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BRUO FERADES CARPITEIRO DA SILVA SURFWEAR: A MARCA QUE VIROU ESTILO DE VIDA. RIO DE JAEIRO 2009

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BRU�O FER�A�DES CARPI�TEIRO DA SILVA

SURFWEAR: A MARCA QUE VIROU ESTILO DE VIDA.

RIO DE JA�EIRO

2009

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�DICE

I�TRODUÇÃO 03

CAPÍTULO 1 – SURF COMO MARCA 08

1.1 – Marcas e emoção 09

1.2 – O Surf como poder de marca 14

1.3 – Marcas de Surfwear 20

CAPÍTULO 2 – SURFWEAR 26

2.1 – Fetichismo 27

2.2 – História do Surf 30

2.3 – Moda Surfwear 34

CAPÍTULO 3 – CO�CLUSÃO E E�TREVISTAS 36

3.1 – Raphael Louretti – Usa Surfwear e Pratica Surf 37

3.2 – Danielle Furtado – Não Usa Surfwear e Não Pratica Surf 41

3.3 – Daniel Pels – Usa Surfwear, Mas Não Pratica Surf 44

3.4 – Conclusão 47

A�EXOS 48

Entrevistas na íntegra 49

Pesquisa sobre o estilo de vida dos surfistas em Curitiba 59

BIBLIOGRAFIA 68

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SURFWEAR: A MARCA QUE VIROU ESTILO DE VIDA.

I�TRODUÇÃO

RIO DE JA�EIRO

2009

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I�TRODUÇÃO

Este projeto de pesquisa tem como objetivo analisar de que forma as marcas de

surfwear se transformaram em um estilo de vida, haja vista, o número de consumidores

deste segmento que não praticam esta modalidade de esporte. Estudaremos também como

o surf vem se mostrando um nicho atrativo para a mídia, as marcas e patrocínios em geral.

Como exemplo imediato o patrocínio dos campeonatos pela Petrobrás.

Verificamos que as pessoas são impactadas diariamente com incontáveis

propagandas. Notamos também que as campanhas nas quais se apresentavam os produtos,

suas qualidades, seu preço e outros benefícios, estavam ficando ultrapassadas. Estávamos

entrando em uma nova era da comunicação publicitária. Na era das emoções, ninguém

quer comprar só produtos: todos querem adquirir, mesmo que de forma ilusória, porém

consciente, sensações.

Nós precisamos, cada vez mais, de sentimentos. Necessitamos urgentemente de

algo que faça nos sentirmos vivos e não apenas existentes no mundo. E ao publicitário

atento, isso é um “prato cheio”. Quem precisa de um tênis que pesa 100 gramas, possui 10

molas e ainda conta com uma poderosa tecnologia de aderência em terrenos irregulares?

Ninguém quer isso. Talvez um atleta, que realmente precise de tanta tecnologia para

aumentar seu desempenho, até se interesse. Mas nós, meros mortais e público-alvo da

empresa fabricante do tênis, não precisamos disso.

Agora um tênis que vai fazer você sair de casa, para ver o mais belo pôr do sol da

sua vida, mesmo que o dia esteja nublado. Que vai fazer você ficar muito mais ágil e

esperto, mesmo pesando 120 kilos; Que vai te fazer sentir-se livre como uma gaivota no

verão, mesmo que você esteja parecendo mais um hipopótamo. Ou ainda melhor, vai fazer

você conhecer o amor da sua vida entre uma ou outra corrida, mesmo estando ofegante

após correr mais de 300 metros. “Ah, esse tênis eu quero. Esse tênis todos nós queremos.”

E no caso das marcas de surfwear, isso também é notável. Quem precisa de uma

bermuda que possui duplo fecho em botão de aço personalizado ultra-resistente e fecho

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extra em cordão de neoprene personalizado, com puxadores em plástico hyper-resistente, e

ainda possui bolso traseiro com fecho de velcro e elástico pra prender a chave do carro?

Ninguém quer essa bermuda. Queremos aquela bermuda que irá nos proporcionar

um dia magnífico, com um sol brilhando no céu, uma água de coco gelada e tudo isso em

uma praia lotada de mulheres lindas e sensuais. É explícita a utilização das marcas de

surfwear por pessoas pálidas, que sequer vão à praia. Isso é extremamente comum também

a pessoas que possuem medo do mar. (a maioria dos medrosos curiosamente não sabe

nadar).

O que será que leva as pessoas a consumirem estas marcas? Seria a eterna busca

pela saúde e juventude, visto que a maioria dos praticantes de surf são jovens saudáveis?

Ou seria a busca de reconhecimento dentro de uma sociedade que muito nos julga pela

aparência, desconsiderando todo e qualquer tipo de virtude? Essa é a nova era da

publicidade. Não vender produtos. Vender meias ilusões, de sentimentos inteiros.

Por isso, este trabalho tem como objetivo discutir como a indústria do surfwear se

transformou em estilo de vida, mapeando a história do surf e as análises de mercado já

realizadas. Enfim, o objetivo é a analisar o surf como um estilo de vida.

O pioneiro no ramo de confecção surfwear, segundo o site Surfreporter1 foi o

californiano Jack Oneill. Após perceber que ele e seus amigos precisavam de um agasalho

para surfar, pois as águas da Califórnia eram muito geladas, Oneill abriu na garagem de

sua casa a primeira confecção surfwear do mundo, local onde nasceu a primeira roupa de

borracha. Como não existia nada parecido e ninguém nunca havia pensado em criar um

acessório como este, as encomendas cresceram assustadoramente, fazendo com que a

confecção de Oneill evoluísse e se transformasse em uma marca sólida até os dias de hoje.

1 Site surfreporter.cidadeinternet.com.br/materias_arquivadas/09_10_02_surfwear.htm, acessado em 4/6/06.

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Os empresários do mercado de têxteis perceberam que este segmento de mercado

era promissor e se apropriaram do estilo de vida do surf para construir marcas para os

surfistas. E como já visto, os praticantes do surf existem há muitos anos. Estes praticantes

possuem características físicas muito peculiares e conhecidas no senso comum, como pele

bronzeada de sol, cabelos longos e esbranquiçados de parafina, ombros largos e um dorso

desprovido de tecido adiposo. Estas características deixam fascinados os que não tem

coragem de se aventurar no mar.

Foi aí que os empresários perceberam que não eram apenas os surfistas que

utilizariam aquelas roupas, mas que muitas pessoas que não surfavam também adotariam

as marcas surfwear como seu estilo, para associar sua própria imagem à do surfista. E com

este enorme nicho, as marcas começaram a utilizar o estilo de vida do surf para vender

também aos não praticantes do esporte.

Os métodos utilizados serão pesquisas sobre a história do surf, a cultura havaiana, a

chegada do surf no Brasil, os avanços tecnológicos na fabricação das pranchas, o mercado

de surfwear, a evolução do surf, o comportamento da população na pós-modernidade e os

hábitos de consumo dos surfistas.

Será realizada também uma consulta a autores que efetivamente baseavam seus

estudos em análises de marcas existentes no mercado e comportamento da população na

pós-modernidade. Dentre estes, pode-se citar Michel Maffesoli, e seu estudo sobre o

comportamento. Utilizaremos também José Martins, com seu livro sobre as emoções que

estão associadas a marcas. Outro autor a ser consultado será o sociólogo alemão Geog

Simmel.

As pesquisas serão feitas em sites da internet, considerando que nem todo conteúdo

existente na rede é verídico, será dada maior credibilidade aos sites que contém alguma

responsabilidade com o público, como por exemplo os portais www.globo.com e

www.terra.com.br.

Também será realizada pesquisa de campo, com pessoas de diferentes costumes e

opiniões, que com seus conhecimentos empíricos, colaborarão muito com a realização

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deste projeto. Somaremos todos os dados pesquisados, compararemos as informações e

obteremos um elevado número de materiais sobre o tema, que facilitarão bastante a

conclusão deste projeto.

E para a realização deste estudo, seria necessário um profissional da área de

Comunicação Social e Marketing, que estivesse familiarizado com o surf e suas mais

diversificadas segmentações.

Baseado neste princípio, consideramos o fato de Bruno Fernandes Carpinteiro da

Silva, ou eu mesmo, ser um aplicado estudante das áreas de Comunicação Social e

Marketing. Percebemos também que Bruno é um humilde waterman que pratica não só o

surf clássico desde as nove primeiras Primaveras contabilizadas por ele, mas também

pratica irremediavelmente a maioria dos seus afluentes, como o body board, o fun board, o

long board e o body surf. Concluímos assim a procura pelo autor do projeto, pois

consideramos que eu mesmo estou qualificado a realizá-la.

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SURFWEAR: A MARCA QUE VIROU ESTILO DE VIDA.

CAPÍTULO 1

SURF COMO MARCA

RIO DE JA�EIRO

2009

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1.1 MARCAS E EMOÇÃO

Ao longo dos anos 80, o assunto “marca” ganhou muita importância. Com o

aumento da competição pelo crescimento da economia, em conjunto com um consumidor

muito mais crítico e atento ao valor fornecido por serviços e produtos, ficou clara a

necessidade de diferenciais competitivos. Com este cenário, as marcas puderam assumir

um papel infinitamente decisivo na escolha dos consumidores. O tema criou forças e

expandiu-se para o campo da estratégia de posicionamento, pois ficou em evidência

demais para ser visto apenas como mais um componente da oferta no marketing. O tema

ainda é pequeno para ser visto de forma isolada, mas grande demais para ser tratado com

desdém.

Atualmente, encontramos empiricamente diversas definições sobre marca. Mas o

que seria de fato uma marca, como se constrói e quanto vale ao certo, são questões bastante

complexas e com uma infinidade de variações sobre o mesmo tema.

Segundo a definição da American Marketing Association2 marca é: “um nome,

termo, sinal, símbolo ou desenho, ou uma combinação deles, com o objetivo de identificar

bens ou serviços de um vendedor ou grupo e diferenciá-los da concorrência.”

Segundo definição do doutor Mauro Calixta Tavares, administrador, sociólogo e

escritor do livro “A força da marca. Como construir e manter marcas fortes”3,

"Marca é um nome, termo, signo, símbolo ou design, distinto ou combinado com a função de identificar a promessa de benefícios, associada a bens ou serviços, que aumenta o valor de um produto além de seu propósito funcional, tendo uma vantagem diferencial sustentável" (página 21)

No livro, o autor explica também qual a diferença entre marca e nome:

2 Site http://www.portaldomarketing.com.br/artigos/para%20que%20serve%20uma%20marca%20afinal.htm, acessado em 4/6/06. 3 TAVARES, Mauro Calixta. “A força da marca. Como construir e manter marcas fortes”. São Paulo, Editora Habra, 1998.

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"A marca é mais do que um simples nome. O significado de uma marca resulta dos esforços de pesquisa, inovação, comunicação e outros que, ao longo do tempo, vão sendo agregados ao processo de sua construção. Isso significa que sua criação e manutenção não podem ficar restritas a designers, artistas gráficos e agências de publicidade". (página 17)

E o autor ainda define com clareza a relação entre a marca e o produto,

esclarecendo que:

“A marca é diferente do produto. Embora sejam coisas intimamente relacionadas, diferem nas características. A marca estabelece um relacionamento e uma troca de intangíveis entre pessoas e produtos. O produto é o que a empresa fabrica, o que o consumidor compra é a marca. Os produtos não podem falar por si: a marca é que dá o significado e fala por eles. O produto tem um ciclo de vida, a marca não. Isto não significa que algumas não envelheçam. A marca revela facetas de diferenças nos produtos: funcionais, experiências e simbólicas". (página 21)

As empresas estão cada vez mais atentas para a importância da criação de uma

marca forte e competitiva, mas como criar uma marca, que ao mesmo tempo seja

diferenciada e eficiente? O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, ou

SEBRAE, consegue listar em seu site4, com clareza e seriedade mais esse passo a ser dado

por uma empresa que almeja o crescimento.

Como primeiro passo há a Persistência. Marcas fortes e conhecidas no mercado não

são construídas da noite para o dia. Elas são o resultado de um processo demorado que

exige persistência. Isto significa resistir a todos os modismos passageiros, acreditar nos

benefícios do produto e na importância decisiva de comunicar estas vantagens ao público-

alvo.

Em segundo vem o Posicionamento. Para fazer uma marca forte e conhecida deve-

se começar pela clara definição do segmento que a empresa pretende trabalhar. É

fundamental ter como condição indispensável, o posicionamento correto da empresa e do

4 Disponível em http://www.sebraesp.com.br/principal/melhorando%20seu%20neg%C3%B3cio/orienta%C3%A7%C3%B5es/marketing/comunica%C3%A7%C3%A3o/tornarmarcaconhecida.aspx, acessado em 4/6/06.

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produto no mercado. Resumindo, a empresa precisa selecionar o segmento de mercado

mais adequado ao produto (foco) e depois, comunicar-se com este segmento de forma

eficaz.

Por terceiro há o Atributo. A marca deve transmitir ao mercado o que existe de

mais relevante/importante no produto ou serviço. Com freqüência, o que o mercado deseja

não é apenas algo que se possa simplesmente ser quantificado. A maioria dos atributos

relevantes de um produto ou serviço é de valoração muito subjetiva. Na verdade, não se

deve ignorar as vantagens e os benefícios de ordem emocional. Produtos e marcas, afinal,

são destinados a pessoas.

Em quarto há o Valor. A marca deve também ter relação de valor com o mercado.

Deve trazer a idéia dos benefícios que o cliente ganha quando compra o produto daquela

marca.

Em quinto há Integridade . Para se firmar na cabeça do cliente, a marca precisa de

integridade. Isto significa que toda promessa de desempenho e satisfação do cliente,

resumida na marca, precisa ser cumprida pelo produto nas mãos do cliente. Assim, a

recomendação básica é que antes de pensar em fortalecer a marca é primordial fortalecer o

produto: seu desempenho, preço, design, potência, segurança, conforto operacional, sabor,

cor, aroma, peso, embalagem etc. Marca e produto precisam estar em perfeita harmonia,

fortalecendo-se reciprocamente no mercado.

Em sexto há o Nome, que é igual escolher nome para filhos. Deve ser bem pensado,

analisado e excluídos os modismos passageiros. A escolha de um bom nome é essencial

para a fixação da marca.

Em sétimo há Qualidade, uma exigência do mercado. É condição absoluta a

necessidade de se manter a qualidade do produto. Quando a marca promete mais do que o

produto pode cumprir, ambos perdem.

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Em oitavo há a Realimentação pela Publicidade, pois o cliente anda cada vez mais

inconstante. A ligação do cliente com a marca precisa ser alimentada de forma sistemática

através da sua permanente divulgação.

E por fim há a Monitoração, pois o mercado é extremamente dinâmico, traduzido

por mudanças rápidas no comportamento dos clientes. Por isso, o comportamento do

cliente em relação à marca e aos produtos precisa ser analisado

de forma sistematizada em períodos regulares.

Uma vez que as marcas existem de verdade apenas na mente dos clientes, um fato

bastante curioso é o valor financeiro que a marca possui. A nomenclatura técnica usada

para especificar o valor de uma determinada marca é chamada de brand. Esse fenômeno é

exemplificado muito bem pelo autor Ewan Schwartz , em seu livro Darwinismo Digital5:

“A marca Coca-Cola vale pelo menos dez vezes mais do que todos os ativos físicos da empresa Coca-Cola Company. Essa brutal diferença entre o patrimônio “real” da empresa e aquilo que o mercado atribui a ela (sua capitalização de mercado) é um dos fatos econômicos mais espetaculares do mundo dos negócios em todos os tempos. O apelo emocional da marca Coca-Cola nada tem de abstrato e chegou, recentemente, a 167 bilhões de dólares.”

Outro fator predominante sobre a marca, é o seu apelo emocional. Podemos

verificar que as marcas estão impregnadas de emoção. Mas que retorno, estas emoções

podem dar a marca?

O que difere a marca de cigarro Free da marca de cigarro Marlboro? Fica explícito

nas campanhas realizadas pelo Free, com seu famoso conceito “Cada um na sua. Mas com

alguma coisa em comum”, a sensação de juventude descolada, independente e

individualista, que vê no cigarro Free uma boa alternativa de consumo. Já o Marlboro

possui a seu redor todo um conceito “country tradicionalista”, que é transmitido através do

seu slogan “Venha para o mundo de Marlboro” e por seu personagem ícone, o Cowboy.

5 SCHWARTZ, Evan. “Darwinismo digital: 7 estratégias inovadoras para sobreviver na implacável economia da web”. São Paulo, Makron Books, 2001.

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Outro bom exemplo, citado por José Martins no seu livro “A Natureza Emocional

da Marca”6, é o das motocicletas japonesas Honda, que nos anos 70 invadiram os Estados

Unidos e viraram líderes de mercado com seu apelo emocional para a velocidade e a

socialização.

A resposta da, até então ofuscada, Harley Davidson veio na década seguinte, com o

uso da rebeldia que as motocicletas transmitem. A queda da Honda aconteceu porque ela

trabalhou com a emoção do uso do produto, enquanto os fabricantes da Harley Davidson

utilizaram um conceito mais forte, trilhando o caminho da inspiração natural do produto,

que é acordar os consumidores para a emoção que as motocicletas transmitem. Com isto,

as vendas foram alavancadas e os consumidores tiveram até mesmo que aguardar em uma

lista de espera, para conseguirem adquirir sua Harley Davidson.

6 MARTINS, José. “A natureza emocional da marca”. Editora Negócio, 3ª edição, 1999. Página 28.

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1.2 O SURF COMO PODER DE MARCA

Atualmente o surf está imbuído em diversas marcas. Marcas que inicialmente não

teriam nenhuma relação com o surf, hoje se utilizam da sua imagem. De sabão em pó a

modelos de carros, batata frita, refrigerante e novelas. Há ondas para todos os gostos. Um

mundo sem fim que não se restringe ao mar. A “praia” do surf é bem maior. Hoje,

representa a cultura e os desejos de milhões de pessoas que buscam prazer e bem estar. A

apropriação dos termos e ícones desse “universo surfístico” sai da areia, chega ao asfalto e

aparece até na tela do milionário mercado cinematográfico hollywoodiano, em filmes

como Panteras 2 – Detonando. Neste filme, o ator brasileiro Rodrigo Santoro – que é

surfista nas horas vagas – fez sua estréia nas telonas norte-americanas.

Na televisão brasileira, não faltam cenas ambientadas no litoral, mostrando

manobras de jovens praticando surf. Na maior emissora do país, a Rede Globo, pranchas e

ondas marcam presença em várias produções há décadas, como a dupla Juba e Lula, do

seriado Armação Ilimitada. Mais recentemente, a série infanto-juvenil Malhação e a novela

“Como Uma Onda”, exibem o poder de sedução do conceito. Ainda na TV, mas durante

brakes comerciais, o público reencontra o surf em campanhas milionárias de publicidade,

estampando uma infinidade de produtos, como por exemplo a do refrigerante Pespi, onde

estrelas do futebol internacional aparecem em uma praia paradisíaca surfando7.

Tudo isso por quê? Porque o mercado publicitário e os meios de comunicação

sabem que o conceito do surf, com sua imagem positiva, é um importante aliado das

estratégias promocionais. Segundo Gustavo Siemsen, diretor de marketing da Pepsi e

surfista , “o surf mostra-se eficiente, conquistando ainda mais a confiança do público

jovem. Além disso, é o esporte que passa a maior sensação de frescor, o que é muito bom

para um produto como a Pepsi”.8

A marca de refrigerantes é apenas mais um caso entre milhares de exemplos.

7 Site http://www.meioemensagem.com.br/projmmdir/novo/portfolio_ficha_geral.jsp?idempresa=3021, acessado em 4/6/06. 8 Revista Exame s/a. – Edição n.º 841 – Página 67.

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Além de ser caracterizado como um esporte saudável e diretamente ligado à

natureza, o surf representa uma atitude jovem. Vale lembrar que o sentido da palavra

“jovem” está ligado a um estado de espírito e não somente a um período da vida, como por

exemplo a adolescência. Dos comerciais de calçados, como o da Havaianas, que utilizou a

música “Como uma Onda no Mar”, aos fabricantes de cerveja, que sempre recorrem ao

conjunto “praia, mar, ondas e gente bonita” como estratégia para vender mais, o surf

destaca-se como um segmento cada vez mais democrático.

De acordo com Siemsen, “o consumidor vê o mundo do surf como algo que aspira e

se projeta”9. As novas campanhas estão cada vez melhores, mais realistas e cada vez mais

abrangentes. Para se ter idéia dos diferentes segmentos de mercado que pegam essa

“onda” do conceito do surf, vemos a poderosa marca Ruffles que se auto-intitula como “a

batata da onda”. Outro exemplo conhecido do mercado brasileiro é o sabão em pó Surf.

A indústria automobilística também já recorreu algumas vezes a “onda” do surf. A

Volkswagen lançou o “Saveiro Super Surf”10, fazendo uma associação com o Super Surf,

principal circuito nacional de surf profissional, que possui etapas na Praia do Rosa (SC),

em Maresias (SP), em Saquarema (RJ), na Costa do Sauípe (BA) e em Ubatuba (SP).

A Peugeot lançou as versões “Quicksilver” de seus modelos 106 e 206, associando

sua imagem com a da multinacional de surfwear Quicksilver11. No comercial para

televisão, um homem aparentemente estressado entra no carro e é imediatamente

transportado para uma praia paradisíaca, com direito a prancha Quicksilver e um mar

fabuloso.

A General Motors (GM) e a Editora Peixes associaram suas marcas para o

lançamento do novo modelo de automóvel, o Chevrolet Montana Fluir12. O veículo segue a

mesma linha estabelecida pela fabricante para o lançamento do modelo Celta off-road e

disponibiliza um "kit" para transformação do carro que será vendido nas concessionárias e

9 Revista Exame s/a. – Edição n.º 841 – Página 67. 10 Site http://www.vw.com.br/default.asp?turl=%2Fautomoveis%2Fsaveiro%2FDefault%2Easp%3F, acessado em 4/6/06. 11 Site http://carros.uol.com.br/icarros/noticias/noticia.jsp?id=323, acessado em 4/6/06. 12 Site http://www.chevrolet.com.br/montana/index.shtm, acessado em 4/6/06.

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poderá equipar qualquer versão da Montana. Além disso, o proprietário ainda ganha uma

assinatura da revista Fluir, voltada para os praticantes do surf. E o carro ainda traz um guia

com as praias de melhores ondas do Brasil.

Outro anunciante que incrementou sua campanha com o surf, foi o Banco Itaú. O

conceito “Feito para você” foi utilizado na campanha institucional de 60 anos do Itaú,

criada pela agência África. Uma das peças desenvolvidas era um outdoor com aplicação,

simulando a parte de baixo de uma prancha, onde havia o texto: “Surfistas. O Itaú foi feito

para vocês.”13 O Itaú foi eleito o anunciante do ano de 2004 com essa campanha14. Mais

um ponto positivo para o conceito surf.

Outro segmento de mercado que também utiliza o surf, é a operadora de telefonia

móvel Oi. O Oi Surf Bus Beach Tour15 é o nome oficial, mas a linha de ônibus é

conhecida mesmo como o Oi Surf Bus. O roteiro vai do Largo do Machado, no bairro do

Catete, perto de Botafogo, ao Mirante da Prainha, beirando as praias de Copacabana,

Ipanema, Leblon, São Conrado, Barra, Recreio dos Bandeirantes e Macumba. São 50

quilômetros, quase todos à beira-mar. O ônibus é um Mercedes transformado para levar as

pranchas e conta com som ambiente, DVD, vídeo e televisão de 29 polegadas onde são

exibidos filmes de surf ou clipes de artistas nacionais e estrangeiros. Tem ainda frigobar e

armário com cordinha, parafina e raspador disponíveis para os usuários. Carrega 30

passageiros sentados aos cuidados de um guia bilíngüe.

Das ondas de muitos pés às prateleiras de supermercado e TV, a força do “swell” é

incontestável. Mas o que leva as pessoas a utilizarem o conceito do surf em suas marcas?

Segundo a teoria dos arquétipos emocionais16, do publicitário e escritor José Martins,

vemos que:

“Os arquétipos emocionais são padrões comuns a toda cultura humana. Podem ser percebidos como estados de espíritos ou formas de percepção do mundo. Os arquétipos são elementos simbólicos que resgatam estados de espíritos comuns a todos nós, possibilitando um trabalho de criação com objetivos definidos.”(página 37)

13 Site http://www.brainstorm9.com.br/arquivo_antigo/outubro2003.htm, acessado em 4/6/06. 14 Site http://www.forbesonline.com.br/Edicoes/112/artigo8501-2.asp, acessado em 4/6/06. 15 Site http://www.fetranspor.com.br/revista19_veiculo.htm, acessado em 4/6/06. 16 MARTINS, José. “A Natureza emocional da marca”. São Paulo, Negócio Editora, 1999.

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Dando continuidade ao raciocínio, verificamos que a maioria das marcas de

surfwear se enquadra no arquétipo definido como “Socialização”.

“É o desejo de fazer parte dos grupos a seu redor. O pré-adolescente, por exemplo, tem a necessidade de se integrar: meninos e meninas dessa faixa etária vestem-se da mesma maneira que seus amigos, têm os mesmos passatempos, os mesmos hobbies. Eles buscam o prazer de chegar a um lugar e ser aceito pelos outros. Querem saber das coisas, estar por dentro de tudo e ampliar seu mundo na praia, no colégio, no camping, na rua, na aventura. (...)” (página 60)

Como o surf, que é um estilo de vida, está associado a essas emoções, não só a

indústria de surfwear, mas os mais variados produtos que desejarem ter seu produto ou

serviço associado a essas emoções, se utilizam do estilo surf de ser.

E assim também ocorre pelo ponto de vista do consumidor que não é praticante do

surf, que utiliza os produtos e serviços associados ao surf, não para ficar parecido com um

surfista, mas sim para obter as mesmas “emoções” que um surfista.

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Vemos que segundo José Martins para os consumidores deste arquétipo é

importante estar integrado com o seu grupo:

“A escolha de produtos no arquétipo Socialização se dá pela marca que todos usam. É o desejo de homogeneização com uma grande satisfação para a pessoa que faz parte do grupo.” (página 62)

Podemos considerar também que estar agregado ao grupo não é exclusividade dos

consumidores deste arquétipo. Verificamos que outros autores consideram a

homogeneização das pessoas, para sentirem-se inclusos em uma determinada “tribo”, um

fato comum a todos.

Para Michel Mafessoli, as sociedades de massa acabaram com o individualismo.

“Nesses tempos em que é de bom-tom falar sobre individualismo, quando é difícil questionar esse pensamento convencional, não é inútil lembrar a evidência empírica da imitação furiosa, desse instinto animal que nos impulsiona em geral a “fazer como os outros”.17

17 MAFFESOLI, Michel. “O tempo das tribos, Editora Forense Universitária”, 2ª edição, página 07.

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Pelos estudos do sociólogo alemão George Simmel, isso também ocorre com todos

os indivíduos.

“O indivíduo se sente conduzido pelo ambiente palpitante das massas como que por uma força exterior, indiferente ao seu ser ou à sua vontade individuais. Mesmo que, contudo, esta massa seja constituída exclusivamente de tais indivíduos.”18

18 SIMMEL,Geog. “Sociologie et épistémologie”, Editora P.U.F., 1ª edição, página 116.

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1.3 MARCAS DE SURFWEAR

Conhecemos muitas marcas de surfwear que hoje estão consolidadas no mercado. O

que muitas vezes não conhecemos é como elas chegaram ao topo. Um exemplo de

empreendedorismo são os irmãos argentinos Fernando e Santiago Aguerre, fundadores da

Reef no ano de 1984. A Reef é o resultado de um sonho destes dois irmãos apaixonados

por esportes que utilizam pranchas, como surf, skate, snowboarding e wakeboard.

Utilizando o espírito que cerca estes esportes, os irmãos Aguerre fizeram desta ideologia

de vida o conceito que é até hoje utilizado na marca. Eles tiveram envolvimento com o surf

através da realização de campeonatos e chegaram até a abrir uma surfshop na Argentina,

em 1970. Com o decorrer do tempo, e das solicitações dos clientes, eles concluíram que

havia uma lacuna em branco na sua loja. Não havia uma marca de chinelos que atendesse

as exigências dos surfistas. Ficaram obstinados pela oportunidade de mercado e resolveram

investir neste sonho.

Segundo o site Terra19, eles mudaram-se em 1984 para San Diego, Califórnia, e

unindo a experiência de mercado que já possuíam fundaram a Reef, empresa dedicada a

produzir chinelos para pessoas familiarizadas com o estilo de vida do surf. Tiveram um

início modesto, vendendo apenas três mil pares de chinelos no ano de sua fundação. Mas

com o passar dos anos, a marca cresceu e é hoje uma das principais marcas de calçado no

segmento surfwear. Mesmo com todo o crescimento, a Reef continua tendo o engajamento

que sempre teve em relação ao surf, pois realiza campeonatos de surf e skate, patrocina

eventos relacionados aos esportes e tem ainda um dezena de atletas espalhados por todo o

mundo.

Outra marca que possui algumas curiosidades é a Mormaii, que segundo o seu

próprio site20, teve seu início em uma manhã fria de 1974, quando o médico Marco Aurélio

Raymundo sentiu que a água gelada prejudicava o seu desempenho na prática do surf. A

19 Site www.waves.terra.com.br/reef/layout4.asp?id=11571&sessao=comp_wqs_reef, acessado em 4/6/06. 20 Site http://www.mormaii.com.br/_pt/historia.php, acessado em 4/6/06.

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praia era Garopaba, no Sul do Brasil, onde o médico se instalou para exercer seu ofício no

posto de saúde local.

Nos momentos ociosos, Marco desenvolvia e costurava suas próprias roupas de

borracha. Não demorou a fazer algumas para presentear os amigos e logo instalou uma

pequena fábrica na garagem de sua casa. De acordo com o seu site21, começava aí a

história da maior fábrica de roupas de neoprene da América Latina, onde hoje foram

construídos 6.000 m² de modernas instalações na entrada de Garopaba, projetados e

adquiridos equipamentos de última geração e desenvolvida uma estrutura operacional

dinâmica, que permitiu à empresa enfrentar com sucesso a concorrência dos fabricantes

internacionais e que hoje conta com mais de 150 funcionários só em sua fábrica e algumas

centenas de funcionários integrando uma rede de 25 lojas franqueadas e 37 fabricantes

licenciados em vários pontos do planeta.

Com um crescimento médio acima de 40% nos últimos 4 anos, a Mormaii tornou-

se a maior fabricante brasileira de confecções e produtos ligados ao mundo das águas.

Neste mix, destacam-se os wetsuits graças a um trabalho pioneiro. É uma marca brasileira

ganhando cada vez mais reconhecimento, inclusive trazendo prêmios para o país como o

melhor wetsuit mundial pela revista inglesa Wavelength e a classificação dos modelos de

óculos Mormaii no Fórum de Tendências do Silmo, na França. A empresa atualmente

exporta produtos para vários países e amplia continuamente seu campo de atuação nas

áreas de confecções e acessórios esportivos.

Outra marca de sucesso com a mídia e com os seus inúmeros parceiros é a Osklen.

Segundo o site da própria Osklen22, no ano de 1986, Oskar Metsavaht cria e testa o

primeiro casaco, feito artesanalmente, em uma expedição ao Monte Aconcágua

(Argentina). Aprovado pela qualidade técnica, começa a ser produzido para alguns poucos

amigos esquiadores e alpinistas. Em 1988, é criada a marca Osklen, com uma logo que se

21 Site http://www.mormaii.com.br/_pt/mormaii.php, acessado em 4/6/06. 22 Site www.osklen.com, acessado em 4/6/06.

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destaca por seu design e por uma estética clean, moderna e esportiva. É aberta a primeira

loja, no ano de 1989, em Búzios (RJ) e surge aí a primeira coleção de verão.

Em 1991, é inaugurada no Shopping Fashion Mall de São Conrado a primeira loja

no município carioca. Surge o conceito Osklen Sportswear, que acompanha as tendências

internacionais dos anos 90 de esportes de ação e aventura. O snowboard passa a fazer parte

do dia-a-dia da marca. Tem início a formação do conceito de "família Osklen”, onde a

experiência de cada um é importante para o desenvolvimento de novos produtos, idéias e

design. Esportistas, aventureiros, artistas plásticos, fotógrafos e designers identificam-se

com esta nova proposta. No ano seguinte, é realizado o primeiro desfile da marca, no

Copacabana Palace (RJ). O estilo da Osklen e uma coleção de moda de vanguarda fazem

com que os jornalistas a elejam vencedora do prêmio Rio Sul de Moda, na categoria

“Sportswear”, superando marcas já consagradas.

No ano de 1995 é realizada uma expedição ao vulcão Pucón, no Chile, primeira

etapa da trilogia “Surfing the Mountains”, projeto em que os irmãos Oskar e Leonardo

Metsavaht vão às melhores montanhas do mundo para a prática do snowboard. Em 1996

cria-se um novo conceito de estilo - boarding. Após uma viagem ao Tahiti, a Osklen

lança uma linha de bermudas de surfe com os tradicionais hibiscos da região. É lançada,

também, uma linha de casacos com o estilo de vanguarda do snowboard, ambas com

tecidos e construção específicas para uma melhor performance esportiva. Desde então, a

Osklen vem criando diversas linhas e coleções, misturando tendências mundiais de moda

ao estilo de vida brasileiro.

Em 1997 foi feita a primeira parceria da Osklen. Oskar Metsavaht, em parceria com

a Chrysler Brasil, desenvolve o Jeep Cherokee Osklen Series em duas versões: o modelo

Adventure, para esportes de montanha, e o Boarding, para os de praia. É criada a Terras de

Aventura Produções, especializada em documentários, eventos e projetos especiais focados

em moda, comportamento jovem, esportes e meio ambiente. A produtora torna-se a

responsável pelos desfiles e expedições da marca.

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Em 1999 é lançada a linha feminina com produtos nos recém-criados segmentos

“Fashion”, “Jeans”, “Adventure”, “Sports” e “Boarding”. Os conceitos “Brazilian Soul” e

“Cool and Brazilian” - que tão bem caracterizam o espírito da marca - ganham as

passarelas. Realizada a 2ª etapa da trilogia “Surfing the Mountains”. Agora, os irmãos

Metsavaht descem as montanhas geladas do Alaska em expedição que dá origem ao

documentário “Alaska – Surfing the Mountains”. O ano de 2000 foi marcante, pois há uma

expansão da marca que passa a atuar em mercados diversificados, como São Paulo, Belo

Horizonte, Salvador e Brasília. É lançado o site oficial. Com isso, a Osklen entra na era

digital, expande horizontes e proporciona maior integração com atletas, clientes e

parceiros.

Em 2001 foi inaugurada a primeira flagship store da marca, em Ipanema (RJ). No

projeto arquitetônico da loja interagem os conceitos “Brazilian Soul”, “Cool and Brazilian”

e a filosofia de trabalho “Better life in the new millennium”, que orientam as ações e

parcerias da marca. Ainda neste ano, a Osklen é escolhida pela Coca-Cola Company

(Atlanta – EUA) e pela Andy Warhol Foundation (AWF), através de uma pesquisa na

América Latina, para reinterpretar o trabalho do artista plástico norte-americano em uma

coleção exclusiva e inédita para o verão 2002. Desde então, peças dessa coleção integram o

acervo da AWF.

Em junho de 2002, Oskar Metsavaht, junto com biólogos e ambientalistas, lança o

movimento e-brigade, de conscientização ambiental, através de um projeto de educação e

comunicação multimídia. Passa a desenvolver, em parceria com a Osklen, as linhas de

produtos e-brigade. Paralelamente, Oskar é convidado para apadrinhar o lançamento do

tênis Amigos da Escola, ação educacional da Rede Globo de Televisão. Nesse mesmo ano,

cria o projeto Osklen Music, plataforma de lançamento de selos e fonogramas que

traduzam musicalmente o lifestyle comunicado pela marca. Em parceria com a Sony, lança

o primeiro CD – Brazilian Lounge. Amplia-se o processo de internacionalização da marca,

com a abertura de uma flagship store na região do Chiado, Lisboa (Portugal), a primeira de

uma série de lojas a serem abertas naquele país.

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No ano de 2003, a Osklen troca as passarelas do Rio de Janeiro pelas do São Paulo

Fashion Week, integrando agora o grupo de grandes marcas presentes em um dos mais

importantes eventos de moda da América Latina. Junto com a Osklen Music, é convidada

pela EMI para o lançamento nacional do mais novo álbum de Ben Harper, Diamonds on

the inside, em conjunto com a coleção de inverno Surfing the mountains. Oskar Metsavaht

também é homenageado pela Boutique Cartier, que faz uma reverência ao empresário no

lançamento do relógio Roadster Chronographe. Ele é escolhido pela joalheria em Paris

para representar, no Brasil, o estilo “livre e aventureiro” do novo modelo. Ainda em 2003,

Oskar Metsavaht é nomeado diretor da Associação de Empreendedores Amigos da

UNESCO e lança, em parceria com a organização, uma linha de camisetas celebrando a

Década Internacional da Promoção da Cultura de Paz e Não-Violência (2001-2010). Em

paralelo, o trabalho de Oskar Metsavaht é reconhecido pelo jornal O Globo com o prêmio

“Faz Diferença”.

Já em 2004, a Osklen continua construindo parcerias importantes com

personalidades, marcas e empresas que compartilham dos mesmos ideais que os seus. Com

a Tetrapak, desenvolve um plano de comunicação dirigida e alternativa para divulgação da

embalagem Tetra Prisma junto aos jovens formadores de opinião. Destaque dessa parceria

é a criação da edição limitada da água de coco Brazilian Soul Tetra Prisma. Ainda no ano

de 2004, a trilha sonora da coleção SK Urban Vehicle – Jane’s Addiction - é gentilmente

cedida pela EMI e, em parceria com a Osklen, alvo de ações promocionais. Ainda neste

ano, Oskar é convidado pela H. Stern para conceituar e estilizar uma linha esportiva

chamada Sfera Arpoador. Patrocinadora oficial da SPFW, a Vivo convida a Osklen para

desenvolver a coleção de verão desfilada na abertura da semana de moda por tops

internacionais, como Ana Hickman e Naomi Campbell. No segundo semestre desse ano, a

Osklen faz sua estréia na televisão com uma campanha publicitária na MTV e encerra o

ano com 33 lojas no Brasil e 2 em Portugal.

No ano de 2005, surge a primeira loja da rede dentro do conceito Royal Label, no

shopping Rio Sul (RJ). Dando continuidade à parceria com a Tetra Pak, é lançada, na

coleção de inverno Austral, a edição limitada e exclusiva do suco de maracujá Brazilian

Soul. Para a edição de Verão do SPFW são lançados 2 modelos de camisetas femininas da

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campanha “O Câncer de Mama no Alvo da Moda”, uma edição especial para o São Paulo

Fashion Week, assinadas por Oskar Metsavaht.

Em 2006 é lançada a coleção de alto verão inspirada na primeira edição do projeto

Brazilian Soul, realizada em parceria com o Guaraná Antártica (Ambev). Neste mesmo

ano, os irmãos Metsavaht realizam a última etapa da trilogia “Surfing the Mountains”.

Desta vez, o desafio foi explorar as montanhas sagradas do Himalaia, tema principal da

coleção de inverno 2006. Seguindo o processo de expansão internacional, a Osklen abre

flagship stores em Milão e Genebra, totalizando 34 lojas no Brasil e 4 na Europa.

Verificamos com isso, que as marcas de surfwear brasileiras possuem grande

potencial, tanto para o mercado interno quanto para o mercado externo. Verificamos

também, que criatividade e ousadia são quase uma marca registrada das marcas surfwear

tupiniquins.

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SURFWEAR: A MARCA QUE VIROU ESTILO DE VIDA.

CAPÍTULO 2

SURFWEAR

RIO DE JA�EIRO

2009

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2.1 FETICHISMO

O conceito de fetichismo teve sua origem com Karl Marx23, que considerava o fato

de que com a universalização da produção de mercadoria, as relações sociais entraram em

extinção, pois foram substituídas pelas relações de troca entre as diferentes mercadorias. E

assim, com a substituição das relações sociais dos indivíduos sendo substituída pelas

relações de troca de mercadoria, ou simplesmente relações sociais de coisas, as coisas

tornaram-se seres vivos, já que haviam obtido entre elas características antes restritas a

seres vivos.

E este fenômeno também tem outra particularidade, que é o falecimento da

consciência do produto do trabalho, levando a crer que quanto mais as coisas forem

pensadas como simples mercadorias, mais evidente fica o fetichismo. Marx via este

fenômeno como decorrente do capitalismo.

Esse conceito também foi muito difundido por Theodor Adorno, nascido em

Frankfurt, Alemanha, no ano de 1903. Ele formou-se em filosofia e trabalhava também

como sociólogo, musicólogo e compositor. Em parceria com Max Horkheimer, nascido no

ano de 1985, em Stuttgart, Alemanha, foi professor, filósofo e sociólogo. Juntos fundaram

e participaram da Escola de Frankfurt.

Segundo o site do Centro Cultural Brasil-Alemanha24, a Escola de Frankfurt era

uma escola de pensamento social e filosófico que elaborou severas críticas sociais e quanto

as formas de comunicação. O grupo teve sua gênese no Instituto para Pesquisa Social da

Universidade de Frankfurt no ano de 1923. Tiveram origens ali, conceitos até hoje

estudados como a Teoria Crítica e a Indústria Cultural.

Segundo o site da Escola de Comunicação da UFRJ25, a Teoria Crítica é uma teoria

sociológica que se opõe aos conceitos da Teoria Funcionalista, elaborada por Harold

Lasswell, americano, psicólogo e pesquisador político e social. A diferença marcante entre

23 MARX, Karl. “O Capital”. São Paulo, Abril Cultural, 1987. 24 Site http://www.ccba.com.br/asp/cultura_texto.asp?idtexto=41, acessado em 4/6/06. 25 Site http://www.eco.ufrj.br/semiosfera/anteriores/semiosfera01/representacao/txtsimb3.htm, acessado em 4/6/06.

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as duas é que enquanto a Teoria Funcionalista utilizava o clássico “quem diz o quê a quem,

por que canal e com que efeito”, privilegiando somente a razão por meio destas perguntas

que se referiam, principalmente, ao poder político dos meios e dos conteúdos do que era

transmitido, a Teoria Crítica se propôs a esclarecer no campo teórico, as ações de

dominação social, para evitar que tais dominações surgissem no mundo real.

A Escola de Frankfurt fazia oposição ao Funcionalismo dizendo que a razão era um

elemento de conformismo e manutenção da população manipulada. Baseado nisso,

utilizam a dialética - tese, a antítese e a síntese - para fazer reflexões mais amplas sobre a

sociedade.

Outro ponto de desafeto entre eles eram os conteúdos dos meios de comunicação.

Os Funcionalistas acreditavam que a Cultura de Massa, onde a programação dos meios de

comunicação de massa era feita pela população, com conteúdo voltado para a massa. Já os

Críticos diziam que o próprio termo “Cultura de Massa” era uma farsa, pois não havia uma

massa homogênea que pudesse apreciar plenamente o conteúdo produzido por ela.

Além da cultura de massa ocultar qualquer espécie de postura crítica, fazendo dela

uma proposta vazia e desvalorizada pelos críticos. Eles utilizavam o conceito de Indústria

Cultural, refletindo que os consumidores são diferentes entre si e livres para escolherem o

produto que lhes parecer mais atrativo. E consideram também que os termos “popular” e

“popularizado” são completamente diferentes e independentes, pois o grau de aceitação de

um, não depende mais da classe de origem do outro, visto que um produto pode ser popular

e não ser popularizado, como também pode ser popularizado e não ser popular.

No livro Dialética do Iluminismo, escrito por Adorno e Horkheimer, os teóricos

utilizaram os termos fetiche, originalmente criado por Karl Marx, e reificação. O fetiche,

como sintetiza Celso Pedro Luft26, no seu livro Romance das Palavras: "Era português

(feitiço), fez-se africano, afrancesou-se (fétiche) e voltou ao português: fetiche. É o que se

chama palavra de torna-viagem".

26 LUFT, Celso Pedro. “O romance das palavras”. São Paulo, Editora Ática, 1996.

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O fetiche é um fenômeno que ocorre pelo qual o que é morto aparece como o que é

vivo. Já a reificação é o seu oposto, onde o que é vivo se comporta como morto. Assim,

uma calça, que é um objeto inanimado, onde existe a possibilidade de ser cortada para que

sirva em nós, seres vivos, se fetichiza criando vida e nos comandando, exigindo que nós

adaptemos o nosso corpo através de dieta, ginástica ou operação, para que nós possamos

servir a ela. O morto comanda o vivo. Outro exemplo, é o do surfista que procura na

internet, qual praia está com o tamanho das ondas ideais para a sua prancha nova, ao invés

de checar qual prancha deve usar, para o mar onde ele quer surfar.

Na atualidade, é comum verificarmos que os objetos se comportam como sujeitos,

enquanto todos os que eram os sujeitos, já viraram objetos.

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2.2 HISTÓRIA DO SURF

Como a maioria dos fatos históricos, existem diversas versões para explicar o

surgimento do surf. Onde surgiu o esporte, ninguém sabe exatamente. A teoria mais

difundida e que é bem explicada no site Terra27 é que o esporte teve seu primeiro relato

histórico feito pelo navegador James Cook nas ilhas do Havaí, no ano de 1778. Mas há

também relatos de que há mais de mil anos, o surf já era praticado nas ilhas Polinésias,

motivada pela cultura de subsistência local, a pesca.

A priori se acredita que o surf foi levado da Polinésia para o Havaí por um acidente

de navegação, pois na Polinésia já era praticado uma espécie de surf, só que com canoas,

que tinham a função de transportar pessoas para as partes mais fundas do oceano, tendo

como objetivo a pesca. Como as canoas eram pequenas e leves, quando chegavam ao

litoral, os nativos aproveitavam as forças das ondas e a utilizavam para irem deslizando até

a praia. Com essa prática, acabaram deixando de fazer isso por transporte e começaram a

fazer isso por esporte.

Nas ilhas havaianas, o surf começou a ser praticado por reis com pranchas de

madeira. Havia um verdadeiro ritual religioso, depois de escolhida a árvore a ser derrubada

para que se fizesse a prancha, colocava-se ao pé da árvore um peixe vermelho chamado

“kumu” e só então a árvore era cortada. Depois de arrancar a árvore, era feita uma oração e

enterrava-se o peixe entre suas raízes. Feito isso, começava o processo de modelagem na

madeira, onde se utilizavam as mais variadas ferramentas, como lascas de pedra e pedaços

de coral.

Tendo a forma desejada, as pranchas eram lixadas com um coral granulado

chamado de “pokaku ouna”, para que ficassem com um formato bem liso. Depois de

estarem bem lisas, aplicava-se um pigmento feito de raízes de uma árvore conhecida como

“hili”, para que a prancha ficasse com uma coloração negra. E depois utilizavam outros

materiais, para impermeabilizar a prancha.

27 Site http://360graus.terra.com.br/surf/default.asp?did=379&action=hist%C3%B3ria, acessado em 04/06/2006

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Uma curiosidade do surf, relatada no site MaryJane28 é que no ano de 1821,

missionários religiosos europeus, que queriam pregar a fé protestante nas ilhas havaianas,

consideraram a prática do esporte como imoral. Eles alegavam que os havaianos levavam

uma vida muito preguiçosa e tinham de trabalhar mais. O esporte ficou proibido por quase

100 anos, somente sendo praticado novamente em 1907.

De acordo com o site UOL29, no Havaí moderno, o surf teve como seu maior

divulgador a nível mundial o Duke Paoa Kahanamoku, havaiano nascido em 1890. Duke

foi recordista e ganhador da medalha olímpica de natação em 1912, nos jogos olímpicos de

Estocolmo, na Suécia. E quebrou o seu próprio recorde ganhando os jogos olímpicos da

Antuérpia, localizada na Bélgica, em 1920. Para onde quer que viajasse para competir na

natação, Duke levava sempre uma prancha, para que pudesse praticar o seu esporte do

coração. Com isso acabou inserindo a cultura do surf em lugares como a Austrália, a

Califórnia e diversos países na Europa. Sua luta pela expansão do surf e da cultura

havaiana mundo afora.

No Brasil, o surf só apareceu mais tarde, com turistas que traziam pranchas

havaianas, chamadas de “tábuas havaianas”. A primeira prancha nacional foi feita em

1938, pelos paulistas Osmar Gonçalves, João Roberto e Júlio Putz. Eles utilizaram como

base, uma revista americana que trazia as medidas e a madeira a ser usada. Segundo o site

Surfway30, ela pesava 80 kilos e tinha 3,6 metros de comprimento.

Segundo o site UOL31, foi em 1950 que os cariocas Jorge Grande, Bizão e Paulo

Preguiça construíram a primeira prancha de surf carioca. Eles foram inspirados por um

piloto comercial norte-americano, que trouxe consigo uma prancha havaiana.

Em 1963, George Bally e Arduíno Colassanti começaram a fabricar as primeiras

pranchas de isopor, já com as técnicas de envergadura que temos até hoje. Em 1964, no

28 Site http://www.maryjane.com.br/pags/index.asp?include=esporte&p_subTipoID=43&p_noticiaID=306, acessado em 4/6/06. 29 Site http://oradical.uol.com.br/surf/historiasurf.asp, acessado em 4/6/06. 30 Site http://www.surfway.com.br/link_longboard/legends.asp, acessado em 4/6/06. 31 Site http://www2.uol.com.br/tribodejah/centralreggae/colunasurf.htm, acessado em 4/6/06.

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Rio de Janeiro, Mário Bração e Irencir ficaram amigos do australiano Peter Troy, que

trouxe de seu país natal, técnicas de fabricação de pranchas ainda nunca vistas no Brasil.

A primeira fábrica de pranchas do Brasil foi a São Conrado Surfboard, criada no

ano de 1965 e localizada na praia de São Conrado, no Rio de Janeiro. Seu fundador, o

Parreiras, exportou do aeromodelismo uma técnica de colar a longarina (pedaço fino de

madeira que fica no meio da prancha) com a curva desejada, usando o calor para cortar o

isopor. A técnica utilizada por Parreiras foi logo utilizada em São Paulo por Homero,

Eduardo Faggiano, Nelsinho e Lagartixa.

Em 1967, Parreiras trás de sua viagem ao Havaí, a primeira plaina Skill,

substituindo os raladores de coco utilizados até então. E também trouxe consigo toda a

técnica de shapear que tinha aprendido com os havaianos. Em 1969, Parreiras inova mais

uma vez, comprando o poliuretano branco importado, fabricado pela Clark Foam32.

Ainda em 1969, Homero cria a primeira fábrica de pranchas de São Paulo e começa

a comprar os blocos de poliuretano branco Clark Foam do carioca Parreiras. Com um

espírito mais empreendedor, ele ganha destaque nacional com a criação da primeira

máquina de fazer pranchas do Brasil. E ganha respeito por inovar com a certificação de que

suas pranchas tinham 1 ano de garantia.

Em 1970, o surf começou a ter destaque nacional, mas a moda da época era o de

fabricar a sua própria prancha. Assim, os que fizeram as melhores pranchas para si

acabaram também fazendo pranchas para os amigos. Nesta época surgiram no Rio de

Janeiro nomes como Ricardo Bocão, Betão, Pepê Lopes, Jorge Pritman, Lype Dylong,

Daniel Friedman, Ricardo Bravo, e mais tarde Heinrich Reinhard, Heitor Fernandes, Italo

Marcelo, Gustavo Kronig e Victor Vasconcelos entre outros.

32 Clark Foam – Fábrica californiana de blocos de pranchas de surf.

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E com o passar do tempo, o surf foi sendo cada vez mais difundido no Brasil e no

mundo. Hoje, o esporte é praticado por milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo o

site Terra33, só no Brasil, são mais dois milhões de praticantes, perdendo em número de

participantes, apenas para o futebol.

33 Site http://waves.terra.com.br/surfbeach/layout4.asp?id=16760&sessao=surfbeach, acessado em 4/6/06.

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2.3 MODA SURFWEAR

A moda surfwear está em alta nos quatro cantos do planeta e este fato também se

reflete nos números da indústria brasileira de surfwear.

Como pode ser visto na revista Veja Rio34, no ano de 2001 a marca australiana

Billabong estruturou sua fábrica em São Paulo. No ano seguinte, foi a vez da sua

conterrânea Rip Curl e da grife norte-americana Quicksilver aterrisarem em solo

tupiniquim.

Com o aumento do número de praticantes, até mesmo em um segmento tão restrito

e pouco explorado como a moda surfwear feminina, hoje é responsável por boa parte da

verba das indústrias.

Segundo entrevista de Luiz Porto, presidente da Rip Curl na América Latina,

fornecida a revista Veja Rio35, “A linha feminina representa 30% do negócio da Rip Curl

no Brasil. É o segmento que mais cresce, tanto em roupas como em equipamentos”.

Segundo dados retirados do site da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de

Confecções36 o surfwear nacional movimenta atualmente R$ 2,5 bilhões e representa 15%

da indústria têxtil nacional.

E percebemos que o mercado surfwear cresce cada vez mais. A “Surf & Beach

Show 2005”, realizada no Centro de Exposições Imigrantes (SP), é o maior evento do

segmento de surfwear, streetwear e moda praia da América Latina e contou com três

desfiles diários, apresentando os principais lançamentos para o verão 2006 das 60 marcas

expositoras. Segundo o site Terra37, o evento registrou cerca de 40 mil visitantes e

negócios da ordem de R$230 milhões.

34 Revista Veja Rio, Edição de 18 de dezembro/2005 - página 12. 35 Revista Veja Rio, Edição de 18 de dezembro/2005 - página 14. 36 Site http://www.abit.org.br/content/noticia/noticia.asp?nCodNoticia=1414, acessado em 4/6/06. 37 Site http://waves.terra.com.br/surfbeach/layout4.asp?id=16760&sessao=surfbeach,acessado em 4/6/06.

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Cecília Andrade, diretora da empresa responsável pela organização da “Surf &

Beach Show 2005”, declara ao site Terra38: “Este ano recebemos um maior número de

compradores internacionais, principalmente dos Estados Unidos. Entre eles Bob Abdel,

dono de uma das maiores redes de surfshops mundiais, a Jack’s Surf Shop. Bob Abdel

ficou impressionado com o profissionalismo do mercado brasileiro e aposta no sucesso

cada vez maior do surfwear brasileiro no mercado internacional.”

Isso garantiu ao Brasil um espaço exclusivo e totalmente personalizado para as

marcas brasileiras na “Surf Expo”, que é considerada a mais importante do segmento

surfwear no mundo. A feira acontece em Orlando, nos Estados Unidos e vai contar com a

participação de 2,3 mil expositores.

Segundo o site Terra39, Peter Townend, representante da “Surf Expo” acredita que:

“O surfwear norte-americano é branco, o brasileiro é colorido”. E faz uma referência à

audácia e à criatividade da moda brasileira: “A diversividade e energia brasileiras são hoje

manchetes nos jornais norte-americanos, por isso essa é a hora de se apresentar de forma

coletiva, vender o Brasil como produto e assim criar grande impacto”.

38 Site http://waves.terra.com.br/surfbeach/layout4.asp?id=16760&sessao=surfbeach,acessado em 4/6/06. 39 Site http://waves.terra.com.br/surfbeach/layout4.asp?id=16760&sessao=surfbeach,acessado em 4/6/06.

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SURFWEAR: A MARCA QUE VIROU ESTILO DE VIDA.

CAPÍTULO 3

E�TREVISTAS E CO�CLUSÃO

RIO DE JA�EIRO

2009

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3.1 RAPHAEL LOURETTI – USA SURFWEAR E PRATICA SURF

Entrevistamos o professor de educação física e terapeuta Raphael Louretti, que nos

ajudou bastante a compreender a mente do surfista brasileiro.

Raphael é um típico heavy user do surf, alternando seu tempo entre a prática do

surf, as aulas ministradas em diversas academias e as sessões de shiatsu realizadas por ele.

Praticante veterano do esporte, começou a surfar aos 12 anos de idade. Hoje

Raphael é usuário das roupas surfwear, mas nem sempre foi assim. Quando começou a

praticar o esporte ainda era muito novo e como não possuía autonomia para escolher suas

próprias roupas, utilizava o vestuário que era decidido por sua mãe. Mas os anos passaram

e isso mudou: “Conforme eu fui crescendo, e me envolvendo com o esporte e me

entrosando com a tribo do surf, comecei a me identificar e a integração com esta tribo me

fez escolher esse tipo de roupas.” E mudou bastante, pois quando questionado sobre a

freqüência que utiliza atualmente surfwear, não titubeou: “Diariamente.”

Sabendo da freqüência de uso, fica a pergunta sobre o porquê do uso das roupas

surfwear. E ele nos explica: “Porque o estilo reflete bem a minha personalidade e a minha

personalidade se encaixa bem no estilo surfwear. Eu me sinto bem usando estas roupas.

Me sinto livre, me sinto bem a vontade, me sinto bem representado e bem trajado usando

uma marca de surfwear. É uma roupa que parece ter uma corte anatômico que te deixa

bem a vontade dentro dela.”

Ao ser questionado se essa sensação de liberdade desaparecia ao usar algo mais

formal, ele nos responde quase que por um impulso: “Some. Desaparece por completo. Eu

me sinto um peixe fora d’água. É como se eu pegasse uma roupa de alguém do século

passado e colocasse no meu corpo, sem ficar nem um pouco a vontade.”

Para que não restassem dúvidas sobre a sensação de liberdade, indagamos se ela era

proporcionada apenas pela costura e o tecido moderno, ou se era refletida também pela

própria natureza da marca surfwear: “Ambos os casos. Porque eu já estou tão acostumado

a essa sensação de liberdade, que as peças surfwear me proporcionam, que quando eu uso

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uma coisa diferente, com um corte diferente, elas me fazem sentir uma grande diferença e

isso acaba me impedindo de ter essa sensação de bem-estar, de liberdade que uma peça de

surfwear iria me proporcionar.” Concluímos que o uso de surfwear está tão incluso no seu

cotidiano do usuário, que ele está tão acostumado com isso, que ao retirarmos dele esta

sensação, ocorre o fenômeno inverso, o sentimento de incômodo.

Quando entramos na questão do preconceito em relação aos usuários de surfwear,

da reação das pessoas que o cercam, se o olham de forma diferenciada, ele limitou-se a

responder: “Eu nunca parei para reparar nisso não.” Pudera, ele seria capaz de contar nos

dedos as ocasiões recentes onde usou algo que não era surfwear. Mas depois prosseguiu:

“Algumas pessoas, principalmente as mais antigas, ainda são muito preconceituosas.

Porque o surf antigamente era taxado de esporte marginal, quem surfava era vagabundo,

drogado, bandido e muita gente ainda tem esse pensamento. Mas essa idéia, atualmente,

já diminuiu muito mediante a atuação de muitos surfistas brasileiros no circuito mundial.

A mídia, principalmente a Globo, dando um enfoque positivo em relação ao surf, outros

canais especializados como Sportv e ESP0. Então é surf toda hora na televisão, na capa

do jornal, nas revistas e novelas abordando personagens surfistas, isso conseguiu fazer

com que muitas pessoas aceitassem o surf como uma atividade saudável.”

E ainda na questão do preconceito, nos surpreendeu relatando a existência de um

preconceito interno entre os surfistas: “Mas entre a tribo do surf, se você não estiver

usando uma roupa surfwear, as vezes algumas pessoas podem ter um certo preconceito.

Enquanto outras pessoas não ligam para isso. Muito levam isso em consideração e são

preconceituosos. 0ão sei se isso é coisa de uma minoria ou de uma maioria. Mas quem

realmente te conhece e sabe quem você é, já te viu pegando onda, ele sabe o que você tem

dentro do teu coração, o que você tem no seu sangue, então ele sabe se o teu espírito é o

espírito do surfista ou não é. 0ão vai ser uma roupa que vai dizer. 0ão é só porque ele

está usando surfwear, que ele é um surfista. Agora o cara pode usar uma bermuda da

C&A e todos que olharem para ele conseguirão ver que ele é um surfista, porque o surfista

tem isso no estilo dele, ele sabe representar bem isso.” Com isso, ele frisou que usar

surfwear é bacana sim, mas essa sensação de liberdade proporcionada pela roupa, só é

completa quando utilizada junto com a pratica do esporte.

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Após citarmos todo esse modismo que cerca o surf, resolvemos questioná-lo se esta

“onda” era passageira ou não. Ele teve uma opinião quase apocalíptica: “A mídia tem esse

poder de manipular a mente das pessoas. Então se ela hoje expõe o surfwear como um

modismo, muitas pessoas vão aderir ao surfwear. E só você parar em uma praia que tenha

uma escolinha de surf e observar. Muitas garotas e garotos, de diferentes idades, adultos e

até mesmo pessoas com mais idade, idosos que começam a praticar o surf muito pelo

modismo. Compram prancha, vão à praia e começam a entrar na água, levam alguns

“caldos” e desistem, pensando que não nasceram para isso. E com isso entra a roupa

surfwear, pois se eu sou surfista, tenho que usar surfwear. Se eu fosse skatista, teria que

usar skatewear. Então enquanto a mídia estiver dando um grande enfoque ao surf, acho

que a moda surfwear irá vingar. Mas a hora que ela começar a apelar para outro esporte

e imbuir na cabeça das pessoas que outro esporte é o grande “boom” da atualidade,

talvez o surf possa cair um pouco. Mas os grandes adeptos, que realmente são

apaixonados pelo surf, pela filosofia de vida que o surf tem, estes vão estar sempre usando

surfwear.”

Em relação ao uso do conceito surfwear pelas mais variadas empresas, respondeu

de forma tendenciosa: “Eu acho legal as empresas apoiarem e incentivarem, mas acho

também que só fazem isso com o único objetivo de adquirir mais dinheiro, em função de

um esporte que é muito praticado, por muitas pessoas e que está crescendo cada vez mais.

Então elas gastam R$ 1.000 com propaganda, mas tem um retorno de R$ 5.000, é apenas

uma especulação. Ela tem um retorno muito grande, para o seu pequeno investimento. E

já que o retorno é muito maior, elas poderiam incentivar um pouco mais, patrocinar mais

atletas, fazer algumas obras de caridade, proporcionar mais atividades relacionadas ao

surf, enfim, ajudar de alguma forma para que o surf cresça e seja mais reconhecido no

Brasil.” E quando indagado se não havia um abuso por parte das empresas, se não seria

muito apelativo utilizar a imagem do surf para produtos sem nenhuma ligação com o

esporte, mostrou-se um pouco indignado: “Realmente é apelativo. Mas por exemplo, o que

eles tentam fazer com um modelo de carro que leva o nome “supersurf” é criar um carro

próprio para o surfista. Um carro que vai facilitar o proprietário a colocar as pranchas

dentro do carro, vem com uns acessórios voltados realmente para os surfistas. E com

aquela imagem de que surfista é um cara garotão, esportivo. Então ele vai se identificar

muito mais com esse carro, que é a cara dele, do que com um carro careta. Mas as vezes a

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gente para e pensa que os caras usam o nome do surf e nem sequer entraram na água, não

ficam tristes quando vêem o mar “flat”, não ficam felizes quando vêem o mar grande...

0este ponto chegamos a ficar chocados, pensando que os caras não sabem nem o que é

ser surfista e querem utilizar o nome do esporte...”

Outra questão bastante polêmica, é sobre quem sairia ganhando com essa utilização

da imagem: “O esporte cresce, as empresas crescem, mas os atletas continuam no mesmo

fundo-do-poço que sempre estiveram. Porque é muita divulgação, é muito dinheiro gasto

com propaganda, eles tem um excelente retorno, mas o investimento continua sendo só nas

propagandas e nas produções que aumentam cada vez mais e isso não chega a ser

passado aos atletas. E se não fossem os atletas, os verdadeiros praticantes, o que seria do

surf hoje? Quem iria levantar a bandeira? É a mesma coisa que você criar agora uma

marca de futebol de botão. Mas se você não tiver um cara que jogue futebol de botão para

caramba, para gerar informação para a mídia, o futebol de botão nunca vai crescer na

vida. Então acho que as empresas são as mais favorecidas e os atletas os menos

favorecidos.”

E para terminar a entrevista, perguntamos se Raphael gostaria de fazer algum

comentário ou acrescentar algo: “Gostaria sim. Eu acho que qualquer trabalho, entrevista,

artigo, monografia, qualquer tipo de publicação em relação ao surf, tem a acrescentar

muito para o surf brasileiro, porque é um esporte que está crescendo cada dia mais e

existe muita coisa publicada sobre surf, mas na Austrália, nos Estados Unidos. 0o Brasil

ainda temos muita pouca coisa. Então eu fico feliz de ver as pessoas se empenhando para

realizar um trabalho acadêmico, usando o surf como referência e espero que isso possa

continuar sendo feito para o crescimento do esporte. E se pudermos passar um feedback

para as empresas, de como elas poderiam ter um retorno melhor, fazendo melhores

investimentos, talvez alguém pudesse abrir os olhos e querer ajudar o surf a crescer

realmente, principalmente no Brasil, que tem um grande potencial.”

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3.2 DA�IELLE FURTADO – �ÃO USA SURFWEAR E �ÃO PRATICA

SURF

Solicitamos a Danielle Furtado que colaborasse com nossa entrevista e ela

prontamente se mostrou solidária a ajudar, o que já é uma característica da sua profissão de

enfermeira. Admitiu que não pratica surf e alegou nunca ter pensado na possibilidade de

surfar, por possuir um certo receio em relação ao mar.

Negou efusivamente ser usuária das roupas surfwear, e sobre os motivos que a

levavam a tal repulsa, foi mais moderada: “Porque acredito que esse tipo de roupa é para

um estilo, para um determinado grupo, que pensa de uma determinada maneira, que não é

o meu estilo.”. E sobre a simples possibilidade de pensar em usar, novamente relutou:

“0ão, nunca pensei.”

Sobre a sensação que sentia, usando roupas que não eram surfwear, limitou-se a

dizer: “0ormal. Roupa, para mim, é para vestir, independente de marca ou qualquer outra

coisa. Se eu gostei e combina comigo, porque não usar?”. E essa sensação embutida nas

roupas surfwear, não combina mesmo contigo? Tentamos mais uma vez e novamente foi

em vão: “0ão. Acredito que não.” Verificamos que da mesma forma que muitas pessoas

não conseguem viver sem as roupas surfwear, algumas ainda estão bem fechadas a seus

costumes e estilos.

Questionada sobre a diferença no tratamento das pessoas, em relação a roupa que

elas usam, foi precisa: “Com certeza. As pessoas qualificam as outras pelo vestuário. Se a

pessoa está com um determinado tipo de roupa ela é taxada de um jeito, se ela está com

outro tipo de roupa, ela já é caracterizada como uma outra pessoa. A roupa diz um pouco

quem é aquela pessoa.”

Opinou também na questão do preconceito contra os surfistas e até mesmo contra

os usuários de surfwear: “Atualmente acredito que não, mas já houve muito. Aquela coisa

de que o surfista é vagabundo, que fica na praia o dia inteiro. E se ele está usando

determinado tipo de roupa é surfista, tão logo é vagabundo. Mas hoje em dia acho que

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não, acho que entrou tanto na “onda”, que as pessoas acham legal se parecer com um

surfista ou ser surfista.”

Danielle negou já ter sido preconceituosa em relação a surfistas ou usuários de

surfwear, mas afirmou que tal atitude das pessoas não é rara: “0ão, nunca tive nenhum tipo

de preconceito. Mas já conheci pessoas que ainda tem esta mentalidade de que surfista é

um grande vagabundo, que não tem vínculo empregatício, mas para mim não tem nada a

haver, tem muita gente que pratica o surf nas horas vagas ou se surfa o dia inteiro é

porque gosta realmente. 0ão tenho essa classificação de surfista vagabundo, não tenho

esse preconceito.”

Admitiu nunca ter pensado na questão do surfwear ser passageira ou não, e

mostrou-se partidária das mudanças na sociedade: “Eu nunca tinha pensado no assunto,

mas acredito que ela possa terminar sim, pois o seu ciclo apesar de longo, pode ser

ameaçado uma hora pelo surgimento de uma outra coisa. As pessoas mudam. Mudam de

interesse, mudam de foco e se transformam. E as pessoas que se interessam por este tipo

de moda, de filosofia de vida, podem ser atraídos para gostar, para se identificar com

outro tipo de vestimenta, para outro tipo de estilo de vida e tudo isso que representa esta

moda surfwear.”

Em relação ao uso do conceito surfwear pelas empresas, mostrou-se mais flexível:

“Para as empresas eu acho um grande negócio, porque se você tem uma moda que é

bastante difundida, você tem como conquistar o mercado através disso, então elas lucram

bastante. Agora olhando por outro lado, pelo ângulo do esporte, da tribo do surf, eu acho

muito ruim, pois difunde a coisa de tal maneira, que acaba banalizando. E tem pessoas

que consideram isso um estilo de vida, uma filosofia, e isso não é legal.”

E na questão de quem sairia ganhando com esse uso, as empresas ou o esporte,

opinou de forma moderada: “Acho que seria uma mentira afirmar que só as empresas

ganham com isso, porque enquanto as empresas vendem refrigerante, vendem máquina de

lavar, ou qualquer objeto usando a marca surfwear. O esporte também pode ganhar,

porque desperta a atenção de pessoas que podem vir a se tornar um grande esportista, um

surfista renomado, então o esporte pode vir a ganhar com isso também.”

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No final da entrevista, como já é de praxe, deixamos que ficasse livre para

acrescentar sua opinião sobre o tema abordado: “Gostaria de acrescentar que essa questão

da marca surfwear, se tornou tão difundida que acabou perdendo sua essência. As pessoas

que se identificam com isso, que gostam do surf, que acham que esse é um esporte que em

crescimento, acabam vendo a coisa de forma muito banalizada, pois qualquer criança,

qualquer pessoa, usa a marca sem saber da verdadeira origem que a roupa tem, a história

que ela possui, só porque está na moda e as pessoas estão usando. As pessoas acabam

banalizando muito isso.”

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3.3 DA�IEL PELS – USA SURFWEAR, MAS �ÃO PRATICA SURF

A entrevista com o publicitário e professor Daniel Pels, foi fundamental para o

esclarecimento de muitos pontos.

Apesar de já ter surfado na adolescência, atualmente ele admite não ser mais um

praticante do surf, pois como a maioria que não mora na Terra do nunca, acabou crescendo

e adquirindo responsabilidades. Responsabilidades estas que o afastaram da prática do surf.

Por ter uma opinião bastante técnica sobre o assunto, Daniel frisou pontos

importantes. Deu uma resposta bastante curiosa, quando foi questionado se utilizava

marcas surfwear: “Eu uso roupa. Algumas são surfwear.” Com esta resposta, nos fez

lembrar que as roupas surfwear, ainda são roupas.

Houve um questionamento quanto a categorização do que é surfwear. “O que é

roupa surfwear? Uma camisa t-shirt, foi criada muito antes do surfwear. Ela foi criada

para ser usada como roupa de baixo, aí se tem uma estampa de surfwear, ela vira

surfwear?” Ao ser respondido que sim, por ter uma estampa surfwear, ela imediatamente

entraria na categoria de surfwear, ele respondeu: “Então sim, eu uso surfwear cinco vezes

por semana, seis vezes por semana...” e concordou, quando verificamos que essa era uma

freqüência bastante considerável.

Ao ser questionado sobre que sensação ele tem ao usar as roupas de surfwear, ele

tentou desconversar: “Eu não escolho a roupa por ela ser surfwear. Eu escolho pela

malha, pela qualidade, pelo conforto sobretudo, pela beleza. Se tiver uma camisa linda,

escrito algo sobre um grupo de rock, não surfwear, se for bonita, eu vou usar. Se for

ligada a esportes de aventura, rafting, eu vou usar. 0ão é só necessariamente por ser uma

estampa falando de surf, é falando de alguma estampa que eu goste, alguma malha legal,

algum tecido diferente, uma cor...”. Com isso percebemos que temos duas hipóteses, ou as

roupas surfwear realmente são muito bonitas, ou as outras opções são muito feias. Pois se

entre tantas opções, ele usa surfwear cinco ou seis vezes por semana, ele é um adepto da

moda surfwear, comprovando assim a enorme difusão das marcas surfwear.

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Quando abordamos a questão do preconceito com as pessoas que usam surfwear,

ele disse que particularmente, não notava diferença no tratamento das pessoas, por estar

vestido com surfwear ou estar trajando sport fino. Com isso, concluímos que o preconceito

característico de alguns anos atrás, era realmente coisa do passado. Mas ele disse também

que talvez isso até aconteça, mas não pela roupa e sim pelas gírias utilizadas, pelo cabelo,

pelo jeito que ele anda e pelo jeito que ele fala.

Questionado se esta “onda” surfwear era passageira, ele disse: “0ão, de jeito

nenhum. Ela teve altos e baixos, eu acho que essa moda é como toda moda, ela não é um

ciclo, ela é uma elipse. Ela vai e volta, se acomodando com os tempos, mudam os

materiais, já foi o surfista hippie, já foi o surfista chique. Então se eu acho que a moda

passa, não, não passa, porque o surf é muito mais que esporte, eu acompanho algumas

publicações de surf e sei que ele é mais do que esporte, tem algumas pessoas que encaram

o surf como estilo de vida, de ter contato com a natureza, encarar o contato da onda, e

você dominar a onda, mas respeitando o seu limite e o limite da natureza. Isso não vai

acabar nunca, pois as pessoas vão modernizando, mudando, adaptando uma coisa ali,

uma coisa aqui. E a moda surf, eu acho que já saiu um pouco da praia, ela já está em

sabão em pó, que chama “Surf”, ela já está em Havaianas, em desenho animado.”

Notamos uma peculiaridade no conceito surf, ele realmente é atemporal. Diferentemente

das modas passageiras, a moda surfwear não teve um início bem definido e nem parecer ter

uma data marcada para terminar.

Na questão do uso do conceito surf pela empresas, pergunta esta que talvez seja

mais a sua praia, ele foi preciso: “Tem muita gente que descobriu que o surfista, não é só

aquele bicho-grilo que fica na praia de short o dia inteiro, pois isso é o estereótipo. Ele

também vai ao cinema, toma refrigerante, come, compra roupa, acessa a internet. Surfar

na internet, está aí mais uma referência ao surf. Então as pessoas começaram a descobrir

que o surfista também gasta dinheiro e se ele gasta dinheiro, porque não tem alguém

ganhando dinheiro com isso? E vão continuar usando o estereótipo do surfista para o

publicidade, como tem o estereótipo do viado, do nerd, da loira burra, da secretária. São

estereótipos e o do surfista é apenas mais um. Só que eu acho que muita gente resolveu

sair do estereótipo e ganhar dinheiro com isso. Voltar mercados, lojas, ônibus, telefone

celular que recebe as condições das ondas por mensagem, as pessoas começaram a ver

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que era um mercado. E se é um mercado, se tem gente carente por consumir alguma

coisa.”. Comprovamos com isso, que não se tratava de um nicho extremamente restrito,

mas de uma série de produtos, de diferentes categorias, que utilizam este conceito e lucram

com isso.

E sobre a polêmica de quem ganharia mais com isso, ele afirmou que as empresas

ganham de forma mais explícita, mas replicou a si mesmo dizendo que o esporte também

tem a sua parcela de lucros: “Eu acho que o esporte vai lucrar, enquanto essas empresas

resolverem continuar patrocinando o esporte, com patrocínio a atletas, a campeonatos e

este tipo de coisa. Então o esporte vai lucrar enquanto continuarem os apoios e os

eventos. Quem está lucrando são as empresas, sem dúvida. Mas não podemos afirmar que

os surfistas não estejam ganhando, porque estão sendo oferecidos mais serviços e mais

oportunidades para este público. Então a princípio sai todo mundo ganhando, e espero

que as empresas atentem para o fato de que, vamos usar o surf sim, mas então vamos

patrocinar um atleta, vamos fazer campeonatos e não utilizar a imagem em troca de

nada.”

Para finalizar, deixamos que falasse livremente sobre o que achasse interessante e

engrandecedor para a entrevista. E ele concluiu com todo o seu brilhantismo: “Cara, eu

vou repetir e acho que foi por isso que você pensou em me entrevistar, quando eu falei que

uso roupa e não surfwear, com uma frase que é minha, mas foi adaptada de uma amiga

minha que diz “Quem compra grife é quem não sabe se vestir.” O cara que precisa entrar

em uma loja, pagar R$ 200,00 em uma camisa e R$ 300,00 em uma calça, é porque ele

confia naquilo e que ele não tem gosto. Um cara que realmente sabe se vestir, e aí não é

questão de gosto, estilo, moda, tendência, ou como você quiser chamar, ele pode comprar

uma calça de Vilar dos Teles, colocar com uma camiseta da C&A e ele vai estar bem

vestido. Então grife é para quem não tem bom gosto.”

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3.4 CO�CLUSÃO

Considerando verdadeira a afirmação do Daniel Pels, que “quem compra grife é

quem não sabe se vestir”, percebemos que o crescimento do mercado surfwear é baseado

nisso.

Como podemos concluir com alguns autores consultados, atualmente as tribos

parecem esforçar-se para estar homogeneizadas. O individualismo parece ser cada vez

mais utópico. E basta que alguns usem determinado tipo de roupa, para que esta moda seja

proliferada.

Como verificamos também, o surf é bastante difundido no Brasil. O esporte é o

segundo mais praticado no país, perdendo apenas para o futebol. E é difundido também no

âmbito temporal, pois a moda surfwear é relativamente antiga. E até mesmo por questões

geográficas, com os seus 8 mil quilômetros de costa litorânea.

Concluímos que o Brasil não é um país com uma cultura voltada para moda e que

conseqüentemente, seus habitantes não são muito ambientados ao tema.

A população atualmente quer mais é parecer-se uns com os outros.

E onde a moda surfwear é bastante difundida e utilizada há anos.

Esse é o cenário perfeito para o crescimento contínuo e acelerado do mercado

surfwear.

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SURFWEAR: A MARCA QUE VIROU ESTILO DE VIDA.

A�EXOS

RIO DE JA�EIRO

2009

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NOME: Raphael Louretti IDADE: 27 anos PROFISSÃO: Professor de Educação Física e terapeuta § VOCÊ PRATICA SURF? Pratico. § HÁ QUANTO TEMPO? Desde os 12 anos de idade, ou seja, mais ou menos 15 anos. § VOCÊ USA ROUPAS SURFWEAR? Uso. § VOCÊ JÁ USAVA ROUPAS SURFWEAR ANTES DE PRATICAR O ESPORTE? Eu acho que não, pois quando eu comecei a praticar o surf eu era muito novo e quem comprava as roupas na verdade, era minha mãe. Conforme eu fui crescendo, e me envolvendo com o esporte e me entrosando com a tribo do surf, comecei a me identificar bem e a integração com esta tribo me fez escolher esse tipo de roupas. § ATUALMENTE QUAL É A FREQÜÊNCIA QUE USA ROUPAS SURFWEAR? Diariamente. § PORQUE USA ROUPAS SURFWEAR? Porque o estilo reflete bem a minha personalidade e a minha personalidade se encaixa bem no estilo surfwear. Eu me sinto bem usando estas roupas. E outro motivo bem relevante é a qualidade do produto, pois você compra uma bermuda, uma calça, uma camisa, um casaco, o que for, de uma surfwear, de uma marca boa, o produto tem qualidade, ele tem durabilidade, então não é uma peça que você compra hoje e daqui a dois ou três meses já está esgarçado, descosturado e furado. São blusas e bermudas que duram dois, três anos, dependendo do uso e da freqüência que você usar. § QUAL A SENSAÇÃO QUE TEM QUANDO USA MARCAS SURFWEAR? Me sinto livre, me sinto bem a vontade, me sinto bem representado e bem trajado usando uma marca de surfwear. É uma roupa que parece ter uma corte anatômico que te deixa bem a vontade dentro dela. § VOCÊ ACHA QUE QUANDO ESTÁ USANDO ALGO MAIS FORMAL, ESSA SENSAÇÃO DE LIBERDADE DESAPARECE? Some. Desaparece por completo. Eu me sinto um peixe fora d’água. É como se eu pegasse uma roupa de alguém do século passado e colocasse no meu corpo, sem ficar nem um pouco a vontade. § E ESSA SENSAÇÃO OCORRE SOMENTE PELO CORTE, PELA COSTURA DA ROUPA OU ISSO SE REFLETE TAMBÉM NO SEU “ESPÍRITO”? Ambos os casos. Porque eu já estou tão acostumado a essa sensação de liberdade, que as peças surfwear me proporcionam, que quando eu uso uma coisa diferente, com um corte diferente, elas me fazem sentir uma grande diferença e isso acaba me impedindo

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de ter essa sensação de bem-estar, de liberdade que uma peça de surfwear iria me proporcionar. § QUAL A REAÇÃO DAS PESSOAS, QUANDO TE OLHAM USANDO SURFWEAR? Eu nunca parei para reparar nisso não. Mas entre a tribo do surf, se você não estiver usando uma roupa surfwear, as vezes algumas pessoas podem ter um certo preconceito. Enquanto outras pessoas não ligam para isso. Se você usar uma camisa Hering, sem estampa nenhuma, você pode estar bem trajado. Se usar uma roupa Quicksilver, Rip Curl, Billabong, que são exemplos das melhores marcas de surfwear que temos atualmente no mercado de surfwear, você vai estar muito bem representado também. § ENTÃO VOCÊ ACHA QUE O PRECONCEITO EXISTE TAMBÉM DENTRO DA PRÓPRIA TRIBO DO SURF, COM QUEM NÃO USA SURFWEAR? Muito levam isso em consideração e são preconceituosos. 0ão sei se isso é coisa de uma minoria ou de uma maioria. Mas quem realmente te conhece e sabe quem você é, já te viu pegando onda, ele sabe o que você tem dentro do teu coração, o que você tem no seu sangue, então ele sabe se o teu espírito é o espírito do surfista ou não é. 0ão vai ser uma roupa que vai dizer. Um cara pode querer pegar onda, mas nunca botou uma prancha em baixo do braço, nunca entrou na água, não sabe nem ficar em pé na prancha. Mas tem dinheiro, vai ao Shopping e todo mês gasta uma grana forte com roupa surfwear. Mas você olha e vê que ele não é um surfista. 0ão é só porque ele está usando surfwear, que ele é um surfista. Agora o cara pode usar uma bermuda da C&A e todos que olharem para ele conseguirão ver que ele é um surfista, porque o surfista tem isso no estilo dele, ele sabe representar bem isso. § VOCÊ ACHA QUE AINDA EXISTE PRECONCEITO CONTRA SURFISTAS/PESSOAS QUE USAM SURFWEAR? Algumas pessoas, principalmente as mais antigas, ainda são muito preconceituosas. Porque o surf antigamente era taxado de esporte marginal, quem surfava era vagabundo, drogado, bandido e muita gente ainda tem esse pensamento. Mas essa idéia, atualmente, já diminuiu muito mediante a atuação de muitos surfistas brasileiros no circuito mundial. A mídia, principalmente a Globo, dando um enfoque positivo em relação ao surf, outros canais especializados como Sportv e ESP0. Então é surf toda hora na televisão, na capa do jornal, nas revistas e novelas abordando personagens surfistas, isso conseguiu fazer com que muitas pessoas aceitassem o surf como uma atividade saudável. § VOCÊ ACHA QUE ESTA “ONDA” DE SURFWEAR É PASSAGEIRA? A mídia tem esse poder de manipular a mente das pessoas. Então se ela hoje expõe o surfwear como um modismo, muitas pessoas vão aderir ao surfwear. E só você parar em uma praia que tenha uma escolinha de surf e observar. Muitas garotas e garotos, de diferentes idades, adultos e até mesmo pessoas com mais idade, idosos que começam a praticar o surf muito pelo modismo. Compram prancha, vão à praia e começam a entrar na água, levam alguns “caldos” e desistem, pensando que não nasceram para isso. E com isso entra a roupa surfwear, pois se eu sou surfista, tenho que usar surfwear. Se eu fosse skatista, teria que usar skatewear. Jogador de futebol não usa surfwear, eles usam a vestimenta própria dos jogadores de futebol, pois são

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tribos diferentes. Então enquanto a mídia estiver dando um grande enfoque ao surf, acho que a moda surfwear irá vingar. Mas a hora que ela começar a apelar para outro esporte e imbuir na cabeça dos seres humanos que outro esporte é o grande “boom” da atualidade, talvez o surf possa cair um pouco. Mas os grandes adeptos, que realmente são apaixonados pelo surf, pela filosofia de vida que o surf tem, estes vão estar sempre usando surfwear. § O QUE ACHA DAS EMPRESAS USAREM O CONCEITO SURFWEAR EM SUAS CAMPANHAS E PROJETOS? Eu acho legal as empresas apoiarem e incentivarem, mas acho também que só fazem isso com o único objetivo de adquirir mais dinheiro, em função de um esporte que é muito praticado, por muitas pessoas e que está crescendo cada vez mais. Então elas gastam R$ 1.000 com propaganda, mas tem um retorno de R$ 5.000, é apenas uma especulação. Ela tem um retorno muito grande, para o seu pequeno investimento. E já que o retorno é muito maior, elas poderiam incentivar um pouco mais, patrocinar mais atletas, fazer algumas obras de caridade, proporcionar mais atividades relacionadas ao surf, enfim, ajudar de alguma forma para que o surf cresça e seja mais reconhecido no Brasil. § VOCÊ COMO SURFISTA E USUÁRIO DE SURFWEAR, AS VEZES NÃO TEM UMA CERTA REVOLTA COM OS ABUSOS DE EMPRESAS QUE NÃO POSSUEM LIGAÇÃO NENHUMA COM O SURF, COMO POR EXEMPLO PEUGEOT QUICKSILVER, SAVEIRO SUPERSURF, BARBIE SURFISTA. VOCÊ NÃO ACHA QUE SEJA APELATIVO, UTILIZAR A IMAGEM DO ESPORTE PARA VENDER? Realmente é apelativo. Mas por exemplo, o que eles tentam fazer com um modelo de carro que leva o nome “supersurf” é criar um carro próprio para o surfista. Um carro que vai facilitar o proprietário a colocar as pranchas dentro do carro, vem com uns acessórios voltados realmente para os surfistas. E com aquela imagem de que surfista é um cara garotão, esportivo. Então ele vai se identificar muito mais com esse carro, que é a cara dele, do que com um carro careta. Mas as vezes a gente para e pensa que os caras usam o nome do surf e nem sequer entraram na água, não ficam tristes quando vêem o mar “flat”, não ficam felizes quando vêem o mar grande... 0este ponto chegamos a ficar chocados, pensando que os caras não sabem nem o que é ser surfista e querem utilizar o nome do esporte... § E QUEM LUCRA COM ISSO ESSA UTILIZAÇÃO DE IMAGEM, AS EMPRESAS OU O ESPORTE? O esporte cresce, as empresas crescem, mas os atletas continuam no mesmo fundo-do-poço que sempre estiveram. Porque é muita divulgação, é muito dinheiro gasto com propaganda, eles tem um excelente retorno, mas o investimento continua sendo só nas propagandas e nas produções que aumentam cada vez mais e isso não chega a ser passado aos atletas. E se não fossem os atletas, os verdadeiros praticantes, o que seria do surf hoje? Quem iria levantar a bandeira? É a mesma coisa que você criar agora uma marca de futebol de botão. Mas se você não tiver um cara que jogue futebol de botão para caramba, para gerar informação para a mídia, o futebol de botão nunca vai crescer na vida. Então acho que as empresas são as mais favorecidas e os atletas os menos favorecidos.

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§ DESEJA FAZER ALGUM COMENTÁRIO OU ACRESCENTAR ALGO PARA A ENTREVISTA? Gostaria sim. Eu acho que qualquer trabalho, entrevista, artigo, monografia, qualquer tipo de publicação em relação ao surf, tem a acrescentar muito para o surf brasileiro, porque é um esporte que está crescendo cada dia mais e existe muita coisa publicada sobre surf, mas na Austrália, nos Estados Unidos. No Brasil ainda temos muita pouca coisa. Então eu fico feliz de ver as pessoas se empenhando para realizar um trabalho acadêmico, usando o surf como referência e espero que isso possa continuar sendo feito para o crescimento do esporte. E se pudermos passar um feedback para as empresas, de como elas poderiam ter um retorno melhor, fazendo melhores investimentos, talvez alguém pudesse abrir os olhos e querer ajudar o surf a crescer realmente, principalmente no Brasil, que tem um grande potencial.

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NOME: Danielle Furtado de Oliveira IDADE: 26 anos PROFISSÃO: Enfermeira § VOCÊ PRATICA SURF? 0ão pratico. § NUNCA PENSOU EM PRATICAR? 0ão, nunca pensei. Eu tenho um certo receio do mar. § VOCÊ USA ROUPAS SURFWEAR? 0ão uso. § PORQUE NÃO USA MARCAS SURFWEAR? Porque acredito que esse tipo de roupa é para um estilo, para um determinado grupo que pensa de uma determinada maneira, que não é o meu estilo. § NUNCA PENSOU EM USAR? 0ão, nunca pensei. § QUAL A SENSAÇÃO QUE VOCÊ TEM QUANDO ESTÁ USANDO MARCAS QUE NÃO SÃO SURFWEAR? 0ormal. Roupa, para mim, é para vestir, independente de marca ou qualquer outra coisa. Se eu gostei e combina comigo, porque não usar? § E ESSA SENSAÇÃO DO SURFWEAR, VOCÊ ACHA QUE NÃO COMBINA CONTIGO? 0ão. Acredito que não. § VOCÊ ACHA QUE QUANDO ESTÁ USANDO UMA ROUPA MAIS FORMAL, HÁ UMA DIFERENÇA DE POSICIONAMENTO DAS PESSOAS AO SEU REDOR? Com certeza. As pessoas qualificam as outras pelo vestuário. Se a pessoa está com um determinado tipo de roupa ela é taxada de um jeito, se ela está com outro tipo de roupa, ela já é caracterizada como uma outra pessoa. A roupa diz um pouco quem é aquela pessoa. § VOCÊ ACHA QUE AINDA EXISTE PRECONCEITO CONTRA SURFISTAS/PESSOAS QUE USAM SURFWEAR? Atualmente acredito que não, mas já houve muito. Aquela coisa de que o surfista é vagabundo, que fica na praia o dia inteiro. E se ele está usando determinado tipo de roupa é surfista, tão logo é vagabundo. Mas hoje em dia acho que não, acho que entrou tanto na “onda”, que as pessoas acham legal se parecer com um surfista ou ser surfista. § VOCÊ JÁ FOI PRECONCEITUOSA EM RELAÇÃO À SURFISTAS? 0ão, nunca tive nenhum tipo de preconceito. Mas já conheci pessoas que ainda tem esta mentalidade de que surfista é um grande vagabundo, que não tem vínculo empregatício, mas para mim não tem nada a haver, tem muita gente que pratica o surf

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nas horas vagas ou se surfa o dia inteiro é porque gosta realmente. 0ão tenho essa classificação de surfista vagabundo, não tenho esse preconceito. § VOCÊ ACHA QUE ESTA “ONDA” DE SURFWEAR É PASSAGEIRA? Eu nunca tinha pensado no assunto, mas acredito que ela possa terminar sim, pois o seu ciclo apesar de longo, pode ser ameaçado uma hora pelo surgimento de uma outra coisa. As pessoas mudam. Mudam de interesse, mudam de foco e se transformam. E as pessoas que se interessam por este tipo de moda, de filosofia de vida, podem ser atraídos para gostar, para se identificar com outro tipo de vestimento, para outro tipo de estilo de vida e tudo isso que representa esta moda surfwear. § O QUE ACHA DAS EMPRESAS USAREM O CONCEITO SURFWEAR EM SUAS CAMPANHAS E PROJETOS? Para as empresas eu acho um grande negócio, porque se você tem uma moda que é bastante difundida, você tem como conquistar o mercado através disso, então elas lucram bastante. Agora olhando por outro lado, pelo ângulo do esporte, da tribo do surf, eu acho muito ruim, pois difunde a coisa de tal maneira, que acaba banalizando. E tem pessoas que consideram isso um estilo de vida, uma filosofia, e isso não é legal. § QUEM LUCRA COM ISSO, AS EMPRESAS OU O ESPORTE? Acho que seria uma mentira afirmar que só as empresas ganham com isso, porque enquanto as empresas vendem refrigerante, vendem máquina de lavar, ou qualquer objeto usando a marca surfwear. O esporte também pode ganhar, porque desperta a atenção de pessoas que podem vir a se tornar um grande esportista, um surfista renomado, então o esporte pode vir a ganhar com isso também. § DESEJA FAZER ALGUM COMENTÁRIO OU ACRESCENTAR ALGO PARA A ENTREVISTA? Gostaria de acrescentar que essa questão da marca surfwear, se tornou tão difundida que acabou perdendo sua essência. As pessoas que se identificam com isso, que gostam do surf, que acham que esse é um esporte que em crescimento, acabam vendo a coisa de forma muito banalizada, pois qualquer criança, qualquer pessoa, usa a marca sem saber da verdadeira origem que a roupa tem, a história que ela possui, só porque está na moda e as pessoas estão usando. As pessoas acabam banalizando muito isso.

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NOME: Daniel Pels IDADE: 31 anos PROFISSÃO: Publicitário § VOCÊ PRATICA SURF? 0ão. § VOCÊ NUNCA TENTOU APRENDER A SURFAR? Quando eu era garoto, eu pegava onda de morey bogie, body board. § E PORQUE NÃO DEU CONTINUIDADE? Falta de tempo, prática... § DOM? Talvez. Foi atividade, eu gosto de ir à praia, e ficava lá pegando onda. § COISA DE ADOLESCENTE? É, jacaré. Jacaré não precisa ficar carregando prancha... § JOGA UM PÉ-DE-PATO EMBAIXO DO BRAÇO E PRONTO 0em pé-de-pato... § VOCÊ USA ROUPAS SURFWEAR? Eu uso roupa. Algumas são surfwear. § VOCÊ JÁ USAVA ROUPAS SURFWEAR ANTES DE PENSAR EM PRATICAR O ESPORTE? Acho que sim, mas é o que eu falei, eu pegava onda quando era criança e acho que quando você é criança você não escolhe muito suas roupas. Seus pais escolhem a roupa que você usa. Mas se eu já usava antes de pensar em surfar, acho que sempre usei roupa, algumas surfwear e algumas não surfwear. § QUAL A FREQÜÊNCIA QUE USA ROUPAS TIDAS COMO SURFWEAR? O que é roupa surfwear?É uma camiseta com estampa de surf, é uma bermuda com botão na frente... § SERIA QUALQUER ROUPA QUE TENHA A IMAGEM ASSOCIADA AO SURF. Uma camiseta T-shirt, ela foi criada muito antes do surfwear.Ela foi criada para ser usada como roupa de baixo, aí se tem uma estampa de surfwear, ela vira surfwear?

§ SIM, SE TEM UMA ESTAMPA DE SURF, ELA VIRA SURFWEAR. Então sim, eu uso surfwear cinco vezes por semana, seis vezes por semana... § O QUE É BEM CONSIDERÁVEL. Sim, bastante. § QUAL A SENSAÇÃO QUE TEM QUANDO USA ROUPAS SURFWEAR?

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Eu não escolho a roupa por ela ser surfwear. Eu escolho pela malha, pela qualidade, pelo conforto sobretudo, pela beleza. Se tiver uma camisa linda, escrito algo sobre um grupo de rock, não surfwear, se for bonita, eu vou usar. Se for escrito “não surfwear”, se for ligada a esportes de aventura, rafting, eu vou usar. 0ão é só necessariamente por ser uma estampa falando de surf, é falando de alguma estampa que eu goste, alguma malha legal, algum tecido diferente, uma cor... § MAS VOCÊ NÃO VÊ NENHUMA DIFERENÇA ENTRE VOCÊ USAR UMA ROUPA DE UMA BANDA E VOCÊ USAR ROUPA SURFWEAR, NÃO TEM NENHUMA SENSAÇÃO DIFERENTE? 0ão. § PARA VOCÊ É ROUPA E SÓ? É roupa. É o desenho, é uma estampa, embora você sinta que as pessoas falem diferente. Você me chamou no começo de “professor Daniel Pels”, então tem dias que eu venho dar aula com uma camiseta, entre aspas, surfwear. Tem gente que entra na sala, se vira e fala assim: “O professor está?”. Você não está esperando associar a imagem do professor, com um cara de camiseta, embora hoje camiseta não tenha distinção de idade, mas o professor em uma sala de aula, eu não sou tão velho, mas com uma camiseta. Há pouco tempo o aluno entrou, um aluno meu, e disse assim: “ Pô Daniel, você aqui dentro da sala de aula, sentado no computador, é um aluno perfeito, como outro qualquer.” Então embora a roupa não caracterize, pois tem senhores com 80 anos usando camisa surfwear e garotos de 5 anos, que não sabem o que é surfwear, usando surfwear, mas a roupa caracterizou, é um crachá que a pessoa está usando sem saber. § E ERA JUSTAMENTE SOBRE ISSO QUE SERIA A NOSSA PRÓXIMA PERGUNTA, SOBRE A REAÇÃO DAS PESSOAS, VOCÊ FORA DO AMBIENTE ACADÊMICO, NA RUA, VOCÊ NOTA DIFERENÇA QUANDO VOCÊ ESTÁ USANDO SPORT FINO E QUANDO ESTÁ USANDO SURFWEAR? 0ão. § VOCÊ ACHA QUE O TRATAMENTO DAS PESSOAS É O MESMO? Algumas vezes é bem diferente, dependendo do ambiente em que você está,onde você está indo. Eu não fiz este teste formalmente, mas informalmente já e a gente podia até fazer este teste. Entrar em uma loja do Barrashopping, uma loja de nível A, uma pessoa entrando hoje com uma camisa social e a mesma pessoa entrando no dia seguinte com camiseta. 0ão tenho dúvida que o tratamento seria diferente, embora a gente saiba que a qualidade da camisa não interfere em quanto ele tem no bolso para gastar. Eu acho que a percepção das pessoas muda alguma coisa sim. § VOCÊ ACHA QUE AINDA EXISTE PRECONCEITO CONTRA SURFISTAS/PESSOAS QUE USAM SURFWEAR, EM RELAÇÃO DESDE A INTELIGÊNCIA, DE VOCÊ ACHAR QUE O CARA É ALIENADO, ATÉ ESTE PRECONCEITO SOBRE O CONSUMO? É eu não sei se existe esta divisão, se você está fazendo esta divisão no seu trabalho, que é entre surfista que usa surfwear e pessoas que usam surfwear. O surfista que usa surfwear, ele carrega o preconceito sim, do cara que fala gíria, que é legal...

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§ MUITAS VEZES ATÉ ASSOCIADO AS DROGAS Drogas, malandragem, existe isso. Que ele vai carregar esse preconceito talvez pelo cabelo que ele use, pelo jeito que ele fala, pelo jeito que ele anda, independente de ele estar de roupa surfwear, ou estar com uma roupa mais alinhada. Então ele vai carregar o preconceito. Mas uma pessoa que usa o surfwear, se ele carrega algum preconceito, ou não acredito, pois é o caso de que eu posso estar com uma camisa surfwear, mas eu não sou um surfista e então as pessoas não se referem a mim como um surfista. Você não tem um estereótipo de surfista, embora seja um surfista e use roupas surfwear e muitas vezes usa roupa sem ser surfwear. § E VOCÊ ACHA QUE ESTA “ONDA” DE SURFWEAR É PASSAGEIRA? 0ão, de jeito nenhum. Eu não sei dados precisos, mas eu posso dizer que talvez pelo que eu conheço de surfwear, de moda, pois eu acompanho moda, eu acompanho moda surfwear, começou aqui no Brasil lá pela década de 70 § COM O RICARDO BOCÃO. Antes talvez do Ricardo Bocão, pois ele foi um dos primeiros patrocinados pela Company e a Company foi a precursora da marca surfwear, então se começou em 70, a Company começou em 73 e hoje estamos em 2006 e ainda existe, não podemos dizer que essa é uma onda passageira. Ela teve altos e baixos, eu acho que essa moda é como toda moda, ela não é um ciclo, ela é uma elipse. Ela vai e volta, se acomodando com os tempos, mudam os materiais, já foi o surfista hippie, já foi o surfista chique, hoje em dia você tem loja de surf, como a Osklen, que vende um conceito surfista que eu acho que a maioria dos surfistas não usam, pois ela tem um valor extremamente caro, ela tem uma percepção de moda “playboyzinha” e aí olha o nosso preconceito, em achar que alguém é “playboyzinho”. Então se eu acho que a moda passa, não, não passa, porque o surf é muito mais que esporte, eu acompanho algumas publicações de surf e sei que ele é mais do que esporte, tem algumas pessoas que encaram o surf como estilo de vida, de ter contato com a natureza, encarar o contato da onda, e você dominar a onda, mas respeitando o seu limite e o limite da natureza. Isso não vai acabar nunca, pois as pessoas vão modernizando, mudando, adaptando uma coisa ali, uma coisa aqui, a moda surf eu acho que já saiu um pouco da praia, ela já está em sabão em pó, que chama “Surf”, ela já está em Havaianas, em desenho animado § EM ÔNIBUS, COMO O OI SURF BUS Em ônibus da OI, que fez o ônibus especialmente para surfistas § NA CAMPANHA MILIONÁRIA DA PEPSI COM O RONALDINHO GAÚCHO Isso, são pessoas que estão utilizando a filosofia e o visual surfista. Por isso que eu não acredito que isso possa acabar. § O QUE ACHA DAS EMPRESAS USAREM O CONCEITO SURFWEAR EM SUAS CAMPANHAS E PROJETOS? Tem muita gente que descobriu que o surfista, não é só aquele bicho-grilo que fica na praia de short o dia inteiro, pois isso é o estereótipo. Ele também vai ao cinema, toma refrigerante, come, compra roupa, acessa a internet. Surfar na internet, está aí mais uma referência ao surf. Então as pessoas começaram a descobrir que o surfista também gasta dinheiro e se ele gasta dinheiro, porque não tem alguém ganhando dinheiro com isso. E vão continuar usando o estereótipo do surfista para o

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publicidade, como tem o estereótipo do viado, do nerd, da loira burra, da secretária. São estereótipos e o do surfista é apenas mais um. Só que eu acho que muita gente resolveu sair do estereótipo e ganhar dinheiro com isso. Voltar mercados, lojas, ônibus, telefone celular que recebe as condições das ondas por mensagem, as pessoas começaram a ver que era um mercado. E se é um mercado, se tem gente carente por consumir alguma coisa. § QUEM LUCRA COM ISSO, AS EMPRESAS QUE UTILIZAM O SURFWEAR OU O ESPORTE? Eu acho que o esporte vai lucrar, enquanto essas empresas resolverem continuar patrocinando o esporte. § COMO É O CASO DA PETROBRÁS, QUE PATROCINA CAMPEONATOS DE LONG BOARD? Sim, o esporte ganha com isso, com patrocínio a atletas, a campeonatos e este tipo de coisa. Divulgação eu acho que não precisa, está tendo um pleito agora para transformar o surf em esporte olímpico. Então o esporte vai lucrar enquanto continuarem os apoios e os eventos, quem está lucrando são as empresas, sem dúvida. Mas não podemos afirmar que os surfistas não estejam ganhando, porque estão sendo oferecidos mais serviços e mais oportunidades para este público. Então a princípio sai todo mundo ganhando, e espero que as empresas atentem para o fato de que, vamos usar o surf sim, mas então vamos patrocinar um atleta, vamos fazer campeonatos e não utilizar a imagem em troca de nada. § DESEJA FAZER ALGUM COMENTÁRIO OU ACRESCENTAR ALGO PARA A ENTREVISTA?

Cara, eu vou repetir e acho que foi por isso que você pensou em me entrevistar, quando eu falei que uso roupa e não surfwear, com uma frase que é minha, mas foi adaptada de uma amiga minha que diz “Quem compra grife é quem não sabe se vestir.” O cara que precisa entrar em uma loja, pagar R$ 200,00 em uma camisa e R$ 300,00 em uma calça, é porque ele confia naquilo e que ele não tem gosto. Um cara que realmente sabe se vestir, e aí não é questão de gosto, estilo, moda, tendência, ou como você quiser chamar, ele pode comprar uma calça de Vilar dos Teles, colocar com uma camiseta da C&A e ele vai estar bem vestido. Então grife é para quem não tem bom gosto. Agora eu não uso grife, eu uso roupa. Algumas podem até ser de marca, mas eu não faço questão dela. Eu quero ver se eu me sinto bem, se é confortável, se tem um desenho legal. É uma coisa minha, apesar de trabalhar com comunicação, com imagem, com logotipo, eu não tenho esse conceito que fala de “love mark”, que seria o apaixonado pela marca, para mim não é a questão da roupa ou do surfwear, pois eu sou apaixonado por outras marcas que não são a roupa, eu não gastaria um valor alto demais com isso.

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PROJETO DE MARKETI�G - HELE�A TABORDA

PESQUISA: O ESTILO DE VIDA DO SURFISTA EM CURITIBA

OBJETIVOS

1. O comportamento do consumidor que faz parte do grupo de esportistas praticantes de surf

2. Levantar o perfil psicográfico dos praticantes de surf que residem em Curitiba, identificando seus estilos de vida por meio da mensuração de suas atividades, interesses e opiniões.

3. Identificar o tipo de surf praticado - profissional, amador ou lazer; competidor ou não; onde já surfou; etc.

4. Verificar a freqüência que os surfistas praticam as seguintes atividades: ir ao cinema; danceterias; barzinhos; casas noturnas; parques; academias; shopping; teatro; museus; galerias de arte; praticar esportes coletivos; assistir filmes de vídeo; jogar na loto; etc.

5. Identificar os locais noturnos mais freqüentados; os tipos de música preferidos; os esportes mais praticados além do surf; onde costumam ficar quando viajam; se possui casa na praia; revistas ou jornais que são mais lidos.

6. Mensurar o interesse por atividades relacionadas com o surf

7. Levantar/entender o vocabulário usado entre os praticantes

8. Verificar qual a freqüência de consumo de artigos de surf; do vestuário; de alimentação; investimentos.

9. Avaliar a orientação que os surfistas possuem em relação à família; a projetos sociais; ao trabalho; aos lazeres; à moda; aos meios de comunicação; a questões sociais.

10. Levantar dados demográficos dos praticantes do surf.

11. Procurar identificar se realmente o estereótipo colocado pela sociedade neste grupo social é condizente.

12. Identificar oportunidades mercadológicas diante das necessidades e expectativas deste segmento de mercado.

13. Fornecer subsídios para ajudar a divulgar o surf no Paraná

14. Dar sustentação para a estrutura de surf de Curitiba

JUSTIFICATIVA Estudos sobre estilos de vida normalmente ajudam a enriquecer as análises de mercados consumidores, possibilitando uma melhor compreensão do comportamento do consumidor,

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que resulta numa maior efetividade na identificação de segmentos de mercado e seleção de mercados-alvo, fatores primordiais à administração do composto de marketing. A escolha do segmento dos surfistas justifica-se pelo crescimento e representatividade do setor.

DELI�EAME�TO DA PESQUISA Este projeto foi constituído de duas etapas distintas: pesquisa qualitativa exploratória e pesquisa quantitativa conclusiva descritiva.

POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM A população desta pesquisa configurou-se como grupo de surfistas residentes em Curitiba. A amostra não probabilista foi composta de 14 surfistas na fase qualitativa e 106 surfistas na fase quantitativa.

PLA�O DE COLETA DE DADOS Utilizaram-se nesta pesquisa dados primários e secundários. Estes foram coletados em periódicos, publicações diversas, internet, Federação de Surf do Paraná, mídia especializada, entre outros. Os dados primários foram coletados em duas fases. Na primeira fase, qualitativa, procederam-se entrevistas pessoais em profundidade com o auxílio de roteiro de entrevista semi-estruturado. Estas entrevistas foram realizadas entre 06/12/2000 e 20/12/2000, com tempo médio de 40 minutos. Na segunda fase, quantitativa, procederam-se entrevistas pessoais com o auxílio de questionário estruturado e utilização de cartões resposta. Estas entrevistas foram realizadas entre 01/04/2001 e 30/05/2001 e tiveram o tempo médio de aplicação de 45 minutos.

PLA�O DE TRATAME�TO DOS DADOS As entrevistas em profundidade foram gravadas e transcritas na íntegra para posterior análise do conteúdo. As entrevistas quantitativas forma digitadas no software Microsoft Excel, onde foram submetidos a análises de estatística descritiva tais como média, desvio padrão e histogramas de freqüência.

LIMITAÇÃO DA PESQUISA Face ao tamanho da amostra levantado e sua configuração não probabilística, a generalização dos resultados encontrados neste estudo deverá ser feita com certa cautela, pois é restrita quanto à interpretação de cunho mais qualitativo.

APRESE�TAÇÃO DOS RESULTADOS

1. CARACTERIZAÇÃO DO SURF PRATICADO 1.1. Surf - 76,4% 1.2. Bodyboard - 17,0% 1.3. Longboard - 5,7%

2. CATEGORIA 2.1. Free surfr - 91,5% 2.2. Competidor Amador - 7,5% 2.3. Competidor Profissional - 0,9%

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3. COMPETIÇÃO 3.1. Nunca participou de campeonato - 70,4% 3.2. Já participou de campeonatos amadores - 25,5% 3.3. Já participou de campeonatos profissionais - 4,1%

4. HÁ QUA�TOS A�OS PRATICA SURF 4.1. Até 1 ano - 4,8% 4.2. De 2 a 4 anos - 32,4% 4.3. 5 anos ou mais - 62,8%

5. POSSUI CASA �A PRAIA 5.1. Sim - 82,1% 5.2. Não - 17,9%

6. EM QUE PRAIA POSSUI CASA 6.1. Outras praias - 71% 6.2. Guaratuba - 18,4% 6.3. Matinhos - 13,8% 6.4. Caiobá, 13,8% 6.5. Pontal do Sul - 9,2% 7. EM QUE LOCALIDADE JÁ SURFOU 7.1. Praias do Paraná - 100% 7.2. Praias de SC - 93,4% 7.3. Praias de SP - 42,5% 7.4. Praias de outros estados - 30,2% 7.5. Praias do RS - 20,8% 7.6. Exterior - 17,9%

8. LOCALIDADE QUE MAIS SURFA 8.1. Praias do Paraná - 79,2% 8.2. Praias de SC - 20,8%

9. TELEVISÃO 9.1. Assiste todos os dias - 84% 9.2. 2 vezes por semana - 5,7% 9.3. Uma vez por semana - 3,8% 9.4. Nunca assiste TV - 1,9%

10. DA�CETERIA 10.1. Uma vez por semana - 32,1% 10.2. Duas vezes por semana - 28,35% 10.3. Uma vez a cada 15 dias - 13,2% 10.4. Menos de uma vez por mês - 13,2%

11. SURFAR 11.1. Duas vezes por semana - 34,9% 11.2. Uma vez a cada 15 dias - 28,3% 11.3. Uma vez por semana - 22,6%

12. PAQUERAR 12.1. Todos os dias - 50,9%

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12.2. Duas vezes por semana - 26,4% 12.3. Uma vez por semana - 15,1%

13. IR AO PARQUE 13.1. Uma vez por semana - 19,8% 13.2. Menos de uma vez por mês - 17,9% 13.3. Uma vez por mês - 16% 13.4. Nunca vai - 11,3% 13.5. Todos os dias - 6,6%

14. SHOPPI�G 14.1. Menos de uma vez por mês - 32,1% 14.2. Pelo menos uma vez por mês - 17,9% 14.3. Todos os dias - 4,7% 14.4. Nunca - 4,7%

15. ASSISTIR FILMES DE VÍDEO 15.1. Pelo menos uma vez por semana - 28,3% 15.2. Pelo menos uma vez a cada 15 dias - 18,9% 15.3. Pelo menos duas vezes por semana - 17,9% 15.4. Todos os dias - 7,5% 15.5. Nunca - 3,8%

16. LER 16.1. Todos os dias - 36,8% 16.2. Pelo menos uma vez por mês - 14,2% 16.3. Pelo menos duas vezes por semana - 12,% 16.4. Nunca - 6,6%

17. �AVEGAR �A I�TER�ET 17.1. Todos os dias - 34% 17.2. 2 vezes por semana - 17,9% 17.3. 1 vez por semana - 14,2% 17.4. Nunca - 11,3%

18. COMER FORA 18.1. Uma vez a cada 15 dias - 21,7% 18.2. Uma vez por semana - 20,8% 18.3. Todos os dias - 9,4% 18.4. Nunca - 1,9%

19. FUMAR 19.1. Nunca - 60,4% 19.2. Todos os dias - 26,4%

20. IR AO CI�EMA 20.1. Menos de uma vez por mês - 53,8% 20.2. Uma vez por mês - 19,8% 20.3. Nunca - 11,3%

21. IR À ACADEMIA 21.1. Nunca - 49,5%

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21.2. Todos os dias - 20% 21.3. 2 vezes por semana - 19%

22. IR AO TEATRO 22.1. Nunca - 50,9% 22.2. Menos de 1 vez por mês - 38,7% 22.3. Uma vez por mês - 9,4%

23. MUSEU 23.1. Nunca - 58,5% 23.2. Menos de 1 vez por mês - 32,1% 23.3. Uma vez por mês - 7,5%

24. IR À IGREJA 24.1. Nunca - 38,7% 24.2. Manos de 1 vez por mês - 24,5% 24.3. Uma vez por mês - 21,7% 24.4. Uma vez por semana - 10,4%

25. IR A FESTAS DE FAMÍLIA 25.1. Menos de uma vez por mês - 43,4% 25.2. Uma vez por mês 29,2% 25.3. Nunca - 16% 25.4. Uma vez por semana - 2,8%

26. PARTICIPAR DE TRABALHOS VOLU�TÁRIOS/BE�EFICIE�TE 26.1. Nunca - 63,2% 26.2. Menos de uma vez por mês 20,8% 26.3. Uma vez por mês 5,7%

27. FAZER PASSEIOS ECOLÓGICOS 27.1. Menos de uma vez por mês - 44,3% 27.2. Nunca - 28,3% 27.3. Uma vez por mês - 19,8%

28. IR A MOTÉIS 28.1. Nunca - 46,2% 28.2. Menos de uma vez por mês - 26,4% 28.3. Uma vez por mês - 20,8%

29. VIAJAR COM OUTRAS FI�ALIDADES A �ÃO SER PARA SURFAR 29.1. Menos de 1 vez por mês 44,3% 29.2. Uma vez por mês - 20,8% 29.3. Nunca - 14,2%

30. MARCAS MAIS COMPRAM 30.1. Rip Curl - 40,6% 30.2. Quicksilver - 28,3% 30.3. Mormaii - 28,3% 30.4. Billabong - 27,4% 30.5. Hot Buttered - 17,9% 30.6. Reef - 15,1%

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30.7. Hang Loose - 13,2% 30.8. Da Hui - 11,3% 30.9. Redley - 10,4% 30.10. Cruel Maniac - 10,4% 30.11. Rusty - 10,4% 30.12. O'Neill - 10,4% 30.13. HD - 9,4% 30.14. Canfield - 6,6% 30.15. Free Surf - 6,6% 30.16. Levi's - 5,7% 30.17. MCD - 5,7%

31. LOJAS QUE COMPRAM 31.1. Backwash - 22,6% 31.2. 30 Pés - 21,7% 31.3. Canfield - 11,3% 31.4. C&A - 9,4% 31.5. Baja - 9,4% 31.6. Water Side - 8,5% 31.7. Jester Folk - 8,5% 31.8. Revestte Brasil - 7,5% 31.9. Line Out - 4,7% 31.10. Tamarindo - 3,8% 31.11. Crespo - 3,8% 31.12. Blood Stream - 3,8% 31.13. VM 4 - 3,8% 31.14. Drop Dead - 3,8% 31.15. Cloud Braek - 3,8%

32. COMPRAS - VESTUÁRIO ESPORTE 32.1. Compram - 40,6% 32.2. Sempre compram - 19,8% 32.3. Nunca compro - 3,8%

33. COMPRAS - VESTUÁRIO SOCIAL 33.1. Raramente compram - 55,7% 33.2. Compram - 19,8% 33.3. Nunca compram - 13,2%

34. ACESSÓRIOS PARA SURF 34.1. Nunca compram - 38,7% 34.2. Raramente compram - 30,2% 34.3. Compram - 18,9% 34.4. Freqüentemente compram - 9,4% 34.5. Sempre compram - 2,8%

35. T�IS 35.1. Compram - 40,6% 35.2. Raramente compram - 23,6% 35.3. Sempre compram - 17,9% 35.4. Nunca compram - 3,8%

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36. CD'S 36.1. Compram - 32,1% 36.2. Freqüentemente compram - 27,4% 36.3. Nunca - 2,8%

37. ÓCULOS DE SOL 37.1. Raramente compram - 43,4% 37.2. Compram - 36,8% 37.3. Nunca - 6,6%

38. GRAU DE I�STRUÇÃO 38.1. Colegial completo/superior incompleto - 50,9% 38.2. Ginasial completo/colegial incompleto - 34% 38.3. Superior completo - 8,5% 38.4. Pós-graduação - 5,7% 38.5. Primário completo/ginasial incompleto - 0,9%

39. IDADE - MASCULI�O 83%, FEMI�I�O 17% 39.1. 16/20 anos - 40,6% 39.2. 21/25 anos - 39,6% 39.3. 36/30 anos - 9,4% 39.4. 31/40 anos - 5,7% 39.5. Até 15 anos - 4,7%

40. RE�DA 40.1. R$ 3600,00/5400,00 - 26,4% 40.2. Mais de R$ 5400,00 - 19,8% 40.3. R$ 2700,00/3600,00 - 17,9% 40.4. R$ 1800,00/2700,00 - 15,2% 40.5. R$ 1440,00/1800,00 - 10,4% 40.6. R$ 1080,00/1440,00 - 4,7% 40.7. R$ 900,00/1080,00 - 2,8% 40.8. R$ 540,00/ 900,00 - 2,8%

41. ESTADO CIVIL 41.1. Solteiro - 93,4% 41.2. Casado/vive junto - 6,6%

42. PERFIL DO DOMICÍLIO 42.1. Mora com os pais - 74,6% 42.2. Mora com outros parentes - 17,9% 42.3. Mora sozinho - 3,8% 42.4. Mora com os filhos e cônjuge - 2,8% 42.5. Mora com o cônjuge - 0,9%

43. TRABALHO 43.1. Trabalham - 57,1% 43.2. Não trabalham 42,9%

44. OCUPAÇÃO 44.1. Estudante - 44,3%

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44.2. Funcionário sem função de chefia - 13,2% 44.3. Dono/sócio empresa - 8,5% 44.4. Dono de pequeno negócio - 6,6% 44.5. Funcionário com função diretiva ou gerência - 5,7% 44.6. Funcionário com função de chefia - 5,7% 44.7. Profissional liberal - 5,7% 44.8. Trabalhador autônomo ou representante autônomo - 4,7%

CO�CLUSÕES E RECOME�DAÇÕES

Para se trabalhar com este público, é recomendável não seguir estereótipos. O surfista curitibano trabalha e procura manter-se informado. Tem o surf como lazer, não pensando em se tornar surfistas profissionais, mas mencionam a necessidade de eventos relacionados com o surf para fortalecer e dar qualidade ao esporte. Para tanto é necessário verificar as tendências, as questões de interesse e de crítica dos surfistas.

Há que se tomar cuidado quanto a comportamentos que mencionem à relação homossexualismo, pois os entrevistados respeitam, mas não aceitam. Por outro lado, a relação de amizade é forte e bem vinda.

No meio publicitário, os filmes podem expressar, por exemplo, pessoas que trabalham, mas tem o "soul surf", quer dizer, levam no cotidiano a vida agitada e preocupada de todo mundo, mas não abdicam do prazer do contato com o mar e de garantir a sua qualidade de vida. A propaganda atual da Coca Cola pode ser um exemplo. Ela teve uma imagem aceitável demonstrando pai e filho surfando, e o filho sendo admirado pelo pai – apesar de que deveria demonstrar melhor o espírito do surf. Nesta peça o esporte é usado para focar a relação familiar e não de maneira a mostrar a radicalidade da prática.

É bom lembrar que os surfistas não gostam da imagem do surf sendo usada por empresas que não patrocinam o esporte e acreditam que tem direito de usar que patrocina e apóia o esporte.

É recomendável palestras sobre o esporte, divulgação sobre a prática de maneira que não seja para se aproveitar dele, mas sim divulgá-lo.

Ao se lançar no mercado procurando atingir o público dos surfistas, é bom procurar a mídia especializada, dar apoio ao esporte e procurar outras fontes mercadológicas que possam sustentar as atividades dos surfistas enquanto eles não estão em função de sua atividade principal: o surf.

Como promoção de vendas ou lançamento de produtos e até mesmo fidelização,é indicado o uso de feiras e festas, tendo em vista a alta freqüência dos surfistas em atividades correlatas.

Aos lojistas recomenda-se que estudem as práticas esportivas de seus consumidores e verifiquem o que falta a eles oferecer para que possam satisfazer plenamente seus clientes (eventos esportivos - campeonatos, surf treinos, etc)

Á mídia recomenda-se que dêem mais informações envolvendo o esporte, além de campeonatos e façam pesquisas, contribuindo desta forma para que o esporte tenha base

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teórica e científica e que os surfistas que se mantém informados possam obter melhor conhecimento sobre o esporte que praticam.

Aconselha-se que outros estudos sejam efetuados para analisar estes consumidores, como por exemplo, um estudo para segmentar o grupo dos surfistas em outros subgrupos encontrando e classificando os estilos de vida dentro de cada grupo.

Há muitas oportunidades para este mercado, é só analisar o perfil do surfista.

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SURFWEAR: A MARCA QUE VIROU ESTILO DE VIDA.

BIBLIOGRAFIA

RIO DE JA�EIRO

2009

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BIBLIOGRAFIA

LIVROS

TAVARES, Mauro Calixta. “A força da marca. Como construir e manter marcas fortes”. São Paulo, Editora Habra, 1998 SCHWARTZ, Evan. “Darwinismo digital: 7 estratégias inovadoras para sobreviver na implacável economia da web”. São Paulo, Makron Books, 2001. MARTINS, José. “A natureza emocional da marca: como encolher a imagem que fortalece a sua marca”. Editora Negócio, 3ª edição, 1999. MAFFESOLI, Michel. “O tempo das tribos, Editora Forense Universitária”, 2ª edição, 1998. SIMMEL,Geog. “Sociologie et épistémologie”, Editora P.U.F., 1ª edição, página 116. LUFT, Celso Pedro. “O romance das palavras”. São Paulo, Editora Ática, 1996. SITES www.surfreporter.cidadeinternet.com.br www.surfreporter.cidadeinternet.com.br/materias_arquivadas/09_10_02_surfwear.htm