buratto - a viola na musica nacionalista brasileira

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  • 7/25/2019 BURATTO - A Viola Na Musica Nacionalista Brasileira

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    UNIV E RSIDA DE ES T A DUA L DE S A NT A C A T A RINA

    C E NT R O DE A RT E S

    D E P A R T A M E N T O D E M SI C A

    F E RNA ND A B URA T T O D OS S A NT OS

    A V IO L A NA MSIC A NA C I ONA L IST A B RA SIL E IRA

    F L O R I A N P O L I S,SANT A CA T ARINA

    2011

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    UNIV E RSIDA DE ES T A DUA L DE S A NT A C A T A RINA

    C E NT R O DE A RT E S

    D E P A R T A M E N T O D E M SI C A

    F E RNA ND A B URA T T O D OS S A NT OS

    A V IO L A NA MSIC A NA C I ONA L IST A B RA SIL E IRA

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado banca examinadora, como requisito parcial

    para obteno do grau de bacharel no Curso deGraduao, Bacharelado em Msica

    Habilitao Viola.

    Orientador: Professor Luiz HenriqueFiaminghi.

    F L O R I A N P O L I S,SANT A CA T ARINA

    2011

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    F E RNA ND A B URA T T O D OS S A NT OS

    A Viola na Msica Nacionalista Brasileira

    Monografia aprovada como requisito parcial para obteno do grau de bacharel no Curso de

    Graduao, Bacharelado em Msica - Viola, da Universidade do Estado de Santa Catarina.

    Banca Examinadora:

    O rientador: _______________________________________

    Professor Luiz HenriqueFiaminghi

    Membro: _______________________________________

    Professor Joo Eduardo DiasTitton

    Membro: _______________________________________

    Profess

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    Florianpolis,18 deNovembro de2011.

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    Dedico este trabalho minhaquerida famlia: Me, Pai,Rapha, Mrio, Pati, Bruna, Pedroe ao meu grande companheiroElias. Amo todos vocs!

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    AGRADECIMENTOS

    Quero agradecer primeiramente a Deus por ter me abenoado e capacitado para

    que eu pudesse chegar at aqui.

    Aos meus queridos pais Mrio e Leni pelo amor e carinho recebido e por serempessoas fortes e batalhadoras nos momentos mais difceis.

    Aos meus irmos Mrio e Rafael por terem me apoiado e incentivado durante toda avida.

    Ao Elias meu grande companheiro, por ter sido amvel, compreensvel e que meapoiou tanto a seguir em frente.

    Sou grata ao professor Luiz Henrique Fiaminghi que me orientou e incentivou nestapesquisa.

    Gostaria de agradecer especialmente ao Rapha e ao Elias, que foram pacientes emuito companheiros em me ajudar neste trabalho, com certeza o apoio de vocs foifundamental para esta realizao.

    E a todos os meus amigos e colegas que me incentivaram e me deram apoio nestafase da minha vida.

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    " Ns no somos os criadores de nossasidias, mas apenas os seus porta-vozes;so elas que nos do forma. E cada um dens carrega a tocha que no fim do caminhooutro levar."

    Carl Gustav Jung (18751961)

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    RESUMO

    Esta pesquisa nasceu da curiosidade e da necessidade advinda da escassez deobras escritas para viola no repertrio de msica brasileiro. Partindo da ruptura coma tradio do romantismo europeu, sero identificadas as influncias da correntemusical nacionalista em seu papel de instigar os compositores brasileiros de meadosdo sculo XX a se utilizarem principalmente de elementos do folclore nacional emsuas obras para o instrumento. O trabalho divide-se em duas partes. Na primeira,mostra-se o contexto histrico da viola e sua utilizao a partir do paradigmanacionalista, culminando em uma modesta relao das principais composies eintrpretes do perodo analisado. No segundo captulo, o enfoque voltado para ocompositor Csar Guerra Peixe e sua obra Trs Peas para Viola e Piano,

    acentuando-se os elementos da cultura nacional presentes na obra e os esforos deseu criador na pesquisa e difuso dos elementos caractersticos do folclorebrasileiro.

    Palavras chave: Viola. Nacionalismo. Compositores Brasileiros. Csar Guerra

    Peixe.

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    ABSTRACT

    This research was born out of curiosity and the need arising from the scarcity ofworks written for the viola repertoire in Brazilian music. From the break with thetradition of European romanticism, the influences of musical nationalism will beidentified in their role in instigating Brazilian composers of the mid-twentieth centuryto rely on elements of national folklore in their works for the instrument. The work isdivided into two parts. The first shows the historical context of the viola and its usefrom the nationalist paradigm, culminating in a modest list of the main compositionsand performers of the period analyzed. In the second chapter, the focus is turned tothe composer Cesar Guerra Peixe and his work Three Pieces for Viola and Piano,emphasizing the elements of national culture in this work and efforts of its creator inthe research and dissemination of the characteristic elements of Brazilian folklore.

    Key- words: Viola. Nationalism. Brazilian composers. Csar Guerra Peixe.

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    LIST A DE ILUSTR A ES

    Figura 1: Choro para Viola e Orquestra.

    Figura 2: Trs Valsas Brasileiras para Viola e Piano - Francisco Mignone

    Figura 3: Sonata para Viola e Piano - Radams Gnatalli

    Figura 4: Appassionato, Cantilena e Toccata para viola e piano Osvaldo Lacerda

    Figura 5: Tabela de Compositores e Obras para Viola

    Figura 6: Tabela de Obras para viola do compositor Cludio Santoro

    Figura 7: Imagem George Geza Kiszely

    Figura 8: Partitura com dedicatria George Geza Kiszely

    Figura 9: Imagem Johannes Oelsner

    Figura 10: Partitura com dedicatria Johannes Oelsner

    Figura 11: Partitura com dedicatria Gualberto Estades

    Figura 12: Imagem Perez Dworecki

    Figura 13. Partitura da obra de Radams Gnatalli dedicada Perez Dworecki

    Figura 14: Partitura da obra de Csar Guerra Peixe dedicada Perez Dworecki

    Figura 15: Partitura da obra de Souza Lima dedicada Perez Dworecki

    Figura 16: 3 Pentagramas com os modos musicais

    Figura 17: Imagem do rabequeiro Nelson da Rabeca.

    Figura 18: Partitura 1 movimento Allegreto Moderado, Baio de Viola - Guerra Peixe

    Figura 19: Ritmos utilizados em Allegreto Moderado, Baio de Viola - Guerra Peixe

    Figura 20: Partitura Baiano de Bom-Jardim

    Figura 21: Partitura 2 movimento Andantino, Reza- de- Defunto - Guerra Peixe

    Figura 22: Partitura 3 movimento Allegretto, Jje Guerra Peixe

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    L IST A D E A B RE V IA T URA S

    C. = Compasso

    Cello. = Violoncelo

    Ed. = Edio

    FUNARTE= Fundao Nacional de Arte

    Mov. = Movimento

    Sc. = Sculo

    UFGRS = Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    USP = Universidade de So Paulo

    UNICAMP = Universidade Estadual de Campinas

    Vla. = Viola

    Vlno. = Violino

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    S UM RIO

    I N T R O D U O ................................................................................................................... 13

    1. CON T E XT O H IST RIC O DA V IOL A E SUA UT IL I Z A O NOS CUL O X X A PART IR DO PARADIG MA NA C IONA L IST A .1.1 O Nacionalismo no Brasil do Sculo XX......................................................................... 15

    1.2 O repertrio violstico e o nacionalismo brasileiro: referncias e principais

    obras.................................................................................................................................... 18

    1.3A relao do repertrio de viola e seus intrpretes......................................................... 30

    2.TR S PE AS PARA V I OL A E PIAN O DE C SAR GUE RRA PEIXE .2.1 Vida e Obra do compositor Csar Guerra Peixe............................................................. 37

    2.2 Elementos da msica nacionalista em Guerra Peixe....................................................... 402.3As evidncias nacionalistas nas TrsPeaspara Viola ePiano......................................44

    CONSIDERAES F INAIS............................................................................................ 48

    R E F E R N C I A S B I B L I O G R F I C A S............................................................................ 50

    A N E X O S............................................................................................................................. 53

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    INTRODUO

    Historicamente, o papel da viola na msica de cmara sempre foi relegado ao de

    instrumento acompanhador e de preenchimento harmnico. Com algumas excees

    como o Concerto de Brandenburgo N 6 de J.S.Bach e algumas outras sonatas

    barrocas, a viola s adquiriu um repertrio realmente independente e de solista

    principalmente com os compositores alemes da escola de Mannheim no final do

    sculo XVIII.

    Na msica brasileira, o repertrio especfico para viola s comeou a despontar

    em meados do sculo XX, com as obras de compositores Cludio Santoro, Ernest

    Mahle, Guerra Peixe, entre outros. Esse repertrio consiste em concertos, msica de

    cmara (Duos e Trios), pequenas peas e principalmente sonatas com piano.

    Sem a ambio de esgotar o assunto, objetiva-se com o presente estudo

    alcanar a compreenso acerca dos fatores e influncias que proporcionaram viola a

    dignidade de ser alada ao papel de protagonista no cenrio musical brasileiro na

    poca destacada, e de como o despertar do interesse pelo instrumento deu-secoincidentemente ao surgimento dos novos ideiais nacionalistas baseados no resgate

    de elementos da cultura popular, do modo como foi abraado pelos maiores

    intelectuais e compositores brasileiros. Veremos, pois, como o interesse tardio pela

    viola e o desenvolvimento de seu repertrio foi influenciado no Brasil por correntes

    nacionalistas que permeavam o cenrio mundial.

    Nesse sentido, ser demonstrado que a quebra da herana romntica de

    tradio europia, vista como algo a ser superado, proporcionou a utilizao de umnovo e alargado conjunto de elementos locais at ento pouco explorados na msica,

    embora estes estivessem sempre ao alcance de todos.

    Ainda como objeto de destaque, ser discutido o importante papel

    desempenhado por alguns violistas estrangeiros que acabaram aqui chegando por

    conta das dificuldades causadas pela ecloso da Segunda Guerra Mundial, e que

    deixaram seu importante legado no desenvolvimento do repertrio violstico de marca

    nacionalista.

    notrio que a extenso do territrio brasileiro proporciona uma diversidade

    musical enorme, derivada de uma riqussima combinao de elementos derivados do

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    folclore nacional. Assim, ter papel de destaque forma como grandes compositores

    brasileiros nutriram-se deste rico material musical e dedicaram viola algum repertrio,

    embora muitas dessas obras nem cheguem normalmente a ser conhecidas pelos

    violistas atuais.

    A pesquisa divide-se em dois captulos, no primeiro sero traadas em linhas

    gerais as influncias dos ideais nacionalistas no Brasil do Sculo XX, principalmente

    marcadas pelos ensinamentos de Mario de Andrade e de Heitor Villa-Lobos,

    demonstrando-se como esses pensamentos foram assimilados pela nova gerao de

    compositores e intelectuais da poca, aludindo-se s principais realizaes e obras

    derivadas desse contexto. Ao final dessa parte inicial, sero relacionadas as principais

    obras compostas no perodo e seus intrpretes consagrados.

    Na segunda parte, elegeu-se sublinhar a importncia do compositor Csar

    Guerra Peixe como grande pesquisador e expoente do nacionalismo brasileiro. Para

    tanto, ser traada em breves linhas aspectos fundamentais de sua vida e obra,

    demonstrando-se ainda como os elementos da msica nacionalista foram utilizados em

    sua obra chamada Trs Peas Para Viola e Piano, com especial ateno ao modo

    como o folclore ganha vida nas linhas meldicas, rtmicas e de expresso,

    proporcionando ao leitor uma viso concreta de como os elementos da cultura populartiveram grande sucesso ao serem incorporados msica para viola.

    Sob outra tica, no est no mbito deste trabalho fazer a anlise

    rigorosamente acadmica dessas obras, mas apenas apresentar algumas de suas

    caractersticas principais a ttulo de maior entendimento da sua estrutura musical

    e/ou realizar um levantamento do repertrio violstico de compositores brasileiros

    nacionalistas.

    Ser utilizada uma tabela com informaes de alguns compositores e obrasdo perodo estudado, assim como comentrios de violistas importantes sobre

    algumas obras musicais.

    Espera-se, por fim, com as limitaes prprias ao mbito da pesquisa,

    contribuir para o enriquecimento do debate, principalmente no que tange ao

    desenvolvimento do repertrio violstico e a sua divulgao.

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    1.1 O Nacionalismo Musical no Brasil

    Numa perspectiva histrica importante sublinhar que no final do sculo XIX

    surgiu na Europa um novo movimento musical chamado de modernismo, que se

    opunha ao romantismo e a sua exagerada expresso de sentimentos. Podemos

    dizer que no incio do sculo XX, havia diversas tendncias e tcnicas de

    composio musical, as quais incluiam o neoclassicismo, expressionismo,

    impressionismo, nacionalismo, atonalismo, serialismo, minimalismo, dodecafonismo

    entre outros. Destas correntes modernistas comentaremos sobre o nacionalismo,

    que viu nas fontes musicais locais e em seus instrumentos, uma grande via para

    desenvolver msica com sabor nacional.

    O nacionalismo musical desenvolveu-se de diversas formas e em vrios

    pases. No Brasil chegou tardiamente e foi tomado como bandeira pela Semana de

    Arte Moderna, movimento ocorrido em 1922, capitaneado por Mrio de Andrade que

    preconizava uma valorizao dos elementos estticos provenientes da sociedade

    multicultural brasileira, em detrimento dos valores europeus vigentes at ento. Na

    Europa o nacionalismo um dos desdobramentos do final do romantismo, quandomuitos compositores comearam a procurar de diversas formas elementos que

    pudessem caracterizar a sua cultura, expressar na msica os sentimentos de seu

    povo e da sua nao, deixando de lado a influncia italiana ou germnica que

    predominou por quase todo o perodo romntico. Muitos compositores estudaram

    mais a fundo o folclore de seu pas, aproveitando a influncia da msica folclrica e

    popular para compor as suas obras.

    Outros fatores empregados na msica moderna so: a procura por diferentesformaes musicais e a valorizao de timbres novos, o que favoreceu instrumentos

    como a viola que no passou despercebida pelos compositores modernos. As

    possibilidades sonoras da viola so descritas por Yuri Bashmet da seguinte maneira:

    Ningum sabe exatamente como a viola . Ela se recusa a ser rotulada. O que aviola? O som que se tira de instrumentos diferentes to variado, que quase no possvel se acreditar que sejam construdas a partir do mesmo design.Fechando os olhos, a viola poder soar exatamente como um violino ou um cello mas sempre de alguma forma diferente. (BASHMET, apud KUBALA, 2004, p. 56)

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    Ainda sobre o nacionalismo, alguns dos principais compositores europeus que

    se filiaram a essa corrente foram: Jean Sibelius na Finlndia, Edvard Grieg na

    Noruega, Mussorgski e Rimsky- Korsakov na Rssia, Bla Bartk e Zoltn Kodly na

    Hngria, Manuel de Falla na Espanha. No Brasil no final do sculo XIX, alguns

    compositores brasileiros j haviam se utilizado de alguns elementos da cultura

    brasileira, porm havia uma certa resistncia por parte da sociedade brasileira em

    aceitar mudanas musicais que apresentassem algum contedo que lembrasse os

    negros, haja visto que a abolio da escravatura s ocorreu em 1888. Assim,

    demorou cerca de 50 anos para que a idia de msica baseada em temas populares

    fosse aceita em nosso pas, o que j acontecia em outros pases da Europa.

    O panorama musical brasileiro como em outras artes se baseava nos padres

    estticos europeus. A corrente nacionalista, como dito anteriormente, comeou a

    criar forma e fora somente partir de 1922, com a semana de arte moderna, que

    foi um marco importante para o modernismo no pas. A idia principal dos

    compositores modernistas era de que os temas folclricos e populares fossem

    inseridos nas obras brasileiras. Os principais compositores ligados ao tema

    nacionalista foram nessa poca: Heitor Villa-Lobos, Luciano Gallet, Oscar Lorenzo

    Fernandez, Braslio Itiber, Joo de Souza Lima, Francisco Mignone e CamargoGuarnieri.

    Para maiores informaes em torno do nacionalismo, primeiramente temos

    que entender o significo do termo folclore. A palavra folclore foi criada em 1846 por

    John Thoms1e possui na sua origem duas palavras, a primeira: Folk- que significa

    povo e a segunda: Lore, significando sabedoria. Assim para o autor o significado do

    verbete seria sabedoria do povo.

    O conceito expressado pela idia de folclore se universalizou, abrangendo osestudos das crenas, os velhos costumes, cantos populares, supersties, etc.

    Discutindo a abrangncia do termo, e contrapondo-o ao que se entende por cultura,

    Fernandez assevera:

    [...] O termo cultura significaria o patrimnio cultural das classes mais elevadas; eseria, caracteristicamente, uma cultura transmitida por meios escritoscompreendendo todos os conhecimentos cientficos, as artes em geral e a religiooficial. O termo folclore significaria e abrangeria, pois, todos os elementos que

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    constituem o que se poderia entender cultura das classes baixas, transmitidaoralmente. (Fernandez, Florestan, 2003, p.39)

    Foi importante tambm no cenrio brasileiro, Mario de Andrade, escritor e

    musiclogo modernista que foi um dos organizadores da semana de Arte Moderna.

    Nas palavras do escritor Mrio de Andrade:

    " Todo artista brasileiro que no momento atual fizer arte brasileira um sereficiente com valor humano. O que fizer internacionalmente ou estrangeira, si nofor um gnio um intil, um nulo. E uma reverendssima besta" . (ortografiaoriginal) (Andrade, 1972:19).

    Mrio de Andrade achava muito importante a funo social que os

    compositores exerciam perante a sociedade, tanto que em 1928 publicou seu Ensaio

    sobre a Msica Brasileira, no qual relatava a importncia e a necessidade da

    pesquisa do folclore, assim podendo criar uma escrita idiomtica para a formao de

    uma identidade cultural da nao. De acordo com Vasco Mariz, (2005, p.145) o autor

    apresenta trs princpios adquiridos pelos modernistas:

    O direito permanente pesquisa esttica, a atualizao da inteligncia artstica

    brasileira e a estabilizao de uma conscincia criadora nacional - ressaltamos oimpulso unnime de cantar a natureza, a alma e as tradies brasileiras, banindopara sempre os pastiches da arte europia.

    As idias escritas por Mrio de Andrade influenciaram vrios compositores da

    poca, como Osvaldo Lacerda, Mozart Camargo Guarnieri e Csar Guerra Peixe -

    compositores importantes para o repertrio de msica brasileira para viola.

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    1.2 O repertrio violstico e o nacionalismo brasileiro: referncias e

    principais obras.

    Neste trabalho foi possvel identificar e fazer um pequeno levantamento das

    obras para viola de carter nacionalista de vrios compositores em seus catlogos

    musicais. Entretanto, nota-se que existe uma certa indeterminao de terminologia

    pois o nome viola em nosso pas quase sempre representa um instrumento tambm

    chamado de viola caipira ou viola brasileira. Muitos compositores diferenciam a viola

    de arco da viola brasileira pelos termos Vla ou Va em seus catlogos musicais.

    Em meados do sculo XX, podemos notar que houve um maior

    desenvolvimento de composio para viola e piano principalmente aps a dcada de

    1940 no Brasil. Podemos dizer que vrios compositores se inspiraram em algum

    msico contemporneo e dedicaram suas obras eles, como veremos adiante.

    Nesta pesquisa o primeiro relato de msica encontrado para viola de arco de

    compositores brasileiros foi datado em 1923, com o nome de Sertaneja para Canto e

    Conjunto de Violinos e Violas de Heitor Villa-Lobos. Esta obra faz parte da Sute

    para canto e violino, e a sua 1 execuo foi realizada no dia 24 de Setembro de

    1930 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, contando com a participao da cantoraSira Monossi e como regente o prprio compositor Heitor Villa Lobos. Este concerto

    foi realizado em homenagem Julio Prestes2.

    Villa Lobos escreveu mais tarde, no ano 1946 o Duo para Violino e Viola,

    composto em trs movimentos - Allegro, Adagio e Allegro Agitato dedicado

    Paulina d Ambrsio3. Em apontamentos sobre o Duo para violino e viola de 1946,

    Vasco Mariz comenta

    A extraordinria influncia da escritura de Villa- Lobos mais uma vez aqui semanifesta, na incessante correnteza sonora que caracteriza a pea, to bemdisposta para os dois instrumentos. Ambos, com surdina, cantam, no Adgio, umdilogo de potica elegncia. Mas o movimento vivaz do primeiro tempo retornaimperiosamente no final, mostrando como a msica brotava da imaginao de

    2Jlio Prestes foi presidente eleito no Brasil em 1930, porm com a Revoluo de 1930 no assumiuo seu posto dando lugar a Getlio Vargas.

    3 Paulina nascida em So Paulo em 1890, estudou msica aos 15 anos no Conservatrio Real deBruxelas - Blgica e retornou ao Brasil em 1907, onde se dedicou ao ensino do violino por 42 anos.Participou como instrumentista na semana de Arte Moderna e era considerada a violinista preferidade Heitor Villa Lobos. Paulina teve diversos alunos nos quais se destacaram: Santino Parpinelli,Ayrton Pinto, Jos Martins de Mattos, Guerra-Peixe, Henrique Morelembaum e Ernani Aguiar.

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    Villa-Lobos com fecundidade inexaurvel. (Histria da Msica no Brasil, 6 ed.,p.181)

    Dos compositores nacionalistas destacamos Mozart Camargo Guarnieri

    (1907- 1993) que tambm escreveu uma Sonata para viola e pianono ano de 1950.

    Neste mesmo ano, revoltado com o atonalismo e as influncias do dodecafonismo 4

    de Joaquim Koellreuter, sobre os jovens compositores, Guarnieri publicou uma Carta

    aberta aos msicos e crticos do Brasil, defendendo a arte brasileira autntica, livre

    de idias que afastavam cada vez mais o sentimento da msica nacional. O violista

    Perez Dworecki fornece informaes riqussimas sobre a Sonata para viola e piano

    de 1950:

    A Sonata para Viola e Piano, contm elementos indgenas e populares, e umariqueza temtica disciplinada pela clareza das estruturas formas tradicionais. Oprimeiro movimento (Tranquillo) essencialmente monotemtico, centrando-senum tema encontrado entre os ndios do Brasil e que tratado em forma dedilogo entre os dois instrumentos [...] O Scherzando que se segue tambm seestrutura em torno do dilogo entre os dois instrumentos, mas desta vez a origemdos temas distintamente urbana e de carter popular [...] O movimento Finalbaseia-se num tema apresentado pela viola e suportado com motivos de grandevitalidade rtmica no piano. Aps alguns desenvolvimentos temticos curtos, umsegundo tema caracterizado pelas `teras caipiras` (um recurso favorito docompositor) aparece na viola. (Cd Revival, 1998, p3).

    Esta sonata foi estreada no ano de 1959 em Caracas capital da Venezuela,

    por Lzaro Sternic na viola e Henrique Trigo no piano. Dez anos mais tarde, em

    1969 Perez Dworecki e o pianista Souza Lima a executaram em uma turn pelos

    Estados Unidos. Na viso de Marion Verhaalen sobre a obra destacamos o seguinte

    comentrio:

    Esta uma obra escrita com rara felicidade. A viola com frequncia ressoa emregistro agudo e brilhante, dando s passagens uma expressividadeparticularmente melanclica. Os trs movimentos da pea so tematicamenterelacionados e seu carter fortemente modal e linear, com harmoniasconstrudas sobre estruturas em teras e quartas [...] Certas vezes o piano agecom um companheiro sonoro, outras, fornece uma base rtmica e percussiva paraa escrita mais agitada da viola que apresenta arrojadas linhas meldicas,figuraes rpidas e cordas duplas, sobretudo no ltimo movimento. Em todosesses aspectos h uma grande fora meldica [...] O primeiro movimento monotemtico, e segundo Caldeira Filho, tem por base uma figurao rtmica

    4Dodecafonismo: sistema de composio musical no qual se atribui a mesma importncia aos dozemeios-tons da escala temperada, criada por Arnold Schenberg. (dicionrio Deutsche GrammophonCollection).

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    2.TR S PE AS PARA V I OL A E PIAN O DE C SAR GUERR A PEIX E .

    2.1 Vida e Obra do compositor Csar Guerra Peixe

    Csar Guerra Peixe nasceu em Petrpolis no estado do Rio de Janeiro em 18

    de Maro de 1914. Filho de portugueses, aprendeu desde cedo a tocar violo,

    bandolim, violino e piano. Sua famlia viajava constantemente para o interior de

    Minas Gerais e Rio de Janeiro, sempre em contato com grupos folclricos. Guerra

    Peixe iniciou seus estudos de violino aos 11 anos na Escola de Msica Santa Ceclia

    em Petrpolis, alm das aulas de violino tambm fazia aulas de teoria e piano. Aps

    cinco anos de estudo na Escola com o professor Gao Omacht recebeu medalha de

    ouro em reconhecimento e estmulo na sua classe de violino. Em 1943 ingressou no

    Conservatrio Brasileiro de Msica, realizando cursos de harmonia, contraponto,

    fuga e composio. No ano de 1939 um uma nova concepo chegou ao Brasil,

    Hans Joachim Koellreutter, flautista alemo que fugiu do nazismo trazendo consigo

    o dedocafonismo, influenciando uma gerao de compositores, como Guerra Peixe.

    Guerra passou algum tempo estudando a tcnica dodecafnica, porm no seconvencendo, alegou:

    "Aprendi, assimilei a coisa, e fui tentando deform-lo para adapt-lo ao Brasil. Noconsegui, porque medida que abrasileirava, mais me afastava dele, a ponto deneg-

    Aps ter vivido os anos de 1944 a 1949 compondo e utilizando-se da tcnicadodecafonica, insatisfeito resolveu se aprofundar nos estudos e pesquisas dofolclore nordestino. Preocupado com a necessidade de se aprofundar no estudo damsica folclrica afirma em correspondncia Vasco Mariz:

    O folclore musical brasileiro no est nem recolhido; muito menos estudo e nadaaproveitado. O que tem havido simples imitao da msica urbanaprincipalmente do Rio de Janeiro. O folclore musical continua sendo no Brasil oilustre desconhecido. O seu aproveitamento na msica erudita tem sido umamistificao. Os nossos compositores tm substitudo o seu aproveitamento porum suposto nacionalismo. Tem-se camuflado a msica erudita com assugestes da modinha, da valsa, do choro etc. Mas isso no folclore, nem aqui enem na China. (Maracatus de Recife, p.239)

    Neste perodo Guerra Peixe recebeu diversos convites para trabalhar tanto

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    em Zurique na Alemanha como nos Estados Unidos da Amrica. Recusou as duas

    ofertas e resolveu aceitar trabalhar como regente e compositor na rdio

    pernambucana, e paralelamente a isso pode realizar pesquisas prprias colhendo

    ritmos, temas e muitos outros materiais que foram publicados mais tarde chamados

    de chamados Maracatus de Recife.

    Aps longo tempo em Recife, mudou para So Paulo, onde retomou seu

    trabalho radiofnico. Em 1959 fez trilhas musicais para filmes e chefiou a seo de

    Msica da Comisso Paulista de Folclore. Ganhou diversos prmios como professor

    e como compositor com sua msica de cmara e em 1963 voltou ao Rio de janeiro

    como violinista da Orquestra Sinfnica Nacional. Foi membro da Academia Brasileira

    de Msica e da Associao Brasileira do Folclore, em Belo Horizonte.

    Neste perodo muitos compositores comearam a debater sobre o que seria

    realmente uma msica nacionalista brasileira, que qualidades deveriam conter,

    Cludio Santoro por exemplo, escreveu Consideraes em torno da Msica

    Brasileira Contempornea12em que relatava a importncia da criao de uma escola

    nacional de composio na qual pudesse ser estudado com a nfase necessria as

    caractersticas meldicas e rtmicas do folclore brasileiro.

    Do repertrio para viola de Guerra Peixe citamos: Duo para Violino e Viola -composta no ano de 1941 em sua fase inicial apresentando trs movimentos.

    Escreveu outro Duo para violino e viola no ano de 1946, pea que se situa na fase

    dodecafonica do compositor, apresentando somente dois movimentos: I. Lento; II.

    Allegro. Segundo informaes do site oficial do compositor, a prime ira audio

    aconteceu na Rdio Ministrio da Educao e Cultura MEC, com

    Ulrich Dannemann no viol ino e Henrique Nirenberg na viola. O

    compositor a partir de 1950 percorre um caminho rumo pesquisa da msicafolclrica brasileira, tomando como base os pensamentos de Mrio de Andrade.

    Escreve assim a obra Trs Peas para viola e pianode 1957, que veremos a seguir.

    Em 1983 escreve O Bilhete de um Jogral para viola sozinha. Esta obra foi

    primeiramente composta para viol ino e mais tarde transcrita para viola,

    sob a encomenda realizada pela Fundao Nacional de Artes

    FUNARTE, para servir de pea de confronto para os viol istas do II

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    Concur so Naci onal de Jovens Intrpretes da Msica Brasileira em 1984. Sobre o

    Bilhete de um Jogral o compositor Ricardo Tacuchian comenta no XIII Encontro

    Nacional da ANPPOM, 2001:

    O Bilhete de um Jogral escrita em linguagem nacionalista, modal com base nanota sol. Est estruturada em ABA, onde apresenta um episdio chamado de Xque funciona como uma anunciao [...] acelerando e desacelerando rtmico sobrea nota sol que o centro tonal da pea. Na seo A da pea, a viola soa comouma rabeca, ver em ex: um compassos 6 a 9 [...] Obra muito interessante, OBilhete pe a prova a criatividade do intrprete no sentido de realar o carter darabeca brasileira que permeia toda a obra. (Tacuchian, Ricardo, ano 2001, p590.)

    .

    Vrios elementos da msica nordestina aparecem nesta pea. Veremos a

    seguir, alguns dos elementos utilizamos na msica nordestina como: os modos, os

    aspectos rtmicos (sncopa) e aspectos timbrsticos (rabeca nordestina) que fazem

    parte da cultura popular da regio do nordeste brasileiro.

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    Guerra Peixe quando estava em Pernambuco pesquisou diversas

    manifestaes culturais como: Caboclinhos, Xang, Catimb, Reza-de-Defunto etc.

    Foi neste perodo da sua vida em que o compositor escreveu esta obra para viola,

    este 2 movimento provavelmente foi inspirado pela Reza-de-Defunto coletado em

    suas viagens. Segundo Guerra Peixe enomina-se Reza-de-Defunto, a pea ou o

    conjunto de peas religiosas genuinamente populares tipicamente do nordeste;

    (GUERRA PEIXE, Apud

    ASSIS, 1993, p.27)

    3 Movimento Allegretto- JJe

    Figura 22.

    Neste movimento o elemento rtmico marcante. Para o violista PerezDworecki, o movimento uma dana que mistura elementos de origem afro (jje)com a toada tipicamente brasileira. (Cd Revival, 1998, p.3). Segundo os estudosde Ernani, o autor comenta sobre o jej:

    baseado em um canto que faz o sacerdote em determinadosmomentos das cerimnias. (encontrado no site oficial do compositorGuerra Peixe). Acesso em 29/07/2011.

    Para Mrio Frungillo em sua dissertao de mestrado (2003, p.119): O jje

    seria uma nao de origem africana [...] Em guerras tribais africanas, os jjes

    dominaram os Ketu e os chamaram de nag (em traduo livre, sujo e maltrapilho).

    Seguindo Perez, alm do jje outro elemento brasileiro tambm aparece nesta obra,

    a toada. A toada apresenta caractersticas rtmicas em 4/4, graus conjuntos,

    melodias simples, em forma brasileira lrica, com carter sentimental e melanclico.No parece existir, um local ou regio de origem da toada.

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    CO NSIDERA ES F IN AIS

    Por no haver um catlogo especfico de msicas brasileiras para viola, e

    considerando a escassez de materiais referentes s obras para o referido

    instrumento, encontramos algumas dificuldades em encontrar um nmero expressivo

    de obras. Como se pde observar, com muito esforo nos foi possvel encontrar

    algumas informaes nos catlogos musicais dos compositores, obtendo-se assim

    cerca de 36 peas para viola representativas do perodo estudado.

    Teve-se de lidar com a falta de fontes confiveis de pesquisa, e com a

    dificuldade de muitas vezes resgatar manuscritos quase ilegveis, esforo que, de

    certa forma, foi um pouco confortado com o atual avano da internet, que permitiu

    encontrar algumas partituras de obras recentes do perodo estudado. De qualquer

    modo, deve-se registrar que a inexistncia de um catlogo de referncia sobre obras

    para viola na msica brasileira uma lacuna a ser suprida a fim de possibilitar o

    desenvolvimento do instrumento, especialmente de modo a auxiliar na elaborao

    das grades curriculares nos cursos universitrios.Conforme se fez notar, buscou-se nas obras de compositores que foram

    influenciados pela corrente musical nacionalista brasileira em meados do sculo XX

    detectar aspectos dessa herana de acentuada importncia tanto para o contexto

    das artes inspiradas em elementos folclricos de nosso pas, quanto para

    demonstrar o desenvolvimento do papel da viola nesse novo panorama.

    Nesse passo, colheram-se referncias de violistas conceituados da poca e

    tambm de instrumentistas recentes, os quais puderam expressar em seuscomentrios as caractersticas musicais do perodo nacionalista, relatando as

    influncias musicais principalmente da msica amerndia, africana e nordestina na

    msica brasileira do perodo abarcado pela pesquisa. Tambm se demonstrou como

    o desenvolvimento do repertrio para viola nessa poca deveu-se em grande parte

    contribuio de violistas estrangeiros que aqui se estabeleceram.

    Na segunda parte da pesquisa, deu-se papel de destaque vida e obra de

    Csar Guerra Peixe, especialmente porque este compositor, tal como Mrio de

    Andrade na literatura e nas artes em geral, esforou-se na tarefa de coletar

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    materiais, alm de empreender pesquisas de campo no intuito de melhor assimilar e

    difundir os elementos caractersticos da cultura brasileira.

    Por fim, viu-se de forma concreta como a obra Trs Peas para viola do

    citado compositor deixa transparecer a larga utilizao das influncias do folclore

    nordestino, como o os ritmos caractersticos do Baio, o lamento traduzido pela

    Reza- de Defunto, a toada e o jje africano.

    Assim, ainda que com os percalos relacionados, especialmente quanto

    escassez de fontes de pesquisas e a falta de um catlogo de obras para viola,

    acreditamos ter lanado uma pequena semente nesse longo e penoso percurso,

    esperando dessa forma ter contribudo para a divulgao da msica brasileira para o

    instrumento.

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