breve história do transporte público em santo andré · abertas as atuais avenida alexandre de...

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1 BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio Breve História do Transporte Público em Santo André Livro-Entrevista por MARIO CUSTÓDIO Julho/2016 História do transporte público de Santo André narrada e ilustrada por Mario Custódio. Mario é especialista em sistemas de transporte coletivo por ônibus, participa do Movimento Respira São Paulo, destinado a manter ônibus elétricos em circulação, da Comissão de Marketing da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e do Grupo de Trólebus e do Grupo de Marketing da UITP (União Internacional de Transportes Públicos), através de entrevista realizada por Edilson Fumassa e Paulo Bourhenne. Entrevistado por: Edilson Fumassa Edição e diagramação: Paulo Bourhenne

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

Breve História do Transporte Público em Santo André Livro-Entrevista por MARIO CUSTÓDIO

Julho/2016

História do transporte público de Santo André narrada e ilustrada por Mario Custódio.

Mario é especialista em sistemas de transporte coletivo por ônibus, participa do

Movimento Respira São Paulo, destinado a manter ônibus elétricos em circulação, da

Comissão de Marketing da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e do

Grupo de Trólebus e do Grupo de Marketing da UITP (União Internacional de Transportes

Públicos), através de entrevista realizada por Edilson Fumassa e Paulo Bourhenne.

Entrevistado por: Edilson Fumassa

Edição e diagramação: Paulo Bourhenne

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

ÍNDICE

Antigo Terminal Urbano Santo André Oeste - Foto de Mario Custódio

Antigo Terminal Urbano Santo André Leste - Foto de Mario Custódio

NO INÍCIO ...

ANOS 20A 30

ANOS 40 A 60

ANOS 70

ANOS 80 EM DIANTE

VIAÇÕES RODOVIÁRIAS

TERMINAIS

DESTAQUES ...

SUGESTÕES

NOTAS SOBRE O AUTOR

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

NO INÍCIO ...

“Naquela época, as famílias

que se instalavam nos bairros

recém-criados, vinham

atraídas pelo trabalho nas

fábricas ...”

Preliminarmente, esclareço que este

relato está baseada na minha

experiência pessoal vivida em Santo

André, andreense que sou, na leitura de

livros históricos e nas minhas pesquisas

pessoais, “in loco”, em redações de

jornais e em conversas com outros

andreenses e pesquisadores. É possível,

portanto, que a memória (minha ou de

outrem) me traia em alguns momentos.

Na cidade de Santo André atual, o

transporte público como conhecemos

começa a se desenvolver a partir da

instalação da SPR - SÃO PAULO

Railway, depois EFSJ - Estrada de

Ferro SANTOS - JUNDIAÍ, depois

RFFSA - Rede Ferroviária FEDERAL

Sociedade Anônima e atualmente

CPTM - Companhia PAULISTA de Trens

Metropolitanos.

Parapiacaba e o serviço antigo por ferrovia -

Acervo Lourenço Paz

Temos então o primeiro sistema de

transporte coletivo, por trilhos, nos

trechos SANTO ANDRÉ - SÃO PAULO e

SANTO ANDRÉ - SANTOS, muito

utilizado por milhares de pessoas a

partir de 1867, ano da instalação da

ESTAÇÃO DE SÃO BERNARDO (Atual

Estação de Santo André),

contrastando com a VILLA DE SÃO

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

BERNARDO, Sede da Freguesia de

SÃO BERNARDO (1812), depois

Município (1889), à qual Santo André

pertencia. Em 1938, dado o

desenvolvimento da Estação, Santo

André passou a ser a sede do

Município, que englobou a Villa de São

Bernardo. Em 1944, São Bernardo vira

Município, desmembrando-se de

Santo André.

Isto posto, temos que, para uma

cidade que estava crescendo, havia

um parque industrial igualmente

crescente, exigindo trabalhadores,

particularmente imigrantes e

posteriormente migrantes, que então

exigiam moradia, que exigiam serviços

públicos, entre os quais o transporte

coletivo por ônibus.

Naquela época, as famílias que se

instalavam nos bairros recém-criados

vinham atraídas pelo trabalho nas

fábricas e as propagandas dos

loteamentos recém-instalados, para

atrair compradores, normalmente

colocavam nos impressos que havia

"ônibus no local" ou "serviço de

ônibus" ou "linha tal serve o local",

etc.. Sim, porque um bairro novo sem

transporte atrairia poucas pessoas,

principalmente numa época em que

carro próprio era raridade.

Lembremos que a indústria

automobilística somente se instalou

pra valer a partir dos Anos 60.

Voltando ao final do Século XIX,

enquanto a SPR provia os cidadãos

com seus trens rumo a São Paulo e

Santos, não havendo serviço de

ônibus regular, os carros de praça

(charretes, carroças, diligências, etc.)

faziam o transporte individual e

coletivo regular, tendo os

governantes da época regulamentado

de diversas maneiras o sistema,

inclusive definindo pontos, horários e

tarifas.

Quando se fala em diligências, havia

de fato um serviço cobrindo o trecho

SÃO PAULO – SANTOS, que levava 12

horas e que parava no Alto da Serra

para almoço. Prestava o serviço a

Viação RIO GRANDE, que depois foi

absorvida pela CGT – Companhia Geral

de Transportes, que com seus veículos

mais modernos (“jardineiras”super-

avançadas) denominados “King Kong”

passou a fazer a rota.

King Kong da Cia Geral de Transportes na

linha Santos - SP - Acervo Ônibus Clássicos

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

Além da comunicação ferroviária havia

a comunicação por excelência, ou seja,

por estradas de terra, depois

paralelepípedos, depois asfalto. Note-

se que as atuais ruas, avenidas ou

estradas em curva, exceto aquelas já

planejadas dessa maneira, indicam que

naquele local havia uma estrada de

terra que virou avenida ou rua.

Exemplo a Estrada do Oratório, hoje

Rua Oratório, em Santo André e

mesmo em São Paulo.

A comunicação por estradas entre a

Estação de São Bernardo, depois

Santo André, e as comunidades Villa

de São Bernardo, Meninos (atual

Rudge Ramos), São Caetano, Zona

Leste de São Paulo e Pilar (atual

Mauá), dava-se da seguinte maneira:

Para a Villa de São Bernardo

Saía-se pela atual Rua Coronel Oliveira

Lima, tomando-se o Caminho do Pilar,

hoje com o mesmo nome (Rua

Caminho do Pilar), que ia até a atual

Mauá, e com o nome de Rua Thales

dos Santos Freire, na Vila Baeta Neves

em São Bernardo do Campo e a Rua

Marechal Deodoro, que levava ao

Caminho do Mar, hoje com alguns

trechos de mesmo nome e depois pela

Estrada do Vergueiro, hoje também

com trechos de mesmo nome. Muito

tempo depois viria a surgir a

conhecidíssima Av. Pereira Barreto.

Para Meninos (atual Rudge Ramos)

No alto do Caminho do Pilar, onde

hoje se situa a Avenida Higienópolis,

derivava-se à direita e no alto do

morro seguia-se pelo que hoje são as

Ruas Gonçalo Fernandes e José Lins

do Rego, dobrando-se à esquerda

onde hoje se encontram as Avenidas

Príncipe de Gales, Gago Coutinho e a

Rua Novo Horizonte. No final dela,

virava-se à esquerda onde hoje se

encontra a Rua Afonsina, atingindo

Meninos.

Para São Caetano

Mesmo caminho que para Meninos,

derivando-se à direita na confluência

do que hoje é a Avenida Gago

Coutinho com Rua Novo Horizonte,

onde estão as oficinas do Diário do

Grande ABC, continuando pela atual

Gago Coutinho, Rua Boa Vista, Rua

Visconde de Inhaúma (atual Vila Gerti)

e Rua Osvaldo Cruz (antiga Estrada do

Mar). Depois o trajeto passou a ser

pela atual Alameda São Caetano,

quando da instalação do Loteamento

Campestre (atual Bairro Campestre).

E, finalmente, pela Avenida Presidente

Wilson, atual Avenida Dom Pedro II.

Para a Zona Leste de São Paulo

Para a atual Vila Alpina (SP) e Vila

Prudente, saía-se pela atual Rua Costa

Barros; para a atual Vila Industrial saía-

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

se de Utinga pela atual Avenida Nova

Iorque; para a atual Vila Ema, pela

Estrada de Sapopemba, atual Avenida

Sapopemba de Santo André; para a

Fazenda da Juta, atual Região do

Parque Novo Oratório e mais adiante

São Mateus, pela Estrada do Oratório,

atual Rua Oratório.

Para Pilar (Atual Mauá)

Tomava-se a Rua Coronel Oliveira

Lima, depois a antiga Estrada da

Fábrica (atual Rua Coronel Alfredo

Flquer – Avenida Perimetral), depois o

Caminho do Pilar, que de São

Bernardo vinha atravessando a atual

Vila Baeta Neves, Jardim Paraíso,

Pinheirinho, Vila Gilda e Jardim Bela

Vista, chegando ao antigo Mappin

(atual Shopping ABC). Derivava para a

direita onde hoje se encontra a

Avenida Alberto Benedetti e onde

hoje está o Hospital Christóvão da

Gama, fazia uma curva para a

esquerda, cuja rua hoje se chama

Guilherme Marconi. Lá embaixo, no

Ipiranguinha, onde antigamente se

situava a Tecelagem Ipiranguinha, o

Caminho do Pilar fazia uma curva e

contracurva para seguir para o Pilar,

com o nome atual de Avenida Santos

Dumont. Chegando próximo à atual

Pirelli, o Caminho tomava a direita por

onde atualmente se encontra a

Avenida Valentim Magalhães e,

através do Guaraciaba atingia Pilar.

Quando do advento da ferrovia foram

abertas as atuais Avenida Alexandre

de Gusmão que, muito antes da atual

Avenida Giovanni Baptista Pirelli, fez a

rota entre Santo André e Mauá, e

Avenida João Ramalho idem, com o

nome de Estrada de Mauá.

Os transportes coletivos iam,

portanto, ajustando-se às estradas,

vilas e bairros que estavam surgindo.

Percebe-se, assim, porque algumas

linhas de ônibus fazem percursos que

não seriam sensatos a olhares mais

atentos. Voltemos à Estrada do

Oratório. Além dos loteamentos

lindeiros à estrada, hoje rua, não havia

a Avenida Antonio Cardoso, que hoje

corta o Bairro Bangu. E quando foi

aberta, não era asfaltada. Permaneceu

assim por muitos anos até que seu

asfaltamento chegasse e, hoje, é uma

importante artéria de corredor

exclusivo do Sistema Trólebus. Dado

então que era uma estrada, a Oratório

seguia pelas antigas demarcações

possíveis para a engenharia da época,

com suas curvas a contornar os

melhores locais de passagem.

Os futuros ônibus seguiriam os

mesmos caminhos, na cidade inteira.

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

ANOS 20 A 30

“Quanto ao bonde do

Campestre, este foi

inaugurado para atrair

compradores para o recém-

criado bairro de chácaras ...”

Voltando ao transporte coletivo geral,

por volta de 1920, com o avanço do

deslocamento populacional para o

que viria a ser o ABC Paulista, foram

abertos dois serviços de bondes

(tranway) na região, um na linha São

Caetano – Villa São Bernardo via Santo

André e outro na linha Campestre –

Santo André. Este serviço era

chamado pela população como o

Bondinho dos Pujol, por ser

inaugurado pela Família Pujol, que

foram os loteadores de parte do ABC.

Note-se que a rota proveniente de São

Caetano passava pelo Santa Maria,

pelo no que hoje é a Alameda São

Caetano e seguia para São Bernardo

pelo que hoje é a Avenida Pereira

Barreto, naquela época um caminho.

Todo o tráfego de veículos que não

fosse tranway ia pelo Caminho do

Pilar. Quanto ao bonde do Campestre,

este foi inaugurado para atrair

compradores para o recém-criado

bairro de chácaras, que se assim não

fosse, teria mais dificuldade para

comercializar os imóveis.

Bondinho dos Pujol - Acervo Abcdpedia

Aliás, como já dito, uma característica

que marcou as vendas de imóveis por

praticamente todo o Século XX seria a

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

informação de que o local tinha

serviço de auto-ônibus, como eram

chamados esses veículos quando

apareceram.

Assim sendo, com o fim do serviço de

tranway no ABC, por desinteresse

tanto do poder público quanto dos

operadores, surgiu o serviço de auto-

ônibus, primeiramente com as

chamadas jardineiras, chassis de

caminhão com carroceria de madeira

em cima e posteriormente carrocerias

de ônibus propriamente ditas,

utilizando os famosos GMC Coach

importados dos Estados Unidos e na

sequência, com a Família Grassi

inaugurando as carrocerias fechadas

(Carrocerias Argonauta, Governador,

etc...), na sequência ainda a CAIO –

Companhia Americana Industrial de

Ônibus, com seus famosos ônibus Fita

Azul, Bossa Nova, Jaraguá, Bela Vista,

e seguintes.

A partir de 1925 começa a haver uma

profusão de proprietários individuais

com ônibus tipo jardineiras,

particularmente em SÃO PAULO.

A questão passa para o ABC, tendo a

Família Braga inaugurado a linha

ESTAÇÃO SÃO BERNARDO (atual

Estação de Santo André) – VILLA SÃO

BERNARDO (atual São Bernardo do

Campo), então Sede do Município,

com uma jardineira tipo Ford 29.

Jardineira que fazia a linha Estação de São

Bernardo (Atual Santo André) à Villa de São

Bernardo - Autor desconhecido

Nos Anos 30 uma empresa de ônibus

passa para a história como uma das

mais longevas: a EAOSA – Empresa

Auto Ônibus Santo André, que hoje

conhecemos através da pintura

padronizada da EMTU e que vai para

bairros de Mauá, mas que era de

Santo André. Sua linha SANTO ANDRÉ

– SÃO PAULO e sua garagem ficava na

Rua Gertrudes de Lima esquina com a

Rua Siqueira Campos, onde hoje

existe, oposto ao Sindicato dos

Metalúrgicos, um comércio que está

no que parece ter sido mesmo uma

garagem. Dali saiam os ônibus.

Depois os ônibus foram estendidos

para o Ipiranguinha e dali para a Vila

Pires e Vila Luzita. Somente na década

de 1950 a EAOSA passou a fazer a linha

para MAUÁ, em substituição à linha

Vila Pires e Vila Luzita, que passou

para a Viação SÃO JOSÉ, também de

saudosa memória.

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

ANOS 40 A 60

“Na época da Segunda Grande

Guerra um fato marcou os

transportes da época, por

causa da escassez de

combustíveis: foi a utilização

do gasogênio...”

Entre 1930 e 1960 havia muitos

horários na ligação Santo André – São

Paulo, agora pelas Avenidas

Presidente Wilson e Almirante

Delamare, chegando a São Paulo

primeiramente pelo Cambuci e depois

pela Avenida do Estado, então com

uma pista, chegando à Praça Clóvis

Bevilacqua, depois ao Parque Dom

Pedro II e ao antigo Parque Xangai,

local de partida das linhas que vinham

para o ABC por um bom tempo.

Na época da Segunda Grande

Guerra um fato marcou os

transportes da época, por causa da

escassez de combustíveis: foi a

utilização do gasogênio, impelindo

uma mudança comportamental de

todos. Porém, o final da guerra

ensejou uma época de

prosperidade importante para

diversos países, entre os quais o

Brasil, que chamou à

industrialização, por inúmeros

motivos, imigrantes e migrantes de

várias partes.

O ABC Paulista e particularmente

Santo André não ficou de fora.

Entretanto, havia um componente

interessante: as ruas eram de terra e

isso atrapalhava por demais o

serviço de ônibus. Assim, após

debates com os empresários da

época, o Prefeito Zampol decidiu

asfaltar as ruas onde passassem os

ônibus. Mais uma vez está a razão

de algumas linhas de ônibus

fazerem itinerários que serpenteiam

por alguns bairros, sem ir direto aos

pontos finais.

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

Voltando às empresas, outra famosa à

época foi a Empresa CAPUAVA que,

como o nome remete, fazia a linha

CAPUAVA – SÃO PAULO, em carros

azuis e brancos que se propunham a

ligar com rapidez esse bairro à capital.

Tanto assim era que no letreiro estava

escrito “EXPRESSO CAPUAVA”.

Outra companhia inesquecível, entre

outras, foi a AVVA – Auto Viação VILA

ALPINA, que ligava as Vilas Alpina,

Guiomar e Alice às Vilas Alzira e Cecília

Maria, depois Vila Helena e Jardim do

Estádio, pela Avenida Andrade Neves

e Rua das Hortências e Vila Linda pela

Rua Carijós, aliás uma antiga estrada

que também ligava o Caminho do

Pilar, a partir do Ipiranguinha, à Villa

São Bernardo, indo pelo Sítio dos

Vianas e Estrada dos Vianas, hoje Rua

dos Vianas, em São Bernardo do

Campo.

Existem várias outras companhias,

sendo que uma delas fazia a rota

UTINGA – CAPUAVA e depois de

loteada a Cidade São Jorge passou a

fazer a linha CIDADE SÃO JORGE –

CAMPESTRE, depois com um ramal

CIDADE SÃO JORGE – SANTA MARIA.

Foi a famosa Viação CAMPESTRE. Suas

rotas foram absorvidas pela Empresa

Auto Ônibus Circular HUMAITÁ.

San Remo da Viação Campestre na linha

Cidade São Jorge - Santa Maria - Foto de

Mario Custódio

Assim, entre 1950 e 1980, inúmeras

empresas de ônibus fizeram linhas em

Santo André, cada qual com seus

próprios desenhos e pinturas, em

benefício direto da população, que

percebia a chegada do “seu” ônibus à

distância. Naquela época era muito

simples e fácil identificar os ônibus.

Não era como hoje, que por serem

todos iguais em desenho e pintura, o

design dos ônibus determinado pelo

Poder Público só confunde a

população que deles depende.

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

Desse período são as seguintes as empresas e suas

sucessoras nas linhas:

Auto Viação ABC;

Auto Viação ANDREENSE, sucedida pela Viação ESTORIL, Viação

ESPLANADA, Viação SÃO CAMILO, Expresso SANTA RITA e Expresso

BRASILEIRO;

Auto Viação METRÓPOLE, que pertencia à Empresa PAULISTA, sediada

em São Paulo;

Auto Viação SÃO LUIZ

AVVA - Auto Viação VILA ALPINA, sucedida pela Viação ALPINA;

Empresa Auto Ônibus Circular HUMAITÁ;

Empresa CAPUAVA, sucedida pela Viação SANTA TEREZINHA;

Empresa PROGRESSO, sucedida pela Viação SÃO CAMILO;

Empresa VILA ASSUNÇÃO, sucedida pela Viação PADROEIRA DO BRASIL;

Expresso BRASILEIRO;

Expresso SANTA RITA;

GARCIA Transporte Coletivo, sucedida pela Viação CURUÇÁ;

Irmãos KOMOTO, sucedida pela EAOSA;

Linha de Ônibus VALPARAISO;

Linha de Ônibus VILA CURUÇÁ, sucedida pela Viação CURUÇÁ;

Linha de Ônibus PRÍNCIPE DE GALES, sucedida pela PRÍNCIPE DE GALES

Transporte Coletivo e Viação SÃO CAMILO;

SANTA MARIA Viação, sucedida pela SAMAVISA LITORAL Transportes,

ASTER Transportes, Expresso BRASILEIRO e Viação COMETA;

Transportadora UTINGA;

Transporte Coletivo NIMA, sucedida pela Viação ALPINA, Viação

MIRANDA e EAOSA;

Transportes Coletivos PARQUE DAS NAÇÕES;

Transportes Coletivos SÃO FRANCISCO, sucedida pelo Expresso SANTA

RITA;

Viação ALPINA;

Viação BARTIRA;

Viação BORDA DO CAMPO, sucedida pelo Expresso SANTA RITA;

Viação CAMPESTRE, sucedida pela Empresa Auto Ônibus Circular

HUMAITÁ;

Viação CURUÇÁ;

Viação DIADEMA;

Viação ESPLANADA, sucedida pela Viação SÃO CAMILO, Expresso

SANTA RITA e Expresso BRASILEIRO;

Viação ESTORIL, sucedida pela Viação ESPLANADA, Viação SÃO

CAMILO, Expresso SANTA RITA e Expresso BRASILEIRO;

Viação JOÃO RAMALHO;

Viação MIRANDA, sucedida pela EAOSA;

Viação PADROEIRA DO BRASIL;

Viação RIBEIRÃO PIRES;

Viação SANTA ROSA, sucedida pelo Exp.BRASILEIRO e Viação COMETA;

Viação SANTA TEREZINHA;

Viação SÃO CAMILO;

Viação SÃO JOSÉ; e

Viação SÃO VICTOR, sucedida pela Auto Viação SÃO LUIZ.

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

ANOS 70

“... em 1970, por exemplo, se

alguém desejasse ir de ônibus

da Vila Assunção ao Parque

das Nações não restaria outra

alternativa senão tomar dois

ônibus municipais...”

O-321 da Rodrigues em Camilópolis - Foto

Mario Custodio

0-362 da Auto Viação ABC na linha Santo

André – São Bernardo do Campo - Foto de

Mario Custodio

Nos Anos 70 foram numeradas as

linhas de ônibus da cidade, sendo que

as três primeiras lembro-me bem:

1 – VILA ALICE – JARDIM DO ESTÁDIO,

operada pela VILA ALPINA;

2 – VILA ALPINA – VILA LINDA,

também operada pela VILA ALPINA; e

3 – CIDADE SÃO JORDE – CAMPESTRE,

operada pela CAMPESTRE.

A partir dos Anos 80, o Poder Público

Federal, Estadual e Municipal passam

a reorganizar os sistemas de

transporte coletivo público, seja

padronizando os veículos seja

padronizando as operações, cada qual

no seu âmbito constitucional.

Tal reorganização era mesmo

necessária.

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

Gabriela da Viação Padroeira do Brasil na

linha Jardim Bom Pastor - Jardim Oriental -

Foto de Mario Custódio

Senão vejamos: em 1970, por

exemplo, se alguém desejasse ir de

ônibus da Vila Assunção ao Parque das

Nações não restaria outra alternativa

senão tomar dois ônibus municipais

(duas passagens) ou descer até o

Ipiranguinha ou ao Centro da Cidade a

pé e tomar um ônibus intermunicipal

que, dependendo do trecho, pagaria

passagem menos ou mais barata.

Lembro-me dessa dificuldade e, entre

1978 e 1979, desenvolvi por conta

própria um plano de linhas de ônibus

municipais que integrava os dois

subdistritos. Ex.: criei a linha

GUARACIABA – VILA SÁ, nos extremos

da Cidade. Por incrível que pareça,

preocupado com o isolamento de

PARANAPIACABA, desenvolvi o

itinerário de uma linha que, partindo

de UTINGA, seguia para a Estação e

dali, pela Avenida Dom Pedro I atingia

a Vila Luzita, Cata Preta e Clube de

Campo ABC, onde idealizei uma ponte

atravessando a Represa, tomando

uma estrada de terra que seguia até

Paranapiacaba sem passar pelas

cidades de Mauá, Ribeirão Pires e Rio

Grande da Serra. Puro sonho!

Enviei por carta à Prefeitura meu

projetinho e nunca obtive qualquer

resposta.

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

ANOS 80 EM DIANTE

“... em 1989, as empresas de

ônibus tiveram que adotar

modelo padronizado de

pintura, com um estilismo em

faixas que indicavam a qual

empresa os ônibus

pertenciam.”

Entretanto, nos Anos 80, tomei

conhecimento de estudos no sentido

de alterar os sistemas de linhas de

ônibus municipais, bem como de um

sistema segregado que ligaria não só

os subdistritos como também São

Mateus, em São Paulo, a outros

Municípios do Grande ABC.

Fiquei muito satisfeito com a

proposta, pois seria o momento de

integração entre o primeiro e o

segundo subdistritos, além da

segregação de linhas que certamente

redundariam em maior rapidez de

tráfego para os ônibus.

Quando a proposta foi concretizada e

as novas linhas lançadas em operação,

foram também renumeradas, com as

famosas letras:

“B” – Linhas interbairros no

Subdistrito Santo André;

“I” – Linhas integradoras entre o

primeiro e o segundo subdistritos;

“S” – Linhas que partem do Terminal

Prefeito Saladino;

“T” – Linhas que partem do Terminal

Santo André; e

“U” – Linhas interbairros no

Subdistrito Utinga.

Thamco da E A O Circular Humaita – Foto de

Mario Custódio

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

Enfim, essa configuração rearranjou

para melhor o sistema em Santo

André, junto com o chamado

“SISTEMA TRÓLEBUS”, que na minha

visão tem como falha o fato de não ter

ônibus nem trólebus direto no trecho

SANTO ANDRÉ – JABAQUARA. Como

é sabido, aqueles que desejam fazer

esse trecho com integração devem

descer ou em PIRAPORINHA ou em

DIADEMA para baldear e, nas horas de

pico, é um suplício. Tanto assim é que

vários conhecidos meus optaram por

utilizar o carro próprio ou o chamado

“ônibus fretado” para ir até as regiões

lindeiras ao metrô por absoluta falta

de condições do Sistema Metra. Eu

incluído, até porque o problema do

pico vale também para os trens da

CPTM.

Aliás, por falar em CPTM, devemos nos

lembrar que seus trens não chegam

mais a PARANAPIACABA, a não ser o

Urbanuss Pluss do Sistema de Transportes

Metra - Foto de Mario Custódio

trem turístico dominical. Os trens

chegam somente até RIO GRANDE DA

SERRA. E para São Paulo chegam

somente até o BRÁS. Uma solução

operacional que atrapalhou a vida

daqueles que necessitam do trem para

trabalhar. E certamente alguns poucos

passaram a usar carro próprio

também nestes trechos. Quem deseja

ir a Paranapiacaba tem duas opções

de linhas de ônibus intermunicipais, a

PREFEITO SALADINO –

PARANAPIACABA e a RIO GRANDE DA

SERRA – PARANAPIACABA.

Enfim, hoje a METRA opera várias

linhas de coletivos em SANTO ANDRÉ,

provenientes de SÃO MATEUS – SP,

um ramo indo até DIADEMA e outro

ramo indo até FERRAZÓPOLIS – São

Bernardo do Campo.

Continuando o passeio pela história,

quando da implantação do novo

modelo de transporte coletivo por

ônibus em Santo André, em 1989, as

empresas de ônibus tiveram que

adotar modelo padronizado de

pintura, com um estilismo em faixas

que indicavam a qual empresa os

ônibus pertenciam. Foi a época

também da instalação da Empresa

Pública de Transportes Santo André, a

EPT SANTO ANDRÉ, ao mesmo tempo

gerenciadora e operadora local.

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

Da mesma forma, anos depois, a EPT

viria se tornar gerenciadora e as demais

empresas do sistema operadoras. A

EPT ficaria conhecida pelo design,com

todos os ônibus da cidade na cor azul e

com a palavra EPT em vermelho. Além

disso, um corredor importante

começava a firmar-se, que era o

corredor da VILA LUZITA, onde hoje há

um Terminal Urbano de Ônibus, com

integração por várias linhas troncais e

alimentadoras, sendo que as linhas

para lá utilizam a sigla “AL”.Nessa

época começam a correr também os

ônibus do Expresso GUARARÁ, que

partiam do Centro rumo à Vila Luzita,

alguns indo pela Avenida Dom Pedro I e

outros indo pela Avenida Capitão Mario

Toledo de Camargo.

Posteriormente, já nos Anos 2010 em

diante, o Consórcio UNIÃO SANTO

ANDRÉ passa a operar as linhas e mais

recentemente a SATRANS que, além

de controlar o sistema, fez com que

seu nome passasse a constar dos

ônibus da Cidade.

Não devemos nos esquecer das

empresas de ônibus que correm na

Cidade hoje com o design

determinado pela EMTU, antes

METROPOLITANO. São inúmeros

ônibus intermunicipais que ligam

Santo André aos Municípios vizinhos.

Alpha da Empresa Pública de Transportes

Santo André - Foto de Mario Custódio

Apache Vip do Expresso Guarará na linha Vila

Luzita - Santo André - Foto Mario Custódio

Articulado da Satrans na linha Vila Luzita -

Paço Santo André - Foto Mario Custodio

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

VIAÇÕES RODOVIÁRIAS

... PARA CIDADES PRÓXIMAS

Importante falar das empresas Viação SANTA ROSA, SANTA

MARIA Viação (depois SAMAVISA LITORAL Transportes),

Viação RIBEIRÃO PIRES, Empresa Auto Ônibus SANTO

ANDRÉ, Expresso BRASILEIRO, Expresso SANTA RITA, ASTER

Transportes, Viação COMETA e EMTU – Empresa

METROPOLITANA de Transportes Urbanos, bem como dos

Terminais Rodoviários CENTRAL e PREFEITO SALADINO.

Embora não sejam empresas de transporte coletivo de

característica urbana, trafegaram e trafegam levando e

trazendo passageiros de várias cidades próximas para Santo

André.

SANTA ROSA - Vinha da Penha, passava pela Mooca, São

Caetano, Santo André, São Bernardo do Campo e ia para

Santos e São Vicente. Posteriormente, por uma decisão

governamental, deixou de operar para a Penha e Mooca,

partindo seus ônibus de São Caetano do Sul. Foi sucedida

pelo Expresso BRASILEIRO e hoje quem opera a linha é a

Viação COMETA.

O-364 da Viação Santa Rosa na linha São Caetano - São Vicente –

Foto de Mario Custódio

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

SANTA MARIA(depois denominada SAMAVISA LITORAL)–

Vinha de Mogi das Cruzes, passava por Suzano, Ribeirão

Pires, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e ia para

Santos e São Vicente. Além disso, operou a linha Ribeirão

Pires – Guarujá via Santo André. Posteriormente passou para

SAMAVISA LITORAL Transportes. Chegou a operar também a

linha São Vicente – Aparecida via Santo André.

RIBEIRÃO PIRES (VIRIPISA) – Além das conhecidas linhas

intermunicipais urbanas, operou as linhas rodoviárias

RIBEIRÃO PIRES – ITANHAÉM e RIBEIRÃO PIRES – SÃO

PAULO. Em Santo André, uma de suas famosas paradas era

no Ipiranguinha, na Praça Adhemar de Barros, no final da Rua

Gertrudes de Lima. Havia uma agência que vendia passagens.

Os ônibus faziam ponto final na antiga Estação Rodoviária

JÚLIO PRESTES, na Região da Estação da LUZ, em São Paulo.

Quando da inauguração do Terminal TIETÊ, em 1982, os

ônibus passaram a sair da Avenida Cruzeiro do Sul, ao lado

do novo Terminal.

BRASILEIRO – Sucedeu a SANTA ROSA na linha São Caetano

– São Vicente e a RIBEIRÃO PIRES na linha Ribeirão Pires –

São Paulo (a linha Ribeirão Pires – Itanhaém já havia sido

extinta). Operou também as linhas rodoviárias MAUÁ – SÃO

PAULO e JARDIM DO ESTÁDIO – SÃO PAULO. E por um

tempo as linhas da SAMAVISA LITORAL e da ASTER.

SANTO ANDRÉ (EAOSA) – Sucedeu o BRASILEIRO nas linhas

rodoviárias procedentes de Mauá com destino a São Paulo,

que foram extintas posteriormente.

SANTA RITA – Além das linhas municipais e intermunicipais

urbanas, operou as linhas rodoviárias JARDIM DO ESTÁDIO –

SÃO PAULO e VILA LINDA – SÃO PAULO, além da linha

SANTO ANDRÉ – GUARULHOS, de curta duração.

ASTER – Por pouco tempo operou as linhas da SAMAVISA

LITORAL.

COMETA – Além de linhas rodoviárias em geral nos Estados

de PARANÁ, MINAS GERAIS, RIO DE JANEIRO e SÃO PAULO,

opera linhas como sucessora do BRASILEIRO (que hoje opera

somente na linha SÃO PAULO – RIO DE JANEIRO) e da

SAMAVISA LITORAL. Suas linhas de curto percurso que

passam em SANTO ANDRÉ são: MOGI DAS CRUZES – PRAIA

GRANDE, RIBEIRÃO PIRES – GUARUJÁ, SÃO BERNARDO DO

CAMPO – MOGI DAS CRUZES e SÃO CAETANO – PRAIA

GRANDE.

19

BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

EMTU – Além da operação das linhas intermunicipais de

característica urbana, há a linha rodoviária SANTO ANDRÉ –

SÃO PAULO, tendo como ponto inicial o Terminal Santo

André e final o Aeroporto Congonhas. Essa linha já teve

como ponto inicial a Cidade São Jorge.

G7 da EMTU na linha São Paulo - Santo André - Foto de Mario Custódio

20

BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

TERMINAIS

“No terminal PREFEITO

SALADINO operam várias

empresas rodoviárias ligando

Santo André aos mais diversos

pontos do Brasil."

Finalmente, os Terminais de Ônibus

Municipais e Rodoviários:

Os TERMINAIS URBANOS SANTO

ANDRÉ LESTE E OESTE são

relativamente novos, datam da

década de 1980. Muito antes, ainda

nos Anos 50, na Rua Itambé e na Praça

18 do Forte, havia pontos de paradas

de ônibus e, nos Anos 70, foi realizado

serviço de baias em diagonal para que

algumas linhas municipais ali fizessem

seus pontos finais. Nessa época, o

ponto de parada das linhas municipais

compreendia a Rua Visconde de

Taunay (do outro lado da Estação, de

onde partiam as linhas para o 2º

Subdistrito e linhas para a Zona Leste

de São Paulo), bem como as Ruas

Itambé e Bernardino de Campos e a

Praça 18 do Forte.

Terminal Santo André Leste – Foto de Mario

Custódio

Terminal Santo André Oeste – Foto de Mario

Custódio

21

BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

O Terminal UTINGA não é um terminal

por excelência, assemelhando-se mais

a uma parada de ônibus do que a um

terminal. Fica nos baixos do Viaduto

Juvenal Fontanela.

O Terminal VILA LUZITA é de 2001. É

um terminal urbano e congrega várias

linhas de ônibus alimentadoras

provindas da região, onde se pode

fazer integração com outras linhas.

O Terminal Rodoviário PAÇO ficava ao

lado do Paço Municipal, embaixo do

Viaduto ACISA, um local bastante

complexo para operação de linhas de

ônibus rodoviárias. Antes dele, as

empresas SANTA ROSA e SAMAVISA

paravam seus ônibus na Rua

Presidente Carlos de Campos e a

VIRIPISA, como já dito, parava seus

ônibus na Praça Adhemar de Barros.

O Terminal Rodoviário PREFEITO

SALADINOé dos Anos 2000 e trouxe

novo conceito de rodoviária para a

Cidade, inclusive com integração com

os trens da CPTM através da Estação

ferroviária de mesmo nome, um ponto

final de ônibus e, do outro lado, um

terminal urbano, com algumas linhas a

servi-lo, inclusive intermunicipais. Nele

operam várias empresas rodoviárias

ligando Santo André aos mais diversos

pontos do Brasil.

Antigo Terminal Rodoviário Paço de Santo

André - Foto de Mario Custódio

Trem da CPTM - Autor desconhecido Terminal Rodoviário de Santo André -

Prefeito Saladino - Foto de Mario Custódio

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

DESTAQUES ...

“Outra carroceria inesquecível

foi a Grassi Governador,

produzida de 1966 a 1970,

encarroçada sobre chassis

MagirusDeutz ...”

Bela Vista da Viação São José - Serviu nas

linhas da Região da Vila Luzita - Acervo São

José

Na minha visão, em termos de

urbanos, a Carroceria Caio Bela Vista,

produzida entre 1972 e 1975,

encarroçada sobre chassis Mercedes-

Benz, é, de longe, a melhor já

construída e a mais simples de ser

operada pelos motoristas. Pena que

saiu de linha, até por causa da

necessária evolução das carrocerias.

Suas linhas retas apresentavam um

diferencial em relação aos modelos

curvilíneos das carrocerias de então, o

que proporcionava ao ônibus presença

marcante nas cidades.

Nos Anos 1970, quase todas as

empresas do ABC Paulista,

particularmente as de Santo André,

tiveram Bela Vista. Lembro-me

claramente dos Belas Vistas vermelhos

da ABC, dos azuis da Estoril e

Esplanada, dos amarelos e

azuismarinhos da São Camilo, dos

vermelhos e pretos da Metrópole, dos

azuis claros da VILA ALPINA, dos

amarelos da Humaitá, entre outros.

23

BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

Governador da Viação São Camilo sobre

Magirus Deutz em exposição - Serviu na

linha Vila Alzira - Parque D. Pedro II - Autor

desconhecido

Outra carroceria inesquecível foi a

Grassi Governador, produzida de 1966

a 1970, encarroçada sobre chassis

MagirusDeutz, operada pela São

Camilo na linha Vila Alzira - Parque

Dom Pedro II (os ônibus saiam da

Travessa Mem de Sá). Quem os tomou

não se esquece jamais do enorme

balanço dianteiro. Parecia uma

gangorra de parque de jardim.

Turbo Jumbo da Viação Cometa em

exposição - Serviu na linha São Paulo - Rio -

Autor desconhecido

Quanto às rodoviárias, a Carroceria

Ciferal Líder, produzida entre 1969 e

1982, encarroçada sobre chassis

Scaniae que na Cometa tomou o nome

de Turbo-Jumbo é, na minha opinião, a

melhor construída para viagens

rodoviárias, desde que o motor seja

turbinado. O desempenho na estrada

desses veículos era algo inimaginável e

o conforto e a segurança

apresentadas para motoristas e

passageiros inigualável.

Quanto às pinturas, referindo-me

então ao design das empresas, são

várias as que chamam a atenção, não

só pela beleza urbana que imprimem,

mas também pela marca que deixam

na mente dos públicos-alvo e,

principalmente, pela oportunidade

que tem os passageiros de perceber

"seu" ônibus chegando ao longe.

Há várias empresas que ainda

conseguem manter padrão visual

próprio, por sinal muito bonito aos

olhos de quem vê e importante aos

olhos de quem toma o ônibus. Entre

as do ABC de antigamente, já que hoje

isso não é mais possível, em função da

imposição de pintura pelo Poder

Público, posso citar a pintura da

Alpina. Houve também duas pinturas

maravilhosas: a dos O-362 da EAOSA e

da São Camilo que marcaram época.

24

BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

O-362 da EAOSA na linha Maua - SP –

Desenho de William Bordin

O-362 da V S Camilo na linha SP - Parque D.

Pedro II - Vila Assunção - Santo André - Autor

desconhecido

O-321 da Viação Cometa na linha São Paulo -

Itapetininga - Autor desconhecido

Em relação aos rodoviários, sempre

me encantou uma das primeiras

pinturas da Cometa.Em Santo André

ficou famosa também a pintura da

Esplanada, que fazia a linha Jardim do

Estádio - Parque Dom Pedro II, com

seus famosos O-362 na cor banca,

preta e verde, sendo o preto em listas

verticais, o que lhe rendeu o apelido

de "zebrinha";

O-362 da Viação Esplanada na linha Parque

D. Pedro II São Paulo - Jardim do Estádio

Santo André - Acervo Sua Boa Estrela

Além desta, a Esplanada fez por pouco

tempo a linha SÃO BERNARDO DO

CAMPO - RIO DE JANEIRO via Santo

André, que também marcou época,

pois tinha estampada a face de uma

moça, tal qual também teve a Viação

Senhor do Bonfim, não a que correu

em São Paulo na década de 70, mas a

que rodou em RECIFE nas décadas de

70 e 80.

25

BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

Marcopolo III da Viação Esplanada na linha

SBC - RIO - Acervo Marcopolo

Infelizmente, hoje, em termos de

identidade visual, isso não é possível

em diversos sistemas municipais, pois

as prefeituras determinam qual

identidade visual o empresário deve

colocar no ônibus de sua companhia,

ferindo inclusive princípios básicos de

marketing de comunicação visual,

segundo o qual a imagem é o veículo

importante para manter a empresa

viva nas mentes dos públicos de

relacionamento.

Além disso, nos sistemas da Região

Metropolitana de Curitiba e das

Regiões Metropolitanas de São Paulo,

Santos, Campinas, São José dos

Campos e Sorocaba os governos

estaduais também determinaram a

padronização das frotas segundo

critérios próprios, sem pensar em

momento algum no passageiro e no

saudável urbanismo das cidades.

Particularmente em São Paulo, os

ônibus vinculados à Gestão da EMTU

tem que ser pintados segundo padrão

por ela determinado.Assim sendo, os

passageiros, maiores prejudicados

pela gerenciadora estatal, acabam

sendo obrigados a fazer verdadeiros

malabarismos para enxergar a

empresa de ônibus que irá servi-lo,

pois todos são literalmente iguais. É

um verdadeiro descaso, pois limita a

visão do passageiro e obriga o

empresário a apor uma identidade

visual que não é a sua, por sinal

igualando a qualidade das empresas

todas ao mesmo nível, para baixo.

Foz Super da EMTU na linha Tamanduateí

São Paulo - Vila Palmares Santo André - Foto

de Mario Custódio

Melhor seria que cada companhia de

ônibus voltasse a ter a sua própria

identidade visual, beneficiando

imediatamente os passageiros e

marcando o colorido urbano de forma

diferente. Até empregos seriam

gerados com tal atitude. É como me

posiciono quanto a esta questão.

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

SUGESTÕES

Os sistemas de transporte de Santo André, a meu ver,

prestam um bom serviço à população. Pode-se melhorar

sempre, é claro. Porém, analisando-o em relação ao passado,

inclusive ao passado distante, não há dúvidas de que as

melhorias implementadas foram feitas para melhor servir a

população.

Senão vejamos alguns itens importantes que não existiam no

passado:

1. Trens da CPTM mais modernos;

2. Sistema segregado da METRA em boa parte do viário,

operando com diversos tipos de veículos,

particularmente trólebus, não poluentes e silenciosos;

3. Integração do primeiro e do segundo subdistritos por

ônibus municipais, portanto com tarifa mais baixa,

algo que não havia antes de 1990;

4. Utilização de bilhetagem eletrônica e integrada,

permitindo a utilização de um bilhete ou cartão em

vários coletivos;

5. Inúmeras linhas de ônibus partindo do Terminal

Rodoviário Prefeito Saladino, possibilitando ao

morador de Santo André e arredores seguir para vários

destinos sem ter que se deslocar aos Terminais

Rodoviários BARRA FUNDA, JABAQUARA e TIETÊ via

taxi ou trem, até porque não há serviço direto de

Santo André para os citados terminais; e

6. Implantação de eficiente serviço de fretados entre

Santo André e São Paulo, que levam estudantes e

trabalhadores para locais em que não há serviço

direto, o que os obrigaria a se deslocar com vários

coletivos e modais.

Apenas por essas análises se pode verificar que o sistema de

transporte em geral melhorou, podendo melhorar mais.

Porém, há várias críticas aos sistemas que necessitariam,

como já proposto nas respostas às outras perguntas, de

análise e implantação pelo Poder Público (que gere o

sistema) e as Operadoras (que operam o sistema):

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

Área Municipal

1. Efetuar revisão das linhas, itinerários e horários das

empresas que operam as linhas municipais, sob gestão

da SATRANS, a fim de atualizar as demandas de

origem-destino;

2. Implantar serviço de linhas cobrindo a parte do

Município que atende Paranapiacaba;

3. Implantar terminais de ônibus urbanos mais

adequados em Utinga, Parque Capuava e

Paranapiacaba;

4. Implementar plano de contingência para casos

fortuitos ou de força maior, como por exemplo

acidentes ou congestionamentos paralisantes do

sistema (p.ex.: por um problema grave na área da

Estação, determinar aos motoristas que tomem

tráfego direto pela Avenida Perimetral, a fim de liberar

ao menos os passageiros que já estão dentro dos

ônibus, permitindo-os chegar aos destinos mais

rapidamente e aos fiscais o controle melhor da frota);

5. Melhorar o estacionamento para veículos existente

junto ao Terminal Rodoviário Prefeito Saladino.

Área Intermunicipal

1. Melhorar a eficiência operacional da CPTM,

notoriamente com problemas, particularmente nos

horários de pico;

2. Estender a linha da CPTM até PARANAPIACABA,

permitindo a integração da vila, também por esse

modal, a Santo André, visto que hoje só se faz ligação

direta através da linha PARANAPIACABA - PREFEITO

SALADINO, da Viação Ribeirão Pires, com pintura

EMTU;

3. Implantar a linha SANTO ANDRÉ - JABAQUARA, pela

METRA, já que essa ligação não existe hoje, obrigando

os passageiros de Santo André a fazer baldeações nos

Terminais Paço SBC, Piraporinha ou Diadema, ou no

meio do percurso, com inúmeras complicações nos

horários de pico;

4. Implantar as linhas de ônibus rodoviárias SANTO

ANDRÉ - BARRA FUNDA via Jabaquara e Tietê e SANTO

ANDRÉ - AEROPORTO INTERNACIONAL;

5. Solucionar a questão da área 5 de ônibus

metropolitanos (ABC), a fim de reavaliar os serviços e

renovar a frota.

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

NOTAS SOBRE O AUTOR

Mario Custódio, por ele mesmo ....

Vivi minha infância na Vila Alzira e no Ipiranguinha, em Santo

André. No Ipiranguinha, via as antigas instalações da

Tecelagem Ipiranguinha, bem como o barulho dos teares,

pois morava na Rua Enrico Fermi. Hoje no local se encontram

a Avenida Perimetral, a Estátua do Imigrante Italiano, a Igreja

Universal do Reino de Deus, o McDonald's e as antigas

instalações do Supermercado Extra (ex-Baleia).

Enfim, do Ipiranguinha fomos de novo para a Vila Alzira,

depois Vila Assunção e finalmente Centro de Santo André. E

quando me casei fomos para o interior de Pernambuco,

depois interior da Bahia, Brasília e interior de São Paulo,

ocasião em que voltamos para Santo André, onde resido até

hoje. Participo das atividades da Igreja Católica desde criança

até os dias de hoje. Considero-me ecumênico. Respeito as

demais religiões, inclusive com olhar de historiador e

pesquisador.

Estudei no antigo Grupo Escolar Padre Capra - SESI 134 (Rua

Padre Capra - Vila Assunção), no antigo Ginásio e Colégio

Duque de Caxias (Rua Coronel Francisco Amaro - Centro de

Santo André), ambos de saudosa memória; na Faculdade de

Direito de São Bernardo do Campo, onde me tornei Bacharel

em Direito e na Fundação Dom Cabral, no Curso de Pós-

graduação em Gestão de Negócios, além de inúmeros

treinamentos complementares.

Trabalhei na empresa Esquadrias Sidney, que ficava na

Estrada João Ducin, no Ginásio e Colégio Duque de Caxias, na

Caixa de Pensões dos Servidores Públicos Municipais de

Santo André (hoje Instituto de Previdência de Santo André) e

no Banco do Brasil, onde me aposentei como Gerente Geral.

Hoje sou Educador Corporativo, participo da Banca

Examinadora do Prêmio ANTP de Qualidade e do Conselho

de Usuários do Plano de Saúde CASSI.

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BreveHistória do Transporte Público em Santo André por Mario Custódio

Como começou o gosto por ônibus

Mario Custódio iniciou o gosto por ônibus aos 5 anos de

idade, quando ficava sentado no murinho da frente de sua

casa, observando os ônibus que passavam. Observava que os

ônibus tinham formas e cores diferentes. Naquela época,

diferentemente de hoje, os ônibus de cada empresa tinham

cores diferentes. Também observava os letreiros e descobriu

que cada um tinha um destino. Pediu então para sua avó

levá-lo até o ponto final das principais linhas de ônibus da

época como Vila Linda, Jardim do Estádio e Cata Preta.

Em 1967, aos 12 anos, descobriu que havia um guia com

todos itinerários de ônibus do ABC, que se chamava

Indicador Ideal Atualizado. Então, conseguiu um exemplar e

traçou num mapa todas as linhas do ABC. Em 1969, começou

a visitar a capital com sua avó para observar os ônibus no

Vale do Anhangabaú e no Parque Dom Pedro II. E fez o

mesmo para São Paulo, comprou um guia da cidade e traçou

todas as linhas de ônibus da capital no guia. A partir daí

começou a escrever cartas com sugestões para a melhoria

de itinerários para as prefeituras de São Paulo, Santo André e

São Caetano do Sul. Infelizmente, não teve a ideia de guardar

cópias de tais cartas.

Outra atividade interessante que fez desde criança foi

recortar fotos de ônibus em jornais e revistas, criando um

pequeno acervo fotográfico em papel. Em 1975, com uma

máquina emprestada, começou a tirar fotos de ônibus. Como

os recursos eram escassos, tinha que selecionar o que ia

fotografar, e torcer para que as fotos ficassem boas. A partir

de 1980, com uma máquina melhor e com o barateamento

dos filmes e revelações, começou a tirar mais fotos e com

melhor qualidade, especializando-se em nível nacional.

Posteriormente, passou a fazer viagens internacionais e a

fotografar ônibus no exterior.