btw - wica tradicional britânica (7ª edição)

48
1 Litha/Lammas, Fev.2013, Edição n° 07. Gratuita.

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Chegamos a sétima edição da Revista BTW, e é com grande satisfação, que após vários dias de dedicação, apresentamos mais um exemplar desta revista.

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1

Lith

a/La

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013,

Edi

ção

n° 0

7. G

ratu

ita.

Page 2: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

2

Chegamos a sétima edição da Revista BTW, e é com grande satisfação, que após vários dias de dedicação, apresentamos mais um exemplar desta revista.

Então, que possamos aproveitar o momento para celebrar esta alegria da publicação, junto com o calor e riso do Verão. E que neste tempo de purificação, e renovação de nós mesmos, seja possível reconhecer as possibilidades para auxiliar aqueles que nos pedem auxílio, esclarecer sobre a Wica e também preservar a Arte.

É tempo de dançar, cantar e fazer amor... e nesse clima, desejamos a todos uma ótima leitura!

EDITORIALLorenna Escobar

19 de Janeiro de 2013

Page 3: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

3

índice

Iniciação e Colheita ...............pg.06

Coven ...........................................pg.14

Litha ..............................................pg.19

O que é uma pessoaapropriada ................................pg.38

Alto Ideal....................................pg 42

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4

“Cada ramo do conhecimento humano, se rastreados até sua

fonte e princípios finais, desaparece no mistério”.

Arthur Machen

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5

Mario Martinez

Lorenna Escobar

Simone Abraços

Giulia JB

Equipe BTW

Page 6: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

6

Por Mario Martinez

Quando nos aprofundamos

nos mitos antigos, percebemos que

muitos deles referem-se exatamente

ao processo iniciatório. Em diversos

mitos antigos, podemos verificar que

a morte antecede sempre à fertilidade

da natureza. Morte e renascimento

também são aspectos essenciais dos

ritos de iniciação desde a antiguidade

e especificamente na Arte dos Wica

entramos em contato com o mistério,

morrendo e renascendo como

Iniciados, ou seja, aquele que passou

pelo mistério e renasceu como uma

alma imortal.

Não é por acaso que a Arte

gira em torno do mito da Roda do Ano.

Desde a antiguidade que as antigas

nações civilizadas vêem a mudança das

INICIAÇÃO E COLHEITA

Aubrey Beardsley

Page 7: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

7

estações com o crescimento e declínio

da natureza como eventos ligados aos

deuses, à religião e conseqüentemente

à iniciação. Nesses ritos antigos, o

movimento físico da natureza estava

ligado com a própria vida dos deuses,

onde sua morte era lamentada e

chorada e cuja ressurreição era

comemorada com ritos dramáticos.

Todos esses ritos visavam assegurar

a renovação vital, o renascimento

primaveril, a multiplicação dos animais,

após os meses de pranto e morte do

inverno.

Claro que esses ritos não estão

limitados aos nossos antepassados.

Eles nos foram legados através dos

séculos, não porque tenham sido

copiados de religiões mais antigas,

mas justamente devido ao fato de que

eles retratam claramente um mistério

que se tornou fundamental dentro

dessas religiões e, particularmente,

herdado pela Bruxaria européia.

A concepção do Deus

que morre e renasce, bem como

todos os rituais que mostram essa

transformação e evolução, está

viva na Arte dos Wica hoje em dia.

Assim sendo, se formos estudar,

por exemplo, o mito de Deméter e

Perséfone, cujo documento mais

antigo onde ele aparece é o belo Hino

a Deméter homérico, poderemos

verificar a existência de um paralelo

entre o mito e o processo de iniciação

e elevação nos graus.

O mito nos conta que a jovem

Perséfone estava colhendo flores em

um prado luxuriante, quando a terra se

abriu e o Senhor dos Mortos levou-a

para ser sua noiva no sombrio mundo

subterrâneo. Na verdade, acredito

que essa seja a condição de todo ser

humano comum, que passa sua vida

INICIAÇÃO E COLHEITA

Page 8: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

8

brincando nos alegres e luxuriantes

prados do mundo, desconhecendo a

si mesmo e aos mistérios profundos.

Estamos passando por

Lammas, a primeira colheita da

Roda do Ano, e portanto uma época

bastante propícia para iniciações e

elevações de grau. Um dos textos

poéticos nos diz:

“Bem-aventurado é o mortal

que viu tais coisas, mas aquele que

não houver participado delas em vida

jamais será feliz na morte quando

tiver baixado às trevas do túmulo.”

Passar pelos Mistérios e

renascer como um Iniciado significa

ter passado pela morte, significa ter

descido às profundezas do submundo

e renascido, assegurando assim a sua

sobrevivência como uma alma imortal.

Isso é bem claro no mito de Deméter,

quando após a descida de Perséfone

ao submundo, toda a terra se torna

árida e estéril para depois, quando por

fim ela retorna à luz do dia, os campos

da planície eleusiana tornarem-se

dourados com os cereais.

O candidato à iniciação

passa pela morte ritualística, desce

ao submundo e renasce. Os campos

de sua alma eram estéreis, sua

compreensão vazia e árida, mas após

ter passado pelos Mistérios e ter

renascido, a vida novamente brota

nos campos, agora imortais.

No Egito antigo, a lenda de

Ísis e Osíris retrata muito bem esse

Mistério. Osíris é morto, despedaçado

e seus pedaços espalhados pelo Egito,

mas renasce. No homem comum,

perdido no nevoeiro denso da alma, o

caminho na direção do indispensável

movimento da vida foi perdido. Nos

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9

John Clowder

dias de hoje, os problemas e aflições

a respeito do significado da vida

decorrem principalmente da falta

de consciência do verdadeiro ritmo

existencial. O verdadeiro propósito

dos Mistérios é o de modificar a

qualidade da alma do postulante,

elevar sua consciência a um nível

super-humano e transformá-lo numa

alma imortal.

Desse modo, todos os rituais

de nossos antepassados, no Egito,

na Grécia e no Oriente Próximo,

representam morte e ressurreição,

para que o iniciado possa vivenciar

simbolicamente um estado acima

do nível humano e a vida eterna, e

conseqüentemente uma vitória do

homem sobre o seu medo da morte.

Através da morte iniciatória o novo

iniciado saberá que não precisa temer

a morte e que doravante está salvo

porque foi iniciado. Contudo, muita

gente, aliás milhões de pessoas no

mundo, não estão totalmente em seus

corpos, ficam negando certas partes e

por isso vivem parcialmente. Poucas

pessoas sentem seu corpo realmente

vivo. Somente aquele que passou pelos

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10

An

toin

e W

atte

au

Mistérios e renasceu pode amar de

verdade. O amor é quase impossível

no estado comum da mente humana.

O homem comum, o não

iniciado vive uma vida de lutas. Contudo

não há nenhuma necessidade de lutar

porque nenhum problema pode ser

resolvido pela luta. Os que estão

tentando resolver seus problemas

mundanos estão se movendo numa

falsa direção: desde que todos os

problemas são existenciais e todas

as soluções são produtos da mente,

com o tempo as respostas se

desgastam e os problemas voltam à

superfície. Aquele que passou pelos

Mistérios e transcendeu, cresceu

sem os problemas, cresceu além dos

problemas, porque eles nunca podem

ser resolvidos: eles podem ser

dissolvidos.

Quando a pessoa passa pelos

Mistérios e colhe os frutos dessa

transcendência, tudo simplesmente

cai por terra. Todo o esforço dos

Altos Sacerdotes é o de trabalhar

com o iniciado existencialmente

e não filosoficamente. Ninguém

está tentando resolver problemas

ou encontrar soluções. A Filosofia

tentou isso inutilmente, porque ela

não pode transformar ninguém já

que permanece no nível mental,

intelectual. Iniciação é um despertar,

uma colheita. A realidade brotou das

profundezas da terra e agora pode

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11

ser colhida. Mas essa colheita só está

à disposição daquele que morreu e

renasceu.

Voltando ao mito de

Eleusis, Deméter representa a

colheita madura do ano e Perséfone

representa a semente que foi semeada

para reaparecer na primavera. A

descida de Perséfone significa então

a visão mítica da semeadura e seu

ressurgimento na primavera. Esse

despontar do novo cereal nos campos

representa a elevação espiritual do

novo iniciado que transcendeu suas

limitações. O postulante representa

a semente, o potencial que poderá ou

não desabrochar e florescer. Ele tem

que descer ao submundo, passar pelo

Reino da Morte e ressurgir como

a planta madura, o significado da

iluminação. O mito é iniciatório por

excelência. Analogias semelhantes

foram levadas da Grécia antiga para a

Europa e assimiladas pela Bruxaria.

Com esse paralelo entre

colheita e iniciação, percebemos

que a finalidade da iniciação é a

de proporcionar um estado de

preparação para o renascimento,

através de um conjunto de testes

e provas, que determinam se o

candidato é digno de elevação a uma

posição religiosa superior. Após a

morte e renascimento, ou seja, após a

transcendência espiritual do candidato

em novo iniciado, o conhecimento

pode ser disponibilizado. Mas

somente após o iniciado ter passado

pelos estados emocionais de medo,

ansiedade, morte e finalmente do

renascimento e do êxtase.

Muita gente pensa que

iniciação é um incremento do

conhecimento, um enriquecimento

da mente. Tenho observado que a

iniciação se torna mais fácil quando a

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12

pessoa é jovem. Quanto mais velha é a

pessoa, mais presunçosa ela é, quanto

mais velha a pessoa mais ela acha que

sabe e nada satisfaz tanto o ego como

o conhecimento.

A analogia da semente se

aplica muito bem aqui, quando vemos

os jovens como potencialidade. Os

mais velhos geralmente ficam olhando

para algum lugar no futuro, aonde

serão melhores e por consequencia

serão felizes. Na verdade, o Iniciado

abandonou o futuro completamente.

Não se trata de manter uma idéia

de que é possível melhorar a si

mesmo, porque essa é uma das

causas da neurose. Uma pessoa que

está tentando se tornar melhor

ficará neurótica. As sementes estão

lá, dentro da pessoa e assim sendo a

colheita virá.

A morte precisa acontecer.

A morte de toda a velharia

que a pessoa mantém dentro de si, de

todo o passado que deve ser jogado

para fora. E isso só é possível quando

uma iniciação formal é realizada.

A única possibilidade de colheita é

quando o jardineiro cuida do jardim.

A própria semente não pode, em

hipótese nenhuma, romper essa casca

sozinha. Isso seria um suicídio.

Quase ninguém pode ver

que a morte é apenas uma porta,

uma abertura para uma nova vida.

E a iniciação é uma porta para o

The birth of VênusGustave Moreau

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13

renascimento, e os Iniciados podem

ver isso por si mesmos, podem

ver que uma vida verdadeira está

esperando, uma vida mais elevada,

mais alta. Então é possível encontrar

dentro de nós alguma coisa que não

pode morrer e desse modo o medo

simplesmente desaparece.

O crescimento é sempre uma

coisa arriscada. O postulante sempre

tem que perder aquilo que conhece

em troca daquilo que desconhece.

Tem que abrir as mãos e entregar

o que está segurando em troca do

que ainda não conhece. É por isso

que eu digo que religião é para os

corajosos, os fortes. Religião não é

para os negociantes. Os negociantes

estão sempre procurando proteger

o que já tem, pensando em ganhar

mais e mais. Entretanto, na vida não

existe nenhuma segurança. Imaginem

se a semente se recusasse a romper a

casca ? Não haveria crescimento, não

haveria iniciação.

Desse modo, iniciação é um

abandono do velho, do antigo, da

estagnação. Iniciação acontece agora,

neste momento. O real é o que está

acontecendo agora. E conforme

podemos observar, apesar da grande

exposição e divulgação da Arte nos

últimos anos, os Mistérios ainda

mantém um poder que permanece

inalterado. Isso proporciona que os

iniciados tenham o sentimento do que

Gerald Gardner chamava de “inicial

sentido de maravilhamento.”

Page 14: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

14

Um Coven é uma organização

mantida para o encontro de Bruxos.

É uma comunidade destinada ao tra-

balho ritual. O número máximo de

membros em um Coven, não deve

ultrapassar 13 pessoas, que, de forma

peculiar sobre suas crenças, vivenciam

os Mistérios de Vida, Morte e Renasci-

mento através de símbolos existentes

e representados nas passagens das es-

tações e nos ciclos naturais.

As Leis dentro de um Coven

são alicerçadas por uma estrutura hie-

rárquica existente e remanescente da

Tradição e mantidas pelos juramentos

feitos por cada integrante.

Alguns Iniciados dizem que a

organização do Coven reflete a Or-

dem Cósmica dos Deuses, onde, den-

tro do Círculo Mágico, a Alta Sacer-

dotisa representa a Deusa e o Alto

Sacerdote representa o Deus.

A reunião dos membros de um

Coven, ocorre geralmente nas Festi-

vidades da Roda do Ano, também co-

nhecidas como Sabás, e nos Esbás.

Por Lorenna Escobar

COVEN

Page 15: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

15

Os membros do Coven não

podem revelar os nomes dos outros

membros, assim como a localização

dos encontros que só serão revelados

aos seus participantes.

É importante salientar que não

existe nenhum tipo de cobrança em

dinheiro para o aprendizado em um

Coven ou para Iniciações e Elevações.

Segundo modernos estudiosos da

Bruxaria inglesa, a importância mágica

dos Covens é secundária, já que a Ma-

gia praticada requer total concentra-

ção. Porém, sabemos que um grupo

de pessoas é capaz de gerar um cam-

po de energia de grande intensidade.

Um Coven precisa pensar cole-

tivamente - o que chamamos de Men-

te Coletiva - e, para que não hajam

adversidades e conflitos, o grupo deve

permanecer unido e coeso.

Para entrar em um Coven, é

preciso ser convidado por algum Ini-

ciado integrante ou se apresentar for-

malmente a um Iniciado que levará a

solicitação para o restante do grupo

analisar. Entretanto, será necessária

uma avaliação de compatibilidade,

pois, para entrar em um Círculo Mági-

co com os demais Iniciados, será pre-

ciso mais do que um ideal de “Perfeito

Amor e Perfeita Confiança”.

Quando alguém procura um

Coven, deve ter abertura para o

aprendizado e, provavelmente, dar

um mergulho no desconhecido. Esse

alguém deve estar em busca de algo

além da compreensão e que, em um

nível mais profundo, entende que esse

é o caminho que deve percorrer.

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16

Quando se é atraído para um

Coven de Bruxaria, deve existir uma

presença suficiente para a travessia,

pois os Altos Sacerdotes são conside-

rados “A Ponte”, e por isso, é preciso

se unir a Eles. Esse é um dos moti-

vos que explicam porque não existem

Bruxos solitários.

O despertar para aqueles que

desejam ser transformados pela Magia

dos Bruxos, é como um acontecimen-

to, algo descrito como um “impulso

que nasce das profundezas da Alma”.

Aquele que realmente é apropriado

para a Arte, irá encontrar o seu lugar

e assim, encontrar os Deuses.

Geralmente, quando alguém é

aceito em um Coven, ele é conside-

rado como um Dedicado. Ele fica dis-

ponível para o conhecimento da Arte,

mesmo que em um nível superficial,

mas que pode dar maiores condições

de reconhecer se ele está no caminho

certo. Após o período de “Dedica-

ção” ( um ano e um dia ), o Dedicado

poderá ser apresentado aos Portais

da Iniciação e, então, ser formalmen-

te aceito no grupo como um Bruxo e

Sacerdote da Arte, sendo reconheci-

do como um Iniciado de 1° Grau.

O conhecimento da Bruxaria

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como um Sistema Mágico Religioso

que busca a Transcendência e que cul-

tua uma Deusa e um Deus como o

Casal Divino, talvez não seja compa-

tível com o estilo de vida da maioria

das pessoas, as quais nós chamamos

de “pessoas não-apropriadas” para a

Arte.

A Wica não é uma Religião de

massa ou de seguidores. É necessá-

rio passar por todo treinamento es-

tabelecido pelo grupo, seguindo os

princípios da Tradição ; obter o co-

nhecimento dos preceitos da Arte,

seus Dogmas, Teologia e Liturgia,

para depois ser apresentado aos Por-

tões de acesso ao conhecimento nos

Mistérios da Arte, o qual é velado e

transmitido pelos Altos Sacerdotes.

Devemos considerar que apenas um

Homem, devidamente Iniciado, pode

inicar uma Mulher e que, apenas uma

Mulher, devidamente Inicada, pode ini-

car um Homem.

Quando falamos de Wica, esta-

mos nos referindo à Tradição de Mis-

térios Iniciática difundida por Gerald

Gardner e suas Altas Sacerdotisas na

déca de 1950.

Tradição é a transmissão de

práticas e valores espirituais de ge-

ração em geração ; é o conjunto das

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18

LITHA

crenças de um povo ; algo que é segui-

do conservadoramente e com respei-

to através das gerações.

Um Coven pode ser considera-

do como uma família. São laços que

transformam e que nos tornam seres

mais conscientes e conectados com

o Todo. São céluals da Tradição que

mantêm vivos os ensinamentos dos

Antigos.

O caminho dos Iniciados é um

caminho sem volta ; é um salto no

abismo ; é conhecer a Morte antes

de morrer ; é o formador do conhe-

cimento da Alquimia ; é o conhecedor

dos poderes da Magia, da Comunhão,

da Felicidade e do Amor.

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19

Por Simone Abraços

e Giulia JB

LITHA

Litha, também conhecido por

Midsummer, é um Sabá celebrado no

Solstício de Verão. Por ser um evento

astronômico, não possui uma data fixa

e pode variar entre os dias 20 e 24 de

dezembro no hemisfério sul e entre

os dias 20 e 24 de junho no hemisfé-

rio norte.

O Solstício de Verão é o dia

em que o hemisfério em questão, fica

mais próximo do Sol e mais tempo ex-

posto a sua luminosidade e, por isso,

temos o dia mais longo do ano com

mais de 12 horas de duração. Nesse

dia, o zênite solar marca o seu apo-

geu e, de acordo com a sua trajetória

na esfera celeste, ele alcança o ponto

Page 20: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

20

mais alto no céu. É o auge do poderio

solar, o dia de maior incidência de luz

e, com seu o seu poder fertilizador, a

Natureza se encontra em abundância

e plenitude.

Nossos antepassados acredita-

vam que a noite do Solstício de Verão

era um momento muito propício para

a colheita de ervas e plantas com pro-

pósitos mágicos de cura, fertilidade e

proteção. Eles descobriram isso atra-

vés de muitos anos de observação e

experimentação, mas hoje nós sabe-

mos a razão que os levaram a afirmar

que essa noite é mágica : o Sol.

Naturalmente, durante o dia

mais longo do ano, as Ervas e as Plan-

tas ficam expostas à luz solar mais

tempo que o normal ( o dia do último

Solstício durou quase 14 horas ) e as-

sim, seus princípios ativos, tanto me-

dicinais quantos ocultos, são desper-

tados, potencializados e multiplicados

pelo poder do Sol.

Na verdade, elas não são colhi-

das durante a noite, mas nas primei-

ras horas. Ao anoitecer, as ervas e as

plantas se encontram no máximo do

seu potencial porque estão impregna-

das de energia solar. Uma faca espe-

cial deve ser utilizada e elas devem ser

cortadas em um só golpe para que os

seus princípios ativos não sejam com-

prometidos.

Como uma das Ervas mais co-

lhidas nessa noite, podemos citar o

Hipérico (Hypericum perforatum L.)

também conhecido como “Erva-de-

-São-João”. O nome “Hipérico” deriva

do grande Titã Hipérion, um Titã Solar

primitivo que, na Mitologia Grega, era

o pai do Deus Hélios (o Sol), da Deu-

Page 21: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

21

sa Selene (a Lua) e de Eos (a Aurora).

O Hipérico é um pequeno ar-

busto com flores amareladas e mui-

to aromáticas. Como todas as plantas

amarelas, elas são regidas pelo Sol e,

naturalmente, suas propriedades fi-

cam mais ativas durante o dia quando

estão expostas à luz solar. Seu nome

popular “Erva-de-São-João” é em ho-

menagem ao dia do nascimento de

São João Batista – dia 24 de junho, a

“Noite de São João”, onde, muitas ve-

zes, coincide com a data do Solstício

de Verão no hemisfério norte. Segun-

do o mito, São João é aquele que re-

presenta a luz e luta para afastar as

trevas.

Uma outra planta colhida no

Solstício e muito conhecida na Bru-

xaria, principalmente nos Festivais So-

lares na Península Ibérica, é a Verbena

( Verbena officinalis). Uma planta má-

gica por excelência, com muitas pro-

priedades terapêuticas e ocultas. Por

esse motivo, a Verbena sempre está

entre as Ervas que são jogadas nas fo-

gueiras de Litha.

O Rosmaninho (Lavandula sto-

echas da Família do Alecrim, o Rosma-

rinus officinalis), também conhecida

por “Erva-de-São-João madrilenha”, é

uma erva poderosa, regida pelo Sol e

que não pode faltar nas fogueiras do

Solstício de Verão.

Page 22: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

22HazelColl, Aveleira

Uma lenda muito conhecida

seria a das Samambaias (Dryptoteris

filix-mas), também considerada uma

planta joaneira. Tida por muitos como

uma planta masculina, acreditava-se

que à meia-noite do Solstício de Ve-

rão, elas floresciam e espalhavam suas

sementes, e aqueles que as colhes-

sem com um pano feito de cânhamo

ou linho, receberiam poderes e co-

nhecimentos miraculosos. Segundo

Andrés Laguna de Segóvia (Médico e

Farmacologista espanhol) : “Algumas

velhotas endemoniadas andaram per-

suadindo o povo que na noite de São

João, à meia-noite em ponto, a samam-

baia cresce e floresce e, se o homem

não estiver ali naquele momento para

colhê-la, sua semente cai e se perde”.

A Azinheira (Quercus ilex , da

mesma Família do Carvalho, o Quer-

cus robur) é uma grande protagonista

no Solstício de Verão para propósitos

de cura. Na região da Catalunha, na

Espanha, várias pessoas ainda se reú-

nem ao redor da grande e velha Azi-

nheira. Todas elas ajudam a abrir um

buraco no tronco, suficientemente

grande para o doente entrar e atra-

vessar, enquanto todos dizem “Tren-

cat t’el dono” (“avariado o entrego”)

o doente atravessa para o outro lado,

e então, todos dizem “Curat t’el preng

(“curado o recebo”).

Assim como as bolotas do Carvalho,

as bolotas da Azinheira , devidamente

preparadas e de acordo com a Botâ-

nica Oculta, são usadas como podero-

Page 23: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

23

sos amuletos.

Muitos dizem que, tradicional-

mente, a Vara Mágica deve ser feita

com um galho de Aveleira (Corylus

avellana), a Árvore do Conhecimento

ou a Aveleira da Feiticeira, e que deve

ser cortado na noite do Solstício de

Verão. Uma das propriedades mágicas

e ocultas desta vara, era o da adivinha-

ção e profecia, onde se acreditava que

tesouros (metais preciosos como o

ouro) e água (mananciais escondidos)

poderiam ser encontrados.

As flores Malva-Rosa (Alcea

rosea) e Alteia (Althaea officinalis,

também conhecida por Malvarisco ou

Malva-branca), com grandes proprie-

dades analgésicas, deveriam ser colhi-

das antes do amanhecer para ter seus

princípios conservados durante todo

o ano.

Os Celtas colhiam o raríssimo

Visco do Carvalho, também conheci-

do por Agárico, apenas nos Solstícios.

Uma planta lendária cercada por mui-

to mistérios e histórias, e com mui-

tas propriedades medicinais, princi-

palmente no tratamento da epilepsia

(Visco quer dizer “aquilo que tudo

cura”).

Para colhê-lo, um grande ritu-

al era realizado e apenas os Druidas

poderiam estar presentes. A planta

era cortada com uma pequena foice

cerimonial de ouro e colocada sobre

um pano virgem de linho. Logo após a

colheita, dois bois brancos eram imo-

lados aos pés do grande Carvalho.

O Carvalho, uma árvore sagra-

da e símbolo de imortalidade e lon-

gevidade, pode atingir 40 metros de

altura e durar facilmente 400 anos.

Page 24: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

24

Um velho ditado dizia : “O Carvalho

leva 300 anos para crescer, 300 anos

para se tornar adulto e 300 anos para

morrer".

As Ervas e Plantas jogadas nas

fogueiras de Litha podiam variar con-

forme a região, mas as mais comuns

eram, além das ervas já mencionadas,

o Gerânio, a Camomila, a Calêndula,

a Arruda, a Cinco-Folhas, folhas de

Carvalho e de Azinheira, entre outras

mais – geralmente, ervas e plantas do

Elemento Fogo e regidas pelo Sol. Um

costume muito antigo no Solstício de

Verão, é atravessar a fumaça exalada

pelas fogueiras, para todos, inclusive

animais de criação, serem agraciados

pelo seu poder de cura, de proteção,

de banimento de males e doenças e

de fertilidade. Muitos levam as cinzas

da queima das madeiras – tradicional-

mente, uma tora de Carvalho - e os

gravetos que restaram.

Nessa época, como um rito

muito antigo de fertilidade, muitas

mulheres dançavam nuas, montavam

em suas vassouras, corriam e pulavam

no meio das plantações para que elas

crescessem saudáveis e em abundân-

cia. Quanto mais elas pulassem, mais

alto as plantações cresceriam.

Mas como tudo que nasce,

cresce a atinge sua plenitude, também

declina e morre. Após o Solstício de

Verão - o auge da estação, da lumino-

sidade, do calor e do poder solares

– inicia-se o período de declínio e de

marés vazantes, ou seja, é o início do

Ano Decrescente.

O Deus de Chifres - dentro do

Ciclo de Vida, Morte e Renascimento

da Roda do Ano - encontra-se em seu

momento de maior plenitude e matu-

Page 25: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

25

ridade – o auge do seu Poder. Após o

dia mais longo do ano, assim como o

Sol e as forças da Natureza, o Poder

do Deus Cornífero começa a declinar.

Daí em diante, os dias ficarão gradati-

vamente mais curtos, mais escuros e

mais frios. É o começo do fim do Ve-

rão (uma estação marcada pela fartu-

ra, abundância e fertilidade) o prenún-

cio de que dias mais difíceis virão (é a

certeza da proximidade do Inverno).

A troca entre os períodos de

fartura e de escassez, de luminosida-

de e escuridão, o verão e o inverno,

sempre marcaram a vida do ser hu-

mano. A natureza, entre seus ciclos de

florescimento e abundância da vida e,

a inevitável morte que segue, reflete a

dualidade que gera o movimento do

universo. É a força do Deus de Chi-

fres como Senhor da Vida e Senhor

da Morte, é a luta entre os Reis do

Carvalho e do Azevinho, é o espírito

da natureza, o Greenman e o Hor-

ned Hunter, que dão a vida a partir da

morte e cuja vida irá inevitavelmente

voltar a morrer. Ao longo da história,

diversas culturas, religiões e artes má-

gicas reconheceram essa dualidade,

traduzindo-a em mitos, costumes e

rituais.

Observando uma roda em mo-

Page 26: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

26

vimento vemos que, enquanto um lado

sobe, seu oposto irá, inevitavelmente,

descer. A força do movimento de de-

clínio dando o impulso para a ascen-

são no lado oposto. Um homem que

trabalha o dia inteiro irá ficar cansado

e, à noite, irá dormir para recuperar

suas forças, acordando renovado para

um novo dia. O reinado de um ho-

mem irá ver seu envelhecimento.

Um rei, que é a fonte da for-

ça de seu povo, enfraquecido é como

se a própria terra perdesse sua vita-

lidade. Sua restauração só é possível

através de sua morte e sucessão por

um novo rei, jovem e cheio de vita-

lidade - seu filho que, em essência,

representa o próprio rei. O mesmo

rei que morre e renasce a cada gera-

ção. Uma semente só irá germinar de

dentro da terra escura, do subsolo, a

partir do apodrecimento de sua casca,

alimentando-se da decomposição de

vidas passadas, o humo que é a fonte

de sua vitalidade. A morte alimenta a

vida, a vida que caminha sempre em

direção à morte...

Um ciclo só pode ser renovado

com o fim do anterior. Assim como,

um período de expansão é sempre

seguido de um período de retração e,

vice versa. Um só existe a partir do

outro. Da troca entre as grandes eras

astrológicas ou Eons, à alternância en-

tre o verão e inverno, ou do estado

de alerta ao do sono, de estar vivo ou

morto, o princípio é sempre o mes-

mo.

O tema onde dois persona-

gens representando forças antagôni-

cas (Verão / Inverno, Luz / Sombra,

Noite / Dia, Pai / Filho, Vida / Morte,

etc.) lutam pela supremacia ao final

Page 27: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

27

de um ciclo é recorrente e represen-

ta a renovação cíclica do universo. O

princípio é quase sempre visto como

masculino, pois sua natureza é uma

de força e de movimento. É aquele

que fertiliza e aquele que ceifa, o que

remete à força masculina da ação e

transformação.

É o poder do falo, a força bruta.

Já o princípio feminino é um de cons-

tância, mais etéreo. Ela é a própria na-

tureza, sua alma, é o útero e o céu

noturno, a lua que é sempre a mesma,

embora mostrando diversas faces.

Mesmo em mitos onde uma mulher

representa uma dessas forças, vemos

uma influência masculina como a for-

ça por trás da ação (como no mito

do rapto de Persephone, onde seu

retorno para o lado de Demeter re-

presenta o lado luminoso, aqui, Zeus é

aquele que intervém na ação).

Essa observação encontra re-

flexos em costumes, mitos e ritos

tanto de sucessão entre pai e filho

(o novo que substitui o velho e que,

por sua vez, será substituído por seu

próprio filho), ou de uma geração pela

outra, quanto no revezamento entre

forças antagônicas (personagens que

representam as forças de luz e expan-

são, versus personagens das sombras

e retração). Também podemos ver o

mesmo princípio na relação entre o

homem e a natureza, o caçador e a

caça, o plantio e a ceifa.

Page 28: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

28

O ano solar pode ser dividido

em duas partes de fundamental im-

portância para todos os seres vivos.

O verão, período de expansão e de

crescimento de luz solar, que atua do

Solstício de Inverno até o Solstício de

Verão. E, o inverno, período de amadu-

recimento das colheitas e de retração

rumo à escassez e escuridão. Este co-

meça a partir do ápice em abundância

da luz solar, o Solstício de Verão, indo

até o ponto mais escuro do inverno, o

Solstício de Inverno, a partir do qual,

a luz irá lentamente começar a retor-

nar. Também encontramos exemplos

onde o ponto de mudança se encon-

tra em outras datas. Um exemplo se-

ria no Dia de Maio, também conhecido

como Beltane (conforme o calendário

no Hemisfério Norte).

Em diversos mitos ao longo da

história, encontramos figuras arquetí-

picas que representam estes dois pe-

ríodos. Duas figuras que lutam de seis

em seis meses pela supremacia. Estes

aspectos representam, em essência, a

mesma figura, um princípio masculino

divino que nasce, fecunda a terra (ou

uma figura feminina representativa do

divino feminino) e morre ou é morto,

para então renascer, ou retomar seu

reinado, seis meses depois. Na meta-

de em que a luminosidade é crescen-

te, momentos de fertilidade e de plan-

tio, de vida, reinam os arquétipos do

Rei do Carvalho. Na metade escura

Page 29: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

29

do ano, o inverno, momentos de es-

cassez e incertezas, de morte, reinam

os arquétipos do Rei do Azevinho.

A figura feminina também está

presente e representa a própria natu-

reza. Aparece como mãe, noiva, aman-

te, esposa, ou até irmã. Muitas vezes,

existe uma batalha pela mão de uma

mesma mulher. O conflito é solucio-

nado por uma força maior que desig-

na para cada, um período de tempo

em que a noiva ficaria ao seu lado

ou, que atua como um intermediário

em batalhas periódicas. O casamento

com a mulher (a terra) simbolizando

o reinado de cada um. Um tema pre-

sente na história galesa de Gwyn ap

Nudd, Gwythyr ap Greidawl e, Crei-

ddylad (uma dama na corte do Rei Ar-

thur conhecida como a mais bela das

Ilhas Britânicas).

Creiddylad era amada pelos

dois. Gwythr aparece em alguns con-

tos como seu noivo, onde Gwyn se-

ria seu irmão, que a rapta de Gwythr.

Em outras versões, Gwythr a rapta

da casa de seu pai Lludd Silver Hand

(Lludd Mão de Prata) e em resposta,

Gwyn a rapta de Gwythr. Em ambos

os casos, após violentas batalhas, Ar-

thur intervêm e, a cada Dia de Maio

(1 de Maio) e eles lutariam pela mão

de Creiddylad, que fica com seu pai até

a última batalha no Dia de Julgamen-

to, quando seu destino seria decidido

de acordo com o vencedor. Gwyn ap

Nudd está fortemente associado ao

submundo e aparece como o líder da

Caçada Selvagem e, senhor do mundo

dos mortos, conhecido como Annwn.

Arthur, aparecendo em mitos

galeses anteriores às lendas contadas

pelo clérigo Geoffrey de Monmouth,

Page 30: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

30Portia St Luke

como uma figura mítica, líder de um

grupo de guerreiros com poderes so-

bre humanos e, que defendia seu rei-

no de ameaças sobrenaturais como

bestas mágicas. Nesse caso, ele pode

ser visto como uma autoridade supe-

rior, o Rei, ou até como uma divinda-

de superior similar à posição de Zeus,

na mitologia grega.

Este mito já foi associado ao

mito grego do rapto de Persephone

( Deusa da Primavera). O conflito en-

tre os guerreiros, paralelo ao conflito

entre Hades ( Deus do Submundo) e

a mãe de Persefone, Demeter ( Deu-

sa dos cereais e da fertilidade da ter-

ra). Também um mito que fala de um

conflito que determina as mudanças

entre o verão e o inverno. Demeter

e Gwythr (personagens que repre-

sentam a luz), versus, Hades e Gwyn

(ligados à morte e ao submundo, a es-

curidão).

Outro mito galês que mostra

a batalha entre os arquétipos do Rei

do Carvalho e do Rei do Azevinho é

aquele que conta a história de Lleu

Llaw Gyffes e sua esposa Blodeuwedd.

Lleu Llaw Gyffes, filho de Arian-

rhod que nele colocou três determi-

nações / feitiços (tynghedau), privan-

do-o de um nome, de armas e de uma

esposa. Junto com a ajuda de seu tio

Gwydion, Lleu consegue enganar sua

mãe a dar-lhe um nome e armas. E,

com flores da giesta, da filipêndula e

do carvalho, Gwydion, com a ajuda do

rei Math fab Mathonwy, fez Blodeu-

wedd, a esposa de Lleu. Assim o herói

Page 31: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

31

passa pelos três desafios (ou inicia-

ções) e torna-se um homem.

Porém, em dia em que Lleu es-

tava fora, Blodeuwedd vê um cervo

cansado sendo perseguido por um

caçador e seus cães, este era Gronw

Pebr, senhor de Penllyn (o cervo, re-

presentando o próprio Lleu e, os cães

de Grown e o fato deste caçar o cer-

vo, o indicam como tendo ligações ao

submundo, o Líder da Caçada Selva-

gem). Eles se apaixonam e conspiram

para matar Lleu. Porém, como Blo-

deuwedd descobre, Lleu só pode ser

morto por uma flecha forjada durante

um ano durante as horas do sacrifício

aos domingos (a missa), com um pé em

um caldeirão e o outro em um bode,

ao cair da noite. E, assim os amantes

o fazem. Quando a flecha atinge Lleu,

ele se transforma em uma águia e voa

para o alto de um carvalho.

Ao ouvir a história, Gwydion

sai a procura de seu sobrinho. No

caminho, hospedado na casa de um

vassalo, ouve um caso em que uma

porca foge todo dia de manha e que

ninguém sabe para onde. No dia se-

guinte, Gwydion segue a porca, que

para ao lado de um carvalho, comen-

do vermes e insetos que caem de uma

águia empoleirada no pico da árvore.

Gwydion percebe que a águia é, na

verdade, seu sobrinho e transforma-

-o de volta à sua forma original. Lleu

Alan Lee 1984

Page 32: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

32

volta muito fraco e depois de um ano

se recuperando, desfia Gronw em um

duelo onde ele vence. Blodeuwedd,

fugindo, é transformada em uma águia

por Gwydion (o que sugere a face da

sabedoria do divino feminino, repre-

sentado por Blodeuwedd).

(Obs: A presença da porca e dos ver-

mes pode sugerindo conceitos simila-

res aos dos Thesmophoria, rituais em

homenagem à Demeter para promo-

ver a fertilidade dos campos, lembran-

do o tempo em que Demeter lamenta

o rapto de sua filha, fazendo com os

campos fiquem estéreis (inverno). A

participação era exclusiva de mulhe-

res casadas. Durante os rituais, porcos

eram colocados em buracos na terra

junto a cobras.

Os restos dos porcos do ano

anterior eram misturados aos grãos

para serem plantados. Os simbolis-

mos sugerem, novamente, a vida e fer-

tilidade que nasce da podridão e da

morte.)

No conto, encontramos temas

da transformação e iniciação de Lleud

Llaw Gryffes. Primeiro através dos de-

safios impostos por sua mãe e, depois

pela experiência da morte e ressurei-

ção por magia. E também, o tema da

rivalidade entre as forças da vida e da

morte. A transformação de Lleu em

uma águia e a árvore de carvalho são

simbolismos claros de sua associação

como uma face do divino masculino

expansivo, o Rei do Carvalho.

O Carvalho, uma árvore de

grande porte, com raízes e troco for-

tes, tem sido uma árvore simbólica da

perenidade, força e vitalidade, sagrada

a aos deuses que traziam a fertilida-

de com a chuva e o trovão. É um dos

Page 33: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

33

símbolos religiosos mais antigos e está

presente em mitos por toda a Euro-

pa. Entre os gregos, era um símbolo

de Zeus, pai de Deuses e homens,

que com seus raios e chuva fertiliza a

terra. Seus muitos contos de *escapa-

das* amorosas não são à toa e, muito

mais do que falarem de um deus que

gostava de romance, seu papel nestes

contos é condizente com seu aspecto

de fertilidade. O próprio raio poden-

do ser visto como o deus que descia

para fertilizar a terra, o feminino.

Vemos estes mesmos aspectos

ligados a divindades em outras cultu-

ras, onde o carvalho aparece como

sinalizador desse poder. Na mitologia

nórdica, Thor era o Deus dos trovões

e da fertilidade. Seu pai, Odin, Deus da

sabedoria, magia e da morte.

Um dos feitos de Odin foi ter

sido pendurado na árvore do mundo,

Yggdrasil, por nove dias e nove noites,

ferido por sua própria lança. Um ato

de auto sacrifício para que pudesse

obter sabedoria dos nove mundos. O

que, curiosamente, lembra em muito

a experiência de morte do herói Lleu

Llaw Gyffes, quando este pousa em

um enorme carvalho como uma águia,

vermes e insetos caindo dos galhos.

Em ambos, a experiência de morte é

um portal para a sabedoria (que no

conto de Lleu seria sinalizado pela

transformação de Blodeuwedd em

Alan Lee 1984

Page 34: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

34

uma coruja). O que nos mostra, no-

vamente, o processo de morte como

uma fase para o crescimento. No caso

de Odin, vemos ainda seu papel como

o pai de muitas divindades, incluindo,

notadamente, Thor. Uma dinâmica que

se repete no caso de Zeus, cujo pai,

Cronus, está ligado à ceifa e a colheita.

Em um rito dos povos celtas,

realizado pelos druidas, o visco que

crescia em carvalhos era colhido no

Solstício de Verão com uma pequena

faca em forma de lua crescente, como

uma pequena foice. o que sugere um

formato ligado à Lua e o papel femini-

no como constante nos mitos.

Como se trouxesse o nasci-

mento do Rei que trás a ceifa e mor-

te, tanto quanto o nascimento do Rei

que trás a fertilidade. Como foi argu-

mentado no livro de Robert Graves,

The White Goddess, este ato simbo-

liza a castração do antigo rei, no caso,

o Rei do Carvalho. O visco era usado

como um potente agente para a cura

e fertilidade e, era um símbolo fálico

por natureza, assim como o carvalho

em si. Sua morte ou castração era

uma forma de garantir a renovação da

terra e seu futuro renascimento.

Os exemplos de culturas em

que o regicídio era comum ou até sis-

temático são abundantes. Entre alguns

dos mencionados no livro The Gol-

den Bough, de James Frazer, estão os

Page 35: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

35

Khazars no sul da Rússia, em que os

reis eram mortos ao final de um pe-

ríodo, ou caso alguma calamidade de-

monstrasse o enfraquecimento de seu

poder. Entre os escandinavos o perío-

do de reino de cada rei teria sido de

nove anos, antes sua morte, diversos

exemplos no continente Africano, en-

tre muitos outros.

Por trás desses costumes esta-

va a crença de que o Rei seria como

a encarnação do poder divino, o pai e

consorte da terra. Se fosse permitido

seu enfraquecimento, assim também

a terra perderia sua vitalidade. Sen-

do morto antes que isso aconteces-

se (como o visco que era colhido em

seu auge), este se tornaria imortal, sua

força sempre renovada. Junto a isso, a

morte do rei representa o sacrifício

divino, a colheita, sua morte trás a fer-

tilidade à terra, alimenta a terra. Tan-

to que, em diversos ritos de sacrifício

do rei (ou de seus representantes), o

ato simbólico ou real de consumir seu

corpo é comum.

Porém, nem sempre o rei, pro-

priamente dito, era morto de fato. Na

antiga Babilônia, durante o festival da

Sacaea um rei postiço reinava durante

cinco dias e, no final de seu termo, era

flagelado e morto. Porém, o fato des-

te ter direito a deitar-se com as con-

cubinas do rei verdadeiro, sugere que

o costume era levado muito a serio,

sendo o rei temporário visto como

um rei, de fato. Em outros casos, o

rei colocava-se sob risco mortal, per-

mitindo que fosse atacado, em alguns

desses casos, quem o matasse seria

seu sucessor. Em outros casos ainda,

o sacrifício do rei foi substituído pelo

sacrifício humano, animal ou vege-

tal. No caso dos animais, os de pelo

Page 36: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

36

branco ganham destaque, em especial

o touro branco. Em Creta, o mito do

minotauro, a quem jovens atenienses

seriam sacrificados, é provavelmente

a descrição de ritos sacrificiais para a

renovação da força do rei Minos.

Para finalizar, podemos dizer

que o Solstício de Verão é o dia de

maior incidência de luz solar do ano.

É o auge que parte o momento de

plantio do momento de amadureci-

mento, colheita e morte, a partir do

qual um novo ciclo poderá renascer.

Na natureza, muitos animais e

plantas nascem e morrem logo após se

reproduzirem. A continuidade da vida

garantida, voltam para a terra através

da transformação de seus corpos pela

decomposição, que por sua vez, será

o berço da nova vida. É uma imagem

que pode parecer dura, ou estranha à

sensibilidade moderna, tão distante de

sua própria natureza, mas que foi (e é)

reconhecida por aqueles que obser-

vam sem restrições ao mundo em que

vivem.

O sacrifício do rei divino, visto

como parte do ciclo, algo necessário

para que roda da existência pudesse

continuar girando. Os ritos não eram

simbólicos, mas vistos como atos par-

ticipativos na continuidade dos ciclos

da vida, morte e renascimento do uni-

verso. Os mitos, ecos que nos falam

da sabedoria de seus criadores.

Page 37: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

37

***

“Dance, Senhora, dance - sobre a tumba do Rei do Carvalho,Onde ele repousa por meio ano em teu útero tranquilo

Dance, Senhora, dance - ao poder do Deus SolE seu toque de ouro sobre o campo e a flor.

Dance, Senhora, dance, com tua lâmina na mão,Que chamará o Sol para abençoar tua terra.

Dance, Senhora, dance - na roda de Prata,Onde o Rei Carvalho repousa, com suas feridas para curar.

Dance, Senhora, dance - para o reinado do Rei Azevinho,Até que seu irmão o carvalho se erga novamente.

Dance, Senhora, dance - no céu iluminado pelo luarPara o nome Tríplice pelo qual os homens te conhecem.

Dance, Senhora, dance - na Terra que se transformaPara o Nascimento que é Morte, e para a Morte que é Nascimento.

Dance, Senhora, dance - para o Sol nas alturas,Pois seu esplendor candente, também, deve morrer.

Dance, Senhora, dance - para a longa maré do ano,Pois através de toda mudança deves tu residir.”

***

(retirado do livro A Witches’ Bible)

Page 38: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

38

Nos últimos 15 anos, dezenas

de pessoas me escreveram angarian-

do uma oportunidade de iniciação

na Arte. O que me chama a atenção

nessas cartas e e-mails de contato, é

que num primeiro momento essas

pessoas não se apresentam correta-

mente, não informam em que lugar

estão vivendo, nem ao menos qual

a sua idade. Não sei se isso é falta

de educação, já que desde pequeno,

fui ensinado que ao entrar em conta-

to com pessoas que eu não conheço,

primeiro de tudo tenho que me apre-

sentar. Mas neste país isso não ocor-

Por Mario Martinez

O que é umapessoa

apropriada

Page 39: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

39

re, o que é muito estranho. Assim

sendo, como levar à sério esse tipo

de buscador ?

Gerald Gardner disse que uma

Pessoa Apropriada para a Arte, “é

aquela pessoa que nós encontramos,

que nós reconhecemos como um da-

queles que nós conhecemos e que

amamos antes”. Ou seja, alguém que

nossa intuição nos diz ser um Wica.

Atualmente isso não funciona.

Com a imensa comercialização da

chamada “Wicca” pública, isso nun-

ca será suficiente para considerar al-

guém uma Pessoa Apropriada. O que

acontece é que muita gente procura

um Coven Tradicional, aparece osten-

tando uma bonita fachada, toda pinta-

da e enfeitada, mas que com o tempo

desmorona como tudo o que é falso,

tudo que é forçado. Como a Antiga

Arte virou moda nos anos 1990 em

diante, muitas pessoas surgem com

uma conversa muito boa, mas a Ver-

dade está escondida sob os ornamen-

tos dessa bela fachada.

Nós temos determinado que

uma Pessoa Apropriada deve possuir

determinadas qualidades intrínsecas;

essas qualidades não são passíveis de

ser assimiladas do dia para a noite, já

que são qualidades que trazemos do

berço, e muitas vezes de vidas ante-

riores. Devido a isto, é necessário

que os prováveis candidatos este-

jam incluídos na categoria de Pessoa

Apropriada antes de serrem aceitos

em um Coven Tradicional.

Isso é imprescindível, uma vez

que, pela nossa observação sobre os

buscadores que tem nos procurado, a

maioria deles acredita que tem algum

“direito” de ser iniciado na Arte, à

exemplo de religiões de massa que

Page 40: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

40

mantém suas portas abertas para

qualquer um. A Arte dos Wica nun-

ca foi uma religião de massa. Todo o

treinamento na Arte visa despertar lá

do fundo das nossas profundezas as

camadas mais antigas de nossa alma e

nosso perfil psicológico; esse apren-

dizado não é racional, mas precisa

arrancar do fundo da mente do bus-

cador todos os seus traumas e bar-

reiras, causando uma transformação

interna, uma metamorfose. E isso

não pode ser atingido quando a pes-

soa está fazendo de tudo para manter

uma fachada bonita, mas completa-

mente falsa.

Pela minha experiência pessoal

e vivência com esse tipo de pessoa,

tenho notado que todos eles, em al-

gum momento do percurso, viram

suas mentiras subirem à superfície,

causando um estrago muito maior do

que o de empurrar as neuroses para

baixo do tapete. É o que eu chamo de

cobrança dos Deuses.

Essas pessoas procuram um

Coven Tradicional para se salvar de

suas neuroses, para buscar uma liber-

tação das suas ilusões, mas procuram

fazer isso criando uma prática mora-

lista, o que leva a uma maior aliena-

ção de sua própria condição.

Quase ninguém está disposto

a se transformar, porque isso certa-

mente doerá, será tremendamente

desconfortável. A massa ignoran-

te procura a religião para se sentir

“melhor”, para “encontrar a paz”, e

outras bobagens. No entanto, uma

religião de Mistério e transcendência

não fará isso num primeiro momento.

Uma religião de transcendência vai

desestruturar totalmente o buscador,

para que ele veja toda a miséria que

arrasta consigo, todo o sofrimento

Page 41: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

41

que continua arrastando ao longo dos

anos, justamente por falta da cora-

gem necessária para abrir os olhos e

ver sua realidade.

A busca de iniciação na Arte

não é um desejo de poder, mas a ne-

cessidade de operar uma transforma-

ção total, onde o buscador precisa

se desvencilhar de seus padrões de

auto-estima e auto-identidade, total-

mente alienados da realidade. Essas

máscaras ou essas fachadas tem que

desmoronar. Contudo, na imensa

maioria das vezes, esses buscadores

abandonam a religião por medo de

enfrentar sua própria realidade.

Uma Pessoa Apropriada para

a Arte deverá, desse modo, possuir

qualidades que não podem ser com-

pradas no supermercado, tais como

honestidade, lealdade, compaixão,

etc. Todas essas qualidades serão ob-

servadas pelo Coven, e só então, se

todas as exigências forem observadas,

o buscador poderá então ser levado

através dos Portais da Iniciação.

Page 42: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

42

Dentro de nós existe um para-

doxo que sempre exige mais empenho

e dedicação. Sempre temos uma sede

para ser saciada, mas nunca a fonte

amorosa dá o suficiente de beber. O

amor é algo buscado por todo “Ser”

e, mesmo que não tenhamos consci-

ência dessa busca, todos nós sabemos

que, no íntimo, existe um desespero

para encontrá-lo.

Todo amor que desejamos ob-

ter do outro sempre representa mui-

to pouco, migalhas ou nada. O motivo,

é que essa ilusão se torna um ideal, e

como uma busca, pode persistir por

décadas. Sabemos que a grande massa

ainda sofre por vivenciar as mentiras

nas quais somos condicionados. Nes-

sa busca longínqua de mentiras, onde

nunca encontramos nada, estaremos

procurando e filosofando sobre as

chaves, mas sempre nos esquecendo

das portas.

Para compreendermos os Mis-

térios da Transformação, precisamos

nos envolver. Muitas vezes ouvimos

dizer que a vida é um jogo duro, no

entanto , precisamos aprender a jogar

e a conhecer as peças do jogo para

alcançarmos o objetivo desejado. Ne-

cessitamos aprender a ver e a ouvir,

Por Lorenna Escobar

ALTO IDEAL

Page 43: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

43

inclusive, aprender a aprender. Preci-

samos observar nossas atitudes para

alcançarmos nossos ideais.

Muitas pessoas vão dizer que as

artimanhas para compreendermos e

conhecermos os Mistérios, alguns de

forma velada, são apenas formas de

persuasão do próprio sistema. Muitas

vão imaginar que tudo isso é bobagem

e muitas não vão dar a mínima. Ape-

nas aqueles que estão despertos, que

atingem um nível superior de consci-

ência, conseguem “enxergar” melhor

e reconhecer o seu papel no jogo.

A busca pelo despertar também

precisa ser desejada. Provavelmente,

este é o mais alto ideal do Homem,

assim como o propósito da semente

quando é lançada na Natureza.

No entanto, muitos obstáculos

estarão presentes. A semente precisa

romper a casca, reconhecer seu po-

tencial e percorrer a vasta escuridão

para alcançar a luz e florescer.

Não somos seres criados para

viver sozinhos. Precisamos do outro

para nos complementar, e, durante

o intercurso na maturidade, e fazer

jorrar o fluído mágico já existente

e latente dentro de cada ser. Assim,

como a semente precisa de cuidados,

o adepto precisa do Mestre.

Page 44: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

44

Nosso ego dita que, por preci-

sarmos do outro, podemos estar vul-

neráveis e em alguma espécie de peri-

go. A partir desse tipo de pensamento

nascem os desajustes, o desejo pela

dominação, pela aniquilação, pelo ape-

go, pelo medo e pela culpa causando

infelicidade e dor a todos os envolvi-

dos.

Algumas pessoas acreditam

que somente à beira da extinção

pode ocorrer um “salto” evolutivo e,

que apenas aprendendo com nossa

infelicidade e dor, valorizaremos tudo

aquilo que nunca teremos. No entan-

to, não podemos afirmar que isso seja

verdadeiro, mas também não se trata

de uma alegoria. Apenas podemos afir-

mar que existem outras formas mais

poderosas e gratificantes de aprendi-

zado que levam ao desenvolvimento

do espírito, que é transcendental, e

transmitidas religiosamente entre os

Wica.

A Natureza é fiel e verídica.

Ela classifica e determina cada ser de

acordo com o seu trabalho e o seu

ideal, e assim, cada um tem o poder da

transformação e dos mais altos ideais

que estão além do que se é conheci-

do.

Page 45: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

45

Fundamentos da Wica Tradicional, o novo livro de Mario Martinez, está disponível em uma Edição Especial e limitada para os leitores de BTW.

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Page 46: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

46

A revista BTW é publicada quatro

vezes ao ano e seu objetivo é

formar, esclarecer e desmistificar

origens, dogmas e práticas da Wica

Gardneriana e mostrar que os ensinamentos

de Gerald Gardner ainda estão vivos e

florescendo no seio dos covens tradicionais.

Page 47: BTW - Wica Tradicional Britânica (7ª edição)

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