brasil em código - 9ª edição

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Uma publicação da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação jul/ago/set 2013 www.gs1br.org BRASIL EM CÓDIGO GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação EDIÇÃO 09 CÓDIGO BRASIL EM EDIÇÃO 09 SAIBA TUDO SOBRE A 3ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DA GS1 BRASIL EVENTO Soluções de RFID semeiam novas formas de gestão na cadeia de flores e plantas e prometem ganhos ainda mais expressivos PRIMAVERA TECNOLÓGICA

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Nesta edição, você confere a adoção de ferramentas de identificação por radiofrequência (EPC/RFID) pela cadeia de flores e plantas ornamentais no País e que promete semear negócios cada vez mais promissores. Veja também como planejar a saída de um funcionário veterano sem perder a cultura corporativa, como encontrar um sócio e utilizar o big data em sua estratégia.

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SAIBA TUDO SOBRE A 3ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DA GS1 BRASILEVENTO

Soluções de RFID semeiam novas formas de gestão na cadeia de �ores e plantase prometem ganhos ainda mais expressivos

PRIMAVERA TECNOLÓGICA

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Page 3: Brasil em Código - 9ª edição

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Conhecimento compartilhadoO conhecimento é capaz de mudar profissionais e a maneira de uma empresa

conduzir seus negócios. Informações e dados ganham nova dimensão quando transformados em conhecimento – essencial para traçar estratégias e definir a forma de se operar no mercado, para conhecer o comportamento do consumidor e, assim, direcionar processos desde o lançamento de produtos até à gestão.

Convictos disso, ressaltamos o papel da GS1 Brasil em integrar toda a cadeia de abastecimento por meio de várias frentes que resultem na melhoria dos negócios. Prova disso é nossa frequente participação em eventos dentro e fora do País. Recentemente, a realização da 3ª Conferência Internacional da GS1 Brasil sobre Automação e Logística – o Brasil em Código, em São Paulo, reuniu lideranças empresariais e profissionais dos mais variados ramos de atividade em um rico debate, fortalecendo nosso objetivo de difundir o conhecimento de soluções voltadas à padronização, automação e rastreabilidade para garantir eficiência no ambiente corporativo.

Nossos esforços para disseminar o conhecimento também incluem o cuidado na elaboração da pauta da Brasil em Código. A matéria de capa desta edição, por exemplo, mostra o projeto de adoção de ferramentas de identificação por radiofrequência, a RFID, no segmento de flores e plantas orna-mentais no País, que conta com o apoio da GS1 Brasil, e que promete semear negócios cada vez mais promissores para os agentes envolvidos.

As inovações do mercado, propiciadas pelo desenvolvimento do conhecimento, também ganham destaque neste número. Na era digital, em que a velocidade e a quantidade de processamento de informações na internet são imensas, nos deparamos com conceitos como o do Big Data, que consiste num sistema para buscar novos meios de se analisar essa gigantesca massa de dados.

Hoje o conhecimento é a principal riqueza da sociedade, e cabe apenas ao homem ativá-lo e usá-lo a seu favor. Pensando nisso, a matéria sobre gestão do conhecimento reforça o quanto as pessoas são peças fundamentais nas companhias, pois elas detêm conhecimentos valiosos para atingir melhores resultados, diagnosticar problemas e garantir ainda mais agilidade e eficiência aos processos. Por meio da gestão do conhecimento, que pode ser definida como um compartilhamento de experiências, uma empresa pode aproveitar, de maneira estruturada, todo o potencial de seus recursos humanos, criando valor para a organização.

Pensando nessas questões é que a GS1 Brasil se posiciona como uma entidade disposta a ajudar as empresas a se manterem vivas e competitivas, aproveitando e compartilhando o conhecimento da melhor maneira possível.

Um forte abraço,

João Carlos de Oliveirapresidente

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EXPEDIENTE

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João Carlos de Oliveira Presidente

Antônio Carlos LeãoJosé Humberto Pires de Araújo

Maria Eugenia Proença Saldanha Paulo Hermínio Pennacchi

Pedro Zidoi Sdoia Wanderlei Saraiva Costa

Vice-Presidentes

MARKETING E RELAÇÕES INSTITUCIONAISVirginia Villaescusa Vaamonde

diretora

COORDENAÇÃO DA REVISTAAndréa Palmer

Kleber Alves Pinto

COLABORAÇÃOÁrea de Marketing e Relações Institucionais

GS1 BRASILRua Dr. Renato Paes de Barros, 1.017 – 14º andar

Itaim Bibi – 04530-001 – São PauloTelefone: (11) 3068-6229

www.gs1br.org

REDES SOCIAISfacebook.com/gs1brasil

www.linkedin.com/company/gs1-brasilwww.youtube.com/gs1brasil

www.flickr.com/gs1brasil

FALE COM A REDAÇÃ[email protected]

PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICAG&T Comunicação Ltda.Telefone: (11) 2503-4618

[email protected]

EDITORA Denise Turco – MTB 43.537 EDITORA-ASSISTENTE Giseli Cabrini

REVISÃO Helder ProfetaFOTOGRAFIA Paulo Pepe

CAPA Marcelo GorzoniARTE Adriano Cristian Fernandes

COLABORAÇÃO Andréa Cambuim, Camila Guesa, Flavia Damaceno, Francine Mendonça,

Kathlen Ramos, Larissa Veloso, Marina Cordeiro,Mariana Izidoro, Patricia Lucena (texto);

Marta Campello, Bernadette Alves,Daniela Diniz e Edson Perin (artigo)

IMPRESSÃONeoband

TIRAGEM 3 mil exemplares

A revista Brasil em Código é uma publicação trimestral da GS1 Brasil dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da entidade e da editora.

Soluções de automação no segmento de flores semeiam novas oportunidades de negócios

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comunicação

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CAPA No segmento de flores e plantas ornamentais, os negócios florescem com o apoio da tecnologia e de ferramentas para identificação e rastreabilidade dos produtos desde a produção até o consumidor final

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ENTREVISTA O professor Reinaldo Polito dá dicas para vencer as barreiras na hora de se comunicar

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RECURSOS HUMANOS Saiba como planejar a saída de um funcionário veterano sem perder a cultura corporativa

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CONHECIMENTO Valorizar os colaboradores tornou-se o objetivo das companhias que adotam a gestão do conhecimento

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RELACIONAMENTOGS1 Vai Até Você ganha novo formato para promover maior interação entre associados

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TENDÊNCIA Conheça o Big Data, que auxilia na análise das informações que surgem a cada momento na internet

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EVENTO Confira as tendências de negócios apresentadas na 3ª Conferência Internacional sobre Automação e Logística – Brasil em Código

GESTÃO Especialistas orientam como encontrar o sócio ideal de acordo com as necessidades da sua empresa

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MARKETING Diante de uma realidade em que as pessoas estão cada vez mais conectadas, veja como planejar a estratégia de mídia social

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SUMÁRIO

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CURTAS OPINIÃO Liderança JOGO RÁPIDOLOGÍSTICAGESTÃO ColaboraçãoPERFILINOVAÇÃO ECONOMIAEVENTO Segurança alimentar RADARDESCONEXÃOTECNOLOGIA & NEGÓCIOS

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Consumo consciente Os brasileiros estão mais conscientes na hora de se alimentar, de fazer a

lista de compras e de reaproveitar restos de comida. Os dados são da pesquisa nacional Consumo Consciente, elaborada pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) em parceria com o Instituto Ipsos. De acordo com a pesquisa, feita com mil pessoas em 70 cidades brasileiras, houve avanços significativos de um ano para outro, por exemplo, no uso de sobra de refeições para fazer novos pratos (de 66% para 72%), em verificar se a embalagem do produto está danificada, antes de comprar (de 65% para 70%), e na leitura do rótulo de um produto antes de adquiri-lo (de 51% para 56%).

Prêmio AutomaçãoOs jornalistas interessados em participar do 16º Prêmio

Automação, promovido pela GS1 Brasil, podem fazer suas inscrições até 7 de outubro. O evento, que será realizado em 7 de novembro, no HSBC Brasil, em São Paulo, homenageia organizações e empresas que difundem as tecnologias e pa-drões do sistema GS1. A categoria Imprensa, criada em 2012, valoriza o trabalho de jornalistas voltados a divulgar soluções globais de tecnologia, identificação e padronização. Para ter acesso ao regulamento e informações sobre inscrições, acesse o site www.gs1br.org/premiacaoimprensa.

Fispal Tecnologia A importância da identificação única e global nas embalagens dos pro-

dutos e os impactos de sua correta aplicação. Esse foi o tema do estande da GS1 Brasil na Fispal Tecnologia – 29ª Feira Internacional de Embala-gens, Processos e Logística para as Indústrias de Alimentos e Bebidas. As-sim, os visitantes conferiram demonstrações de verificação de qualidade de impressão de código de barras e receberam orientação para aplicação da solução em harmonia com o design das embalagens. Realizada em São Paulo, entre 25 e 28 de junho, a feira se consolida como o maior evento do segmento na América Latina.

Retomada na confiançaO Índice de Confiança de Serviços (ICS), da Fundação Getulio Vargas

(FGV), ficou estável na passagem de maio para junho, com 119,4 pontos, revertendo a queda de 0,7% na comparação entre maio e abril. Houve melhora na expectativa para os próximos meses, pela primeira vez, desde novembro de 2012. A proporção de empresas prevendo melhora da demanda aumentou de 43% para 43,9%. No entanto, de acordo com a FGV, os resultados mostram que o segmento continua na espera de sinais mais evidentes de recuperação e sugerem a manutenção de um quadro de desempenho ainda moderado.

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Comércio mais produtivoEntre 2007 e 2011, a produtividade do trabalho no comércio

registrou crescimento de 3,9% na média anual. O aumento mé-dio do número de pessoas ocupadas foi de 6,5% por ano. As informações constam da Pesquisa Anual do Comércio (PAC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O comércio varejista registrou elevação acima da mé-dia da PAC (6,3%). As atividades que se destacaram foram as dos hiper e supermercados e, dentro desses estabelecimentos, chamou atenção a categoria de eletrodomésticos.

RFID em evidênciaO Laboratório de Estudos e Aplicações

em RFID, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), instituição independente com foco na inovação das tecnologias da informação e da comunicação, acaba de se tornar um dos oito centros de testes no mundo, sendo dois deles no Brasil, acreditados pela GS1 EPCglobal, entidade internacional dedicada ao desenvolvimento do uso da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) em redes de negócios. Isso atesta que o laboratório, inaugurado há pouco mais de dois anos, possui todos os cenários de testes exigidos para emitir certificações com o selo da GS1 EPCglobal para os fornecedores de produtos e soluções baseadas em identificação por radiofrequência.

MEMÓRIA GS1

Livro comemorativoA história da automação no Brasil e no mundo

ganha um novo capítulo com o lançamento do livro GS1 Brasil 30 Anos. Mais do que uma publicação comemorativa, o projeto resgata, por meio de fatos e depoimentos, a atuação da GS1 Brasil para que os padrões GS1 fossem adotados no País, beneficiando diferentes segmentos da economia. “Esperamos que esse livro também seja fonte de consulta para o governo, para o empresariado nacional e para os estudiosos do setor”, diz a diretora de marketing e relações institucionais da GS1 Brasil, Virginia Villaescusa Vaamonde.

O livro impresso conta com 1,5 mil exemplares. Os artistas Carla Caffé, Guto Lacaz e Marcelo Cipis foram convidados pela GS1 Brasil a expressar seu olhar sobre os códigos de barras nas sobrecapas da publicação, que ganharam três versões. “Isso confere um viés artístico ao livro”, diz Alexandre Dórea Ribeiro, editor da DBA, responsável pelo projeto.

A publicação também está disponível para download gratuitamente na loja iTunes da Apple. Há ainda uma extensão multimídia do projeto na internet.

Outras informações estão disponíveis no hotsite www.gs1br.org/30anos.

*A Brasil em Código relembra neste espaço os momentos marcantes da história da GS1 Brasil, que comemora 30 anos em 2013.

Foto: Eliane Cunha

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Uma comunicação eficiente é um ingrediente imprescindível para o sucesso de qualquer negócio. Afinal, uma pitada de experiência adiciona-da à troca de informações pode fazer toda a diferença para que a sua empresa dê um salto.

Compartilhar conhecimento e vivências adquiridas. Pensando nisso, a GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação criou, em 2010, um programa de relacionamento. Nascia, assim, o GS1 Vai Até Você, uma espécie de ponte para promover a interação entre as soluções oferecidas pela entidade, associados e empresas

parceiras. O programa tem como objetivo principal esclarecer possíveis dúvidas dos associados em relação às ferramentas de automação e apresentar novas tecnologias.

Desde 2011, o evento mantém um perfil itinerante, ou seja, acontece em várias partes do País. “Como estamos sediados em São Paulo, queríamos criar alguma ação que nos aproximasse dos associados que moram em outras regiões. Assim surgiu a ideia de montar esse programa”, conta a assessora da área de marketing e relações institucionais da GS1 Brasil, Poliana Nogueira.

Desde então, a associação assumiu o compromisso de visitar as principais capitais dos Estados brasileiros e, em alguns casos, cidades de referência que congregam polos concentrados de associados. “A maior vantagem é manter-se atualizado sobre todos os produtos, serviços e benefícios que a entidade proporciona ao associado”, destaca Poliana.

Em comemoração aos 30 anos da GS1 Brasil, em 2013, o programa acaba de ganhar um novo formato. Além de conhecer os benefícios da padronização de processos de automação e logística, a partir do

GS1 Vai Até Você ganha novo formato para promover maior interação entre associados da entidade

Por Patricia Lucena

INSTITUCIONALRELACIONAMENTO

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Um ingrediente chamado

networking

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uso do código de barras e outras soluções, o evento passou a incluir a realização de um coquetel, que serve como uma espécie de ponto de encontro para o compartilhamento de conhecimento entre os participantes e para fomentar o networking entre os presentes. Dessa forma, os associados têm a oportunidade de interagir, trocar experiências e, inclusive, fechar negócios. Com uma média de 30 participantes por edição, o principal foco do programa é atender às necessidades do associado. Os temas das palestras são sobre assuntos ligados às soluções da GS1 que fazem parte do cotidiano dos participantes.

Poliana destaca que a grande novidade, neste ano, é o lançamento do Cadastro Nacional de Produtos, solução on-line para facilitar a gestão e o controle da numeração de mercadorias cadastradas nos padrões globais. A ferramenta tem base na internet e substitui o SGN (Sistema de Gerenciamento de Números), que funcionava por meio de um programa instalado no computador do associado. A nova solução auxilia as empresas a cadastrar a numeração de seus produtos e localizações na GS1, em âmbito mundial, respectivamente com o GTIN (Número Global de Item Comercial) e GLN (Número Global de Localização) – que possuem 13 dígitos.

O novo sistema possui interface fácil de usar e mantém as listas de produtos em ambiente web, o que possibilita consultas mais rápidas e evita a perda dessas listas armazenadas atualmente apenas nos computadores dos associados. O associado também pode cadastrar mais de um usuário para realizar o controle da numeração de sua

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Desde 2011, o evento acontece em várias partes

do País

Com uma média de30 participantes por edição,o principal foco do programa é atender às necessidades do associado

empresa, gerar etiquetas, extrair re-latórios, entre outras funcionalidades.

RETORNO POSITIVOO primeiro encontro GS1 Vai Até Você,

após a reformulação, aconteceu em Campinas, interior de São Paulo, no dia 21 de maio. Participaram do evento representantes de diversas empresas, entre elas: C&C Promoções e Comércio, Tesybar, MC Indústria Metalúrgica, Neger Tecnologia e Sistema, MIS Soluções em Produtos de Limpeza, Revali Optoeletrônica e Supermercados Covabra.

“Conseguimos ter acesso a uma amplitude de informações sobre as soluções que a GS1 pode nos oferecer. Os palestrantes foram muito bons, atenciosos e abordaram os temas de maneira muito clara”, conta a diretora de marketing da C&C Promoções e Comércio, Sandra Ribeiro. E acrescenta: “Para a minha empresa, o mais importante foi conhecer os diversos tipos de códigos de barras que a GS1 possui, além dos serviços que ela oferece, como a certificação de leitura do código de barras, que é a minha garantia de que ele será lido na primeira tentativa.”

Danilo Luiz de Oliveira, soldador na empresa MC Indústria Metalúrgica e que também participou do evento em Campinas, destacou o local, o coquetel e o contato com as prestadoras de serviços como os pontos altos do encontro. “O evento agregou novos conhecimentos sobre as ferramentas e as facilidades que a entidade oferece.”

Porém, os encontros não são exclusi-vos dos associados. Segundo Poliana, qualquer empresa ou associação que tenha interesse em conhecer a GS1 Brasil pode participar, solicitando a inscrição por meio da central de atendimento

da entidade (0 - XX - 11 3068-6229), pelo.e-mail([email protected].) ou pelo site www.gs1br.org, no qual também é possível encontrar a agenda completa dos eventos. Acompanhe as atualizações por meio das mídias sociais, nas páginas da GS1 no Facebook e no Linkedin.

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[[ENTREVISTA REINALDO POLITO

O discurso dos novos reis

Desde os primórdios, dominar a arte de se comunicar é fundamental para quem está no comando no mundo dos negócios

Por Giseli Cabrini

O filme O Discurso do Rei, vencedor do Oscar de 2011, conta a história de George VI, que tem como grande desafio vencer a gagueira para se tornar, de fato, o líder do povo britânico. A história verídica ganha contornos ainda mais dramáticos por ter se passado na chamada era do rádio, momento que marca o início do reinado dos meios de comunicação de massa.

O drama do monarca inglês não é um fato isolado e muito menos pontual. Décadas depois, muitos dos novos reis do século 21 – executivos e empreendedores – também possuem dificuldades na hora de se expressar em público. E a exemplo do que acontece no filme, procuram especialistas a fim de ajudá-los nessa tarefa.

Mestre em ciências da comunicação, palestrante, professor de oratória e autor de mais de 20 livros sobre a arte de falar em público, Reinaldo Polito é um dos profissionais que têm como missão ensinar pessoas a vencerem barreiras na hora de se comunicar.

No império das mídias sociais, encontrar o tom certo do discurso é fundamental para quem está no comando, principalmente no mundo dos negócios. Prova disso é o caso da Apple. Paralelamente ao caráter inovador e a excelência no design dos produtos, a companhia tinha à frente Steve Jobs, que, por causa da desenvoltura ao falar em público, sempre exerceu com êxito a função de porta-voz da própria empresa.

Segundo Polito, comunicação eficiente é aquela que dá resultados. Mesmo aqueles que possuem dom natural para se expressar necessitam de aprimoramento. Se a aptidão não for devidamente explorada, a pessoa corre o risco de ser superada por outros não tão bem

dotados pela natureza, mas que se esforçaram com estudo e prática para falar de maneira cor-reta e eficaz. Assim como George VI aprendeu a se articular de forma adequada, é possível vencer esse tipo de barreira. A principal dica, segundo o especialista, é agir com naturalidade e ter confiança nas próprias palavras. Confira, a seguir, a entrevista.

BRASIL EM CÓDIGO Em uma escala de zero a dez, qual a importância da comunicação para as organizações, independentemente do porte?REINALDO POLITO Empresários e empre-endedores sempre tentaram descobrir qual o segredo do sucesso das organizações. Lógico que a resposta só pode ser uma: se sustenta no bom funcionamento e na harmonia de todos os departamentos. Com a comunicação não é diferente. Somente isso não garante o sucesso de uma organização. Por outro lado, se não houver comunicação de qualidade, as atividades da empresa talvez não sejam exploradas e aproveitadas em sua plenitude.

BC Cite alguns casos de sucesso em comunicação no Brasil tanto do ponto de vista do discurso corporativo quanto do líder, em si. RP O nome mais importante não é de um brasileiro e, infelizmente, já falecido: Steve Jobs, que, por causa da excelente comunicação, sempre foi uma espécie de garoto-propaganda da própria empresa. Aqui, no Brasil, algumas ótimas referências são os dois últimos presidentes: Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois conseguiram resultados excepcionais com a comunicação,

10 jul/ago/set 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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“Quem fala bem representa, combrilho, a imagem da organização”

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tanto que se reelegeram. Fernando Henrique pela profundidade da sua cultura e lógica de raciocínio. Lula pela habilidade de adaptar a mensagem de acordo com as características dos ouvintes. Se tivéssemos líderes empresariais com essas competências em suas apresentações, com certeza, os negócios alcançariam resultados ainda mais positivos.

BC Cientificamente está compro-vado: mulheres são superiores aos homens quando se trata de habilidade verbal. Isso significa que os homens têm uma espécie de bloqueio natural para se expressar? Como contornar isso?RP Sim, está comprovado que as mulheres falam mais e melhor que os homens. Não significa, entretanto, que os homens tenham bloqueio natural para se expressar. Tanto os homens quanto as mulheres, salvo exceções, precisam se dedicar para que possam aperfeiçoar a capacidade de se comunicar. Se o dom natural não for devidamente explorado,

a pessoa corre o risco de ser superada por outros não tão bem dotados pela natureza, mas que se esforçaram com estudo e prática para falar de maneira correta e eficiente. Tanto é verdade que a maioria dos meus alunos hoje é composta por mulheres.

BC No caso dos executivos, o que é mais difícil: falar em público ou enfrentar as câmeras? Quais as técnicas que podem ser aplicadas para vencer essas barreiras?RP Depende de cada caso. De maneira geral, embora falar em público não seja tarefa simples, diante das câmeras as pessoas se sentem mais desconfortáveis. Para ter bom desempenho, em ambos os casos, é preciso conhecer com profundidade o assunto que será apre-sentado. Saber organizar a sequência da exposição com começo, meio e fim. Praticar bastante para ter experiência. E aprender a identificar as próprias qualidades de comunicação como, por exemplo, saber se tem boa voz, vocabulário fluente, postura elegante,

gesticulação harmoniosa, presença de espírito, facilidade para contar histórias, entre outros. Assim, se sentirá mais confiante e seguro para falar diante da plateia ou na frente das câmeras.

BC E quando é preciso improvisar? Quais as dicas?RP Falar de improviso, ao contrário do que alguns imaginam, não significa abordar temas estranhos ou desconhecidos. Ninguém deve se aventurar a desenvolver assuntos sobre os quais não tenha conhecimento. Improvisa quem precisa falar sobre matérias, sem ter planejado a sequência da apresentação. Ao mesmo tempo em que expressa o que pensa, tem de organizar o rumo a ser tomado desde o princípio até o final. Um dos recursos mais eficientes para falar de improviso é abordar antes um tema sobre o qual tenho total domínio e só depois fazer uma ligação e desenvolver o assunto que é o objetivo da apresentação.

BC Quais os mitos e verdades que envolvem uma comunicação, de fato, eficiente?RP Comunicação eficiente é aquela que dá resultado. De que adianta falar “bonito”, com voz impostada, com gesticulação perfeita se os objetivos não são atingidos? Se a pessoa apresenta um projeto e consegue sua aprovação, a comunicação teve qualidade. Se ela faz um discurso político e consegue os votos dos eleitores, a comunicação teve qualidade. Se ela apresenta um produto e realiza a venda, a comunicação teve qualidade. Por isso, insisto para que todos os meus alunos explorem sempre sua naturalidade e uma maneira espontânea de se comunicar. Esse é o maior de todos os segredos da boa comunicação.

“Um dos recursos mais eficientes para falar de improviso é abordar antes um tema sobre o qual tenho

total domínio”

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12 jul/ago/set 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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BC Qual a importância da lingua-gem corporal?RP A postura e a gesticulação são muito importantes para o sucesso da comunicação. A postura precisa ser correta e elegante. A pessoa deve dis-tribuir bem o peso do corpo sobre as duas pernas e se movimentar diante do público sempre com algum tipo de objetivo ou para dar ênfase a alguma informação. E ainda para manter ou reconquistar a atenção de ouvintes, que começam a se dispersar. Os gestos devem acompanhar o ritmo e a cadência da fala. Deve ser evitado a falta e o excesso de gesticulação. O semblante deve ser arejado, expressivo e coerente com o sentimento da mensagem. A comunicação visual deve ajudar a fazer uma leitura das reações da plateia, valorizar a presença dos ouvintes e ajudar a dar flexibilidade e movimento ao tronco na hora de olhar para um lado e outro.

BC E as diferentes plateias? Em sua opinião, é melhor uniformizar o discurso ou cada espectador demanda um tipo de apresentação?RP Aqui está a beleza da comunicação. Cada plateia deve ser tratada de acordo com suas características. Não podemos falar para um público predominante jovem da mesma forma como nos comunicamos com uma plateia de maioria idosa. Para os jovens devemos falar do amanhã, de planos, do futuro. Para os idosos devemos falar do passado, das experiências vividas.

BC Como direcionar melhor a apresentação para um público específico? O que é preciso ter em mente?RP O mais importante numa apresen-tação é descobrir quais são as aspira-ções e interesses dos ouvintes. O que efetivamente importa a essas pessoas? Dinheiro? Segurança? Conhecimen-to? Fama? Poder? Quando as pessoas percebem que a apresentação vai lhes proporcionar os benefícios que dese-jam, elas prestam atenção e podem agir de acordo com a vontade do orador. E, se durante a apresentação concluirmos

que os objetivos dos ouvintes são ou-tros, diferentes daqueles que havíamos imaginado, temos de readaptar os ru-mos da exposição de acordo com essa nova realidade para que possamos ser bem-sucedidos.

BC Como a economia globalizada pode influenciar na forma de se expressar, levando em conta as diferenças culturais? A falta de domínio do idioma do palestrante pode ser uma barreira extra? RP A globalização ajudou a diminuir um pouco as diferenças culturais. Hoje sabemos melhor como se comportam os asiáticos, os europeus, os latinos. Com pequenas alterações, tirando o excesso de regionalismo, é possível transmitir a mesma mensagem de maneira compreensível. Sem dúvida, o domínio do idioma ajuda muito, mas não significa que se a pessoa não for fluente ficará impedida de se apresentar diante de pessoas de culturas diferentes. Se fizer uma apresentação bem ensaiada, sem arriscar com piadas e brincadeiras para não correr riscos desnecessários de interpretação equivocada, os resultados podem ser bons. Nesses casos é conveniente evitar os improvisos e até se valer de recursos de apoio, como roteiro escrito ou cartão de notas.

BC Em sua opinião, de que maneira a formação pode contribuir para que um profissional tenha realmente êxito ao se comunicar?RP O conteúdo é essencial para o bom resultado de uma apresentação. O conhecimento, o preparo e a boa formação ajudam na associação de ideias, na escolha dos argumentos e no preparo das refutações. Temos de ter em mente, entretanto, que só o conhecimento não é suficiente. A conjugação do conteúdo e do desempenho será sempre o ideal quando alguém tiver, como missão, falar em público.

BC Atualmente, o mercado valoriza quem é um bom comunicador? Como mensurar isso?RP As pessoas concorrem no mercado de trabalho mais ou menos com as mesmas condições: formação acadêmica, domínio de línguas estrangeiras, conhecimento de informática, espírito de liderança. O diferencial quase sempre está na comunicação. Quem for mais articulado, comunicativo e desenvolto será mais bem visto e terá melhores chances de ser escolhido. Quem fala bem representa, com brilho, a imagem da organização. Por isso, essa habilidade de se expressar bem diante do público é tão importante.

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“Comunicação eficiente é

aquela que dá resultado. De que adianta

falar com voz impostada e gesticulação perfeita se os objetivos não

são atingidos?”

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RECURSOS HUMANOS APOSENTADORIA

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Hora depassaro bastão

A saída de um colaborador veterano de uma empresa implica planejamento prévio das

duas partes. Para a companhia, é importante assegurar a cultura corporativa. Já para o

funcionário, é momento de se planejar para uma nova e diferente fase da vida

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Por Kathlen Ramos

Hoje, a rotina atribulada dos negócios faz com que tanto empresários quanto colaboradores se esqueçam de pensar no futuro. Mas, com o passar dos anos, chega a hora da aposentadoria, que traz com ela um momento de transição importante para ambos os lados.

Sob a ótica empresarial, quando não existe um planejamento, a apo-

sentadoria de um colaborador com muitos anos de casa pode gerar um momento desconfortável. “De modo geral, as pessoas que estão por um período prolongado numa mesma empresa detêm um conhecimento profundo sobre a forma de operação da companhia. Já presenciaram diversas situações, não só técnicas como de

cultura, de processos e até mesmo de normas que não estão registradas e só elas conhecem”, conta a diretora de certificação profissional da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Andrea Huggard Caine.

Portanto, para que a companhia não perca seu capital intelectual com a saída desses colaboradores, o ideal

Page 15: Brasil em Código - 9ª edição

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2013 15

O ideal é desenvolver programas nos

quais os funcionários antigos tenham

a possibilidade de discutir e ensinar

aos mais novos

é desenvolver programas nos quais os funcionários antigos tenham a possibilidade de discutir e ensinar aos mais novos, explica a palestrante, psicóloga, mestre em administração de empresas e consultora organizacional, Meiry Kamia. “É preciso que essa transmissão de conhecimento seja algo natural e que os veteranos compreendam que é algo positivo. Caso contrário, haverá comportamentos defensivos, nos quais os mais velhos na empresa terão receio de passar as informações justamente por medo de serem demitidos em seguida, pois sabem que seus salários são mais altos até mesmo em virtude do tempo de casa.”

O gerente de recursos humanos da TG&C, Gustavo Cacioli Jaime Rodrigues, concorda que a transmissão de conhecimentos deve ser diária e afirma que é impor-tante que ocorram registros frequentes das principais atividades daquela função. “Assim, caso um veterano saia da empresa, é possível ter conhecimento de todos os processos e dar continuidade sem prejuízos.”

CORPO E MENTE ATIVOSSob a ótica dos funcionários, aposentadoria nunca

deve ser um sinônimo de ócio. O momento de transição do aposentado traz o desafio de dar um novo significado à sua vida. “Costumo dizer que esse é o momento em que os mais experientes podem devolver ao mundo o que aprenderam. Eles podem ensinar não só a família mas todos com quem têm contato. Por isso, nada de se fechar em casa. As atividades criativas, depois das físicas, são de grande valia porque mantêm a mente

alerta e criativa”, orienta Meiry. Aliás, a saúde mental é algo que precisa ser muito bem trabalhado nessa idade. “Aposentar-se e não ter com o que ocupar a mente pode trazer uma sensação de vazio e inutilidade”, diz Ana Fraiman, doutora em ciências sociais e diretora da APFraiman Consultoria – Carreira Sustentável.

Portanto, é fundamental que se tenha um planejamento sobre como ocupar as horas que estarão livres com atividades prazerosas como, por exemplo, trabalhos voluntários e cursos livres, que muitas vezes são gratuitos e dirigidos à terceira idade.

A Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), por exemplo, desenvolveu, neste ano, o Programa Aquarela. “A ação tem o objetivo principal de promover um encontro entre diferentes idades, ou seja, trazer para dentro do espaço universitário pessoas dessa

EXEMPLO A SER SEGUIDO

Pensando nos seus colaboradores na fase de pós- -aposentadoria, as Empresas Randon desenvolveram o programa Novos Caminhos, que faz com que a transição desses funcionários seja satisfatória tanto para a companhia (que se planeja adequadamente, de forma a preservar a cultura e o conhecimento corporativo) quanto para os colaboradores (que podem se desligar tendo claros os caminhos que podem trilhar nesse novo momento da vida). “Em dez anos do projeto, preparamos mais de 400 funcionários e seus familiares para essa etapa”, afirma a gerente do Centro de Serviços Compartilhados da Randon, Celiz Frizzo. O programa é dividido em três áreas: planejamento financeiro, saúde física e mental e empreendedorismo.

O Novos Caminhos tem duração de três anos e, a partir dos 57 anos de idade, o funcionário tem a opção de participar das atividades, considerando a perspectiva de sua desvinculação da empresa, aos 60 anos. “O programa propicia um desvinculo saudável, com foco na motivação das pessoas e na continuação de seu trabalho na sociedade, seja empreendendo ou simplesmente assumindo uma nova rotina, bem orientada, em busca de sua própria satisfação”, resume Celiz.

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faixa etária”, explica a coordenadora do Núcleo de Arte e Cultura (NAC), da UMESP, Cláudia Cezar. Ela acrescenta que, desde o início do projeto em abril, cerca de 150 pessoas da terceira idade já participaram. São oferecidas oficinas, gratuitas, nas áreas de arte, cultura e informática. Os participantes também podem cursar algumas matérias com os alunos da universidade. “Existe a possibilidade de confraternização, troca de experiências e conhecimento, estímulo da memória, novas amizades e, especialmente, fazer parte de um grupo”, enumera Cláudia.

ESTABILIDADE FINANCEIRAA expectativa de vida do brasileiro

está cada vez maior. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2011, a esperança de vida ao nascer no Brasil era de 74 anos e 29 dias. Em 2010, era de 73 anos e 277 dias.

Tendo em vista essa expansão, é fundamental que se planeje, finan-ceiramente, esse momento. “A maioria das pessoas pensa em aposentadoria como um rendimento para si e para o cônjuge. Quando isso ocorre, muitas vezes, eles descobrem que ainda existem filhos pequenos e pais para apoiar. E que o patrimônio, que foi calculado para ser o bastante para sustentar o aposentado por mais alguns anos, muito provavelmente será insuficiente para prover suas necessidades”, considera Ana Fraiman.

Nesse sentido, é fundamental que haja um planejamento financeiro. “Isso não deve começar às vésperas da aposentadoria, mas deve ser feito ao longo da vida”, orienta a planejadora financeira pessoal com a Certificação CFP (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF),

Ângela Nunes. Segundo ela, se o colaborador trabalha numa empresa que oferece fundo de pensão, está em uma situação vantajosa. O fundo de pensão é uma modalidade de previdência privada fechada, organizada por companhias ou grupos de empresas, com o objetivo de realizar investimentos para garantir uma complementação da aposentadoria aos empregados que aderirem ao plano (leia mais sobre investimentos na página 52). Caso o colaborador não tenha fundo de pensão, aconselha-se destinar parte dos ganhos a uma poupança.

Ângela ressalta que, com a aposen-tadoria, em geral, o profissional não terá mais plano de saúde, vale-refeição ou vale-alimentação, por isso as despesas tendem a aumentar. “O mais indicado é fazer uma conta contrária, analisando quando se vai gastar. E, com base nela, saber quanto será necessário guardar ao longo da vida.”

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16 jul/ago/set 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

[[RECURSOS HUMANOS

UMA ONDA DE VALORIZAÇÃO

O número de pessoas empregadas na terceira idade aumenta ao longo dos anos, segundo dados do IBGE. Em abril de 2002, 15,26% das pessoas com 50 anos ou mais estavam ocupadas. Em igual mês de 2013, esse patamar subiu para 23,82%. Seja por necessidade ou vontade de continuar ativo, o fato é que a idade avançada não é mais sinônimo de aposentadoria. Tanto que executivos mais experientes passam por um momento de valorização e ascensão no mercado de trabalho. “A mão de obra com mais conhecimento e capital intelectual vem sendo bastante requisitada. Muitas companhias estão colocando pessoas jovens com os executivos mais seniores para que trabalhem juntos. Assim, é possível aliar a velocidade dos colaboradores mais novos com a cautela e experiência dos veteranos”, diz a consultora sênior da Mercer, Carolina Mazza Warderley.

E para participar desse momento de valorização, os aposentados que querem continuar trabalhando, precisam visualizar essa situação ao longo da vida. “Networking dentro e fora da empresa é o melhor caminho. Só assim, a pessoa que se desliga de um trabalho ou se aposenta pode ser chamada para outra colocação. Aliás, os profissionais devem agir assim ao longo da carreira”, destaca Carolina. Ela acrescenta que muitos aposentados sonham poder ser consultores, o que não é tarefa fácil. “O consultor precisa se vender, num bom sentido, mostrar sua experiência e o que pode oferecer ao mercado, por meio do seu networking. Se o profissional nunca fez isso, dificilmente chegará a esse cargo”, conclui.

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[[OPINIÃO

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Cada vez mais os jovens assumem posições gerenciais nas empresas e são obrigados a lidar com a complexidade do negócio e do mundo das pessoas.

Se em décadas anteriores, os profissionais percorriam uma longa trajetória na empresa até ocupar um cargo de gestão, hoje esse caminho é curto. Jovens com pouca experiência, com neces-sidades de desenvolvimento e amadurecimento gerencial e pessoal, têm assumido posições de gestão sem a devida preparação. Diante disso, eles têm enfrentado, na gestão do dia a dia, desafios ligados ao campo subjetivo, que envolvem as relações humanas e demandam amadurecimento emocional e profissional.

Como prepará-los para liderar? Quais devem ser as competências? Pesquisa da Fundação Dom Cabral analisou a questão, entrevistando 568 profissionais – 287 gestores de recursos humanos e 281 jovens gestores.

Os jovens têm um perfil favorável. Eles possuem um ótimo conhecimento técnico e boa formação acadêmica. Porém, carecem de desenvolvimento emocional. O estudo revela isso quando os próprios jovens gestores se associam a atributos como imediatismo, foco no curto prazo, individualismo, baixo autoconhecimento e dificuldade de lidar com pessoas em sua diversidade – as

Desafios para os jovens gestores

Esses profissionais possuem boa formação acadêmica, porém carecem de desenvolvimento emocional

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LIDERANÇA

diferenças geracionais e os elementos emocionais e interpessoais próprios das relações humanas.

Um ponto a ser observado é o nível de ansiedade desses jovens em querer conquistar suas aspirações a curto prazo, cuidando de seus interesses individuais em detrimento dos comuns. A baixa tolerância com o longo prazo, a falta de paciência, a pouca experiência e a incipiente maturidade podem acentuar o imediatismo desses jovens, levando-os a decisões prematuras.

É preciso desenvolver as competências pessoais e relacionais desses profissionais, como: autoconhecimento; saber identificar e administrar as emoções, principalmente em situações de tensão; reconhecer a importância do outro como indivíduo; estabelecer relações de confiança; gerir conflitos; delegar e ter o feedback como uma fonte de aprendizagem contínua para si e para os liderados.

A natureza do trabalho de gestão e liderança envolve as dimensões “cognitivas” e “emocionais”, que estão interligadas na prática. Não é possível exercer a gestão sem capacidades cognitivas como conhecimento do negócio, foco em mercado, processo e resultado, planejamento, controle e visão sistêmica; e tampouco sem as emocionais: influência, liderança, comunicação, inspiração, administração de conflitos, autoconhecimento e autocontrole. Na dimensão emocional, porém, estão os maiores desafios, pois a liderança apresenta aos gestores uma diversidade de pressões diárias que exige a ação da inteligência emocional, ajudando-os a pensar antes de reagir e a demonstrar um nível de maturidade no enfrentamento desses desafios.

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18 jul/ago/set 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Marta Campello, Bernadette Alves e Daniela Diniz, da Fundação Dom Cabral (FDC)

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FLORESCAPA

Adoção de ferramentas de identificação por radiofrequência pela cadeia de flores e plantas ornamentais no País promete semear negócios cada vez mais promissores

Safra de soluções

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Por Giseli Cabrini

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As rosas não falam é o título de uma famosa canção composta pelo sambista Cartola. Flores e plantas ornamentais não têm a habilidade de se comunicar verbalmente, embora muita gente insista em conversar com elas. Mas as embalagens que as acondicionam e os chamados ativos retornáveis – cestos, suportes de cestos, carrinhos, prateleiras e porta-vasos – usados para realizar a logística entre produtores, cooperativas, atacado e varejo já são dotados de soluções de automação voltadas a estabelecer uma comunicação não verbal e necessária entre os elos da cadeia de suprimentos.

O uso de ferramentas de automação para capturar, transmitir e integrar dados a sistemas computadorizados de gestão e controle de informações nas operações logísticas já começa a semear uma nova realidade para os agentes da cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais no Brasil, segmento que tem registrado crescimento anual de dois dígitos. No intervalo de 2002 a 2012, o faturamento dessa cadeia avançou, em média, 12,5% ao ano. Um resultado bem superior ao apurado pelo Produto Interno Bruto (PIB), termômetro que mede a riqueza do País. Em igual período, o indicador nunca ultrapassou um dígito. O maior patamar, de 7,5%, foi registrado em 2010.

A disseminação de soluções de automação na cadeia de flores e plantas ornamentais adquire nova nuance com as tecnologias de identificação, através do uso do código de barras ou das etique- tas inteligentes por meio da radiofrequência. A

diferença entre as duas soluções está na forma de leitura. O código de barras é uma tecnologia de linha de visão. O escâner tem de ser direcionado fisicamente para “enxergar” o código de barras.

Por sua vez, a identificação por radiofrequê- cia (RFID) utiliza etiquetas inteligentes, confec-cionadas em diferentes tamanhos e formatos, que podem ser lidas desde que estejam dentro do alcance de uma antena. Os dados dos produtos são armazenados em um microchip conectado a uma antena e transmitidos para um computador por meio de radiofrequência. Isso permite que a captura de informações dispense contato físico ou campo visual. Assim, a RFID pode ser usada em ambientes com variações de temperatura e umidade e em operações que envolvam grandes volumes de itens comercializados.

A adoção dessa tecnologia representa uma evolução importante para o segmento de flores e plantas ornamentais uma vez que permite que a informação sobre cada item esteja disponível ponto a ponto ao longo da cadeia de supri-mentos – fornecedores, centro de distribuição e varejo. Portanto, a RFID representa uma so-lução sob medida para a gestão dos ativos re-tornáveis utilizados por grandes agentes dessa cadeia na área de logística, como é o caso da Cooperativa Veiling Holambra, que é respon-sável por 45% da comercialização de flores e plantas ornamentais no Brasil.

MUDANÇA ESTRATÉGICA“O volume de ativos retornáveis que possuímos

é da ordem de 1,1 milhão de peças entre cestos, suportes de cestos, carrinhos, prateleiras e porta-vasos. Eles são usados na logística que envolve fornecedores e clientes da cooperativa. O projeto de

Soluções de automação como código de barras e etiquetas inteligentes trazem novas nuances para a atividade

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22 jul/ago/set 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

adoção de tecnologia RFID representa uma mudança estratégica em toda a gestão de materiais circulantes que utilizamos em nossas operações”, explica o gerente de logística e facilidades da Cooperativa Veiling Holambra, Jorge Possato Teixeira. O projeto contempla a utilização de etiquetas inteligentes no padrão global EPC (Código Eletrônico de Produto), da GS1, um número único usado para identificar cada ativo retornável da cooperativa.

A partir da adoção da nova tecno-logia, o controle manual dos ativos será eliminado. Atualmente, o sistema funciona assim: apenas os carrinhos do Veiling – usados para o transporte e armazenamento dos produtos – pos-suem código de barras. Esse material sai da cooperativa, é abastecido pelo produtor e volta para o Veiling, onde é embarcado nos caminhões dos clientes. Em alguns casos, o carrinho é utilizado como display pelas lojas de

POR DENTRO DO SEGMENTODE FLORES BRASILEIRO

Consumo per capita: R$ 23/habitante/ano

Produtores: 7.609

Pontos de venda no varejo:

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Fonte: Projeções para 2012 feitas pelo IBRAFLOR, com base em série histórica

Valor de mercado: R$ 4,43 bilhões

Atacadistas: 600

Espécies produzidas: mais de 350

ATACADO

Na CEAGESP,o segmento movimentou 56 mil toneladas em 2012

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Jorge Possato Teixeira,do Veiling Holambra

Uso da RFID representa mudança

estratégica na gestão de materiais

circulantes nas operações

varejo. Na sequência, o ativo retorna para a cooperativa, onde passa por higienização para ser reutilizado. O carrinho é equipado com divisórias (prateleiras), porta-vasos (espécie de bandejas para a colocação dos vasos), cestos e suportes (para flores e plantas de corte), de acordo com a necessidade específica de cada produto.

Com o EPC/RFID, inicialmente, os portais equipados com as antenas serão posicionados na área de recepção e expedição de produtos no armazém do Veiling. Dessa maneira, a operação ganha agilidade, controle mais rigoroso, diminuição de erros e de custos, uma vez que os portais farão a leitura automática das tags RFID presentes nos ativos retornáveis. A rastreabilidade desses equipamentos ao longo da cadeia de abastecimento é outro benefício.

O projeto, realizado em parceria com a GS1 Brasil, começou a ser discutido em 2011. Passou por aprovação e, atualmente, encontra-se em fase de implantação. O início das operações com a nova tecnologia está previsto para 2014. Os investimentos na empreitada não são revelados por questões estratégicas. “A GS1 Brasil tem nos auxiliado no processo de adoção da solução de RFID. Para a implantação da tecnologia, fizemos a escolha da empresa Coss Consulting, de São Carlos (SP)”, afirma Teixeira. O papel da GS1 é, justamente, auxiliar as empresas na correta padronização das informações e na certificação dos códigos.

O gerente da cooperativa explica que o retorno do investimento está progra-

mado para acontecer em um período de dois anos e meio. Segundo o assessor da área de inovação e alianças estratégicas da GS1 Brasil, Wilson Cruz, cada R$ 1 investido em soluções de identificação por RFID pode significar um retorno de R$ 2,17. A informação tem como fonte um estudo realizado pela GS1 França, em 2009, intitulado Implementation of Solutions based on GS1 and EPCglobal standards for Asset Management (em tradução livre, significa Implementação de Soluções baseadas nos Padrões GS1 e EPC global para a Gestão de Ativos). “Só em logística reversa, projetamos uma redução de 40% no tempo gasto com as operações envolvendo a devolução desse material circulante”, diz Teixeira.

“O acesso a informações torna-se mais amplo, o que agrega inúmeras vantagens para a logística e para a gestão dos ativos”, destaca a assessora de soluções de negócios da GS1 Brasil, Patrícia Munhoz Botelho do Amaral. “A solução RFID permite um controle mais efetivo do material que sai e retorna à cooperativa”, acrescenta a assessora de negócios da GS1 Brasil, Flávia Ponte Costa.

Segundo Teixeira, a mudança trará benefícios não apenas ao Veiling mas também aos fornecedores e clientes. “Daremos suporte para todos que desejarem ter acesso à solução. Ela será extremamente importante para verificar se houve, de fato, extravio ou não de alguma peça. Atualmente, a tecnologia que dispomos não nos permite fazer o controle unitário das peças.”

Em caso de extravio ou dano permanente do ativo retornável, é obrigatório o ressarcimento do custo total da peça à cooperativa; os valores podem variar de R$ 4 (porta-vaso) a R$ 450 (carrinho). Também é exigido o pagamento de uma taxa de aluguel

GIGANTISMO

Veiling Holambra é responsável por 45% da comercialização de flores e plantas ornamentais no Brasil

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24 jul/ago/set 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

diário de uso de cada ativo retornável, que tem por objetivo a cobertura de custos operacionais, como depreciação, mão de obra e impostos.

A Cooperflora, que desde 2011 já colhe os benefícios do uso da RFID, pretende expandir o uso da tecnologia. A ideia é que a identificação das flores, hoje feita por código de barras, migre para as etiquetas RFID aplicadas nos cestos. Quando os produtores estiverem cadastrando os produtos, os dados serão integrados ao sistema da cooperativa. “Além de ampliar a rastreabilidade e o controle do processo, a mudança reduzirá o tempo gasto na operação, pois dispensará o processo manual de etiquetagem dos produtos, com códigos de barras”, explica o diretor de operações da Cooperflora, Alexandre Gedanken. O projeto está em fase de estudos de viabilidade técnica. A Cooperflora possui 50 produtores associados nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Ceará. O faturamento estimado para 2013 é de R$ 95 milhões e o carro-chefe das vendas são as flores de corte, principalmente, rosas.

FORNECEDORES E CLIENTESO Grupo Pão de Açúcar (GPA)

possui um centro de distribuição de flores dentro da Cooperativa Veiling Holambra. Apesar de o GPA ainda não utilizar etiquetas RFID, é o uso de outra ferramenta de identificação e coleta de dados por radiofrequência, o código de barras, que possibilita ao gigante varejista garantir a entrega regular de flores e plantas ornamentais em mais de 400 lojas espalhadas pelo País com as bandeiras Pão de Açúcar e Extra. Em datas sazonais, a missão abrange ainda outras 120 unidades do grupo, no formato minimercado.

Segundo o gerente de operações e não alimentos do GPA, Ricardo Sales, o uso dessa tecnologia é fundamental para assegurar agilidade e acuracidade das operações, como controle de recebimento, conferência, armazenagem e expedição. “Para ter uma ideia da dimensão da operação envolvida, nossa capacidade instalada é de 800 carrinhos por dia, e a variedade de flores abrange cerca de 350 diferentes tipos.” A operação adota o conceito de cross docking, no qual a mercadoria não chega a ser armazenada e sai no mesmo dia em que chega ao centro de distribuição. Desde a colheita até a chegada ao ponto de venda os processos

são ágeis. Entre receber as flores no centro de distribuição e colocá-las nas lojas são apenas 12 horas.

Uma gestão logística azeitada também reduz eventuais prejuízos. “Nossas perdas por ineficiência na cadeia de suprimentos são quase nulas. Temos um índice de aproximadamente 0,03% em perdas, que acontecem em virtude de ineficiência no ponto de venda. Isso ocorre, por exemplo, quando o consumidor desiste de comprar a flor e abandona o item fora do local de exposição original”, explica o gerente do GPA.

No segmento atacadista, também são verificados ganhos com a RFID. Segundo informações da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), o uso de tecnologia RFID permite a gestão do retorno de embalagens reutilizáveis e uma participação menor desse tipo de insumo no custo do produto. Por sua vez, a utilização de código de barras possibilita a automação das operações comerciais, entre elas: controle de estoque e de destino dos itens co-mercializados no entreposto.

Na área de vendas on-line, o uso de soluções de automação também é fundamental para garantir agilidade, ganho de escala e maior controle dos

Clóvis Sousa, da Giuliana FloresEmpresa utiliza soluções de

automação para garantir ganho de escala e maior controle logístico

AGILIDADE

No Veiling Holambra, controle manual com código de barras nos 1,1 milhão de cestos, carrinhos, prateleiras e porta-vasos será substituído por RFID, a partir de 2014

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processos logísticos. Na Giuliana Flores, elas envolvem desde o estoque até a expedição. Todos os itens que compõem os arranjos comercializados possuem código de barras. “A utilização de leitores de códigos de barras está presente nas atividades de picking (separação de pedidos), checkout dos produtos, validação das notas e geração de romaneios para motoristas”, afirma o diretor da Giuliana Flores, Clóvis Sousa. Criada há mais de 20 anos, a empresa recebe, em média, 18 mil pedidos por mês e atende a mais de 5 mil cidades do País. Em datas sazonais, o volume de pedidos aumenta em torno de 25%.

MERCADOSales, do GPA, ressalta que a evolução

na logística envolvendo flores e plantas ornamentais, a partir do uso de novas tecnologias de automação, é decisiva para a expansão do segmento cuja oferta de produtos passa a ser ampliada a partir da inserção desses itens em um maior número de pontos de vendas, entre eles, os supermercados. Ele revela que se trata de um negócio bastante representativo para o GPA e cujo desempenho já supera a performance do segmento no País.

O chefe do departamento de econo- mia da CEAGESP, Flavio Godas, destaca que, embora as datas comemorativas

ainda estimulem as vendas, o mercado não fica restrito a esses períodos. “Cada vez mais, paisagistas e decoradores utilizam flores e plantas ornamentais em projetos. É uma atividade em plena ascensão.” No entreposto paulista, o segmento de flores (de corte e de vaso) movimentou 56 mil toneladas e R$ 285 milhões em 2012.

As projeções do Instituto Brasileiro de Floricultura (IBRAFLOR) para 2013 são otimistas. “Devemos manter o crescimento. Talvez o ritmo seja um pouco menor, por isso projetamos um avanço de 8% no faturamento em 2013. No entanto, o mercado está cada vez mais exigente. É preciso oferecer qualidade, constância, durabilidade e diversidade”, aconselha o presidente da entidade, Kees Schoenmaker.

CERTIFICAÇÃOO uso de ferramentas voltadas à

padronização e melhorias na gestão de processos na cadeia de flores e plantas ornamentais não está restrito à logística. Segundo a pesquisadora da unidade de Produtos e Mercado da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) Ana Paula Vaz, é crescente a busca por processos de certificação envolvendo a etapa produtiva.

Prova disso é o fato de que a cadeia de flores se prepara para ser inserida no programa nacional a fim de obter o selo de Produção Integrada (PI Brasil), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Criado em 2001 para a fruticultura, o programa tem por objetivo tornar a produção mais sustentável tanto do ponto de vista econômico quanto do ambiental, a partir da racionalização de insumos e melhorias na gestão apoiadas por ferramentas de rastreabilidade. A obtenção do selo pelos produtores de flores e plantas ornamentais depende ainda da finalização de uma norma técnica, que está em fase de elaboração pela EMBRAPA, pelo MAPA e por agentes da própria cadeia. A previsão é de que o processo seja concluído ainda em 2013. A adesão à certificação é voluntária, diz Ana Paula. “O consumidor enxerga que itens certificados têm mais valor”.

Com tantas inovações, o segmento de flores e plantas ornamentais vive uma espécie de primavera tecnológica. Muitas sementes voltadas à certificação e adoção de ferramentas de padronização e identificação de produtos estão sendo lançadas em todas as etapas dessa imensa cadeia que envolve diversos agentes e processos. E prometem gerar safras ainda mais produtivas.

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A adoção da RFID representa uma evolução importante para o segmento de flores e plantas, pois permite que a informação sobre cada item esteja disponível em toda a cadeia de suprimentos

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EFICIÊNCIA

Ricardo Sales, do GPA Tecnologia assegura agilidade e acuracidade das operações, são apenas 12 horas, desde o recebimento do produtor até a entrega nas lojas Extra e Pão de Açúcar

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GESTÃO CONHECIMENTO

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Guarde a chavedo sucesso com vocêSão as pessoas que detêm informações valiosas sobre seu negócio. Saiba como administrar essa nova realidade e assegurar queesse patrimônio fique em suas mãos

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Por Patricia Lucena

No passado, a gestão de um negócio se limitava ao livro-caixa, ou seja, ao controle de despesas e ganhos. Com o passar do tempo e a globalização, a sociedade se modificou e surgiu, assim, a era da informação, que transformou o conhecimento em um ativo importante a ser administrado pelas empresas. Dessa forma, o olhar das empresas deixou de se voltar apenas para o aspecto tangível – operacional – e passou a vislumbrar um foco intangível – a gestão. Não basta apenas produzir cada vez mais e melhor, com custos reduzidos. Mas, sim, assegurar que a excelência no desempenho se perpetue. E mais: que esse patrimônio intangível, o conhecimento, permaneça dentro da empresa.

Portanto, valorizar mais os profissionais – detentores do conhecimento – do que os bens tangíveis tornou-se o objetivo das companhias. Afinal, são as pessoas que detêm informações valiosas sobre como atingir melhores resultados, diagnosticar problemas e tornar processos ainda mais produtivos. Dessa forma, a chave para atingir resultados está em canalizar o conhecimento, armazená-lo e alinhá-lo ao planejamento estratégico da organização. E blindá-lo para que ele não vá parar nas mãos da concorrência.

“O conhecimento é hoje o principal fator de produção e riqueza na sociedade. No século passado, terra, capital, matéria-prima, energia e trabalho eram os fatores mais importantes para se criar riqueza. Esses ativos continuam sendo fundamentais, mas o conhecimento se destacou”, avalia Marcos Cavalcanti, coordenador do Centro de Referência em Inteligência Empresarial (CRIE), do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ).

Uma das maneiras de aproveitar todo esse ativo intangível existente em uma empresa é fazer a gestão do conhecimento, que pode

ser definida como um compartilhamento de experiências. “Significa você fazer a gestão do dia a dia, dos negócios, das pessoas e dos processos. Mas sempre com um olhar sobre como o conhecimento está sendo tratado”, destaca o diretor da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC), André Saito.

Cavalcanti explica que a gestão do conhecimento é uma disciplina que procura criar valor para as organizações a partir dos dados, informações e conhecimentos que as pessoas possuem, bem como aqueles que estão disponíveis no ambiente onde elas atuam. Segundo Saito, a gestão do conhecimento pode ser feita em qualquer área da empresa: comercial, financeira, recursos humanos, operacional, marketing, desenvolvimento, entre outras. Casar os objetivos da empresa com a gestão do conhecimento é o grande segredo do sucesso.

Segundo o executivo da SBGC, há duas formas de colocar em prática essa forma de gestão. Uma é documentando todo o conhecimento adquirido pelas pessoas. É o chamado conhecimento explícito, no qual tudo é de alguma forma codificado e representado. “Pode ser um manual, um vídeo ou até mesmo uma história em quadrinhos. O importante é registrar o conhecimento que os profissionais compartilham.” Uma segunda abordagem é trabalhar com o conhecimento tácito. “Esse é mais difícil de documentar porque surge do contato entre as pessoas. Uma técnica muito utilizada é a da ‘sombra’, quando você coloca alguém menos experiente para trabalhar com aquele funcionário mais sênior para que ele aprenda, na prática.” Na opinião de Saito, a experiência de um profissional vale muito mais do que a teoria que existe em torno de cada profissão.

Entender os pontos nos quais a empresa precisa melhorar é o primeiro passo para identificar qual o conhecimento está faltando ou precisa

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2013 27

Page 28: Brasil em Código - 9ª edição

ser estimulado. “O setor responsável deve fazer algumas perguntas simples: qual o tipo de conhecimento que preciso ter? Como posso compartilhar isso de forma mais eficaz e sem entregar o ouro para a concorrência? Ou seja, é fundamental identificar o problema no negócio e, aí sim, colocar em prática a gestão do conhecimento”, analisa o executivo da SBGC.

Segundo ele, é aconselhável que a organização tenha uma área ou, pelo menos, uma pessoa responsável pela gestão do conhecimento. “É importante ter alguém que conheça a metodologia e traga técnicas para adotar a gestão do conhecimento”, afirma.

NA PRÁTICA A Fundação SOS Mata Atlântica e a

Serasa Experian criaram departamentos específicos voltados à gestão do conhe-cimento. “Nós já possuíamos um centro de documentação com projetos nas di-ferentes áreas, cada qual com a sua me-todologia e seus resultados. Estávamos sentindo falta de um setor que pudes-

se integrar tudo. Hoje, nosso projeto principal é o atlas da mata atlântica. A partir de um levantamento que envol-ve tecnologia de geoprocessameto, in-formação geográfica e toda a memória institucional da organização, foi criada uma área na qual pudéssemos reunir os dados primários e secundários, or-ganizá-los e disponibilizá-los para a so-ciedade”, conta a diretora de gestão do conhecimento da SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota.

Segundo a executiva, a ideia principal é sistematizar os dados e mantê-los permanentemente atualizados, a fim de que eles possam servir como subsídio para resultados práticos como: políticas públicas ou o surgimento de uma lei específica relacionadas ao tema da mata atlântica. E ainda novos estudos em áreas que são prioritárias para conservação e restauração florestal. Por isso, o planejamento da SOS Mata Atlântica é ter um local que reúna todo esse conhecimento, para que depois ele possa ser compartilhado e disseminado. “Tudo é documentado para que a

gente não perca nada, uma vez que nossa maior dificuldade é garantir a continuidade de geração de dados e sua atualização”, explica a diretora.

O superintendente de Desenvolvi-mento Humano da Serasa Experian, Élcio Trajano Junior, conta que a gestão do conhecimento foi adotada a partir de 2004 e possui uma área específica. “Fica dentro da área de recursos humanos e atende a toda a organização. Nossa missão é zelar pela gestão do conhecimento estratégico

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Marcia Hirota,da SOS Mata AtlânticaIdeia da entidade é sistematizar dados para embasar políticas públicas ou leis

Ambiente colaborativoNa empresa foi criada

uma área específica para agestão do conhecimento

Élcio Trajano Junior,da Serasa ExperianNossa missão é estimular o compartilhamento do conhecimento

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para garantir a perenidade da empresa e estimular o compartilhamento do conhecimento. Assim, promovemos um ambiente colaborativo, no qual todos os funcionários podem se desenvolver e contribuir para a evolução dos processos e inovação da empresa.”

Segundo ele, a Serasa trabalha com cinco grandes focos da gestão do conhecimento. O primeiro engloba os conhecimentos críticos e reais da companhia e realiza o mapeamento das necessidades. O segundo se volta para a colaboração, a fim de criar e gerar conhecimentos colaborativos. O terceiro faz pesquisas aplicadas, desenvolvendo programas internos e buscando parcerias para obter, externamente, novos conhecimentos. O quarto abrange a memória viva da empresa, sensibilizando o acesso às in-formações para retratar a evolução dos processos estratégicos. E, finalmente, o quinto envolve, justamente, o centro de conhecimento, no qual espaços físicos têm o papel de contribuir para o desenvolvimento do profissional por meio de livros, revistas, trabalhos acadêmicos e mídias digitais.

CAUTELAMas é preciso cautela ao com-

partilhar as informações, uma vez que nem todas podem ser transmitidas a qualquer colaborador. “Alguns conhecimentos devem ser controlados. E aquele que é mais valioso deve ser trabalhado de forma estratégica. É fundamental fazer essa classificação entre o conhecimento operacional e o estratégico”, explica Saito, da SBGC. “Cada vez mais, com o aumento dos concorrentes e da competitividade, é essencial assegurar o nosso segredo, a nossa fórmula de sucesso. A gestão do conhecimento vem, justamente, para proteger esse ativo e garantir que ele fique dentro da empresa. Quando eu perco um talento, a pessoa vai embora, mas o conhecimento permanece na organização”, diz Trajano.

No entanto, Cavalcanti, da COPPE/UFRJ, lembra que as organizações devem ficar atentas para que esse conhecimento estratégico não se torne obsoleto. Para Trajano, da Serasa, é fundamental ter uma área que impulsione e fomente essa gestão. “Se esses conceitos não forem sempre

estimulados e fortalecidos pela companhia, eles acabam se perdendo. Ou podem ainda ser substituídos por outros assuntos, como inovação, qualidade e processos. E a gestão do conhecimento é maior do que tudo isso. Ela está alinhada com as pessoas e, por isso, é preciso que elas acreditem e se envolvam. Não é com investimentos em tecnologia ou plataformas que se faz gestão do conhecimento, mas, sim, com a conscientização e mudança de atitude das pessoas”, conclui.

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DICAS SOBRE COMO ADOTAR A GESTÃO DO CONHECIMENTO

1 - Crie uma área ou contrate uma pessoa responsável

2 - Identifique que tipo de conhecimento é mais valioso para sua companhia

3 - Elabore táticas para assegurar que esse conhecimento seja preservado e

disseminado

4 - Crie um espaço físico de compartilhamento do conhecimento

5 - Conscientize os funcionários da empresa sobre a importância de trocar experiências

6 - Classifique os tipos de conhecimento: estratégico ou operacional

7 - Estimule o compartilhamento de informações entre as pessoas

8 - Desenvolva uma memória viva dentro da empresa, que mostre a evolução dos

processos e não deixe que isso se perca

9 - Registre as piores práticas para não errar novamente

10 - Deixe documentado aquilo do conhecimento que for importante e possa auxiliar os negócios

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TENDÊNCIA TECNOLOGIA

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Por Larissa Veloso

A partir de agora até o momento em que você terminar de ler este texto, cerca de 30 mil novas mensagens terão sido publicadas no Twitter, uma das mídias sociais mais usadas do mundo, o que nos dá uma média de 3 mil a cada minuto. E até que não é muito, se levarmos em conta que durante o último réveillon, os usuários do Japão chegaram a quase 7 mil tweets por segundo, estabelecendo um novo recorde mundial, de acordo com a própria rede social.

A quantidade de novas informações que surgem a cada momento na internet é tão grande que está transformando a maneira como as empresas conduzem os negócios. Para buscar outros meios de se analisar essa gigantesca massa de dados, foi criado um novo conceito: o Big Data. De acordo com o Gartner, um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de consultoria em tecnologia da informação, o Big Data possui três características principais, conhecidas como os “3 Vs”: volume, velocidade e variedade.

As duas primeiras definições são fáceis de perceber. Trata-se de informação em larga escala

A informação certa nunca foi tão valiosa e difícil de ser encontrada em meio à gigantesca quantidade de dados que brotam da internet. Conheça o Big Data, conceito que pode ajudar os empresários a encontrar a agulha no palheiro

fornecida em tempo real, como a que vemos no Twitter. Mas não é apenas nas mídias sociais que encontramos o Big Data. E é aí que entra o terceiro conceito, o de variedade. “Existem basicamente três fontes das quais se pode obter esse tipo de dado. A primeira está realmente nas mídias sociais, como o Twitter e o Facebook. A segunda abrange informações de outros tipos de páginas da internet, como blogs, sites de venda, etc. E a terceira, que se refere a dispositivos inteligentes conectados à web que coletam informações, como smartphones, mas também carros, equipamentos de segurança, sensores em fábricas e afins”, explica um dos responsáveis pela área de gerenciamento de informações da IBM no Brasil, Marcos Panichi.

Essa diversidade de fontes é um ponto a favor das pequenas e médias empresas, que podem ainda não dispor de uma base volumosa de clientes para analisar. “São

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Caçadaaos dados

É preciso saber mesclar as novas tecnologias

com as tradicionais

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dados que podem estar em diferentes formatos, até em simples arquivos de documentos em Word, ou mesmo registros de vendas, que a empresa guardou e não faz uso. Esse material pode trazer conteúdo relevante, a questão é como garimpar os dados”, explica o diretor da área de inovação da GS1 Brasil, Roberto Matsubayashi. Já Panichi cita como exemplo o sinal emitido pelos celulares equipados com GPS. Com o acesso a esses dados e usando um sistema inteligente, é possível, por exemplo, determinar onde as pessoas se concentram em uma grande cidade ao longo do dia e para qual lugar esse fluxo se dirige, auxiliando a organização do trânsito.

A análise do Big Data pode, inclusive, alterar a forma como as empresas contratam. Há companhias que já estão combinando dados disponíveis na internet para traçar cálculos que apontam onde estão jovens talentosos que ainda estão fora do mercado. De

acordo com o jornal norte-americano The New York Times, empresas como Facebook, Amazon, Walmart, Google e o próprio Twitter estão experimentando esse método para recrutar funcionários.

SAIBA O QUE PROCURARUm dos grandes desafios da análise

do Big Data, no entanto, é a gestão do grande volume de dados. Como, na maioria das vezes, as informações não estão estruturadas em categorias ou disponíveis em apenas uma fonte,

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é preciso usar as ferramentas certas e, principalmente, contar com pessoal especializado da área de tecnologia da informação para lidar com elas. E isso tudo sem abrir mão da velha forma de se coletar dados. “É preciso saber mesclar as novas tecnologias com as tradicionais. Até porque é preciso guardar determinadas informações para registrar impostos, contabilidade e outros dados. Se você não tem essa base, não adianta substituir por uma nova tecnologia”, ressalta o analista e vice-presidente de Pesquisa do Gartner, Bill Hostmann.

Quanto mais conectados os dados estiverem entre si, maior a facilidade para fazer o trabalho. “A questão da padronização, por exemplo, é muito importante. Se usamos um mesmo código para designar o mesmo produto ao longo de toda a cadeia produtiva, poderemos no futuro usar estratégias de Big Data para analisar o que funciona ou não em diversos pontos do processo”, exemplifica Matsubayashi. Dessa forma, investimentos na área de tecnologia da informação são mais do que bem-vindos.

Os especialistas em Big Data, no entanto, são unânimes ao afirmar que é preciso evitar a armadilha de se tornar refém dos dados e da tecnologia. “Antes de tudo, descubra qual decisão quer tomar. E só depois procure a informação, não o contrário. Muitos vão analisar os dados primeiro e depois tentar adaptar os negócios ao que encontraram, mas não é dessa forma que funciona”, declara Hostmann. Ou seja: é mais um exemplo que prova que tecnologia é fundamental, mas não pode substituir a experiência e a criatividade do empreendedor.

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Big Data é um novo conceito criado para buscar outros

meios de se analisar as informações que circulam

na internet e em dispositivos inteligentes conectados à web

OS BONS EXEMPLOS

Medway Youth Trust – InglaterraFonte dos dados: formulários preenchidos por assistentes sociaisSolução: a entidade foi a última ganhadora do prêmio de Business Inteligence, do Gartner. Usando um programa da IBM para analisar anos de intervenções do governo, foi possível traçar um modelo que prevê quando determinado adolescente está em risco de se envolver com drogas e criminalidade

Hospital Universitário de Ontário – CanadáFonte dos dados: sensores que monitoram os sinais vitais dos recém--nascidos, como pressão e batimento cardíacoSolução: as informações sobre a saúde dos bebês foram mescladas em um grande banco de dados sobre a saúde. A partir de análises computacionais, foi possível prever quando um paciente da UTI neonatal precisaria realizar alguma intervenção

Annenberg Innovation Lab – Estados UnidosFonte dos dados: TwitterSolução: um laboratório de inovação da Califórnia usou técnicas computacionais para determinar se as pessoas estavam falando bem ou mal de determinado filme na rede social. Planilhas com milhares de opiniões sobre os indicados foram analisadas por programas e foi possível prever o ganhador do Oscar de 2012

Saiba como empresas e instituições já usaram o Big Data

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JOGO RÁPIDO INTERNET

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Por Denise Turco

Informação acessível e organizada de maneira simples para todos. Esse é o princípio do Google, que cada vez mais está sendo incorporado pelo mundo corporativo. Já faz alguns anos que a gigante da internet oferece ferramentas desenhadas para as necessidades das empresas, mas agora isso torna-se cada vez mais estratégico.

A ideia é que as organizações consigam reduzir custos e aumentar a produtividade por meio da computação em nuvem, da mobilidade e do compartilhamento de informações, tendências que surgiram com a evolução da internet e não podem ser mais ignoradas pelas empresas, independentemente do porte.

No Brasil, a Setesys, parceira do Google no País desde 2009, já implementou a solução corporativa chamada Google Apps em mais de 150 empresas de diferentes tamanhos e segmentos. Na entrevista a seguir, o fundador e CEO da Setesys, Beni Kuhn, fala sobre como as pequenas e médias empresas podem aperfeiçoar seus negócios utilizando essa ferramenta. Atualmente, Kuhn também é uma das lideranças, no Brasil, do Google Business Group (GBG), iniciativa lançada em 2012 pela gigante da internet em mais de 30 países. Trata-se de grupos de discussões, gerenciados por voluntários, destinados aos interessados em usar a internet para fazer negócios,

compartilhar informações e gerar networking. Qualquer profissional pode participar dos grupos, presentes em vários Estados, sem qualquer custo.

Na sua visão, quais são as principais dificuldades das pequenas e médias empresas para conectar seus negócios na internet?

Acredito que a principal dificuldade está no desconhecimento sobre como a internet pode ajudar nos negócios, mensurar ações e fazer correções, quando necessário. Outros motivos são: a falta de tempo para aprendizado e o foco no dia a dia da empresa. É preciso entender que a tecnologia é algo estratégico para o negócio. Por isso, é importante pesquisar e ter interesse no aprendizado contínuo, participando de cursos e eventos, por exemplo.

Como é a atuação do Google no mercado corporativo? Essa participação vem crescendo?

Nos últimos anos, as organizações identificaram uma grande dificuldade de encontrar informações internamente. Um colaborador chega a desperdiçar um terço do seu tempo, em média, procurando informações dentro da empresa. Vislumbrando a oportunidade de ingressar no mercado corporativo, em 2007, foi criada a Google Enterprise, divisão responsável por atender essa área. A ideia é que

Soluções além da buscaCompanhia investe cada vez mais em ferramentas para ajudar a gestão de pequenas e médias empresas

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32 jul/ago/set 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

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As soluções corporativas do Google podem ser integradas às mídias sociais? Quais seriam os principais benefícios disso?

A internet mudou o comportamento das pessoas, principalmente, por ser o único meio no qual você produz e consome conteúdo ao mesmo tempo. As ferramentas corporativas do Google podem ser integradas às mídias sociais sim. Mas é preciso entender qual a necessidade ou a expectativa da atuação de uma empresa nas mídias sociais. Atuar nelas sem fazer um planejamento de comunicação é desperdício de energia e de dinheiro.

Até 2012, o Google Apps era gratuito. Por que passou a ser pago e como funciona agora para as empresas que quiserem comprar o serviço?

Hoje, a versão gratuita está disponível somente para escolas. O Google tem a visão e a estratégia de que tudo o que for para pessoa física será sempre gratuito, mas para pessoa jurídica será cobrado. As empresas podem comprar a ferramenta diretamente do Google ou de parceiros como a Setesys. Para as organizações que já usavam, o serviço continua gratuito para até dez licenças; se precisar de mais, será necessário comprar.

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o Google ajude as companhias a encontrar informações internas, assim como auxilia as pessoas a acharem o que buscam na internet. O Google, como empresa de tecnologia, possui duas especializações: gestão de infraestrutura (servidores, links, storage, energia, etc.) e desenvolvimento de aplicações (criação de novos produtos). A partir dessa demanda, percebeu uma nova oportunidade: oferecer tecnologia como serviço. Então, criou, em 2008, o serviço chamado, atualmente, de Google Apps for Business, 100% baseado na computação em nuvem, que permite fazer negócios em qualquer hora, lugar e equipamento.

De que forma essa ferramenta pode ajudar a gestão das pequenas e médias organizações?

Ela ajuda na melhoria da comunicação e na forma de trabalhar em equipe com agilidade e segurança. Em média, o Google Apps proporciona 45% de economia em tecnologia para pequenas e médias empresas e 30% de incremento na produtividade. A principal maneira de reduzir custos se dá pela utilização da tecnologia como serviço, e não como ativo, afinal as empresas não precisam investir em sistemas, servidores e licenças, por exemplo. Entre os ganhos de produtividade estão: possibilitar a discussão de um contrato com várias pessoas em tempo real a partir de locais diferentes – todos acessando e usando o mesmo arquivo; trabalhar remoto, evitando desperdício de tempo no trânsito; agilizar a comunicação interna, via chat, videoconferência, intranet, fórum de discussão e rede social; e ainda encontrar informações facilmente.

Qual a visão do Google em relação ao cenário econômico e de negócios no Brasil, tendo em vista as oportunidades que surgirão com os megaeventos esportivos que serão realizados no futuro?

O Google olha com muito carinho para o Brasil. Estamos em crescimento e temos muitas oportunidades. Apenas 30% das empresas brasileiras de pequeno e médio porte estão on-line. Por isso, ainda temos um longo caminho a percorrer.

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Beni Kuhn, CEO da Setesys, parceira do Google no Brasil

“O Google olha comcarinho para o Brasil.

Apenas 30% das empresas de pequeno e médio porte

estão on-line. Por isso, ainda temos um longo caminho a percorrer”

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LOGÍSTICA PLANEJAMENTO

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Por Camila Guesa

A organização na área de logística de uma empresa, ou a falta dela, tem impacto direto nos resultados e no relacionamento com os clientes. Processos desalinhados afetam a produtividade e geram atrasos nas entregas. No entanto, quando a operação logística caminha bem, ela ajuda a melhorar o nível de serviço, a controlar os custos e a otimizar o investimentos em ativos.

Ter uma visão sistêmica de todos os processos e elaborar o planejamento logístico são pontos essenciais para a gestão. “Em geral, os custos logísticos representam entre 15% e 20% do faturamento das empresas”, comenta o vice-presidente de marketing da Associação Brasileira

Nas empresas de pequeno porte, nas quais o orçamento é apertadoe qualquer erro pode ser prejudicial para a imagem da organização,é essencial elaborar um planejamento logístico

de Logística (ABRALOG), Edson Carillo. São percentuais consideráveis, especialmente para os pequenos e médios negócios – que trabalham com margens de lucro apertadas.

Na essência, a logística é definida como o processo que envolve todo o fluxo de materiais dos fornecedores (suprimentos), a movimentação e a armazenagem interna da empresa (intralogística) e o fluxo de produtos acabados para o mercado (distribuição), explica Carillo. “Sem dúvida, o ponto principal para a empresa se tornar mais eficiente e competitiva”, afirma Henrique Sá, supervisor de marketing da Dematic, operador logístico especializado em varejo que tem entre seus clientes a marca Sadia, da BRF.

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Eficiência e controle dos negócios

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Nos negócios de menor porte, em que qualquer redução de custos é bem-vinda e nos quais os erros são prejudiciais para a imagem da empresa, o passo inicial é estudar os objetivos, a estratégia da organização e o mercado no qual atua. A partir daí, dimensionar um plano logístico que se ajuste ao momento atual, mas que possa ser ampliado no futuro. Sem essa análise inicial, não invista em processos e softwares complexos que não caberão no orçamento, recomendam os especialistas.

O nível de serviço ao cliente, a localização do armazém, os estoques e o transporte devem ser os principais pontos do planejamento logístico por causa do impacto que causam na lucratividade e no retorno sobre o investimento. “O planejamento deve ser detalhado para evitar, ao máximo, correções futuras que poderão gerar custos não provisionados”, diz Sá.

Desconhecer os fluxos e não consi-derar a infraestrutura (equipamentos e sistemas) adequada à operação são grandes falhas que podem ocorrer na fase de planejamento. Para evitar isso, é importante conhecer profundamente o volume movimentado no armazém, o mix de produtos e os prazos, o que pode permitir a consolidação da carga sem impacto no nível de serviço.

A própria empresa pode investir em ativos, equipamentos e equipes, mas o custo não é barato. E ainda pode ser desvantajoso, uma vez que a companhia tira o foco de sua atividade principal (core business). As organizações que não trabalham com grandes volumes de mercadorias, a ponto de justificar uma operação logística própria, podem contratar prestadores de serviços para reduzir custos e ganhar produtividade.

Transportadoras e operadores logís-ticos são especializados na gestão

dos processos de armazenagem e movimentação de materiais, possuem capacidade de análise e planejamento e ainda oferecem soluções com uso de tecnologia de ponta. “A desvantagem de trabalhar com transportadoras e operadores logísticos é deixar de aprender e de agregar esse conhecimento internamente. O ideal, neste caso, é ter um funcionário que faça a integração entre a empresa e o prestador de serviço, melhorando o fluxo de informações entre os dois”, aconselha Leandro Callegari Coelho, consultor em administração com foco em gestão de operações e logísti-ca, responsável pelo conteúdo do site www.logisticadescomplicada.com.

AUTOMAÇÃO Para lidar diariamente com o

grande volume de informações sobre mercadorias e processos, é essencial contar com a automação na área de logística. “Um profissional capacitado e um software apropriado são fundamentais para auxiliar na gestão logística”, ressalta Coelho.

A tecnologia auxilia na gestão de informações, melhorando a qualidade de toda a operação. O histórico de

VISÃO GLOBALO que considerar ao traçar o planejamento logístico

• Estudar os objetivos, a estratégia e o mercado onde a empresa atua• A partir daí, dimensionar um plano logístico que se ajuste ao momento atual, mas que contemple o crescimento da empresa no futuro• Definir o planejamento, considerando: nível de serviço ao cliente, localização do armazém, estoques e transporte

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2013 35

dados armazenado pode ser usado para aprimorar as atividades, ganhando tempo e qualidade e reduzindo custos na movimentação de produtos e no transporte das mercadorias.

A automação e a adoção da padronização proporcionam uma série de vantagens para a logística: diminuem a ruptura, mantêm o estoque ajustado e reduzem os erros e as perdas. Soluções de código de barras facilitam o processo de identificação com melhor precisão e agilidade, ajudando a automatizar as operações e evitando erros de digitação, por exemplo. Já a adoção da tecnologia de identificação por radiofrequência, a RFID, permite uma maior visibilidade do produto em todas as etapas da cadeia de abastecimento.

Segundo o assessor de soluções e negócios da GS1 Brasil, Edson Matos de Lima, a automação e a adoção da padronização também auxiliam no re-lacionamento entre empresas e fornece-dores utilizando EDI (troca eletrônica de dados) para pedido, entrega e fatu-ramento. “A troca eletrônica de dados é uma maneira de combinar padrões com a finalidade de melhorar todo negócio no planejamento logístico”, destaca.

“Os investimentos necessários para uma moderna automatização variam conforme as necessidades, devendo ser orçados caso a caso, uma vez que a maioria das empresas já tem parte dos recursos instalados os quais poderão ser integrados aos novos sistemas implementados”, conclui o consultor e palestrante do Instituto Tecnológico de Negócios, Marcos Luthero.

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FLUXO PERFEITOO controle das operações logísticas envolve:

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Na era do consumidor multicanal, uso de padrões de automação e logística é essencial para garantir ainda mais eficiência à gestão e assegurar uma experiência de compra satisfatória para o cliente

Por Giseli Cabrini

AUTOMAÇÃOEVENTO

A gestão de logística e automação em processos de produção, expedição, distribuição e varejo são temas que fazem parte do dia a dia das organizações em todo o mundo. No entanto, o surgimento do conceito de omni-channel, que prevê a integração total entre os canais de venda, implica novos desafios e oportunidades em todas essas etapas da cadeia de abastecimento. O diferencial passa a ser a experiência que o consumidor tem com a marca e não o canal escolhido.

Atualmente, o mundo digital pos-sibilita que o consumidor tenha acesso

a múltiplos canais para a aquisição de produtos e serviços e permite o cruzamento entre os ambientes físico e virtual. É cada vez mais comum o consumidor realizar uma compra pela internet, retirar o produto em uma loja física, trocá-lo em outra unidade e comentar a experiência que teve nas mídias sociais.

O omni-channel exige um esforço ainda maior por parte das empresas no tocante à logística e automação de processos. Nessa direção, a padroniza-ção de processos e a rastreabilidade

na cadeia de abastecimento passam a ser essenciais para garantir que o consumidor tenha uma experiência de compra satisfatória.

Com base nessas premissas, a GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação realizou, em 11 de junho, em São Paulo, a 3ª Conferência Internacional sobre Automação e Logística – Brasil em Código. Cerca de 300 participantes – entre líderes das principais empresas do País, autoridades e executivos da GS1 da Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Guatemala, El Salvador,

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36 jul/ago/set 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Um por todos, todos por um

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Costa Rica, República Dominicana, México e Bélgica – compareceram ao evento voltado a apresentar e debater tendências tecnológicas envolvendo gestão logística e automação.

“É um evento que, em sua terceira edição, já está consolidado. Nosso objetivo é apresentar as melhores práticas em padronizações de processo adotadas pela cadeia de abastecimento. Além disso, fomentar discussões sobre as tecnologias disponíveis em sintonia com nosso esforço permanente para manter o País na comunidade global de negócios para atingirmos melhores níveis de desempenho e competitividade”, disse o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira.

A especialista em marketing na era digital e responsável pela mediação da conferência, Martha Gabriel, destacou que, atualmente, há conexão em

tudo: conteúdos, sistemas, pessoas. E essas conexões

dependem intrinsecamente da utilização de códigos.

“A importância da utilização de códigos tecnológicos na sociedade é equivalente à importância da linguagem. Sem uma língua em comum é impossível se comunicar. Sem padrões nós ficamos limitados em termos de comunicação e na utilização de processos.”

Palestrantes nacionais e internacionais marcaram pre-sença no evento explorando temas e cases que mostraram a importância da padronização e da rastreabilidade. O grande destaque foi a apresentação do vice-presidente da Digital Marketing Global EF Education, Erik Qualman, e autor dos livros Socialnomics e Líder Digital e Crise, que falou sobre as principais tendências do mundo

digital. Confira a seguir o resumo das palestras da conferência e uma entrevista exclusiva.

João Carlos de Oliveira,presidente da GS1 Brasil“Nosso objetivo é fomentar discussões sobre as tecnologias disponíveis em sintonia com nosso esforço para manter o País na comunidade global de negócios”

Martha Gabriel, especialista em marketing na era digital

“Sem padrões nós ficamos limitados em termos de comunicação e na

utilização de processos”

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PRODUTO CERTO, NA HORA CERTA A gestão da cadeia logística no Grupo Pão de

Açúcar (GPA) envolve números gigantescos. São mais de 52 centros de distribuição que abastecem unidades com diferentes perfis: hiper, súper e minimercados, atacarejo, lojas de móveis e eletroeletrônicos. Isso sem contar as vendas no comércio eletrônico. “Nossa missão é garantir a melhor experiência de compra para todos os nossos clientes em cada uma das nossas lojas. Temos como desafio garantir a entrega do produto certo, na hora certa”, disse o diretor de abastecimento do GPA, Paulo Leônidas.

Ele ressaltou que, em virtude disso, a padronização e o uso de soluções de logística e automação são essenciais. A utilização de

identificação por radiofrequência (RFID) confere mais agilidade e eficiência aos processos, além de possibilitar a ras-treabilidade das mercadorias.

A integração com os fornecedores também é fundamental para assegurar uma gestão de estoques eficiente. Nesse sentido, Leônidas destacou a parceria com a GS1 Brasil, que tem auxiliado o grupo nessa troca com os fornecedores, principalmente em relação aos trâmites envolvidos para a adoção da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e).

O executivo aproveitou a oportunidade para anunciar que o GPA irá adotar, ainda neste ano, a solução GS1 DataBar nas vendas de frios e carnes fracionados para ampliar a segurança na validade dos produtos.

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ONIPRESENÇA O membro do conselho da GS1 global e ex-presidente

do Conselho Administrativo da Johnson & Johnson (J&J), Ajit Shetty, destacou o uso de padrões globais a fim assegurar a saúde dos pacientes. Segundo ele, o lema de quem atua nesse segmento deve ser: em qualquer lugar e momento. Ou seja, é preciso ser onipresente.

De acordo com o executivo, o mercado de saúde movimenta U$ 5,7 trilhões, o que representa de 7% a 8% do Produto Interno Bruto (PIB) global. E envolve cada vez mais desafios, uma vez que a expectativa de vida da população é crescente em todo mundo. Pesquisas mostram que pessoas acima de 60 anos consomem um volume três vezes maior de medicamentos do que aquelas que estão abaixo dessa faixa etária. Além disso, doenças que antes eram sinônimos de sentenças de morte – como a Aids – tornaram-se apenas crônicas.

Dessa forma, a demanda mundial por medicamentos deve apresentar crescimento contínuo ao longo dos anos. E isso amplia riscos no tocante à falsificação. “Quem compra um medicamento falsificado, muitas vezes, corre o risco de não acordar no dia seguinte”, destacou.

Portanto, segundo Shetty, o uso de soluções, por parte dos governos e empresas, que promovam a rastreabilidade em toda a cadeia é fundamental para inibir a falsificação e facilitar operações de recall. “A adoção dos padrões globais GS1 pode beneficiar pacientes e consumidores do mundo inteiro e salvar vidas.”

PASSADO, PRESENTE E FUTURO O diretor de inovação e alianças estratégi-

cas da GS1 Brasil, Roberto Matsubayashi, destacou que, atualmente, a padronização de processos e o uso de soluções de automação e logística devem acompanhar a evolução dos consumidores. “As compras virtuais não se limitam mais aos computadores e podem ser feitas por meio de dispositivos móveis. Isso implica mudanças na cadeia de suprimentos no tocante à conveniência, sortimento e proximidade com o consumidor que passou a ser global e está cada vez mais exigente.”

Nesse sentido, ele apresentou o estudo “O Futuro dos Padrões na Indústria de Bens de Consumo & Varejo: reduza os custos e atenda às necessidades dos novos consumidores”, realizado pela consultoria Capgemini, em parceria com a GS1 e com o Consumer Goods Forum, associação mundial que reúne as indústrias de bens de consumo. A conclusão é que muitas demandas atuais e futuras relacionadas ao uso de padrões podem ser solucionadas

a partir do aprimoramento do que já existe. “Se todos os códigos de barras existentes no mercado estivessem 100% corretos, o aumento de produtividade seria de 26%.” Ele finalizou dizendo que entre os novos projetos da GS1 está o desenvolvimento de soluções de padronização para mobile commerce.

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LOGÍSTICA REVERSAO uso de tecnologia de identifica-

ção por radiofrequência (RFID) faz parte do dia a dia da multinacional HP e é responsável não apenas por beneficiar a gestão logística das fábricas mas também por integrá-las globalmente. Além de garantir maior eficiência no processo de logística reversa.

No Brasil, cada impressora que sai da linha de produção possui uma etiqueta inteligente desde 2006. Aos poucos, a tecnologia RFID, no padrão

global EPC (Código Eletrônico de Pro-duto), da GS1, um número único usado para identificar cada item, foi estendido para outros tipos de mercadorias, entre elas os cartuchos, e processos como a complementação

do produto (muitas vezes, ele começa a ser fabricado em um país e é finalizado em outro). A tecnologia também é utilizada para o controle dos componentes adquiridos de fornecedores.

No entanto, a empresa queria ir além e estender o uso de solução de radiofrequência no processo de logística reversa. Ou seja, produzir novos produtos a partir da reciclagem de itens que foram descartados,

gerando assim benefícios para o meio ambiente e para a própria compa-nhia. A partir daí nasceu o projeto SmartWaste. O desafio era garantir que a rastreabilidade dos itens chegasse até os pontos de coleta e reciclagem, que operam em condições adversas e, muitas vezes, não têm acesso à tecnologia. “Ao usar uma solução padronizada de RFID, socializamos a forma de fazer a rastreabilidade do produto. Na entrada dos pontos de reciclagem, é instalada uma unidade de leitura por radiofrequência”, disse o gerente de operações go-to-market da HP, Marcelo Pandini. Ele explicou que, dessa maneira, é possível saber qual o componente de cada produto está sendo coletado de volta, uma vez que ele é identificado individualmente. “Isso permite ainda monitorar a obsolescência dos itens e aprimorar a qualidade final”, concluiu.

RepresentatividadeEvento reuniu executivos, autoridades e membros da GS1 de vários países

Diálogo abertoPalestrantes responderam a perguntas enviadas pelo público

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Mundo digital

Erik Qualman,Especialista em tecnologia digital“Quase 80% do conceito tradicional de liderança continua válido. O que mudou é que vivemos em um mundo mais transparente”

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Erik Qualman é um dos mais reconhecidos espe-cialistas mundiais em tecnologias digitais. Ele defende que as mídias digitais têm provocado uma revolução na forma de fazer negócios e na relação entre as empresas e os consumidores. Confira a seguir entrevista exclusi-va para a Brasil em Código.

Como as mídias sociais têm modificado a forma de fazer negócios?Na era das mídias digitais, são os consumidores que têm o poder de fazer a propaganda boca a boca das empresas, seja ela pequena, média ou grande. São eles que vão contar a história do seu negócio tanto no mun-do físico quanto virtual. Mude a forma de fazer negó-cios com base naquilo que o seu consumidor diz sobre você e na forma como ele o avalia.

Quais são as oportunidades e desafios dessa trans-formação para empresários brasileiros?No Brasil, o acesso e a conexão à internet estão em expansão e os custos são cada vez menores. O grande desafio está na diversidade de perfis de consumidores. Por exemplo, a classe C tem um potencial enorme por reunir muitas pessoas e estar em crescimento. No en-tanto, seja qual for o perfil do seu consumidor ou po-tencial cliente, o conselho é: ouça primeiro e só depois entre em ação. E pense em como reagir.

Como as empresas podem usar as novas ferramen-tas que estão surgindo, como o Big Data?Faça com que aquela imensa massa de dados pulveriza-dos, o que as pessoas falam e escrevem no mundo virtual, tenha sentido para sua empresa. Torne essas informações acessíveis, organize-as e extraia dados que vão fazer a di-ferença para o seu negócio.

Quais as diferenças entre o líder digital e o conceito tradicional de liderança?Quase 80% do conceito tradicional de liderança continua válido. O que mudou é que vivemos em um mundo mais transparente. Tudo aquilo que um líder diz ou escreve publicamente se torna conhecido. É preciso ainda estar atento ao fato de que ninguém é capaz de realizar várias atividades ao mesmo tempo; é necessário ter um foco es-pecífico. Há também a questão da geração Y que não se importa em saber o que a empresa faz, mas o porquê. As pessoas dessa geração querem atuar junto com empresas que tornem o mundo no qual vivem melhor.

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INTERATIVIDADE

A conferência foi marcada pela interação e tecnologias digitais. Os tradicionais crachás foram substituídos por cartões magnéticos. Os presentes também tiveram a oportunidade de fazer seu check-in no Foursquare. As palestras foram transmitidas, em tempo real, na plata-

forma www.eventials.com/brasilemcodigo, disponível no hotsite do evento (www.brasilemcodigo.com.br). Destaques e fotos puderam ser acompanhados também por meio do Twitter e Instagram. Durante o debate, os participantes enviaram perguntas a partir de seus celulares e tablets. Para quem perdeu, o conteúdo está disponível nas páginas da GS1 Brasil no YouTube (www.youtube.com/gs1brasil), Facebook (www.facebook.com/gs1brasil) e Linkedin (www.linkedin.com/company/gs1-brasil).

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GESTÃO COLABORAÇÃO

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Durante muito tempo, a negociação entre empresas e fornecedores foi pautada na barganha, na briga pelo preço. No entanto, hoje, para se ter sucesso no mercado, não é mais possível pensar ou agir de forma isolada. Nesse sentido, as empresas passam a demandar de seus fornecedores mais do que simplesmente descontos e prazos adicionais de pagamento. “A profissionalização do varejo e da indústria no Brasil culminou em negociações com um nível diferente. Apesar de a queda de braço entre empresas e fornecedores ainda ser frequente, muitas ações já têm sido planejadas em conjunto, desenvolvendo termos de verdadeiras parcerias”, afirma o coordenador de estudos e pesquisas do PROVAR, Nuno Manoel Martins Dias Fouto.

É certo que para uma parceria ser bem-sucedida, há que se investir tempo e energia na identificação das oportunidades e no desenvolvimento das ações necessárias para atingir os objetivos traçados. “É preciso reunir as duas partes para verificar os objetivos de cada uma e fazer uma análise de viabilidade. Isso custa tempo. É necessário que tudo o que se pretenda

fazer esteja claro num contrato, especificando os deveres de cada parte, quanto cada uma investiu e como será a divisão dos ganhos”, explica Fouto. Ele reforça que, apesar das dificuldades, os benefícios são múltiplos. “Um parceria nesse sentido torna-se uma grande vantagem competitiva, pois será algo exclusivo”, argumenta.

Como toda relação, a parceria exige confiança e transparência dos dois lados, lembra o sócio sênior na GS&MD – Gouvêa de Souza, Alexandre Cassiano Horta. “Se cada um olhar oportunidades para que somente ele obtenha vantagens, a parceria não terá futuro. O que determina o sucesso e a longevidade das relações é a crença de que ela será boa para todos.”

Visto como parceiro, o fornecedor precisa ser submetido a um processo de compartilhamento de objetivos, de definição de metas e de regras claras que mostrem que os vínculos entre as empresas possam evoluir. “Para que isso funcione, é necessário ter informação e controles organizados de forma a acompanhar corretamente o histórico da relação

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Diálogo possívelEmpresas e fornecedores podem estabelecer uma relação sólida, transparente e lucrativa por meio de comunicação eficaz e de ações conjuntas

Por Kathlen Ramos

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e a existência de discussões formais de avaliação da relação. Quanto mais claro ficar para o fornecedor o seu propósito e o rigor de controle, mais convergente será esse processo e mais rápido os frutos aparecerão”, conclui Horta.

BENEFÍCIOS MÚLTIPLOSTer o fornecedor como um aliado

pode trazer diversas vantagens para a empresa. “Em geral, ele possui muita informação sobre o público-alvo de seus produtos, o que é extremamente útil para desenvolver um processo mais eficiente de comunicação com o consumidor. Assim, no caso do varejo, por exemplo, é possível posicionar os produtos de forma mais alinhada com o investimento em mídia e de trade marketing realizado pelos fornecedores”, exemplifica Horta. Ainda é possível melhorar o desempenho das categorias de produtos por meio de maior giro e menor perda de vendas; conquistar

a exclusividade em lançamentos e promoções customizadas; fazer ações criativas nos pontos de venda e ter uma logística mais eficiente. “Não existem limites para os ganhos da relação no momento em que as partes decidem realizar um trabalho mais integrado e olhar para os benefícios que podem oferecer aos consumidores”, acrescenta o especialista da GS&MD. Ao propor uma parceria com um fornecedor, a maior vantagem que a empresa pode obter é sua fidelização, com acordos de longo prazo, condições de fornecimento ideais e uma relação em que ambos se complementam, aponta o consultor em gestão empresa-rial da Trevisan Gestão & Consultoria, Edison Cunha.

PREÇO NÃO É TUDOO critério preço nem sempre é o

fator decisivo no momento de escolher

o fornecedor. “É preciso considerar também a pontualidade no prazo de entrega das mercadorias, uma vez que questões logísticas e de deslocamento são um grande gargalo e podem comprometer os negócios”, analisa o consultor de projetos do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE-SP), Paulo Henrique Tavares.

Portanto, para começar, a empresa contratante pode enviar um questionário para seus fornecedores, com perguntas gerais e condizentes como seus objetivos, que ajudarão a realizar uma primeira triagem. Depois, com a escolha feita, a avaliação deve ser diária. Segundo Cunha, da Trevisan, pode-se levar em conta registros de não conformida-des e o seu tratamento; certificação em pro-gramas de qualidade, como o ISO 9000; quantidade de entregas no prazo em relação ao volume total; capacidade de produção e indicadores financeiros.

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SEGREDOS PARA UMA BOA PARCERIA COM OS FORNECEDORES

Compartilhe suas necessidades, expectativas, problemas e receios desde o primeiro contatoMostre a importância do fornecedor no processo da sua empresa. Lembre-se que ele é fundamental para o sucesso dos seus produtos ou serviços e inclua-o com carinho no seu negócioDefina, em conjunto, os critérios de qualidade para um bom fornecimento

Acompanhe e atue com objetividade dentro do estabelecido pelas duas partes

Dê feedback constante sobre o que está percebendo, sejam os resultados positivos, sejam negativos. E decida, com antecedência, um método de avaliação satisfatório para ambos Planeje sempre em conjunto para que possam decidir, diante da necessidade, o que fica melhor para os dois lados Durante as negociações, leve em consideração os interesses do consumidorEstabeleça um contrato contendo os sistemas, procedimentos, qualidade, quantidade, termos de entrega e condições de pagamento, por meio dos quais possam solucionar possíveis desacordos. O contrato também deve constar o quanto se investiu e qual será o ganho de cada uma das partes

Fontes: SEBRAE, Trevisan Gestão & Consultoria, GS&MD e PROVAR

1ºQUALIDADE

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Por Flávia Damaceno

Após aposentar-se, o policial militar Virgílio Possebom se encantou com a atividade de apicultor, no interior de Rondônia

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PERFIL EMPREENDEDORISMO

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Durante a infância e a adolescência, vividas entre as cidades de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, e Dois Vizinhos, no interior do Paraná, Virgílio Possebom não podia imaginar que a vida adulta seria construída em outro extremo do País. Mas, em 1983, quando seu pai voltou encantado de uma viagem feita a Rondônia, o destino começava a traçar novos rumos para ele e toda a família.

Disposto a recomeçar a vida naquele novo Estado, o chefe da família vendeu as posses que tinha no Sul e levou a esposa, Virgílio e os outros filhos para o Norte do Brasil, na pequena cidade de Vilhena, a 700 quilômetros da capital, Porto Velho. Anos mais tarde, Virgílio

resolveu prestar concurso na Polícia Militar. Foi aprovado e trabalhou na corporação por 23 anos na função de mecânico.

Há cinco anos, aposentou-se por tempo de serviço, já com a patente de sargento. Apesar do apreço pelo trabalho de manutenção de veículos, a aposentadoria o levou a uma atividade bem distinta e pouco usual. “Fui visitar um amigo que lidava com apicultura e logo me encantei com as abelhas. Coloquei um macacão de proteção e pedi a ele que me ensinasse o ofício”, conta Virgílio.

Decidido a manter-se ativo, o empreendedor resolveu transformar o mais novo interesse em uma ocupação.

O hobby virou coisa séria, e, hoje,o empreendedor

produz 3 mil quilos de mel por ano

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O policial reformado adquiriu uma caixa de abelha, logo comprou mais três, até que, aos poucos, o hobby foi virando coisa séria. Atualmente, já são 80 caixas, suficientes para produzir 3 mil quilos de mel por ano. A produção é transformada em xarope de mel, própolis e copaíba, entre outros produtos derivados.

A empresa, que foi batizada com o nome Apicultura Colonial, possui estrutura artesanal e conta com apenas mais duas funcionárias, a esposa e a filha de Virgílio. Embora os sistemas de produção e administração sejam familiares, o empreendedor faz questão de destacar que segue à risca a legis-lação que rege o empreendimento, além de estar em dia com procedimentos de

vistoria veterinária e de higienização. Paralelamente ao suporte sobre

normas de vigilância sanitária, o apicultor buscou ajuda para

profissionalizar e expandir o pequeno empreendimento.

Consciente de que era pos-sível aprimorar os processos da empresa, mesmo man-tendo a pequena estrutura, o empreendedor decidiu

entrar em contato com o Serviço Brasileiro de Apoio

às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) de sua cidade, que

logo o encaminhou à unidade da capital. No SEBRAE Rondônia, foi orientado a aplicar o código de barras nos rótulos dos produtos, para que o alcance de comercialização fosse maior. Virgílio seguiu o conselho e não se arrependeu.

DIFERENCIAL Associado à GS1 Brasil desde

novembro de 2012, o empresário contou com o auxílio de um consultor de São Paulo para receber capacitação e orientação sobre a maneira correta de adotar a aplicação do código de barras como uma das etapas da pequena produção. A partir da iniciativa, os produtos puderam ser vendidos nos grandes supermercados de Vilhena, que exigem a identificação padronizada. Como o código de barras ainda é pouco aplicado por empresas daquela região, representa um diferencial competitivo importante.

“Com a inserção do código de barras, nosso negócio foi crescen-do porque a venda em estabele-

cimentos de grande porte aumenta a divulgação. As pessoas compram

o mel e levam para outras cidades. Dessa forma, surgem pedidos de ou-tras localidades”, revela o apicultor.

Atualmente, a produção é vendida apenas na cidade de Vilhena, mas o plano é ampliar as fronteiras. Assim que abastecer por completo o mercado local, Virgílio pretende iniciar a comercialização para outras regiões no Estado.

Virgílio Possebom, apicultorProdução artesanal segue à risca normas sanitárias

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“Com a inserção docódigo de barras,

nosso negóciofoi crescendo porque

a venda emlojas de grande porte

aumentaa divulgação”

O sucesso do empreendimento deixa Virgílio satisfeito, mas sempre com o pé no chão. “Hoje não tenho estresse nem horário. Quero que a empresa cresça, penso em contratar mais dois funcionários, mas com cautela, sem pressa”, afirma.

Vivendo do hobby, em um pacato sítio de Vilhena, as preocupações só surgem diante de algum imprevisto na atividade em lidar com abelhas. Certa vez, o apicultor foi colher mel em meio à mata, onde mantinha cerca de 12 melgueiras – caixas conhecidas como cortiço de favos de mel. Ao se locomover entre as caixas, Virgílio acabou raspando em uma quina e a roupa de proteção se rasgou. Em questão de segundos, ele estava com o corpo tomado pelos insetos. Por sorte, avistou um açude. Largou tudo no chão, saiu correndo e mergulhou na água. Tudo não passou de um susto, mas foi suficiente para deixar muitas picadas como recordação.

“Tenho muitos casos para contar. Minha história de vida é muito bonita e longa, cheia de vivências e experiências”, relembra. “Minha mulher diz que já está na hora de sossegar, mas não vou parar nunca. Um homem que para de sonhar morre. É preciso ter sonhos e objetivos sempre”, afirma o empreendedor, enquanto pensa no futuro ao lado do mel produzido pelas abelhas.

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GESTÃO SOCIEDADE

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Em busca da alma gêmea corporativa

Procura pelo sócio ideal envolve objetividade e foco no perfil e nas reais necessidades do negócio

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Por Francine Mendonça

No aspecto pessoal, encontrar a metade da laranja, muitas vezes, é fruto do acaso. No entanto, no mundo corporativo a escolha de alguém para dividir a gestão de um negócio e para injetar capital voltado à abertura ou expansão de uma empresa demanda uma busca criteriosa. É preciso conhecimento prévio antes que o compromisso seja, de fato, firmado. A exemplo do que acontece na vida de qualquer casal, uma sociedade pode

envolver desavenças. E uma eventual separação pode ser ainda mais dramática e comprometer o futuro do empreendimento.

Na opinião da consultora jurídica do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Sandra Fiorentini, o primeiro passo para o empresário é identificar o próprio perfil, na sequência o do negócio e, finalmente, de quem deseja atrair. “Sou uma pessoa centralizadora

ou alguém que está disposto a dividir ou aceitar opiniões? A partir dessas respostas é possível verificar se a pessoa à frente do empreendimento em questão prefere atuar sozinha ou se está, de fato, preparada para ter um sócio com o qual possa compartilhar responsabilidades e atribuições.”

Ao avaliar o perfil do negócio, evite se deixar levar pela empolgação inicial. Verifique se a sociedade trará, realmente, benefícios para a empresa e

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ocorra”, pondera Villas Boas, da Empreende.Segundo ele, a busca deve ser guiada pela

qualificação e especialização, a exemplo do que é feito na contratação de um profissional para um cargo de confiança. Portanto, os chamados sócios prospectados junto ao mercado costumam minimizar os riscos de conflito ao imprimir, desde o início, um tom profissional à associação. Dessa forma, o processo de recrutamento de um sócio é similar ao de qualquer profissional. Boa formação profissional, experiência de mercado e personalidade compatível com o perfil da empresa estão entre os critérios de busca usuais.

No entanto, é preciso mais do que conhecimento técnico para manter acesa a chama do espírito empreendedor. Comprometimento também é essencial para o sucesso. “Avalie o que você e o sócio em potencial têm em comum. Nunca ofereça sociedade a alguém que não está disposto a dedicar o mesmo esforço que o seu. Isso desgasta e frustra a relação”, orienta Hilário Júnior. “Os sócios precisam perseguir os mesmos objetivos e se empenhar

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O primeiro passo para o empresário é identificar

o próprio perfil, na sequência o do negócio

e, finalmente, de quem deseja atrair como sócio

identifique quais serão eles, de acordo com a necessidade detectada. “Antes de optar pela sociedade, analise as alternativas. Muitas vezes, o que você precisa é apenas contratar um profissional que tenha liderança e co-nhecimento específico e não, exatamente, um sócio”, diz o economista, administrador e escritor José Hilário Júnior.

Se a opção for por estabelecer uma sociedade, a escolha do sócio precisa estar em sintonia com a necessidade do negócio: obter capital, agregar um novo talento ou criar uma área. “Você pode não ter todos os recursos necessários para abrir a empresa e, então, busca um sócio que seja capaz de investir. Outra opção é encontrar alguém que o auxilie na forma de gestão do trabalho, divida responsabilidades ou colabore com a oferta de uma habilidade específica”, afirma o sócio da Empreende, consultoria que faz cursos em empreendedorismo, Eduardo Vilas Boas.

Portanto, há dois tipos de sócios. “Os operacionais, que vão trabalhar no negócio em si, ocupando funções nas áreas financeira, operacional, comercial ou estratégica. O sócio investidor, por sua vez, vai trazer capital e pode até comprar participação societária, sem atuar na operação”, diz o sócio da Crowe Horwath, auditoria e consultoria, Fabio Farina.

CRITÉRIOSNos dois casos, os critérios de escolha têm de ser

objetivos, alertam os especialistas. Deixe o aspecto emocional de lado, principalmente se o potencial sócio for parente ou amigo, embora à primeira vista a proximidade possa envolver maior confiabilidade. “Negócios e amizade podem causar conflitos, se outras questões forem envolvidas”, aconselha Hilário Júnior. “Em uma relação assim, dificilmente, os sócios conseguirão separar as coisas, caso algum imprevisto

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juntos para levantar os investimentos necessários”, diz Sandra, do SEBRAE. Ela acrescenta que é preciso aliar disposição para correr riscos e ter capacidade de gestão.

Concluída a etapa de seleção do novo sócio, é chegada a hora de investir para que o relacionamento seja dura-douro. Estabelecer uma sociedade também implica mudanças na forma de gestão. Por um lado, ter um sócio significa que o poder de decisão deixa de ser unilateral e que será preciso prestar contas de cada ação. Por outro,

na falta dele, o empreendedor corre o risco de ficar sobrecarregado ou, simplesmente, não ter fôlego suficiente para agir sozinho. “O sócio é aquele que, muitas vezes, alivia o peso e a responsabilidade da tomada de decisão solitária nos momentos delicados da empresa”, diz o pesquisador de direito na Fundação Getulio Vargas (FGV) e sócio na Pacheco da Silva Advogados Associados, Alexandre Pacheco da Silva. “O sócio deve ser visto como alguém que irá ajudar a gerir a empresa, compartilhar decisões, definir rumos e estratégias, além de estabelecer planos”, completa Hilário Júnior.

Portanto, a palavra-chave está na sinergia entre os dois sócios. Muitas vezes, a necessidade de a empresa obter lucro para sobreviver, identificada por um deles, pode afetar a capacidade de gestão do outro. Assim, é necessário que ambos estejam abertos ao diálogo e saibam ouvir.

CUIDADOSNo entanto, todos esses cuidados

não garantem que, no futuro, o clima não azede. “Muitos sócios têm objetivos diferentes e ideias divergentes, que geram entraves nas decisões”, observa Farina, da Crowe Horwath. Para evitar que a relação vá para o vinagre, é

importante deixar claro como será a divisão de tarefas e o processo de tomada de decisões

Segundo os especialistas, uma saída é elaborar um acordo prévio. “Deixe o papel de cada um na sociedade

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Fabio Farina, da Crowe Horwath,O papel de cada um na

sociedade deve ser transparente para evitar brigas futuras

José Hilário Júnior, economista“Nunca ofereça sociedade a alguém que não está disposto a dedicar o mesmo esforço que o seu”

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A escolha do sócio precisa estar em sintonia com a necessidade da empresa: aumentar o capital, agregar um novo talento ou inserir uma nova área

o mais transparente possível e evite brigas futuras. Só assim, a associação se profissionaliza, independentemente se os sócios são amigos, parentes ou meros conhecidos do mercado”, ressalta Farina. Sem isso, a relação tende a ficar tensa a cada discordância e a se desgastar diariamente. “Muitas vezes, os sócios passarão mais tempo juntos do que com as famílias”, enfatiza o executivo da Crowe Horwath.

Assim, prevenir possíveis conflitos e, caso eles ocorram, saber contorná-los é fundamental uma vez que o fim de uma sociedade é algo que implica perdas para todos os envolvidos e, principalmente, para a empresa. “É muito comum que o rompimento de uma sociedade se pareça com o fim de uma relação pessoal, no qual o sócio que está saindo, magoado com quem permaneceu, queira se vingar atacando a imagem do empreendimento no mercado”, alerta Pacheco da Silva. E os prejuízos não param por aí. “As dívidas pessoais do sócio podem recair sobre a sua parte da sociedade. Isso pode afetar a empresa, na medida em que ela deverá disponibilizar um montante que não estava programado e prejudicar a saúde financeira do negócio”, alerta Hilário Júnior.

A conclusão dos especialistas con-sultados é que a sociedade deve ser

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Sandra Fiorentini, do SEBRAE,É preciso aliar disposição para correr riscos e capacidade de gestão

ACHE O PAR IDEAL

PARA QUEM DESEJA COMEÇARPara quem está planejando montar uma empresa e busca um

sócio, o ideal é atrair alguém com habilidades complementares.

“Se seu perfil é mais comercial, mas você possui dificuldades

na área administrativa ou financeira, o ideal é um sócio com

essas competências”, aconselha Sandra Fiorentini, do SEBRAE.

É importante ainda avaliar o aspecto financeiro do candidato a

sócio, currículo, propostas, interesses em relação ao negócio e

conhecimento da área de atuação do futuro empreendimento.

PARA EMPRESAS JÁ ESTABELECIDASQuem já tem empresa e busca um sócio precisa saber o

que procura. “Dividir atribuições? Aumentar capital? Pagar

dívidas? Sua empresa já tem um patrimônio, carteira de

clientes, nome no mercado? Quanto vale? O sócio que

entrar reconhecerá esse valor e investirá nela? Vai suprir as

deficiências de gestão? Com as respostas, fica mais fácil para

o empresário identificar o perfil do futuro sócio”, diz Sandra.

É preciso estar atento ainda ao aspecto legal. Em geral, a

entrada de um sócio acarreta aumento do capital social. Se um

sócio anterior sair para a entrada de um novo, há necessidade

de transferência de quotas. Nesse caso, o que se desligar tem

que vender sua participação para terceiros, oferecê-la aos

demais interessados e estabelecer condições igualitárias para

a aquisição de cotas, explica o especialista, José Hilário Júnior.

O fim de uma sociedade é algo que implica perdas para todos os envolvidos e, principalmente, para a empresa

vista como uma operação de divisão que, no final, deve resultar sempre na soma de interesses para as partes envolvidas, os sócios e, principal-mente, para a empresa. “Procure um perfil complementar ao seu. Identifique pontos fracos e procure quem não é igual a você ou que tenha as mesmas fragilidades”, destaca Vilas Boas, da Empreende. “O ideal é um complementar o outro, sem competir. Uma sociedade pode ser comparada a um casamento. Para que tudo corra bem, é preciso afinidade e objetivos comuns. Em uma empresa, as pes-soas devem partilhar do mesmo ideal para fazê-la prosperar”, resume Hilário Júnior. No entanto, acima de tudo, o interesse do negócio precisa estar sempre em primeiro plano.

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Por Larissa Veloso

Há tempos, o Brasil deixou de ser reconhecido, internacionalmente, apenas como o país do futebol. No âmbito dos semicondutores, a “pátria das chuteiras” tam-bém começa a compor uma seleção de peso capaz de competir em pé de igualdade com times internacionais. Criada oficialmente em 2008, a CEITEC, empresa pública ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), com sede em Porto Alegre (RS), tem o objetivo de levar o Brasil ao mesmo patamar de países que já são referência na fabricação de semicondutores, materiais dos quais são feitos os chips, como o silício, que são usados em circuitos eletrônicos. A estatal cria o design do chip, projetando a forma como os circuitos vão funcionar, o material que será usado e a função que o dispositivo terá. É a parte mais fina do processo.

A mais recente empreitada da CEITEC envolve os novos passaportes brasileiros que, a partir de 2014, terão um chip nacional. O dispositivo, que começou a ser usado em 2010, atualmente é importado e passará a ser fabricado pela empresa pública. Serão cerca de 2,2 milhões de dispositivos por ano, para atender à demanda da Polícia e Federal e da Casa da Moeda, que serão

CEITEC tem colocado o Brasil entre as potências mundiais quando o assunto é semicondutores

responsáveis pela emissão de 14 mil novos passaportes por dia. A medida é importante para que o Brasil passe a controlar todo o processo de confecção do passaporte, que é uma peça fundamental na segurança nacional. A tarefa é altamente complexa, uma vez que os chips têm de atender aos rígidos critérios estabelecidos por entidades internacionais e ser reco-nhecidos por controles de imigração em centenas de países. Os detalhes sobre o funcionamento dos chips são mantidos em segredo, por se tratar tanto de uma questão estratégica para o País quanto de sigilo industrial.

A empresa pública também oferece soluções que podem gerar facilidades no controle de estoque, logística, integrida-de do produto e segurança. Elas servem, por exemplo, para identificar bagagens aéreas, produtos vendidos em super-mercados e itens utilizados na área da saúde. “A CEITEC já disponibiliza amostras de engenharia de outros produtos e está desenvolvendo mais soluções”, ressalta o diretor de design e relações institucionais da estatal, Marcelo Lubaszewski. Ele se refere a uma quantidade de chips que é enviada às empresas para a realização de testes de compatibilidade, antes do fechamento de um contrato. Por enquanto, a CEITEC só comercializa os componentes para grandes empresas e instituições. Como estão

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Seleção de chips

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INOVAÇÃO CASE

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em fase de testes, os detalhes sobre as soluções não podem ser revelados.

RASTREABILIDADEA empresa, associada à GS1, participa

dos grupos de trabalho que desenvolvem especificações para as novas gerações de protocolos EPC UHF para os chips RFID, equipados com tecnologia de identificação por radiofrequência. O fato de uma empresa nacional já utilizar esse tipo de solução é muito importante para a disseminação dessa tecnologia entre as companhias brasileiras.

Nesse sentido, a CEITEC foi res-ponsável por desenvolver a versão nacional do chamado chip do boi, que funciona por meio de RFID. Colocado em testes, em 2009, o dispositivo permite que os pecuaristas possam registrar e ler com facilidade todo o histórico de cada animal do rebanho, o que inclui informações como vacinas, mudança de alimentação ou intervenções veterinárias. Antes, o processo tinha de ser feito à mão, sendo que um funcionário anotava o número de registro inscrito no animal e repassava os dados posteriormente para um computador.

Em junho de 2011, o produto ficou pronto para ser produzido em escala comercial. Desde então, empresas que fabricam o brinco do boi têm a opção de incorporar o chip da CEITEC ao produto. Até então, os fabricantes do brinco eletrônico tinham de adquirir os chips de identificação no mercado internacional e, consequentemente, eram obrigados a desembolsar valores mais altos. O preço do brinco varia de acordo com a quantidade comprada, sendo que, quanto maior o lote encomendado, menor o preço. A partir de 2012, o chip do boi nacional passou a ser utilizado nos brincos

ENTENDA A TECNOLOGIA

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eletrônicos para identificação dos animais, produzidos pelo Grupo Fockink, empresa do segmento de agronegócio com mais de 60 anos de mercado. Em 2012, a estatal produziu 1 milhão de chips do boi e a expectativa para 2013 é atingir um volume de 2 milhões de unidades.

O uso do dispositivo é importante não só pela praticidade. Ele é essencial para garantir que a pecuária nacional siga padrões sanitários internacionais. A União Europeia (UE), por exemplo, só importa carne de bovinos rastreados desde o nascimento. Isso permite que, no caso do surgimento de alguma nova doença, toda a carne proveniente de animais que tiveram contato com o or-ganismo causador da enfermidade seja identificada. Internamente, entidades do segmento varejista também iniciaram uma campanha voltada à rastreabilidade da carne bovina, que é vendida nos supermercados brasileiros, a fim de garantir que o alimento não é fruto de desmatamento, uso de mão de obra ilegal ou abate clandestino.

A QUATRO MÃOSO desenvolvimento do chip do

boi também abrange projetos de transferência de tecnologia entre países. Desde 2011, a CEITEC firmou parceria com a alemã X-FAB para transferência de tecnologia na fabricação de chips. No entanto, para proteger a tecnologia brasileira, a companhia entrou, desde 2012, com três pedidos de patente. “Todos eles são da área de

design (projeto de circuitos integrados) e contemplam módulos para uso de chips com aplicação em processos de identificação e rastreabilidade que utilizam tecnologia RFID”, explica o executivo da estatal.

Ao que tudo indica, se depender da CEITEC, os chips brasileiros não só viajarão pelo mundo dentro dos passaportes mas também serão reconhecidos no exterior como uma tecnologia genuinamente verde-amarela capaz de marcar vários gols.

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InovaçãoProfissional trabalha na criação

de soluções para semicondutores

Força nacionalCEITEC oferece soluções para

controle logístico, integridade do produto e segurança

O que são?Semicondutor: material do qual é feito o chip, como o silícioCircuitos eletrônicos: é o próprio chip, uma espécie de computador com dimensões muito reduzidas

O que a CEITEC faz?Cria o design do chip, projetando a forma como os circuitos vão operar, o material que será usado e a função que o dispositivo terá

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ECONOMIA FINANÇAS PESSOAIS

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Decifre as siglas do mercado financeiro a fim de atingir seus objetivos como investidor

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Por Marina Cordeiro

Cada pessoa que deseja se tornar um investidor tem um objetivo diferente. Fazer um pé de meia para realizar a viagem dos sonhos, adquirir bens, acumular patrimônio, guardar dinheiro para emergências ou rentabilizar recur-sos financeiros.“Todo investimento requer planejamento”, aconselha o especialista em finanças e educação financeira Eclerson Pio Mielo, que atua no Centro de Formação Profissional do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Antes de tudo é preciso definir o montante a ser aplicado. Segundo Mielo, caso o investidor seja um micro ou pequeno empresário, o ideal é estabelecer um teto de 20% a 30% sobre o lucro obtido para esse objetivo. E o restante deve ser investido no próprio negócio (maquinários, infraestrutura, mão de obra, entre outros). Outro cuidado válido para qualquer investidor é destinar recursos para constituir um fundo de emergência, que só deve ser usado para eventualidades.

Diante das muitas opções de aplicações, nem sempre é fácil escolher. Grande parte das siglas do mercado finance-

iro mais parece uma sopa de letrinhas indecifráveis. Entender como cada aplicação funciona é fundamental para garantir bons rendimentos. Então, nada melhor do que lançar mão do chamado “mantra” das finanças pessoais: custo da aplicação (incidência de impostos e taxas), prazo (período em que o capital ficará investido), liquidez (resgate da aplicação) e rentabilidade (rendimento a ser obtido).

Saber onde se quer chegar e em quanto tempo – se a curto ou longo prazo – é um dos passos decisivos para quem deseja ser um investidor. É nessa hora que os trâmites previstos para o resgate do investimento fazem a diferença, além do eventual recolhimento de impostos e taxas. A rentabilidade segue uma lógica um tanto perversa: quanto maior o retorno esperado, mais elevado será o risco. Nesse momento, outro critério vem à tona: o perfil do investidor: conservador, moderado ou agressivo.

“O cenário econômico também exige monitoramento constante por parte de um investidor”, avalia José Dutra Vieira Sobrinho do Conselho Regional de Economia de

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São Paulo (CORECON-SP). Qual-quer mudança na condução da política econômica mundial e nacional gera um efeito imediato sobre o universo das finanças pessoais. Um exemplo está no comportamento da Selic, a taxa básica de juros da economia, que serve de referência para a remuneração de grande parte dos investimentos. Quando há cortes nos juros, as aplicações atreladas à renda variável, como o mercado de ações, costumam ser mais vantajosas. Se o movimento for o oposto, de alta na Selic, investimentos em renda fixa, entre eles: poupança e Certificado de Depósito Bancário (CDB) passam a ser mais recomendados.

Confira a seguir algumas das opções mais procuradas pelos investidores e entenda como cada uma funciona.

O investidor recebe, mensalmente, uma parcela da taxa básica de juros da economia, além da correção pela Taxa Referencial (TR), que é divulgada pelo Banco Central (BC). Os rendimentos devem ser resgatados na data de aniversário da aplicação e são isentos de Imposto de Renda (IR).

É o investimento mais po-pular do Brasil por ter retorno garantido, a um baixo risco.

Rendimento inferior a outras opções do mercado financeiro que são mais arriscadas.

Trata-se de um programa de ne-gociação de títulos públicos, exclusivo para pessoas físicas. Para investir é necessário abrir uma conta em corretora de valores. Na hora da escolha do título, analise o prazo e o desempenho do ativo. O Tesouro recompra os papéis dos investidores todas as quartas-feiras. Assim, há opção de manter a aplicação ou de renegociar os títulos. Para valer a pena, o investimento tem de ser feito a médio prazo.

Tem custo baixo e segurança, uma vez que os papéis do governo são considerados ativos com

menor risco em uma economia. Está livre de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), quando o prazo da aplicação supera 30 dias.

Incidência do IR e pagamento de taxas de negociação e de custódia.

O Certificado de Depósito Bancário (CDB) é um título de captação de recursos emitido pelos bancos. Funciona como um empréstimo que o investidor faz à instituição financeira, recebendo uma remuneração em troca. O prazo para o resgate é defini-do pelo banco, mas o investidor pode recuperar a aplicação antes disso, se respeitar um período mínimo de carência, em geral de 30 dias. Ao final da aplicação, o investidor receberá o valor depositado acrescido de juros. O investidor fica livre para escolher a modalidade de retorno. Prefixada: o investidor e o banco combinam, previamente, quanto será o retorno. Pós-fixada: o retorno depende da performance de um indicador de correção monetária, entre eles o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), responsável por medir a inflação no País, ou o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), taxa de juros praticada entre os bancos.

O risco de aplicação está associado à solidez do banco. No entanto, mesmo em caso de falência do

banco, o investimento está garantido, caso o montante aplicado não ultra-passe o teto de R$ 250 mil.

Incidência do IR no res-gate da aplicação e cobrança de IOF, caso a aplicação seja inferior a 30 dias.

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VANTAGENS

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VANTAGENSVANTAGENS

DESVANTAGENS DESVANTAGENS

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54 jul/ago/set 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

[[ECONOMIA

São pequenas partes de uma empresa que estão disponíveis para compra e venda. A compra é feita por lotes e sempre intermediada por uma corretora de valores.

Por ser arriscado, não é reco-mendável aplicar mais do que 30% do capital disponível. O risco pode ser diluído por meio da diversificação das ações que irão compor a carteira do investidor. Há incidência do IR sobre o ganho de capital, no entanto, vendas

abaixo de R$ 20 mil por mês estão isentas. Exige ainda pagamento de taxas, entre elas: de corretagem e de custódia.

Oportunidade de multi-plicar os ganhos a longo prazo.

Demanda maior preparo e conhecimento do funcio-namento da Bolsa de Valores (BM&FBOVESPA).

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AÇÕES

VANTAGENS

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PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADADESENROLE AS DÚVIDAS

Recomenda-se que a renda de quem já não está mais no mercado produtivo corresponda a 70% dos ganhos obtidos quando a pessoa fazia parte da população economicamente ativa. Uma das opções para que isso ocorra é contratar um plano de previdência privada. Há duas modalidades: previdência privada aberta (PGBL ou VGBL) ou fechada (fundos de pensão).

A principal diferença entre Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) está na tributação.

No PGBL, é possível deduzir o valor das contribuições durante o período de acumulação da base de cálculo do IR, com limite de 12% da renda bruta anual. Isso permite reduzir o valor do imposto a pagar ou aumentar a restituição. Porém, esse benefício fiscal só é vantajoso para aqueles que fazem a declaração pelo formulário completo. Vale destacar que, no resgate, o valor retirado é considerado como rendimento e, portanto, sujeito à tributação do IR, conforme alíquota da tabela do imposto para pessoa física, em vigor.

No VGBL, os recursos aplicados durante o período de acumulação estão isentos de tributação. Somente no momento de recebimento da renda ou resgate haverá incidência de IR, apenas sobre os rendimentos obtidos. Portanto, a modalidade é indicada para quem faz declaração simplificada de IR, é isento ou deseja aplicar mais de 12% da renda bruta em previdência.

Em ambas as modalidades, é importante observar a cobrança de taxas. A de carregamento é o valor recolhido sobre cada nova aplicação. E a de administração, que é cobrada pela tarefa de administrar o dinheiro do fundo de investimento exclusivo, criado para o seu plano de previdência.

PGBL ?

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GS1 Brasil sedia evento internacional sobre oferta

sustentável de alimentos em economias emergentes para

atender às demandas da nova classe média

Da Redação*

SEGURANÇA ALIMENTARevento

Países emergentes – como China, Índia e Brasil – têm o desafio de garantir não apenas a oferta de alimentos para as pessoas, principalmente em virtude do crescimento populacional e do poder de consumo da classe média nessas nações, mas também a qualidade do que chega à mesa no tocante às características nutricionais, à segurança desses itens e ao meio ambiente. Nesse sentido, a adoção de padrões globais de rastreabilidade, como os oferecidos pela GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação, é fundamental para garantir que essa tarefa seja cumprida com êxito.

Esse foi um dos pontos discutidos na quarta edição do Future of Food, semi-nário realizado na sede da GS1 Brasil, em São Paulo, entre 27 e 29 de junho. O evento, organizado pela consul-toria holandesa Schuttelaar & Partners, reuniu especialistas internacionais, executivos da indústria, líderes de Organizações Não Governamentais (ONGs), membros de institutos de

pesquisa e representantes do governo que discutiram soluções para a oferta sustentável de alimentos no Brasil, na China e na Índia. “Em virtude da dimensão populacional, esses países exercem um papel de extrema importância na cadeia de alimentos. Portanto, é muito importante conhecer essas realidades para traçar diretrizes que possam subsidiar políticas e ações práticas voltadas a garantir a oferta sustentável de alimentos no futuro”, disse Edwin Hecker, organizador do seminário, realizado pela primeira vez em território brasileiro. As edições anteriores aconteceram na Suíça, Inglaterra e Bélgica.

“Eventos como esse permitem demonstrar que a GS1 é participante ati-va de discussões de temas de relevância internacional e destacam a necessidade da adoção de padrões que permitem assegurar que a população tenha acesso a alimentos seguros e produzidos de forma sustentável, respeitando o meio

ambiente. Nesse sentido, as soluções da GS1 Brasil têm muito a oferecer”, destacou a assessora de negócios da GS1 Brasil, Flávia Ponte Costa.

O seminário contou com palestras que abordaram vários aspectos do mercado representado pela classe média nos três países: taxas de consumo, aumento no poder de compra, características nutricionais de cada dieta, diferenças regionais, necessidade de boas práticas agrícolas, preocupação crescente com a qualidade, além de expectativas para diminuição da fome e da pobreza.

As palestras serviram como sub-sídio para discussões em grupos formados pelos próprios participantes, que sugeriram ações voltadas às oportunidades e desafios no atendimento dessas demandas sob dois aspectos: quantidade e qualidade. O primeiro envolveu a segurança alimentar de forma a garantir uma oferta compatível com as necessidades

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Ofuturo da

alimentação

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MultiformatoEvento contou com palestras, que serviram de subsídio para grupos de discussão, e visita técnica

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de cada população. O segundo abordou a segurança do alimento, ou seja, a utilização de padrões que torne possível a rastreabilidade dos itens ao longo de todas as etapas dessa cadeia: produção, processamento e comercialização.

MEIO AMBIENTEO uso racional de recursos naturais

e as mudanças no comportamento do consumidor, que está cada vez mais consciente, também foram questões abordadas no evento, que incluiu ainda uma visita técnica a uma das unidades do Grupo Pão de Açúcar (GPA), na capital paulista, que segue o modelo de loja verde. O conceito prevê a diminuição do impacto socioambiental no processo de edificação, que segue ainda padrões internacionais, exigidos pela certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), e soluções para o descarte correto de resíduos e materiais recicláveis. Além disso, comercializa uma linha diferenciada de produtos que inclui alimentos orgânicos.

O vice-presidente da Câmara Inter-nacional de Comércio (CCI), Marcelo Vianna, destacou a importância da implantação de políticas voltadas para a sustentabilidade e a responsabilidade social. A presidente-executiva do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, frisou que o Brasil deve investir em inovações

tecnológicas e logísticas, incentivar a agricultura sustentável e diminuir o uso de fertilizantes e pesticidas. Nes-se sentido, o ex-ministro da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, apresentou ini-ciativas de produção sustentável como o Programa ABC (Agricultura de Baixa emissão de Carbono).

Alex Atala – chef brasileiro, pro-prietário do D.O.M., tido como o sexto melhor restaurante no The World’s 50 Best Restaurants 2013 e que aparece na lista da Time Magazine como uma das cem pessoas mais influentes do mundo – defendeu a valorização dos pequenos agricultores como fornecedores de insumos de alta qualidade para a gastronomia, a exemplo do que acontece no exterior nas indústrias de queijos e vinhos. Atualmente, Atala é protagonista de ações voltadas ao consumo sustentável de alimentos.

Por sua vez, o diretor de susten-tabilidade do grupo JBS Friboi, Márcio Nappo, ressaltou a necessi-dade de se discutir a questão da sustentabilidade sob o aspecto social e, nesse âmbito, privilegiar o eixo central referente à segurança alimentar, com ênfase em processos que assegurem a procedência e que gerem informações sobre como o item foi produzido.

O uso de padrões na cadeia de alimentos foi citado como uma ferramenta fundamental para garantir, no futuro, a oferta sustentável de alimentos nos países emergentes e também a segurança do que será consumido. A diretora-executiva do Centro de Excelência em Alimentação e Agricultura da Índia, Meetu Kapur, citou como exemplo o projeto envolvendo os agentes da cadeia de alimentos e a unidade local da GS1 que atua na disseminação de boas

práticas para a adoção de padrões que propiciam a rastreabilidade. Dentro dessa abordagem, Hugo Bethlem – chairman do evento e executivo da área de varejo – salientou o trabalho da GS1 Brasil para a adoção de padrões em produtos in natura no varejo. E citou ainda a relevância da economia verde, que tem como objetivo o desenvolvimento sustentável.

Já Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, chamou a atenção para o uso de padrões, que ajudem na integração entre todos os elos da cadeia de alimentos, principalmente, em relação ao consumidor que exige cada vez mais transparência quanto à qualidade, preço e condições de higiene e saúde. Esse raciocínio veio ao encontro de um ponto destacado por Simon Barquera, diretor da divisão de epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Pública do México, referente à importância da adoção de sistemas de certificações e rotulagem, que garantam a qualidade e atestem que o alimento a ser consumido é saudável.

Para saber mais sobre o evento, assista aos vídeos disponibili-zados pela GS1 Brasil no canal youtube vvcom/gs1brasil.

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*Colaborou Luciana Donegatti de Lima, da área de marketing e relações institucionais da GS1 Brasil.

A adoção de padrões globais

é fundamental para que os

alimentos cheguem à mesa

do consumidor com segurança

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Encontro da arte com a

naturezaUm jardim gigante adornado com arte contemporânea no

complexo cultural do Inhotim proporciona momentos de

contemplação e lazer

Na cidade de Brumadinho (MG), a 60 quilômetros de Belo Horizonte, obras da natureza – um imenso jardim com espécies tropicais – convivem em harmonia com criações humanas – um importante acervo brasileiro de arte contemporânea. Nesse cenário que abriga o complexo cultural do Inhotim, é possível viver uma experiência, no mínimo, de contemplação do belo.

O espaço foi idealizado pelo empresário do ramo de siderurgia Bernardo Paz, na década de 1980. Colecionador de arte, ele mantinha em sua propriedade particular na cidade, cujo jardim ganhou projeto do renomado paisagista Roberto Burle Marx, obras de arte produzidas, internacionalmente, desde os anos 1960.

Com o passar do tempo, o projeto paisagístico do local ganhou várias

transformações que deram origem a um grande espaço cultural – um misto de parque e museu – com a construção de edificações destinadas a receber obras de arte contemporânea e plantas de diferentes partes do Brasil. Em 2006, a estrutura do Inhotim foi inaugurada para receber o grande público.Atualmente, as atividades desenvolvidas no local são promovidas pelo Instituto Inhotim, entidade privada sem fins lucrativos e qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).

O fato de uma coleção privada tornar--se pública é um modelo internacional observado em cidades como Nova York, nos Estados Unidos, e Barcelona, na Espanha, por exemplo. No Brasil, o Museu Castro Maya, no Rio de Janeiro, e a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, em São Paulo, começaram

Por Denise Turco

A SEÇÃO RADARé voltada a temas

relacionados a turismo e cultura. Participe!

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RADAR TURISMO

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justamente com acervos particulares de empresários, que atuavam como verdadeiros mecenas das artes.

No complexo cultural, pintura, escultura, desenho, fotografia, vídeo e instalações de artistas brasileiros e inter-nacionais são exibidos em galerias ou espalhadas pelos jardins. Há 18 galerias dedicadas a exposições permanentes e quatro para mostras temporárias.

As galerias permanentes foram pro-jetadas, especificamente, para receber os trabalhos de artistas como Cildo Meireles, Hélio Oiticica, Adriana Varejão, Janet Cardiff & George Miller e Doug Aitken, entre outros. Em 2012, Tunga, Lygia Pape, Carlos Garaicoa e Cristina Iglesias, consagrados no cenário da arte contemporânea brasileira e mundial, ganharam galerias permanentes ao ar livre.

A cada dois anos, uma mostra temporária é apresentada com o objetivo de divulgar as aquisições e os novos projetos individuais de artistas. O fato de estar em constante mudança é, justamente, o diferencial do complexo cultural.

“Inhotim é considerado um dos grandes acervos de arte internacional. Isso já mostra a posição de destaque do Brasil e da arte contemporânea no cená-rio atual”, afirma o professor especialista em arte da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Hélio Márcio Dias Ferreira.

EXPERIÊNCIA SENSORIALOs jardins do Inhotim são divididos

em duas áreas principais: a chamada Reserva Natural, com 300 hectares de mata nativa conservada, e a área de visitação, com 110 hectares de jardins de coleções botânicas e cinco lagos ornamentais. Atualmente, são cultivados

SERVIÇO

Inhotim - Informações: (31) 3227-000 e www.inhotim.org.br

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2013 59

mais de 4,2 mil tipos de plantas. Para se ter uma ideia, o local abriga uma das maiores coleções brasileiras de palmeiras, com mais de 1,4 mil espécies. Outros destaques são: as orquídeas (334 espécies) e a família que inclui imbés, antúrios e copos-de-leite (450 espécies).

Os trabalhos desenvolvidos no parque também privilegiam pesquisas científicas e catalogação de novas plantas. Nesse sentido, as diretrizes da instituição consistem em conservar as espécies remanescentes da mata atlântica e do cerrado; resgatar, ampliar e manter as coleções botânicas; empregar técnicas sustentáveis de manejo e desenvol-ver programas socioambientais. Além disso, compartilhar o conhecimento dos estudos com a realização de atividades educacionais para o público.

Com tantos atrativos naturais, o parque agrada desde leigos até estudiosos na área de botânica. Aliás, passear pelos jardins pode ser uma agradável experiência sensorial. O Jardim dos Sentidos, por exemplo, reúne, em forma de mandalas, plantas medicinais, aromáticas e tóxicas. Já na Estufa Equatorial, área com condições de temperatura e umidade controladas para o cultivo de espécies tropicais, está a Flor Cadáver. A exótica planta floresceu, pela segunda vez na América Latina, em Inhotim, em 2012. O fenômeno durou apenas três dias e chamou a atenção do mundo inteiro.

Segundo Ferreira, que também é autor de livros de arte e palestrante da Casa do Saber, um dia não é suficiente para conhecer Inhotim. “Em dois dias dá para visitar, mas não é possível ver tudo”, avisa. O professor recomenda fazer a visita acompanhada

de um guia para tornar o passeio mais interessante. O próprio parque oferece diferentes opções nesse sentido: um tour no qual é possível ter uma visão geral sobre a dinâmica do Inhotim ou visitas temáticas – com foco na arte, que proporciona uma discussão sobre artistas e obras do acervo, ou ambiental, que permite conhecer o imenso jardim, apreciar os lagos e as aves aquáticas.

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QUALIDADE DE VIDA[[

DESCONEXÃO

Por Andréa Cambuim

O fim de semana chegou e com ele também está na hora de deixar de lado o terno, a gravata e as reuniões de negócios. Momento de trocar os desafios do ambiente corporativo por surpresas e obstáculos oferecidos por trilhas alternativas em meio à natureza. O estresse do dia a dia fica para trás, assim como a poeira levantada ao longo do novo trajeto. Não imagina o que é isso? Essa é a rotina paralela do sócio e diretor de Exportação e Importação da Ocean Express Serviços em Comércio Exterior, Marcelo Clark Alves. Ele também ocupa a presidência da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI), de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha, no Rio Grande do Sul. É durante os fins de semana alternados que o executivo percorre outros caminhos.

A disposição e o empenho dedicados aos negócios acompanham Marcelo em seu jipe 4x4 quando ele entra nas

60 jul/ago/set 2013 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Pé naestrada

Desafios do mundo corporativo viram poeira para o executivo Marcelo Clark Alves diante dos momentos de descontração sob quatro rodas

trilhas montadas para a prática de off-road. O termo que vem do inglês e significa “fora da estrada” é utilizado para designar atividades esportivas praticadas em locais que não possuem estradas pavimentadas, qualquer estrutura urbana ou caminho de fácil acesso. Esse tipo de esporte é feito por pessoas que buscam o contato com a natureza e também com o objetivo de superar as dificuldades de acesso e obstáculos como lama, pedras, erosões, subidas e descidas íngremes e alagamentos. O off-road possui duas modalidades: a motorizada, caracterizada pelo uso de veículos: motos, jipes, quadriciclos ou camionetes. E outra praticada a pé ou a cavalo. Em ambos os casos, o hobby de Marcelo está associado à adrenalina e à velocidade.

O off-road motorizado, que hoje é utilizado como esporte e terapia pelos praticantes, nasceu de uma necessidade bélica. Os primeiros veículos para essa prática foram criados durante

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encontrar no decorrer dessa empreitada imagens espetaculares. A oportunidade de adentrar em locais que um carro comum não conseguiria é uma experiência única. Deixamos nos galhos das árvores o estresse do dia a dia. O jipeiro de verdade jamais deixa lixo pelo caminho e, muitas vezes, ainda recolhe o que encontra”, afirma. Aos 46 anos, o executivo é apaixonado pelo trabalho e pelos três filhos. “Amo o que eu faço e o mais velho da prole já me acompanha nas aventuras 4x4”, conclui Marcelo.

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Pé na

a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de penetrar e deslocar tropas e soldados em locais de difícil acesso.

Em termos de competição, no Brasil, é realizado o Rally dos Sertões, maior circuito para esse tipo de esporte disputado dentro de um único país. Por sua vez, em termos globais, o Rally Paris-Dakar é a grande referência. É a maior e mais dura prova de automobilismo da modalidade.

ESPÍRITO DE EQUIPEMarcelo sempre teve amigos jipeiros que o incentivavam

a praticar o off-road e a compra de um veículo apropriado. Foi a necessidade de se desconectar e extravasar o estresse diário que motivou o executivo, há pouco mais de dois anos, a comprar um jipe 4x4 equipado para a prática dessa modalidade esportiva.

Quem pensa que é fácil estar no comando de um carro des-ses está muito enganado. Não é só dirigir e desatolar quan-do for necessário. “Praticar off-road ou ser um jipeiro vem do espírito de equipe, sozinho você não é nada. O adepto é parte de um todo e utiliza seu veículo 4x4 para vencer obstáculos criados pela natureza. E não sai despreparado nem sozinho. Estamos sempre preocupados com todos os companheiros a fim de garantir que o último deles esteja seguro para voltar para casa”, conta Marcelo. Preguiça e acomodação também precisam ser deixadas de lado. Segundo o executivo, quase sempre é preciso meter a mão no barro quando o veículo atola, independentemente de quem esteja no volante.

Ele relata ainda que, geralmente, as trilhas que costuma frequentar são organizadas por grupos de jipeiros em fazendas e estradas por onde carros normais não passariam, sempre procurando lugares de difícil acesso. Marcelo também afirma que se estiver chovendo é melhor ainda. “Normalmente, fazemos as trilhas nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.”

Dessa forma, no off-road, a vontade de vencer os obstáculos é fundamental. “Como recompensa, podemos

Marcelo Clark Alves, da ACIDificuldades do caminho são recompensadas

por imagens espetaculares

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Rally dos Sertões – começou, em 1991, entre Ribeirão Preto (SP) e Maceió (AL). Na terceira edição, em 1995, o evento ganhou reconhecimento internacional e foi marcado pela estreia dos carros 4x4. Em 2013, a prova envolveu oito cidades entre Goiás e Tocantins, somando 4.157 quilômetros. Neste ano, o Rally dos Sertões passou a integrar o calendário mundial da Federação Internacional de Motociclismo.

POR DENTRO DOS RALIS DOS SERTÕES E PARIS-DAKAR

Fonte: Sites especializados em esportes e www.sertoes.com

Rally Paris-Dakar – a competição, criada entre 1978 e 1979, passou a ser disputada na América do Sul a partir de 2009, depois que a edição anterior foi cancelada em virtude da ameaça de ataques terroristas durante o percurso que, até então, acon-tecia no continente africano. Em 2013, o evento percorreu Peru, Argentina e Chile, totalizando 8,4 mil quilômetros.

Page 62: Brasil em Código - 9ª edição

Por Mariana Izidoro

Para manter o diálogo com o cliente final ou para melhorar a colaboração interna entre os funcionários, as mídias sociais são uma opção estratégica para qualquer empresa

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MARKETING ESTRATÉGIA

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Não fuja da rede

Page 63: Brasil em Código - 9ª edição

Tem muita gente usando a internet no Brasil. E quando está on-line, o brasileiro gasta a maior parte do seu tempo nas mídias sociais, nas quais interage com todo tipo de conteúdo: notícias, fotos de familiares e amigos e, claro, marcas e empresas.

Em 2005, 31,9 milhões de pessoas tinham acesso à internet no País. Esse número saltou para 77,7 milhões em 2011, o que significa 46,5% da população, segundo o dado mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O brasileiro passa, em média, 27 horas por mês conectado. Sites de notícias, jogos, entretenimento, serviços e mídias sociais disputam a atenção do usuário. E, nessa briga, quem ganha mais tempo são as redes sociais, com 9,3 horas, segundo informações da empresa de pesquisa digital ComScore.

Diante de uma realidade em que as pessoas estão cada vez mais conectadas, estar ou não nas redes não é questão de escolha para as empresas: os consumidores falam sobre tudo em mídias como o Facebook e o Twitter, inclusive, sobre experiências positivas ou negativas com produtos e serviços.

“Não cabe às empresas decidirem se querem estar na rede social ou não. Cabe a elas escolherem se vão participar ou não do diálogo com o consumidor, pois as pessoas já comentam sobre as marcas nessas

redes”, diz o presidente da agência Ampfy, especializada em mídia digital, o publicitário Gabriel Borges. Segundo ele, ter uma estratégia para mídia social faz mais sentido para as empresas que lidam com o consumidor final, as chamadas business-to-consumer (B2C).

INTRANET SOCIAL A presença nas mídias sociais não

precisa ser uma preocupação para a estratégia de companhias business-to-business (B2B), ou seja, aquelas que fazem negócios com outras empresas. Mesmo assim, o segmento B2B tam-bém é influenciado pela mídia social. “O formato das redes sociais inspira a construção de ambientes de gestão de negócios e intranet corporativa”, diz Borges. Uma pesquisa realizada em 22 países neste ano pela consultoria de tecnologia para negócios Avanade mostra que 97% das empresas usam mídias sociais no ambiente de trabalho.

Dentre as características das redes sociais usadas na criação de ferramen-tas de colaboração para as empresas estão plataformas de troca de arquivos diversos, como de texto, planilhas e fotos. A comunicação instantânea (via chat), fóruns de discussão e a colaboração on-line para a construção de projetos também são outros pontos.

O Facebook é utilizado como ferramenta de colaboração interna em 74% delas. Em segundo lugar, está o

software de colaboração Microsoft Share Point (39%), seguido pelo IBM Open Connections (17%) e pelo Salesforce Chatter (12%).

“Inovar e crescer continuam sendo as maiores prioridades das empresas e as ferramentas colaborativas podem ajudar”, diz o CTO da Avanade Brasil, Hamilton Berteli. CTO é a sigla de chief technology officer, ou seja, o diretor responsável pela criação de infraestrutura tecnológica.

A pesquisa da Avanade também mostra que a maior parte das empresas, que já adota alguma ferramenta social de colaboração está em fase de avalia-ção dos benefícios e planeja adotar outras plataformas sociais no futuro. Oito entre dez tomadores de decisão usam redes sociais internas. Dentre os destaques positivos, eles relatam que o trabalho fica mais agradável, a produtividade aumenta e as tarefas são finalizadas mais rapidamente.

DIÁLOGO COM O CONSUMIDORDo outro lado do balcão, as

empresas que atendem o consumidor final podem fortalecer o diálogo e a construção da marca trabalhando e experimentando a presença nas mídias sociais. Segundo o consultor e palestrante de marketing Marcelo Miyashita, a estratégia de uma empresa on-line não começa nem termina com um site corporativo, mas deve ser traçada com base no pilar do relacionamento. “Não é na plataforma da empresa que a interação acontece, mas, sim, onde os usuários estão interagindo com seus amigos, ou seja, em redes sociais, como o Facebook, Twitter e Foursquare”, diz Miyashita.

Mas como ter sucesso nessa área? E se os consumidores ficarem o tempo todo reclamando da empresa publicamente para os amigos? Essas perguntas podem surgir na cabeça de qualquer empresário que ainda tem dúvidas de como traçar uma estratégia para rede social.

Miyashita tem uma dica: em pri-meiro lugar, é preciso ter um produto e serviço de qualidade. “Uma empresa que já tem má reputação não vai consertar isso com uma estratégia de relacionamento.

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Page 64: Brasil em Código - 9ª edição

Antes de se expor, é preciso alinhar a operação”, afirma. O diálogo na rede social exige transparência.

EXPERIMENTAR NA ESTRATÉGIAPlanejar a estratégia de mídia social

é importante, mas não se pode perder muito tempo nessa fase. Isso porque, na rede social, tudo acontece e muda rapidamente. A interação entre os usuários não para. “Não existe hora certa para começar. Tudo que se conhece de rede social é empírico, se aprende na prática”, diz o publicitário Gabriel Borges. Segundo ele, há alguns anos se gastava entre dois e três meses no planejamento de presença digital de uma empresa. Hoje, o mesmo planejamento demora um mês para ficar pronto. A lição: não dá para ficar esperando muito, tem que fazer e aprender com a prática. “Ninguém aprende a nadar fora da piscina”, brinca.

Quanto tempo o brasileiro gasta em cada rede social?

Fonte: ComScore Media Metrix, dezembro 2012, Brasil

[[MARKETING A presença nas redes

sociais não precisa ser uma preocupação para a estratégia de companhias

B2B, ou seja, aquelas que fazem negócios com outras empresas.

Mesmo assim, o segmento também é influenciado

pela mídia social

É preciso pensar como estruturar os processos do serviço de atendimento ao cliente (SAC) nas redes sociais, em quais mídias se quer estar presente e quem será responsável por administrar o conteúdo dos perfis.

O Facebook é, de longe, a rede social preferida pelos

brasileiros: 92,8% do tempo on-line em

mídias sociais é gasto na

plataforma criada por Mark Zuckerberg em 2004, segundo a ComScore. No País, dados de março deste ano mostravam que havia 73 milhões de usuários.

Fazer uma página no Facebook e interagir com os consumidores é para organizações de qualquer porte. “Quando a empresa é pequena, é possível criar um senso de comunidade ainda maior”, diz Borges. Consolidar uma base de fãs e produzir conteúdo que gere engajamento são dois movimentos necessários para uma companhia ter sucesso na rede social. O número de usuários que segue o perfil da empresa deve ser compatível com o de consumidores da marca. Não faz sentido uma pequena empresa ter milhares de fãs, por exemplo.

No caso do Facebook, inclusive, o post publicado só aparece no feed de notícias do usuário se houver engajamento, ou seja, se for um conteúdo relevante para muitas pessoas, com um bom grau de compartilhamento e curtidas. Estar na maior rede social do mundo é gratuito, mas existem ferramentas de mídia pagas que fazem segmentação de pessoas por perfil e interesses.

Além disso, uma mudança na estratégia do Facebook, desde outubro do ano passado, faz com que seja cada

Page 65: Brasil em Código - 9ª edição

O que publicar?

vez mais difícil, para grandes empresas, alcançar um alto número de usuários sem pagar. Antes, uma publicação de uma página corporativa aparecia no feed notícias de, aproximadamente, 25% dos fãs. Depois da mudança, esse número caiu para 5%. Com isso, a rede social espera aumentar as vendas de anúncios pagos.

No caso do microblog Twitter, grandes empresas que querem ter mais visibilidade podem comprar um tópico promovido (promoted trends). Com isso, o assunto publicado pela compa-nhia aparece para todos os usuários dentre os tópicos mais comentados da rede social. Uma marcação indica que o conteúdo é publicitário.

Para aparecer melhor nos mapas on-line e nos resultados das buscas do Google, uma ferramenta gratuita é o Google Local (ou Google Places). Segundo a companhia, 97% dos consumidores pesquisam endereços e informações sobre empresas locais na internet.

Usando uma conta já existente no Google ou criando uma nova, é possível adicionar fotos, endereço, horário de funcionamento. E os clientes podem comentar e recomendar a empresa. Já quem fizer uma busca usando um smartphone, o Google Local, via GPS do aparelho, mostra qual estabelecimento está mais perto da pessoa. Para trabalhar com redes sociais, vale o ditado popular: “quem não aparece, esquece; mas quem muito aparece, tanto lembra que aborrece.”

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Saber o que e quando postar é essencial. “A rede social é um ponto de contato. Não adianta pensar a

plataforma como um canal para ser alimentado de anúncios e propagandas. É preciso saber dialogar 24 horas por dia, sete dias

por semana, pois o cliente quer a resposta o mais rápido possível”, diz o consultor Marcelo Miyashita.

No Facebook, o melhor conteúdo para ser postado é o de fotos. Uma pesquisa da empresa Pagemodo mostra que as fotos geram mais engajamento dos fãs (curtidas, comentários e compartilhamento). Depois, atualizações de status (sem imagens, vídeos ou links). Em terceiro lugar, os vídeos, e,

por fim, atualizações com links. Além disso, não vale bombardear os usuários: o ideal é de

duas a três postagens por dia. Fica a dica do consultor Miyashita: “Cada rede social tem

uma característica, e a empresa precisa respeitar a etiqueta do ambiente.”

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2013 65

6-14 anos:

12,4%

15-24 anos:

18%

Perfil da audiência on-line brasileira, por idade

Com mais de 13 milhões de fãs, a página do Guaraná Antarctica é a mais popular no Facebook no Brasil. Mesmo assim, só atinge 600 mil pessoas se fizer uma postagem sem pagar. Em 2011, com 4 milhões de fãs, cada postagem atingia 1 milhão de pessoas. Por um lado, prova que o Facebook mudou a estratégia. Mas, por outro, ao pagar, a empresa consegue segmentar o perfil do usuário e publicar mensagens direcionadas.

Com mais de 13 milhões de fãs, a página do Guaraná

Antarctica é a mais popular no Facebook no Brasil

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[[TECNOLOGIA & NEGÓCIOS

‘Edson PerinEditor do RFID Journal Brasil;

fundador e editor da Netpress Editora ‘O evento Brasil em Código, promovido pela GS1 anualmente em São Paulo, tem

funcionado como um termômetro sobre a evolução do uso de tecnologias, como a de identificação por radiofrequência (RFID) para rastreamento e automação de cadeias de suprimentos (supply chain), entre outras incontáveis soluções inovadoras, grande parte delas já descritas em matérias do RFID Journal Brasil (brasil.rfidjournal.com).

Em 2012, por exemplo, houve alguns casos de sucesso de RFID apresentados por palestrantes, como o capitão Robson Peixoto, da Força Aérea Brasileira (FAB), que transformou uma operação manual, demorada e custosa de separação e envio de uniformes para oficiais em um processo rápido, automático e com custo espantosamente inferior. O retorno sobre o investimento (ROI) na tecnologia foi atingido em poucos meses e uma nova etapa de evolução do projeto da FAB, agora com enfoque no fardamento dos soldados, já está em andamento.

Neste ano, o evento da GS1 Brasil revelou a RFID como uma tendência obrigatória e geradora de oportunidades, inclusive tendo uma grande rede varejista brasileira como usuária da tecnologia para solucionar problemas de controle de estoque e distribuição de produtos alimentícios de pesos variáveis, como peixes, carnes, aves, etc. A vantagem da RFID é absoluta, pois a tecnologia entrega o que

nenhuma outra consegue, segundo Paulo Leônidas, diretor de abastecimento do Grupo Pão de Açúcar, um dos palestrantes do Brasil em Código 2013.

Além da apresentação de cases de RFID reconhecidos, como o da HP, cuja fabricação de impressoras no Brasil se beneficia do uso da tecnologia para manufatura, comercialização e, inclusive, para o manejo da chamada logística reversa por meio de um programa premiado internacionalmente chamado Smart Waste, a identificação por radiofrequência foi mencionada em todas as palestras

como a tecnologia que sustentará o avanço dos negócios neste século, especialmente quando se fala no conceito de Internet das Coisas (Internet of Things ou IoT).

Portanto, uma das conclusões a que chegaram os palestrantes foi o fato de não haver como se alcançar eficiência e ganhos efetivos com o chamado omni channel – que considera a realização simultânea de vendas de produtos tanto em lojas físicas quanto on-line por uma mesma empresa, inclusive permitindo ao consumidor interagir na loja física e na on-line – sem que se tenha um controle efetivo de 100% dos produtos em estoque, com precisão igualmente de 100%.

Sendo assim, as empresas que já são competitivas hoje, que utilizam as tecnologias digitais para garantir o bom desempenho de seus negócios, que têm uma gestão eficiente e custos controlados estão prontas para usar a RFID e entrar nos negócios do século 21. Quem deixar os competidores saírem na frente terá perdido tempo e, possivelmente, mercado.

Neste ano, o evento da GS1 Brasil revelou a RFID como uma tecnologia obrigatória e geradora de oportunidades

RFID e os negócios no século 21

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Palestrantes do Brasil em Código apontam a tecnologia como solução para atingir o controle total e preciso dos estoques, reduzir custos e realizar novos negócios

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