brm assim falou ramana maharshi

Upload: valdivino-lemos

Post on 03-Apr-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    1/15

    ASSIM FALOU RAMANA MAHARISHI

    Autor: Swami Rajeswarananda(Traduo da 2 edio inglesa impressa em Madras, ndia, por Aruna Chela)

    O evangelho que Bhagavan Sri Ramana Maharishi deixou para o mundo um divinolegado humanidade para ser transmitido de gerao gerao.

    Este livro imortal um precioso sangue-vital do Maharishi, embalsamado e entesourado,para ser aplicado e assimilado numa vida de modo solene e sagrado.

    Swami Rajeswarananda.

    INVOCAO

    Aquele ao qual todos esses mundos esto ligados, ao qual todos pertencem, do qual todossurgem, para o qual todos existem, do qual todos se manifestam e que na realidade so elemesmo somente Ele real, a verdade. Possamos ns ador-lo no corao!

    ASSIM FALOU RAMANA

    1 O Eu nico, a nica realidade, somente ele existe eternamente. Mesmo quando o antigoinstrutor, Dakshinamurti, revelou sua existncia atravs da eloqncia muda, quem maispoderia transmiti-la pela palavra?2 A Realidade ao mesmo tempo ser e conscincia. Conhec-la ser uno com ela nocorao, que transcende o pensamento. A rendio absoluta ao supremo senhor, atravs dadestruio do eu e do meu o meio por excelncia para realizar a imortalidade. Osupremo ser, a causa ltima do universo manifesta-se como muitos os quais no temexistncia separada dele. Destruir o ego e perceber-se uma unidade com o Eu o mtodosupremo de realizao espiritual.3 Para aquele que percebe sua unidade com o Eu sem forma, tudo se mostra sem forma.A existncia do mundo meramente relativa. O mundo realmente um sinnimo demente. Como o conhecimento que ilumina o mundo, o primeiro anterior ao ltimo.Apenas o conhecimento real e permanece imutvel. Adorao atravs do nome e forma apenas um meio para realizar a identidade de cada um com o sem nome e sem forma.4 O auto conhecimento, no qual tanto o conhecimento relativo e os fenmenos externosterminam, exclusivamente o real conhecimento, porque o Eu a fonte de tudo. Conhecertudo mais exceto o conhecedor mera ignorncia. O Eu sendo o conhecimento absolutono nem conhecimento nem ausncia de conhecimento. Jamais poder ser ignorncia.Como o Eu nico e universal, o conhecimento da diversidade simplesmente ignornciaa qual tambm no separada do Eu.5 Como o passado e o futuro nunca existiram sem o presente, conhecer o eterno agora conhecer a verdade. O imutvel, infinito Eu transcende o tempo e o espao, os quaisreferem-se ao corpo e mente. O sbio que realizou o Eu transcende a ambos o livrearbtrio e o destino os quais se relacionam apenas com os ignorantes. Para o ignorante oego o Eu (Divino) limitado ao corpo; para o sbio o Eu o Ser Infinito.

    1

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    2/15

    6 O ego na verdade um fantasma sem forma prpria mas que se alimenta de qualquerforma que se apodera, e que, quando procurado, desaparece. Em conseqncia doaparecimento do ego tudo mais aparece e com sua permanncia tudo persiste. Destruir oego atravs da auto-indagao simplesmente a verdadeira renncia. O auto conscienteSer sem ego aquele que constitui o verdadeiro estado que se realiza pela destruio do ego

    atravs da auto-indagao.7 O homem deve renunciar ao seu egosmo pessoal que o prende ao mundo. Eliminar ofalso eu renncia. Isolar-se para meditar uma prtica para simples novios espirituais.O homem que est avanando na vida espiritual inicia gozando de profunda beatitude, queresteja trabalhando ou no. Mesmo que suas mos estejam ocupadas no trabalho, conservasua cabea em calma solido.8 Voc deve fazer a si prprio a pergunta: Quem sou eu? esta investigao chegarfinalmente descoberta de algo em seu interior que se acha por detrs da mente. resolvaeste grande problema e resolver consequentemente todos os demais. A verdadeiranatureza do homem a felicidade. A felicidade inata no Eu(Divino). Quando o homembusca a felicidade est inconscientemente buscando seu verdadeiro Eu. O verdadeiro Eu imperecvel; portanto quando o homem o encontra, encontra a felicidade que imorredoura.9 Para aquele que realizou o estado de ser perfeito que na realidade a prpria beatitudeindescritvel do Ser Absoluto, nada mais resta a realizar. O Ser a unidade e o autoconhecimento nico no sentido de que o Eu que conhece o prprio conhecimento. Elenunca se tornar um objeto: quer conhecido ou desconhecido.10 Voc diz que esta a Era da Razo e que o ensinamento deve estar emconcordncia com a razo. Eu pergunto: de quem o intelecto? Voc responder: meuintelecto. Assim o intelecto sua ferramenta. Voc a usa para medir a variedade. No voc, nem algo independente de voc. Voc a realidade imanente, enquanto o intelecto apenas um fenmeno. Voc deve buscar e identificar-se consigo mesmo. No existeintelecto no sono profundo e sem sonhos. Tambm no existe na criana. O intelecto sedesenvolve com a idade. Como pode haver desenvolvimento ou manifestao do intelectosem sua semente durante o sono profundo ou na infncia? Porque consultar a histria a fimde descobrir este fato fundamental? O grau de verdade na histria o mesmo que existe nohistoriador.11 De que servem as disputas sobre o universo, dizendo que real, ou que umaaparncia ilusria, que consciente ou inconsciente, que feliz, ou que miservel?Todos os homens que se assemelham sob ponto de vista espiritual amam o estado sem egoque se obtm ao se desligar do mundo e conhecer o imaculado Ser real o qual transcende asafirmaes de que um ou que muitos.12 Este mundo que voc tenta provar que real, est sempre mofando de voc ao desejarconhec-lo, sem que primeiro conhea a si prprio. Para aquele que no conhece a verdadesobre si mesmo, o conhecedor, como pode ser real o conhecimento dos objetos do mundoexterior que surge na existncia relativa? Se a pessoa conhece de maneira correta a verdadea respeito daquele que chamamos de Eu, no qual tanto o conhecimento como seu oponentesubsistem, tanto a ignorncia como o conhecimento relativo cessaro.13 O mundo e a mente surgem e desaparecem como uma unidade; mas dos dois o mundodeve seu aparecimento apenas mente; entretanto somente o Eu real e nele este parinseparvel o mundo e a mente surgem e desaparecem. O eu real a conscinciainfinita, que no tem nem comeo nem fim.

    2

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    3/15

    14 O mundo nada mais que o corpo; o corpo nada mais que a mente; a mente nadamais do que a conscincia primeva; a conscincia primeva nada mais que a realidadeque subsiste imutvel na paz.15 O mundo nada mais que as cinco sensaes, ou seja, sons e outras manifestaessemelhantes; assim o mundo consiste nos objetos percebidos pelos cinco sentidos e a

    mente que se torna consciente das cinco sensaes atravs destes cinco sentidos. Assimsendo, como pode o mundo ser outra coisa que a mente?16 Onde existe o tempo e o espao independente do sentido de eu ? Se fossemos oscorpos poder-se-ia dizer que estamos no tempo e no espao. Mas seremos os corpos?Somos sempre os mesmos em qualquer tempo e em todos os lugares; desse modo somosesta realidade que transcende o tempo e o espao.17 Quando surge a sensao de eu sou o corpo, surge tambm as noes de voc eele; mas quando, atravs da indagao sobre a verdade subjacente ao Eu, a conscincia deego eliminada, quando as noes de voc e ele tambm cessam, aquilo que brilhacomo nico remanescente o verdadeiro Eu.18 Se o Eu tiver forma, ento o mundo e o Deus (pessoal) tambm tero. Mas se o Eu forsem forma, como e por meio de que as formas podem ser vistas? o espetculo de sempre,de maneira diferente da observada pela viso comum. O olho verdadeiro o verdadeiroEu; conscincia infinita, sem forma e desprovido de mundo (manifestado).19 Se o olho que v o olho da carne, ento as formas so vistas; se a este olho foracrescentado lentes at mesmo coisas invisveis sero vistas com forma; se a mente for oolho, as formas sutis so vistas; ento o olho que v e os objetos vistos so da mesmanatureza; ou seja, se olho for ele mesmo uma forma, s poder ver formas, entretanto nemo olho fsico nem a mente tem o poder da viso por si mesmos; o olho real o Eu e, como sem forma, sendo a pura e infinita conscincia, a realidade, no v formas.20 A mente nada mais que uma corrente de pensamentos que surge na conscincia. Detodos os pensamentos o primeiro o pensamento eu sou o corpo. Este um falsopensamento mas, como tido como verdade, torna possvel o surgimento de outrospensamentos. Assim a mente um subproduto da ignorncia primordial e portanto irreal.21 Se eu sou eterno e perfeito, porque sou ignorante? Resposta: Quem ignorante? O Euverdadeiro no se queixa de ignorncia. o seu ego que se queixa. ele que tambm fazperguntas. O Eu (Divino) no faz qualquer pergunta. Este ego no nem o corpo fsiconem o Eu real, mas algo que se interpe entre os dois. No sono profundo no existe ego evoc no tem qualquer sensao de imperfeio e ignorncia. Assim, o prprio ego que imperfeio e ignorncia. Se voc buscar a realidade do ego e ento encontrar o Eu real,ver que no existe ignorncia.22 A dificuldade est no fato de o homem pensar que o agente das aes, mas umerro. o poder mais alto que tudo faz e a ferramenta. Se o indivduo aceita essa posioficar livre de problemas. De outro modo estar sujeito a eles. Tomo como exemplo aestatua em Gopuram, o templo da torre, que d a impresso de sustentar a torre sobre seusombros. Seu semblante e atitude parecem revelar grande esforo em suportar a torre sobreseus ombros. Mas pondere. A torres est construda em cima da terra e se apoia sobrefundaes. A figura faz parte da torre. No engraado? Assim o homem que julga serele o executor das aes.23 Se fizermos a indagao sobre a existncia da mente, concluiremos que ela no existe.Nisto consiste o controle da mente. de outro modo se considerarmos a mente comoexistente e procurarmos control-la, como se estivssemos controlando a mente com a

    3

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    4/15

    prpria mente tal como um ladro que se arvora em policial tentando controlar um ladroque ele mesmo.24 Este corpo fsico insensvel no diz Eu; nem ningum diz no existo durante o sonoprofundo; mas tudo isso se converte em ser to logo surja o ego. Deste modo procure afonte de onde surge o ego ao concentrar a mente na busca.

    25 Os livros sagrados (Sastras) tornam-se inteis quando realizamos a essncia de seusensinamentos. As escrituras so teis quando indicam a existncia de um Poder Superior( o Eu) e a maneira de atingi-lo. Este seu nico papel. Quando a essncia assimilada, oresto torna-se intil. Quando a pessoa sobe a escalada, verifica que os pontos j superadosforam degraus em direo a estgios mais altos e assim sucessivamente. Quando a meta atingida, apenas esta permanece e tudo mais se torna intil para ele. Este o estgio noqual os Sastras tornam-se inteis..26 Dez homens ignorantes cruzaram um rio e ao atingir a outra margem fizeram acontagem entre eles encontrando apenas nove. Ficaram ansiosos e lamentaram a perda dodcimo homem. Um transeunte indagando a causa de seu pesar, verificou que cada um seesquecia de contar a si prprio e assim deu um tapinha em cada um deles fazendo com quecontassem com ele. Desse modo contaram dez e ficaram satisfeitos. O dcimo homem noera algum novo, pois era apenas um deles no sendo contado por pura ignorncia.Semelhantemente ocorre com o homem e o Eu. No h nada de novo para ser adquirido. OEu est sempre aqui e agora. Em virtude de termos assumido errneas limitaes, achamosnecessrio transcend-las. Alm disso, se existe necessidade de adquirir algo que no sepossui, implica em sua inexistncia. O que no existia antes uma vez adquirido pode tornara desaparecer e neste caso no h salvao de carter permanente.27 Quem que diz que o Eu no perceptvel? Existir um Eu ignorante e um Euardiloso? Existiro dois eus na mesma pessoa? a mente que diz que o Eu no perceptvel. De onde se origina essa mente? Conhea a mente. Ver que um mito.28 Voc sonha, enquanto dorme em sua cama na cidade de Tiruvannamalai, que seencontra em outra cidade e esta parece-lhe real. Seu corpo est em Tiruvannamalai eportanto no leito de um quarto. Pode uma cidade ocupar o espao de um quarto ou voc seausentou dele e saiu para outro lugar deixando seu corpo? Ambos so impossveis,portanto, ambos os fatos so irreais: o de estar aqui e o de ver outra cidade. Ambos parecemreais para a mente. O Eu do sonho desapareceu quando voc acorda. Outro eu diz quefoi um sonho. Da concluir-se que ambos so irreais. Existe o substrato da mente que seprolonga, dando origem a muitas cenas. Com cada pensamento surge um Eu e com adesapario do primeiro o segundo tambm desaparece. Assim os Eus nascem e morrema cada momento.. A mente que subsiste o verdadeiro problema. Este o ladro deacordo com a opinio do sbio Janaka.29 A afirmao de que a dualidade real enquanto a pessoa se esfora para atingir a metae que nesta no existe dualidade incorreta. Quem mais poderia ser o dcimo homem daparbola a no ser aquele que contava seus colegas mas que buscava ansiosamente odcimo homem com algum que faltava at que verificou ser ele mesmo?30 Quando voc acorda diz que o sono profundo desprovido de toda conscincia. Masvoc no diz isso durante o sono. Aquilo em voc que agora diz isso ao acordar a suamente. mas ela no estava presente quando voc dormia profundamente e natural que amente ignore a conscincia durante esse perodo. No tendo experincias durante o sonoprofundo, a mente no est apta a lembrar o que se passa nesse perodo e se engana a seurespeito. O estado de sono profundo acha-se alm da mente.

    4

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    5/15

    31 Somente o Eu, que conscincia, real e nada mais? Tudo quanto se denominaconhecimento que multiplicidade, apenas ignorncia. Esta ignorncia irreal, pois notem existncia prpria, independente da conscincia que o Eu, tal como uma jia feita deouro no tem existncia independente do ouro.

    32 O verdadeiro Siddhi o estado natural de cada um, no qual se sente como o verdadeiroEu, e que se obtm quando se torna consciente deste Eu, o qual realmente j somos. Osoutros Siddhis so como os que temos durante um sonho. Ser que o que se obtm duranteo sonho permanece real quando se acorda? Pode o sbio, que eliminou a iluso ao seidentificar com o Eu, iludir-se com eles?33 Para aquele que se acha totalmente estabelecido na bem-aventurana do estado naturalalm do mutvel e portanto no consciente da multiplicidade, e que no pensa Eu sou umapessoa e ele outra, quem poder ser seno o prprio Eu (Divino)? Se algum fala o quequer que seja a seu respeito, que importa? Ser a mesma coisa como se ele estivessefalando de si prprio.34 Aquele que esquece o Eu (Divino), tomando o corpo fsico por ele e segue atravs deinumerveis reencarnaes, assemelha-se a algum que vaga pelo mundo durante umsonho; e quando realiza o Eu assemelha-se a algum que acorda aps ter passado por umsonho.35 Aquele que se pergunta Quem sou eu? e Onde estou? embora existindo durantetodo tempo como o prprio Eu, como um bbado que pergunta sobre sua prpriaidentidade e seu paradeiro.36 Embora o corpo esteja no Eu, aquele que cr que este Eu seja o corpo fsico insensvel como a pessoa que considera o tecido de uma tela na qual se pintou uma imagem como seela fosse a prpria imagem nela impressa.37 A graa est em seu interior. Se ela fosse externa, seria intil. A graa o Eu. no algo a ser adquirido de outras pessoas. Tudo que necessrio saber da sua existncia nointerior de voc. Voc nunca est fora da atuao do Eu. a graa est sempre presente.No se manifesta porque a ignorncia prevalece. Com Sraddha(F) se tornar manifesta.Sraddha, graa, luz, esprito todos so sinnimos do Eu.38 A meditao requer um objeto sobre o qual se medita, enquanto que na Vichara ouintrospeo, existe apenas o sujeito sem objeto. A meditao difere da vichara por estemotivo. A vichara no s o processo como o alvo. Eu sou o objetivo e a realizaofinal. Fixar-se neste puro ser sem esforo vichara. Quando se torna espontneo e natural, realizao.39 A dvida: Posso realizar? Ou o sentimento de que no realizei so obstculos realizao. A realizao no algo novo para ser alcanado. O Eu j est realizado. Tudoo que se faz necessrio livrar-se da idia: Eu no realizei.40 Aquilo que visto como entidade independente, isto independente do Eu, irreal.Aquilo que visto no diferente daquele que v. O que existe o Eu nico, no algumque v e algo que visto. Aquele que v quando identificado com o Eu real.41 No existe tal coisa como irreal encarado sob outro ponto de vista. Somente o Euexiste. Quando voc busca a origem do ego, baseado no qual somente o mundo e tudo maisexiste, verificar que o ego na verdade no existe bem como toda a criao.42 Renncia e realizao so uma s coisa. So diferentes aspectos do mesmo estado.Livrar-se do no eu renncia. Perceber-se uma unidade com o Eu Jnana ou autorealizao. Um o negativo e o outro o aspecto positiva da mesma e simples verdade.

    5

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    6/15

    43 Da mesma forma voc procura colaborao a respeito das experincias do mundo comaqueles que voc v no estado de viglia dever tambm solicitar colaborao no sonhodaqueles que nele v quando estiver sonhando. Desta forma durante o sonho tercolaborao dos amigos e parentes que nele aparecem. O ponto mais importante : voc

    est preparado ao acordar para afirmar que suas experincias no sonho so uma realidade?Similarmente aquele que despertou na jnana no pode afirmar a realidade do estado deviglia. Sob este ponto de vista o estado de viglia um sonho.44 O silncio tem 4 tipos: silncio da fala, silncio do olho, silncio da audio e silncioda mente. apenas este ltimo o puro silncio o mais importante. O discurso do silncio o melhor discurso como ilustrou o Senhor Dakshinamurti. Apenas o silncio a fala eterna,a nica palavra, o colquio corao a corao.45 O silncio como o simples fluxo da corrente eltrica. A fala como se umaobstruo se interpusesse para dar origem luz ou outros propsitos. Entretanto mesmoque um jnani possa falar na verdade permanece como nico silncio. No importa quantotrabalhe, ele permanece em silncio. Sua voz a voz incorprea. Seus passos no so sobrea terra. como se medisse o cu com o prprio cu.46 A graa do guru est sempre presente. Voc imagina que algo, que se acha em algumlugar do cu, distante, e que deve descer. Na verdade est em seu interior, em seu corao,e no instante que voc se submete ou mergulha a mente em sua fonte, a graa se apresenta,desabrochando como se fosse uma florao no mais recndito do seu ser.47 Quando um devoto atinge certo grau espiritual e se acha pronto para a iluminao, oprprio Deus ao qual estava adorando surge como o guru e o conduz. O guru surgesomente para dizer-lhe: Deus est em seu interior, mergulhe profundamente e O realize.Deus, o Guru e o Eu so uma s coisa.48 O Bhagavad Guit diz: O homem sbio pensar que os sentidos se dirigem para osobjetos externos os quais no se acham ligados s atividades daqueles. Eu irei mais longedizendo que o jnani nem mesmo isso pensa. Ele o Eu e nada v separado de si mesmo. Oque o Guit diz na referida passagem refere-se ao Abhyasi ou praticante.49 Para que se veja um objeto no escuro h necessidade de um olho e a luz de umalmpada. Para que se veja a luz, apenas um olho necessrio. Mas para ver o sol no hnecessidade de qualquer outra luz. Nosso intelecto, ou Buddhi, intil para realizar o Eu.Para se ver o mundo de objetos externos a mente como luz refletida (ou chidabhasa), quesempre aparece neles, necessria. Para ver o Eu, a mente tem que simplesmente voltar-separa o interior e no h necessidade da luz refletida.50 O Eu elimina a iluso do eu (ego) e ainda assim permanece como o Eu. Isto podeparecer um paradoxo para voc, mas no o para o jnani: veja o caso do Bhakta, seu eureza para o Senhor para que se ligue a ele o que expressa sua renncia. O que permanececomo resduo, aps essa renncia, o eterno Eu, que o Absoluto, Deus ou o prprioParamatman. Que aconteceu ao eu(ego), que originalmente rezou? Por ser irreal,simplesmente desapareceu.51 Cada plano tem sua prpria iluso, que pode ser destruda apenas por outra ilusovinculada ao mesmo plano. Exemplo, um homem toma uma copiosa refeio e vai dormir.Sonha que se acha faminto apesar do estmago estar cheio de alimento fsico. Parasatisfazer a fome do sonho tem que se alimentar com comida onrica. Da mesma forma ailuso da ajnana(ignorncia) pode ser destruda apenas pela iluso da upadesa do guru, ouseja o ensinamento do mestre. Mukti (a libertao) est sempre presente, e a escravido

    6

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    7/15

    est sempre ausente, apesar disso a experincia universal d a entender o contrrio.52 Conhecer o Eu ser o Eu, e ser significa existncia, a existncia de cada um, a qualningum nega, da mesma forma que no nega a existncia de seus olhos, embora ningumos veja. A dificuldade est em sua inteno de objetivar o Eu, tal como voc objetiva seusolhos quando coloca um espelho diante deles. Voc est to acostumado a objetivar que

    perdeu o conhecimento de si prprio, simplesmente porque o Eu no pode ser objetivado.Quem pretende conhecer o Eu? pode o corpo insensvel ou a mente conhec-Lo? Durantetodo tempo voc fala e pensa, Eu, Eu, Eu, mas quando indagado a respeito dizignor-lo. Voc o Eu, mas mesmo assim pergunta como conhec-Lo!53 Os homens falam de vises divinas, mas as descrevem de maneira diferente, incluindoa presena daquele que v. At mesmo os hipnotizadores podem fazer com que uma pessoaveja estranhas cenas e outros fenmenos os quais voc condena como truques eprestidigitao, enquanto que as primeiras declara sejam divinas. Porque a diferena? Ofato que tudo que se v irreal quer surjam atravs dos sentidos ou da mente como merosconceitos. Esta a verdade.54 O conhecimento subjetivo isto o conhecimento de si mesmo jnana. pois osujeito como conhecedor, o objeto como coisa conhecida e o conhecimento que os liga. Oconhecimento a luz que liga aquele que v ao objeto visto. Suponha que voc v procurarum livro numa livraria em plena escurido. Acaso voc poder encontr-lo sem umailuminao, embora tanto voc, (o sujeito) como o livro (o objeto) ambos estejampresentes? A luz tem que estar presente para uni-los. Este elo entre o sujeito e o objeto emqualquer experincia Chit, a conscincia. ambos: o substrato e a testemunha de todas asexperincias.55 Que meditao se no a repetio mental de um conceito? um Japam mental quecomea com palavras e termina com o Silncio do Eu. A meditao e o controle da menteso interdependentes. De fato a meditao inclui o controle mental, o alerta sutil contra aintromisso de pensamentos. No incio os esforos para o controle so grandes em relao meditao atual, mas em seu devido tempo a meditao vence e se torna sem esforo.56 - Durante o sono profundo voc esta inteiramente livre de pensamentos porque opensamento eu est ausente. No instante que surge o pensamento-eu, ao despertar, todosos outros pensamentos brotam espontaneamente. A coisa mais sbia que a pessoa devefazer , portanto, fixar-se neste pensamento-raiz principal e dissec-lo indagando quem e oque no dando assim qualquer chance para que outros pensamentos o distraiam. Nistoconsiste o verdadeiro valor da vichara bem como sua eficcia.57 Qual a conscincia do corpo? o corpo insensvel (inerte) mais a conscincia.Ambos devem depender de uma outra conscincia que absoluta e inatacada e sempreexistente quer tenha ou no uma conscincia ligada ao corpo. Que importa se a conscinciado corpo se perde ou se retida, se possumos uma conscincia pura? No existe qualquerdiferena no conhecimento do Ser Supremo.58 Porque devemos levar nossa mala sobre a cabea quando viajamos de trem? Esteltimo levar a ambos voc e sua bagagem quer voc a coloque na cabea ou no assoalhodo trem. Voc no aliviar o peso que o trem carrega ao conduzi-la em sua cabea, poisisso lhe causar um esforo desnecessrio. O mesmo caso se observa quando voc imaginaser o agente das atividades no mundo que vive.59 Com referncia ao nome Rama subentende-se Ra como o Eu e Ma como o ego.Conforme a pessoa v repetindo Rama, Rama, o ma desaparece submerso no Ra eassim resta apenas o Ra. Neste estado no h esforo consciente durante a prtica da

    7

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    8/15

    Dhyana que est presente porque Dhyana nossa natureza real.60 Voc quer saber seu passado, o que era e o que ser no futuro. Voc no conhece opresente mas existe agora. Ambos ontem e amanh so apenas referncias em relao aohoje. Ontem foi chamado hoje em seu prprio tempo e amanh ser chamado hoje porvoc no devido tempo. Hoje est sempre presente. Aquilo que est sempre presente pura

    existncia. No tem passado nem futuro. Porque no buscar e encontrar a verdadeiranatureza da existncia presente e eterna?61 No h diferena entre Jivanmukti e Vedehamukti. Para aqueles que perguntam arespeito dito: Um Jnani num corpo um Jivanmukta e atinge Videhamukti quando delesai. Mas esta diferena existe apenas para o observador externo, no para o Jnani. Seuestado o mesmo antes ou depois de desencarnado. Pensamos no Jnani como uma formahumana ou como existindo nesta forma. mas o Jnani sabe que o Eu, a nica realidade queest em ambos dentro e fora, e que no se acha ligado a qualquer forma ou contorno.62 No existem estgios na realizao ou mukti. No existem graus na Gnana. Assimno pode haver um estgio da Gnana com a presena de um corpo e outro quando esteltimo for deixado. O Jnani sabe que nada existe alm do Eu. Neste caso qual a diferenaque possa existir na presena ou ausncia de um corpo fsico?63 falso falar de realizao. Que existe para ser realizado? O real como , sempre.Como realiz-lo? Ns realizamos o irreal, isto , tomamos o irreal pelo real. Devemosabandonar esta atitude. tudo o que se requer para atingir Gnana.64 Existncia ou conscincia a nica realidade. Conscincia mais viglia chamado deestado desperto. conscincia mais sono chamamos estado de sono. A conscincia a telana qual todas as figuras vem e vo. A tela real, as figuras so meras sombras nelaprojetadas. Em conseqncia de hbitos antigos admitimos esses trs estados como reais.Ao estado de plena lucidez ou plena conscincia chamamos de quarto estado. No existe,entretanto, um quarto estado e sim um s.65 Diz-se que toda Vedanta pode ser resumida em quatro palavras: Deham, Naham,Koham, Soham. Deham Naham, isto , o corpo no o eu. Se algum indaga: Koham,isto , quem sou eu? ou seja se algum indaga de onde brota esse eu e o realiza ento nocorao o Deus onipresente brilhar como Eu como o Sa-aham ou Soham; isto , eleconhecer Eu sou Ele, ou seja este o Eu.66 A bem-aventurana que sentida inconscientemente durante o sono passa a servivenciada no estado de Turya. Essa a diferena. O gozo espiritual sentido no estado deviglia(Jagrat) gozo do veculo(Upadhi Ananda). Mas no existe gozos (anandas)diferentes. H apenas um gozo, incluindo aquele sentido durante a viglia, o gozo de todosos tipos de seres desde o animal mais inferior at o mais elevado Brahma, o Ananda(gozo) do Eu.67 Conhece-te a ti mesmo, uma frase usada costumeiramente. Mesmo assim no correto dizer isto. Pois, se falamos a respeito de conhecer o Eu, deve existir dois eus, um aquele que o conhecedor, outro aquele que conhecido, incluindo o processo doconhecimento. O estado que chamamos realizao simplesmente ser o que se , semconhecer o que quer que seja ou se tornando o que quer que seja. A pessoa que atingiu arealizao o que e o que sempre foi.68 Eu existo a nica experincia permanente e auto evidente de cada um. Nada mais to evidente (Pratyaksha) como Eu sou. O que o povo chama de auto evidente, porexemplo, as experincias vividas atravs dos sentidos, esto longe de serem auto evidentes.Apenas o Eu aquilo. Pratyaksha outro nome dado ao Eu. assim, fazer a auto-

    8

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    9/15

    anlise e ser o Eu sou a nica coisa que se deve fazer. Eu sou a realidade. Eu souisto ou aquilo pura irrealidade.69 A afirmao do Upanishad Eu sou Brahman significa simplesmente que Brahmanexiste com Eu e no Eu sou Brahman. No se pretende que um homem deva seraconselhado a meditar: Eu sou Brahman, Eu sou Brahman. Acaso o homem deve

    pensar Eu sou um homem, Eu sou um homem? Na verdade ele um homem e excetose surgir uma dvida se um animal ou uma rvore, no h necessidade de afirmar Eu souum homem. Da mesma forma o Eu o Eu. Brahman existe como Eu sou, em todas ascoisas e seres.70 Voc deve cessar de se imaginar que os 3 tipos de Purusha comuns, isto , Adhama,Madhyama, Uttama e seja Purushottama. Isto aceito. Atinja aquele estado e veja por simesmo o que ele e se nele existe qualquer Vritti. Falar em Brahmakara Vritti, comoalgumas vezes fazemos no correto. Se falamos a respeito do rio que j mergulhou nooceano como se ele ainda fosse o rio e o denominamos Rio Samudrakara, ento podemosdizer que o estgio final do desenvolvimento espiritual tem Brahmakara Vritti.71 No de todo correto dizer que os advaitistas ou a escola de Sankara negam aexistncia do mundo ou que ele irreal. Por outro lado, mais real para aqueles do quepara os outros. O mundo deles existir para sempre enquanto que o mundo das outrasescolas tero incio, desenvolvimento e desapario e por isso no pode ser real. O quedizem que o mundo como mundo no real, mas que o mundo como Brahman real.Tudo Brahman, nada existe a no ser Brahman e o mundo como Brahman real. Sankaradiz que maya no existe. Aquele que nega a existncia de maya e declara como sendomithya ou no existente no pode ser chamado de mayavadi.72 No existe diferena entre a mente e o Eu. A mente quando se volta para dentro o Eu; quando se volta para fora torna-se o ego e todo o universo. Ao algodo usado emvrias roupas damo-lhe vrios nomes. Mas todas so feitas de algodo. O Uno real, osmuitos so meros nomes e formas. Mas a mente no existe separada do Eu, isto , no temexistncia independente. O Eu existe mesmo sem a mente, porm esta no tem existnciasem o Eu.73 Uma figura projetada numa tela de cinema parece contemplar o mundo. Qual arealidade por trs do sujeito e do objeto (figura e mundo) nesta projeo? Um ser ilusrioolha para um mundo ilusrio. Voc e o mundo so to reais como a figura e o mundo docinema.74 A iluso em si falsa. A iluso deve obrigatoriamente ser vista por algum em suafrente. Pode este ser que v ser um objeto da iluso? Pode ele falar de graus de iluso? Hcenas se desenrolando na tela do cinema. O fogo parece consumir prdios s cinzas. Asguas parecem naufragar navios. Mas a tela na qual projetam-se as imagens permaneceincombusta e seca. Por que? Por que as imagens eram irreais e a tela real. Um espelhoreflete muitas coisas mas no afetado pela qualidade ou quantidade das coisas nelerefletidas. Assim o universo um fenmeno na realidade nica que no afetado denenhuma maneira. A realidade uma s.75 Voc fala de uma viso de Shiva. A viso refere-se sempre a um objeto. Isto implicana existncia de um sujeito. O valor de uma viso a mesma daquele que v. Isto querdizer que a natureza da viso est no mesmo plano daquele que v. Aparies implicamtambm em desaparecimento. Tudo que aparece deve tambm desaparecer. Uma visojamais poder ser eterna. Porm Shiva eterno.76 A viso implica na existncia de algum que v. Aquele que v no pode negar a

    9

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    10/15

    existncia do Eu. No h momento algum em que o Eu como conscincia deixe de existir;nem o caso daquele que v esteja independente da conscincia. A conscincia o eternoSer e o nico Ser. Aquele que v no pode ver a si mesmo. Pode ele negar sua existnciapelo simples fato de no ver a si prprio com os olhos como Pratyaksha (na viso)? No!Assim Pratyaksha no significa ver mas Ser.

    77 Que meditao? Consiste na expulso dos pensamentos. Todos os atuais problemasdevem-se aos pensamentos e so por si mesmos pensamentos. Isto felicidade e tambmmeditao. Os pensamentos referem-se ao pensador. Permanea como o Eu do pensador eteremos o fim dos pensamentos.78 Ver o erro no prximo ver o erro em si mesmo. A discriminao entre o certo e oerrado a origem do pecado. O erro de cada um refletido para fora e o indivduo em suaignorncia o superpe ao prximo. O melhor a fazer atingir o estado no qual taldiscriminao no surge. Voc v certo ou errado durante o sono? E voc no existe nosono? Esteja no sono mesmo durante a viglia, permanea no Eu e no seja contaminadopelo que sucede ao seu redor. Seu silncio ter mais efeito do que suas palavras e atos.Este o desenvolvimento do poder da vontade. A partir da o mundo se tornar o reino docu, que est em seu interior.79 Que realizao? ver a Deus com quatro mos, como uma concha, uma roda, umaclava, etc.? mesmo se Deus aparecesse nesta forma como poderia ser eliminada aignorncia do discpulo? Esta apario fenomnica e ilusria. Todas as percepes soindiretas ou conhecimento secundrio. A verdade deve ser eterna realizao. A percepodireta experincia sempre presente. Deve existir sempre algem que v. A presentesuper posio do corpo que tomado como Eu est to enraizada que a viso diante dosolhos considerada Pratyaksha mas no aquele que v. Somente o vidente real e eterno.Morando no Eu e sendo o Eu e no apenas vendo o Eu na verdade a realizao.80 Voc nunca poder encontrar a mente por meio da mente. mergulhe profundamenteafim de encontr-la e ver que inexistente. Mente, ego, intelecto so diferentes nomes deum nico rgo(Antahkarana). A mente apenas um agregado de pensamentos. Ospensamentos no podem existir se no para o ego. Assim todos os pensamentos sopermeados pelo ego (Aham). Procure de onde o ego surge e os outros pensamentosdesaparecero.81 O Jnani no v ningum como Ajnani. Todos so Jnani em sua viso no estado deignorncia a pessoa superpe sua ignorncia a respeito do Jnani e o confunde como umagente no estado de Jnana, o Jnani no v nada separado do Eu. O Eu sempre autoluminoso puro Jnana. Dois amigos dormiram um ao lado do outro. Um deles sonhouque ambos empreenderam uma longa viagem e tiveram estranhas experincias. Ao acordarrecapitulou-as todas e perguntou ao amigo se estavam corretas. O outro simplesmente oridicularizou dizendo que era apenas um sonho e portanto no poderia t-lo afetado. Assimacontece com o Ajnani que superpe suas idias ilusrias a respeito dos outros.82 Jnana Chakshus no significa que exista um rgo de percepo como no caso dosrgos dos sentidos. Jnanameva Chakshus, televiso, etc., no so funes JnanaChakshus. Enquanto houver um sujeito e tambm um objeto temos apenas conhecimentorelativo. Jnana acha-se acima do conhecimento relativo. absoluto.83 Dakshinamurti observou silncio quando os discpulos se aproximaram dele. Esta amais elevada forma de iniciao. Ela inclui outras formas. H sempre relao sujeito-objetoestabelecida em outras dikshas. Inicialmente deve surgir o sujeito e depois o objeto. Amenos que esses dois existam, como um pode olhar o outro ou toc-lo? Mouna Diksha o

    10

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    11/15

    mais perfeito: compreende olhar, tocar e ensinar. Purificar o indivduo de qualquermaneira e estabelecer nele a realidade.84 O silncio a verdadeira Upadesa. a perfeita Upadesa. Acha-se disponvel para omais avanado buscador espiritual. Os outros so inaptos a serem grandemente inspiradospor ele. Assim requerem palavras para explicar a verdade mas a verdade est acima das

    palavras. No admite explanaes. Tudo o que possvel se fazer apenas indic-lo.85 Que Sarupa(forma) e Arupa(sem forma) da mente? Quando voc desperta do sonosurge a luz, esta a luz do Eu passando atravs do Mahat Tattva. chamada conscinciacsmica. Isto Arupa. A luz incide sobre o ego e refletida a partir da. O corpo e omundo so vistos. A mente Sarupa. Os objetos aparecem na luz desta conscinciarefletida. Esta luz denominada Jyoti.86 Que Atmasakshatkara (auto-realizao)? Voc o Atm(Eu) e este Sakshat (aqui eagora) tambm. Qual o lugar para Kara (aperfeioamento) nele? Esta questo mostra quevoc pensa que o no eu. Ou pensa que existam dois eus, para que um realize o outro. um absurdo!87 Em qualquer que seja o estado que a pessoa esteja as percepes a ele pertencem. Aexplicao a seguinte: no estado de viglia (jagrat) o corpo fsico percebe nomes e formasgrosseiras; no estado de sonho (swapana) o corpo mental percebe criaes mentais em suasvariadas formas e nomes; no estado de sono profundo sem sonhos (sushupti), quando seperde a identificao com o corpo fsico, no existem percepes; de modo semelhante oestado transcendental de identificao com Brahman (o Eu) coloca o homem em harmoniacom tudo, e nada existe separado do Eu.88 Uma boneca feita de sal que mergulha no mar no ficar protegida por uma capa prova dgua. O corpo a capa prova dgua. Voc v os objetos ao esquecer seu prprioEu. Se voc se identificar com o Eu, no ver o mundo objetivo.89 A criana e o sbio (jnani) so semelhantes em certo aspecto. Acontecimentosinteressam criana apenas enquanto duram. Ela cessa de pensar neles to logo acabem.Assim torna-se evidente que no deixam qualquer impresso na criana que no mentalmente afetada por eles. O mesmo acontece com o sbio.90 Alguns descobriram propriedades e efeitos nas peles de tigre, de veado e no algodo eos relataram nos livros de yoga. Seriam condutores ou no de magnetismo, etc. mas soirrelevantes para o caminho do conhecimento (Jnana yoga). A postura significa na verdadea permanncia no Eu. interna. As outras referem-se a posturas externas.91 Brahma Charya significa morar em Brahman. Um verdadeira Brahmachari, ou sejaaquele que mora em Brahman, acha beatitude em Brahman que o Eu. Ento porque vocprocuraria outras fontes de felicidade? O celibato certamente uma ajuda realizao entretantas outras.92 A realizao do Eu a maior ajuda que se pode prestar humanidade. Portanto diz-seque os santos ajudam, embora permaneam nas florestas. A ajuda imperceptvel mas estsempre presente. Um santo ajuda toda humanidade embora esta a desconhea.93 A pura conscincia indivisvel, sem partes. No tem forma ou contorno, nem interiornem exterior. Para ela no existe direita ou esquerda. A pura conscincia, que o corao,inclui tudo; e nada existe independente ou parte dela. Esta a verdade ltima.94 A pura conscincia no relacionada ao corpo fsico e que transcende a mente dizrespeito experincia direta. Os sbios conhecem a existncia eterna livre de corpo talcomo um leigo conhece sua existncia corprea. Mas a experincia da conscincia podecoexistir com a conscincia do corpo bem como sem ela. Na experincia corprea da pura

    11

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    12/15

    conscincia o sbio acha-se acima de tempo e espao e nenhuma dvida sobre a posio docorao poder ento suscitar.95 Em certo sentido falar sobre auto realizao uma iluso. Isto se verifica porque aspessoas que se mantm sob a iluso de que o no-eu o Eu e que o irreal real devem seradmoestadas para que se livrem desta idia utilizando uma outra iluso chamada auto

    realizao. Porque na verdade o Eu sempre o Eu e no existe o que realizar. Quem deverealizar o que e como quando tudo que existe o Eu e nada mais que o Eu?96 Ser que pregao consiste em montar um palanque e discursar acaloradamente para opovo ao seu redor? Pregar simplesmente comunicar o conhecimento; e pode ser realmentetransmitido apenas atravs do silncio. Que pensa voc de um homem que ouve um sermodurante uma hora e se retira sem ter se identificado com o que ouviu a ponto de transformarseu modo de viver? Compare com um outro que se senta na presena de um ser sagrado ese retira aps algum tempo j com seu ponto de vista em relao vida totalmentemodificado. Qual o melhor, pregar em voz alta sem que isso tenha qualquer efeito ousentar em silncio enviando o poder interior?97 Como surge a fala? Existe um conhecimento abstrato de onde surge o ego, que por suavez d origem ao pensamento e este se expressa atravs da linguagem falada. Assim apalavra a grande meta da fonte original. Se a palavra pode produzir efeito, julgue por simesmo e veja quo mais poderosa ser a pregao atravs do silncio! Mas o povo noentende esta simples verdade, a verdade da sua experincia diria, permanente econsistente.98 O Eu o corao, auto-luminoso. A iluminao brota do corao e atinge o crebro,que a sede da mente. O mundo visto por meio da mente; assim voc v o mundo pelaluz refletida do Eu. O mundo percebido por um ato da mente. Quando a mente iluminada torna-se consciente do mundo; no contrario, no consciente do mundo.99 O ego em seu estado de pureza percebido nos intervalos entre dois estados ou entredois pensamentos. O ego assemelha-se a um verme que deixa sua toca quando encontraoutra. Sua real natureza percebida quando se acha livre do contato com objetos epensamentos. Voc deve realizar este intervalo como a presena da realidade imutvel, seuverdadeiro ser, atravs da convico obtida pelo estudo dos trs estados de conscincia:viglia (jagrat), sonho(swapana) e sono profundo(sushupti).100 O jnani a personificao de todas as virtudes que nele manifestam-seespontaneamente. Aparentemente ativo, o jnani no se acha envolvido na ao.Aparentemente inativo, o jnani realmente o ator. Ao transcender os trs estados, o jnanisimplesmente percebe-se como pura conscincia, no afetado pelas caractersticas do corpoe da mente. Para ele turiyatita idntica turiya; e os outros trs estados so inexistentes.Como o jnani no o executor cmico atribuir a ele um prarabdhakarma.101 O sentimento de eu atuo a escravido. Pergunte a si mesmo Quem trabalha?Lembre quem voc . Deste modo o trabalho no o encadear; seguir automaticamente.No faa esforo quer para trabalhar, quer para renunciar a ele; seu esforo a escravido.Aquilo que est destinado a acontecer, acontecer. Portanto deixe tudo ao encargo dopoder superior; voc no pode abandonar ou exigir a seu alvitre.102 Um viajante que ocupa uma carroa adormece. Enquanto isso os bois movem-se,param ou so libertados da canga durante a vigem, mas o viajante no se d conta dessesfatos. Finalmente ao acordar v-se em local diferente. Ele estava beatificamente ignorantedas ocorrncias durante o trajeto e no entanto a viagem terminara. De maneira semelhanteisso ocorre ao Eu de uma pessoa. O sempre-consciente Eu comparvel ao viajante

    12

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    13/15

    adormecido na carroa. O estado de viglia o movimento dos bois; o samadhi seu estadode permanente quietude (porque samadhi significa jagrat-sushupti, isto , a pessoa estconsciente mas no envolvida na ao; os bois livram-se da canga mas no se movem) osono a retirada da canga dos bois, pois h uma total interrupo da atividade quecorresponde liberao do jugo.

    103 Vrias cenas so projetadas numa tela de cinema durante uma sesso, mas noalteram ou afetam a tela. O espectador presta ateno s cenas mas no tela. Elas nopodem existir independentes da tela, embora esta seja ignorada. Assim o Eu como sefosse a tela onde cenas, atividades, etc. se desenrolam. O homem consciente destasltimas mas no da tela. Igualmente o mundo das cenas no existe independente do Eu,esteja ele consciente ou inconsciente da tela, as aes continuam.104 Atividades e estados (de conscincia) existem em funo do ponto de vista de cadaser. Um corvo, um elefante, uma cobra usam um membro para dois propsitos alternativos.Com um olho o corvo v os dois lados; para o elefante a tromba serve para ambasfinalidades: como mo e nariz; e a serpente v e ouve com os olhos. No importa se vocdiz que o corvo tem um olho ou olhos ou se refere a tromba do elefante como mo ounariz, ou chama o olho da serpente como ouvido, tudo se refere mesma coisa.Similarmente no caso do jnani seja desperto no sono ou dormindo acordado oudormindo e sonhando ou sonhando acordado, todos esses estados so um s.105 Existe apenas uma conscincia subsistindo nos 3 estados: viglia, sonho e sonoprofundo. No sono profundo no existe ego; os pensamentos surgem na viglia e ento omundo aparece. Onde estava esse eu (ego) durante o sono profundo? Estava ou no estavapresente? Na realidade existia porm no como voc o percebe agora. O Eu que dormiaprofundamente o Eu real. Este subsiste sempre. Esta a conscincia (verdadeira). Se voca conhece ver que se acha por trs dos pensamentos.106 H solido em toda parte. O indivduo sempre solitrio. Seu mister encontrar ointerior e no o exterior. No se permita ser distrado. Indague para quem existedistrao. Voc dir que a resposta no surge da busca interior. O indagador a resposta enenhuma outra resposta pode surgir. O que vem no pode ser a verdade. Aquilo que , averdade.107 O sono profundo no ignorncia, o puro estado de cada um; viglia no conhecimento, ignorncia. H plena conscincia no sono profundo e total ignorncia naviglia. Sua real natureza supera ambos e se estende mais alm. O Eu est acima deambos: conhecimento e ignorncia. Sono profundo, sonho e viglia so simplesmentemodulaes que se apresentam diante do Eu; eles se apresentam quer voc esteja conscientedeles ou no. Este o estado do jnani, no qual esto se desenrolando os estados desamadhi, viglia, sonho e sono profundo, tal como os bois que se movem, param ou sodesatrelados, enquanto o passageiro jaz adormecido. Estas respostas surgem sob o ponto devista do ajani; caso contrrio tais perguntas no se apresentaro.108 O estado que transcende a fala e o pensamento chamado mouna; trata-se demeditao sem atividade mental. Subjugar a mente meditao; meditao profunda falaeterna. O silncio fala eterna; fluxo perene de linguagem. interrompida pela falaporque as palavras obstruem esta linguagem muda. Conferncias podem entreter osindivduos por vrias horas sem lhes trazer aperfeioamento. O silncio, por outro lado, permanente e beneficia toda humanidade. O silncio subentende a eloqncia. Pregaesno so to eloqentes como o silncio. O silncio eloqncia perene... a melhorlinguagem.

    13

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    14/15

    109 Todas as religies postulam trs bases fundamentais: o mundo, a alma e Deus. Anica realidade manifesta-se como trs. Dizer que na verdade os trs so trs s ocorreenquanto perdura o ego. Portanto identificar-se com seu prprio ser, quando o ego forextinto, o perfeito estado.110 A auto-indagao ao seguir a pista do Aham-vritti assemelha-se a um co procurando

    seu dono pelo olfato. Este pode estar a alguma distncia, em local desconhecido, o que noo impede de localiz-lo. O cheiro de seu dono uma pista infalvel para o animal e nooutros aspectos tais como a roupa que veste ou sua altura, etc. Seguindo seu olfato, semqualquer distrao durante a procura de seu dono, certamente o encontrar.111 A palavra Aham por si mesmo sugestiva. As duas slabas da palavra compreendemtudo. Como? Porque Aham significa a prpria existncia. Embora o conceito deegoidade ou eu-existncia usualmente conhecido como Aham-vritti, no um vritticomo os outros vrittis da mente. porque ao contrrio do que ocorre com os outros vrittis queno tem interligao, o Aham vritti igual e essencialmente relacionado a cada um dosvrittis da mente. sem o Aham-vritti no podem existir outros vrittis, mas o Aham-vrittipode subsistir por si mesmo sem depender de nenhum outro vritti da mente. o Aham-vritti portanto fundamentalmente diferente dos outros vrittis.112 O ego funciona como o elo entre o Eu, que e pura conscincia, e o corpo fsico que inerte e insensvel. Por isso o ego denominado Chit-jada-granthi. Em sua investigao aobuscar a fonte do Aham-vritti voc se utiliza do aspecto essencial de Chit do ego, por estarazo a auto-indagao deve levar realizao da pura conscincia do Eu.113 A conscincia indiferenciada do puro Ser o corao ou Hridayam que voc realmente e que se traduz pela prpria palavra (Hrit + Ayam = Eu sou o corao). Docorao surge o Eu sou como primeira condio da experincia de cada um. Por si mesma Suddha-sattva em carter. neste Suddha-sattva svarupa (isto , no poludo por rajas outamas) que o Eu parece subsistir no jnani.114 O conhecimento no existe sem ignorncia; ignorncia no existe sem conhecimento.O conhecimento isolado conhecimento real, no qual o indivduo conhece o Eu ao indagara quem pertence o conhecimento e a ignorncia. No pois ignorncia tentar conhecertudo mais sem conhecer a si prprio, o conhecedor? Ao conhecermos a ns mesmos osubstrato do conhecimento e da ignorncia, ambos desaparecem.115 Este puramente o conhecimento que no nem conhecimento nem ignorncia.Aquilo que se conhece no o verdadeiro conhecimento. Uma vez que o Eu brilha semnada mais para conhecer ou ser conhecido, ele prprio o conhecimento. No o vazio. OEu, que conhecimento, a nica realidade. O conhecimento da diversidade simplesmente falso conhecimento. Este falso conhecimento, que nada mais queignorncia, no existe independentemente do Eu, que realidade-conhecimento. Jias emsuas variedades so irreais. Existiro sem o ouro do qual so feitas?116 O karma (ao) produz frutos porque assim ordena o criador. Deus o karma? No,no afetado por ele. Os resultados do karma passam; mas mesmo assim deixam sementesque levam seu autor a um oceano de karma. O karma no leva salvao. Mas os atospraticados sem qualquer apego e com a inteno de servir a Deus, purificam a mente eapontam o caminho para salvao.117 O verdadeiro conhecimento aquele que transcende tanto o conhecimento como aignorncia. No existe nenhum objeto a ser conhecido l. Quando a verdadeira naturezade cada um conhecida, ento existe o Ser sem incio ou fim. a eterna conscincia-beatitude. Quando se permanece neste supremo estado, a realizao daquilo que subsiste

    14

  • 7/28/2019 BRM Assim Falou Ramana Maharshi

    15/15

    quando todo trao de ego foi eliminado, Bom Tapas.118 Este supremo estado obtido aqui e agora como resultado da associao com os sbiose realizado atravs da profunda meditao da auto indagao em contato com o corao,no pode ser obtido com a ajuda de um preceptor, nem atravs da leitura das escrituras,nem por mrito espiritual ou por outros meios. Se consegue-se a associao com os sbios,

    qual a necessidade dos vrios mtodos de disciplina espiritual? Que utilidade tem um lequequando a brisa fresca do sul sopra?119 A gua benta das peregrinaes, as imagens dos deuses feitas de barro e pedra nopodem ser comparadas com o olhar benigno do sbio. Estas prticas podem purificar apessoa mas levaro incontveis dias para produzir efeito. Saiba que o sbio to logo dirigeseu olhar cheio de graa ao devoto este logo se purifica.120 O estado de no emergncia do Eu o estado de identificao com o Ser (tat). Sembuscar este estado de no-emergncia do Eu e atingi-lo como possvel eliminar suapersonalidade, no qual o ego desaparece? Sem atingir isso como possvel permanecer noverdadeiro estado no qual a pessoa se identifica com o Eu (tat)?121 Sem proferir a palavra eu, indagar, com a mente interiorizada, de onde surge oeu, simplesmente a indagao que conduz ao auto-conhecimento. De outro modo podea concentrao nas afirmaes eu no sou isto, eu sou isto por si mesmas expressarema indagao, embora sejam de alguma ajuda para isso?122 Indagando quem sou Eu com a mente concentrada, quando a pessoa atinge o corao,o eu individual abatido, e imediatamente a realidade se manifesta espontaneamente comoEu Eu. Embora se revele, no se trata do ego, mas do ser perfeito, o Eu absoluto.123 Buscar e identificar-se com a realidade que sempre atingvel a nica realizao.Se diz-se que a liberao de trs tipos com forma, sem forma ou com e sem forma, deixe-me dizer-lhe que a extino das trs formas de liberao a nica liberao.124 A graa o incio, o meio e o fim. A graa o Eu. Em conseqncia da falsaidentificao com o corpo, a graa considerada como estando no corpo. Mas o ponto devista do guru somente o Eu. o Eu apenas um. Ele lhe diz que o Eu apenas um, noser portanto a sua graa? De onde surge a graa? Surge apenas do Eu. a manifestao doEu a manifestao da graa e vice-versa. Todas as dvidas surgem por causa do ponto devista e conseqente expectativa de coisas externas a si mesmo. Nada existe que seja forado Eu.125 No existe maior mistrio do que este: embora sejamos ns mesmos a realidade,buscamos lograr a realidade. Pensamos que exista algo que nos liga realidade e quenecessitamos destru-lo antes de obt-la. ridculo. Dia vir quando voc mesmo sorrirdos seus esforos. Aquilo que vai acontecer nesse dia de risos na verdade existe agora.

    15