusão Curso) a respeito do rio. Nesse documento, ela revela que teve um contato verdadeiro com todo o Rio Com-prido. Segundo ela, o rio nasce numa mi-crobacia localizada numa chácara entre os dois municípios. Depois, deságua no Rio Paraíba. Ao longo de sua grande extensão, daí o nome que recebeu, o Rio Comprido também recebe água de várias nascentes..

Para a integrante do Comitê das Águas de Jacareí, há necessidade de impedir no-vas construções no local tanto em Jacareí como em São José, despoluir o Rio Com-prido e tratar o esgoto dos moradores do Jardim Colônia da Boa Vista. Essas medi-das, de acordo com Dinamara, vão permitir que o rio signifique algo importante para outras gerações, assim como ocorreu entre ela e seus avós.

Outro lado – O vereador Laudelino Amorim (PT), da Comissão de Meio Am-biente da Câmara Municipal de Jacareí, visitou o local a convite de Dinamara. Em entrevista à Buzz, Amorim afirmou que ve-rificará com um diretor da Secretaria Muni-cipal do Meio Ambiente a situação do Rio Comprido para saber quais providências serão tomadas.

Ele ainda fará reuniões com proprietá-rios das chácaras às margens do rio para orientá-los a respeito do tratamento do es-goto. Segundo o parlamentar, a prefeitura de Jacareí já cogitou um tratamento ex-perimental de esgoto na zona rural, o que pode ser adotado naquela região. “Há ainda possibilidade do SAAE buscar uma solu-

ção para os moradores do Colônia da Boa Vista”, afirmou.

O vereador ainda disse que buscará so-lução para proteção das diversas nascentes ao longo do rio. Elas estão sendo ameaça-das com o avanço das construções irregula-res que não respeitam as distâncias previs-tas em lei para edificação de imóveis.

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A conurbação entre as duas cidadesé a grande responsável pela morte do rio

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m JACAREÍ, SP / GERALDO TADEU PImENTA, ciclista

Ciclista quer podium no Mundial de Mountain Bike

Geraldo (no degrau mais alto do podium), do Clube Jacareí de Ciclismo/ Marques Bike, campeão Brasileiro 2011 da Copa Sram e do Desafio da Mantiqueira, entre outros, disputará o Mundial de Mountain Bike, categoria Masters 55-59, em Florianópolis

Só pratica mountain bike ou possui um trabalho profissional paralelo?

Hoje estou aposentado, trabalhei como motorista profissional. Agora, dedico meu tempo à família e ao esporte.

Como começou no mountain bike?

Por influência de um irmão mais velho. Iniciei ainda na adolescência a prática do ciclismo de estrada e com a chegada do mountain bike no Brasil passei a me dedi-car à nova modalidade, na qual consegui grande destaque.

Como está o preparo para o Mundial MTB Master, em Floripa?

Por manter-me sempre em treinamento, estou muito perto de minha melhor con-dição para competir e, a partir de agora, entrarei numa rotina de treinos específicos visando o Mundial.

Disputar uma etapa do Mundial no Brasil é mais fácil?

Nunca competir em um Mundial é fá-cil; estar em casa é muito mais prazeroso e contar com a torcida é um fator a favor.

Qual é o ponto forte no ciclismo?Gosto da modalidade MTB XC, onde a

técnica é primordial para competir em cir-cuitos técnicos e de grande dificuldade. É o que mais gosto de fazer.

No Campeonato Mundial, quais são suas chances?

O mundial é disputado em competição única e na edição de 2011 terminei na 6ª colocação. Minha meta para este ano é es-tar no podium entre os três primeiros co-locados.

Como é a alimentação de um ciclis-ta?

Sou um ciclista amador e mantenho uma dieta balanceada, mas sem grandes sa-crifícios, pois o ritmo dos treinamento me permite comer de tudo um pouco.

Foto: Divulgação

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8 Buzz - Setembro de 2012

Entrevista |Antonio Nunes de Moraes Neto, advogado

Eterna gratidão aos pracinhasFilhos de ex-combatentes da Força Espedicionária Brasileira (FEB) pretendem inaugurar memorial com acervo dos pracinhas jacareienses que participaram da II Guerra Mundial

Antonio Nunes de Moraes Neto, fi lho de ex-combatente, organiza o memorial dos pracinhas

O prédio dos ex-combatentes-da FEB (Força Expedicioná-ria Brasileira), localizado na Praça dos Expedicionários,

no Centro, abrirá em meados do próximo ano como Memorial dos Ex-Combatentes de Jacareí. A revitalização do local está sendo organizada por Antonio Nunes de Moraes Neto, fi lho do ex-pracinha jaca-reiense, Antonio Nunes de Moraes Júnior, prefeito e vereador por duas vezes na ci-dade, juntamente com outros parentes de pracinhas e com apoio do Rotary Club Fló-rida 3 de Abril. Segundo ele, o local estava abandonado, mas com o apoio da Prefeitu-ra de Jacareí a nova diretoria da Associa-ção dos Ex-Combatentes está reformando o prédio para reabri-lo como memorial em meados do próximo ano. Na entrevista a seguir, Morares Neto recorda a passagem de seu pai pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e como pretende organizar o acervo da guerra e mostrá-lo ao público.

Buzz – Como foi a participação de Jacareí na II Guerra Mundial?

Antonio Nunes de Moraes Neto – Fo-ram convocados 132 soldados e outros cinco que já eram da ativa. No total, fo-ram 137 jacareienses para guerra. Desses, apenas oito estão vivos (Francisco Artur Gomes, Gumercindo Monteiro, José An-tonio Marson, Silvestre de Souza Silveira, Roberto Cambuzano, Euclides Marques, José Domingues Martins e José Pires). Há mais ou menos 15 dias morreu Bruno De-cária, um dos que participaram da campa-nha na Itália.

Buzz – Como foi o embarque dos convo-cados?

Moraes Neto – De Jacareí, o contin-gente foi para Caçapava, onde recebeu instrução militar. De lá, foi para o Rio de Janeiro, onde embarcou num navio da Marinha com destino a Nápoles, na Itália, quando foram distribuídos para várias uni-dades dos países aliados (Grã-Bretanha, França, Estados Unidos, China e Brasil).

Buzz – Como foi a chegada dos pracinhas brasileiros na Itália?

Moraes Neto – Eles tiveram que trocar o uniforme e o alimento porque os coman-dantes das forças aliadas acharam os bra-sileiros mal alimentados e o uniforme não era dos mais resistentes às intempéries na Europa. Eles achavam que os brasileiros não iam dar conta porque eram franzinos. No fi m, os brasileiros se sobressairiam nas batalhas. Muitos foram condecorados pe-los generais norte-americanos.

Buzz –Fale-me mais da história de seu pai.

Moraes Neto – Meu pai era aluno da Escola Agrícola quando foi convocado. Ele estava com 18 anos. Quando eu nasci, meu pai estava na guerra, e soube de meu nasci-mento uns 15 ou vinte dias depois porque a correspondência demorava para chegar. Ele foi informado no front. Meu pai foi como soldado e voltou com a patente de cabo. Algum tempo depois, uma lei federal promoveu todos os pracinhas para segundo tenente. Após a guerra, ele acabou sendo professor da Escola Agrícola e entrou na política, sendo duas vezes vereador e duas vezes prefeito de Jacareí (1959-1962 e 1973-1977). Ele morreu em 18 de agosto de 2009.

Buzz – O que seu pai falava da II Guerra? Moraes Neto – Meu pai falava muito da

guerra, principalmente quando recebíamos visitas em casa. Ele não tinha medo. For-mava uma patrulha e os ofi ciais pergunta-vam quem desejava participar e ele sempre se prontifi cava a acompanhar a patrulha.

Ele participou de várias vitórias da FEB na Itália como: Camaiore (18/9/1944), Monte Prano (27/9/1944), Monte Castelo (21/2/1945), Montese (14/4/1945), Zoca (20/4/1945), Collechio (26/4/1945) e For-novo Di Taro (28/4/1945). A última bata-lha (Fornovo) é data comemorada hoje em dia pelo exército, em Caçapava.

Buzz – Em que regimento seu pai serviu?Moraes Neto – O dele era o 6º Regi-

mento de Infantaria do 5º Exército, atual-mente, 6º B.I.L. (Batalhão de Infantaria Leve).

Buzz – O que sua mãe falava de seu pai?Moraes Neto – Minha mãe sempre

acompanhou meu pai, principalmente no período da política. No tempo da guerra, ela morava com meu avô paterno na rua Antonio Afonso. Todo mundo sofreu com a falta de notícias. Eles recebiam e envia-vam cartas para o meu pai. As informações do front chegavam pela famosa Rádio Au-riverde do Brasil, que dava o noticiário so-

memorial com acervo dos pracinhas jacareienses que participaram da II Guerra Mundial

“Ele era muito inteligente e não tinha medo de

ninguém. Ele fi cou um ano na guerra, no meio da neve,

com a perna dentro de buracos gelados”.

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+ Veja entrevista completa no site www.revistabuzz.com

Prédio da Associação dos Ex-combatentes de Jacareí: inauguração foi em 1969

Setembro de 2012 - Buzz 9

bre o avanço da tropa na Itália. As famílias de Jacareí acompanhavam tudo pelo rádio. Morreu ou não morreu. Todos fi cavam apreensivos. Quando retornaram ao Brasil, foram recebidos com festa no Rio de Janei-ro. O irmão do meu pai foi buscá-lo no Rio. Aqui foi uma festa muito grande.

Buzz – Quais ações na II Guerra marcaram seu pai durante os combates?

Moraes Neto – Ele viu muita coisa. Ele tinha um comandante de Pindamonhan-gaba chamado coronel Túlio Campelo de Souza, que perdeu uma perna ao pisar numa mina. Meu pai pegou esse coronel nos braços e o transportou para os primei-ros-socorros. Num outro caso muito lem-brado por ele: tinha um amigo de Jacareí, o Mario Bácaro, que estava escondido atrás de uma pedra juntamente com meu pai. O alemão veio e Bácaro o matou com um tiro na cabeça. Ao checar os documentos de sua vítima, Bácaro encontrou fotos da família, esposa e fi lhos, desse alemão. Isso, eviden-temente, o chocou muito e traumatizou o pracinha jacareiense a ponto de Bácaro ter fi cado uns tempos no hospital militar para se recuperar.

Buzz – Seu pai achava que os pracinhas foram bem preparados para lutar na II Guerra Mundial?

Moraes Neto – O pessoal não foi prepa-rado para a guerra, embora tivesse passado por treinamento em Caçapava. Os acertos ocorreram na frente de batalha, com ajuda dos soldados norte-americanos. Meu pai sempre foi bom atirador. Ele era caçador. Ele contava que matou muitos alemães porque ou era ele ou os alemães que mor-riam. Ele tinha que se defender.

Buzz – Como seu pai voltou da guerra?Moraes Neto – Todos têm um pouco

de trauma dos momentos que passaram no front. A chamada neurose de guerra. Às ve-zes, estava bom, outras, ruim. A gente sabia dos dias em que ele estava bom, pois fi cava muito falante. Nos dias ruins, fi cava muito quieto. Ele era muito inteligente e não ti-nha medo de ninguém. Ele fi cou um ano na guerra, no meio da neve, com a perna dentro de buracos gelados. Meu pai voltou da guerra com varizes parecendo cipó de tão grossas. Ele operou depois de muitos anos após minha mãe cobrá-lo insistente-mente. Eu nunca soube se eles passaram fome. Eles iam muito à casa dos italianos, onde tinha galinhas e ovos. Os italianos gostavam muito do pessoal da FEB e sem-pre dividiam a comida.

Buzz – Fale de um episódio que morreu um combatente justamente na volta para casa.

Moraes Neto – Do Rio de Janeiro, saiu um trem para distribuir os pracinhas em suas respectivas cidades. Entre Caçapava e Eugênio de Melo, ocorreu um acidente. O trem dos pracinhas bateu num vagão aban-donado na estrada de ferro. Um pracinha morreu. Meu pai veio dormindo embaixo do banco e não aconteceu nada com ele. Não morreu lá na Guerra e morreu aqui, de acidente.

Buzz – Como estava o prédio da Associa-ção dos Ex-combatentes da FEB?

Moraes Neto – Nós temos um prédio próprio. Ele foi doado através da lei mu-nicipal número 1025, 18 de setembro de 1965, pelo ex-prefeito José Christovão Arouca. O prédio foi construído com apoio de várias pessoas. A inauguração ocorreu em 1969. Naquela época, todos os praci-nhas da FEB estavam vivos e ajudavam na manutenção do local. Os pracinhas foram morrendo. O último presidente da Asso-ciação dos ex-combatentes, João Rosa da Silva Júnior, morreu há pelo menos dez anos. A administração do prédio da FEB fi cou com o fi lho dele. Nós não sabíamos como aquilo estava. No entanto, começou um comentário na cidade de que o local es-tava largado. Eu e outros fi lhos de ex-com-batentes fomos tomando conta da situação até que o último presidente saísse de vez. O local estava abandonado, com paredes irregulares e vários objetos do acervo rou-bados.

Buzz – Como está a reforma do prédio da FEB?

Moraes Neto – A prefeitura ajuda com a mão de obra na recuperação e nós fornece-mos o material. Estamos ainda com um “li-vro de ouro” para arrecadar recursos para compra de material. Falta a parte de baixo

para concluir a reforma. Estamos organi-zando um estatuto para formar uma nova diretora.

Buzz – Qual é a peça mais rara desse acervo?

Moraes Neto – Um capacete do exérci-to nazista, os projéteis diversos, mas acho melhor fazer um levantamento de tudo que temos.

“O pessoal não foi preparado para a guerra, embora tivessem passado

por treinamento em Caçapava”.

Antonio Nunes de Moraes Júnior

OS NÚMEROS DA II GUERRATotal de dias de combate da FEB – 239Pracinhas enviados – 25.334Pracinhas jacareienses enviados – 137

Baixas brasileirasMortos – 465 entre soldados e ofi ciaisJacareiense morto – 1 (João Américo da Silva)Feridos – 2.722

Expedicionários capturados35 brasileiros, entre soldados e ofi ciais16 desaparecidos

Prisioneiros capturados20.583 entre soldados e ofi ciais

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General Adhemar Machado Filho (comandante Militar do Sudeste) e Antonio Nunes Moraes Neto

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jACAREí REGIsTRAqualidade do ar inadequadaSegundo Cetesb, Jacareí registrou vários dias de qualidade do ar inadequada e má qualidade uma vez nos primeiros 12 meses de vigência da estação de monitoramento

Um levantamento da Cetesb (Compa-nhia Ambiental do Estado de São Paulo) apontou que qualidade do ar em Jacareí se manteve inadequada durante vários dias, na maioria dos 12 primeiros meses de fun-cionamento da estação de monitoramento, localizada na Escola Agrícola. Segundo a companhia, a qualidade foi classificada como “inadequada” por ozônio um dia em janeiro, um dia em fevereiro e um dia em setembro (mais um outro dia como “má”), três dias “inadequados” em outubro e quatro em dezembro no ano passado. Em 2012, foi classificada como “inadequada” por ozônio um dia em fevereiro e outros dois em março.

A OMS (Organização Mundial da Saú-de) estabelece que o limite para contamina-ção do ar por ozônio é de uma vez. A com-panhia monitora os seguintes poluentes: partículas inaláveis (MP10), ozônio (O3) e dióxido de nitrogênio (NO2), além de parâ-metros metereológicos. A Cetesb classifica a qualidade do ar como: boa, regular, ina-

dequada, má ou péssima.Segundo a assessoria de imprensa da

Cetesb, os níveis de ozônio em Jacareí po-dem ser, em parte, decorrentes das fontes locais de precursores e, em parte, decor-rentes do transporte de ozônio ou seus pre-cursores de outras regiões, já que a cidade se localiza entre São José dos Campos e a Região Metropolitana de São Paulo

A qualidade do ar é considerada inade-quada por ozônio quando a concentração média horária atinge 160 microgramas /metro cúbico ou má quando chega a 200. O ozônio é formado a partir da combina-ção entre radiação solar, gases liberados pelos escapamentos dos veículos e queima de combustíveis fósseis nas grandes indús-trias.

Com os níveis de ozônio acusando qua-lidade do ar má ou inadequada, os efeitos no organismo são: tosse seca, cansaço, ar-dor nos olhos, nariz e garganta. Se manti-ver-se como má, o quadro pode se agravar ainda mais. Os mais afetados são crianças,

idosos e pessoas com problemas cardior-respiratórios.

Outros – O levantamento solicitado pela revista Buzz considerou os outros po-luentes nas medições entre janeiro de 2011 a setembro de 2012. Com o poluente MP10, predominou a qualidade “boa”, com pou-cos dias de classificação “regular”. Com o dióxido de nitrogênio, a qualidade do ar na cidade ficou na maior parte “boa” e apenas um dia “regular”.Os óxidos de nitrogênio são lançados na atmosfera através de pro-cessos de combustão nos veículos e nas indústrias. Os compostos orgânicos volá-teis são emitidos através de evaporação da queima de combustíveis dos veículos e em processos industriais.

A Cetesb informou que controla “com prioridade” a poluição emitida em várias empresas jacareienses como Basf, Cebra-ce, Companhia de Bebidas das Américas, Dow Agrosciences, Energyworks, Fibria, Gates e Latapack-Ball.

Segundo a companhia, Jacareí sofre in-

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Setembro de 2012 - Buzz 11

fl uência de sua topografi a complexa, cujo relevo possui altitudes variando de 550 a 750 metros, localizada entre as escarpas da Serra da Mantiqueira e do Mar. Tal lo-calização provoca períodos de calmaria e ventos fracos, que não ajudam na dispersão dos poluentes, principalmente no inverno. Por outro lado, explica a Cetesb, a passa-gem de frentes frias, ocorrência de chuvas e boa ventilação favorecem a dispersão e

diluição dos poluentes.Veículos – De acordo com o Plano de

Controle de Poluição Veicular no Estado de São Paulo 2011-2013 da Cetesb, a região do Vale do Paraíba, Jacareí inclusa, é uma das prioridades para o controle da poluição emitida pelos veículos. Esse controle ocor-re em razão do crescimento da frota como também pela interação desses veículos com os da Região Metropolitana de São Paulo.

A diretora da Ong Vale Verde, Suelei-de Prado, questionou o monitoramento do ar em Jacareí, devido ao fato de a cida-de possuir apenas uma estação de coleta dos dados. Segundo ela, a qualidade do ar pode ser ainda pior porque uma cidade como Jacareí, com mais de 220 mil ha-bitantes, necessita de mais equipamentos para obter uma aferição precisa da quali-dade do ar.

Sueleide afi rma que as prefeituras deveriam comprar esse equipamento de monitoramento e não esperar doação de empresa. A estação de monitoramento do ar de Jacareí, localizada na Escola Agrí-cola, custou R$ 500 mil e foi doada pela Fibria. “As prefeituras devem colocar no orçamento a aquisição das estações por-que é uma questão de saúde pública”. O monitoramento do ar deve ser feito em to-das cidades do Vale do Paraíba, afi rmou.

Um outro questionamento levantado pela ambientalista diz respeito ao fato de a Cetesb medir a qualidade do ar e não propor nenhuma prevenção. “É preciso apontar o problema e resolver. Quem so-fre com o ar ruim é povo, principalmente crianças e idosos”.

Falta mais estações de monitoramento,

diz Ong Vale Verde

Poluição veicular é um dos principais poluentes

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sHOW BENEFICENTEem prol da Cepac

Fachada da Cepac: entidade atende crianças com deficiência há 25 anos

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A promoter cultural Rosangela Kato realiza no dia 21 de setembro show be-neficente em prol da Cepac (Associação Crianças Especiais de Pais Companheiros). O evento terá desfiles de lojas como Boni-tah, Hering e JB, vários sorteios, cantores

de ópera, som com o DJ Felipe Morgado e apresentação de dança da Academia Simo-ne Capucci.

O show será comandado por Jonas Al-meida e Kelly Maria (ambos da TV Van-guarda). Segundo Rosangela, o público as-

sistirá ao desfile com as últimas tendências Primavera/Verão e poderá ganhar muitos prêmios. A Microcamp, por exemplo, sor-teará bolsa de estudo completa. As lojas parceiras também sortearão brindes duran-te o show.

Rosangela realiza pela terceira vez um evento em prol de alguma entidade jaca-reiense. No ano passado, destinou os re-cursos obtidos para o Lar Frederico Oza-nan. Os recursos ficam com a entidade e brinquedos arrecadados são guardados para serem entregues no final do ano para crianças carentes.

A Cecap, foi fundada em 1987 por um grupo de pais, com o intuito de prestar as-sistência às pessoas com deficiência. Ela sobrevive graças a eventos como este e o apoio da sociedade em geral.

O show ocorrerá na sede do Cepac, lo-calizado na Travessa Catarina Magela Ra-mos, 59, Jardim das Indústrias, em Jacareí. O telefone da entidade para mais informa-ções é (12) 3951-1888.

Os ingressos custam R$ 5,00 mais um brinquedo e estão sendo vendidos na Loja Bonitah (Rua Vicente Scherma, Centro), Lu Biju (Rua Barão de Jaca-reí, Centro), Kaza Verde (Rua Pompí-lio Mercadante, Centro) e Hering (Rua Bernardino de Campos, Centro).

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Modo de Preparo:

Deixar a carne de molho no dia anterior. Retirar da água e cortar em cubos não muito grandes. Cozinhar a carne com o maço de cheiro verde durante 20 minutos. À parte, picar a cebola, o cheiro verde e a pimenta vermelha sem as sementes. Colocar numa frigideira com uma colher (sopa) de óleo e refogar. Reservar. Escorrer bem a carne seca e fritar numa panela de ferro com o óleo. Quando estiver bem frita colocar os temperos refogados e mexer. Desligar o fogo. Colocar um punhado de farinha de mandioca no pilão, alguns pedaços de car-ne seca misturada aos temperos, mais um punhado de farinha e ir pilando (socando) com energia. À medida que a carne desfiar e se misturar à farinha, colocar mais carne e mais farinha. Provar a consistência da pa-çoca para que não ficar muito molhada nem muito seca. O ponto ideal é quando está úmida e bem desfiada. Para provar o ponto ideal colocar uma porção num prato e fazer um pequeno bolinho com a ponta dos de-dos, deve ficar ligado porém não molhado.

Paçoca de carne seca

Ingredientes

1 quilo de carne seca1 xícara (chá) de óleo de milho1 xícara (chá) cheiro verde picado para refogar1 maço de cheiro verde amarrado para cozinhar a carne150 gramas de farinha de mandioca crua, até dar o ponto1 pimenta vermelha fresca (dedo de moça)1 cebola roxa picada

Utensílios:

1 mão de pilão pesada e arredon-dada nas pontas (socador)1 pilão de pau grande1 panela de ferro1 frigideira

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BUZZ In

14 Buzz - Setembro de 2012

A empresária Simone Siqueira (da Bonitah), a modelo Mariana Ferreira e o fotógrafo Thiago Ferreira durante fotos para nova coleção da loja

O presidente da Fibria, Marcelo Castelli, foi eleito um dos CEO mais infl uentes do mundo, segun-do a agêngia RISI

O padre Antonio Maria recebeu o título de Cidadão Jacareiense da Câmara Municipal de Jacareí. A entrega foi no dia 27 de agosto

Daiane e William, proprietários da HotWill Som e Acessórios1º Tenente, Alexandre Veloso (Corpo de Bombeiros), Marciel (diretor da Guarda Municipal), Tenente Coronel, Custódio Alves Barretos Neto, (PM) e Major Ulisses (PM), durante o desfi le de 7 setembro, em Jacareí

Divulgação DivulgaçãoDivulgação/Perfoma Comunicação Divulgação/Geovana de Paula

Foto: Kiko Sanches Arquivo Pessoal

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MASTERS - Em setembro, o atleta do Clube Jacareí de Ciclismo/ Marques Bike, Geraldo Tadeu Pimenta, participará do Campeo-nato Mundial de Mountain Bike que ocorrerá em Balneário Cam-boriú/SC, entre os dias 11 e 16. Tadeu, que em 2011 terminou na 6ª colocação no Campeonato do Mundo, é esperança de medalha na edição 2012. O jacareiense está com sua preparação focada no mundial desde o início da temporada e as mais de 10 vitórias neste ano o fazem sonhar com o podium em Santa Catarina.

RUBINHO VALERIAN0 - Nosso atleta olímpico, Rubinho Valeriano, que representou o Brasil em Londres, terminou na 24ª posição, a melhor classifi cação latino americano da modalidade. Ele retornou ao Brasil para conquistar a Copa Internacional de MTB, que teve sua última etapa disputada na cidade mineira de Congonhas. Após uma prova que levou muitos atletas a exaustão, Rubinho sagrou-se campeão ge-ral, desta que é a mais importante das provas internacionais disputada no Brasil. No último fi m de semana, a equipe jacareiense esteve em Mogi das Cruzes, no evento Shimano Fest, para participar do Fast Track Shimano Brasil, uma prova de circuito curto e rápido decidida em baterias. Rubinho conseguiu se destacar e somente foi ultrapassa-do nos metros fi nais pelo atleta Henrique Avancini, ciclista de Jacareí, e fi cou com a segunda colocação.

NOSSO MULTIATLETA JOÃO VIANA foi a Barueri para disputar a 2ª etapa do Paulista de Duathlon e conseguiu novamente o lugar mais alto do podium. Com essa vitória é só se manter entre os primeiros na última etapa para se sagrar como o grande Campeão. João Viana junto com outros atletas do CJC participaram da 2ª etapa do Dua-thlon do Vale, no dia 16 de setembro em São José dos Campos.

OSIRIS GATTI - Nas provas de ciclismo de estrada, nosso grande des-taque é Osiris Gatti que vem frequentando o podium com varias vi-tórias. Osiris volta às competições depois de anos afastado e vem de-monstrando que não perdeu o faro para os sprints. Esteve no início de agosto em Peruíbe/SP para mais uma etapa do Campeonato Me-tropolitano de Ciclismo e com a vitória conquistada entrou de vez na disputa do título.

PASSEIOS NOTURNOS RURAIS. A Marques Bike continua com seus pas-seios e realizou no dia 29 de agosto um passeio noturno no circuito conhecido como Campo Grande-Bom Jesus-Bandeira Branca. Em um caminho bastante conhecido, o desafi o foi a escuridão da noite, que proporcionou um espetáculo de luzes pelas vias rurais do município. Com a presença de 50 ciclistas foi o lançamento dos Passeios Notur-nos Rurais, que ocorrerão nas últimas quartas de cada mês.

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Publ

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