brasília capital 251

16
A semana começou ruim e terminou ainda pior para o governo. Após as gigantescas manifestações em defesa do impeachement, ocorridas em todo o país, no domingo (13), a presidente reagiu nomeando Lula para a Casa Civil. Mas, gravações feitas com autorização do juiz Sérgio Moro comprometeram o ex- presidente. A oposição não tem dúvidas de que Lula sucumbirá a Moro. www.bsbcapital.com.br DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Brasília, 19 a 25 de março de 2016 Ano VI - 251 PÁGINAS 2 e 3 PÁGINAS 4 a 11 PÁGINA 10 PÁGINA 12 PÁGINA 13 PÁGINA 11 PÁGINA 3 PÁGINA 4 PÁGINA 6 PELAÍ WASNY DE ROURE MARIO PONTES HENRIQUE MATTHIESEN SEBASTIÃO NERY O KUJUBA Zilta Marinho Gustavo Goes Rollemberg aborta CPI da Saúde Os Reis não são expulsos, eles partem... Será? Organizações Sociais da Saúde, Hospitais e PPP Quem sai a queimar... O Brasil passado a limpo As novas formas de autoritarismo Em 13 anos o petismo desagregou o Brasil O “Jarareco” desastrado

Upload: jornal-brasilia-capital

Post on 27-Jul-2016

227 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Brasília Capital 251

A semana começou ruim e terminou ainda

pior para o governo. Após as gigantescas

manifestações em defesa do impeachement, ocorridas em todo o país, no domingo (13), a presidente reagiu nomeando

Lula para a Casa Civil. Mas, gravações feitas

com autorização do juiz Sérgio Moro

comprometeram o ex-presidente. A oposição

não tem dúvidas de que Lula sucumbirá a Moro.

ww

w.b

sbca

pit

al.c

om

.br

Dis

tr

ibu

içã

o g

ra

tu

ita

Brasília, 19 a 25 de março de 2016 Ano VI - 251

PÁGINAS 2 e 3

PÁGINAS 4 a 11

PÁGINA 10 PÁGINA 12

PÁGINA 13PÁGINA 11PÁGINA 3

PÁGINA 4

PÁGINA 6

PelAí WASNy de RouRe

MARIo PoNteSHeNRIque MAttHIeSeN SebAStIão NeRy

o kujubAZilta Marinho

Gustavo Goes

Rollemberg aborta CPI da Saúde

Os Reis não são expulsos, eles partem... Será?

Organizações Sociais da Saúde, Hospitais e PPP

Quem sai a queimar...

O Brasil passado a limpo

As novas formas de autoritarismo

Em 13 anos o petismo desagregou o Brasil

O “Jarareco” desastrado

Page 2: Brasília Capital 251

2 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 [email protected]ítica

E x p E d i E n t E

Diretor de Redação Orlando Pontes

[email protected]

Diretor de Arte Gabriel Pontes

[email protected]

Diretor Comercial Júlio Pontes

[email protected]

Diretor-ExecutivoDaniel Olival

[email protected]: 61-9139-3991

Siga o Brasília Capital no facebook.com/jornal.brasiliacapital - e fique por dentro

dos principais assuntos do Brasil e do mundo!

Os textos assinados são de responsabilidade dos autores. A reprodução

é autorizada desde que citada a fonte.

Impressão Gráfica Jornal Brasília aGora TIragem 20.000 exem-

plares DIsTrIbuIção plano piloto (sede dos poderes leGislativo

e executivo, empresas estatais e privadas), cruzeiro, sudoeste,

octoGonal, taGuatinGa, ceilândia, samamBaia, riacho fundo,

vicente pires, áGuas claras, soBradinho, sia, núcleo Bandeiran-

te, candanGolândia, laGo oeste, colorado/taquari, Gama, santa

maria, alexânia / olhos d’áGua (Go), aBadiânia (Go), áGuas

lindas (Go), valparaíso (Go), Jardim inGá (Go) e luziânia (Go).

SRTVS QuadRa 701, Ed. CEnTRo MulTiEMpRESaRial, Sala 251

BRaSília - dF - CEp: 70340-000 - TEl: (61) 3961-7550 -

[email protected] - [email protected] -

www.BSBCapiTal.CoM.BR - www.BRaSiliaCapiTal.nET.BR

CIrCulação aos sáBados.

CART

AS

Briga de ruaPode até ser golpe. Mas o que a presidenta está fazendo para sair da crise que ela criou? Diga-me! O país tá aca-bado. Comércio e indústria... tudo fechando. Desemprego e o pior poder de compra. Tudo que Lula e Dilma fizeram nos seus primeiros mandatos foi para o beleléu.nCristiano Ribeiro, via Facebook

É uma vergonha ver tanta gente sendo manipulada por esses partidos de oposição. Se estivessem bem informados e tivessem bom senso, jamais estariam apoiando esse golpe.nRoberto Medina, via Facebook

Rearticular a base de apoio ao governo Dilma e atuar

com firmeza para o cresci-mento, através da retomada de políticas sociais vigoro-sas, reabertura do crédito popular, a abertura de novos postos de trabalho, estas serão tarefas para o grande líder do povo brasileiro. Lula é a solução para o nosso governo.nAntônio Sabino, via Whatsapp

Alunos da Estrutural visitam a CLDFIsso não se faz com crianças! Vão aprender o quê? Como chantagear e achacar? Como ganhar muito dinheiro sem trabalhar? Levar crianças a um antro mal afamado como a Câmara Legislativa é maldade com elas e altamente deseducativo.nHélio Doyle, via Twitter

Pel

Ai

O ex-presidente da Terracap, Alexandre

Navarro, está em paz com o governador Rodrigo Rollemberg e já assumiu a Bsb Ativos, do conglomerado do Banco de Brasília, que administra o Contact Center do BRB. Júlio César de Azevedo Reis é o novo presidente da Terracap e Carlos Antônio Leal o diretor técnico.

DesburocratizandoRollemberg sancionou a lei que visa desburocratizar a liberação do habite-se. A norma muda as regras para empreendimentos que provoquem aumento do fluxo de pedestres e de veículos. Agora, será cobrada uma Contrapartida de Mobilidade Urbana em vez do RIT.

Não foi só no PSB que se reforçou. O PPS agora tem os distritais Raimundo Ribeiro (ex-PSDB) e a presidente da Casa, Celina Leão (ex-PDT). Cristiano Araújo, conforme antecipou o Brasília Capital, deixou o PTB e filiou-se ao PSD. Robério Negreiros (ex-PMDB) e Telma Rufino, que estão sem partidos, podem definir o futuro após o prazo para as mudanças partidárias, que terminou na sexta-feira (18).

Será em vão o esforço do deputado Lira (PHS) para abrir na Câmara Legislativa uma CPI para investigar o sistema de Saúde pública do DF. Enquanto discursava em favor da criação da comissão, Lira ouvia sussurros do secretário de Relações Institucionais, Igor Tokarski, pedindo para que desistisse da ideia. Em seguida, alguns deputados receberam telefonemas do governador, Rodrigo Rollemberg pedindo que adiassem a criação da CPI, cujo objeto seria investigar o desaparecimento de remédios das farmácias públicas, suspeitas de irregularidades na compra de equipamentos e máestão na área.

Rollemberg aborta CPI da Saúde

Luzia de Paula e Juarezão no PSBO PSB começou a legislatura sem nenhum deputado

distrital. No final de 2015, com a ida de Joe Valle (PDT) para a Secretaria do Trabalho, a legenda de Rodrigo Rollemberg ganhou seu representante na Câmara Legislativa: o suplente Roosevelt Vilela. Com a janela para troca de partido, os socialistas reforçaram sua bancada. Luzia de Paula (ex-PEN) e Juarezão (ex-PRTB) assinaram a ficha de filiação na quinta-feira (18). A articulação foi feita pelo próprio governador.

Troca-troca

Page 3: Brasília Capital 251

Henrique Matthiesen (*)

As novas formas de autoritarismo

3 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 [email protected]ítica

Existe uma grande e inconfun-dível simetria entre os grandes déspotas do século XX Hitler, Mussolini, Franco, Salazar,

dentre outros. Todos tinham a percep-ção e o discurso de higienização da po-lítica. Eram os verdadeiros bastiões da moral e ferrenhos inimigos da corrup-ção. Essa era a face da tirania e do fas-cismo do século XX, onde o autoritaris-mo era facilmente perceptível.

Hoje, o fascismo age de forma mais fracionada, diversa, e sua percepção se torna mais difícil, uma vez que os dés-potas contemporâneos usam togas, cra-chás e outras identidades funcionais, e contam também com amplo apoio po-pular. Dentre as características destas gerações de fascistas encontramos a hi-pocrisia e a seletividade de seus objeti-vos. Eles são ideológicos em suas ações. Agridem o Estado Democrático de Direi-to, de forma dissimulada insular, e de forma insidiosa é praticado sob a apa-rência da legalidade, ou seja, a pretexto da aplicação da lei e da realização com-pleta das “regras”.

Muitos destes são elevados à condi-ções de heróis pela manipulação odiosa e cínica do monopólio da desinforma-ção e da seletividade a que buscam. O arbítrio ideológico encontra eco e cum-plicidade nos setores depreciativos de democracias e de direitos individuais, em alguns casos no monopólio midiá-tico.

O Brasil teve uma ditadura militar que durou 20 anos. Tivemos a experi-ência trágica de um Estado Ditatorial, onde os argumentos para o rompimen-to da ordem democrática seguiram o protótipo de todos os déspotas, ou seja, o combate à corrupção, que a Historia provou ser um embuste. Outra caracte-rística do golpe no Brasil foi o apoio in-cisivo do monopólio midiático – Rede Globo, Folha de S. Paulo, o Estadão, en-tre outros.

Uma das marcas mais sombrias do

arbítrio dos generais foi a decretação do AI-5, visto como uma das maiores arbi-trariedades da época. O decreto permi-tia ao presidente estabelecer o recesso indeterminado do Congresso Nacional e de qualquer outro órgão legislativo, em esfera estadual e municipal, cassar mandatos e suspender os direitos polí-ticos de qualquer cidadão por dez anos. Além disso, poderia ser realizado o con-fisco dos bens daqueles que fossem incri-minados por corrupção. O AI-5 suspen-dia as garantias individuais ao permitir que o habeas corpus perdesse a sua apli-cação legal.

A partir de então, autoridades milita-res poderiam prender e coagir os cida-dãos de forma arbitrária e violenta. Logo após a publicação do AI-5, vários jorna-listas e políticos foram lançados na ca-deia. Tempos mais tarde, o presidente Costa e Silva se dirigiu à nação dizendo que tal ato fora necessário para que a corrupção e a subversão fossem comba-tidas, e a democracia resguardada.

Hoje, atos como a prisão de suspei-tos antes de culpa formada, a prática odiosa da tortura psicológica, em detri-mento do encarceramento para forçar a delatar os outros ou a quem interessa a autoridade, e o vazamento seletivo para formação e conquista da opinião públi-ca para continuar cruzadas ideológicas, é a nova face do autoritarismo em que vivemos.Simultaneamente, desenvolve a cultura do ódio e da segregação social, que é outra característica de tempos au-toritários.

A falta de percepção de que direitos fundamentais estão sendo violados e que edificamos déspotas à condição de he-róis e higienistas da nação é um retroces-so incalculável que pode nos levar às rup-turas e à situações gravíssimas. Por isso, é importante a vigilância e a resistência contra a nova forma de autoritarismo que se apresenta no século XXI, uma vez que as experiências pretéritas são de tris-te memória para humanidade.

Celina acelera a TV LegislativaA presidente da Câmara

Legislativa, Celina Leão (PDT-foto), trabalha para colocar no ar, nos próximos meses, a nova TV Legislativa, com canal aberto e sinal digital. Celina tem tratado da aquisição dos equipamentos e da programação, que será produzida em parceria com a Câmara dos Deputados.

Multiprogramação para todo o DF“Hoje, a TV Legislativa está restrita a um canal por assina-

tura, via cabo. Pretendemos que, por meio dos recursos de multiprogramação, a CLDF possa levar a sua programação a todo o DF, com informações do poder Legislativo e a presta-ção de serviços e campanhas informativas”, adianta Celina. Atualmente, a CLDF produz uma programação transmitida via TV Web, de suas atividades legislativas (sessões no Plená-rio e comissões e audiências públicas).

Rádio FMSegundo a presidente, a Casa tem recursos próprios

destinados à publicidade, os quais poderão ser utilizados. A execução da programação ficará a cargo da UnB. Paralelamente ao processo, corre o pedido da CLDF de ter uma rádio FM a partir de outubro, quando haverá em todo o País a migração dos sinais das rádios de AM para FM, com o fim da transmissão analógica da tevê, que passará a ser digital.

Rosso preside o impeachment

ErrataA 250ª edição (12 a 18 de março) do Brasília Capital circulou com a manchete “A cobra vai fumar”, destacando as manifestações contra e a favor do governo Dilma marcadas para o domingo (13). Entretanto, o Ato em Defesa da Democracia, organizado pelos segmentos favoráveis à presidente da República, foi cancelado na sexta-feira (11) à noite, após o fechamento do jornal. Pela divulgação da notícia equivocada, pedimos desculpas aos nossos leitores.

O deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF) é o presidente da comissão que dará o parecer sobre o impeachment de Dilma Rousseff. A primeira das dez sessões até que a presidente apresente sua defesa foi realizada na sexta-feira (18). Rosso acredita que o processo na Casa estará concluída em 45. Jovair Arantes (PTB-GO) é o relator. Ele e Rosso são aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), maior adversário da presidente.

Page 4: Brasília Capital 251

Política 4 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 [email protected]

o k

uju

bA

Um amigo visitou Luiz Estevão e

saiu preocupado com o ex-senador, preso há duas semanas na Papuda. A imagem de homem altivo e pronto a enfrentar todas as adversidades está destruída. Estevão chora quando calcula que sairá do cárcere com mais de 70 anos e teme pela segurança da família.

divulgAçãO

Em 13 anos o petismo desagregou o Brasil

Lamentável o grau de de-sagregação política a que chegou o Brasil. Investigada pela Procuradoria Geral da República, que abriu inqué-rito contra ela, a decaden-te Dilma Rousseff leva para dentro do Palácio do Planal-to, para chefia a Casa Civil, um ex-presidente também investigado. O vice-presiden-te é igualmente citado em vá-rios momentos na Operação Lava-Jato. O presidente da Câmara dos Deputados é in-vestigado, ao que se noticia, em vários inquéritos relacio-nados à mesma Lava-Jato. O presidente do Senado es-tá na mesma situação, além de inúmeros deputados, se-nadores, governadores e mi-nistros que são objeto de in-vestigação, seja na República do Paraná ou no STF. Isto pa-ra ficar dentro da esfera po-lítica.

Em inédito e, espera-se, improvável caso de nenhum dos citados acima poder vir a assumir o governo em even-tual necessidade, pois seria a maior prova de que o fun-do do poço realmente che-gou! Em tese, estaríamos nas mãos do presidente do Supremo Tribunal Federal. Sem qualquer demérito ao hoje ocupante do cargo, mas talvez isso seja ainda mais preocupante, pois ao Judiciá-rio deveria caber o papel úni-co de fiscalizar a ação dos de-mais poderes, julgar e punir eventuais condutas ilícitas, sempre dentro dos limites legais, atento aos princípios

constitucionais, penais e pro-cessuais, fora do mercado ne-gro de delações premiadas seletivas que se multiplicam.

Mas o maior poder desa-gregador partiu do pseudo-lí-der Luiz Inácio Lula da Silva. A Nação ouve, estarrecida, as gravações de suas conversas com diversos atores e sen-te um frio na espinha. Como pôde o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva enganar a todos, o tem-po todo? Quanta falta de res-peito às autoridades constitu-ídas e aos órgãos de controle! Quanta falta de caráter desse cidadão ao usar termos chu-los para qualificar seus anti-gos parceiros políticos, com palavras que se diz em ca-baré de quinta categoria! O Sr. Luiz Inácio Lula da Silva atacou a todos nós como so-

ciedade, e àqueles que lhes confiaram seus votos. A que ponto esse cidadão chegou em sua falta de caráter e de urbanidade!

Tudo que o Sr. Luiz Iná-cio Lula da Silva construiu no ambiente político institucio-nal foi depositado em uma la-trina, de onde foi gestado.

Tudo nesse cidadão fede! E o que mais nos deixou es-tarrecidos foi o fato da deca-dente presidenta da Repúbli-ca cometer tantos desatinos. Como pode uma chefe de Es-tado levar para gerir o Brasil aquele que ajudou a descons-trui-lo?

O Supremo Tribunal Fe-deral tem que dar respostas duras aos ataques chulos pal-rados por esse cidadão irres-ponsável, que tenta posar de

estadista, que não passa de um corrupto e chefe de qua-drilha. A nós, brasileiros, fica a missão de não deixar que essa farsa e esse desrespei-to se concretizem. A Sra. Dil-ma Rousseff deveria ter um lampejo de grandeza, deixar o cargo que ocupa, e ir cui-dar dos seus netinhos. Eles com certeza lhe ensinarão a ter um pouco de bom-senso. Ainda é tempo, Sra. Dilma!

Este final de semana será longo, e poderá ser o tempo su-ficiente para a tomada da de-cisão que, em tese, resgataria alguma coisa boa que eventu-almente tenha apreendido em seus longos dias de presa polí-tica da ditadura militar.

A esperança da Nação é de que ela não queira voltar para lá!

Page 5: Brasília Capital 251

Desde 2009 o fumo deixou de fazer mal para a minha saúde. E para a de muita gente aqui no DF. Nesse ano, ele foi proibido, definitivamente, em todos os locais de uso coletivo. Eu, que era fumante passiva, comemorei bastante. Hoje, tenho a mesma idade da Câmara. E fico feliz em saber que, durante todos esses anos, ela tem criado leis que me beneficiaram de alguma forma. 25 ANOS APROVANDO O MELHOR PARA VOCÊ.

Lei Antifumonº 4.307/2009

Glícia de PaulaGarçonete, 25 anos

0800 941 8787 www.cl.df.gov.br

Page 6: Brasília Capital 251

Política 6 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 [email protected]

RIO – O Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, estava agitado naquela noite, em 1984. O governador Franco Motoro tinha convocado os governadores do PMDB e Leonel Brizola, do PDT, para jantar. Com a derrota das eleições di-retas na Câmara, ia ser lançada a candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República, pelo Colégio Eleitoral. Montoro tinha dado or-dens expressas à portaria: só entravam os con-vidados: governadores, senadores, deputados federais e estaduais e os jornalistas credencia-dos.

De repente surgiu uma confusão lá fora. Um homem baixinho chegou sem convite e foi bar-rado. O major-chefe da guarda não o deixou entrar. Ele disse que era governador, o major não acreditou. O baixinho reclamou aos gritos. Lá da varanda, vi, reconheci o visitante e avisei ao governador Franco Montoro, que saiu rápi-do. O major grandalhão estava barrando com o braço o pequenino governador do Acre, de-pois senador, Nabor Júnior, um metro e meio de altura. Montoro chegou aflito e irado:

- Major, pode ir embora! Está afastado do Palácio! Não tem condições de exercer essa função. Não conhece o governador Nabor Jú-nior, do Acre?

O major, coitado, quase chorou, abaixou a cabeça e foi saindo: “Ai meu Deus! Desde a escola primária que esse Acre me persegue. Eu nunca acertava a capital. Como é que eu ia acertar agora o governador?”.

Nabor já estava lá dentro. E nós, alguns de-putados e jornalistas, às gargalhadas, pedimos a Montoro para perdoar o pobre major. Foi perdoado.

lula - Lula é o major do Palácio dos Bandei-rantes. Um desastrado. Só se mete na hora er-rada. E diz besteiras sem parar. Preocupado em manter-se como líder maior do PT, quando abre a boca é para escancarar o baixo nível po-

www.sebastiaonery.com [email protected]

Sebastião

lítico de sua esperteza. E o pais lhe dando no-vos, criativos e perfeitos apelidos, como agora o de “Jarareco”: mistura de “jararaca com pi-xuleco”.

NeryO “Jarareco” desastrado

Milton Reis - Conheci Milton Reis (foto) na década de 1950.Vizinhos de andar no Hotel Financial, em plena Avenida Afonso Pena, no coração de Belo Horizonte. Educadíssimo, de simpatia cativante e boas posições políticas, ele trabalhava para o banqueiro Antônio Luciano, dono do hotel e do Banco Financial, e dava seus primeiros passos na vida pública, onde exerce-ria sucessivos mandatos de deputado estadual e federal pelo PTB mineiro.

Milton era homem de confiança de João Goulart em Minas, amigo próximo de Jusce-lino Kubitschek e aliado fiel de Tancredo Ne-ves. Foi fidelíssimo à candidatura do marechal Lott à presidência em 1960, mesmo sabendo do naufrágio que se anunciava diante do fu-racão janista. Dispensou a presença do pesado candidato da coligação PSD-PTB e percorreu sua região de influência, o rico e histórico sul de Minas, levando a suave e carismática Edna Lott, a filha, que encantava com sua palavra fá-

cil e seu charme, e que iria ter morte trágica, anos depois, na estância climática de Lambari, assassinada por um ex-namorado.

Em 1964, Milton Reis escapou do Ato Insti-tucional nº 1 por conta da má informação dos milicos. Passou por puro descuido, após ter sido um escudeiro fiel do governo de Jango. Reelegeu-se deputado federal pelo MDB minei-ro em 1966, ao lado de outros grandes nomes, como Tancredo Neves, Simão da Cunha, José Maria Magalhães, Renato Azeredo, João Her-culino, Celso Passos e Nísia Carone. Fez dura oposição ao regime militar e, como vice-líder do líder Mário Covas, encaminhou a votação em que a Câmara dos Deputados negou licen-ça para processar Márcio Moreira Alves. No AI-5, em dezembro de 1968, apenas o discreto Renato Azeredo e Tancredo Neves (irmão de general...) escaparam da fúria que dizimou a admirável bancada do MDB de Minas.

Cassado, Milton Reis foi cuidar da vida. Pu-blicou livros de poesia (um deles, “Vozes da Minha Fonte”, prefaciado pelo mestre Agri-pino Grieco, foi saudado pela crítica como de altíssimo nível), abriu uma financeira e ficou rico. Mas não transigiu, não se acumpliciou, não aderiu aos golpistas de 64. Manteve-se retilíneo e fiel às suas profundas convicções democráticas. Até que, em 1982, fazendo a campanha de Tancredo ao governo mineiro, recuperou o mandato que a ditadura lhe havia roubado. Foi meu colega na Câmara, dos me-lhores e mais atuantes.

Milton era um animal político. Amigo de Tancredo, apoiou Aécio para a Presidência e fez um concorrido jantar em sua casa para o ex-deputado Pimenta da Veiga, candidato tuca-no ao Palácio da Liberdade. Perguntado pelas possibilidades de Pimenta, foi mineiramente sibilino: “venha, te espero. Não é um jantar de homenagem, é de solidariedade. O Pimenta é boa gente e vai ganhar muita experiência”.

Morreu em Minas meu querido colega, dile-to amigo Milton Reis.

Page 7: Brasília Capital 251

Lizeth Santos,porteira de uma das escolas

de ensino público do DF.

Quando um alunoda rede pública passa na UnB,ele não é aprovado sozinho.

Lizeth é porteira de uma das escolas da rede pública de ensino de Brasília que tiveram alunos aprovados

na UnB pelo PAS. Ao todo, 882 futuros calouros vieram da rede pública. O Governo de Brasília reconhece o

empenho dos estudantes, familiares, professores e trabalhadores da educação que, juntos, acreditam que

fazer mais por nossos alunos é uma conquista de todos.

Page 8: Brasília Capital 251

Política 8 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 [email protected]

uando, seu moço, nasceram meus dois rebentos, eu não tinha nem nome pra lhes dar. O primeiro chegou ao mundo em Garanhuns, em meio a uma seca terrível no sertão de Pernambuco. Tinha cara de fome e o fato de ele ter sobrevivido a tanta dificuldade

foi um milagre. Batizei-o de Luiz Inácio. Ao segundo, branquinho e bem nutrido, com jeito de ariano, dei à luz em Maringá. Eram dias de fartura no Paraná. Merecia nome mais chique do que o outro. Registrei-o como Sérgio.

Luiz Inácio, mesmo mirradinho e buchudo, cheio de verme, sempre foi determinado. Mal aprendeu a falar, um dia ele me disse que chegava lá. Como eu não sabia aonde ele queria chegar, só pude rezar pra tudo dar certo quando ele resolveu se mudar pra São Paulo. Fiquei sabendo, tempos depois, que fizera um curso de torneiro mecânico e militava em sindicato. Tornou-se um líder. Que orgulho! Ele honrava o sobrenome Silva, de gente do povo.

Sérgio, ao contrário, sempre foi compenetrado, estudioso. Ainda criança também me prometeu que seria alguém na vida. Sonhava ser advogado. Jamais quis sair de sua cidade natal. Formou-se em Direito em Maringá, e virou juiz federal. Muito religioso, frequenta a Opus Dei, segmento católico ortodoxo que reza missa em latim. O sobrenome Moro confere-lhe glamour e adequa-se ao seu perfil de homem da lei.

Embora irmãos, os caminhos dos meus dois filhos só se cruzaram depois de adultos. Luiz Inácio, mesmo com pouco estudo, tornou-se presidente da República. Toda vez que me visitava trazia carregamento, pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador. Eu tinha até medo e rezava pra ele chegar cá no alto do morro. Afinal, essa onda de assaltos está um horror!

Sérgio constituiu família e até abriu um lava-jato, atividade paralela à sua função de juiz. Ali ele passa a limpo todas as sujeiras do país. Comete seus excessos, é verdade. Afinal é humano e fanático pelo que faz. Atribuo seus equívocos à determinação de seguir, a qualquer custo, suas convicções legalistas.

Luiz Inácio casou-se com Marisa Letícia, moça humilde e trabalhadora, a quem ele procura, de todas as formas, dar uma vida confortável. Não só a ela como aos filhos, em nome dos quais abriu várias empresas com sócios poderosos. Comprou um pequeno sítio em Atibaia e até um triplex no Guarujá. Tudo em nome dos amigos. Luiz Inácio não tem essas vaidades patrimonialistas.

Numa conversa no lava-jato, Sérgio descobriu algumas estripulias de Luiz Inácio, de quem não sabia ser irmão. Foi investigar. Era muita maracutaia, como dizia o próprio Luiz Inácio, dado a botar nome nas coisas. Dinheiro para ele é Pixuleco. Propina é acarajé. Pra não complicar, Luiz Inácio me trouxe uma bolsa já com tudo dentro: chave, caderneta, terço e patuá. Tinha até lenço e uma penca de documentos, pra finalmente eu me identificar.

Olha aí! Os meus guris chegaram lá. Sérgio, com sua Bíblia, crucifixo e Constituição na mão, é o juiz da limpeza do Brasil.

Luiz Inácio, embora me pareça um pouco cansado e abatido, também chega estampado, manchete, retrato. Só acho estranha aquela venda nos olhos, com legenda e as iniciais. Não entendo essa gente, seu moço, fazendo

orlando Pontes

Page 9: Brasília Capital 251

Política 9 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 [email protected]

fOtOS: divulgAçãO

alvoroço demais. Acho que ele tá rindo e lindo de papo pro ar. Desde o começo, seu moço, ele sempre me disse que chegava lá.

Com o coração partido de uma mãe adorada, assina:

Pátria Amada, Brasil

•13.3 – Domingo 4 milhões de brasileiros vão às ruas em mais de 350 cidades pedir a saída da presidente Dilma, a prisão de Lula. Os manifestantes apóiam a operação Lava-Jato e defendem a prisão de corruptos

•14. 3 – Segunda-feira Circula a informação de que Lula aceitou o convite para ser ministro.

Dilma se pronuncia considerando as manifestações “vigorosas e parte do processo democrático”

•15. 3 – Terça-feiraA delação premiada do senador Delcídio Amaral é homologada pelo ministro Teori Zavascki, do STF.A revista Veja publica áudio de conversa do ministro da Educação, Aloízio Mercadante, com assessor de Delcídio do Amaral sobre suposta ajuda para impedir a delação completa por parte do senador.

•16. 3 – Quarta-FeiraLula é confirmado como novo ministro da Casa Civil ganhando foro privilegiado.

Juiz Sérgio Moro retira sigilo do processo da Operação Lava-Jato.

Revista Época divulga gravação de conversa telefônica em que Dilma informa a Lula que está encaminhando um papel para ele assinar antes de embarcar. Destaca que deve ser usado em caso de necessidade. Era o termo de posse de Lula como ministro. Governo publica edição extra do Diário Oficial com a nomeação de Lula.

Redes sociais convocam e população revoltada volta às ruas. Em Brasília 5 mil pessoas se concentram em frente ao Palácio do Planalto.

Em São Paulo, a Avenida Paulista é tomada por manifestantes que pedem a renúncia da presidente.

Polícia acompanha.

•17. 3 – Quinta-feiraImprensa divulga várias gravações de Lula conversando com autoridades e advogados. Ele se refere a autoridades de todos os poderes usando termos chulos.

Cronologia Da CriSeLula toma posse como ministro-chefe da Casa CivilAdvogado entra com ação e Juiz Itagiba Catta Preta Neto suspende ato de posse de Lula.

Juristas se dividem quanto à legalidade do ato do juiz federal Sérgio Moro de liberar os áudios de conversas de Lula gravadas pela PF.

Sérgio Moro divulga documento completo com exposição de motivos para quebra do sigilo das gravações.

Dilma se mostra indignada com vazamento de sua conversa com Lula.

STF conclui julgamento referente ao procedimento sobre o impeachment.

Eduardo Cunha convoca deputados e comissão especial para o impeachment é formada.

Dilma é notificada sobre a abertura do processo de impeachment.

•18. 3 – Sexta-feiraEm São Paulo, manifestantes contra Dilma entram em confronto com manifestação contra o impeachment convocada pelo PT e CUT. É realizada a primeira sessão da comissão

especial do impeachment.

Divulgado áudio de Rui Falcão, presidente do PT, pedindo ao ministro Jacques Wagner para interferir contra o pedido de prisão de Lula feito pelo promotor de Justiça Cássio Conserino.

OAB decide apoiar o impeachment da Presidente Dilma.

Assessor parlamentar de Delcídio Amaral que gravou conversa com Mercadante é exonerado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros.

Ministros Celso de Mello e Ricardo Lewandowski, do STF, afirmam que Lula ofendeu o Judiciário.

Em carta aberta, Lula diz que respeita o STF e pede justiça.

Grupo anti-Dilma é retirado da Avenida Paulista com jatos d´água e bomba, após 39 horas de protesto.

Page 10: Brasília Capital 251

Política 10 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 [email protected]

WilSOn diAS/AgênCiA BrASil

Os Reis não são expulsos, eles partem...

Será?Dito popular da época do

Império pode retratar a atual situação política do Brasil

No domingo (13), ocorre-ram as maiores mani-festações populares já registradas na história

do Brasil. Convocadas pelas redes sociais, 4 milhões de pessoas foram às ruas protestar contra o governo Dilma Rousseff. Lideranças oposi-cionistas e situacionistas foram hos-tilizadas. “Fora corruptos”, “fora Dil-ma” e “apoio à operação Lava-Jato” eram as bandeiras. A figura em des-taque foi o juiz federal Sérgio Moro. Dilma não caiu e não pediu pra sair e ainda reforçou sua equipe com a in-dicação do ex-presidente Lula para a chefia do Gabinete Civil da Presidên-cia. E agora?

Há muitos exemplos de rupturas. Conta a História que em 17 de no-vembro de 1889 a família real em-barcou para Portugal de madrugada para evitar a reação da população depois de proclamada a República no dia 15, fazendo valer assim o dito popular: “Os reis não são expulsos, mas partem”. Rapidamente eram alterados os nomes e símbolos do Brasil para mostrar que a República tinha vindo para ficar.

No início do século passado, na chamada República Velha, houve o agravamento da crise econômica, revoltas, acirramento de conflitos políticos, o Tenentismo, a Coluna Prestes e outros movimentos que culminaram com a Revolução de 1930, quando assumiu Getúlio Var-gas pelo então Partido Democrático. Considerado um grande líder, mais tarde fundaria o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em 1954, acuado por denúncias, Getúlio sai “ da vida para entrar na história”, cometendo suicídio. O Rei está morto.

1964 e a Democracia - Mudanças também ocorreram quando, em 1964, João Goulart se exilava no Uru-guai. O Rei foi deposto. O governo militar que se seguiu ,mudou o nome do país de Estados Unidos do Brasil para República Federativa do Brasil, alterando também o brasão e outros símbolos. O primeiro presidente mi-litar pretendia, depois de reorgani-zado o pais, entregar a presidência a

um eleito pelo povo. Acabou passan-do o poder a um outro militar. Ao to-do, foram vinte anos de militarismo, com cinco generais presidentes.

Aos chamados anos de chumbo sucedeu-se uma eleição indireta. Tancredo Neves (PMDB) foi eleito presidente e José Sarney (PMDB) seu vice. Era a Nova República. Mas Tan-credo, a esperança do povo, morreu antes da posse e Sarney subiu, sozi-nho, a rampa do Planalto, assumin-do um país que engatinhava numa frágil democracia. Mais uma vez, o Rei está morto. Em 1 de fevereiro de

1987 instalou-se a Assembleia Cons-tituinte e a atual Constituição foi promulgada em 5 de outubro do ano seguinte. Ela encerrava a ditadura e fortalecia as bases democráticas.

Na primeira eleição direta de-pois de anos sem liderança políti-ca, uma geração que nunca tinha votado escolheu Fernando Collor, cujo discurso de campanha era o de varrer a corrupção e a “caça aos marajás”. Tal mote também fora usado por Jânio Quadros que renunciou, dando vez a João Gou-lart. O discurso de Collor não durou

muito.Em 1992 foi tirado do poder por meio de um impeachment após denúncias de seu irmão Pedro e da confirmação de que fora beneficia-do em transações ilícitas. O Rei era deposto.

Itamar Franco (PMDB), seu vice, assumiu. A inflação era alta e a cor-rupção persistia. Mudanças eram necessárias. O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, pôs em prática o Plano Real, e foi eleito e reeleito presidente implementan-do as etapas previstas para estabi-lização da moeda e controle da in-flação.

A Era PT - Lula (PT) que tanto ha-via tentado se eleger finalmente se torna presidente sucedendo FHC e mantendo as propostas do Plano Real. Estabelece políticas sociais atendendo às necessidades dos me-nos favorecidos. Reelege-se com ex-pressiva votação, apesar do envol-vimento de seus partidários num grande processo de corrupção co-nhecido como Mensalão. Faz Dilma Rousseff (PT) sua sucessora. Mesmo sem o carisma de seu padrinho polí-tico, ela consegue se reeleger numa disputada eleição. A Rainha perma-nece na sombra do Rei que não par-tiu.

Crises externas, crise do petró-leo, agravamento de problemas na economia interna associados à falta de liderança política balançam no-vamente as bases da democracia. Com a Operação Lava Jato avan-çando sobre membros do governo, o povo vai as ruas repetidas vezes. Com o mote “Ou você vai ou ela fi-ca”, milhões de pessoas pediram a saída da presidente, a prisão de Lula e a cassação do PT. Na quarta--feira (16), Lula é anunciado chefe da Casa Civil. O Rei reassume com o consentimento da Rainha.

Em momentos de exaustão, co-mo os que estão sendo vividos ago-ra pelos brasileiros, muitos são os oportunistas que se apresentam co-mo salvadores da pátria. E a frágil República balança.

Vive o Brasil uma nova ruptura? A Rainha e o Rei serão expulsos? Vão partir? Reinarão? Quem serão os exilados? Só o tempo dirá.

Zilta Marinho

Dilma anuncia lula na Casa Civil: a rainha permanece na sombra do rei

Page 11: Brasília Capital 251

Política 11 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 [email protected]

O Brasil passado a limpoEm dois anos, Operação Lava Jato revela um gigantesco esquema de corrupção no País. Políticos, empresários e executivos estão presos e R$ 2,9 bi desviados já retornaram aos cofres públicos

A Operação Lava Jato com-pletou dois anos na quinta--feira. No dia 17 de março de 2014, a Polícia Federal

prendeu 24 pessoas suspeitas de usar uma rede de postos de combus-tíveis e lava-jato de automóveis em Brasília para movimentar recursos ilícitos de uma das organizações cri-minosas inicialmente investigadas.

Atirou no que viu e acertou no que não viu. Entre os detidos estava o doleiro Alberto Youssef, velho co-nhecido da PF por suas operações com moeda estrangeira. E ele aca-bou revelando suas relações com um esquema gigantesco de desvio de recursos e cobrança de propinas na maior empresa estatal do País, a Petrobras.

Desde então, o escândalo que ficou conhecido como Petrolão, já conta com 179 acusados, dos quais 67 já foram condenados. Foram ce-lebrados 50 acordos de delação pre-miada com a Justiça Federal de Curi-tiba (PR), sob a coordenação do juiz Sérgio Moro. Nada menos de R$ 2,9 bilhões já foram restituídos aos co-fres públicos.

Foram cumpridos 484 mandados de busca e apreensão, 117 de condu-ção coercitiva, 133 de prisões cum-pridos, 64 prisões preventivas, 70 de prisões temporárias, além de 5 pri-sões em flagrante. As investigações apontam para um montante de R$ 10 bilhões desviados da Petrobras, embora exista uma projeção de que este número pode chegar a R$ 40 bi-lhões.

Estão atrás das grades o dolei-ro Alberto Youssef; o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa; o ex-diretor de Servi-

ços, Renato Duque; os ex-diretores da área Internacional, Nestor Cerve-ró e Jorge Zelada; e o ex-gerente de Serviços, Pedro Barusco.

Também estão presos executi-vos de grandes empreiteiras, como o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht; Otávio Azevedo, da An-drade Gutierrez, Léo Pinheiro, da OAS; Dario de Queiroz Galvão, da Queiroz Galvão; e Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC.

No núcleo político dos envolvidos no esquema foram levados à carce-

ragem da capital paranaense o ex--tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, os ex-deputados André Vargas, Luiz Argôlo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP--PE). Eles foram presos na 11ª fase, batizada de “A Origem”.

Dois meses depois, com a Opera-ção Pixuleco, o Partido dos Traba-lhadores sofreu outro revés: o ex--ministro da Casa Civil, José Dirceu, foi preso quando ainda cumpria a sentença do Mensalão.

Risco ao Planalto - o dia 24 de no-

vembro de 2015, a PF deflagrou a 21ª fase, denominada “Passe Livre”, que prendeu preventivamente o pecu-arista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula. Um dia depois, o senador Delcídio do Amaral (MS), então líder do governo na Casa, foi dedurado pelo filho de Nestor Cerve-ró, que gravou um áudio no qual o parlamentar tentava convencer seu pai a não fazer a delação premiada.

A obstrução à Justiça também levou à prisão André Esteves, então presidente do banco BTG Pactual. Na 23ª fase da Lava Jato foi a vez do publicitário João Santana, responsá-vel pelas campanhas de 2006, 2010 e 2014 de Lula e Dilma. Em sua úl-tima fase deflagrada, a 24ª – ainda são esperadas outras 16 novas – o ex-presidente da República foi con-duzido coercitivamente para depor à PF no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

oposição - Apesar da maioria dos envolvidos integrarem a cúpula do governo, a oposição não está isen-ta de participação no esquema. O presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, foi citado cinco vezes em de-lações premiadas. Porém ainda não é considerado investigado pela Justi-ça. Delcídio afirmou em sua delação que o tucano recebeu propina de Furnas e também estaria envolvido na CPI dos Correios.

Seu correligionário Antonio Anastasia é investigado pelo STF. Os presidentes da Câmara dos Deputa-dos e do Senado, Eduardo Cunha (RJ) e Renan Calheiros (AL), também são investigados. Os peemedebistas Edi-son Lobão (MA), Romero Jucá (RR), Anibal Gomes (CE), Valdir Raupp (RO) e o petebista Fernando Collor (AL) também estão na mira da PF.

Gustavo GoesgErAldO BuBniAk/AgênCiA BrASil

o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari neto, foi preso durante a 12ª fase da operação

Page 12: Brasília Capital 251

Cidades 12 n Brasília, 12 a 18 de março de 2016 [email protected]

O diplomata que ampliou as fronteiras do Brasil

(*) Fernando Pinto é jornalista e escritor

Não fosse o talento de um jovem que se apaixonou pela noite do Rio de Janei-ro na época do Império, as

fronteiras do Brasil seriam hoje bas-tante reduzidas, mesmo sem perder a condição de “gigante pela própria na-tureza”. Nascido em berço de ouro, al-to, louro e bonito, o carioca José Maria da Silva Paranhos Júnior, mais conhe-cido por Juca Paranhos, era disputa-do pelas bailarinas francesas do sofis-ticado cabaré Alcazar Lyrique de Père

Fernando Pinto (*)

Arnaud, localizado no centro da ci-dade. Ele namorou e acabou casando com a linda belga Philomène Stevens, 22, com quem teve cinco filhos.

Trocando a noite pelo dia, cons-tituía verdadeiro mistério como Ju-ca Paranhos conseguira tempo para consolidar a cultura versátil, exibi-da nas rodas dos intelectuais da ca-pital brasileira. Bacharel em Direito e poliglota, circulou temporariamen-te em várias profissões tidas como de elite, entre as quais atuou como pro-

motor de Justiça, parlamentar federal e jornalista, escrevendo para a revista francesa L´Illustration sensacionais reportagens sobre a Guerra do Para-guai. Mas a sua preferência vocacio-nal era mesmo a Diplomacia, muito embora o ingresso fosse dificultado porque era malvisto pela maioria dos membros da Corte, inclusive pelo pró-prio Imperador, devido à sua explícita assiduidade à boemia, agravada por ser Maçom.

Esse sonho só foi concretizado em 1875, com a viagem de D. Pedro II aos Estados Unidos, quando o grande amigo de Paranhos, o herói nacional Duque de Caxias, conseguiu a sua no-meação como Cônsul Geral do Brasil em Liverpool, Inglaterra. Daí em dian-te, a carreira do jovem representante do Itamaraty subiu aos píncaros, sen-do apontado como gênio da Diploma-

cia ao resolver questões relacionadas às divisas do Amapá e Guiana France-sa; Santa Catarina e Paraná, contra a Argentina; e entre o Acre e a Bolívia, conseguindo ampliar as fronteiras do Brasil em cerca de 900 mil quilôme-tros quadrados, área superior a da França e Alemanha, juntas. Por to-dos esses méritos, José Maria da Sil-va Paranhos Júnior foi contemplado com o título de Barão do Rio Branco, em 1900.

PS – Casada com Marcus Para-nhos, tataraneto do Barão do Rio Branco, minha filha Fernanda her-dou o ilustre sobrenome. Mas não cos-tuma usá-lo publicamente, por uma questão de modéstia, optando pelo Sampaio de descendência materna.

Organizações Sociais da Saúde, Hospitais e PPP

(*) Deputado distrital pelo PT-DF

Os Governos Estaduais, de-sesperados com a crise au-to-infligida de má-gestão na saúde, estão apelando, sem

conhecimento de causa, para a cessão da responsabilidade sobre unidades públicas de saúde para Organizações Sociais sem tradição no ramo. É a mar-cha da insensatez para o fundo do poço na saúde pública.

Tais contratações, por meio de con-vênios firmados entre as OSs e as Se-cretarias de Saúde, não passam pelo critério da concorrência pública, não cursam por licitações abertas e não ob-servam diversos princípios legais bra-sileiros que regulam as relações públi-co-privadas.

As OSs nunca foram devidamente regulamentadas em diversos estados do país, inclusive no Distrito Federal, não estão subordinadas a um sistema de controle administrativo minima-mente crível e, embora, tenham o selo de “sem fins lucrativos”, na realidade

são arapucas para o desvio de dinheiro do contribuinte e enriquecimento sem causa dos diretores e operadores pri-vados.

Não há, também, quanto aos con-vênios já firmados no País, estudos que confirmem alguma sistematização das obrigações, mensuração de resul-tados, análise de custo e benefício, ou qualquer tipo semelhante de contro-le. Ao contrário, há inúmeras citações de fraudes e desvios, dado que são ins-tituições privadas que operam com re-cursos públicos, mas que não se repor-tam aos controles estabelecidos para o setor público.

As Organizações Sociais da Saú-de, disseminadas pelo país após 2003, em sua maior parte são organizações criminosas, cujo objetivo mais eviden-te é criar um mecanismo de desvio de recursos públicos da saúde, sem qual-quer base histórica na benemerência. Não custa lembrar a origem da Lei das OSs - foi criada em São Paulo - para

permitir o repasse de fundos públicos para entidades do terceiro setor que, de fato, vinham prestando serviços de saúde, por longo período, tais como a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (quatrocentona) ou os Hospitais das Irmãs Marcelina, realmente bene-merentes e de grande impacto na cida-de de São Paulo há muito tempo.

Em paralelo às OSs, na mesma épo-ca, surgiu, no período de governo de Ja-cques Wagner, na Bahia, o contrato de PPP em hospitais, cujo exemplo mais evidente é o Hospital do Subúrbio, em Salvador, ganhador de cinco prêmios internacionais como ‘modelo de suces-so em PPP Hospitalar no Hemisfério Sul’, entre eles os concedidos pelo Ban-co Mundial e a ONU.

O Hospital do Subúrbio há cinco anos vem demonstrando alta eficiên-cia na utilização dos recursos públicos que recebe, com altíssima resolubilida-de, altíssima eficiência cirúrgica e am-bulatorial e é, aí sim, um modelo a ser seguido na gestão pública da saúde, pois o operador privado venceu uma li-citação, tem fins lucrativos, pois inves-tiu seu capital no hospital, possui gran-de experiência na gestão hospitalar privada e administra o hospital públi-co sem nenhuma cobrança aos usuá-rios, como se particular fosse, pois está submetido a um contrato de PPP mui-

to detalhado sobre o padrão de servi-ços que deve seguir, além dos controles setoriais típicos (Secretaria da Saúde, Anvisa, CRM, Verificador Independen-te, Auditoria Independente, Fiscos Fe-deral/Estadual/Municipal).

Com as notícias diárias da Opera-ção Lava-Jato, fomos informados de que a “cegueira deliberada do contra-tante público” – a contratação de enti-dades notoriamente sem experiência no ramo, criadas apenas para reali-zar o “convênio”’, sem nenhum capi-tal próprio, sem precisar demonstrar histórico no setor, sem equipes técni-cas treinadas, sem sistemas informati-zados, sem responsáveis técnicos mini-mamente qualificados, constitui crime passível de punição severa.

Esse alerta deveria servir de refe-rência para governos estaduais, como o GDF, assoberbados com a falência de seus sistemas de saúde, em regiões sem tradição de benemerência, poden-do tais convênios assinados sem o de-vido processo licitatório, de modo ab-solutamente improvisado, originar graves problemas ao contratante e ao público, dando causa inclusive a pedi-dos de impeachment por improbidade administrativa e cassações de direitos políticos.

Wasny de Roure (*)

Page 13: Brasília Capital 251

13 n Brasília, 12 a 18 de março de 2016 [email protected]

PAulO lAHr/OBSErvAvES

tancredo Maia Filho (*)

untamente com os ami-gos passarinheiros do Observaves (Fernanda Fernandes, Henrique Moreira e Paulo Lahr),

visitei esta semana a Reserva Particular do Patrimônio Na-tural (RPPN) Serra Linda dos Topázios, no município de Cristalina (GO), de proprieda-de do jornalista e amigo Jaime Sautchuk.

Segundo o WWF-Brasil, “RPPN é uma categoria de unidade de conservação cria-da pela vontade do proprie-tário rural, ou seja, sem de-sapropriação de terra. Além de preservar belezas cênicas e ambientes históricos, as RPPNs assumem, cada vez

(*) Seja um observador de aves. Junte-se a nós! Informações em: www.observaves.blogspot.com.br

mais, “objetivos de proteção de recursos hídricos, mane-jo de recursos naturais, de-senvolvimento de pesquisas cientificas, entre vários ou-tros serviços ambientais”.

Para Sautchuk “criar uma RPPN é uma forma impor-tante do cidadão que tem a possibilidade de acesso a uma terra, ter também uma parti-cipação ativa na preservação da natureza”.

A Serra Linda dos To-pázios, com 470 ha, foi cria-da em abri de 1994, sendo a primeira do estado de Goiás. Preserva rica vegetação de Cerrado no meio de uma área vizinha bastante degradada, com a derrubada das espécies

nativas para plantação de so-ja, milho e eucalipto.

Na passarinhada desta se-mana, avistamos e ouvimos 25 espécies, entre elas a se-riema, o pica-pau-branco e o caminheiro-zumbidor.

Já foi publicado o livro Flores e frutos do Cerrado, re-sultado de pesquisa realizada na RPPN e coordenada pela professora Carol Proença, da UnB. Sautchuk ficou anima-do com a possibilidade de o grupo Observaves ajudar na elaboração de um guia das aves da Serra Linda dos To-pázios.

SERIEMA Cariama cristata (Linnaeus, 1766)

A seriema é uma ave típi-ca do Cerrado. Seu nome vem das palavras em tupi çaria (= crista) + am (= levantada). A crista é formada por um tufo de penas longas, com cerca

de 12 centímetros. É uma das poucas aves que possuem pestanas. Atinge a altura de 70 cm. A maneira mais fácil de diferenciar o jovem do adulto é a cor dos olhos. Nos adultos, os olhos são cinzas; nos jovens, amarelados.

O canto da seriema é mar-cante, alto e longo, parecendo longas risadas. Pode perma-necer cantando por vários minutos e ser ouvida a mais de um quilômetro. Alimenta--se de insetos e pequenos ver-tebrados.

nos arredores da rPPn Serra linda dos Topázios

J

Mario Pontes (*)

Quem sai a queimar...

Aos sábados, alguns lavradores amigos, ou s implesmente conhecidos de meu

pai, costumavam parar lá em casa, para um papo antes de se dirigirem à feira da cidadezinha, que se prolongava até o meio da tarde. Seu Tomás era um deles. Um dia, no final do verão, respondeu orgulhoso ao meu velho:

– Mas é claro! Terminei, bem antes dos vizinhos. Há quinze dias acabei de derrubar a caatinga que cobria o terreno do meu novo roçado. Esperei por uns dias de sol

e ontem, finalmente, botei fogo na galharia. Uma beleza!

Viu meu olhar inquisitivo e logo me perguntou, sem esconder o desprezo pela minha condição de menino: -- O que foi?

-- Posso lhe fazer uma pergunta, seu Tomás?

-- O que um menino do seu tamanho tem pra perguntar?

-- O senhor não acaba com sua terra tocando fogo nela todos os anos?

-- Ora! Queimar só faz bem. Mas quem é você pra entender coisas de gente grande?

De fato, eu só tinha dez anos, mas... Dei meia-volta, deixei Seu Tomás a rir do meu atrevimento. Fechei a porta atrás de mim e não demorei lá muito a sair ao mundo para viver. E houve algo que depois de alguns anos iria aprender, com a leitura dos discursos que outro Tomás, o lúcido e corajoso Tomás Pompeu, representante do Ceará no Senado do Império, pronunciava na tribuna daquela casa em meados do século XIX. A destruição da cobertura florestal do país, para permitir uma atrasada e predatória agricultura – ele dizia e repetia -- era uma história tão velha quanto a do país. História iniciada no dia em que o primeiro capitão-mor de capitania invadiu a terra da tribo mais próxima, cortou e queimou sua mata, usou-a apenas por um ano e saiu à procura de outra para derrubar, plantar e em seguida abandonar. Sem jamais

pensar nas destruições conexas que levava a cabo. Sem pensar que, com sua ação irracional comprometia o futuro da terra, das águas, da variedade de vida, da qual, aliás, não era dono.

Um dia, quando já criara barbas e necessitava de óculos, também me apercebi de que, apesar de suas pretensões civilizatórias, os séculos recentes têm sido tão ou mais ricos de incendiários do que, por exemplo, a sempre invocada Roma de Nero. E que, apesar da sua habitual gritaria de ganhadores do páreo, o sucesso deles não costuma durar mais do que o fugaz período de fertilidade que Seu Tomaz criava cada ano naquela terrinha de Sitio Belo, até acabar com ela e ter de mudar-se para a cidade a fim de disputar o pão com seus mendigos.

(*) escritor, tradutor e ex-editor do Caderno ideias do Jornal do Brasil

Page 14: Brasília Capital 251

14 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 [email protected]

A vida é um grande processo evolutivo e de crescimento pessoal. Nada como fazermos profundas

reflexões da nossa caminhada e percebermos os bons frutos que já colhemos da jornada da vida. Aí estarão os pontos de acerto, naqueles em que o aprendizado já foi possível e devemos nos orgulhar. Afinal, houve luta e esforço para que a vida nos devolvesse o que era de nosso merecimento.

No entanto, muitas vezes ficamos chateados ao rever aqueles aspectos que sempre aparecem na nossa listinha de frustrações/dificuldades. Aqueles que mesmo nos propondo a resolver, nunca conseguimos solucionar e nos sentimos incapazes diante deles. Amiúde, devemos

refletir sobre a nossa dificuldade de desapegar e a importância do esquecimento e do perdão. Ambos são imprescindíveis nos processos de mudança profunda.

Achamos, o que seria óbvio, que nos apegamos apenas às coisas boas da vida. Ledo engano. Temos uma enorme facilidade e, por que não dizer, necessidade de nos apegar a coisas e fatos que não nos servem mais.

Acreditamos que temos que guardar tudo isso porque esquecer é ser tolo e acreditar é se frustrar novamente. Esquecemos que o mesmo perdão que devemos a tantos que nos machucaram remete ao primeiro perdão: necessário perdoar a nós mesmos, por todo mal que nos fizemos ou que deixamos que nos fizessem.

Infelizmente, é com todos esses ressentimentos, rancores e frustrações que vamos para a vida, e é com toda essa carga de energia negativa que pedimos tantas coisas boas, acreditando que o Universo pode nos propiciar. E aí uma pergunta básica: se você já está cheio (a), como algo a mais pode entrar?

Com todo esse lixo, é impossível recomeçar. Continuar igual é fácil. Mudar, crescer e

evoluir é difícil. Contudo, toda essa carga de sofrimento pode ser o adubo para esse processo de construção do novo ser.

Para renovar, é necessário aprender a desapegar. Devemos fazer uma reflexão de tudo aquilo que nos faz mal, para entregarmos à fogueira da vida sem olhar para trás. Deixar queimar, sumir e se expandir no Universo.

Assim pararemos de atrair o que não queremos e atrairemos prosperidade, saúde, amor e tudo de melhor que merecemos. E então passaremos a ser a própria lei da atração.

Fernanda Sampaio (*)

(¨*) Psicóloga, psicodramatista, terapeuta sexual, palestrante, especialista em Brainspotting e EMDR.

Desapegar para recomeçar

(*) Psicólogo e Coach na Clínica Diálogo – www.clinicadialogo.com.br

Obstáculos e troféus

“Cada obstáculo depois de superado vira um troféu, e o tamanho do troféu

é proporcional ao tamanho do obstáculo”. Aprendi esta reflexão, que considero muito interessante, com um grande amigo e a repito bastante em meus atendimentos.

Estamos sempre enfrentando desafios em nossas vidas, e quando nos lembramos que fomos capazes de superar desafios talvez ainda maiores do que este que estamos a enfrentar, acessamos uma força

interior que nos faz ir além!Lembre-se de quando tudo

parecia perdido e você foi capaz de dar a volta por cima! Lembre-se que, para ter chegado onde chegou, foi necessária muita superação!

Assim como os atletas guardam seus troféus e ao se lembrarem de conquistas passadas se fortalecem para os próximos desafios, podemos fazer o mesmo e assim tomarmos consciência de que somos muito mais fortes e capazes do que imaginamos em um momento de insegurança, medo ou crise.

Como diria Henry Ford, “quando tudo parece estar contra você, lembre-se que o avião não voa a favor do vento, mas contra ele!”. É nesse momento em que estamos enfrentando grandes desafios que podemos alçar os nossos maiores vôos, se soubermos

usar as resistências encarando-as de frente, com toda nossa força e intenção positivas.

Desta forma, teremos conquistado mais um belo troféu, que servirá, por sua vez, para elevar nossa confiança diante do próximo obstáculo, que provavelmente não tardará a aparecer.

Portanto, não devemos esperar uma vida sem obstáculos, mas cheia de troféus, vitórias e conquistas

Pedro Costa

Page 15: Brasília Capital 251

Cultura 15 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 [email protected]

Dom Helder Câmara voltou, agora pela via mediúnica, por meio do médium Carlos, de Pernambuco, no livro Em

Razão de Viver, para trazer notícias do além. Apresenta ideias um pouco mais aperfeiçoadas das que ele tinha aqui, enquanto encarnado, mas mantendo o foco na justiça social, na dignidade pa-ra todos, na fé e na esperança.

Desta vez, o enfoque é a transição, o conjunto de acontecimentos doloro-sos, que farão a terra e a humanidade passar, para que entremos numa no-

Saúde e Nutrição

CarolineRomeiro

O Brasil recebeu destaque em duas publicações recentes da revista The Lan-cet, um dos periódicos mais conceituados na área da saúde em todo o mundo. Essas publicações mostraram os avanços do Brasil em relação à amamentação. Foi um estudo muito robusto, que comparou 153 países. E quando comparado com países como Estados Unidos, Inglaterra e China, o Brasil se destacou em relação ao tempo de amamentação exclusiva, por exemplo.

De acordo com a série, as crianças brasileiras eram amamentadas por 2,5 meses, em média, em 1974. Em 2006, esse número subiu para 14 meses. Em 1986,

O Brasil está de parabéns!apenas 2% das crianças de até 6 meses recebiam exclusivamente leite materno, e vinte anos depois esse número saltou para 39%.

Toda essa evolução em relação ao alei-tamento no Brasil se deve, sem dúvida, a suas políticas públicas voltadas para essa prática. No ano passado tivemos a regu-lamentação da lei NBCAL de 2006, que limita a comercialização de substitutos do leite materno, chupetas e mamadeiras.

Temos que destacar a licença mater-nidade de até 6 meses nas empresas cida-dãs, a certificação dos Hospitais Amigos da Criança – o que assegura padrões de

va era. Eis algumas pérolas:1 - “O mundo não acabará tão ce-

do, mas do jeito que está não fica. O homem precisa processar mudanças que provoquem bem-estar na coletivi-dade humana na terra, porque o mo-delo que aí está já se mostrou na exaus-tão. Tudo há de renovar-se.

2 - As mudanças que chegarão em breve abalarão o perfil do planeta. Pre-parem-se, portanto! Vamos modificar o planeta!

3 - As mudanças corrigirão o desti-no da terra. Teremos fatos alarmantes

dos quais vocês não devem ter medo, mas fé. As mudanças climáticas redun-darão em alguns desastres ecológicos e as variações de temperatura atingi-rão a agricultura e provocarão escas-sez de água.

4 - Os grandes países terão que com-partilhar seus espaços de atuação com os países emergentes. As crises econô-micas serão mais frequentes, e serão um sinal claro de que este modelo de exclusão e de exploração deve dar lu-gar a outro mais humano, mais igual, mais justo.

5 - Modificações políticas acomete-rão todo o planeta e as ditaduras da-rão lugar a democracias.

6 - Não teremos mais espaços para as corrupções, para o medo, para a ga-nância desenfreada, para a apartação de povos, com seus bolsões de miserá-veis, para a iniquidade. O componen-te da sustentabilidade estará em todos os aspectos. O Reino de Deus prometi-do por Cristo se instalará na terra, e a maior revolução será no coração do homem, que se comportará como ser humano.

José MaTosJosé MaTos

A profecia de Dom Hélder Câmara

qualidade e treinamento constante de profissionais de saúde voltados ao aleita-mento – e uma inovadora rede de bancos de leite humano.

Tudo isso não seria possível se a socie-dade civil não tivesse se organizado para pedir por todas essas práticas de proteção, promoção e apoio à amamentação. Esse é o caminho, e as notícias foram muito animadoras, visto que essa é uma prática que garante saúde a nossas crianças e à população em geral, se pensarmos a longo prazo.

Sem dúvida, uma excelente notícia para nos orgulharmos!

MARCELO RAMOSO REPÓRTER DO POVÃO

Programa O Povo e o Poderde segunda a sábado das 8h às 10h

Rádio Bandeirantes - AM 1.410Ligue e participe: 3351-1410 / 3351-1610

www.opovoeopoder.com.br

Page 16: Brasília Capital 251