buzz # 08 abril

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Buzz - Ano 1 - Edição 8

Túnel do Tempo

2 Buzz - abril de 2010

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A primeira rua de Guararema

A primeira rua de Guararema na década de 1950. A cidade surgiu a partir da doação de terras para uma ex-escrava em 1875. Localizada no Vale do Paraíba e com um pé na Grande São Paulo, a cidade tornou-se um dos pontos turísticos do Estado. Os turistas não resistem ao jeito in-teriorano de viver, sem presa, mas a poucos quilômetros dos grandes cen-tros. Essa parece ser a receita para o grande desenvolvimento turístico de Guararema.

Caindo do céu10 Parece ter caído do céu para PSDB e PT o projeto de lei que permite hidrômetro individual em condomínios verticais e horizon-tais de Jacareí. Autoria do projeto motiva disputa entre partidos

ARNO ROISMANN

8 Filho de judeu russo, o Rei dos Móveis sai do anonimato e fala a BUZZ. O povo judeu é o povo de Deus? “É a Bíblia quem diz. Os rabinos sempre ensinam isso.”

Banheiro bem-vindo12 Banheiro químico, privadão portátil ou pipi room. O nome não importa. O fato é que esse equipamento poderá – se houver boa vontade da Prefeitura de Jacareí – fa-zer parte da paisagem das feiras livres em Jacareí. Urinar em poste, nunca mais

Guararema com o seu São Longuinho é o ponto de partida da rota turística religiosa que vai até Guaratinguetá, com seu Frei Galvão. Toda 2ª sexta-feira do mês é ce-lebrada missa na capela de Freguesia da Escada

TOUR RELIGIOSO

Caindo do céu

Divulgação

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abril de 2010 - Buzz 3

expediente

DiretoraSilvia Regina Evaristo Teixeira

Conselho EditorialPaulo Aparecido

Mauro San MartínSilvia Regina Evaristo Teixeira

Alcidio Ramos MartinsMaria Aparecida Teixeira

Editor-chefeJornalista Profissional Diplomado

Mauro San Martín - DRT 24.180/SP

Reportagens Paulo Aparecido

Jornalista Profissional Diplomado DRT 16.133/[email protected]

Mauro San MartínJornalista Profissional Diplomado DRT 24.180/SP

[email protected]

Diretor de CriaçãoMarcel Esliper

Diretora ComercialSilvia Regina Evaristo Teixeira

[email protected]

RevisãoAntonia Vassique

A revista Buzz é uma publicação mensal da Voz Ativa Comunicações

Email: [email protected]

Tiragem: 5 mil exemplares

Impressão: Gráfica Mogiana - São José Campos

Os artigos assinados são de inteira responsabilida-de dos autores e não representam necessariamente a opinião da revista ou da editora. É permitida a reprodução das matérias e dos artigos, desde que previamente autorizado por escrito pela editora e com crédito das fontes.

Editorial

Jacareí Que pensaLei que prevê CASTRAÇÃO QUÍMICA para envolvidos em crimes sexuais é discutida no Congresso Nacional. A castração e sua ação inibidora da libido são temporárias. E sua aplicação deve ser aceita pelo apenado. Seria aplicada principalmente em condenados por crimes sexuais como estupro e pedofilia. Você é a favor ou contra?

João Paulo Jacob, Restaurante TriettoCONTRA

Tudo o que interfere na questão biológica do ser humano, em princípio, eu sou contra. Infelizmente é um distúrbio da pessoa e eu acho que existem outras maneiras de se combater isso. Por exemplo, deve receber uma pena, mas não ser mutilado. Por-que isso não deixa de ser uma mutilação. O país deveria desenvolver um tratamento para essas pes-soas. Às vezes, elas não têm culpa pela genética que possuem.

Camila Arantes, Ótica CarolA FAVOR

A minha opinião é a seguinte: como não é perma-nente, isto é, a castração pode ser revertida, eu sou favorável. Pode ser até um problema de doença que a pessoa tenha, não só mentalmente. Pode ser pro-blema de metabolismo, hormônio, alguma coisa que interfira na estrutura física da pessoa. Sou a favor desde que o condenado cumpra também a pena dentro da cadeia.

Homero Barbosa, jornalistaA FAVOR

É interessantíssima a castração química, princi-palmente se fizer uma busca minuciosa dentro da própria religião católica, mais precisamente no Va-ticano. Em se tratando de um desajustado mental, obviamente ele tem que pagar pelo crime cometido. No caso de padres pedófilos, o Vaticano tem que re-ver sua atuação. Sou favorável à castração inclusive de padres pedófilos.

A presente edição de Buzz acabou alinha-vando sem querer um tema central – a coleti-vidade. Algumas matérias abordam a questão do direito individual versus coletivo. Nossa matéria principal, a nova lei dos hidrômetros nos condomínios horizontais e verticais, é um exemplo claro de que uma simples cobrança de água torna-se algo injusto quando inverte esses papéis. A lei em tramitação na Câmara Munici-pal de Jacareí obrigará que cada um pague pelo que consumiu. Atualmente, a conta é rateada entre os condôminos, uma aberração porque não distingue quem consome muito daqueles que nem param em casa.

Não podemos fechar os olhos para a socie-dade individualista em que vivemos, formada por pessoas preocupadas em cuidar apenas dos próprios interesses, desprezando o bem-estar coletivo. O individualismo não deve prevalecer sobre os interesses coletivos, de uma sociedade mais igualitária, sem privilégios para extratos mais abastados economicamente.

Numa outra matéria desta edição, sobre o uso de banheiros químicos nas feiras livres, também observamos o direito da maioria sendo desrespeitado. O projeto tramitando na Câmara de Vereadores da cidade é uma justa reivindica-ção principalmente das feiras das áreas centrais do município. Ao propor banheiro para aqueles que frequentam as feiras livres, estamos nos preocupando com o coletivo em vez deixar cada um se virar como pode na difícil hora de fazer as necessidades fisiológicas.

É muito fácil pensar na cidade ideal para cada um de nós. Imaginar uma maneira de criar uma sociedade que atenda a todos os nossos an-seios é uma tarefa quase impossível. As cidades

são contraditórias e inconstantes porque se tor-nam reflexo das relações da vida que levamos. Buscar a coletividade é trazer a cidadania para primeiro plano.

Os projetos de leis citados são formas prá-ticas de nos aproximarmos desse mundo satis-fatório, mesmo sendo uma gota no oceano das dificuldades. Nesta primeira década do milênio, nota-se que a sociedade busca, teoricamente, harmonizar-se com o coletivo deixando de lado o individualismo, em atitudes simples como a volta do cooperativismo e projetos de lei como os discutidos pelos vereadores de Jacareí.

A edição de Buzz traz ainda matéria sobre São Longuinho – aquele dos três pulinhos –, e uma entrevista com o empresário Arno Rois-mann, da Assibrave (Associação Israelita Bra-sileira do Vale do Paraíba).

Se a sociedade fosse homogênea a ponto de tomar as mesmas decisões, tudo ficaria muito mais satisfatório para todos. Como o mundo não é composto por ‘Avatares’, temos que nos contentar com o aprendizado de nosso dia a dia.

Mauro San MartínEditor

Coletividade em cheque

Como o mundo não é composto por ‘Avatares’, temos que nos contentar

com o aprendizado de nosso dia a dia.

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4 Buzz - abril de 2010

SENTIMENTOS ESCRITOS

Projeto da Anhanguera se inspira no filme Central do Brasil

Por Paulo Aparecido

A Anhanguera Educacional, campus Jaca-reí, através do projeto Sentimentos Escritos, do curso de pedagogia, coloca seus alunos na Praça Raul Chaves, centro, para atender anal-fabeto e até mesmo pessoas com dificuldade de se comunicar escrevendo cartas.

O coordenador da pedagogia, professor Antonio Rodolfo de Siqueira, explica que o projeto – inspirado no filme Central do Brasil – tem como objetivo escrever cartas para pes-soas que precisam se comunicar com parentes distantes e não conseguem colocar no papel os seus sentimentos. “As pessoas mais simples, com baixa ou nenhuma escolaridade, são as que mais necessitam desse tipo de atendimen-to. Às vezes, pessoas daqui mesmo de Jacareí têm dificuldade de se comunicar com alguém da própria cidade”, disse.

Para o coordenador, apesar da grande dis-ponibilidade de tecnologias da informação, muita gente ainda não consegue se comunicar nem mesmo com parentes. Às vésperas da 4ª edição do projeto, a expectativa é atingir qui-nhentas cartas escritas. “O sucesso do projeto é tão grande que este ano nós estamos reali-zando duas edições”, anima-se.

O projeto, que é realizado há dois anos, em 2010 terá dois eventos: dias oito e quinze de maio, na Praça Raul Chaves e Distrito de São Silvestre, na Emei (Escola Municipal de Educação Infantil).

A aluna do segundo ano de pedagogia Ju-liana Chaves da Silva escreveu uma carta de amor em nome da dona de casa Adriana Oli-veira dos Santos endereçada ao namorado. A estudante disse que não era a primeira vez que ela pedia ajuda. “Ela sempre começa a ditar a carta com a frase: ‘Se amar é viver, vivo por-que amo você’ ”, revelou Juliana. Adriana, em sua carta ao namorado, pediu que Juliana es-crevesse: “Edvaldo, decidi escrever para você para lhe dizer que, mesmo estando distante, você é o homem da minha vida e que nunca vou lhe esquecer.” Mas não são apenas pesso-as vindas de lugares distantes que pedem para que escrevam cartas. A dona de casa Caridade Raspa, de Jacareí, pediu para Juliana escrever para sua neta, também moradora da cidade. “Querida neta Nayara, estou escrevendo essa

cartinha para você para mostrar o quanto é importante para a vovó. Quero desejar-lhe toda a sorte do mundo nessa profissão que você escolheu. A vovó terá o maior orgulho em dizer que tem uma netinha professora. Beijos da vovó que lhe ama.”

O projeto envolve cerca de 200 alunos da Pedagogia, mas é aberto à participação de outros cursos. Os estudantes chegam ao lo-cal e começam a abordagem dos presentes, explicando o objetivo do projeto. “Os alunos são orientados para explicar para as pessoas

A universitária Juliana ouve ditado na Praça Raul Chaves

o objetivo do evento. Em princípio há certa rejeição. As pessoas alegam que não têm para quem escrever. Mas depois acabam desco-brindo algum parente distante ou até mesmo próximo a quem gostariam de dizer alguma coisa. Então começam a se soltar e a procu-rar as alunas para escrever as cartas”, explica Siqueira.

Comunicação

O coordenador é formado em educação

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física, pedagogia e é bacharel em fisioterapia, além de mestre em educação pela Universi-dade Braz Cubas, de Mogi das Cruzes. Ele explica que a sua especialidade faz parte da área de linguagem e comunicação. “Quando uma pessoa não está bem o corpo comunica isso. O corpo fala por si. Conforme a gen-te vai estudando, percebe-se a necessidade de melhorar a comunicação. Isso através da comunicação verbal ou corporal. Baseados nesses estudos, os alunos tiveram a ideia de elaborar o projeto Sentimentos Escritos. O objetivo é aplicar a teoria na prática, até mes-mo para fortalecer a pedagogia”, explica.

Segundo o coordenador, os cursos de li-cenciatura atualmente estão desvalorizados aos olhos da sociedade. A intenção do projeto é mostrar a qualidade dos professores que es-tão saindo da faculdade. “Com esse projeto, queremos resgatar o valor do professor. Todos lembram com carinho do primeiro professor, aquele que acrescentou algo de importante à vida do aluno. Considero que, com isso, o nosso trabalho aqui na Anhanguera está sen-do divulgado junto à comunidade”, concluiu.

Cartas

O lavrador João Pereira dos Santos veio de Apucarana, Paraná, e estava na praça quando a equipe da Anhanguera chegou. Ele foi abordado por uma das alunas e passou a ditar sua carta endereçada a um apresentador de TV daquela região, de apelido Guga, a quem se apresentou como um senhor que não tem aposentadoria e trabalhou a vida inteira na roça. “No momento, não tenho nem ende-reço e estou precisando da sua ajuda. O que eu quero no momento são duas coisas: voltar para minha terra e um pouco de dinheiro para recomeçar minha vida de lavrador. Também sou carpinteiro, jardineiro e pedreiro. Gosto muito do seu programa e sei que ajuda muita gente necessitada, e eu preciso da sua ajuda”,

cobrou.Cartas desesperadas como essa dividem

espaço com textos irônicos e brincalhões. Um tal Itevaldo, de apelido Esquerdinha, pede para escrever para um amigo de nome Rogério. Ele disse que sentia saudades do amigo, do tempo em que trabalhavam junto numa marcenaria, “das risadas e das piadas”. Lembrou do irmão do amigo, “um goleiro frangueiro, Tico-Tico, que bom não era, mas

divertia todo mundo”. Um senhor chamado José Luiz pediu uma carta apaixonada ende-reçada a sua mulher, Mariana, a quem não via havia muito tempo. “Quero expressar meus sentimentos nesta carta. Meus sentimentos são que esta data já repetida por muitos anos e que nós comemoramos juntos, eu e você e nossos filhos.

Um grande beijo, do seu querido marido, que não lhe esquece jamais (Sic).”

O coordenador Antônio Rodolfo orienta atendimento

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Paradigma EvEntos

Por Mauro San Martín É cada vez mais comum a presença de

carros abandonados nas ruas de Jacareí. No ano passado, a prefeitura registrou 12 veícu-los abandonados, o que corresponde a uma média de um por mês.

A reportagem apurou que dificuldades financeiras para manter o carro, custo alto da manutenção e impostos são alguns dos motivos que levam ao abandono. Em muitos casos, esses carros possuem mais multas e dí-vidas de impostos do que o seu próprio valor.

Na Rua Oito de Maio, região central, em frente ao Tribunal de Justiça, um Fiat Tipo 1.6i, cor azul, placas BZS 9303, de Ubatuba, é o comentário entre as mães que pegam seus filhos no Colégio Objetivo Júnior, localizado na mesma rua.

Os carros abandonados parecem peças de ferro velho. Pneus vazios e mato por todos os lados. Mas eles estão em vias públicas, difi-cultando o trânsito, tornando-se um problema de saúde pública.

O morador é quem alerta a prefeitura so-bre a existência das famosas latas velhas. O diretor de Trânsito de Jacareí, João Fernandes Rico, disse que os moradores temem que o

carro parado na via pública, principalmente em esquina, possa causar acidente.

Segundo Rico, o setor de trânsito recebe a reclamação, verifica o problema, levanta o proprietário através da placa e dá um prazo de 48 horas para a retirada do carro.

Caso o dono não se interesse pela remo-ção, a prefeitura leva o veículo para o pátio do guincho.

Como o problema é recente na cidade, na maioria das vezes, lembra o diretor de Trân-sito, quando recebe a notificação, o proprietá-rio retira o veículo da via pública.

A reportagem de Buzz registrou uma Kombi, placas CQE 3621, de Jacareí, aban-donada num trevo da rodovia Euryale de Je-sus Zerbini, altura do número 8500. O tom amarelo chamativo da Kombi facilitou a ação de vândalos que furtaram o tanque de com-bustível.

O Código de Trânsito Brasileiro não con-templa esse tipo de infração, não cabe ao se-tor de Trânsito ou ao Detran (Departamento Estadual de Trânsito) fiscalizar carros aban-donados. Em Jacareí, a Lei Complementar Nº 068/2008, o Código de Normas, Posturas e Instalações Municipais, estabelece como “in-fração grave” abandonar veículos em áreas públicas, em seu artigo 42, item J. Dessa ma-neira, o carro abandonado é passível de multa no valor de cinco VRMs (Valores de Refe-rência do Município), ou seja, R$ 198,35, em abril.

O morador pode comunicar à prefeitura a existência de carro abandonado através do telefone 0800-163010.

ABANDONADOS NO CAMPO E NA CIDADE

Kombi depenada em São Silvestre

Carro largado no centro irrita moradores

Multa de R$ 198,35, em abril, não assusta proprietários dos ‘velhinhos’

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O preço da culturaCom dois reais mensais, o amante da lei-

tura pode ter à disposição 52 mil volumes entre livros e coleções, dos mais variados autores nacionais e internacionais. É essa a proposta da nova biblioteca municipal Mace-do Soares, inaugurada na última sexta-feira, 30, no Parque dos Eucaliptos, localizado na Avenida Nove de Julho, 215, região central de Jacareí.

Quem esteve na inauguração, além de desfrutar das modernas instalações, pôde ba-ter um papo com o escritor e autor de novelas Mário Prata, convidado especialmente para a ocasião. Ocupando uma área total de mais de 900 metros quadrados, a biblioteca foi cons-truída com técnicas modernas que garantem a acessibilidade de portadores de deficiência física, disponibilizando rampas e banheiros

adaptados. Um amplo estacionamento e a integração

ao Parque dos Eucaliptos proporcionam ao usuário desfrutar de uma área de cultura e la-zer. A área total da biblioteca Macedo Soares contempla dois prédios. No principal fica o acervo geral, além de salas para leitura, con-sulta e pesquisa. No segundo prédio estão a biblioteca infantil e o acervo em Braille, com cerca de 600 volumes. O local conta ainda com sala de informática com acesso à inter-net, salão para exposições, salas para oficina de arte e a oficina de encadernação e restau-ro.

Para a supervisora de bibliotecas da Se-cretaria Municipal de Educação de Jacareí, Reni Rezende da Silva, “a instalação da bi-blioteca em uma sede própria representa um

ganho muito grande para a população”. Ela disse que a cidade nunca teve uma sede fixa para a biblioteca. “Agora ganhamos um pré-dio moderno, que foi feito especificamente para abrigar nosso acervo e nossas ativida-des. Nossos sócios vão encontrar instalações confortáveis, que acompanham o desenvolvi-mento e o progresso da cidade”, animou-se.

A supervisora disse que a expectativa é que o número de sócios da biblioteca aumen-te consideravelmente.”Atualmente temos mais de cinco mil sócios e esse número tende a crescer”, afirmou Reni.

Para se associar à biblioteca Macedo Soa-res o leitor deve levar ao local, no horário das 8h às 17h, duas fotografias 3x4 recentes, um comprovante de endereço e o RG original, além de pagar uma taxa anual de dois reais.

Nova biblioteca, no Parque dos Eucaliptos, integra cultura e lazer

Nova biblioteca pretende ultrapassar 5 mil leitores

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8 Buzz - abril de 2010

ENTREVISTAARNO ROISMANN, presidente da Associação Israelita Brasileira do Vale do Paraíba (Assibrave)

“O dinheiro traz conforto e isso ajuda a ser feliz”

Por Paulo Aparecido e Mauro San Martin

Arno Roismann é empresário do ramo moveleiro em Jacareí há mais de cinco dé-cadas. Filho de judeus russos, é casado com Berta Taitelbaum Roismann, descendente de judeus poloneses. É presidente da Assibrave (Associação Israelita Brasileira do Vale do Paraíba), mas não é ortodoxo. Valorizando a vida e temente a Deus, o radicalismo não faz parte da sua biografia. Cioso de suas respon-sabilidades religiosas, não discrimina outras vertentes da fé. “Não vejo por que radicalizar

em termos de fé. Há que haver respeito entre as diversas religiões. Eu sigo a minha, a de meus antepassados.”

Experiente no comércio, Arno ensina que o seu sucesso empresarial (Rei dos Móveis) é resultado da aplicação adequada de capital e da fidelização da clientela. “Meus clientes são tradicionais. Alguns vêm de outras cida-des para comprar aqui. Confiam na qualida-de dos meus móveis.” Gaúcho de Erechim (RS), veio com os pais para Jacareí em 1952, a convite de um tio, Jacob Weismann, para tocar uma nova casa de móveis. Weismann

era dono da Barateiro do Móveis, a única da cidade na época. Os Roismann adquiriram a então Casa Becker, “conceituada” na ven-da de móveis, calçados etc., que ficava na Praça Conde de Frontin, centro de Jacareí. Palmeirense, não abandona a camiseta do clube nem para dar entrevista. “Fui assistir a um jogo entre Palmeiras e São Paulo e me apaixonei pelo verde”, explica.

O entrevistado deste mês é esse homem de fala mansa e riso contido, sempre dando opinião com os pés firmes no passado e na tradição da família. E fanático por relógios.

Qual é a origem da família Roismann?Meus pais eram judeus russos, de Mos-

cou, a capital.Por que escolheram o Brasil, o Rio Gran-

de do Sul, para viver?Meu pai veio da Rússia por causa do co-

munismo. Chegou ao Rio Grande e conheceu minha mãe. Veio primeiro um primo dele, que tinha um cortume [local onde se processa couro cru para a indústria], em Getúlio Var-gas, interior do estado. Esse primo chegou à cidade e já ganhou o primeiro prêmio da Lo-teria Federal. Com esse dinheiro, ele pagou a viagem do meu pai para o Brasil.

Na Rússia seu pai era da classe média?Lá não tinha muita classificação porque

era um sistema comunista. O país estava co-meçando no comunismo. Eles tinham que

cair fora rapidamente, na década de 1920. Só ficaram lá duas irmãs, que não queriam vir para o Brasil. Meus pais ficaram no Sul uns trinta ou quarenta anos mais ou menos. Eles ganharam terra do governo para plantar trigo, né? Depois, mais tarde, meus pais tiveram um depósito de cereais.

O que a família do seu pai fazia na Rús-sia?

Meu pai era alfaiate. Ele e os irmãos. Era uma família de alfaiates.

Como foi a chegada a Jacareí?Meus pais sentiram a necessidade de se

mudar para um lugar que garantisse mais fu-turo para os filhos, que estavam crescendo. Foi aí que nós nos mudamos para a cidade de São Paulo. Depois viemos para Jacareí. Já nos esperava o senhor Adolfo Becker, tam-

bém judeu, que nos vendeu a sua loja. Estava descontente em Jacareí e queria ir para São Paulo. Um filho seu se casou com uma não-judia, da família Lencioni. Os judeus não admitem casamento fora da sua religião. O Adolfo trabalhando na loja e o filho se ca-sando na igreja católica, no Bonsucesso. Foi demais para ele.

Como o senhor analisa essa ortodoxia: casar apenas dentro judaísmo?

Hoje já não é mais assim. Eu mesmo não coloco obstáculo. Meu filho é casado com uma não-judia e vive bem graças a Deus.

Fale um pouco sobre a Assibrave.Eu sou presidente da associação. A enti-

dade foi criada para manter essa chama ace-sa. Manter as tradições e a cultura jadaicas. Porque hoje há muito casamento entre judeus

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e outras raças.E o relacionamento com os árabes de Ja-

careí? Aliás, uma grande parte do comércio está nas mãos de sírios e libaneses.

Eu convivo bem com todos. Tenho foto-grafias do meu filho abraçado com o Miguel Moisés [comerciante libanês da Rua Coronel Carlos Porto]. Aqui no Brasil é diferente. To-dos se respeitam.

Como o senhor explica que em Israel há até guerra entre árabes e judeus e aqui isso não acontece?

Nunca vai acabar. A guerra é incentivada para vender armas.

Os judeus, em Israel, têm o direito de ocupar terras dos palestinos, através de as-sentamentos? O senhor concorda com isso?

Eu concordo. Eles têm um prazo para entregar as terras para os palestinos. Eu não acompanho muito essa questão. A ONU (Or-ganização das Nações Unidas) deveria ter re-solvido essa questão.

Por que os judeus são considerados o povo de Deus?

Por causa do Velho Testamento, que as-sim considera.

O Velho Testamento às vezes chega a ser cruel com “pecadores”. Já o Novo Testamen-to é a essência do amor, do perdão. Como o senhor analisa isso sob o ponto de vista do judaísmo?

Pois é. Os Dez Mandamentos não mu-daram uma vírgula com o advento do Novo Testamento. Os judeus têm um compromisso com o Velho Testamento. Principalmente os judeus mais ortodoxos. Não é o meu caso.

Como o senhor vê a figura de Jesus Cris-to?

Para os judeus mais fanáticos, que não se baseiam no Novo Testamento, o messias ain-da não veio. Eles esperam a vinda do messias, que não seria Jesus Cristo. Eu acredito sim que Cristo é o messias, o filho de Deus. No Rio Grande do Sul, eu estudei em colégio ca-tólico. Eu não sou cristão, mas respeito muito as religiões cristãs.

Como o senhor analisa o governo do pre-sidente Lula?

Está dando certo, né? Lula trouxe muita gente pobre para a classe média. Eles estão consumindo mais. Isso não dá para negar. Eu não sou lulista, mas aprecio muito o seu go-verno.

E o governo petista em Jacareí?Podia ser melhor um pouco, né? Você vai

a São José [dos Campos] e a cidade está dife-rente. E Jacareí é uma cidade dormitório. A cidade poderia ser melhor se os políticos se entendessem.

O senhor se considera um homem rico?Não. Eu me considero de classe média

alta. Eu trabalho há 58 anos.Mas só trabalhando não dá para ficar rico.

Ou dá?Não. Não dá. Às vezes tem muito traba-

lho, às vezes não. Meu pai me ajudou muito. Passa a fórmula para ficar rico. Existe?É, entra governo sai governo e as coisas

mudam. Tem que usar uma tática diferente,

né? Saber aplicar o capital é fundamental. Esse governo Lula é completamente diferen-te. Agora não dá para fazer estoque, mas nem sempre isso acontece.

Como o senhor trabalha com os calotei-ros?

A gente tem pouquíssimos inadimplentes.

Nós acionamos a cobrança, chamamos para renegociar a dívida.

Dizem que o judeu atrai dinheiro.Isso é lenda. Uma pastora me disse que

o judeu é abençoado por Deus, por isso atrai dinheiro.

O senhor considera que os judeus são abençoados por Deus?

O povo todo é abençoado. Mas todo mundo fala que judeu tem uma parcela a mais, né?

Dá para concordar com a frase que diz que o judeu é o povo escolhido por Deus?

Eu concordo. É a Bíblia quem diz. Os ra-binos sempre ensinam isso.

O dinheiro traz felicidade?Traz. Ajuda, né. Na verdade, traz confor-

to. E isso ajuda a ser feliz. Sua loja já teve o nome no Procon (Ser-

viço de Proteção e Defesa do Consumidor)?Nunca. Graças a Deus!Como anda hoje o comércio de Jacareí?Hoje está muito diferente. O comércio

está mais moderno. Tem muitas raças tam-bém atuando em Jacareí. Tem coreanos, ja-poneses, árabes. Os árabes ainda são maio-ria no comércio de móveis. Os árabes e os judeus talvez tenham mais experiência no ramo. Os coreanos dominam o comércio de R$ 1,99, como na [Rua] Vinte e Cinco de Março, em São Paulo.

Qual é o faturamento anual da sua loja?Faturamos razoavelmente. Isso é coisa

interna. Não interessa ao povo. A concorrên-cia está muito forte.

Um judeu socorre financeiramente outro judeu?

Ah! Sim. Não apenas financeiramente. Dá apoio total. Principalmente a quem está começando.

O senhor pede Nota Fiscal Paulista? E fornece?

Peço e forneço. Eu vou ao supermercado e peço. Para pagar menos IPVA (Imposto so-bre Propriedade de Veículos Automotores).

A cidade poderia ser melhor se os políticos se entendessem. ( SOBRE POLÍTICOS )

Os árabes e os judeus talvez tenham mais experiência no ramo. ( SOBRE COMÉRCIO )

Para os judeus mais fanáticos, que não se baseiam no Novo Testamento, o messias ainda não veio. (SOBRE CRISTO)

Eu concordo. Eles têm um prazo para entregar as terras para os palestinos.(SOBRE ASSENTAMENTOS JUDEUS EM ÁREA PALESTINA)

O pai, Abrão Roismann, alfaiate em Moscou

Conferindo mercadoria na loja

Arquivo Pessoal

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QUEM É QUEM NA LEI DO HIDRÔMETRO

PSDB e PT reivindicam “paternidade” da lei que vai evitar injustiça na conta de água

Por Paulo Aparecido

A recomendação da ANA (Agência Na-cional da Água) para o uso racional de água chega a Jacareí atropelada pela disputa políti-co-partidária. O presidente da Câmara, vere-ador Diobel de Lima Fernandes, o Diobel da Didol's (PSDB), apresentou, na sessão ordi-nária do dia 9 de fevereiro último, um projeto de lei que previa a instalação de hidrômetros individuais nos projetos e construções de no-vos edifícios e condomínios horizontais na cidade. Atualmente, os condomínios mais antigos têm apenas um hidrômetro coletivo para medir o consumo de água cuja despesa é dividida entre todos os condôminos, geran-do injustiça para os que consomem menos. O prazo para a regularização das instalações nos condomínios já existentes seria de dois anos A assessoria jurídica da Câmara consi-derou legal o projeto e ele foi a plenário para votação, apesar da contestação da bancada de vereadores que dá sustentação ao prefeito Hamilton Ribeiro Mota (PT). Os governistas rejeitaram a propositura alegando que a reti-rada do projeto de Diobel da pauta de votação foi porque a proposta, “apesar de muito im-portante era inconstitucional”. Marino Faria (PT), líder do prefeito na Câmara, disse que o projeto geraria despesas para o município. “Nós não podemos aprovar lei que gera des-

pesas para os cofres do município. Isso só poderia ser feito através de uma lei do Exe-cutivo, o que evitaria a necessidade de uma ADIN [Ação Direta de Inconstitucionalida-de] caso o prefeito vetasse e o projeto retor-nasse à Câmara e os vereadores derrubassem o veto”, explicou.

O projeto de Diobel foi adiado, segundo Marino, para que o prefeito pudesse elaborar uma nova proposta, “de acordo com os trâ-mites legais”. O projeto, agora de autoria do Executivo, chegou à Câmara com alteração no número de andares obrigados a receber hidrômetros individuais e isentando os con-domínios já existentes do cumprimento da nova lei. Enquanto o projeto original previa hidrômetros para todos os andares e dava pra-zo de dois anos para a adequação às mudan-ças, o da prefeitura exigia somente para três andares, incluindo o térreo. O líder do prefei-to fez uma emenda ao projeto do Executivo restituindo a obrigatoriedade do hidrômetro para todos os andares do prédio e para todas as casas de condomínio horizontal. Isso pro-vocou no presidente da Câmara o sentimen-to de que Marino queria se apoderar da sua ideia. “Ele queria pegar uma carona no meu projeto e apresentou essa emenda”, acusou o presidente.

Polêmica - Diobel rebateu o argumento de que projetos dessa natureza devem ser Marino: “projeto era inconstitucional”

Fotos:

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uma prerrogativa do prefeito. “Basta que a prefeitura sancione a lei, desde que seja um projeto que beneficie toda a população. Na justificativa da nova versão poderia ter sido dado o crédito para a nossa iniciativa de ela-borar o projeto dos hidrômetros individuais, mas isso não foi feito”, argumentou. Mari-no disse que no dia 22 de março último, Dia Mundial da Água, deu declarações elogian-do a iniciativa de Diobel e lamentou que o projeto original fosse inconstitucional. “Os vereadores não podiam aprovar um projeto que, certamente, iria ser vetado pelo prefeito, por inconstitucionalidade”, disse.

Para o presidente da Câmara, a rejeição do seu projeto e o envio de uma nova pro-posta, agora do prefeito Hamilton, baseada

na sua ideia, foi para que “não fosse dado o devido crédito para um vereador da oposição, que ganharia, com isso, o apoio da opinião pública, já que se trata de um benefício para a cidade”. De acordo com o líder do prefei-to, Diobel “é teimoso” e estaria segurando a votação do novo projeto por ter sido con-trariado. Em relação ao parecer favorável ao projeto original, de Diobel, emitido pelo Jurí-dico da Câmara, Marino disse que “há muito tempo esse órgão não vem cumprindo seu pa-pel, fazendo política partidária, sempre dando pareceres favoráveis à oposição”.

A votação do projeto enviado pelo pre-feito depende ainda da apreciação do projeto original, previsto para o dia 4 de maio. Caso seja mantida a rejeição à proposta de Diobel, o projeto do Executivo poderá entrar em vo-tação na sessão de Câmara seguinte, dia 11 de maio. A tendência é que o projeto da prefeitu-ra seja aprovado e siga para a sanção do pre-feito. Nesse caso, a nova lei entra em vigor na data da sua publicação. O Poder Executivo terá 90 dias para regulamentar a lei.

O Saae (Serviço Autônomo de Água e Es-goto) não possui o número de condomínios de Jacareí. “O que a autarquia contabiliza é o número de ligações residenciais, que hoje são 58.978, para 67.900 economias [ligações compartilhadas], ou seja, um hidrômetro para várias residências. Esse tipo de ligação não é exclusiva para condomínios, podendo ocor-rer também em vilas e residências partilhadas [casa de fundo de quintal]”, explicou o presi-dente do órgão, engenheiro civil Antonio Fer-nando Batista, que colaborou pessoalmente na elaboração do novo projeto.

Para Tereza Martins de Araújo, síndica do condomínio Mansão do Vale, um dos mais antigos da cidade, se a lei for aprovada, “no início vai ser um pouco complicado, porque vai pesar no bolso dos moradores, mas depois vai ser muito bom, vai ajudar na contenção do desperdício”. O Mansão do Vale tem 15 andares e 120 apartamentos divididos em duas torres.

O zelador do condomínio Residencial Jardim Liberdade, Silvio Barreto Pereira, disse que apoia a aprovação da lei do hidrô-metro. Para ele, a nova lei vai acabar com as injustiças que acontecem atualmente. “Acho muito boa a ideia. Cada um com seu hidrô-metro. Todos vão pagar apenas pela água que consomem. Há moradores aqui que passam praticamente todo o dia fora, trabalhando. Gastam o mínimo e pagam como os que fi-cam o dia todo em casa desperdiçando água. Mais ou menos uns trinta por cento dos mo-radores sofrem essa injustiça”, disse. O Re-sidencial Jardim Liberdade foi construído há cerca de 20 anos e tem 80 apartamentos.

Fábio Aparecido Calixto é zelador do Casas Altas Residências, condomínio de 60 apartamentos. Ele também considera a futura

lei um instrumento de justiça para os mora-dores que gastam pouco e são obrigados a dividir as despesas com os esbanjadores de água. “Certamente isso vai fazer justiça. Todo mundo vai ser obrigado a conter sua despesa com água, porque não vai mais poder dividir com os outros”, disse.

O projeto

Os síndicos dos condomínios já existen-tes podem respirar aliviados. Não estão obri-gados a cumprir a nova lei. O projeto prevê que as edificações já construídas “poderão adequar instalações para obterem medições individualizadas, desde que haja viabilidade técnica e econômica, a critério do condo-mínio.” Os síndicos interessados em alterar o sistema hidráulico dos seus condomínios deverão protocolar suas solicitações junto ao Saae. Mas terão que arcar com todas as despesas. A nova lei determina que “todos os custos dos equipamentos (medidores e aces-sórios), obras civis, hidráulicas e de projeto serão de inteira responsabilidade dos interes-sados”.

O Saae informou que não é responsável pela instalação interna de hidrômetros em condomínios particulares. A autarquia faz apenas a instalação do hidrômetro coletivo, na portaria ou na recepção. Atualmente, a ins-talação em residências novas custa R$ 80,06, para ligação em calçada sem pavimento, e pode ser parcelado em 10 vezes na própria conta de água. Um hidrômetro novo custa R$ 67,68 e a caixa de proteção R$ 73,25. Sílvio Pereira, do Residencial Jardim Liberdade, disse que já foi procurado por uma empresa – que preferiu não identificar – que está se propondo a colocar hidrômetros individuais no condomínio.

Diobel condena Marino por “carona” em projeto

O zelador Sílvio manipula hidrômetro coletivo no Jardim Liberdade

O prefeito Hamílton, que encampou o projeto

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12 Buzz - abril de 2010

Por Paulo Aparecido

Um projeto de lei de autoria do vereador Walmir do Meia-Lua (DEM) está tramitando na Câmara Municipal, mas já provoca co-mentários contra e a favor. Trata-se da pro-posta de dotar as feiras livres de banheiros químicos, os chamados privadões portáteis ou “pipi room”. Walmir justificou seu projeto argumentando que a ausência de sanitários nas feiras livres do município acarreta enor-me transtorno aos consumidores e feirantes. Para ele, o Poder Público não pode se omitir numa questão que pode ser considerada de saúde pública. “É um local onde os feirantes

ganham o pão de cada dia e chegam a ficar até 10 horas de forma contínua e ininterrupta. Quando necessitam fazer suas necessidades fisiológicas dependem do favor e da boa von-tade dos proprietários dos estabelecimentos comerciais localizados nas proximidades”, explicou. A proposta certamente irá de en-contro aos pareceres emitidos pela assessoria legislativa da Prefeitura de Jacareí, apesar de receber sinal positivo do Jurídico da Câmara, que considera legal o projeto, com base na Constituição de 1988.

Os banheiros químicos são cabines que armazenam cocô e xixi em locais que con-centram um número elevado de pessoas, em

eventos que não contam com instalações sanitárias fixas nem redes de água e esgoto. Os excrementos ficam depositados em caixa fechada com capacidade para até 220 litros de sujeira. Evita-se o mau cheiro com uma quantidade mínima de desodorizante. De acordo com empresas especializadas nesse tipo de serviço, cada cabine pode armaze-nar até 200 “descarregos” e o aluguel cus-ta cerca de R$ 100 por banheiro. Um show musical de quatro horas e que receba 10 mil pessoas, por exemplo, precisa de 50 cabines.

Antecipando-se à votação do projeto no Legislativo, o ex-prefeito e atual vereador Osvaldo da Silva Arouca (PR) saiu na frente e está solicitando ao prefeito Hamilton Ri-beiro Mota (PT) a instalação desses equipa-mentos nas feiras livres da Rua Conselheiro Antonio Prado, no centro, que é realizada aos sábados, e na Avenida Pereira Campos, no Didinha, zona oeste da cidade, que ocorre aos domingos.

O presidente do Sindicato dos Emprega-dos no Comércio de Jacareí, que abrange a categoria dos feirantes, Luiz Ubiratan de Je-sus, disse que apoia a ideia, mas que faltam locais adequados para a instalação das cabi-nes. “Não sou contra. Acontece que, primei-ro, seria necessário educar as pessoas para os hábitos de higiene. Isso vai afetar inclusive os moradores dos locais onde se realizam as feiras. Falta infraestrutura, além de tudo”, opinou.

A solicitação de Arouca para que a pre-feitura instale os privadões portáteis nas fei-ras livres conta com o apoio da maioria dos vereadores, com destaque para Dario Burro (DEM) que defende a ideia. “Não concordo que a presença dos banheiros vá prejudicar a higiene das feiras. É tudo uma questão de educar os feirantes e os frequentadores. Pelo contrário, isso vai ajudar na manutenção da higiene nas feiras”, argumentou.

Urgente

O feirante Adão Mazucato, há 15 anos

Privadões portáteisFeiras livres podem ter “pipi room” em Jacareí

Banheiro químico da Ecotec, no Santa Maria

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na feira vendendo utilidades domésticas, considera que uma lei como essa chega com atraso. “Já devia existir há pelo menos 20 anos. Todos nós somos humanos e temos necessidades fisiológicas. A gente costuma usar banheiros de bar, padaria, o que estiver disponível. Pedir para usar banheiros das ca-sas de família, nem pensar. Isso incomodaria demais as pessoas”, disse. A jovem Simone Aparecida Elias de Souza costuma frequen-tar as feiras do centro e do Didinha. “Eu faço feira para minha mãe. E gosto de vir passe-ar também, além de comprar. Os banheiros químicos vão ajudar na higiene. Tem muitas senhoras nas feiras e quando chega certa ida-de as pessoas não conseguem mais ficar sem usar. Até para mim, que tive um problema de saúde, seria difícil vir à feira e precisar de banheiro. No shopping a gente vai e tem banheiro. Na feira também deveria ter”, en-fatizou. Para o morador da Conselheiro An-tonio Prado Luiz Alberto Quina de Siqueira, o fato de a feira dos sábados ser em frente a sua casa “não prejudica nada”. Ele disse que a possível instalação dos banheiros vai ajudar não só os frequentadores como tam-bém os feirantes, que não precisarão mais usar sanitário emprestado. Feirantes que não quiseram se identificar admitiram urinar em postes e esquinas quando não conseguem ba-nheiro de bar.

A prefeitura já vem utilizando banheiros químicos na Avenida Nove de Julho duran-te os desfiles de carnaval. A partir de mar-ço deste ano, começou a vigorar uma outra

lei sobre banheiros químicos, a de número 5424, de autoria de Arouca, com emenda de Dario Burro (DEM), que torna obrigatório o uso dos chamados privadões portáteis em eventos realizados ao ar livre no município, que concentrem mais de cinco mil pessoas e que não disponibilizem sanitários em bares ou estabelecimentos congêneres situados nos arredores. O prefeito Hamilton Ribeiro Mota (PT) vetou a lei, mas o veto foi derrubado no Legislativo e o projeto virou lei promulgada pelo presidente Diobel de Lima Fernandes (PSDB). A prefeitura informou, através da assessoria de imprensa, que o veto do prefeito à Lei 5424 baseou-se no parecer da assesso-ria legislativa, e que a lei é inconstitucional, “pois fere o princípio constitucional da sepa-ração entre os Poderes e contraria o interesse público tutelado e o princípio da legalidade que deve revestir os atos administrativos”. Esse parecer bate de frente com o da assesso-ria jurídica da Câmara, que considerou que o projeto de Arouca podia entrar em votação e ser aprovado, o que realmente aconteceu. Ao contrário do posicionamento da Prefeitura de Jacareí, o prefeito Gilberto Kassab (DEM), de São Paulo, sancionou lei nesse sentido e a capital conta com esse serviço à disposição da população.

Arouca: “Se o prefeito for inteligente, sanciona a lei”

Simone Elias: “No shopping tem banheiro. Na feira também deveria ter”

Feira da Conselheiro: feirantes e consumidores seriam beneficiados com os banheiros

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De São Longuinho a Frei Galvão

Por Mauro San Martín

A cidade de Guararema, região da Gran-de São Paulo, se vangloria de possuir a única imagem de São Longuinho, embora ofereça outras opções turísticas como a Pedra Mon-tada, Recanto do Américo, Orquidáceo e uma diversificada gastronomia. A imagem de São Longuinho encontra-se no bairro Freguesia da Escada. É o início do turismo religioso presente em outras cidades do Vale do Paraí-ba como Aparecida e Guaratinguetá.

O santo, que se tornou popular por ajudar pessoas a achar objetos perdidos em troca de pulinhos, é cultuado em todo o Brasil e até na Espanha. A imagem de Guararema atrai pela originalidade. Recentemente, ela foi restaura-da e o resultado não agradou a comunidade local. Os fiéis não gostaram da nova imagem do santo cujas feições e roupas voltaram alte-radas. A túnica era branca e agora é marrom. Para a aposentada Luiza Leme de Almeida, que passou 40 anos cuidando dos trajes do santo, a surpresa não agradou. Ela disse que o artista plástico que fez os retoques na imagem colocou roupa marrom, mochila, lanterna e calçado, coisa que o santo nunca teve. São Longuinho, segundo ela, não podia ter esses trajes, pois não era franciscano e sim romano.

Dona Iolanda, que não quis se identificar, disse que sua filha Larissa da Silva, uma pro-fessora de Artes, está com a responsabilidade

de guardar as chaves da capela há “mais ou menos cinco anos”. Segundo ela, “é muito perigoso abrir a capela porque já houve casos de furtos” no local. Ela conta que “já veio um ladrão aqui, com desculpa que estava com um filho no hospital para uma operação de câncer na garganta e queria entrar na igreja. Depois ficamos sabendo que ele já tinha ido a Guara-rema e passado a perna lá (SIC)”.

Capela - A capela, fundada em 1652 por padres jesuítas, preserva os traços originais e abriga as imagens de São Longuinho e Nossa Senhora da Escada. Uma vez por mês é re-alizada uma missa, que acontece geralmente na segunda sexta-feira. Por trás da aparente tranquilidade do local, é possível perce-ber uma certa disputa pela guarda do santo. “Aqui nós somos como uma família. Todos se conhecem e se respeitam. A dona Luiza é muito boa, ela tomou conta da capela mais ou menos uns 40 anos e depois passou a chave para nós”, afirmou dona Iolanda, realçando o bom relacionamento entre as duas gestões dos responsáveis pelas chaves da capela.

A octogenária Luiza disse que nasceu e vive em Freguesia da Escada, e que o primei-ro bispo da diocese de Mogi das Cruzes, dom Paulo Rolim, entregou para ela as chaves da capela. “Na época iam fechar a igreja porque ninguém queria ficar responsável pelas cha-ves. E eu, como gosto dessas coisas, fiquei com as chaves. A proposta foi para Mogi e

o bispo mandou que o padre de Guararema me entregasse as chaves”, explicou. Ela disse que faz “mais ou menos” uns cinco anos que passou as chaves para a família de dona Io-landa. “Aí eles colocaram segurança na cape-la, mas o guarda me chamava e eu ia lá com frequência. Depois a minha vista ficou muito ruim e eu não reconhecia direito as pessoas e tudo ficou mais difícil”, revelou.

A capela de São Longuinho recebe mui-tas excursões em que os visitantes chegam de ônibus. “Não gosto de ficar fazendo pergun-tas. No máximo eu perguntava de onde vinha a caravana. E sempre dizia: sejam bem-vin-dos. Todos pulavam, deitavam e rolavam. Eu ficava ali, tomando conta para que ninguém mexesse em nada. A ordem minha era essa”, resumiu, deixando clara a diferença de trata-mento em relação aos visitantes.

Pulinhos

Provocada sobre a veracidade dos “mi-

lagres” atribuídos a São Longuinho, dona Luiza quase perde a calma e cita o caso de três bolivianos e três brasileiras que a procu-raram, num sábado de 2004, para conhecer a capela. Os bolivianos disseram a ela que haviam feito uma promessa para ganhar um jogo. “São Longuinho atendeu ao pedido de-les e eles vieram pagar a promessa: deram cinco mil pulinhos. Segundo eles, deram dois

Fiéis têm no Vale um roteiro religioso que reúne santo dos ‘achados e perdidos’, em Guararema, e o primeiro brasileiro canonizado, em Guaratinguetá

Imagem original, com vestes brancas, era a favorita dos devotos

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mil pulinhos na casa deles e três mil aqui, aos pés do santo, na minha frente. Aquilo foi me cansando. Nós ficamos na igreja das duas da tarde até mais ou menos três e meia, quatro horas”, garantiu. De acordo com ela, na oca-sião foi dado um caderno para que os boli-vianos “marcassem” o milagre conseguido. Dona Luiza informou que esse documento não mais existe. “Com o tempo, eles consu-miram com tudo”, disse, sem identificar qual-quer culpado.

Outro caso que marcou a passagem de dona Luiza pela coordenação da capela de

São Longuinho foi o acontecido com “um moço de Jacareí”. Ela relata que recebeu a visita de um homem que lhe contou que al-cançou uma graça do santo quando chegou a Caraguatatuba e perdeu sua carteira na praia. “Ele disse que passou a noite toda imploran-do a São Longuinho para recuperar a carteira, que tinha dinheiro e documentos. Ao voltar para a praia, no dia seguinte bem cedo, en-controu a carteira intacta, sem molhar, e com todos os seus pertences”, contou. “Eu disse para esse moço na época: mesmo sendo cató-lica e devota de São Longuinho é difícil acre-ditar nessa história”, finalizou.

A beata Luiza guardou as chaves da capela por 40 anos

A capela abriga Nossa Senhora da Escada e São Longuinho

Conhecendo São Longuinho

r Contemporâneo de Jesus Cristo, viveu no primeiro séculor De acordo com estudiosos, foi

um centurião que, na Crucificação, viu em Cristo o “filho de Deus”r É identificado também como

o soldado que feriu Jesus com uma lançar De acordo com estudos, a água

que verteu do Cristo atingiu os olhos do centurião curando-o de grave molés-tia, convertendo-o ao cristianismor São Longuinho foi preso e tortu-

rado pela fé em Cristor No Leste Europeu é comemora-

do em 16 de outubror No Brasil e na Espanha a festa

ocorre no dia 15 de marçor O santo é evocado para achar

objetos perdidos em troca de pulinhos

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