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O Boletim da SociedadeBrasileira de Meteorologia é uma

publicação quadrimestral daSBMET (www.sbmet.org.br),

com tiragem de 1000exemplares. O boletim aceita

colaborações , na forma deartigos originais de divulgação

de assuntos técnicos, científicosou profissionais e reproduções

de matérias de interesse doCorpo Social, desde que não

protegidos por direitos autorais,ou autorização expressa do

detentor destes direitos.

Coordenação:Expedito Gomes R. Rebello/José de Fátima da Silva

Projeto Gráfico:Wagner Ulisses

Produção Gráfica:Ranking Comunicação e Mídia - (61) 371 6079

Fotolito:Laser Print

Impressão:Duplifolha Gráfica e Editora

Revisão Editorial:José de Fátima da Silva - ISSN 1676-014X

EXPEDIENTE

Diretoria Executiva - Biênio 2003/2004

Presidente - Francisco de Assis Diniz([email protected])Vice Presidente - Expedito Ronald Gomes Rebello([email protected])Diretor Secretário - José de Fátima da Silva([email protected])Vice Diretor Secretário - Mamedes Luiz Melo([email protected])Diretor Tesoureiro - Jorge Emílio Rodrigues([email protected])Vice Diretor Tesoureiro - Nelson Jesus Ferreira([email protected])Diretora Científica - Teresinha de Maria B.S. Xavier([email protected])Vice Diretor Científico - Manoel Francisco Gomes Filho([email protected])Diretor Profissional - Mário de Miranda Vilas Boas R. Leitão([email protected])Vice Diretor Profissional - Marcos Alberto A. de Araújo([email protected])

Conselho DeliberativoRomísio Geraldo Bouhid André - PresidenteValdo da Silva MarquesFrancisca Maria Alves PinheiroClodomir Padilha Alves da SilvaMaria Luiza Poci PintoHeloisa Moreira Torres NunesHalley Soares Pinheiro JúniorJosé MarquesGerhard Held

SuplentesAna Catarina Farah PerrellaEduardo Iorio PereiraMário Alberto da Silva Lobo

Conselho FiscalMaria Aparecida Senaubar AlvesMarcelo BelassianoElza Correia Sucharov

Corpo EditorialExpedito Gomes R. Rebello - Editor ResponsávelInstituto Nacional de Meteorologia - INMET - EixoMonumental, Via S/1 - Sudoeste - 70680-900Brasília/DF -Tel.: (061) 344 9944/343 2168Fax.: (061) 342 1558/344 [email protected]

José de Fátima da Silva - Editor AssistenteInstituto Nacional de Meteorologia - INMET - EixoMonumental, Via S/1 - Sudoeste - 70680-900Brasília/DF -Tel.: (061) 344-9944/343-2168Fax.: (061) 342 1558/344 [email protected]

Teresinha de Maria Bezerra Sampaio Xavier - EditoraCientíficaRua Oswaldo Cruz, 176, Apt°. 400 (Meireles)60125-150 – Fortaleza (CE)[email protected]

03

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Sumário

04

Editorial .................................................................. 05

Campanha Profissional ........................................... 06

Carta à UNB ............................................................ 08

Resenha do livro “A Técnica do Quantis” ................. 09

Participação de Meteorologistas brasileirosno X Congresso Latino-Americano e Ibéricode Meteorologia em Cuba ....................................... 10

Dados históricos e acadêmicosdas Universidades Brasileiras ................................. 11

A nação se torna refémda irregularidade do clima ...................................... 16

Campos da TSM - Temperatura da Superfíciedo Mar na bacia do atlântico intertropical eas chuvas no Ceará em anos com o OceanoPacífico neutro: 1964-2001 ..................................... 19

O “Dia Meteorológico Mundial 2003”e os temas : “O Nosso Clima Futuro”

e “O Clima e a Fome” ............................................. 39

Serviços Meteorológicos Nacionais.......................... 48

Índice de anunciantes ............................................. 52

Política Editorial do Boletim .................................... 53

Fale Conosco .......................................................... 54

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Editorial

Este Boletim está sendo publicado com muito esforço pelaDiretoria Executiva da SBMET. Neste número apresentamosum histórico completo dos cursos de Meteorologia no Brasil,com a apresentação detalhada mostrando o perfil de cadacurso; assim a SBMET dá o valor que merece o ensino e apesquisa meteorológica no Brasil.

Baseado no papel importante que a SBMET tem na áreacientífica, está publicando um trabalho inédito sobre “anosneutros”, sendo autora principal a Dra. Teresinha Xavier.

A Política Nacional de Meteorologia é um dos temas que aSBMET está lutando junto ao Senado Federal, para que oProjeto de Emenda Constitucional (PEC), que estrutura, integrae organiza a Meteorologia Brasileira em todos os níveis.

A Diretoria Executiva da SBMET congratula com ometeorologista Antonio Divino Moura, pela sua nomeaçãopara Diretor do Instituto Nacional de Meteorologia -INMET, desejando-lhe pleno êxito e sucesso.

Expedito RebelloEditor

05

Fonte: Fotografia de Paulo Sérgio Azevedo,em 10 de novembro de 2002, visto às 14h dedomingo, no rio Jatapu, localizado acima doMunicípio de São Sebastião do Uatumã (a 245quilômetros de Manaus), com duração de cincominutos.

Esta foto foi enviada pelo jornal A Crítica deManaus ao Prof. de Meteorologia daUniversidade Federal do Pará, Dimitrie Niechettpara uma análise técnica do fenômeno o que foifeito de maneira simples e objetiva dizendo quese trata de um fenômeno atmosférico em formade redemoinho, denominado TROMBA D’ÁGUA.

Nossa Capa

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06

PROPOSTA PARA UMACAMPANHA DE FORMAÇÃO

DE METEOROLOGISTAS

Meteorologia é o ramo das geo-ciências que mais progrediu nas úl-timas décadas, devido à diversifi-

cação dos desenvolvimentos científicose tecnológicos, motivado pela aplicaçãoda Meteorologia em todos os setoresprodutivos da humanidade.

A profissão de meteorologista éregulamentada pela Lei nº 6835 de 14de outubro de 1980, orientada e fiscali-zada pelo Sistema CONFEA/CREA.

O profissional é empregado noGoverno, nos órgãos de pesquisas, nasuniversidades como professores, nasempresas públicas e privadas.

Os meteorologistas são necessários,como administradores, consultores,professores, executores e executantesnos seguintes campos:

01- no planejamento, nas metas e pro-gramas do Governo, a todos os prazos;

02- na elaboração e execução dosprojetos de Desenvolvimento;

03- na avaliação de projetos nacio-nais, regionais e estaduais;

04- no planejamento e execução daPolítica de Segurança Nacional;

05- nas missões militares do ExércitoBrasileiro;

06- nas missões de proteção, patrulhae deslocamentos da Marinha;

07- no controle, na proteção ao vôono espaço aeronáutico;

08- nas missões militares da aero-náutica com aviões e helicópteros;

09- nas pesquisas espaciais com olançamento de balões, foguetes e satélites;

10- na manutenção e preservação domeio ambiente e do ar puro;

11- no controle da água para energia,para irrigação e consumo industrial;

12- na monitoração dos fenômenosadversos, como secas, incêndios, tem-pestades, maremotos, cheias, inunda-ções, geadas e nevadas;

13- na produção e avaliação das safrasagrícolas;

14- nas previsões de tempo à curto,médio e a longo prazo;

15- nas pesquisas e previsões climato-lógicas;

16- nas pesquisas das mudançasclimáticas;

17- na programação e execução dosprojetos agrícolas;

18- na proteção dos rebanhos e nacriação de outros animais;

19- na produção de alimentos por em-presas de grande, médio e pequeno porte;

20- na agricultura sazonal, rural e familiar;21- nas empresas de pesca marítimas,

fluviais e lacustres;22- na construção de grandes obras

de engenharia, portos, pontes,aeroportos e estradas;

23- na construção de cidades e vilashabitacionais;

24- na programação do turismo anuale sazonal;

25- na divulgação para a mídia, es-crita, radiofônica e televisada;

A

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26- na proteção da saúde pública enas campanhas de vacinações;

27- na programação de competições,espetáculos, festividades e solenidades;

28- na programação e execução doscalendários letivos;

29- na programação de competiçõesesportivas, campeonatos e corridas;

30- na preparação dos atletas detodas as modalidades;

31- nos institutos de pesquisas espa-ciais, atmosféricas, oceanográficas, bioló-gicas, agronômicas e outros;

32- nas faculdades, escolas e cursos,como pesquisadores e professores deMeteorologia e em outros cursos de nívelsuperior e técnico;

A formação do meteorologista é ofe-recida, à mocidade brasileira em seis

cursos de graduação de nível superior naUFPA, na UFPb, na UFAL, na UFRJ, naUSP, na UFPel e com proposta paraorganização na UNB, além de cursos deespecialização, pós-graduação e dou-torado em várias escolas e faculdadesfederais.

A profissão de meteorologista, porsuas características continentais éinternacional, com grande demanda emmuitos países do nosso continente e domundo.

Para outras informações, consulte aSBMET pelo site: www.sbmet.org.br

Brasília, 25 de junho de 03

Clodomir Padilha Alves da Silva

Membro do CD-SBMET

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Magnífico Senhor Reitor

O Desenvolvimento Científico e Tecnológico, nos últimos 20 anos, passou exigir aparticipação da Meteorologia em todos os seus aspectos, atividades e empregos.

O Meteorologista, cuja profissão é regulamentada pela Lei 6.835 de 14/10/80,há mais vinte anos, vem colaborando com seus estudos, pesquisas e outrasatividades, no Governo, nos institutos, nas universidades e nos órgãos públicos,bem como em empresas privadas e carteiras agrícolas dos bancos.

Embora suas atividades sejam exercidas por graduados, pós-graduados e doutores,ainda não temos um curso superior de Meteorologia no Centroeste, que venhaatender a demanda dos órgãos governamentais sediados em Brasília e mesmo avocação da mocidade regional.

Nas demais regiões, há 6 (seis) cursos de graduação, outros tantos de pós-graduação e doutoramento, em universidades federais, no Norte, no Nordeste, noSudeste e no Sul.

Como a Meteorologia é a mais importante derivada da Física, os cursos tiveramseus inícios dentro dos Departamentos de Física e Geociências, contando com adedicação dos professores e com o apoio dos laboratórios e bibliotecas, quereceberam apenas complementação por convênios, com institutos congêneresnacionais e internacionais.

Na oportunidade que o Governo busca modernizar o Brasil, com novos cursos deformação profissional, para preparação de seus quadros de técnicos e cientistas,que promoverão o Desenvolvimento Sustentável, é que estamos sugerindo aorganização do Curso de Graduação em Meteorologia, nessa UNB para eliminar alacuna existente na nossa Região e nossa Capital.

A SBMET tem o prazer de oferecer consultores e outras informações para queseja proporcionada a oportunidade aos jovens estudantes de Brasília, neste ramoda Ciência e Tecnologia.

Com a devida vênia e especial consideração

Francisco de Assis DinizPresidente-SBMET

Ao ExcelentíssimoDr. Lauro MorhyMM – Reitor da UNBCampus da Universidade de Brasília - DF

Carta à Universidade de Brasília

08

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Resenha do livro “A Técnicados Quantis” – Junho 2003

F

Reinaldo SilveiraMeteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia

[email protected]

09

de 143 páginas os autores apresentam,numa linguagem simples, diversosconceitos relacionados a inferências

estatísticas, úteis não apenas para oinvestigador, mas também para

o leigo interessado emuma aplicação ime-diata para análise

de dados meteo-rológicos, descrição

de clima e estudoshidrológicos.

O trabalho é resul-tado, da consolidação

de notas de aulas, origi-nalmente preparado pela

primeira autora e recen-temente objeto de um

curso oferecido através daCoordenação da Diretoria

Científica da Sociedade Bra-sileira de Meteorologia, para

os previsores dos Distritos deMeteorologia do Instituto

Nacional de Meteorologia epara integrantes de outras entidades doBrasil, como por exemplo a EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuária.Contato: [email protected]

oi lançado no final de 2002 pela The-saurus Editora de Brasília LTDA, o livroTécnica dos Quantis e suas

aplicações à Meteorologia, Clima-tologia e Hidrologia, de autoriade Teresinha de Maria BezerraSampaio Xavier, José deFátima da Silva e ExpeditoRonald Gomes Rebello. Osautores, profissionais bas-tante conhecidos na Comu-nidade de Meteorologia eáreas correlatas, traba-lham a mais de 20 anosnas áreas de abrangênciadesta publicação e suasexperiências integram aUniversidade e ocotidiano operacional.

O livro aborda odiagnóstico das con-dições pluviométricasatravés da técnica dos quantis,atribuição de uma probabilidade a umdado intervalo numérico de uma variávelaleatória, possibilitando a análise espaçotemporal de ocorrências simultâneas deanos secos e chuvosos para diversasregiões do Brasil. Em um único volume

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D

PARTICIPAÇÃO DE METEOROLOGISTASBRASILEIROS NO X CONGRESSO LATINO-

AMERICANO E IBÉRICO DE METEOROLOGIA EM CUBAGilberto Fisch ([email protected])

urante o período de 3 a 7 de março de2003, uma pequena delegação demeteorologistas brasileiros (6) esteve

presente no X Congresso Latino-Americanoe Ibérico de Meteorologia, realizado emHavana-Cuba. Este evento, que ocorreu juntodo X Congresso Cubano de Meteorologia, tevecomo o tema “La Meteorologia y el DesarrolloSostenible”. Além disso, houve também, emparalelo, o II Simposium Internacional sobreClimatologia Tropical “Padre Benito Viñes – inmemorium”.

O evento geral teve a participação devários representantes dos países da AméricaLatina e dos Estados Unidos, totalizando umnúmero de aproximadamente 150 pesquisa-dores (90 cubanos e 60 estrangeiros dos quaisressaltam-se representantes dos EUA, México,Bolívia, Guatemala, Espanha, Jamaica, EL Sal-vador, Chile, etc.).

Foram abordados diversos temas cientí-ficos. Entre eles destacam-se os trabalhosde ciclones tropicais (formação, trajetória eprognóstico) e a influência da interação subtrópicos e trópicos no clima das Américas.Outro enfoque importante dado ao evento foio uso de técnicas estatísticas para estudosde climatologia.

A interação com os colegas iberoamerica-nos foi bastante profícua e espera-se umasérie de colaborações em um futuro próximo.Houve também a participação dos meteorolo-gistas brasileiros na Assembléia da FLISMET(Federação das Sociedades Latino-americanae Ibérica de Meteorologia) realizado no dia 5de março de 2003, na sede da FLISMET emHavana, onde se aceitou a candidatura da“Organización Mexicana de Meteorólogos-A.C”(www.ommac.org.mx) como responsável pelarealização do XI Congresso Latino-americanoe Ibérico de Meteorologia (março de 2005),provavelmente na cidade de Cancún-México.Também houve a oportunidade de visitar o

Instituto de Meteorologia (INSMET) de Cubano período da manhã do dia 6 de março. OINSMET conta com um radar russo, sendo quetoda a interface com o operador e a digitali-zação do sinal do radar foi desenvolvido pelopróprio INSMET.

O INSMET conta, além de um Setor Opera-cional, com uma Divisão de pesquisas científi-cas, sendo que muito destes pesquisadoresparticiparam do evento. Maiores informaçõessobre o trabalho dos meteorologistas cubanospode ser encontrado na página do INSMET(www.met.inf.cu). Os meteorologistas brasi-leiros que participaram deste evento foram:Gilberto Fisch (CTA) com a apresentação dopôster “Implicações microclimáticas do des-matamento da Amazônia”, Luiz Augusto ToledoMachado (CTA) com a apresentação oral“Relação entre a divergência dos ventos emaltos níveis e a expansão dos sistemasconvectivos: uma aplicação a previsão ime-diata”, Lúcio Silva de Souza (COPPE/UFRJ) coma apresentação do pôster Estudo da me-teorologia da poluição do ar na cidade de SãoJoão do Meriti, Marcio Santos Ferreira (COPPE/UFRJ) com o pôster “Desenvolvimento de umsistema combinado de modelos meteorológicose de qualidade do ar”, Michelle L. Ribeiro (COPPE/UFRJ e ON/CNPq) com a apresentação dospôsteres “Efeito do Mecanismo de ReaçãoQuímica sobre o Transporte de Contaminantesna Região da Camada Limite Atmosférica” e “Banco de Dados Ambientais para a indústria dePetróleo” e Alejandro A. Fonseca Duarte (UFAC).

A Organização Mundial de Meteorologia(OMM) esteve representada no evento peloSr. Michael Jarraud (na época o Vice-Secre-tário Geral e atualmente eleito como Secre-tário-Geral) e o Dr. Gustavo Necco (Presidentedo Instituto Interamericano de MudançasClimáticas – IAI). Os trabalhos apresentadosforam compilados e publicados como os Anaisdo Evento na forma de um CD-ROM.

10

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Dados históricos e acadêmicosdos cursos de Meteorologia nas

Universidades Brasileiras

Universidade Federal de Alagoas - UFAL

1 - Data do início do Curso de Meteorologia – O Curso de graduação em Meteorologiafoi criado na UFAL em 09 de agosto de 1978, porém somente iniciou suas atividadesno segundo semestre do ano de 1979.

SETNECOD OLUTÍT

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*Realizando programa de doutorado.** Realizando mestrado.

3 - Número de alunos formados(graduação) de 1976 a 2002: 80

4 - Número de mestres formados de 1976a 2002: 21

5 - Número de doutores formados até2002: Não tem

6 - Projetos de pesquisa em andamento:Não tem

2 - Quadro de Professores do cursode meteorologia

Coord. do Curso de Meteorologia:• • • • • Coordenadora de graduação:profa. Elenice Lucas Di Pace• • • • • Coordenador da Pós-Graduação:prof. Manoel da R. Toledo Filho

• Chefe do Dep. de Meteorologia:Prof. Luiz Carlos B. Molion

• Dep. de Meteorologia - CCEN/UFALCidade Universitária - 57072-970 - Maceió - ALFone: (82) 214 1365/ 214 1366 Fax: (82) 214 1615e-mail: [email protected] [email protected]

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Universidade Federal do Pará - UFPA

2 - Quadro de Professores do cursode meteorologia

SETNECOD OLUTÍT

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*Realizando programa de doutorado.

3-Quantidade de alunos formados(graduação) até 2002: 173 alunos.

4-Curso de Mestrado de 1976 até 2002:Não tem

5-Projetos de pesquisa em andamento:LBA-MILÊNIO; •ESECAFLOR; •MADAM-Manejo e dinâmica de manguezais;•ECOTIJUBA-Microclima e Malária na ilhade Cotijuba; •REDE CTPETRO-Avaliação,Prevenção e Recuperação dos DanosCausados em Áreas de Prospecção eTransporte de Gás Natural e Petróleo naAmazônia Brasileira-PT1-Dinâmica deClareiras sob Impacto da ExploraçãoPetroleira.

1–O Curso de Meteorologia na UFPA, teve início em 1976, com base na Resolução325 de 22/09/1975 expedida pelo o então Ministério da Educação e Cultura-MEC.A formatura da primeira turma de Meteorologistas ocorreu no dia 28 de dezembrode 1979, com apenas 3 concluintes, hoje todos professores do Departamento,professores Aurora, Edson e Paulo Souza.

• Coord. do Curso de MeteorologiaJoão Batista Miranda Ribeiro• Vice-CoordenadorJosé Danilo da Costa Souza Filho• Chefe do Departamento de MeteorologiaEdson José Paulino da Rocha• Vice–Chefe:Paulo Fernando de Souza

(91)211-1412 Fax: (91)211-1609e-mail: [email protected]. Augusto Corrêa, no 01 – C. Postal 1611 -CEP 66.075-900Campus Universitário do Guamá - Belém-PA

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Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

1 – Data do início do Curso de Curso deGraduação: 19632 – Quadro de Professores do curso demeteorologia

SETNECOD OLUTÍT

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*Realizando programa de doutorado.

3-Número de alunos formados (graduação) de1976 a 2002: 214

4-Número de mestres formados de 1976 a2002: 07

5-Número de doutores formados até 2002: 00

6-Projetos de pesquisa em andamento:• Prognóstico de Tempestades e Chuvas deVerão no Estado do Rio de Janeiro – ÓrgãoFinanciador – FAPERJ• Estudo Numérico e Obsevacional dos Efeitos

Fisiográficos sobre a Cirulação AtmosféricaRegional no Estado do Rio de Janeiro• A Estatística dos Transientes na América doSul: Climatologia e Previsibilidade• Uso da Inicialização Física no Prognósticodo Tempo em Mesoescala para o Rio de Janeiro• Verificação Objetiva das PrevisõesMeteorológicas• Implantação do Laboratório de Prognósticosem Mesoescala• Simulação Computacional do Transporte dePoluentes e Formação de Ilhas de Calor naRegião Metropolitana do Rio de Janeiro-ÓrgãoFinanciador–CNPq e FAPERJ• Estudo dos Fenômenos de Transporte naAtmosfera Aplicados a Análise de ImpactoAmbiental - Órgão Financiador – CNPq• Projeto Angra dos Reis – Modelagem daAtmosfera e da Qualidade do Ar - ÓrgãoFinanciador – Eletronuclear• Monitoramento de Risco e Sistema de Alertapara Combate de Incêndio no Parque Nacionalda Tijuca - Órgão Financiador – Light• Reconstituição de Imagens de Temperaturada Superfície do Mar do Satélite GOES• Sistema de Previsão de Ondas• Modelagem de Processos Oceânicos• Sistema de Modelagem ComputacionalAcoplada – MOREA• Previsão do Índice Ultravioleta para asCidades do Brasil• Avaliação de Métodos de Estimativa daEvapotranspiração Potencial de Referênciapara a Localidade da Estação Meteorológicada Ilha do Fundão – s/ financiador• Estimativa de Albedo, Emissividade eTemperatura da Superfície Terrestre através deDados do AVHRR - Órgão Financiador – FAPESP

• Coordenador do Curso de Meteorologia:Edilson Marton - [email protected]

• Chefe do Departamento de Meteorologia:Angela Maria Pineschi de Ávila [email protected]

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Universidade Federal de Pelotas - UFPEL

1 – Fundação do curso de Meteorologia

O curso de Meteorologia da Universidade de Pelotas iniciou-se em 1979 sendovinculado ao Instituto de Física e Matemática, com a primeira turma de formandosem 1982. Esta primeira turma de formandos serviu como requisito para oreconhecimento do curso de Meteorologia pelo Conselho Federal de Educação,através da portaria de 14 de fevereiro de 1984 (64/84) e somente em 1988 sedeu a fundação da Faculdade de Meteorologia da UFPEL, para graduação e já como curso de Pós-graduação ao nível de mestrado em meteorologia, atualmente:Departamento de Meteorologia.

2 – Quadro de professores

SETNECOD OLUTÍT

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3-Quantidade de alunos formados(graduação) até 2002: 167 alunos.

4-Curso de Mestrado de 1995 até2000: 19 Dissertações defendidas.

5-Projetos de pesquisa em andamento:20 projetos incluindo os que serãodesenvolvidos por alunos de pós-graduação e os financiados por Órgãosde Fomento, como a FAPERGS e o CNPq.

Coordenador atual do curso demeteorologia• Graduação:Prof. Humberto Conrado• Pós-graduação:Profª. Claudia Rejane Jacondino de Campos.

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Universidade de São Paulo - USP

O inicio do curso de meteorologia do Departamento de Ciências Atmosféricas (naépoca Departamento de Meteorologia) ocorreu em 1977, tendo sido o resultadodos esforços do Professor Paulo Marques dos Santos. Praticamente ao mesmotempo, deu-se início ao curso de pós-graduação, dois anos depois, em março de1979, iniciou-se também o curso de doutorado, tendo um aluno inscrito.

1 – Data do início do Curso de Meteorologia:1977

SETNECOD OLUTÍT

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3 - Número de alunos formados(graduação) de 1977 a 2002: 134

4 - Número de mestres formados de1976 a 2002: 116

5 - Número de doutores formados até2002: 33

6–Projetos de pesquisa em andamento:• Estudos e Aplicações em tempo eclima: 11• Física dos Processos Atmosféricos eaplicações em tempo e Clima: 16• interação atmosfera- biosfera-oceano: 16• Micrometeorologia: 03• Poluição Atmosférica: 07

2 – Quadro de professores

• Coordenador do Curso de Meteorologia:Profa. Dra. Maria de Fátima Andrade

• Chefe do Departamento de Meteorologia:Prof. Dr. Tércio Ambrizzi

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A NAÇÃO SE TORNA REFÉM DAIRREGULARIDADE DO CLIMA

José de Fátima da SilvaMeteorologista – Especialização em Agrometeorologia - Divisão de Meteorologia aplicada – INMET

[email protected]

O clima segue determinando ascaracterísticas da biodiversidadede cada região. Suas variações

podem levar a ocorrências extremas deprecipitação, causando danos pela satu-ração hídrica e também pelas secas pro-longadas. No campo da temperatura, osperíodos de abrupta estiagem, com altastemperaturas, causam os veranicos e,as baixas temperaturas ocasionam gea-das, apontando aspectos da variabilidadeno comportamento climático e suastendências ao equilíbrio natural.

Essas variações podem ou não serperiódicas em escalas variadas de tempo,isto porque, na natureza todas as variaçõesatmosféricas em qualquer escala espacial,são de ordem dinâmica e não se deveatribuir às ocorrências extremas, a tãoespeculada “Mudanças Climáticas”.

Em maio de 2001, ano do apagão,quando as condições hídricas de MinasGerais, Estado onde abriga as principaisbacias hidrográficas, deram seus primei-ros sinais de escassez, setores mal infor-mados do governo não hesitaram emapontar como causa as condições climá-ticas atuantes na região e logo propuse-ram o racionamento como saída estra-tégica para atenuar os impactos climáti-cos que abateu sobre o país.

Sabemos, climatologicamente, que emjunho, começa o período de inverno emgrande parte do país, portanto um perío-do de seca, em que as chuvas são escas-sas e somente iniciarão o restabeleci-

mento das normalidades climáticas a par-tir de outubro.

A nação brasileira se tornou refém dairregularidade do clima (chuvas) para osuporte do seu modelo de Desenvol-vimento Político Sócio-econômico basea-do na geração de energia pelo sistemahidrológico. O modelo que aí está não éum modelo ultrapassado, porém deve-mos lembrar que o potencial hidrológicodo país, para este fim, é finito e já esta-mos no limiar destes limites.

Não podemos atribuir a crise ener-gética do país somente à falta de chuvado verão/2001. A falta de investimentono setor e gerenciamento para o uso daágua, que há muito tempo se faz neces-sária, foi sem dúvida, a falha mais graveque ocasionou esta crise.

A análise de uma série temporal deprecipitação do período de 1978/00 doEstado de Minas Gerais, mostra que asoscilações sempre estiveram abaixo damédia, salvo alguns picos positivos (Fig. 1).

Nos anos 1986 a 1990, as precipita-ções ficaram abaixo da média por cincoanos, entretanto, neste período nãohouve situação tão desesperadora comoa ocorrida em 2000/2001, o que justificanão só uma crescente demanda de água,como a ocorrência de um enorme des-perdício, silencioso e constante. Já noperíodo 1993/2000, houve uma supe-ração da média de 1997 para constatar-mos em seguida a curva negativa pos-sivelmente até final de 2001.

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Para esta situação não há solução plenaimediata. Não há dúvida que somente coma regularidade das chuvas por um bomperíodo é que as condições hídricas denossas represas voltarão ao normal.

A escassez de chuva representa sim umrisco sazonal no abastecimento hídrico derepresas e todo o sistema hidrológico deuma região pode ficar comprometidotemporariamente. Porém, há outros fa-tores que por não apresentarem reaçõesimediatas passam desapercebidos, apre-sentando suas conseqüências mais a longoprazo e muitas vezes irreversíveis.

A conservação dos rios é de fundamen-tal importância na manutenção dossistemas hidrológicos na medida em queseja ordenado o uso de águas subter-râneas. A água extraída do lençol freáticonão retorna para a composição dos ma-nanciais, pois esta é evaporada contri-buindo assim para a diminuição lenta egradual do volume de água dos rios.

A degradação dos ecossistemassituados nas nascentes dos rios, odesmatamento sem controle em regiõesque deveriam ser preservadas até mesmopor razões estratégicas, o assoreamentoprovocado pelo manejo equivocado dosolo e o uso de agrotóxicos na agriculturacomprometem não só a água, mastambém todo um sistema de vida aquáticoe seus dependentes.

Imaginemos o rio São Francisco, rioda integração nacional, que desde suasnascentes até a sua foz renova todo umconjunto de recursos naturais, alimentapopulações inteiras com a produção depescado, provê água para irrigação nosertão árido da Bahia e mantém grandesecossistemas, submetido à tamanhadegradação, sofrendo com grandes pro-jetos de retirada de água e ainda aameaça da transposição das águas pararesolver a seca do nordeste brasileiro.

Hoje, não basta querer produzir,

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia

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temos que conhecer a dinâmica do meioem que vivemos. Isto é válido para todosos setores de produção.

Assim, fica bem claro que esta cadeiade agressões alimentada pelos atuaisprojetos de desenvolvimento, vai numtempo médio comprometer todo um sis-tema ecológico compreendido entre Solo,Água, Ar, Flora e Fauna.

Neste caso, temos que fazer mais queuma reflexão sobre esse comportamento.Temos que criar leis e desenvolver políticaspúblicas que permitam disciplinar esse tipode procedimentos selvagem, por meio degrandes programas de educação ambien-tal para que possamos desenvolver eaplicar em nosso proveito um sistema deDesenvolvimento Auto-Sustentável, paraque as gerações futuras possam se orgu-lhar dos brasileiros de hoje.

Que seja assimilado o imperativo depolíticas públicas regionais integradas em

ações estratégicas com base na proteçãoao meio ambiente, uma vez visualizadaas diferentes questões locais, padrões deurbanização, de exploração agrícola, mi-neral, de aproveitamento e conservaçãodos recursos naturais.

Cabe ao governo, em todos os seusníveis de atuação, a missão de produzir esistematizar leis e decretos para formularas políticas públicas tão necessárias para adefesa da nossa Biosfera oferecendo umconjunto de normas que sirva de referencialpara conservação ambiental nos processosde exploração agrícola, turismo, urbanismoe outros, possibilitando a padronização deum modelo de operação racional quegaranta o desenvolvimento sustentável,com a participação da sociedade civil.

Se é a razão que faz o homem, é osentimento que nos conduz.

(Rousseau)

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CAMPOS DA TSM-TEMPERATURA DASUPERFÍCIE DO MAR NA BACIA DOATLÂNTICO INTERTROPICAL E AS

CHUVAS NO CEARÁ EM ANOS COM

OCEANO PACÍFICO NEUTRO : 1964-2001

Teresinha de Maria Bezerra S. Xavier1

Airton Fontenele Sampaio Xavier2

José de Fátima da Silva3

Expedito Ronald Gomes Rebello4

RESUMO

ABSTRACT

Neste artigo considera-se a climatologiaregionalizada das chuvas no Estado do Cearájuntamente com o estado dos campos da TSM-Temperatura da Superfície do Mar na bacia doAtlântico, com relação aos anos com um OceanoPacífico equatorial neutro, ou seja, anos de nãoocorrência de eventos El Niño ou La Niña, entre1964 e 2001. Nesse período de 38 (trinta e oito)anos são identificados 13 (treze) anos neutrosno Pacífico, quando as chuvas no Estado doCeará podem classificar-se durante a estaçãochuvosa (fevereiro-maio) em qualquer uma das5 (cinco) categorias, ou seja, desde MS (muitoseco), S (seco), N (normal), C (chuvoso) até MC(muito chuvoso). Assim, há anos neutros no

Pacífico com a quadra chuvosa no Cearápredominante na categoria S (seco) a MS (muitoseco), outros com a chuva na categoria de S(seco) a N (normal), além daqueles anos com aquadra chuvosa de N (normal) a C (chuvoso)ou, finalmente, de C (chuvoso) a MC (muitochuvoso). Além disso, essas chuvas sãoclaramente moduladas pelo estado da bacia doAtlântico, em função da ocorrência de um dipoloou de um dipolo invertido da TSM. Este últimoresultado é importante no sentido de contribuirpara orientar o trabalho de previsão da quadrachuvosa no Ceará em anos de neutralidade doPacífico Equatorial. Palavras Chaves –Atlântico;Pacífico; TSM: Neutros; Chuvas no Ceará-NE-Brasil.

This paper considers the rainfall regional climatol-ogy in the State of Ceará the northeastern of Bra-zil and it’s relation to the SST-Sea Surface Tem-perature in the Atlantic Ocean, regarding to theyears with a neutral Pacific Ocean, along the pe-riod 1964-2001. In the referred period of 38 years,13 years were identified as neutral Equatorial Pa-cific, these years without the occurrences of ElNiño or La Niña episodes. In such neutral Pacificyears, the rain State of Ceará at the observedduring the raining season (february-may), may bedistributed in 5 (five) categories: VD (very dry), D(dry), N (normal), W (wet) to VW (very wet). How-

ever for some Pacific neutral years the season waspredominantly VD (very dry), in others they varyfrom D (dry) to N (normal), or from N(normal) toW (wet) or just predominantly VW (very wet).Furthermore, we can see that the rain is modu-lated in such years mainly by the situation of theAtlantic basin, following the occurrence of a dipoleor an “inverted dipole” of the SST. This last resultis very important as it gives an insight for theforecasting of the rainy season in the Ceará_NEBrazil during Pacific neutral years. Key Words –Atlantic; Pacific; SST; Neutral; Rainfall in Ceará-NE-Brazil.

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1 Membro Titular da Academia Cearense de Ciências –ACECI, Profa aposentada do Departamento de Hidráulica edo Curso de Mestrado em Recursos Hídricos-Centro deTecnologia-UF - E-mail: [email protected]

2 Prof.. Visitante – Universidade Estadual do Ceará /MPCOMP-UECE/CEFET - E-mail: [email protected]

3 Meteorologista, Divisão de Meteorologia Aplicada /INMET– E-mail: [email protected]

3 Meteorologista, Chefe da Divisão de MeteorologiaAplicada/INMET – E-mail: [email protected]

1. INTRODUÇÃOOs impactos de eventos “El Niño” e

“La Niña” têm sido amplamente discutidoscom respeito a várias regiões do mundoe inclusive para o caso do Nordeste semi-árido do Brasil. Para uma breve introdu-ção sobre o assunto consultar, em par-ticular, OLIVEIRA (1999) e SILVA(2000). De fato, seria tarefa exaustivalevantar a bibliografia sobre o assunto,mesmo restrita ao Nordeste brasileiro.Como esta região não é pluviometrica-mente homogênea, torna-se óbvio queos estudos devem ser direcionados parasub-regiões apresentando certo grau dehomogeneidade, em particular o NordesteSetentrional no qual se insere o Ceará.Contudo, tem permanecido ainda inex-plorada a análise da climatologia da pre-cipitação pluvial naqueles anos deneutralidade do Pacífico Equatorial, ouseja, da não ocorrência de um episódioEl Niño ou La Niña.

Em estudos sobre a previsão da “qua-dra chuvosa” no Nordeste setentrional eno Ceará, conforme XAVIER & XAVIER(1995), XAVIER et al (1998) (2000)e XAVIER (2001), denota-se que osanos neutros no Pacífico Equatorial cons-tituem anos de transição e com um com-portamento pluviométrico bastante variá-vel no Ceará, o que leva a dificuldades noprocesso de previsão, em especial devidoà falta de uma análise aprofundada daclimatologia das chuvas e da TSM noAtlântico e de suas inter-relações, nessesanos. O presente artigo é um primeiro

passo no sentido de preencher tal lacuna.Obviamente, estudos análogos seriambem-vindos para outras regiões.

2. DADOS E METODOLOGIA2.1 Dados Regionais da Chuva noCearáPara a pluviometria, a partir de 1964,

as observações básicas são da rede depostos gerenciados pela FUNCEME-SRH/Fundação Cearense de Meteorologia eRecursos Hídricos, complementadas pordados da SUDENE-Brasil e do INMET-Brasil. Utiliza-se um acervo de 93(noventa e três) séries pluviométricascobrindo o Estado do Ceará; conformeXAVIER & XAVIER (1998) (1999) etambém em XAVIER (2001).

A partir desses dados foram então cal-culadas, mês a mês, ao longo do períodoacima mencionado, as médias de chuvapara as várias regiões pluviometrica-mente homogêneas do Estado do Ceará,conforme uma modificação feita naregionalização anteriormente usada pelaFUNCEME-SRH-Ceará. Assim, a regiona-lização considerada é a mesma atual-mente utilizada pelo referido órgão: 1)LITORAL 1 = Litoral Norte, 10 postos; 2)LITORAL 2, entre Trairi e Pecém, 10 pos-tos; 3) LITORAL 3 = Litoral de Fortaleza,entre Caucaia e Beberibe, com 7 postos;4) Maciço de BATURITÉ e circunvizinhan-ças, 8 postos; 5) Região da IBIAPABA,12 postos; 6) Região JAGUARIBANA, desdeo litoral de Aracati, mas se aprofundandoem extensa faixa até Icó (10 postos);7) CARIRI cearense, 13 postos; 8)Região do SERTÃO CENTRAL + INHAMUNS, amais extensa de todas, com 23 postos.Então, para cada uma dessas regiões sãodeterminados os valores da chuvaacumulada na quadra chuvosa, ou seja,durante o quadrimestre fevereiro/março/abril/maio e em cada mês, com respeito

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aos vários anos. Para o Cariri, contudo,é de costume que a quadra chuvosa iniciemais cedo, pois corresponde climatologi-camente a janeiro/fevereiro/março/abril.

2.2 Monitoração da Chuva atravésda Técnica dos QuantisPara analisar os resultados da moni-

toração das chuvas nas várias regiõesdurante a quadra chuvosa mostra-seconveniente expressá-los mediante ascategorias ou classes a seguir: MuitoSeco (MS), Seco (S), Normal (N), Chu-voso (C) e Muito Chuvoso (MC), delimi-tadas pelos “quantis” de cada sériepluviométrica regional, a níveis dasordens quantílicas 15%, 35%, 65% e85%, tomando como referência 1964-96. (Ver XAVIER & XAVIER, 1998;1999; cit.) um tratamento extensivosobre essa técnica encontra-se, ainda,em XAVIER, et al (2002).

2.3 Anos Neutros no PacíficoCom respeito à cronologia de eventos

El Niño e La Niña e, em conseqüência,para identificar anos neutros no Pacíficoequatorial, existe alguma divergência naliteratura especializada, especialmentepara a primeira metade do século XX. Emalguns casos, isso advém pela maneirade definir a ocorrência ou não de umdesses episódios, ou seja, a partir dovalor inicial da anomalia de temperatura,por exemplo, 0,5°C. Em outros casos,em vista da circunstância de não serutilizada uma notação adequada para oano de ocorrência desses eventos que,em geral, começam no segundo semes-tre de um dado ano i-1 e terminam noinício do ano i seguinte sendo preferívelutilizar uma notação da forma i-1/i evariantes, onde */i refere-se a um epi-sódio que só venha a manifestar duranteo segundo semestre do ano i, sem en-

volver o segundo semestre ao ano ante-rior i-1; enquanto que a notação i-1/iindica um episódio que começa maiscedo. Note-se, por exemplo, que o even-to El Niño 57/58 é referido erroneamenteem algumas fontes como se tivessemocorrido dois de tais eventos, em 1957e 1958 o que, por sua vez poderia levara alguém desavisado a pensar que tives-sem existido dois de tais episódios em56/57 e 57/58. Por outro lado, na lite-ratura, eventos i-1/i são por vezes no-tados como ocorrendo no ano i , ou en-tão no ano i-1, o que pode dar origem aconfusão. Assim, para uma identificaçãoinequívoca dos episódios El Niño e La Niñaao longo de 1964-2001, veja emXAVIER (2001). Para esse fim, foramconstruídos gráficos conjuntos do Índicepara a TSM no Pacífico Equatorial da JMA(“Japanese Meteorological Agency”) e doÍndice de Oscilação Sul de Troup.

Na FIGURA 1, dispõe-se de umarepresentação dos episódios EN (El Niño)72/73 e LN (La Niña) 73/74. NasFIGURAS 2, 3, 4, 5, são exibidos osgráficos com a identificação dessesepisódios nas décadas 60-69, 70-79,80-89 e 89-90 onde por complementa-ridade, são obtidas as ocorrências deanos neutros no Pacífico. As figuras fo-ram adaptadas de XAVIER (2001), emcujo Capítulo 13 são exibidos gráficos noperíodo 1900-1999, ou seja, cobrindotoda a extensão do século XX, além dediscussão sobre inconsistências encon-tradas em algumas cronologias. Nessasfiguras, o Índice da JMA corresponde aanomalias em oC (multiplicadas por 10)com uma média móvel de cinco meses,conforme ftp:/www.coaps.fsu.edu.pub/JMA_SST_Index. Para o caso do Índicede Troup decidiu-se também aplicar médiamóvel de três meses.

No Pacífico Equatorial, os treze anos

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FIGURA 1 - Representação dos eventos “El Niño” (EN) 72/73 e “La Niña” (LN) 73/74, ocorridos consecutivamente. Asáreas entre a linha mais escura (TSM na área NIÑO 3/4 do Pacífico equatorial) e mais clara (Índice de Oscilação Sul) sãoaqui preenchidas: (i) em cinza-claro para o episósio EN; (ii) em cinza mais escuro para o episódio LN.Fonte: Xavier,. T. de Ma .B.S. (2001)

neutros, para fins do presente artigo, fo-ram: 1o) Na década de 60 - 66/67; 2o)Na década de 70 - 74/75, 78/79, 79/80; 3o) Na década de 80 - 80/81, 81/82, 83/84, 84/85, 85/86, 89/90; 4o)Na década de 90 - 90/91, 93/94 e 96/97. Note-se que em 74/75, de fato, oPacífico estava neutro durante o segundosemestre de 1974, embora já começas-sem a se manifestar no primeiro semes-tre de 1975 no início do evento LN (75/76). Análoga observação cabe para 90/91 e 96/97. Finalmente, não foi incluído95/96, que poderia considerar-se comoano de evento LN muito fraco ou comoano neutro; mas essa omissão não alteraabsolutamente os resultados a seremconsiderados. Por outro lado, cabe umaconstatação referente ao fato de que nagrande seca de 1979-1983 ocorreramquatros anos neutros no Pacífico, ou seja,78/79, 79/80, 80/81 e 81/82.

2.4 Campos das Anomalias da TSMno Atlântico IntertropicalNeste trabalho são utilizados cam-

pos das anomalias da TSM-Temperaturada Superfície do Mar no Atlântico entre

20°S e 30°N, a partir dos dados eimagens da TSM tratados pelo Dr. JacquesServain, IRD/Centre de Bretagne/França.As cartas para esses campos estãodisponíveis na Internet em WOCE-SAC-“Tropical Atlantic Pseudostress andSST Analysis”, mensalmente, desde1964. Para cada ano neutro, no Pacífico,foram organizadas essas cartas deanomalias TSM no Atlântico, de modo acobrirem os meses da pré-estação chu-vosa (dezembro/janeiro), como os qua-tro meses da estação chuvosa (fevereiroa maio) respeito a cada um dos mencio-nados anos neutros no Pacífico Equato-rial, através de cada uma das cartas épossível discernir a situação do campoda TSM no Atlântico intertropical entre20°S e 20°N em termos de sua evoluçãona pré-estação e na estação chuvosa.De fato, para a avaliação de um “dipolo”no Atlântico intertropical recomenda-seolhar para as anomalias que ocorremexclusivamente entre essas duas lati-tudes. Sobre o conceito e cálculos doíndice do “dipolo” da TSM no Atlântico,ver SERVAIN (1991) e XAVIER &XAVIER (2002).

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FIGURA 3 Cronologia de eventos ENOS/ENSO 1970-1980fonte: Xavier, T. de Ma .B.S. (2001)jsst: Índice da SST/TSM no Pacífico da JMA = Japanese Meteorological Agencysoit3: Média móvel de três meses para o Índice de Oscilação Sul de Troup

FIGURA 4 Cronologia de eventos ENOS/ENSO 1980-1990Fonte:Xavier, T. de Ma .B.S. (2001)jsst: Índice da SST/TSM no Pacífico da JMA = Japanese Meteorological Agencysoit3: Média móvel de três meses para o Índice de Oscilação Sul de Troup

FIGURA 5 Cronologia de eventos ENOS/ENSO 1990-1999Fonte:Xavier, T. de Ma .B.S. (2001)jsst: Índice da SST/TSM no Pacífico da JMA = Japanese Meteorological Agencysoit3: Média móvel de três meses para o Índice de Oscilação Sul de Troup

LN LN EN LN LN EN70/71 71/* 72/73 73/74 <75/76 76/77

EN EN EN LN 82/83 86/87 87/* 88/89

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO3.1 As Chuvas nas RegiõesPluviometricamente Homogêneasno Ceará em Anos Neutros noPacífico Equatorial : 1964-2001Na TABELA I registram-se os totais da

chuva com respeito às 8 (oito) regiõespluviometricamente homogêneas no Cearána quadra chuvosa ou quadrimestre maischuvoso (fevereiro a maio, com a exceçãodo Cariri que é de janeiro a abril) duranteos 13 (treze) anos com o Pacífico neutro,ou seja, sem ocorrência de episódio El Niñoou La Niña, de 1964 a 2001.

Pela inspeção da tabela conclui-seexistir variabilidade interanual muito gran-de, podendo ocorrer anos em que aquadra chuvosa cai predominantementena classe MC (muito chuvoso) respeitoàs várias regiões; casos de 84/85 muitochuvoso em todas as oito regiões; 85/86 muito chuvoso para sete regiões,chuvoso na outra região e 66/67 muitochuvoso em seis, chuvoso nas duasrestantes. Em outros anos, de N (nor-mal) até MC (muito chuvoso), como 83/84, ou de N (normal) a C (chuvoso),como 74/75 e 93/94.

Há também anos com a quadra chu-vosa no Ceará predominante na categoriaN (normal) embora entrando na categoriaS (seco) em algumas regiões, como 90/91 normal em seis regiões e seco emduas; ou predominante na categoria S(seco), como 80/81 seco em sete e nor-mal na restante, e, 81/82 (seco em cincoe normal nas outras três. Além de anos,com a quadra chuvosa variando de N(normal) a MS (muito seco), como 79/80; 89/90 e 96/97).

Finalmente, pode ocorrer um ano neu-tro no Pacífico, com a quadra chuvosano Ceará predominando em S (seco) ouMS (muito seco), como 78/79 seco emcinco regiões e muito seco nas outras.Ademais, a variabilidade observada num

FIGURA 2 Cronologia de eventos ENOS/ENSO 1960-1970Fonte: Xavier, T. de Ma .B.S. (2001)jsst: Índice da SST/TSM no Pacífico da JMA = Japanese Meteorological Agencysoit3: Média móvel de três meses para o Índice de Oscilação Sul de Troup

LN LN EN LN EN LN EN EN 61/* 62/* 63/*(64) <65/66 <67/68 68/69 69/70

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Fonte: “TEMPO DE CHUVA”, Xavier, 2001; reproduzido de Xavier, Silva & Rebello (2002)(*) quadra chuvosa para o Cariri = (jan/ fev/mar/abr)MS = muito seco; S = seco; N = normal; C = chuvoso e MC = muito chuvoso

OCÍFICAPORTUEN

SITNAUQSOLEPAIROGETACE)mm(AVUHCSAENÊGOMOHETNEMACIRTEMOIVULPSEÕIGER

SONA ETRONLAROTILODLAROTIL

MÉCEPEDLAROTILAZELATROF

EDOÇICAMÉTIRUTAB

ABAPAIBI ANABIRAUGAJ.TNEC.TRESSNUMAHNIE

)*(IRIRAC

76/66 CM5,2221 C2,319 C8,5721 CM7,2621 CM0,0131 CM8,8601 CM9,787 CM0,309

57/47 N2,6601 C3,5201 C5,6711 N7,018 C1,4401 C9,108 C4,706 C3,818

97/87 SM3,984 SM3,174 S0,376 SM2,135 S0,345 S8,814 S7,183 S4,836

08/97 S0,146 SM9,615 S9,517 S8,276 N0,237 N8,416 S0,324 N5,817

18/08 S7,406 S0,695 S0,486 S9,595 S7,916 S1,135 S0,624 N1,456

28/18 N0,318 N5,146 S4,836 N1,807 S4,586 S0,025 S9,293 S6,275

48/38 C5,8811 C0,919 N9,7901 C2,649 C7,0111 CM8,999 C5,117 N5,287

58/48 CM7,2271 CM4,0821 CM1,4661 CM8,7921 CM3,0361 CM8,3641 CM2,9701 CM2,9831

68/58 CM0,6731 CM6,7511 CM3,9551 CM9,1421 CM6,3241 CM6,4001 CM2,367 C7,068

09/98 S5,346 S4,025 SM0,645 SM9,335 N3,757 S1,004 S7,393 S8,775

19/09 N0,767 N8,138 N7,289 N5,008 N4,927 S9,484 N8,254 S8,626

49/39 N9,959 C7,989 C0,2921 C4,979 N4,759 N1,146 N8,884 N9,407

79/69 S7,735 SM7,015 S8,187 SM4,245 N6,197 S0,384 N8,825 S3,836

TABELA I - Estado do Ceará - Anos com o Oceano Pacífico Equatorial Neutro e a ChuvaAcumulada na Quadra Chuvosa FEV/MAR/ABR/MAI) nas Regiões PluviometricamenteHomogêneas Cearenses - 1964-2001

3.2 - Campos da TSM-Temperaturada Superfície do Mar no AtlânticoIntertropical em Anos Neutros noPacífico Equatorial.Relações com as chuvas no Ceará.No que se segue, (pranchas 1;2; e 3),

são exibidos campos da TSM no Atlântico,segundo SERVAIN (2002), com respeitoà maioria dos treze anos de “neutra-lidade” no Pacífico Equatorial. Assim, es-ses campos são considerados para osdois meses da pré-estação chuvosa noCeará (dezembro e janeiro) e os quatromeses da quadra chuvosa (fevereiro/

março/abril/maio). Para os demais anosneutros cujos campos não são exibidos,não obstante, podem ser discernidoscomportamentos análogos.

Conforme observado, a partir daestrutura dos campos da TSM noAtlântico Intertropical, entre 20o S e 20o

N, leva-se em conta a configuração deum dipolo ou de um dipolo invertido noAtlântico, ou sua ausência, no sentido dadefinição das chuvas no Ceará na quadrachuvosa. Em outras palavras, na ausênciade um episódio El Niño ou La Niña noPacífico, a modulação das chuvas no

mesmo ano indica existir uma variabili-dade espacial apreciável.

Cabe mencionar que essa variabilidadetemporal e espacial refere-se ao caso daschuvas nas regiões, calculadas, como mé-dias das chuvas nos seus postos pluvio-métricos representativos. Caso tivesse

que considerar as chuvas separada-mente, para os 93 (noventa e três)postos, essa variabilidade seria aindamaior. Com efeito, no processo de cálculodas médias regionais da chuva resultamficar filtrada parte da variabilidadeinterpostos dentro de cada região.

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Nordeste Setentrional e no Ceará de-pende, principalmente, da estrutura daTSM na bacia do Atlântico.

1- Anos Neutros no Pacífico e a quadra chuvosa no Ceará na categoriapredominantemente MC (muitochuvoso)Começa-se pelo ano neutro 84/85 no

Pacífico equatorial com a quadra chuvosa(fev/mar/abr/mai) de 1985 na categoriaMC (muito chuvoso) em todas as oitoregiões cearenses. Na Prancha 1 têm-se os campos da TSM na bacia do Atlân-tico intertropical de dezembro/84 a ja-neiro/85 (pré-estação) e de fevereiro amaio/85 (quadra chuvosa). Como sepercebe, desde dezembro/84 já seachava estabelecido um dipolo da TSMfavorável às chuvas no NE setentrional eno Ceará (anomalias positivas na baciasul e negativas na bacia norte). Nestecaso, olha-se particularmente para asáreas entre 20 graus N e 20 graus S.Por outro lado, este dipolo precocementeformado mantém-se até maio/85.

Já na Prancha 2, têm-se os campos daTSM correspondentes ao ano neutro 85/86 e quadra chuvosa de 1986 no Ceará,predominando a categoria MC (muitochuvoso). De fato, essa categoria ocorreem sete regiões e a categoria C (chuvoso)

em apenas uma. Contudo, o dipolofavorável às chuvas somente se forma eapresenta algum significado somente apartir de janeiro/86, embora em dezembrojá houvesse sinal de sua presença.

Também com respeito ao ano neutro66/67 no Pacífico, ocorreu uma quadrachuvosa no Ceará indo de C em duasregiões a MC nas outras seis, (prancha3). Porém, nesse ano, um dipolo favo-rável às chuvas somente se define noAtlântico em março/67. Por outro lado,já em abril e maio/67 aparecem núcleoscom anomalias positivas da TSM ao longoda costa do Nordeste brasileiro,contrastando com anomalias negativasna costa da África, (ver Prancha 3).

2- Anos Neutros no Pacíficoe Quadra Chuvosa no Cearápredominantemente S (seco)ou MS (muito seco).Considera-se a seguir o ano neutro 78/

79 no Pacífico com a quadra chuvosa(fev/mar/abr/mai) de 1979 nas catego-rias de S (seco) a MS (muito seco) emcinco e três regiões, respectivamente. NaPrancha 4 têm-se os campos da TSMna bacia do Atlântico intertropical dedezembro/78 a janeiro/79 (pré-estação)e de fevereiro a maio/79 (quadrachuvosa).

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a) - CAMPOS DA TSM nos meses da PRÉ-ESTAÇÃO = (dez./1984 e mai/1985)

b) - CAMPOS DA TSM nos meses da QUADRA CHUVOSA = (fev. a maio/1985)

Prancha 1 - Campos da TSM no Atlântico, para o ano 84/85, com o Pacífico Neutroe Quadra Chuvosa em 1985 na Categoria MC (muito chuvoso) nas Regiões Plu-viometricamente Homogêneas do Ceará, jan/1985).

Prancha 1 - Elaboração: Xavier & Xavier, 2002.Fonte das imagens: Jacques Servain/WOCE-SAC-Tropical Atlantic Pseudostress

and SST - 2002

Nota – A linha contínua representa a linha equatorial , e a linha interrompida, oparalelo 20oN; esta última, quando necessário, também reproduzida em figuras dasdemais pranchas.

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Prancha 2 - Campos da TSM no Atlântico para o ano 85/86 com o PacíficoNeutro e Quadra Chuvosa em 1986 de predomínio da Categoria MC (muito chuvoso)nas Regiões Pluviometricamente Homogêneas do Ceará

Prancha 2 - Elaboração: Xavier & Xavier, 2002Fonte das imagens: Jacques Servain/WOCE-SAC-Tropical Atlantic Pseudostress

and SST-2002

a) CAMPOS DA TSM nos meses da PRÉ-ESTAÇÃO = (dez/1985 e jan/1986)

b) CAMPOS DA TSM nos meses da QUADRA CHUVOSA = (fev a mai/1986)

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Prancha 3 - Campos da TSM do Atlântico com respeito ao ano 66/67 dePacífico Neutro e Quadra Chuvosa em 1967 na Categoria predominantementeMC (muito chuvoso) nas Regiões Pluviometricamente Homogêneas do Ceará.

Prancha 3 - Elaboração: Xavier & Xavier, 2002Fonte das imagens : Jacques Servain/ WOCE-SAC-Tropical Atlantic Pseudostress

and SST- 2002

b) - CAMPOS DA TSM nos meses da QUADRA CHUVOSA = (fev a mai/1967)

Da análise das figuras na prancha-4 ficanitidamente configurado desde fevereiro/79até maio/79, um dipolo invertido des-favorável às chuvas no Nordeste seten-trional e no Ceará, ou seja, com predo-mínio de anomalias positivas da TSM nabacia do Atlântico intertropical norte eanomalias negativas na bacia sul. Note-seque em janeiro/79 um “dipolo invertido”ainda não se definira, em vista da existênciade forte núcleo de anomalias positivas noGolfo da Guiné, que se estendia mais ao sulao longo da costa da África; núcleo esse,contudo, dissipado nos meses seguintes.

Por outro lado, com respeito ao anoneutro 80/81 no Pacífico equatorial, tem-

se uma quadra chuvosa (fev/mar/abr/mai)de 1981 dentro da categoria predo-minantemente S, isto é, em sete regiõescearenses, como uma única região na ca-tegoria N. Assim, na Prancha 5 são exi-bidos os respectivos campos da TSM nabacia do Atlântico intertropical, comrespeito à “pré-estação” (dezembro/80 ajaneiro/81) e na “quadra chuvosa”(fevereiro a maio/81). Neste caso, a partirdas figuras dessa “prancha” nota-se aexistência de um “dipolo invertido”desfavorável à chuvas no Nordestesetentrional e no Ceará, que já seencontrava constituído desde dezembro/80, mantendo-se e persistindo maio/81.

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Prancha 4 - Campos da TSM do Atlântico com respeito ao ano 78/79 dePacífico Neutro e Quadra Chuvosa em 1979 nas Categorias predominantementeS (seco) a MS (muito seco) nas Regiões Pluviometricamente Homogêneas doCeará

Prancha 4 - Elaboração: Xavier & Xavier, 2002Fonte das imagens: Jacques Servain/ WOCE-SAC-Tropical Atlantic Pseudostress

and SST - 2002

a) - CAMPOS DA TSM nos meses da PRÉ-ESTAÇÃO = (dez./1978 e jan./1979)

b) - CAMPOS DA TSM nos meses da QUADRA CHUVOSA = (fev a mai/1979)

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Prancha 5 - Campos da TSM do Atlântico para o ano 80/81 de PacíficoNeutro e Quadra Chuvosa em 1981 nas Categorias predominantemente S(seco) a MS (muito sevo) nas Regiões Pluviometricamente Homogêneas doCeará.

Prancha 5 - Elaboração: Xavier & Xavier, 2002.Fonte das imagens: Jacques Servain / WOCE-SAC-Tropical Atlantic

Pseudostress and SST - 2002

a) - CAMPOS DA TSM nos meses da PRÉ-ESTAÇÃO = (dez/1980 e jan/1981)

b) - CAMPOS DA TSM nos meses da QUADRA CHUVOSA = (fev a mai/1981)

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Prancha 6 - Campos da TSM do Atlântico para o ano 79/80 de Pacífico Neutroe Quadra Chuvosa em 1980 nas Categorias predominantemente S (seco) ouMS (muito seco) nas Regiões Pluviometricamente Homogêneas do Ceará

Prancha 6 - Elaboração: Xavier & Xavier, 2002Fonte das imagens : Jacques Servain / WOCE-SAC-Tropical Atlantic Pseudostress

and SST – 2002a) CAMPOS DA TSM nos meses da PRÉ-ESTAÇÃO = (dez/1979 e jan/1980)

A respeito dos dois últimos casos ana-lisados, ou seja, para as quadras chu-vosas de 1979 e 1981, correspondentesaos anos neutros no Pacífico de 78/79 e80/81, relembremos que se inserem noperíodo dos cinco anos de seca 1979-1983 no Nordeste brasileiro, emboranesse período 79/80 e 81/82 tenhamigualmente sido anos neutros no Pacíficoequatorial. Assim, vale à pena tambémconsiderar esses dois últimos casos,conforme as Pranchas 6 e 7.

De acordo com a Prancha 6 começa ase esboçar um dipolo invertido, desfavo-rável às chuvas desde janeiro/80; porém,já bem definido a partir de fevereiro e per-sistindo até maio/80. Contudo, com res-peito à quadra chuvosa de 1980 no Cearáa situação mostra-se heterogênea, com aocorrência de uma região na categoria MS(muito seco) e quatro na categoria S (seco)porém, em três outras regiões com chuvasdentro da categoria N (normal).

Finalmente, tem-se a Prancha 7 para81/82, outro ano “neutro” no Pacíficoequatorial, com “quadra chuvosa” no

Ceará predominante na categoria S seco,ou seja, em cinco regiões, embora duasregiões caíssem na categoria normal. Asimagens revelam que nos dois primeirosmeses da “quadra chuvosa”, e não sehavia se definido um dipolo no Atlântico,de ambas as bacias norte e sul do Atlân-tico intertropical apresentando extensosnúcleos com anomalias positivas. De fa-to, somente em abril/81 começavam ase dissipar os núcleos quentes no Atlânticointertropical sul, em maio/81 já havianitidamente um dipolo invertido,desfavorável às chuvas. Nesse período,em nenhum dos meses forma-se umdipolo favorável às chuvas no Ceará eNordeste Setentrional.

Será válido também considerar o ano96/97 de neutralidade no Pacífico, comduas regiões na categoria MS, três nacategoria S e apenas duas na categoriaN, durante a quadra chuvosa de 1997.Através da Prancha 8, de fevereiro amaio/97 vê-se claramente definidosdipolos invertidos no Atlântico intertropi-cal, configurando-se desde janeiro/97.

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b) CAMPOS DA TSM nos meses da QUADRA CHUVOSA = (fev a mai/1980)

Prancha 7 - Campos da TSM do Atlântico para o ano 81/82 de Pacífico Neutro eQuadra Chuvosa em 1982 na Categoria predominantemente S (seco) nasRegiões Pluviometricamente Homogêneas do Ceará.

Prancha 7 - Elaboração : Xavier & Xavier, 2002:Fonte das imagens: Jacques Servain / WOCE-SAC- Tropical Atlantic Pseudostress

and SST – 2002

CAMPOS DA TSM nos meses da QUADRA CHUVOSA = (fev a mai/1982)

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Prancha 8 - Campos da TSM do Atlântico para o ano 96/97 de Pacífico Neutroe Quadra Chuvosa em 1997 nas Categorias predominantemente S (seco) a MS(muito seco) nas Regiões Pluviometricamente Homogêneas do Ceará.

Prancha 8 - Elaboração: Xavier & Xavier, 2002Fonte das imagens: Jacques Servain / WOCE-SAC- Tropical Atlantic Pseudostress

and SST – 2002

b) CAMPOS DA TSM nos meses da QUADRA CHUVOSA = (fev a mai/1997)

3. Os restantes Anos Neutros noPacífico Equatorial

Deixaram de ser examinados nos doisblocos precedentes de “pranchas” osseguintes anos neutros” no Pacífico: 74/75, 83/84, 89/90, 90/91 e 93/94.Começa-se pelos dois casos de mais fácilinterpretação em termos dos campos daTSM no Atlântico, exatamente os doisúltimos acima citados.

Assim, com respeito ao ano “neutro” 93/94 no Pacífico, tem-se uma “quadrachuvosa” de 1994 nas regiões cearenses

indo de N a C, com a ocorrência de umdipolo favorável às chuvas a partir dedezembro/93 e que se mantém até maio/94. Não obstante, não é um dipolo clássico,pois as áreas de anomalias positivas nãoenvolvem apenas a bacia sul, pois seexpandem alguns graus ao norte da linhaequatorial. Talvez essa circunstância venhaexplicar o fato de em 1994 não haverchegado a ser muito chuvoso. Na Prancha9 são mostrados os campos da TSMsomente para dezembro/93 e maio/94,com omissão dos demais meses.

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Prancha 9 - Campos da TSM no Atlântico respeito a 93/94 Neutro no Pacíficoe Quadra Chuvosa de 1994 de N (normal) a C (chuvoso).

(Estão representados os campos apenas para dezembro/93 e maio/94 )Prancha 9 Elaboração: Xavier & Xavier, 2002Fonte das imagens: Jacques Servain / WOCE-SAC- Tropical Atlantic Pseudostress

and SST – 2002

Por outro lado, com respeito ao anoneutro 90/91 no Pacífico, apresentou umaquadra chuvosa em 1991 indo de S (seco)a N (normal). Em dezembro/90 todasas duas bacias atlânticas, norte e sul,exibiam quase que exclusivamenteanomalias positivas da TSM. Em fevereiroe março/91 ainda existiam muitas áreascom anomalias positivas no Atlântico in-tertropical, porém com uma faixa de águascom fracas anomalias em torno da linhaequatorial. Em resumo, de dezembro/90 até março/91 não havia indício daformação de um “dipolo” ou de um “dipoloinvertido”. Somente a partir de abril atémaio/91 é que se forma um “dipolo”, emprincípio favorável às chuvas.

Finalmente, os três anos neutrosrestantes no Pacífico, ou seja, 74/75, 83/84, 89/90, correspondem a situaçõesmuito difíceis de interpretar, como severá. Com respeito à 74/75, Prancha10, não há definição clara de um dipoloou de um dipolo invertido de janeiro aabril/75, embora em maio/75 comece aconfigurar-se um dipolo, tardiamente no

decorrer da quadra chuvosa, sendo quea mesmo variou de normal a chuvoso.

Já para 83/84, denota-se a presençade anomalias positivas da TSM tanto nabacia norte, como na bacia sul doAtlântico intertropical, desde dezembro/83 até maio/84, como se pode apreciaratravés da Prancha 11, que traz asimagens para dezembro/83 e maio/84(com respeito aos demais meses, dejaneiro a abril/84, os estados do Atlânticosão análogos). Note-se que a quadrachuvosa de 1984 varia de N até MC.

Finalmente, respeito ao ano neutro89/90 no Pacífico equatorial ocorremanalogamente extensas áreas de ano-malias positivas da TSM tanto na bacianorte como na bacia sul do Atlântico in-tertropical, desde dezembro/89 e atémaio/90, correspondendo áreas maiscompactas do que aquelas observadaspara 83/84. Assim, em princípio, não seconfigura um dipolo tampouco um dipoloinvertido, nesses meses. Por outro lado,a quadra chuvosa de 1990 nas váriasregiões cearenses vai de MS a N.

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Prancha 10 - Campos a TSM no Atlântico respeito a 74/75 Neutro no Pacífico eQuadra Chuvosa de 1975 de N (normal) a C (chuvoso). Estão representados oscampos apenas para fevereiro e maio/75.

Prancha 10 - Elaboração da: Xavier & Xavier, 2002.Fonte das imagens: Jacques Servain / WOCE-SAC-Tropical Atlantic Pseudostress

and SST 2002

Prancha 11 - Campos da TSM no Atlântico respeito a 83/84 Neutro no Pacíficoe Quadra Chuvosa de 1984 de N (normal) a C (chuvoso). Estão representados oscampos apenas para dezembro/83 e maio/84.

Prancha 11 - Elaboração da : Xavier & Xavier, 2002Fonte das imagens: Dr. Jacques Servain / WOCE-SAC-Tropical Atlantic Pseudostress

and SST – 2002

CONCLUSÕESEm resumo, nos anos de neutralidade

no Pacífico Equatorial, ou seja, de nãoocorrência de episódios El Nino e La Niña,o comportamento das chuvas no Nordestesetentrional e em particular no Ceará, du-rante a quadra chuvosa, torna-se bastantecaprichoso, podendo ocorrer anos caindopredominantemente na categoria MS(muito seco) ou então no outro extremoMC (muito chuvoso), além de anos com

comportamento intermediário. Quanto àpluviometria, nesses dois casos extremos,MS e MC, é evidente o papel da ocorrênciade um dipolo invertido ou de um dipolo noAtlântico intertropical, respectivamente.Lembremos que por dipolo (dipolo inver-tido) refere-se ao predomínio de áreas comanomalias negativas na bacia norte doAtlântico e áreas com anomalias positivasao sul (anomalias positivas ao norte enegativas ao sul).

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Por outro lado, nos anos em que nãose configura nenhum tipo de dipolo, aanálise dos campos da TSM não conduzde uma forma clara a uma relação comas chuvas nas várias regiões cearenses.Em particular, para 83/84 e 89/90, nãoobstante em ambos os períodos existirum predomínio de áreas com anomaliaspositivas da TSM nas duas bacias nortee sul do Atlântico intertropical, as quadraschuvosas de 1984 e de 1990 exibem umcomportamento oposto entre si, ou seja,de N (normal) a MC (muito chuvoso) em1984, enquanto de MS (muito seco) aN (normal) em 1990. Evidentemente, arazão dessa discrepância somente po-deria ser melhor avaliada a partir de umaanálise aprofundada dos vários sistemasatmosféricos atuantes nesses anos.

No entanto, deve-se mencionar quedurante a quadra chuvosa de 1990 aincursão da ZCIT (Zona de ConvergênciaIntertropical) ao sul da linha equatorialfoi muito modesta em todos os mesesda “quadra chuvosa”; enquanto que em1984 a incursão, pelo menos em março/84, chegou a ser apreciável. De fato,ao longo do meridiano 35oW (que passana proximidade do Cabo Branco-Pa-

raíba), em janeiro e fevereiro de 1984,a ZCIT encontrava-se em média próxi-mo ao equador, embora em março domesmo ano chegasse a cerca de 4 grause em abril o sol cerca de 2 graus ao sul,porém regredindo para o equador emmaio/84. Já em 1990, ao longo do mes-mo meridiano, encontrava-se em janei-ro/90 ainda a cerca de 2 graus ao nortedo equador, descendo em fevereiro acerca de 2 graus ao sul, porém regre-dindo para a linha equatorial em marçoe abril/90, bem como, em maio/90 jáse encontrando em torno de 2 graus aonorte do equador.

Das análises efetuadas, com respeito

aos campos da TSM no Atlântico inter-tropical, nota-se seu papel essencial nosanos de neutralidade no Pacífico Equato-rial. Por outro lado, das referidas análises,percebe-se também as dificuldades queadvêm de um simples exame visual des-ses campos, devido ao caráter subjetivodas avaliações feitas. Assim, essa mo-dalidade de análise poderia ser comple-mentada pelo estudo de parâmetros nu-méricos referentes a medidas das áreascom anomalias positivas ou negativas,nas duas bacias. Nessa direção têm-semedidas ou índices do “dipolo”, conformeSERVAIN (1991) e também como se des-creve em XAVIER & XAVIER (2002). Poroutro lado, além da TSM no Atlântico,seria interessante considerar também oscampos da pseudo-tensão do vento,particularmente, sua componente meridi-onal, conforme XAVIER & XAVIER (1997)e XAVIER et al (1998; 2000). Uma outrasugestão seria com relação ao “dipolodo vento” no Atlântico, conforme definidopor XAVIER (2000; 2001). Igualmente,interessante seria investigar o significadode núcleos isolados com aquecimentosou resfriamentos no Atlântico intertropi-cal sul, na costa do nordeste brasileiroou junto à costa africana.

Finalmente, retornando à questão dasdificuldades para avaliar a real estrutura docampo da TSM no Atlântico intertropical,caberia considerar seu tratamento atravésde técnicas de análise multidimensional dedados (data mining). Contudo, no contex-to de algumas dessas técnicas há o perigode se perder o controle do real significadodos parâmetros numéricos que venham aser incorporados em função da aplicaçãode tais modalidades automáticas de análise,principalmente no que diz respeito ao seusignificado em termos da sua localizaçãoespacial ou geográfica, dentro das duasbacias, norte ou sul.

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Referências

AGRADECIMENTOSAo Dr. Jacques Servain, do IRD (ex-

ORSTOM), Centro da Bretanha – França,pela cessão dos dados do Atlântico, a parda utilização das suas cartas com asestruturas dos campos da TSM no Atlânticointertropical. À FUNCEME-SRH-Ceará,SUDENE-Brasil e INMET-Brasil, pela cessãodos dados de chuva. Como este trabalho

insere-se numa linha de pesquisas conti-nuadas, cabe agradecer às várias agênciasde financiamento que ao longo desses anosderam suporte a parte dessas pesquisas;como é o caso do CNPq, pelo apoio atra-vés de bolsas de pesquisa e financiamentode diversos projetos anteriores, desde adécada de 80; como também a FAPESP-São Paulo e a FUNCAP-Ceará.

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O Dia Meteorológico Mundial 2003e os temas: O Nosso Clima Futuro

e O Clima e a Fome

Pronunciamento na Aceci-Academia Cearense de CiênciasPela Acadêmica Professora/Pesquisadora, Teresinha de Ma. Bezerra S. Xavier1

1 Diretora Científica da SBMET-Sociedade Brasileira deMeteorologia, para o biênio 2002-2004; Membro Titular eDiretora Científica da ACECI-Academia Cearense deCiências; Profa. / Pesquisadora aposentada do Centro deTecnologia / Depto. de Hidráulica e do Curso de Pós-graduação em Engenharia de Recursos Hídricos / UFC -Universidade Federal do Ceará; ex-Profa./PesquisadoraVisitante (1989-95) no DCA - Departamento de CiênciasAtmosféricas / IAG-Instituto Astronômico e Geofísico /USP- Universidade de São Paulo

1. IntroduçãoFoi grata coincidência que a reunião

ordinária da ACECI de 24 de Março de 2003se tenha seguido à celebração do Dia Meteo-rológico Mundial de 2003, estabelecido paracomemorar, a entrada em vigor da Convençãoda Organização Meteorológica Mundial-OMMa 23 de março de 1950. Na impossibilidade deencontrar-me em Brasília para festividadesalusivas a esta data, promovidas pelo INMET-Instituto Nacional de Meteorologia, aproveiteia reunião da ACECI-Academia Cearense deCiências para manifestar meu regozijo peladata, na qualidade tanto de Diretora Científicada Academia, como da SBMET-SociedadeBrasileira de Meteorologia.

É tradicional a definição de um tema parao dia meteorológico mundial, a cada ano. Para2003, o tema escolhido é de alta repercussãopara as pessoas e também de grande inter-esse da mídia, pois diz respeito à ”O NOSSOCLIMA FUTURO”. Ou seja, no âmbito das preo-cupações sobre mudanças climáticas e dete-riorações do ambiente natural, advindas daação irrefletida do homem que, assim, acabaprovocando graves desequilíbrios nas condi-ções ambientais do planeta. Por outro lado,relaciona-se com assunto muito atual, “OCLIMA E A FOME”, fundamental para a integra-ção no programa “Fome-Zero” do Governo doPresidente Lula cujo respeito irei aqui somenterespingar algumas observações feitas nocontexto de documento que apresentei à dire-toria da SBMET tratando, exatamente, desseúltimo tema.

As seguintes palavras são do Dr. GodwinO. P. Obasi, Secretário-Geral da OMM, em suamensagem deste ano alusiva à data : “O Clima

é vital para a vida na Terra, pois influi profun-damente na disponibilidade dos alimentos, nasegurança da vida humana e dos seus bens,nos recursos hídricos, no lazer e no desenvol-vimento sustentável. Ademais, é sabido queo Clima influi, até certo ponto, no humor daspessoas, no seu caráter e incluso no seumodo de pensar e sua cultura”.

2. Sobre alterações climáticas naturaise de origem antrópica

Evidentemente, deve-se procurar distinguirentre alterações climáticas naturais e as deorigem antrópica, estas provocadas pela pró-pria ação do homem. No passado remoto (emescala de milhares de anos) ou mesmo maispróximo (em escala centenária) são relatadasalterações climáticas extremas, seja a partirdo exame das camadas de rochas ou em regis-tros paleontológicos nos sedimentos lacustres,seja inscritas nos anéis de árvores e, ainda,nas sucessivas camadas de gelo acumuladasnas zonas polares e geleiras ou, por último, apartir de registros históricos e documentais.

Ora, a maioria das alterações ocorridas nopassado não pode ser atribuída à ação dohomem, seja porque em épocas mais antigasele ainda não ocupava a face da terra, oupelo motivo de que no início os contingenteshumanos eram muito reduzidos, enfim, pelacircunstância de que ainda não dispunham de

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meios tecnológicos avançados para provocartransfigurações mais profundas do meio natu-ral. Muito embora não se possa negligenciar opapel do fogo e do machado na destruição dacobertura vegetal. Contudo, a partir da revo-lução industrial, ou seja, mais ou menos desdeos meados do século XIX e, com maior inten-sidade, no decorrer do século XX até nossosdias, a capacidade do homem de alterar anatureza foi no mínimo centuplicada, deven-do-se também levar em conta o papel docrescimento demográfico explosivo nos várioscontinentes.

Donde a destruição e/ou degradação dasflorestas em função do abate de árvores paraobter madeira, lenha ou carvão, como suasubstituição por terras aráveis ou destinadasa pastos. Sem esquecer o caso específico daagressão às caatingas do semi-árido nordes-tino que, como se sabe, compreendemecossistemas de grande fragilidade. A par,ainda, da alteração das características geo-gráficas em decorrência de atividades minera-doras agressivas ou em função de extensivase indiscriminadas mudanças causadas pelaurbanização, da qual trataremos adiante. Ca-beria, também, mencionar a ação do homemno sentido de provocar alterações outras, naatmosfera, na hidrosfera e solos, como respos-ta ao exercício de atividades altamente po-luidoras, isto é, mediante a deposição indevidade dejetos sólidos ou líquidos, o que incluiresíduos químicos indesejáveis e agrotóxicos,etc.; seja ainda pela emissão de gasespoluentes resultantes da atividade industriale da queima de combustível, aqui tambémconsiderado o caso da produção de energiatermelétrica.

De fato, já nas últimas décadas, podemser claramente evidenciadas muitas alteraçõesde difícil reversão, com prognósticos bastantepreocupantes para o futuro, não tão remoto.Na verdade, seria impossível esgotar todos osassuntos, além da circunstância de hoje seravassaladora a bibliografia disponível sobremudanças climáticas, seja por meios conven-cionais (livros, artigos em periódicos científicos,relatórios de pesquisa, etc.) ou virtuais (naInternet).

3. Aumento da temperatura superficialPrimeiro, mencione-se o aumento da

temperatura superficial média da terra desdeo século XIX, que alcançaria cerca de 0,30oC a 0,60 oC. Há, no entanto, forte evidênciade que metade desse acréscimo deve-se aosúltimos quarenta anos, consoante documentodo Departamento de Recursos Naturais-Governo de Queenslan, AUSTRÁLIA (2002), defato, reproduzindo estimativas do relatóriode 1995 do GIEC-“Groupe d’Experts Intergou-vernamental sur l´Évolution du Climat” (criadoem 1988, conjuntamente pela OMM-“Organiza-ção Meteorológica Mundial” e pelo “Programadas Nações Unidas para o Meio Ambiente”).Contudo, as alterações são bem maioresquando se olha para certas áreas críticas, comopara o hemisfério norte entre as latitudes de40 oN a 70 oN. E ainda nas áreas urbanas,cabendo nesse tocante citar o trabalho deDETTWILLER (1970) sobre alterações climáticasna região parisiense; remete-se, igualmente,a LANDSBERG (1981-a) (1981-b). Por outro lado,outra tendência nas cidades diz respeito aodecréscimo da amplitude térmica diurna,explicada pelo ascenso mais acentuado dastemperaturas mínimas em comparação àsmáximas.

Nesse contexto, colaborei num trabalhosobre mudanças da temperatura em SãoPaulo-Brasil”; ver XAVIER, XAVIER & SILVA-DIAS(1996). Ali, constatou-se aumento total daordem de 1,5 oC para a temperatura médiamensal no verão (jan./fev./mar.) ao longo deseis períodos sucessivos, de 1933-42 a 1983-92, respeito aos dados da estação climáticado IAG/USP no “Parque das Nascentes doIpiranga”-São Paulo; e de 1,25 oC, na prima-vera (out./nov./dez.). De fato, de 1933-42para 1943-52 não se detectaram aumentos,portanto, estes se iniciam a partir de 1943-52. Outra constatação refere-se à tendênciade crescimento das temperaturas mínimas, comdecréscimo da amplitude térmica diária.

Quanto à comparação do aumento globalde temperaturas durante o século XX, comrespeito a “reconstruções” de dados empre-endidas desde o ano 1000, denota-se que esseaumento fez reverter discreta tendência de

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diminuição, flagrada desde o ano 1000 até cer-ca de 1850-1900. Os dados e resultados acimasão de Mann, M. & Bradley, R. (do Depto. deGeociências, “Universidade de Massachusetts”)e de Hughes, M. (do Laboratório de Pesquisaem Anéis de Árvores, “Univ. do Arizona”).

Em meu livro XAVIER (2001) lamentei nãoexistirem estudos dendroclimáticos (baseadosem anéis de árvores) para o semi-árido e, emparticular, o Ceará. Isso pode dever-se àescassa cobertura com árvores de porte, naregião, embora ocorram nas serras úmidas; aliás,tem-se a designação “zona da mata” para afaixa ao longo do litoral leste da região, comoprolongamento da “mata atlântica”, hojecompletamente degradada. A propósito, lembroo artigo de FRITTS, H.C. (1963), também daUniversidade do Arizona, mostrando ser possívelencontrar anéis anuais em xerófitas suculentas.

Mencione-se, ainda, a questão do aumentodas temperaturas das águas oceânicas, em par-ticular em certas áreas no Atlântico; bem como,no Pacífico equatorial, neste último caso dianteda maior recorrência de eventos “El Niño”. Noprimeiro contexto, cito outro trabalho no qualcolaborei, apresentado preliminarmente emSeminário do DCA-“Departamento de CiênciasAtmosféricas”, dizendo respeito a alterações daTSM-temperatura da superfície do mar e do re-gime de ventos no Atlântico intertropical, entre1964 e 1999; conforme XAVIER & XAVIER (2000).

4. Efeito estufa e aquecimento globalMuitas das alterações passadas, presentes

e futuras do clima, com respeito ao aumentodas temperaturas de superfície, são atribuíveisao efeito estufa (greenhouse effect), originadopela deposição na atmosfera de gases comoo dióxido de carbono-CO2, o vapor d’água, ometano, o óxido nitroso e o ozônio, etc., queabsorvem a energia emitida pela superfícieterrestre (radiação terrestre), seguindo-se suare-irradiação para a terra e conseqüenteaquecimento da baixa atmosfera, ou seja, dacamada mais próxima à superfície do planeta.

Há vários trabalhos que demonstram osignificativo crescimento das emissões de CO2(gás carbônico ou dióxido de carbono) para aatmosfera, resultante principalmente da

queima de combustíveis fósseis e da produçãode cimento. Na década de 1870, essasemissões eram inferiores a 0,5 bilhões detoneladas por ano. Durante década de 1980chegaram a 5,5 ± 0,5 bilhões de toneladaspor ano. Na década de 1990, a 6,1 ± 0,6bilhões de toneladas anuais. Obviamente, asestimativas sobre o aquecimento global nofuturo são muito variadas, na dependência depossíveis cenários. Num cenário “alto” (“high”),o aumento de 1990 a 2100 chegaria a sersuperior a 3,5 oC; num cenário “mediano”(“mid”), algo superior a 2 oC; num cenário“baixo” (“low”), da ordem de 1 oC. É claro queesses diversos cenários estariam em relaçãoa capacidade das nações de atenderem amedidas capazes de estabilizar ou diminuir asemissões dos gases relacionados com o “efeitoestufa”, definidas no contexto de acordosinternacionais.

É ainda óbvio que, tratando-se de es-timativas, todos esses valores como muitosoutros nessa exposição podem variar de acordocom as fontes. Por outro lado, os cenários nãosão fixos, desde que possam ser levadas emconta distintas projeções em termos do cresci-mento populacional e econômico, do consumode energia, etc., mesmo considerando à parteas diferenças nos modelos matemáticos usadosnas projeções, especialmente quanto à formade modelagem das nuvens.

Aqui emitimos várias fontes, de referênciaà material impresso, como na Internet. Nessaúltima direção, pode-se consultar VAUGHAN. (fall2001), listando “links” sobre “global warmingand climate change science”, os quaisconduzem a vários documentos disponíveis na“web” oriundos de agências governamentaisnorte-americanas ou de outras agências eprogramas internacionais, além de fontes aca-dêmicas e de centros de pesquisa ou progra-mas científicos independentes; como, ainda,em jornais e magazines científicos; etc.

Outros mecanismos físicos podem serconsiderados, em particular no que se refereao papel de aerossóis resultantes de quei-madas. É o caso das queimadas na Amazôniaque, pelo contrário, podem originar umadiminuição da temperatura de superfície na

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floresta ou até a diminuição das chuvas; aesse respeito, consulte-se o recente relato dePIVETTA, M. (2003), sobre resultados de projetostemáticos amparados pela FAPESP: (i) In-terações Físicas e Químicas entre a Biosfera ea Atmosfera da Amazônia no Experimento LBA(coordenador: Prof. Dr. Paulo Artaxo Netto, IF-USP); (ii) Interações entre Radiação, Nuvense Clima na Amazônia na Transição entre asEstações Seca e Chuvosa/LBA (coordenador:Profa. Dra. Mª. Assunção Faus da Silva Dias,IAG/USP). Em particular, remete-se ao artigode ARTAXO, SILVA-DIAS & ANDREAE (2003).

5. O clima urbanoNo caso das áreas urbanas, ocorre um

mecanismo específico, de ordem local ligadoà própria presença da cidade, envolvendoalterações sensíveis da refletividade superfi-cial (ou mudança do albedo), grande“rugosidade” topográfica e maior impermea-bilização dos solos, tudo isso como resultanteda substituição da cobertura vegetal porconstruções e pavimentação da superfície. Umprimeiro resultado dessas condições peculiaresàs cidades, refere-se à sensível aumento datemperatura de superfície e no seu domo, emcomparação com as áreas semi-rurais ouurbanas, definindo a chamada “ilha de calor”.Obviamente, a questão é bem mais complexapois, para cada cidade, sua “geometria” pe-culiar e em geral bastante heterogênea,encontra-se na dependência das condiçõesde ocupação do solo.

Outro aspecto a se considerar refere-se amodificações da velocidade do vento devido àmaior “rugosidade” urbana e, no caso especialde uma cidade à beira-mar, como Fortaleza,ao efeito das “falésias” de construções ver-ticalizadas e adensadas junto à orla marítima,produzindo a barragem da brisa marinha. Lem-bremos que a velocidade do vento de super-fície, juntamente com a temperatura e aumidade, relacionam-se ao “conforto térmico”.Ora, em Fortaleza, verifica-se uma diminuiçãodo conforto (ou aumento do desconforto) pro-vocado, principalmente, pelo obstáculo à pe-netração da brisa. Numa série de trabalhos,tratou-se essa questão, envolvendo diminuição

significativa da força do vento nessa cidade àsua superfície, nos meses de julho a dezembro.Ver o Capítulo 12, pp. 385-407, em XAVIER(2001); bem como, XAVIER & XAVIER (1996).Aliás, lembre-se recente disputa envolvendotentativa na Câmara Municipal de Fortalezapara a aprovação de medidas relativas ao planodiretor da cidade, com aumento e/ou liberaçãodo gabarito (altura) dos prédios, decertovinculadas à especulação imobiliária; as quais,se tivessem sido aprovadas, importariam noagravamento do quadro acima descrito.

Independentemente do problema doaquecimento global é óbvio que a expansãoda urbanização e o crescimento das cidadestendem a tornar o problema do clima urbanocada vez mais crítico. Ainda com ligação à“ilha de calor”, discute-se a possibilidade deque a presença da cidade possa tambémprovocar alterações locais na precipitaçãopluvial. Contudo, mesmo sendo detectadasmudanças na precipitação, torna-se muitodifícil decidir se seriam realmente causadopelos efeitos topo-climáticos da cidade ouse teriam origem regional, hemisférica ou glo-bal. De fato, para São Paulo, mostrou-se umadiminuição das chuvas de menor intensidadee aumento das mais intensas, de 1933 até1995; conforme XAVIER, XAVIER & SILVA-DIAS(1994), SILVA-DIAS, XAVIER & XAVIER (1994). Ora,neste caso, há indícios de que o efeito dacidade possa ser determinante, levando emconta que os dados de chuva diária tratadossão os da estação climática do IAG/USP noParque do Estado (ou Parque das Nascentesdo Ipiranga) que em 1933 situava-se fora doperímetro urbano; contudo, com o passar dotempo, alcançado e logo englobado pelamancha urbana de São Paulo, de sorte quehoje já se encontra francamente sitiado pelasconstruções da cidade.

Por outro lado, as enchentes recentes (1o

trimestre de 2003) em São Paulo, Campinas,Fortaleza, etc., em geral reiterações deanálogas ocorrências no passado próximo, nãopodem ser atribuídas de necessário a umatendência do aumento da chuva, pois se dãomais em função da ocupação indevida do solo,do assoreamento dos cursos d’água e, prin-

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cipalmente, devido a problemas de drenagem,com o agravo da impermeabilização dasuperfície de quase toda a área urbana.

6. Elevação do nível do marNa seqüência de possíveis efeitos do aque-

cimento global, tem sido debatida a questãoda elevação do nível do mar, que poderia darlugar à submersão de áreas costeiras maisbaixas e de países insulares; infelizmente, coma inclusão de muitas terras agricultáveis, alémde graves prejuízos a imemoriais assenta-mentos humanos.

Estimativas sobre o nível médio do mar, nosúltimos cem anos, indicam haver ocorrido umaumento global entre 10 e 25 cm. Porém,cenários para o futuro, mostram aumentoadicional do nível do mar entre 20 e 85 cm,até 2100. Decerto, para dispor de um cenáriopróximo da realidade teríamos de possuirmelhores estimativas sobre o controle daemissão de gases e, portanto, também res-peito ao aquecimento global, nos próximos cemanos. Vale à pena mencionar as pesquisas deGORNITZ et al (2000) (2002) tratando de possí-veis impactos da elevação do nível do mar naárea metropolitana de Nova Iorque. Comefeito, a elevação do mar na borda litorâneadessa cidade durante o século XX pode serestimada em 27 cm; e a média ao longo dacosta de Nova Jersey, em 38,5cm. Esses valo-res locais excedem os 10-25 cm de aumentoglobal estimados para o globo, que se explicapor conta de afundamento (“sinking”) grada-tivo de sua costa, originada de reajustes dacrosta terrestre.

Indícios recentes sobre as questões doaquecimento terrestre e da evolução do níveldo mar referem-se à diminuição do gelo polar,com desprendimento de extensas áreas de gelodas bordas do continente antártico. Na mesmalinha de raciocínio encontra-se a questão daretração, muito significativa, na extensão degeleiras.

7. O clima e a fomePor fim, um aspecto a considerar refere-se

ao efeito do clima futuro no que concerne àprodução de alimentos. Ou seja, quanto às

perspectivas para a agricultura. Reúno aquialgumas informações básicas, a partir das quaispoder-se-ia desenvolver certas reflexões. Defato, o impacto das mudanças climáticas nodecorrer deste século ainda iniciante devemenvolver cada vez mais alterações nas tem-peraturas de superfície e no solo, no balançohídrico, na concentração da atmosfera em gáscarbônico e também a respeito de eventosextremos, como secas e enchentes.

É preciso ter em mente que essas alte-rações, em parte, poderiam realmente mostrar-se nocivas, mas algumas também benéficas.Entre as últimas, inscrevem-se: 1o. possívelaumento das chuvas em algumas regiões; 2o.aumento da assimilação foliar de CO2, devidoà maior disponibilidade desse gás na atmos-fera. Entre os fatores contrários, estariam:(i) maior “stress” térmico, para as plantas;(ii) secas mais freqüentes e/ou mais severas.Na verdade, os efeitos poderiam variar paraas várias faixas latitudinais, bem como, com-petirem entre si.

Com efeito, o tema “O Clima e a Fome” temsido amplamente debatido em muitos fórunsinternacionais. Ademais, inscreve-se em con-textos muito atuais, de grande interesse nãosó na esfera nacional como mundial, ou seja,respeito à análise do risco climático da seca e,ainda, dos efeitos de mudanças climáticasassociadas ao aquecimento global. Portanto,com toda sua coorte de conseqüências relativasa drástica quebra na produção agrícola,conduzindo ao desabastecimento alimentar,além de riscos de “stress” na vegetação nativae, finalmente, a diminuição ou mesmo o cortedo abastecimento hídrico para uso daspopulações humanas e animais domésticos, apar do racionamento ou mesmo a falta dosuprimento de água para irrigação e atividadesindustriais. Enfim, concorrendo de forma indis-cutível para agravar a miséria e a fome.

Cabe aqui algumas considerações pre-liminares sobre a fome, sua definição e causas.Pode-se definir FOME como condição fisiológicae também psicológica para o ser humano,conseqüência da carência alimentar edesnutrição aguda ou crônica. Evidentemente,é difícil quantificar ou mesmo escaloná-la

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quanto a seus possíveis graus. De fato, existerelação nítida entre miséria e fome, pois estaem geral se instala quando as pessoas nãomais dispõem de recursos para adquirir asquantidades mínimas de comida necessárias àalimentação pessoal e familiar, isso não sóem termos quantitativos como qualitativos.No contexto desse quadro, deve-se considerara fome não apenas nos seus aspectos fisio-lógicos, relacionados à carência de nutrientes,de uma forma global ou seletiva mas, ainda,no que concerne a aspectos psicológicosenvolvendo o “medo da fome”, ou seja, o casode pessoas que não sabem se terão o quecomer no dia seguinte.

Obviamente, para a fome, contribuemfatores ou causas múltiplas, tais como : (i)econômicas (pobreza, condições locais de fra-gilidade econômica, subdesenvolvimentonacional/regional, papel do liberalismo econô-mico não socialmente controlado, etc.); (ii)sociais (especialmente quanto a deficiênciasnas áreas de educação e saúde, sobrepostasao problema da fome); (iii) políticas (guerra,revoluções, inépcia e corrupção administrati-vas, além da instabilidade política); (iv) final-mente, ambientais e climáticas (desertifi-cação, ocorrências de secas quase-periódicase ainda o papel de outros desastres naturais,a que se pode seguir queda da produçãoagrícola e da disponibilidade dos alimentosbásicos). É óbvio que essas várias causas oufatores com muita freqüência se imbricam, nosentido de poderem concorrer entre si. Emsuma, o problema do futuro do clima relaciona-se, muito estreitamente, ao problema da fome.

8. Aspectos econômicos,sociais e políticosFica então claro que riscos climáticos de

origem natural e antrópica concorrendo paradiminuir a disponibilidade hídrica, à parte decondições que regulam o desenvolvimento dasplantas, guardam relação nítida com aspossibilidades de desabastecimento alimentare a fome. Contudo, conforme já se mencionou,essas causas climáticas não podem ser com-pletamente dissociadas dos demais fatores,econômicos, sociais, políticos, etc., os quais

podem levar a seu agravamento.No caso da fome e da produção de alimen-

tos, este é um assunto “endêmico” no Brasil,especialmente diante do quadro existente noNordeste Semi-Árido, atingido por secasquase-periódicas de maior ou menor gravidade,segundo os anos. De qualquer forma, deve-se ter em mente que uma seca, mesmo demenor intensidade, é sempre uma situaçãosocialmente grave a ser enfrentada, especial-mente no caso do Nordeste brasileiro, devidoprincipalmente à fragilidade das suas estru-turas políticas e econômicas. Por outro lado,nas regiões brasileiras mais desenvolvidas,como o Sudeste e o Sul, sabe-se tambémque estiagens prolongadas podem provocarperdas agrícolas, além de outros riscos comoa diminuição das reservas de água indis-pensáveis à produção de energia elétrica.

Retornando, aliás, ao problema político dafome, cabe relembrar a posição de AmartyaSen, prêmio Nobel de economia: “um dos fatosmarcantes na terrível história da fome é quejamais houve fome em um país dotado deuma forma democrática de governo e ondehá uma imprensa relativamente livre”. Emborapossa ser possível inverter os termos e per-guntar se a existência de populações famélicase miseráveis não seria, por sua vez, condiçãopara a fragilidade das instituições políticas.No caso do Brasil, apesar de todos os pro-gressos alcançados no plano político, que in-clusive possibilitaram uma transição gover-namental pacífica louvada pela mídia interna-cional, faz-se necessário lembrar que a demo-cracia consiste não apenas no pleno exer-cício das liberdades civis, mas também naexistência de iguais oportunidades da qualidadede vida para todos os cidadãos, donde seconclui que o Brasil como um todo ainda nãoresgatou a dívida social que possui com oNordeste ou para outras áreas menosdesenvolvidas do país.

Por outro lado, ainda conforme AmartyaSen, deve-se atribuir ao Estado e não aomercado, maior contribuição e principalmentea responsabilidade pela promoção do bem-estar da sociedade, na sua totalidade. Comefeito, no mercado, predomina a ânsia do

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lucro, mesmo que em detrimento das aspira-ções nacionais de melhoria das condições so-ciais do povo. Obviamente, essas nossasúltimas colocações podem parecer extempo-râneas ao tema, “o clima e a fome”, mas issoserve de acautelamento aos meteorologistase climatologistas, como a outros cientistas,no sentido - ao invés da avestruz que enterraa cabeça nas areias para não enxergar o perigo- de não deverem esconder as cabeças nochão da sua ciência, pois seria uma forma dealienação dos problemas econômicos, sociaise políticos relacionados à fome.

9. ConclusõesPara concluir, cabe mencionar que no

contexto desta exposição muitas questões fo-ram deixadas de lado, a título de exemplo: 1.Análise do ciclo global do carbono, conhe-cimento indispensável para a compreensão doEfeito Estufa e do Aquecimento Global; 2. Aquestão dos estoques de carbono na vegeta-ção, nos solos e no mar; 3. Referências explí-citas a acordos internacionais sobre o clima,controle de emissões do carbono, uso dasterras, controle da desertificação, etc.; 4.Qual o motivo da maior freqüência e tambémmaior intensidade dos eventos “El Niño”, du-rante o século XX? 5. Problemas de SaúdePública ligados a Mudanças Climáticas (Den-gue, etc.); 6. O problema da desertificação;7. A poluição atmosférica; 8. O “buraco deozônio” relaciona-se, unicamente, aos pro-dutos CFC-clorofluorcarbonos ? 9. Sobre ocrescimento demográfico desordenado e suasimplicações.

Por outro lado, no tocante ao problema daseca no Nordeste brasileiro, menciona-se umponto que mereceria consideração especial. Ouseja, no que se refere à minoração deste riscoclimático mediante sua antecipação atravésda utilização de modelos de previsão. Entreesses, citamos os do TEMPO DE CHUVA =“Técnicas Estocásticas de Modelagem para aPrevisãO DE CHUVA”, destinados à previsãoregionalizada da chuva no Estado do Ceará,que têm propiciado prognósticos muito bonsnos últimos anos da sua aplicação. A esserespeito, consultar XAVIER (2001), capítulos 1

e 6, por sua vez, conduzindo a muitos artigosligados às sucessivas implementações dessesmodelos de previsão, até àqueles maisrecentes, nossos e de colaboradores; como :XAVIER et al (1998), (2000), sem contar avalia-ções subseqüentes. Aliás, em 2002, quandomuitos prognósticos foram desorientados pelaocorrência de chuvas intensas em janeiro,circunstância não de todo incomum mesmo emanos secos, foi o único a prever a ocorrênciade chuvas muito abaixo da média em algumasregiões cearenses, como no Cariri.

Decerto, é necessário insistir na importânciados estudos climáticos, a que no Brasil não secostumava dar necessária ênfase. A SBMET-“Sociedade Brasileira de Meteorologia” pro-curou mudar tal postura, a partir das trêsdireções passadas desta sociedade científica,com a inclusão de um “Seminário Brasileiro deClimatologia” no contexto do CBMET-“Con-gresso Brasileiro de Meteorologia”. Assim, oI, II e III Seminários de Climatologia de 1998,2000 e 2002, que tive a honra de coordenar,constituíram passo bastante significativo paraessa modificação de atitude.

Com efeito, a climatologia destina-se a tirarinformações e lições do passado, para ajudarna ausculta do futuro. Neste ano de 2003tem-se novo exemplo flagrante da importânciados estudos climáticos. De fato, em vista daocorrência do fenômeno “El Niño”, no Pacífico,ocorreram prognósticos prematuros a respeitoda possibilidade de seca no Ceará ou, pelomenos, de uma estação chuvosa que nãoestaria acima da “normal pluviométrica”. Ora,já se havia demonstrado claramente que emanos de “El Niño” fraco ou moderado, tudopode ocorrer no Nordeste setentrional e noCeará, em termos da chuva; isto é, tanto uma“quadra chuvosa” na categoria “seco”, comona categoria “normal” ou ainda na categoria“chuvoso”; ver, a esse respeito, em XAVIERet al (2002). Assim, num ano como 2003,haveria necessidade de certo acautelamentopois o que definiria a “quadra chuvosa” seriamas condições da TSM e do campo do ventono Atlântico intertropical, além da ocorrênciade sistemas transientes como é o caso de“cavados” e “vórtices”.

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Referências

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Tópicos propostos para uma reunião científica no contexto de assuntos tratados naexposição ou seja, relativos a “O Nosso Clima Futuro, como a “O Clima e a Fome”, comênfase sobre o Nordeste e outras regiões brasileiras :

a) O problema do convívio com a seca no Nordeste brasileiro e a minoração deste riscoclimático mediante sua antecipação através da utilização de modelos de previsão; b) Estudosclimáticos sobre a seca e suas relações com outros eventos geofísicos, bem como, respeitosua cronologia; c) A seca: impactos na disponibilidade hídrica, na produção de alimentos eno meio ambiente. d) Idem, “deficit” alimentar e condições de saúde das populações. e) Aseca: sua vivência e interpretação por parte dos “atores”, ou seja, dos vários estratos daspopulações atingidas; f) Análise de outras questões, antropológicas, sociais, econômicas,políticas e demográficas relacionadas com a seca; g) As geadas, impactos na produção dealimentos e possibilidade da sua previsão meteorológica. h) Mudanças climáticas globais eaquecimento do planeta: causas e evidências; i) O aquecimento do planeta e suasconseqüências para a produção de alimentos nas várias faixas latitudinais, bem como,ocorrências de surtos de fome e migrações forçadas das populações; j) O aquecimento doplaneta e suas conseqüências do ponto de vista da disseminação de doenças; k) Oaquecimento do planeta e evidências do ponto de vista das variações de temperatura daságuas oceânicas; l) O aquecimento do planeta seria reversível ou apenas podemos mantê-lonos níveis atuais? m) O problema das ocorrências de estiagem nas regiões centro-oeste,sudeste e sul do Brasil, como a possibilidade da sua previsão; n) Desenvolvimento de estudosclimáticos sobre “veranicos” durante a “quadra chuvosa” nas várias regiões brasileiras; p) AAmazônia e suas perspectivas diante de fenômenos diversificados, tais como agressõesantrópicas e mudanças climáticas regionais e globais; q) Mudanças climáticas urbanas esuas conseqüências econômicas e sociais; r) A poluição atmosférica e seu possível papelpara desencadear e/ou agravar mudanças climáticas locais e regionais; s) Mudanças climáticashemisféricas (hemisfério norte hemisfério sul) e regionais; t) O Ártico e a Antártida frente àsmudanças climáticas e possíveis impactos no clima brasileiro; u) A perda de áreas agricultáveisdiante do aumento do nível dos oceanos.

Anexo

XAVIER, T. de Ma.B.S., XAVIER, A.F.S, SILVA-DIAS, P.L. & SILVA-DIAS, M. A .F. da (2000), PrevisãoRegional da Chuva para o Estado do Ceará através do Projeto“ Tempo de Chuva” : 1964-1999, REVISTA BRASILEIRA DE RECURSOS HÍDRICOS, Vol. 5, N. 3, Julho/Setembro-2000, pp. 69-92.XAVIER, T. de Ma.B. S. (2001), “TEMPO DE CHUVA” : Estudos Climáticos e de Previsão para oCeará e Nordeste Setentrional, ABC Editora, Fortaleza-Ceará, 476 pp.XAVIER, T. de Ma.B. S., SILVA, J.F. DA & REBELLO,E.R.G. (2002), A Técnica dos Quantis – e suasAplicações em Meteorologia, Climatologia e Hidrologia, com ênfase para as Regiões Brasileiras,Thesaurus Editora, Brasília, 144 pp.

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AlgeriaOffice National de la Météorologie(http://www.meteo.dz/)

Antigua & BarbudaAntigua & Barbuda Meteorological Services(http://www.antiguamet.gov.ag/)

Antilles & ArubaMeteorological Service Netherlands Antilles &Aruba(http://www.meteo.an/meteo2/)

ArgentinaServicio Meteorológico Nacional(http://www.meteofa.mil.ar/)

ArmeniaDepartment of Hydrometeorology(http://www.meteo.am/)

AustraliaBureau of Meteorology, Melbourne, Victoria(http://www.bom.gov.au/)

AustriaZentralanstalt für Meteorologie undGeodynamik (ZAMG), Wien(http://www.zamg.ac.at/)

BahamasBahamas Department of Meteorology(http://www.bahamasweather.org/)

BelgiumThe Royal Meteorological Institute of Belgium(http://www.meteo.oma.be/)

BelizeNational Meteorological Service(http://www.hydromet.gov.bz/)

BoliviaBolivia Servicio Nacional de Meteorologia eHidrologia(http://www.senamhi.gov.bo/)

BermudaBermuda Weather Service(http://www.weather.bm/)

BrazilInstituto Nacional de Meteolorogia(http://www.inmet.gov.br/)

BruneiThe Brunei Meteorological Service(http://www.brunet.bn/gov/dca/bms/main.htm)

BulgariaNational Institute of Meteorology andHydrology, Sofia(http://www.meteo.bg/)

CanadaEnviroment Canada, Downsview, Ontario(http://www.ec.gc.ca/weather_e.html)

ChileDireccion Meteorologica de Chile(http://www.meteochile.cl/)

ChinaThe China Meteorological Administration(http://www.cma.gov.cn/)

ColombiaInstitute of Hydrology, Meteorology andEnviroment Studies(http://www.ideam.gov.co/)

Costa RicaInstituto Meteorológico Nacional, San Jose(http://www.imn.ac.cr/)

CroatiaMeteorological and Hydrological Service,Zagreb(http://www.tel.hr/dhmz)

AlgeriaOffice National de la Météorologie(http://www.meteo.dz/)

Antigua & BarbudaAntigua & Barbuda Meteorological Services(http://www.antiguamet.gov.ag/)

Antilles & ArubaMeteorological Service Netherlands Antilles &Aruba(http://www.meteo.an/meteo2/)

ArgentinaServicio Meteorológico Nacional(http://www.meteofa.mil.ar/)

ArmeniaDepartment of Hydrometeorology(http://www.meteo.am/)

AustraliaBureau of Meteorology, Melbourne, Victoria(http://www.bom.gov.au/)

AustriaZentralanstalt für Meteorologie undGeodynamik (ZAMG), Wien(http://www.zamg.ac.at/)

BahamasBahamas Department of Meteorology(http://www.bahamasweather.org/)

BelgiumThe Royal Meteorological Institute of Belgium(http://www.meteo.oma.be/)

BelizeNational Meteorological Service(http://www.hydromet.gov.bz/)

BoliviaBolivia Servicio Nacional de Meteorologia eHidrologia(http://www.senamhi.gov.bo/)

Sites de Serviços Meteorológicos Nacionais

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CubaInstituto de Meteorología(http://www.met.inf.cu/)

Czech RepublicCzech Hydrometeorological Institute (CHMI)(http://www.chmi.cz/)

DenmarkThe Danish Meteorological Institute(http://www.dmi.dk/)

DominicaDominica(http://www.onamet.gov.do/)

EcuadorInstituto Nacional de Meteorología eHidrología (INAMHI)(http://www.inamhi.gov.ec/)

EgyptEgyptian Meteorological Authority, Cairo(http://nwp.gov.eg/)

EstoniaEstonian Meteorological and Hydrological Institute(http://www.emhi.ee/)

FijiFiji Meteorological Service(http://www.met.gov.fj/)

FinlandThe Finnish National Weather Service, TheFinnish Meteorological Institute (FMI)(http://www.fmi.fi/)

FranceMétéo-France, Toulouse(http://www.meteo.fr/)

GermanyDeutscher Wetterdienst (DWD), Offenbach(http://www.dwd.de/)

Hong KongThe Royal Observatory Hong Kong(http://www.info.gov.hk/hko/)

HungaryHungarian Meteorological Service(http://www.met.hu/)

IcelandThe Icelandic Meteorological Office(http://www.vedur.is/english/index_eng.html)

IrelandThe Irish Meteorological Service(http://www.met.ie/)

IndiaIndia Meteorological Department(http://www.imd.ernet.in/main_new.htm)

IndonesiaBureau of Meteorology and Geophysics(http://www.bmg.go.id/)

IranIran Meteorological Organisation(http://www.irimet.net/)

IsraelIsrael Meteorological Service(http://www.ims.gov.il/)

ItalyServizio Meteorologico dell’ AeronauticaMilitare Italiana(http://www.meteoam.it/)

JapanJapan Meteorological Agency (JMA)(http://www.jma.go.jp/JMA_HP/jma/indexe.html)

JerseyJersey Meteorological Department(http://www.jerseymet.gov.je/)

JordanMeteorological Department, Amman(http://www.jmd.gov.jo/)

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KenyaKenya Meteorological Department, Nairobi(http://www.meteo.go.ke/)

Republic of KoreaKorea Meteorological Administration(http://www.kma.go.kr/index.htm)

LatviaLatvian Hydrometeorological Agency(http://www.meteo.lv/)

LesothoLesotho Meteorological Service(http://www.lesmet.org.ls/)

LithuaniaLithuanian Hydrometeorological Service(http://www.meteo.lt/)

MacaoMacau Meteorological & Geophysical Ser-vices (SMG)(http://www.smg.ctm.net/)

MacedoniaThe former Yogoslav Republic of Macedonia(http://www.meteo.gov.mk/)

MalaysiaMalaysian Meteorological Service (MMS)(http://www.kjc.gov.my/)

MaroccoDirection de la Météorologie Nationale(http://www.mtpnet.gov.ma/dmn/)

MauritiusMeteorological Services(http://ncb1.intnet.mu/pmo/meteo.htm)

MexicoServicio Meteorológico Nacional (SMN)(http://smn.cna.gob.mx/SMN.html)

NepalDepartment of Hydrology & Meteorology(http://www.dhm.gov.np/)

NetherlandsRoyal Netherlands Meteorological Institute, DeBilt(http://www.knmi.nl/)

New ZealandMeteorological Service of New Zealand, Ltd.(http://www.met.co.nz/)

NorwayDet Norske Meteorologiske institutt (DNMI)(http://www.dnmi.no/)

OmanDepartment of Meteorology(http://www.met.gov.om/)

PakistanPakistan Meteorological Department(http://met.gov.pk/)

PanamaHydrometeorology(http://www.hidromet.com.pa/)

PeruServicio Nacional de Meteorología eHidrología / Servicio de Meteorología deCORPAC S.A.(http://www.senamhi.gob.pe/)(http://www.corpac.gob.pe/)

PhilippinesPAGASA (The Phil. Atmospheric, Geophysical& Astronomical Services Adm.)(http://www.pagasa.dost.gov.ph/)

PolandInstitute of Meteorology and WaterManagement (IMGW)(http://www.imgw.pl/)

PortugalInsituto de Meteorología, Lisboa(http://www.meteo.pt/)

RomaniaNational Institute of Meteorology and Hydrology(http://www.inmh.ro/)

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RussiaRussian Federal Service for Hydrometeorologyand Environment Monitoring(http://www.mecom.ru/)

SamoaLocal Weather Service, Apia, Samoa(http://www.meteorology.gov.ws/)

Saudi ArabiaMeteorology and Environmental ProtectionAdministration (MEPA)(http://www.mepa.org.sa/)

SeychellesSeychelles Meteorological Service(http://www.seychelles.net/meteo)

SingaporeMeteorological Service Singapore, Singapore(http://www.gov.sg/metsin/)

SlovakiaSlovak Hydrometeorological Institute(http://www.shmu.sk/)

SloveniaHidrometeoroloki zavod Republike Slovenije(http://www.rzs-hm.si/)

Solomon IslandsMeteorological Service(http://www.met.gov.sb/)

South AfricaSouth African Weather Service(www.weathersa.co.za/)

SpainInstituto Nacional de Meteorologia(http://www.inm.es/)

SwazilandSwaziland Meteorological Service(http://www.swazimet.gov.sz/)

SwedenSwedish Meteorological and HydrologicalInstitute (SMHI)(http://www.smhi.se/)

SwitzerlandMeteoSwiss(http://www.meteoswiss.ch/de/)

TaiwanCentral Weather Bureau(http://www.cwb.gov.tw/)

ThailandThailand Meteorological Department(http://www.thaimet.tmd.go.th/)

TurkeyDevlet Meteoroloji Genel Müdürlüðü(http://www.meteor.gov.tr/)

UgandaUganda Department of Meteorology(http://www.meteo-uganda.net/)

United KingdomThe Meteorological Office, Bracknell(http://www.meto.govt.uk/)

U.S.A.National Weather Service, Silver Spring(http://www.nws.noaa.gov/)

UruguayServicio de Oceanografía, Hidrografía yMeteorología de la Armada (SOHMA)(http://www.meteorologia.com.uy/)

VenezuelaMinisterio del Ambiente y de los RecursosNaturales Renovables (MARNR)(http://www.marnr.gov.ve/)

YugoslaviaFederal Hydrometeorological Institute ofYugoslavia, Belgrade(http://www.meteo.yu/)

ZambiaZambia Meteorological Department(http://www.zamnet.zm/)

ZimbabweZimbabwe Meteorological Services Department(http://weather.utande.co.zw/)

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Capa 4

6th International Conference on School andPopular Meteorological and Oceanographic EducationLocal: Madri, EspanhaPeríodo: 7 a 11 de julho de 2003Informações: http:// www.enemet.al.org.br

Achieving Cl imate Predi c tabi l i ty us ing Paleoc l imate data:Euroconference on Nor th Atlantic Climate VariabilityLocal: Granada, EspanhaPeríodo: 11 a 16 de outubro de 2003Informações: Thomas Stocker([email protected])

Eventos

e-mail:[email protected]

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