buzz # 11 - setembro 2010

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Materia sobre o barulho em condominios, sobre o primeiro predio de apartamento em Jacarei e ainda a respeito da chegada da montadora Chery na cidade

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A revista Buzz é uma publicação mensal da Voz Ativa Comunicações - Diretora: Silvia Regina Evaristo Teixeira - Conselho Editorial; Silvia Regina Evaristo Teixeira, Alcidio Ramos Martins, Maria Aparecida Teixeira - Diretora Comercial; Silvia Regina Evaristo Teixeira - Editor-chefe; Mauro San Martín - DRT 24.180/SP - Diretor de Criação: Marcel Esliper - Revisão: Evelyn Pieve - Tiragem: 5 mil exemplares - Impressão: Gráfica Mogiana - Email: [email protected] - Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam necessariamente a opinião da revista ou da editora.

Carta ao Leitor

BUZZ PÁGINA 2Ano 1 | Edição 11 | Setembro 2010

Por favor, recicle esta revista

PioneirismoCom o inverno em sua reta final,

concluimos mais uma edição da revista. A entrevista de setembro é com Therezi-nha Massud que fala sobre o período em que os árabes dominavam o comércio de Jacareí. Atualmente, como revela a própria entrevistada, os descendentes não seguem o mesmo caminho trilhado pelos pais.

Na mesma linha, um outro assunto desse número é a respeito do primeiro prédio de apartamento de Jacareí - o Edifício Alba. Foi o pioneirismo de Jar-bas Porto de Mattos que trouxe a verti-calização de moradias para o município no início dos anos 50, quando a região do Vale do Paraíba dava seus primeiros passos na industrialização.

O interessante é que essas histórias de pioneiros tanto no comércio como na construção civil, surgiu num momento em que Jacareí recebe vários investinen-tos. A multinacional chinesa Chery está interessada em abrir uma filial na ci-dade, a Adatex constrói nova planta no São Silvestre e Cebrace investe R$390 milhões para tornar-se a maior produto-ra de vidros da América Latina.

Os investimentos que chegam agora deveriam ter continuado desde os tem-pos de Jarbas Porto de Mattos. Como o interesse político foi maior nesses anos, Jacareí perdeu um pouco o bonde da história. Que a cidade avance sempre como desejou Jarbas independentemen-te dos interesses pessoais e políticos.

Barulho: recorde de reclamações nos condomínios de JacareíNinguém suporta o barulho do vizinho. A Ortecon, administra-dora de condomínios de Jacareí, registra uma média de 85% de reclamações mensais. Pelo menos 20% desses casos aca-bam em multa. Saiba mais sobre o assunto na página 13.

Leonilda, Therezinha e Noêmia: as irmãs Massud

A família Massud está na cidade desde 1938. As irmãs Massud Leonilda, Therezinha e Noêmia deram continuidade no negócio da família e são conhecidas também pelos saudosos bailes de carnaval. A revista Buzz entrevistou Therezinha, de 73 anos, que fala desses períodos entre outras histórias. Páginas 7 a 9

Massud e o comércio

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JaCareí Que pensa

Regina Helena Neves de FreitasPastoral do idoso

Carlos Roberto MonteolivaComerciante

Marilizia de OliveiraComerciante

Os vereadores de São Paulo aprovaram uma lei que obriga hospitais e maternidades a colocar uma pulseira de identifica-ção com sensor eletrônico sonoro em recém-nascidos. A pulseira, que pode evitar furto e sequestro de crianças, terá de ser colocada no bebê imediatamente após o parto, sendo retirada apenas após a alta da criança, na presença da mãe ou do responsável. O que você acha desta lei?

Bem, não é a melhor coisa. O melhor seria a educação, mas, enquanto esti-vermos precisando ser educados, eu acho uma boa. Quando você é educa-do, você respeita o outro. Respeitan-do o outro, você não vai causar mal a ninguém.

Eu acho sensacional. A gente verá muita coisa que será evitada, como sequestro, com a aprovação desse projeto. Ele é importante e vai ser óti-mo. Tudo que é a favor das pessoas é maravilhoso.

A princípio, eu acho fantástico. É uma preocupação que pouca gente tem e é só mais um item de segurança para as pessoas. É muito legal, isso.

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radar

Indústria textil será ampliada

AGENDAPROGRAMA PIANO À TARDE

As pianistas Raquel BigaRelli e MaRly SiqueiRa SantoS execu-tam peças clássicas e da MPB nos dias 2, 9, 16, 23 e 30 de setembro, das 15h às 17h, no Hall do Museu de Antropologia do Vale do Paraíba (MAV). Telefones: (12) 3952-5999 e 3953-3574. Entrada gratuita. Exposição “A intensidade da cor”, da pintora Salma Mogames

De 18/9 a 31/10. Visitação: terça a sexta-feira, das 09h às 18h; sábado e domingo, das 11h às 17h. Pinturas da artista SalMa MogaMeS; curadoria de Pau-la França e Ângela Cestari. Museu de Antropologia do Vale do Paraíba (MAV). Telefones: (12) 3952-5999 e 3953-3574. Entrada gratuita.

“JACAREÍ+LIMPA” - EXPOSIÇÃO, PALESTRAS E DEBATES

De 20 a 24 de setembro. Visitação: terça a sexta, das 09h às 18h; sábado e domingo, das 11h às 17h. Evento orga-nizado pelo Grupo de Trabalho de Meio Ambiente (GTMA), do CIESP Jacareí, em comemoração à Semana do Meio Am-biente. Museu de Antropologia do Vale do Paraíba (MAV). Telefones: (12) 3952-5999. Entrada gratuita.

Revelação do taekwondoJacareí criou RG para animais

Vereadores de Jacareí aprovaram projeto de lei que criou o Registro Geral Animal (RGA). O projeto de autoria do vereador Adriano Donizeti de Faria (PPS), o Adriano da Ótica, regulamenta o cadastramento de cães, gatos, equinos e muares. O objetivo, segundo Faria, é estimular a posse responsá-vel de animais e evitar o abandono nas ruas da cidade. Uma primeira emenda retirou o caráter obrigatório da lei, uma outra estabe-lece o prazo de um ano para que a lei entre em vigor após sua publicação e uma terceira suprimiu a proibição de rodeios, touradas e espetáculos afins na cidade.

15 anos de tradições italianasA cultura italiana não está presente somente na novela de Silvio de Abreu, Passione, mas também nas cidades que mantém viva a chama trazida pelos imigrantes. Em Jacareí, o Circolo Italiano Leonardo Da Vinci é o responsável por resgatar as tradições da Itá-lia. O clube realiza reuniões mensais, curso de gastronomia, viagens e estudos genealó-gicos. Em agosto, o Circolo completou 15 anos de atividades. O endereço é rua José Bonifácio, 65, centro. Telefones (12) 3951-6089 ou 3951-2076.

A Adatex, indústria do ramo têxtil, anunciou o início da construção de uma nova planta em Jacareí, que deverá gerar mais de 50 em-pregos diretos até o final do ano. A informa-ção é do presidente do Ciesp/Jacareí (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), José Carlos Pelóia, que disse ainda que a nova fábrica ficará no distrito de São Silvestre.

Os vereadores de Jacareí aprovaram, por unanimidade, projeto de lei que torna obri-gatória a colocação de banheiros químicos nas feiras, a serem disponibilizados pela prefeitura. O objetivo é beneficiar principal-mente os feirantes que permanecem cerca de 12 horas ininterruptas nos locais de feira distribuídos pela cidade. O presidente da Associação Profissional dos Feirantes de Jacareí, Enildo Miranda, pediu o apoio dos vereadores para a aprovação do projeto de lei referente à instalação de banheiros públi-cos nas feiras e também outros de interesse da categoria.

Banheiros químicos nas feiras livres

Ana Paula AuricchioAluna do ensino fundamental de Ja-careí é a nova sensação no taekwon-do. Aos 13 anos, Ana Paula ficou em primeiro lugar, na categoria infantil até 52 quilos, modalidade Luta e Poonse (formas), na 3ª Copa Amé-rica de Taekwondo disputada em São José dos Campos, Campeonato Paulista, 3º Corinthians Open e no 3º São Paulo Open Internacional e foi medalha de prata no 40º Brasil Open Internacional. Ana Paula é faixa ver-de ponta azul e treina há dois anos com o técnico Afonso Aparecido de Souza.

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A região do bairro o São João está deixan-do de ser a “parte desvalorizada da cidade” para tornar-se um dos locais mais procurados para investimento em Jacareí. Em pouco me-nos de um ano, os investimentos destinados para áreas mais próximas de São José dos Campos mudaram de endereço, ou seja, vie-ram para o outro lado do Rio Paraíba.

O Bradesco, que abriu sua primeira filial na cidade na Avenida Siqueira Campos, está concluindo as obras de uma nova agência no início da Avenida Pereira Campos.

A reportagem procurou a assessoria do banco para comentar a escolha do local, mas não recebeu as informações até o fechamento desta edição.

Antes fora da lista de prioridades de gran-des construtoras e incorporadoras, o Condo-mínio Residencial Bellavittà, no terreno da família Fogaça, é um dos empreendimentos de alto padrão na região. Com quase 100% vendido, os lotes de 250 metros quadrados foram comercializados a R$80 mil cada um. Na Avenida Pereira Campos, da tradicional feira livre aos domingos, um condomínio de sobrados que estava paralisado, retomou as obras.

O crescimento da região do São João é inegável. O experiente empresário imobiliá-rio José Ademir Ribeiro Menecucci, da Ade-mir Imóveis, afirma que o São João é uma boa região para investir. Ele está reformando um prédio nas proximidades da Caixa Eco-nômica Federal para abrir uma filial de sua empresa.

Ademir acredita que o crescimento está em toda cidade, mas a região do São João está recebendo mais atenção dos empresários.

As redes de supermercados também abri-ram seus olhos para esse crescimento. Antes elas preferiam o centro para abrir suas portas, agora porém três grandes redes de supermer-cados abriram filiais no São João. Antes deste boom de investimento, a região contava ape-nas com o Comprebem. A história mudou e a primeira a chegar foi a rede Maktub e, recen-temente, o Dia Supermercado.

O grupo Shibata é o quarto supermercado a chegar na região do São João. O diretor Sér-gio Batistella afirmou que o Shibata decidiu investir na terceira unidade do grupo em Ja-

careí porque acredita no potencial de desen-volvimento da cidade, no franco crescimento do bairro São João e o bom desempenho da administração com o atual prefeito, além de reforçar a presença do grupo no Vale do Pa-raíba.

A nova loja contará com 2,2 mil metros quadrados de área de vendas e 180 vagas para carros. O investimento deverá gerar aproxi-madamente 200 empregos diretos.

Paralelamente aos investimentos, a pre-feitura de Jacareí já colocou um semáforo no principal corredor da região, que é a Pereira Campos, esperando um crescimento no tráfe-go de veículos para os próximos anos.

A prefeitura de Jacareí anunciou este ano a implantação do IFSP (Instituto Federal de

SAO JOÃOa bola da vez

Obras da nova agência do Bradesco no início da Avenida Pereira Campos

Educação) no Residencial Fogaça. A escola deverá começar a funcionar no segundo se-mestre de 2011.

Em maio de 2009, o prefeito de Jacareí Hamilton Mota formalizou a doação de uma área de 30 mil metros quadrados, no Jardim América, para construção da nova unidade do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem). Com a entrada em funcionamento das duas escolas, a região será um pólo de formação profissional.

Todos esses investimentos colocaram a região do São João, Jardim Dindinha, Pano-rama, Jardim América e Cidade Jardim como a bola da vez. Os imóveis para alugar desapa-receram e os poucos terrenos existentes estão com seus preços na estratosfera.

Corrida Imobiliária: vários empreendimentos como o “bellavittá” ocuparam a região

Nova filial do Shibata ocupará 2,2 mil m2 de vendas e deve gerar 200 empregos diretos

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Região prepara-se para dar uma guinada com

mais uma agência bancária, loteamentos de alto padrão, escola

técnica federal, unidade de ensino do Senai e

novo supermercado

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ENTREVISTATherezinha Massud

as irmãs MassudOOs libaneses desempenharam um papel fundamental na história do comércio de várias cidades do interior do país. Afi-nal, o Brasil possui mais libaneses, entre naturais e descendentes, que o próprio Líbano. Calcula-se que 7 milhões de bri-mos vivem em terras brasileiras contra 4 milhões no conflituoso território do cedro. Em Jacareí, os Massud, por exemplo, estão na cidade desde 1938. Nessa história de mais de sete décadas, as irmãs Massud conseguiram destaque pela continui-dade no negócio da família (comércio de roupas) ou com os saudosos bailes de carnaval do Trianon Clube. A revista Buzz conversou com uma delas, a mais falante – Therezinha, de 73 anos, que foi professora na rede pública de ensino. Atuante, a filha de libaneses comentou que acha a política “suja” e elogiou José Luis Bednarsky que, segundo ela, é um “promotor maravilhoso”. A seguir entrevista com Therezinha Massud.

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entrevista / therezinha Massud

“Meu pai era mais libe-ral. Quando chegava uma visita e, não era para a gente ouvir a conversa, com apenas um olhar de minha mãe, nós saíamos de perto”.

também temos contato. Temos um laço forte com todos.

Buzz – A convivência com outros povos do oriente como judeus eram pacíficas?

Therezinha – O que ocorria lá (Oriente Mé-dio) não influía nada aqui. A gente sempre teve amizade com todos eles. Não havia rivalidade. Um ia à casa do outro. Os antigos tinham uma tradição. Quando chegava o ano novo, os pais se reuniam e iam de casa em casa desejar um feliz ano novo. No Natal, reunia toda família que não tinha parentes na cidade para passar a ceia com a gente. Na última ceia de Natal aqui em casa, havia 18 rapazes de fora. A mesa ficava sem-pre posta, com tudo que é iguaria tanto libanesa como brasileira. Uma pena que os descendentes não continuaram essa tradição. Era só dos ve-lhos. Hoje, eu faço somente com minha família. Houve uma desunião entre os descendentes.

Buzz – Como a senhora entende a discrimi-nação das mulheres no Líbano?

Therezinha – No Líbano, a mulher não tinha direito a herança. Somente os varões. As mu-lheres libanesas, sírias e judias são muito sacri-ficadas. Elas transitam com aquela vestimenta, deixando somente os olhos à mostra. Num res-taurante, por exemplo, elas têm que levantar o véu para colocar comida na boca. Eu acho isso muito triste. Eu fui para Turquia e Síria e vi isso. Aqui a mulher é independente. Ela ocupa cargos até de homem. Lá, não. A mulher vivia dentro de casa. Submissa. As minhas primas não po-diam sair para estudar. Eu tive uma briga com meus parentes por causa disso. Eram meninas bonitas. Não concordo com isso. Meus pais se davam muito bem nesse sentido. Mamãe saia de braços dados com papai.

Buzz – O Brasil possui cerca de 7 milhões de libaneses, entre naturais e descendentes, en-quanto a população do Líbano é de aproximada-mente 4 milhões. O que acha disso?

Therezinha – Eu acho que o Brasil é uma mãe para todos os imigrantes. Eu viajei com mi-nha mãe para os Estados Unidos que foi conhe-cer uma irmã que acabara de nascer. Ficamos lá três meses. Conheci outra tia libanesa. Na volta, quando minha mãe desceu do avião, ela fez igual ao papa João Paulo II, ajoelhou, beijou o chão e disse: “bendita terra brasileira”. Os li-baneses vêem aqui um mundo de oportunidade e liberdade.

Buzz – Com tanto libanês assim, não surgiu nenhum craque de futebol. Por que?

Therezinha – O libanês não gosta de fute-bol. Meu primo jogava um futebolzinho, mas nunca levou à sério.

Buzz – Libanês gosta mesmo é dos negó-cios. Certo?

Therezinha – Ele é bom de negócio e é ho-nesto. Aqui em casa, minha mãe era atirada para os negócios ao contrário de meu pai que tinha

medo de fazer dívida e não poder pagar. Esse terreno, onde hoje é nossa casa, pertencia a um senhor chamado Olívio Rosa. Em uma tarde, eu passava com a mamãe e papai e ele (Olívio) es-tava na janela de sua casa. Ele perguntou para meu pai se iria comprar o lote. Meu pai disse que os negócios que estavam difíceis. Olívio Rosa falou que poderia pagar do que jeito que quiséssemos que não iria vender a proprieda-de a não ser para nós. Mamãe falou para ele: “negócio fechado”. Comprou o terreno e pagou. Todos os libaneses têm uma loja. Um negócio.

Buzz – O libanês é sempre dono de um ne-gócio e jamais o empregado que recebe ordens. O que pensa a respeito disso?

Therezinha – Ele sempre abre uma portinha, demora um tempo, abre uma outra. Ele amplia o negócio. Não é preguiçoso. Você já viu algum libanês pedindo esmola? Não existe isso. Ele não se subordina a ninguém. Já vem da índole dele.

Buzz – Qual é a religião da senhora?Therezinha – Eu sempre fui católica. Meus

pais também eram católicos. Mesmo no Líbano há divisão de religião. O Líbano é pequenini-nho. Em 15 dias, você conhece o Líbano inteiri-nho. Ele é lindo. Tem turismo de cassino.

Buzz – O que acha da mania dos brasileiros de identificarem todos os árabes como turcos?

Buzz – Eu não me importo que me chame de turca. Eles não sabem a diferença entre liba-nês e turco. Até hoje eu tenho uma amiga cha-mada Dulce Acessor que, aonde me encontra, grita: “turca”. Ela não me chama pelo nome. Na escola, o meu nome era “turca”. Eu nunca me ofendi. Aqui existiu uma família que não gosta-va que misturasse sírio com libanês. Eu não vou citar o nome deles. Teve um ano que a colônia libanesa foi festeira na comemoração da Padro-eira. Essa família não queria que colocasse na faixa a expressão “sirio-libanes”, mas primeiro a palavra “libanês” e depois “sírio”. Coisa boba. Meus pais também não reclamavam.

Buzz – Como era o relacionamento dos Massud com os demais imigrantes?

Therezinha – Papai sempre se deu bem com todos. Tanto é que ele era padrinho de japonês. Papai batizou o filho da família Murakawa.

Buzz – A família Massud sempre mexeu com o comércio de roupas, tecidos e armari-nhos?

Therezinha – Foi somente isso e passou da mamãe para nós. Eu não sou muita amiga de balcão. Não sou de ficar presa. Eu fui professora durante 33 anos. Eu me realizava dentro de uma escola. Quem puxou a mamãe foi a Leonilda. Ela que comanda tudo na loja atualmente. Ela compra, ela vende. Meu irmão era radiotécnico.

Buzz – Como foi a rua dos árabes em Jaca-reí, a Coronel Carlos Porto?

Therezinha – Nunca saímos desta rua e nem

BBuzz – Quem é Therezinha Massud?Therezinha Massud – Sou filha de libane-

ses, nascida em Taubaté, e vim para Jacareí em 1938. Meus pais Massud José e Olina José casaram-se no Líbano, na região de Karbe. Meu pai veio morar em Taubaté porque a mãe dele morava lá. Mamãe morreu há 13 anos e papai há 57 anos. Ele morreu muito jovem. Éramos qua-tro mulheres e um homem. Os meus irmãos são: Noêmia José, Leonilda Iannicelli, Therezinha Massud, José Massud e Julieta. Julieta morreu com 17 anos, em 1945. Jose Massud, o Zuza, morreu há dois anos. A minha infância foi mui-to boa. A gente jogava peteca na rua, com meni-nos e meninas. Não tinha maldade. Não existia aquele negócio de sexo como hoje existe. Eu brinquei muito na rua, nas construções. Brin-cava de esconde-esconde. A gente sentava na calçada, olhava para a estrela e dizia: “Estrela, estrelinha minha, se um cachorro latir é porque ele está pensando em mim. Se a coruja piar é porque ele não gosta de mim”. A gente sentava na calçada até 10 ou 11 horas da noite. Fazia fogueira. Papai não era rico, mas nunca não nos faltou nada.

Buzz - Como era a vida de seus pais no Li-bano?

Thereznha – Sobre a família de meu pai, eu pouco sei porque ele não falava nada. A respeito de minha mamãe sei um pouco mais porque nós fomos para o Líbano, conhecendo a igreja onde eles se casaram, a gruta onde eles buscavam água e a casa onde moraram. Eles moravam em Karbe, uma hora de Jounie. Eles eram muito po-bres e tinham um pedacinho de terra. Meu pai nunca se naturalizou brasileiro. Ele era fanático por política. O herói dele era o ex-prefeito de Jacareí Tito Máximo e o ex-governador paulista Adhemar de Barros. Eram amigos. Meu pai bri-gava por causa do Adhemar de Barros.

Buzz – Como foi sua chegada em Jacareí?Therezinha – Essa rua, a Ramira Cabral,

tinha uma casa antiga que pertencia ao Jorge Madid. Moramos muito tempo lá. Mamãe que era muito dinâmica comprou esse lote aqui. An-tes de comprarmos, papai plantava verdura aqui para consumo e dar aos amigos. Ele era muito bem quisto e ajudava as famílias que chega-vam do Líbano. Nessa casa (esquina da Ramira com Carlos Porto) moramos desde 1945. Não tivemos uma vida fácil. Era tudo feito em casa. Nossa infância foi dura, mas tivemos uma edu-cação maravilhosa. Se nós temos alguma coisa hoje, devemos ao nosso pai.

Buzz – Como eram seus pais?Therezinha – Minha mãe era enérgica, mas

moderada. Meu pai era mais liberal. Quando chegava uma visita e, não era para a gente ouvir a conversa, com um olhar de minha mãe, nós saíamos de perto. Nunca nos faltou nada. Minha mãe e meu pai gostavam de dançar. Ela fazia comida libanesa e eu mantenho essa tradição até hoje. Eu faço várias tais como quibe, tabule, esfirra, pastel de verdura e coalhada. Nós enten-demos e falamos bem o árabe. Papai e mamãe falavam francês. Eles tinham um dialeto. Quan-do eles queriam que a gente não soubesse o que estavam conversando, falavam no dialeto deles. A minha irmã, Noêmia, fala árabe melhor que eu. Tem coisa que, não queremos que nossa au-xiliar saiba, daí falamos em árabe.

Buzz – Como era o relacionamento dos li-baneses da cidade?

Therezinha – Os da época de meu pai já morreram e ficaram apenas os descendentes. Mantemos contatos com os Nader, Esper, Sper, Isper, Daher e Ahmed . Eles moravam em frente à nossa loja. Os que vieram depois como Ibraim

“A política é suja. Agora, não estão querendo criar 90 cargos para a prefeitura”?

“A educação está falida. Esse negócio de passar, sem exame ou botar uma cruzinha, o aluno coloca em qualquer lugar, sem saber o que está lendo”.

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desta casa. Foi papai quem a construiu. Ela fica nos fundos e o comércio na frente. Era uma das ruas principais de Jacareí. Como a maioria era árabe na rua, todos se davam mui-to bem. Papai saia da loja e sentava em frente ao Gabriel, pai do Flávio, para conversar. À noite, eles se reuniam para jogar buraco. Cada dia era numa casa. Ficavam até as 10 ou 11 horas da noite. Era a diversão deles. Não tinha outra coisa. Não saiam para outro lugar. Era assim que eles viviam.

Buzz – Como era o comércio nesse tem-po?

Therezinha - O pessoal do campo vinha trazer o que produziam para vender no merca-do. No sábado, era uma rua muito movimen-tada. Os caipiras, como eram conhecidos, tra-ziam tudo em lombo de burros e carro de boi. No sábado, por volta das 4 horas da manhã, a gente ouvia o burburinho dos carros de boi chegando. Com o dinheiro que eles vendiam as verduras, legumes e frutas, compravam nas lojas. Papai tinha muito freguês da roça.

Buzz – Qual é o segredo para o sucesso nos negócios?

Therezinha – Honestidade.Buzz – Para quem a senhora jamais ven-

deria um tecido?Therezinha – Não tem ninguém. Venderia

para qualquer um.Buzz – Diz para a gente qual seria uma

maneira infalível de fechar um negócio?Therezinha – Conversando. Nós, por

exemplo, fomos orientadas para um caminho certo. Papai comprou um terreno no Jardim Califórnia. Ele nos chamou e disse: - Mi-nha filha, você vai estudar, o dia que você se formar, a responsabilidade será sua. Se você pagar, você vai ter um terreno. Se você não pagar, perderá. Conclusão: depois disso pega-mos gosto pelo negócio. A Leonilda é muito atirada. Comprava lote, construía e depois vendia. Ela tem casas construídas por ela e o marido. A Noêmia também. Eu tenho casa e lotes. A orientação de meu papai sempre foi ser honesta e cumprir com o dever.

Buzz – A senhora participa de algum clu-be libanês?

Therezinha – Não. Mas aqui em Jacareí a minha irmã fundou o clube sírio-libanes, fica-va aonde é o Romannelli. Ela era a presidente. Ali tinha bilhar, jogos de pratos para alugar e com o dinheiro melhorar o clube. Minha irmã foi para São Paulo e trouxe várias coisas sobre o Líbano, fotos e quadros. Depois que passou o comando do clube para as mãos de outras pessoas, ele acabou.

Buzz – A senhora e as irmãs ficaram fa-mosas na cidade pelas fantasias luxuosas no carnaval do Trianon Clube. Como foi isso?

Therezinha – A Leonilda ia a cada dia com uma fantasia diferente. Teve um ano que fizemos fantasia de odalisca. Participávamos muito do Trianon, do Elvira e Ponte Preta. O Trianon era o mais importante, principalmen-te na época do Biagino Chieffi. Ele era um grande carnavalesco, trazia escolas de samba para a cidade. Saíamos do clube às 5 horas.

Tomavamos o café da manha na padaria e íamos para casa. Tínhamos entre 18 e 20 anos. Leo-nilda continuou com a filha dela por um bom tempo. Brincaram muito nas matinês.

Buzz – Por que esse desejo de participar dos bailes de carnaval?

Therezinha – Porque a gente é muito ale-gre. A gente se dava com todo mundo. Não tem branco ou preto. Tudo o que fazemos, faze-mos com o coração aberto. Na minha casa, por exemplo, você entra, vai para a cozinha e toma café. Nosso coração é muito bom. Não gosta-mos de fazer mal para ninguém. Já fizeram para a gente. Fomos muito criticadas porque éramos avançadas, ativas, modernas para a época. Os “velhos da colônia” disseram: “o que pai deixou não vai durar muito tempo”. Um ano depois da morte de meu pai, as três fecharam um negócio com gerente Ninão, comprando o nosso primei-ro carro. Tem família, cujo filhos não se davam bem. Éramos e somos unidas. “Uma por todas e todas por uma”. Tudo que fazemos é com as três.

Buzz – Qual sua comida predileta?Therezinha - Eu gosto de strogonoff. Eu

gosto também do pastel de verduras. É uma massa feita como se fosse fazer uma esfirra. Em vez de carne, eu coloco acelga bem picadinha, salsinha, cebola, sal, pimenta e limão. Eu abro a massa em disco, coloco as verduras e dobro fei-to um triângulo. Em seguida, vai para o forno. É uma delícia.

Buzz – Como foi sua carreira como profes-sora?

Therezinha - Minha primeira escola foi a 8 quilômetros da barranca do Rio Grande (estado de São Paulo) – a Santa Albertina. Na época, o Jânio Quadros era o governador de São Paulo. Lá, eles tomavam banho de roupa naquela épo-ca. Fiquei um ano nessa escola. Ia de charrete para a escola. Eles me adoravam como também foi aqui em Jacareí. Eu vinha carregada de coi-sas: verduras e frutas. Eles davam valor para o professor. Hoje, o ensino está uma vergonha. Um ex-aluno meu disse que o filho dele não sabe um terço do que ele sabia na época. A edu-cação está falida. Esse negócio de passar, sem exame ou botar uma cruzinha, o aluno coloca em qualquer lugar, sem saber o que está lendo.

Buzz – Como eram as formaturas que a se-nhora realizava no antigo Cine Rio Branco?

Therezinha – Teve um ano que fui paranin-fa da turma. O Biagino me ajudou muito. Tra-balhamos o ano inteiro e arrumamos uma boa orquestra. O Biagino mandou buscar um globo para colocar no Rio Branco. Essa formatura ficou na história. A mãe dele era comadre da mamãe. Ela batizou a Leonilda. Ele vinha em casa. Tudo o que o Biagino fez acabou porque não teve ninguém de peito para continuar. O baile de formatura do Rio Branco era chique. As mulheres iam de longo. Não é como hoje que as pessoas vão no casamento de jeans e de camisa de manga curta. Eu acho que tudo tem seu lugar e sua maneira. Essas formaturas eram

lindas, organizadas. Em todo baile, a gente ia com um vestido novo. Se tinham três forma-turas, eram três vestidos. Não éramos somente nós que íamos arrumadas. As meninas e os ra-pazes também andavam bem vestidos. E sabiam dançar. Coisas que os de hoje não sabem. E só funk. Nem samba, eles sabem dançar. Nós fo-mos bailarinas. Eram formaturas de oitava série e de professor. No final de ano, tinha quatro ou cinco. Organizei várias do “Cene Silva Prado”

Buzz – O que acha de Jacareí?Therezinha - Eu gosto de Jacareí. Acho um

povo bom, um local gostoso de se viver. Temos um relacionamento muito grande. Deve ter gen-te que não gosta de nós, mas têm mil que gos-tam.

Buzz – O que a senhora mais gosta em Ja-careí

Therezinha - O shopping.Buzz – E o que a senhora não gosta?Therezinha - Da poluição no Rio Paraíba.Buzz – A senhora gosta de política?Therezinha - Não. Porque eles prometem

alguma coisa e, depois que entram, não fazem nada do que prometeram. Jacareí há muito pre-cisa de um hospital municipal, uma funerária municipal. Nós lutamos por uma funerária e não conseguimos. O hospital foi prometido por um político e ele não fez. A política de Jacareí é suja. Agora, não estão querendo criar 90 cargos para a prefeitura. Quem entra lá, sem concurso, vai receber o que um médico não ganha por mês. Eu sou contra! Sou a favor desses jovens. Eu sou a favor do Doutor José Luiz Bednarski, que é um promotor maravilhoso que luta em prol da cidade. Ele não é jacareiense e, no entanto, luta pelo povo de Jacareí. Tanto é que recebeu o tí-tulo de cidadão jacareiense. Na época do meu pai, vereador não ganhava nada. Eles tinham aquilo por amor. Aqui, o vereador tem loja. Ele quer ser presidente de entidades representativas. Quer abraçar o mundo com as pernas. O Brasil é um país muito sujo na política. Não são todos. Não gosto de política.

Buzz – A senhora tem um lado filantrópico. Quer falar sobre isso?

Therezinha - Ajudamos o Cantinho da Pre-vidência, Cruzada de Assistência. No final do ano, eu e a Noêmia compramos cobertores e distribuímos aos mais carentes. O que posso fa-zer para ajudar alguém, faço. Papai dizia: “se puder ajudar, ajuda”. Se você não pode, sai do caminho. Não atrapalhe!

“Eu sou a favor do Doutor José Luiz Bednarski, que é um pro-motor maravilhoso que luta em prol da cidade. Ele não é jaca-reiense e, no entanto, luta pelo povo de Jacareí”.

“Na volta, quando minha mãe desceu do avião, ela fez igual ao papa João Paulo II, ajoelhou, beijou o chão e disse: “bendita terra brasileira”.

“As mulheres iam de longo. Não é como hoje que as pessoas vão no casamento de jeans e de camisa de manga curta. Eu acho que tudo tem seu lugar e sua ma-neira”.

“O Brasil é um país muito sujo na políti-ca. Não são todos. Não gosto de política”.

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Uo primeiro prédio de apartamento de JacareíUma obra arrojada para a época, quando

Jacareí contava apenas com casas térreas, o Edifício Alba foi o primeiro prédio de aparta-mentos da cidade. Com seis moradias, o pré-dio sequer faz sombra para os arranha-céus de hoje, principalmente agora que a cidade caminha para a verticalização. Mas, por volta de 1950, quando foi erguido, o Alba foi um marco do início da industrialização.

O farmacêutico Jarbas Porto de Mattos foi quem acreditou em Jacareí e investiu re-cursos nessa construção. Situado na região conhecida antigamente como “esmaga sapo” e atual Praça dos Três Poderes, o Edifício Alba foi residência de famílias importantes como: Gerke, Tadei e Mazzeo.

Ele possui arquitetura eclética já com no-ção do moderno, a despeito de seus elementos decorativos na porta e suas mísulas, ou “ca-chorro” como são conhecidos, interagindo com elementos que compõem o modernismo, como o uso de vidro e concreto em suas fa-chadas.

Destaque para o nome do prédio feito em letra manuscrita. Necessitando de uma reforma, o Alba nunca teve seus traços origi-nais modificados, garante o advogado Alípio

Aquino Guedes, um de seus inquilinos mais antigo. Guedes está há 20 anos no edifício, onde mantém seu escritório, de frente para o Fórum de Jacareí.

O edifício possui dois andares. Para aces-sar suas habitações, o morador utiliza esca-das. Ele não tem garagem, pois a que existe foi feita depois. Guedes diz que antigamente poucos possuíam veículos e, com a chegada dos carros, eles ficavam na rua porque ainda não havia preocupação com furtos. Há ape-nas uma entrada, cujo vidros da porta foram importados, explica o advogado. O Alba tam-bém possui pequenos jardins tanto para a Pra-ça dos Três Poderes como para a rua XV de Novembro.

Para o historiador e ex-prefeito de Jacareí, Benedito Sérgio Lencioni, o Edifício Alba foi um dos pioneiros em Jacareí. O nome do prédio foi uma homenagem do empresário Jarbas a sua mulher, Alba Navarro da Cruz Mattos, que foi irmã do ex-prefeito de Jacareí – Hélio Navarro da Cruz.

Jarbas foi um farmacêutico muito conhe-cido e querido em Jacareí. Segundo Guedes, as pessoas consultavam com ele e ele mesmo fazia o remédio. “Era batata. Não tinha con-

versa”, diz o advogado, que revela que Jar-bas era ainda um empresário de sucesso na sociedade da época e ao mesmo tempo uma pessoa simples. O historiador Luis José Na-varro da Cruz comenta que Jarbas empregava tudo o que ganhava em Jacareí. Segundo Luis José, a construção do Edifício Alba ocorreu no mesmo período da inauguração da Rodo-via Presidente Dutra e, portanto, representava novos ares para a Jacareí que começava a se industrializar devido a ligação entre São Pau-lo e Rio de Janeiro.

Ele lembra ainda que era comum as pes-soas subiram no terraço do edifício, até então o único vertical em Jacareí, para assistirem a queima de fogos promovida pelo empresário Biagino Chieffi às margens do Rio Paraíba. Todos assistiam ao foguetório de camarote, diz o historiador e empresário.

Segundo Luis José, Jarbas foi aluno de uma das primeiras turmas do Grupo Escolar Carlos Porto, em 1901. Ele começou sua atu-ação no ramo farmacêutico em 1918. Possuía uma casa onde fica a Lojas Cem. O Edifício Alba funcionou como residencial entre 1950 e 1970, quando passou a alugar parte de suas salas para atividades comerciais.

edifício alba,

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Alípio Guedes: escritório de frente para o Fórum

Nome do edifício foi homenagem a mulher do proprietário

Datado de 1950, prédio possui elementos do modernismo

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CHERY: VEMOU NÃO VEM?Montadora e prefeitura tratam do assunto com segredo apósjornal Estadão anunciar a instalação da empresa em Jacareí

Após reportagem do jornal O Estado de São Paulo sobre a instalação da montadora chinesa Chery em Jacareí, todos os envol-vidos fazem questão de negar a informação divulgada. Além disso, o anúncio ocorreu em pleno período eleitoral, o que por si só deixa dúvidas a respeito de seus interesses.

A montadora, foi procurada pela repor-tagem da revista Buzz em agosto. A nota da assessoria de imprensa não fala nem que sim e nem desmente o interesse pelo mercado brasileiro. “Apesar dos rumores lançados pelo jornal O Estado de S. Paulo, a Chery International não confirma as informações lançadas em relação à instalação da Chery na cidade de Jacareí”. Afirma, porém, o interesse no “mercado brasileiro, um dos mais expressivos para os negócios da Chery fora da China”.

Segundo a assessoria, Zhou Biren, presidente da Chery International, aproveita inclusive para reafirmar a parceria entre a Venko (empresa do Grupo JLJ para revenda

da marca no Brasil) e suas intenções de que seja uma parceria duradoura.

O presidente do Ciesp/Jacareí (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), José Carlos Pelóia, tenta lançar um pouco de luz sobre o assunto. Ele acredita que vazou informação antes da hora e o medo dos en-volvidos é a especulação gerada de diversas maneiras. Com isso, criou-se um clima de ansiedade muito grande pela confirmação da vinda da montadora. “Uma situação delica-da”, definiu o industrial.

O interesse na cidade não é para menos, pois o município desfruta de uma logística invejável em relação aos outros. Jacareí está entre principais cidades brasileiras (São Pau-lo e Rio de Janeiro), próximo de aeroportos e com rodovias para os principais centros comerciais.

Pelóia espera que tanto a Prefeitura de Jacareí como a montadora chinesa formali-zem o contrato o mais breve possível para pôr um ponto final nesta história antecipada

pelo jornal paulistano.O presidente do Sindicato dos Meta-

lúrgicos de São José dos Campos, Jacareí, Igaratá, Caçapava e Santa Branca, Vivaldo Moreira Araújo, considera importante a vinda da montadora para Jacareí e região. Segundo ele, é uma demonstração do poten-cial da região, uma vez que o “o capital vai onde está a lucratividade”. Araújo destacou também a logística do Vale do Paraíba e a oferta de mão-de-obra especializada como atrativos para atrair multinacionais como a Chery. Nesse jogo de informações, cogita-se a criação de 600 empregos com a confir-mação da vinda da montadora em Jacareí e investimento de R$1,2 bilhão.

A assessoria da Chery Brasil informou que os objetivos da marca para este ano incluem fechar dezembro com 70 reven-das abertas e, em pleno funcionamento, e a marca de 10 mil veículos vendidos. Para 2011, as projeções indicam vendas de 30 mil veículos.

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Vizinho do barulhouma das principais reclamações dos condomínios em Jacareí é o barulho; pelo menos 85% das notificações referem-se ao excesso de ruído na moradia ao lado

O que tira o sono dos moradores de con-domínios em Jacareí é o barulho causado pelo vizinho. A Ortecon, empresa que ad-ministra 60 dos 150 condomínios da cidade, notifica pelo menos 85 casos por mês. Há reclamações desde o salto alto no piso dos prédios, arrastar móvel, aparelho eletrônico ligado fora do horário, volume de televisor ou aparelho de som, brigas, gritaria no corredor até o som do motor desregulado pela manhã.

O administrador da Ortecon, Jaime Be-nedito Roque dos Santos, diz que 60% das cláusulas dos regimentos internos dos con-domínios é relacionado ao barulho. Mesmo assim, afirma, não existe o respeito entre os condôminos. Das notificações emitidas por sua empresa, a maioria atende ao chamado e 20% delas exigem a emissão de multa por excesso de ruídos.

Segundo Santos, o morador de prédio não entende que há pessoas do outro lado da parede e o estilo de vida dele deve ser completamente diferente do que morar numa casa térrea. Ele vai mais longe e afirma que construtoras e incorporadoras consideram “conforto acústico com bem-estar supérfluo”. O administrador explica que muitos prédios não têm isolamento acústico, uma vez que as construtoras utilizam materiais leves nas vedações, paredes e lajes, para aliviar funda-ções e diminuir custos.

A poluição sonora pode ser considerada defeito de construção, uma vez que o isola-mento acústico seja inferior aos limites traça-do pela NBR (Norma Brasileira Registrada) 10.152, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). O Código Civil prevê a responsabilidade do construtor pela seguran-ça da obra (salubridade da construção inclu-sa) no artigo 1.245, encontrando suporte, in-clusive, no Código de Defesa do Consumidor.

Síndicos – O síndico do Edifício Resi-dencial Vila Aprazível, o cantor Eli Marcelo do Prado, afirma que um de seus problemas no prédio diz respeito ao barulho noturno. Por ser um edifício novo, ele acredita que a explicação para tanto casos esteja no fato de os condôminos serem moradores de primeiro apartamento.

Sendo assim, nada que uma boa conversa não resolva. Em último caso, ele envia uma notificação ao barulhento. Segundo Prado, o morador de prédio busca segurança, mas pre-cisa viver de acordo com o regimento interno de seu condomínio.

Recentemente, um morador resolveu ajei-tar a mudança por das 23 horas. Foi barulho de furadeira na parede e móveis sendo arras-tados “por tudo que é lado”. Não demorou e o telefone do síndico tocou e Prado teve que tomar providências. O caso teve um desfecho tranquilo, mas a história nos condomínios ja-careienses não é sempre dessa maneira.

Jamesley Paganeli, síndica do Edifício San Paul, acha “chato” ter que notificar al-guém, mas não teve outra solução num caso recente. Os pais saiam para trabalhar à noite e o filho ficava sozinha. A festa corria madru-gada adentro para tormento dos vizinhos que desejavam repousar.

Os pais acabaram proibindo o filho de re-

ceber de visita e o problema foi solucionado. Segundo Jamesley, esse foi apenas um caso em vários anos no San Paul, que não apresen-ta muito esse tipo de problema.

Solução - O administrador Jaime Benedi-to Roque dos Santos sugere aos condôminos

A informação de que todo barulho é permitido até as 22 horas é fruto da cultura popular sem o menor amparo legal. Na lei 4.591/64, dos condomínios, não consta essa informação. O respeito ao vizinho deve ocor-rer nas 24 horas do dia.

Existem normas de posturas locais que fixam limites de decibéis a serem suportados durante o dia e à noite, bem como regimentos internos de condomínios, que prevêem dife-rentes restrições a ruídos numa hora e outra.

A Lei do Condomínio, a de nº 4.591, de

Código Civil - Artigo 554. “O proprietário ou inquilino de um prédio tem o direito de impedir que o mau uso da propriedade vizinha possa prejudicar a segurança, o sossego e a saúde dos que o habitam.”

medidas simples para não tirar o sossego do vizinho. Segundo ele, tirar o salto logo que entrar o apartamento, colocação de feltro embaixo de móveis e evitar todo e qualquer tipo de ruído. “Respeitar o próximo sempre”, conclui.

16/12/64, trata do assunto nos artigos 19, 20 e 21. Portanto, aquele velho e surrado ditado “os incomodados que se mudem” não pode ser levado tão ao pé-da-letra como antiga-mente.

Um decreto bastante curioso a respeito do silêncio ocorreu com o decreto da Rainha Elizabeth I, da Inglaterra, que reinou de 1588 a 1603, e que proibia os maridos ingleses de baterem em suas mulheres depois das 10 ho-ras da noite a fim de não perturbarem os vizi-nhos com gritos.

O que diz a lei

BaRulHO iNCOMOda duRaNTe aS 24H dO dia

Salto no piso dos apartamentos é reclamação corriqueira nos condomínios

BuzzImagem

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BuZZ in

festa da HeINeKeN BRasIL

Cleo Andrade, relações corporativas da Hei-neken Brasil e Lucia Oliveira, da TV Cidade Jacareí

A partir da esquerda: Gerente Heineken de Jacareí, Isidro Neto, Ney Pasqualim e Almir Fer-nandes, do Ciesp de São José dos Campos

A partir da esquerda: Carlos Dias (Relações Corporativas Heineken Jacareí) e convidados

Convidados da Embraer e Johnson & Johnson curtiram o evento na Heineken Brasil

A Heineken Brasil, uma das maiores cerve-jarias do mundo, reuniu imprensa e convida-dos dia 5 de agosto para apresentar o nome da cervejaria que entra no lugar da Femsa. Isidro Neto, gerente da fábrica de Jacareí da Heineken Brasil, apresentou o novo nome da cervejaria, falou sobre a presença da Hei-neken no mundo e convidou a todos para um brinde de celebração desse momento.

Fotos: Divulgação

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setembro de 2010 - Buzz 15

teRezINHa QuINtaNILHa

O Ceprotq (Centro Profissionalizante Terezinha Quintanilha) realizou dia 16 de agosto no Real Park Hotel um evento de beleza para mais de cem cabeleireiros de várias cidades da região. Antecipando as tendências de moda do primeiro semestre de 2011, os cabeleireiros tiveram a opor-tunidade de ver novíssimas e inovadoras técnicas em cortes de cabelo, colorações, mechas e penteados.

Nesse evento, os profissionais da beleza tiveram uma oportunidade única de interagir com um desfile de moda, criando tendências e estilos novos, enquanto os instrutores do Ceprotq mostravam as últimas novidades para o segmento que acabaram de trazer de Nova Iorque.

“A cliente que atualmente frequenta os salões de beleza é uma mulher mo-derna e ocupada, que precisa de grandes resultados em tempo hábil. E esta é a proposta das novas tecnologias e técnicas de trabalho apresentadas neste evento”, disseram Cícero de Castro e Rodrigo Menha, coordenadores do projeto.

Fotos: Divulgação

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